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Alternativas para o uso do gás natural na Região Norte.pdf - INT

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<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

3<br />

<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

<strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Mauricio F. Henriques Jr.<br />

Sandra de Castro Villar<br />

(Organiza<strong>do</strong>res)<br />

<strong>INT</strong> - Instituto Nacio<strong>na</strong>l de Tecnologia<br />

Rio de Janeiro<br />

1 a Edição . 2009


4<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Agradecimentos<br />

Os pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>INT</strong> agradecem à FINEP, agência fi<strong>na</strong>ncia<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> presente<br />

estu<strong>do</strong>, ao CNPq pelas bolsas concedidas <strong>para</strong> pessoal externo, e à Diretoria <strong>do</strong> <strong>INT</strong>,<br />

que prestou to<strong>do</strong> apoio necessário ao longo <strong>do</strong> desenvolvimento desse trabalho.<br />

Agradecem ainda à FUNCATE, fundação de apoio contratada e que cui<strong>do</strong>u<br />

de toda a parte administrativa, especialmente à Sheila Santos e ao José Elias Baruel;<br />

ao CDEAM/UFAM, co-executor <strong>do</strong> capítulo liga<strong>do</strong> ao setor industral e de comércio<br />

e serviços, sob a liderança <strong>do</strong> professor Dr. Rubem César Rodrigues Souza; à<br />

MANAUS ENERGIA, através <strong>do</strong> eng. José Luiz Gonzaga, e à SUFRAMA, <strong>na</strong> figura<br />

<strong>do</strong> Dr. José Alberto Macha<strong>do</strong>.<br />

Agracedecimento especial ao Dr. Manoel Saisse da Divisão de Engenharia de<br />

Produção <strong>do</strong> <strong>INT</strong>, responsável pelo desenvolvimento <strong>do</strong> modelo de simulação de<br />

cenários, e também aos demais colegas <strong>do</strong> <strong>INT</strong> que direta e indiretamente colaboraram<br />

com o trabalho, em particular da Divisão de Energia.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

5<br />

Instituto Nacio<strong>na</strong>l de Tecnologia<br />

DIRETOR: Domingos Manfredi Naveiro<br />

COORDENADOR: Paulo Gustavo Pries de Oliveira<br />

CHEFE DA DIVISÃO DE ENERGIA: Maurício Francisco Henriques Júnior<br />

ORGANIZADORES<br />

Maurício Francisco Henriques Júnior<br />

Sandra de Castro Villar<br />

APOIO TÉCNICO<br />

Carlos Magno Pereira<br />

Fer<strong>na</strong>nda Manhães Ber<strong>na</strong>rdes<br />

Márcia Crispino Lima<br />

AUTORES<br />

Alexandre D’Avignon<br />

Ângela Maria Ferreira Monteiro<br />

Danielle da Fonseca<br />

Marcelo Rousseau Valença Schwob<br />

Maria Elizabeth Morales<br />

Maurício Francisco Henriques Júnior<br />

Patrícia Miranda Dresch<br />

Sandra de Castro Villar<br />

Vera Lúcia Maia Lellis<br />

APOIO ADMINISTRATIVO<br />

Maria Aparecida Sarmento da Silva<br />

Mo<strong>na</strong> Abdel-Rehim<br />

Roberto Segun<strong>do</strong> Enrique Tapia<br />

Rosa<strong>na</strong> Medeiro Novaes<br />

Watson da Luz Lopes<br />

Yasmine <strong>do</strong>s Santos Ribeiro Cunha<br />

PROJETO GRÁFICO E<br />

DIAGRAMAÇÃO<br />

Laranja Design<br />

APOIO INSTITUCIONAL<br />

PARA EDIÇÃO<br />

FINEP<br />

Maria José de Oliveira


6<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

7466 – <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> Gás Natural <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>/<br />

Maurício F. Henriques Jr... [et al]<br />

Rio de Janeiro: Instituto Nacio<strong>na</strong>l de Tecnologia, 2009<br />

ISBN 978-85-99465-04-2<br />

335 p.: il.; 22,5x16 cm<br />

1. GÁS NATURAL 2. REGIÃO NORTE 3. ENERGIA 4. BRASIL<br />

I. Henriques Jr., Maurício Francisco II. Villar, Sandra de Castro III. D’Avignon,<br />

Alexandre IV. Monteiro, Ângela Ferreira V. Fonseca, Danielle VI. Schwob,<br />

Marcelo Rousseau Valença VII. Morales, Maria Elizabeth VIII Dresch, Patrícia<br />

Miranda IX Lellis, Vera Lúcia Maia<br />

CDU 662767(81)<br />

É permitida a reprodução parcial deste material desde que citada a fonte<br />

Edição, distribuição e informações:<br />

Instituto Nacio<strong>na</strong>l de Tecnologia<br />

Divisão de Energia<br />

Av. Venezuela, 82 sala 716<br />

20081-310 - Rio de Janeiro - RJ<br />

Tels.: (21) 2123.1256 / 2123.1262<br />

Fax: (21) 2123.1253<br />

www.int.gov.br<br />

e-mail: energia@int.gov.br


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

7<br />

Apresentação<br />

A partir da exploração <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong>s reservas de Urucu no Amazo<strong>na</strong>s e<br />

da decisão de levá-lo através de gasoduto <strong>para</strong> a cidade de Ma<strong>na</strong>us, diversos agentes<br />

passaram a discutir as opções de seu aproveitamento <strong>na</strong> região ou mesmo fora dela.<br />

