international article - Revista O Papel
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CADERNO BRACELPA<br />
O PAPEL - Outubro 2009<br />
16<br />
Coluna Bracelpa<br />
Bracelpa Column<br />
Por que as florestas plantadas são<br />
importantes para o clima<br />
ciador do governo brasileiro na COP-15<br />
pelo Ministério das Relações Exteriores,<br />
o MDL “constitui-se, para os países em<br />
desenvolvimento, na face mais visível<br />
do Protocolo de Kyoto e da luta contra a<br />
mudança do clima”. Nos últimos anos, os<br />
projetos de MDL reduziram emissões e<br />
geraram créditos de carbono em todo o<br />
mundo, permitindo também que os países<br />
desenvolvidos compensassem suas<br />
emissões, comprando esses créditos de<br />
países em desenvolvimento.<br />
No Brasil, o interesse das empresas<br />
dos mais diversos setores, inclusive de<br />
celulose e papel, foi tão grande que o<br />
País ocupa hoje o terceiro lugar em<br />
número de projetos de MDL no mundo.<br />
A expectativa de diversos setores<br />
da economia brasileira é a de que, na<br />
revisão do Protocolo, sejam criadas<br />
novas ferramentas e metodologias<br />
para o MDL, o que representará uma<br />
oportunidade ainda maior para o País.<br />
Em relação ao setor, a Bracelpa<br />
defende a inclusão de regras rígidas<br />
de monitoramento dos estoques de<br />
CO 2<br />
no âmbito desse mecanismo, além<br />
da criação de seguros e resseguros<br />
relacionados a casos fortuitos, tais<br />
como os riscos relacionados a eventos<br />
da natureza. Com essas alterações,<br />
espera-se que a União Europeia retire<br />
as barreiras à comercialização de créditos<br />
de carbono florestais.<br />
O desafio é grande, mas o esforço<br />
se justifica. O reconhecimento das<br />
florestas plantadas, ao gerar novos investimentos<br />
para o setor, será também<br />
um grande estímulo a estratégias de<br />
inovação e modernização das empresas<br />
de celulose e papel, o que, consequentemente,<br />
poderá levar a um aumento da<br />
quantidade de CO 2<br />
por elas sequestrado.<br />
Além disso, esses investimentos poderão<br />
ser aplicados na recuperação de áre-<br />
Por Elizabeth de Carvalhaes,<br />
presidente executiva da Associação<br />
Brasileira de Celulose e <strong>Papel</strong> (Bracelpa)<br />
E-mail: faleconosco@bracelpa.org.br<br />
Divulgação Bracelpa<br />
Os setores de celulose e papel,<br />
siderurgia e madeira do<br />
Brasil têm as florestas plantadas<br />
mais produtivas e sustentáveis<br />
do mundo: são recursos renováveis,<br />
produzem energia limpa e absorvem<br />
milhões de toneladas de dióxido de<br />
carbono (CO 2<br />
) por ano. Além de todos<br />
os benefícios relacionados ao seu papel<br />
na mitigação dos efeitos do aquecimento<br />
global, essas florestas podem gerar<br />
um novo patamar de investimentos no<br />
País. Essas são as mensagens que a<br />
Bracelpa está divulgando em diversos<br />
fóruns nacionais e internacionais,<br />
visando à 15ª Conferência das Partes<br />
da Convenção-Quadro das Nações<br />
Unidas sobre Mudanças Climáticas<br />
(COP-15), a realizar-se em dezembro<br />
em Copenhague (Dinamarca).<br />
A COP-15 definirá as metas e os<br />
compromissos voluntários que serão<br />
assumidos por cerca de 200 países em<br />
todo o mundo para reduzir as emissões<br />
de gases causadores do efeito estufa,<br />
que provocam o aquecimento global.<br />
Como um de seus desdobramentos,<br />
deverá promover a revisão do Protocolo<br />
de Kyoto – instrumento pelo qual<br />
as decisões firmadas na Conferência<br />
serão formalizadas em termos de cronograma,<br />
processos, mecanismos, etc.<br />
Entre todos os pontos a serem debatidos<br />
nessa revisão, os mais importantes<br />
para o setor estão relacionados<br />
ao Mecanismo de Desenvolvimento<br />
Limpo (MDL), pelo qual os países desenvolvidos<br />
podem atingir suas metas<br />
quantificadas de redução e limitação de<br />
emissões estabelecidas pelo Protocolo<br />
mediante a aquisição de Reduções Certificadas<br />
de Emissão (RCEs), mais conhecidas<br />
como “créditos de carbono”.<br />
Como bem definiu o embaixador<br />
Luiz Alberto Figueiredo Machado, negoas<br />
degradadas, que, por meio do manejo<br />
sustentável, resultarão na geração de<br />
empregos e renda em comunidades ao<br />
redor dessas novas florestas plantadas.<br />
Durante a COP-15, o Brasil terá<br />
uma grande oportunidade de reforçar<br />
seu modelo econômico de baixo carbono,<br />
e, neste contexto, as florestas<br />
plantadas têm papel fundamental.<br />
Assim, os créditos de carbono por<br />
elas gerados precisam ser valorizados.<br />
Para isso, é fundamental que os países<br />
desenvolvidos assumam ambiciosas<br />
metas de redução das emissões de<br />
gases do efeito estufa.<br />
Metas discretas de redução, que<br />
não valorizam as economias de baixo<br />
carbono, poderão levar à simples compensação<br />
das emissões pela compra de<br />
créditos de carbono. Essa será, aparentemente,<br />
uma solução no curto prazo, mas<br />
terá pouca efetividade: a mudança deve<br />
ser estrutural, em busca de um processo<br />
produtivo que, de fato, reduza os impactos<br />
na natureza e garanta um planeta<br />
saudável para as próximas gerações.