Muitas possibilidades se mostraram importantes, algumas com enfoque mais<br />

econômico e comercial, e outras, de outro la<strong>do</strong>, vislumbran<strong>do</strong> um horizonte de maior<br />

prazo, mais preocupadas com o desenvolvimento da região e seu correspondente<br />

potencial de geração de renda e de empregos. Essa lógica faz to<strong>do</strong> senti<strong>do</strong>, uma vez<br />

que a região <strong>Norte</strong> sofre entraves muito particulares com a oferta de energia. Se o <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> já se encontra disponível, por que não aproveitá-lo em prol <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

da região e sa<strong>na</strong>r os problemas existentes Mas, a partir daí surgem novas questões:<br />

Que alter<strong>na</strong>tivas são mais interessantes <strong>do</strong> ponto de vista de geração de renda Os<br />

custos envolvi<strong>do</strong>s são compatíveis com o horizonte de tempo de disponibilidade <strong>do</strong><br />

<strong>gás</strong> As opções existentes são intensivas em geração de empregos Há opções com<br />

riscos ambientais Quais são de fato os problemas prioritários <strong>para</strong> a questão energética<br />

Além de várias outras questões, surgem também outros vetores que não podem ser<br />

deixa<strong>do</strong>s de la<strong>do</strong>. O quadro de oferta de energia tende a melhorar com a entrada da<br />

energia elétrica de Tucuruí, prevista <strong>para</strong> a partir de 2012 e, num cenário mais distante,<br />

pela possibilidade de exploração das reservas de <strong>gás</strong> de Juruá, também no Amazo<strong>na</strong>s,<br />

bem como pela importação <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> da Venezuela.<br />

Diante desse leque de possibilidades e da dinâmica setorial, tanto pelo la<strong>do</strong><br />

da oferta de energia quanto pelo la<strong>do</strong> da demanda, a FINEP, dentro <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Setorial<br />

de Petróleo e Gás – CTPETRO, deman<strong>do</strong>u o presente estu<strong>do</strong> de forma a exami<strong>na</strong>r<br />

com mais detalhe as melhores aplicações <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. O estu<strong>do</strong> foi conduzi<strong>do</strong><br />

pela Divisão de Energia <strong>do</strong> Instituto Nacio<strong>na</strong>l de Tecnologia - <strong>INT</strong>, e contou com a<br />

participação de especialistas da região <strong>Norte</strong>, em particular <strong>do</strong> Centro de<br />

Desenvolvimento da Amazônia - CDEAM, liga<strong>do</strong> à Universidade Federal <strong>do</strong><br />

Amazo<strong>na</strong>s - UFAM, além da colaboração da Ma<strong>na</strong>us Energia, SUFRAMA e CIGAS<br />

no fornecimento de informações diversas.


8<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Este livro, portanto, consolida os estu<strong>do</strong>s específicos realiza<strong>do</strong>s e apresenta<br />

<strong>na</strong> sua parte fi<strong>na</strong>l uma avaliação de alguns cenários, onde algumas situações são<br />

simuladas a partir de indica<strong>do</strong>res selecio<strong>na</strong><strong>do</strong>s à luz de prioridades econômicas e<br />

sócio-ambie<strong>na</strong>tais.<br />

Em sua parte inicial e central estão apresenta<strong>do</strong>s os capítulos específicos<br />

abrangen<strong>do</strong> os seguintes temas: Panorama Setorial da <strong>Região</strong>, Quadro da Oferta de<br />

Energia e Demandas Setoriais de Gás e Energia, compreenden<strong>do</strong> as seguintes<br />

aplicações: geração termelétrica, setor industrial, setor de comério e serviços,<br />

residencial, <strong>uso</strong> no transporte automotivo, transporte fluvial, atendimento aos<br />

municípios no percurso <strong>do</strong> gasoduto Coari-Ma<strong>na</strong>us, atendimento aos municípios<br />

mais afasta<strong>do</strong>s através de GNC e de GNL, e estu<strong>do</strong>s da aplicação <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong>para</strong> a<br />

fabricação de produtos químicos (a gasquímica), e <strong>na</strong> produção de combustíveis<br />

líqui<strong>do</strong>s através da rota GTL - Gas To Liquids.<br />

Rio de Janeiro, 06 de março de 2009.<br />

Mauricio F. Henriques Jr.<br />

Coorde<strong>na</strong><strong>do</strong>r <strong>do</strong> Projeto<br />

Chefe da Divisão de Energia <strong>do</strong> Instituto Nacio<strong>na</strong>l de Tecnologia - <strong>INT</strong>


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

9<br />

Sumário<br />

Introdução ........................................................................................................<br />

1. Panorama sócio-econômico da região norte .................................................<br />

2. O quadro energético da região e perspectivas de oferta ................................<br />

3. Os programas de desenvolvimento propostos <strong>para</strong> a região norte ................<br />

11<br />

16<br />

32<br />

80<br />

3.1 A questão energética nos programas de<br />

desenvolvimento da região ...........................................................................<br />

4. <strong>Região</strong> alvo desenvolvimento <strong>do</strong> projeto e escopo <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s ....................<br />

82<br />

90<br />

5. Perspectivas <strong>do</strong> <strong>uso</strong> e avaliação da<br />

demanda <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em diferentes setores...................................................<br />

5.1 Geração de eletricidade .........................................................................<br />

5.2 Setor industrial ......................................................................................<br />

5.3 Setor comercial .....................................................................................<br />

5.4 Setor de transporte ................................................................................<br />

5.5 Pólo <strong>gás</strong> químico ..................................................................................<br />

5.6 Cidades ao longo <strong>do</strong> percurso <strong>do</strong> gasoduto ...........................................<br />

5.7 Gás <strong><strong>na</strong>tural</strong> liquefeito - GNL ..................................................................<br />

5.8 Gás <strong><strong>na</strong>tural</strong> comprimi<strong>do</strong> - GNC .............................................................<br />

5.9 Gas- to- liquids - GTL ...........................................................................<br />

5.10 Setor residencial ..................................................................................<br />

91<br />

94<br />

117<br />

153<br />

158<br />

178<br />

232<br />

241<br />

267<br />

291<br />

317<br />

6. Cenários alter<strong>na</strong>tivos <strong>para</strong> <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong>na</strong> região norte<br />

(2010 -2020) - uma análise inter-setorial ..........................................................<br />

7. Comentários fi<strong>na</strong>is e conclusões ...................................................................<br />

324<br />

334


10<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

11<br />

Introdução<br />

Frente às demais Regiões que compõem o território brasileiro, a <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>,<br />

constituída pelos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Acre, Amazo<strong>na</strong>s, Pará, Roraima, Rondônia, Amapá e<br />

Tocantins, apresenta algumas importantes particularidades em relação às demais.<br />

Sen<strong>do</strong> parte da região da Amazônia Legal que, além <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s da <strong>Região</strong><br />

<strong>Norte</strong>, também engloba o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Mato Grosso e parte <strong>do</strong> Maranhão, tem <strong>na</strong><br />

hidrografia, <strong>na</strong> sua vegetação e no clima equatorial úmi<strong>do</strong> três de suas características<br />

pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntes. Deten<strong>do</strong> grande variedade de ecossistemas e a maior reserva de<br />

biodiversidade <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, é vista como estratégica <strong>para</strong> a garantia da qualidade de<br />

vida das gerações futuras.<br />

Outras características marcantes referem-se às grandes distâncias e o isolamento<br />

que muitas localidades enfrentam, que trazem dificuldades de locomoção, de acesso<br />

aos serviços públicos, comunicação, entre outros.<br />

O atendimento energético da região também se encontra neste contexto. O<br />

fornecimento de energia elétrica, embora o potencial hídrico <strong>para</strong> a geração elétrica<br />

seja admirável, encontra dificuldades de toda ordem. Os sistemas hoje existentes são<br />

isola<strong>do</strong>s, ou seja, não compõem o Sistema Interliga<strong>do</strong> Nacio<strong>na</strong>l – SIN (a exceção de<br />

Tucuruí), e são constituí<strong>do</strong>s <strong>na</strong> maior parte de unidades de geração termelétrica<br />

alimentadas por óleo combustível ou óleo diesel, com custo operacio<strong>na</strong>l eleva<strong>do</strong> e<br />

operação irregular. São comuns as quedas de energia elétrica em Ma<strong>na</strong>us, por exemplo,<br />

onde muitas vezes o setor industrial sofre perdas de produção advindas desse fato,<br />

afora outros problemas <strong>para</strong> a sociedade como um to<strong>do</strong>.<br />

Há também usi<strong>na</strong>s hidrelétricas, mas de porte menor, fican<strong>do</strong> a exceção com<br />

a Usi<strong>na</strong> de Tucuruí.<br />

Na área <strong>do</strong>s deriva<strong>do</strong>s de petróleo, a região é atendida pela refi<strong>na</strong>ria de Ma<strong>na</strong>us<br />

(REMAN), onde a gasoli<strong>na</strong>, óleo diesel e outros são leva<strong>do</strong>s <strong>para</strong> as inúmeras cidades<br />

e localidades ao longo <strong>do</strong>s rios amazônicos.<br />

A partir da decisão de se produzir o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> descoberto <strong>na</strong> década de 80 <strong>na</strong><br />

região de Urucu, o quadro energético <strong>na</strong> região passa a ter esperança de dias melhores.<br />

Trata-se de combustível nobre, menos poluente que os deriva<strong>do</strong>s de petróleo e que


12<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

pode alavancar uma série de atividades econômicas <strong>na</strong> região. A reserva provada<br />

<strong>na</strong> região é de 53 bilhões de m 3 , representan<strong>do</strong> cerca de 15% desse tipo de reserva<br />

no Brasil.<br />

Esse <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> já vem sen<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> <strong>na</strong> região, onde frações de GLP já<br />

abastecem o merca<strong>do</strong> da cidade de Ma<strong>na</strong>us e outros municípios. O gasoduto Coari-<br />

Ma<strong>na</strong>us, que complementa o trecho Urucu-Coari já em operação, encontra-se em fase<br />

fi<strong>na</strong>l de implementação e deve ter sua operação iniciada ainda em 2009, suprin<strong>do</strong> a<br />

cidade com cerca de 5 milhões de metros cúbicos de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por dia.<br />

As alter<strong>na</strong>tivas <strong>para</strong> o aproveitamento <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> região são muitas.<br />

Uma das primeiras, diante <strong>do</strong> quadro anteriormente exposto, é, portanto, o seu emprego<br />

<strong>para</strong> a geração termelétrica, o que deverá proporcio<strong>na</strong>r a expansão <strong>do</strong> atual sistema<br />

elétrico, garantir maior confiabilidade ao sistema, promover uma redução de custos<br />

de operação e produzir menor poluição em áreas urba<strong>na</strong>s, já que este combustível<br />

apresenta menor emissão de fuligem com<strong>para</strong>tivamente ao óleo combustível<br />

tradicio<strong>na</strong>lmente utiliza<strong>do</strong>.<br />

As demais opções <strong>na</strong>turais de <strong>uso</strong> passam pelo setor industrial, onde pode se<br />

emprega<strong>do</strong> tanto <strong>na</strong> geração de calor nos processos fabris como também em processos<br />

de cogeração de energia, no segmento automotivo e/ou fluvial, através <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

veicular (GNV), no setor de comércio e de serviços e no setor residencial. Seu <strong>uso</strong>,<br />

entretanto, não se restringe à capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, pois pode atender as<br />

cidades no percurso <strong>do</strong> gasoduto Coari–Ma<strong>na</strong>us, que compreende sete municípios;<br />

pode ser transporta<strong>do</strong> como <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> comprimi<strong>do</strong> (GNC) ou ainda como <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

liquefeito (GNL) <strong>para</strong> atender outros municípios mais distantes. De uma forma mais<br />

ousada e cara, pode ser emprega<strong>do</strong> também como insumo básico <strong>para</strong> a instalação de<br />

empreendimentos da indústria química, como a fabricação de eteno e seus deriva<strong>do</strong>s,<br />

metanol etc, ou <strong>na</strong> produção de combustíveis líqui<strong>do</strong>s via a rota gas to liquids (GTL).<br />

Em suma, a região <strong>Norte</strong> vem sen<strong>do</strong> atendida pela oferta de energia elétrica e de<br />

combustíveis geralmente a um custo eleva<strong>do</strong> e com fornecimento precário, e o <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> surge como uma opção de grande interesse de forma a remediar esse quadro e<br />

promover um maior desenvolvimento econômico <strong>na</strong> região. Agentes locais, lidera<strong>do</strong>s<br />

pela SUFRAMA e outros, têm si<strong>do</strong> os que mais reclamam pela aceleração <strong>do</strong>s


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

13<br />

investimentos no <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> a região, pois as possibilidades de melhoria <strong>do</strong><br />

fornecimento de energia, ganhos econômicos, geração de emprego e renda são bastante<br />

promissoras.<br />

Nesse contexto, o estu<strong>do</strong> aqui apresenta<strong>do</strong> busca auxiliar os toma<strong>do</strong>res de<br />

decisão a cerca das possibilidades mais promissoras <strong>para</strong> emprego <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong><br />

região. Estão apresenta<strong>do</strong>s a seguir, em capítulos, diferentes opções técnico-econômicas<br />

<strong>para</strong> o emprego <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, com foco <strong>na</strong> cidade de Ma<strong>na</strong>us e outros municípios<br />

próximos, buscan<strong>do</strong> antever um horizonte de tempo até 2020. Cada uma das<br />

possibilidades técnicas é descrita em detalhe, sen<strong>do</strong> ainda avalia<strong>do</strong>s seus custos de<br />

implantação e alguns impactos. Esse conjunto de informações propiciou o<br />

estabelecimento de indica<strong>do</strong>res e daí a estruturação de cenários <strong>para</strong> três cortes temporais<br />

– 2010, 2015 e 2020. Em cada um é aplica<strong>do</strong> um modelo de simulação, onde indica<strong>do</strong>res<br />

econômicos, sociais e ambientais são confronta<strong>do</strong>s e os resulta<strong>do</strong>s avalia<strong>do</strong>s.<br />

Mauricio F. Henriques Jr.<br />

Sandra de Castro Villar<br />

(Organiza<strong>do</strong>res)


14<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

15<br />

1. PANORAMA<br />

SÓCIO-ECONÔMICO<br />

DA REGIÃO NORTE


16<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

1. PANORAMA SÓCIO-ECONÔMICO DA REGIÃO NORTE<br />

Autora: Sandra de Castro Villar<br />

1.1 Aspectos Geopolíticos<br />

A <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> é formada pelos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Acre, Amazo<strong>na</strong>s, Pará, Roraima,<br />

Rondônia, Amapá e Tocantins. Localizada <strong>na</strong> região geoeconômica da Amazônia, onde<br />

pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong> o clima equatorial úmi<strong>do</strong>, é uma das cinco regiões que forma o território brasileiro<br />

(Figura 1.1).<br />

Figura 1.1 A <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> - Esta<strong>do</strong>s e Capitais<br />

Fonte: Portal Brasil, 2008<br />

Em termos continentais, a região amazônica também agrega territórios da<br />

Bolívia, Peru, Equa<strong>do</strong>r, Colômbia, Venezuela, Republica da Guia<strong>na</strong>, Suri<strong>na</strong>me e Guia<strong>na</strong><br />

Francesa, embora 85% da região fique em território brasileiro, ocupan<strong>do</strong> mais de<br />

cinco milhões de quilômetros quadra<strong>do</strong>s e representan<strong>do</strong> aproximadamente 61% da<br />

área total <strong>do</strong> País. A região amazônica tem <strong>na</strong> hidrografia sua característica mais<br />

marcante, responsável pela cobertura de mais de sete milhões de quilômetros quadra<strong>do</strong>s,<br />

<strong>do</strong>s quais quatro milhões ficam localiza<strong>do</strong>s no Brasil.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

17<br />

Em 1953, visan<strong>do</strong> promover o desenvolvimento da região de forma mais<br />

ampliada, através da Lei 1.806, o governo federal incorporou o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Mato Grosso<br />

e parte <strong>do</strong> Maranhão à região amazônica, passan<strong>do</strong> a Amazônia Brasileira a ser<br />

identificada como Amazônia Legal (Figura 1.2). A Política Nacio<strong>na</strong>l Integrada <strong>para</strong> a<br />

Amazônia Legal elaborada em 1996, <strong>na</strong> gestão <strong>do</strong> Presidente Fer<strong>na</strong>n<strong>do</strong> Henrique<br />

Car<strong>do</strong>so, tinha como objetivo a melhoria da qualidade de vida da população local, e<br />

<strong>para</strong> isso propunha o crescimento econômico sustentável da região com base no pleno<br />

aproveitamento das potencialidades <strong>na</strong>turais e culturais locais, de mo<strong>do</strong> a promover a<br />

inter<strong>na</strong>lização <strong>do</strong> desenvolvimento e melhorar a distribuição da riqueza <strong>na</strong> região.<br />

Entre outros aspectos, em decorrência <strong>do</strong>s diferentes princípios que norteiam a<br />

legislação que trata das reservas legais no contexto <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is biomas presentes <strong>na</strong><br />

região, bioma amazônico e <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>, a abrangência da Amazônia Legal, em termos<br />

<strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s hoje participantes, vem sen<strong>do</strong> objeto de discussão por diversos<br />

representantes sociais.<br />

Figura 1.2 Esta<strong>do</strong>s que Compõem a Amazônia Legal<br />

Fonte: Portal Amazônia, 2008<br />

O decreto-lei data<strong>do</strong> de 1967 instituiu a região da Amazônia Ocidental.<br />

Constituída pela área <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, Acre, Rondônia e Roraima, contem a<br />

maior e mais conservada parte da maior floresta tropical. Com isto detém grande<br />

estoque no campo da biodiversidade, com várias espécies já conhecidas como a<br />

borracha <strong><strong>na</strong>tural</strong>, a castanha, o guaraná, entre outras, bem como outras em fase de


18<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

desenvolvimento, como as desti<strong>na</strong>das a <strong>uso</strong> alimentício, medici<strong>na</strong>l e combustível. A<br />

região conta ainda com grandes reservas de alguns recursos minerais tais como petróleo<br />

e <strong>gás</strong>, calcário, silvinita, caulim, argila, nióbio, estanho e agrega<strong>do</strong>s <strong>para</strong> construção<br />

civil (brita, areia, granito, entre outros).<br />

Com cerca de 15 milhões de habitantes, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PNUD (PNUD,<br />

2005), a região norte tem a menor densidade demográfica entre as regiões <strong>do</strong> País,<br />

equivalente a 3,77 habitantes/km 2 , e IDH(índice de desenvolvimento humano) médio<br />

de 0,79, segun<strong>do</strong> menor valor observa<strong>do</strong> entre as mesmas regiões (Tabela 1.1).<br />

Tabela 1.1 Densidade Demográfica e IDH das Regiões Brasileiras<br />

Fonte: PNUD, 2005<br />

1.2 População e Panorama Sócio - Econômico<br />

Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE (IBGE, 2008) <strong>para</strong> a região norte indicam que a maior área<br />

pertence ao esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, enquanto que o Pará detém o maior número de<br />

municípios e o maior contingente populacio<strong>na</strong>l. No outro extremo, a menor área<br />

pertence ao esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amapá, enquanto que Roraima é o esta<strong>do</strong> com o menor número<br />

de municípios e a menor população da região (Tabela 1.2).<br />

Tabela 1.2 <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> – Da<strong>do</strong>s Gerais <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />

Fonte: IBGE, 2008 – (www.ibge.gov.br)


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

19<br />

Quanto ao perfil sócio-econômico, a região norte tem si<strong>do</strong> a de menor<br />

participação <strong>na</strong> geração <strong>do</strong> PIB <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, contribuin<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> 2002-2005 com<br />

um percentual médio inferior a 5 % <strong>do</strong> Produto Interno Bruto <strong>do</strong> País em cada ano. O<br />

nível de renda per capita tem se manti<strong>do</strong> como o segun<strong>do</strong> menor entre as regiões <strong>do</strong><br />

País, embora no perío<strong>do</strong>, este indica<strong>do</strong>r tenha aumenta<strong>do</strong> em mais de 50%, passan<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s R$ 5.050,00 observa<strong>do</strong>s em 2002 <strong>para</strong> R$ 7.247,00 em 2005 (Tabela 1.3).<br />

Tabela 1.3 PIB e PIB per Capita <strong>do</strong> Brasil e Regiões - 2002-05<br />

Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas/Coorde<strong>na</strong>ção de Contas Nacio<strong>na</strong>is - 2007<br />

Dentre os esta<strong>do</strong>s, Roraima está entre os de menor participação <strong>na</strong> composição<br />

da riqueza <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Por outro la<strong>do</strong>, por ter uma população significativamente menor<br />

quan<strong>do</strong> com<strong>para</strong>da aos demais esta<strong>do</strong>s da região, o nível de renda per capita <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />

no perío<strong>do</strong> 2002-2005 se apresenta sempre superior ao <strong>do</strong> Pará, esta<strong>do</strong> onde tem si<strong>do</strong><br />

gera<strong>do</strong> o maior PIB da região (Tabela 1.4).<br />

Tabela 1.4 PIB e PIB per Capita <strong>do</strong> Brasil e Esta<strong>do</strong>s da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> - 2002-05<br />

Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas/Coorde<strong>na</strong>ção de Contas Nacio<strong>na</strong>is - 2007


20<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

1.3 Atividades Produtivas e Formação <strong>do</strong> PIB<br />

Na contribuição das atividades <strong>para</strong> a formação da riqueza, a mesma fonte<br />

mostra que <strong>na</strong> composição <strong>do</strong> Produto Interno Bruto de cada esta<strong>do</strong> em 2005 as<br />

atividades <strong>do</strong> setor de serviços foram as que representaram o maior valor adicio<strong>na</strong><strong>do</strong> 1<br />

<strong>na</strong> composição <strong>do</strong> índice, seguida, em quase to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s, da atividade industrial.<br />

Num outro aspecto, os mesmos da<strong>do</strong>s mostram que, à exceção das contribuições de<br />

Rondônia e Acre, a atividade industrial é a segunda mais importante <strong>na</strong> formação <strong>do</strong><br />

PIB da região. Em 2004 os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s e Pará lideraram a produção industrial<br />

da região, com um volume de produção de cerca de 12.324 milhões de reais e 11.695<br />

milhões de reais respectivamente (Tabela 1.5)<br />

Tabela 1.5 Formação <strong>do</strong> Produto Interno Bruto nos Esta<strong>do</strong>s em 2005<br />

Fonte: IBGE, Coorde<strong>na</strong>ção de Contas Nacio<strong>na</strong>is, 2008<br />

Ainda segun<strong>do</strong> o IBGE, em 2004 o Pará detinha o maior número de indústrias<br />

em operação, sen<strong>do</strong> segui<strong>do</strong> pelos esta<strong>do</strong>s de Rondônia e Amazo<strong>na</strong>s, caben<strong>do</strong> ainda<br />

ao Pará o maior número de unidades instaladas consideran<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is blocos de<br />

atividade industrial, extrativa e transformação. Na indústria extrativa, a pre<strong>do</strong>minância,<br />

em número de empresas, era <strong>para</strong> o segmento de extração de minerais não metálicos<br />

seguida das de extração de minerais metálicos, com o Amazo<strong>na</strong>s sen<strong>do</strong> o único esta<strong>do</strong><br />

com atuação no segmento extração de petróleo. Na indústria de transformação, os<br />

1<br />

Valor Adicio<strong>na</strong><strong>do</strong> – representa o valor bruto da produção menos os valores pagos pelos insumos, valor que é<br />

distribuí<strong>do</strong> aos fatores de produção trabalho e capital (Gustavo Franco)


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

21<br />

principais segmentos da região, em número de unidades, eram os de produtos de madeira<br />

e de alimentos e bebidas, poden<strong>do</strong> ainda ser destacada a importância relativa <strong>do</strong> setor de<br />

plásticos <strong>na</strong> indústria de transformação no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s (Tabela 1.6).<br />

Tabela 1.6 Atividade Industrial <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> – Principais Subsetores em 2004<br />

Fonte: IBGE, Pesquisa Industrial Anual - Empresa 2004, 2007<br />

Em termos da renda gerada <strong>na</strong> atividade industrial, no Amazo<strong>na</strong>s e no Pará a<br />

transformação constituiu-se <strong>na</strong> principal atividade. A renda da atividade de<br />

transformação foi cerca de vinte vezes maior <strong>do</strong> que a origi<strong>na</strong>da <strong>na</strong> indústria de<br />

extração, sen<strong>do</strong> fortemente influenciada pelas políticas de incentivo fiscal no contexto<br />

<strong>do</strong> PIM – Pólo Industrial de Ma<strong>na</strong>us (Tabela 1.7).<br />

Tabela 1.7 Atividade Industrial em Valor da Produção (em R$ 1.000,00)<br />

Fonte: Fonte: IBGE, Pesquisa Industrial Anual- Empresa 2004, 2007


22<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Quanto à mão-de-obra, o setor industrial <strong>do</strong> Pará tinha, em 2004, o maior<br />

contingente de pessoas ocupadas (Tabela 1.8).<br />

Tabela 1.8 Pesquisa Industrial Anual por Esta<strong>do</strong> – Nº Pessoas Ocupadas em 2004<br />

Fonte: IBGE, Pesquisa Industrial Anual - Empresa 2004, 2007<br />

1.4 Sistema de Transporte<br />

Dadas as características da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, onde grande parte é densamente<br />

coberta pela mata virgem que caracteriza a floresta Amazônica, os rios se constituem<br />

em um <strong>do</strong>s principais meios de comunicação e desenvolvimento da economia local.<br />

Da<strong>do</strong>s da Comissão da Amazônia, Integração Nacio<strong>na</strong>l e Desenvolvimento Regio<strong>na</strong>l<br />

– CAINDR, da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s (Portal Amazônia, maio 2008) estimam que a<br />

região Amazônica possua aproximadamente 23 mil quilômetros de rios propícios à<br />

<strong>na</strong>vegação e que cerca de 100 mil famílias se utilizem <strong>do</strong> transporte fluvial <strong>para</strong><br />

garantir o seu sustento. Ainda segun<strong>do</strong> a mesma fonte, e de acor<strong>do</strong> com estimativas<br />

da Capitania <strong>do</strong>s Portos, em 2007 o sistema de transporte fluvial da região seria<br />

composto por cerca de 100 mil embarcações das quais aproximadamente 1/3<br />

exerceriam atividades clandesti<strong>na</strong>s.<br />

Quanto ao sistema ro<strong>do</strong>viário, da<strong>do</strong>s de 2005 mostram que o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará<br />

dispunha da maior frota total, o mesmo poden<strong>do</strong> ser considera<strong>do</strong> <strong>para</strong> os diferentes<br />

tipos de veículos. A exceção fica com o trator, cuja maior frota pertencia ao esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, esta<strong>do</strong> que também ocupava o segun<strong>do</strong> lugar no ranking geral da<br />

frota dedicada ao sistema ro<strong>do</strong>viário (Tabela 1.9). Da<strong>do</strong>s da Câmara Municipal<br />

de Ma<strong>na</strong>us indicam que atualmente 1.450 ônibus circulam nesse município (Portal<br />

Amazônia, 2008).


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

23<br />

Tabela 1.9 Frota Ro<strong>do</strong>viária da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> - Nº de Veículos em 2005<br />

Fonte: DENATRAN, 2007<br />

1.5 Produção e Consumo de Energia <strong>na</strong> <strong>Região</strong><br />

1.5.1 Energia Elétrica<br />

No segmento energia elétrica, a grande maioria da região é atendida por<br />

sistemas isola<strong>do</strong>s de geração levan<strong>do</strong> a uma grande presença de unidades de geração<br />

termelétrica.<br />

Esse fato implica num significativo consumo de deriva<strong>do</strong>s líqui<strong>do</strong>s de<br />

petróleo. Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ONS – Opera<strong>do</strong>r Nacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> Sistema Elétrico (ONS, 2007)<br />

mostram que a geração de origem hidráulica <strong>na</strong> região norte em 2006 somou 36.065<br />

GWh enquanto que os sistemas isola<strong>do</strong>s geraram 7.836 GWh de energia<br />

(ELETROBRAS, 2007). Representan<strong>do</strong> aproximadamente 18% da energia elétrica<br />

gerada <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> <strong>na</strong>quele ano, ainda segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da ELETROBRAS, as<br />

principais contribuições deram-se a partir da geração a óleo diesel (cerca de 2.800<br />

GWh com um consumo de 803.392.215 litros de óleo) e a óleo PTE (cerca de 2.600<br />

GWh, com um consumo de 780.140.484 litros de óleo).


24<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Quanto ao perfil de consumo, da<strong>do</strong>s da EPE (EPE,2007) <strong>para</strong> o sistema<br />

interliga<strong>do</strong> mostram que é no segmento industrial que se dá a maior parcela no consumo<br />

de energia elétrica da região segui<strong>do</strong>, respectivamente, pelo segmento residencial e de<br />

comércio (Tabela 1.10).<br />

Tabela 1.10 Distribuição <strong>do</strong> Consumo de Energia Elétrica <strong>do</strong> Sistema Interliga<strong>do</strong><br />

Nacio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> (GWh)<br />

(*) 12 meses fin<strong>do</strong>s em novembro de cada ano<br />

Fonte: EPE, 2007<br />

1.5.2 Petróleo e Deriva<strong>do</strong>s<br />

O Amazo<strong>na</strong>s detém as principais reservas terrestres provadas de petróleo da<br />

<strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>. Elas representem pouco mais de 10% desse tipo de reserva em to<strong>do</strong> o<br />

País e menos de 1% das reservas provadas totais de petróleo (Tabela 1.11).


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

25<br />

Tabela 1.11 Reservas provadas de petróleo por localização (terra e mar),<br />

segun<strong>do</strong> Unidades da Federação - 2003-2006 (milhões b)<br />

Fonte: ANP, Anuário Estatístico - 2007<br />

Em 2006 a refi<strong>na</strong>ria local, REMAN, processou 2.091,97 mil m 3 de petróleo, equivalente<br />

a cerca de 2% <strong>do</strong> volume total refi<strong>na</strong><strong>do</strong> no Brasil nesse mesmo ano (ANP, 2007).<br />

Quanto ao consumo, os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s e <strong>do</strong> Pará têm a liderança <strong>na</strong> região<br />

norte, com este último ten<strong>do</strong> a maior representatividade consideran<strong>do</strong> o conjunto de deriva<strong>do</strong>s.<br />

Com<strong>para</strong>tivamente às outras regiões <strong>do</strong> País, nos anos de 2005 e 2006 o consumo de<br />

gasoli<strong>na</strong> tipo C e o de GLP representaram cerca de 5% <strong>do</strong> consumo <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, com o óleo diesel<br />

chegan<strong>do</strong> a cerca de 9% nos mesmos anos de referência. Por outro la<strong>do</strong>, o consumo de óleo<br />

combustível, concentra<strong>do</strong> nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Pará e Amazo<strong>na</strong>s, aumentou em 38% entre 2005 e<br />

2006. Sua participação, que era de cerca de 20% <strong>do</strong> consumo <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l em 2005, alcançou<br />

aproximadamente 28% <strong>do</strong> total <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l em 2006, fato que em grande parte pode ser explica<strong>do</strong><br />

pela maior participação deste deriva<strong>do</strong> <strong>na</strong> geração termelétrica (Tabelas de 1.12 a 1.15).


26<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 1.12 Vendas de Gasoli<strong>na</strong> C por Regiões e Esta<strong>do</strong>s da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

– 2003-2006 (10 6 l)<br />

(*) não estão computa<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s com vendas inferiores a 5% <strong>do</strong> total realiza<strong>do</strong> <strong>para</strong> a região<br />

Fonte: ANP, Anuário Estatístico - 2007<br />

Tabela 1.13 Vendas de GLP por Regiões e Esta<strong>do</strong>s da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> – 2003-<br />

2006 (10 3 t)<br />

(*) não estão computa<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s com vendas inferiores a 5% <strong>do</strong> total realiza<strong>do</strong> <strong>para</strong> a região<br />

Fonte: ANP – Anuário Estatístico 2007


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

27<br />

Tabela 1.14 Venda de Óleo Diesel - Regiões e Esta<strong>do</strong>s da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> 2003/<br />

2006 (10 6 l)<br />

(*) não estão computa<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s com vendas inferiores a 5% <strong>do</strong> total realiza<strong>do</strong> <strong>para</strong> a região<br />

Fonte: ANP – Anuário Estatístico 2007<br />

Tabela 1.15 Venda de Óleo Combustível - Regiões e Esta<strong>do</strong>s da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> -<br />

2003/06 (t)<br />

(*) não estão computa<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s com vendas inferiores a 5% <strong>do</strong> total realiza<strong>do</strong> <strong>para</strong> a região<br />

Fonte: ANP – Anuário Estatístico 2007


28<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

1.5.3 Gás Natural<br />

As reservas hoje provadas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> existentes <strong>na</strong> região norte estão<br />

localizadas no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s. Embora representan<strong>do</strong> pouco mais de 70% <strong>do</strong><br />

total das reservas terrestres provadas no País, sua produção não ultrapassou 50% <strong>do</strong><br />

produzi<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> o país em 2005 e 2006 (Tabelas 1.16 e 1.17).<br />

Tabela 1.16 Reservas provadas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, por localização (terra e mar),<br />

segun<strong>do</strong> Unidades da Federação - 2003-2006 - (milhões de m 3 )<br />

Fonte: ANP, Anuário Estatístico 2007<br />

Tabela 1.17 Produção de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, por localização (terra e mar), segun<strong>do</strong><br />

Unidades da Federação - 2003-2006 (em milhões de m 3 )<br />

Fonte: ANP, Anuário Estatístico 2007


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

29<br />

Quanto ao consumo, a região norte é a que apresenta menor consumo de <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> entre as regiões brasileiras (Tabelas 1.8 e 1.19), quadro que será altera<strong>do</strong> com<br />

a entrada em operação <strong>do</strong> gasoduto Coari-Ma<strong>na</strong>us, previsto <strong>para</strong> 2009. Parte integrante<br />

<strong>do</strong> PAC – Programa de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento <strong>do</strong> Governo Federal, o gasoduto<br />

Coari- Ma<strong>na</strong>us inicialmente transportará 5,5 milhões de m 3 de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por dia,<br />

poden<strong>do</strong> esta produção ser posteriormente ampliada, de acor<strong>do</strong> com o desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, <strong>para</strong> até 10 milhões de m 3 /dia mediante a instalação de mais estações de<br />

compressão ao longo de seu traça<strong>do</strong> BNDES (BNDES, Dez 2007).<br />

Tabela 1.18 Vendas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, pelos produtores, segun<strong>do</strong> Grandes<br />

Regiões e Unidades da Federação (milhões de m 3 ) - 1997-2006<br />

Obs.: Só estão relacio<strong>na</strong>das ape<strong>na</strong>s as Regiões onde houve vendas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no perío<strong>do</strong><br />

1<br />

Inclui o consumo das Fábricas de Fertilizantes Nitroge<strong>na</strong><strong>do</strong>s (FAFEN) pertencentes à Petrobras e<br />

localizadas em Sergipe e Bahia.<br />

Fonte: Anuário Estatístico - ANP 2007<br />

Tabela 1.19 Consumo próprio total de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, segun<strong>do</strong> Grandes Regiões e<br />

Esta<strong>do</strong>s da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> - 2003-2006 (mil m 3 )<br />

Notas:<br />

1. Refere-se ao consumo próprio <strong>na</strong>s áreas de produção, refino, processamento e movimentação<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>;<br />

2. Só estão consideradas as Regiões onde houve consumo próprio de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no perío<strong>do</strong><br />

especifica<strong>do</strong>.<br />

Fonte: ANP, Anuário Estatístico 2007


30<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Referências Bibliográficas<br />

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Portal Amazônia, Câmara aprova lei que obriga ônibus movi<strong>do</strong>s a <strong>gás</strong>, maio de 2008.<br />

Disponível em:<br />

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Disponível em: http://www.ibge.gov.br<br />

IBGE, Pesquisa Industrial Anual - Empresa 2004, Diretoria de Pesquisas, Coorde<strong>na</strong>ção<br />

de Indústria, 2007. Disponível em: http://www.ibge.gov.br<br />

DENATRAN, Ministério da Justiça, Departamento Nacio<strong>na</strong>l de Trânsito, 2007 em<br />

IBGE, 2007. Disponível em: http://www.ibge.gov.br<br />

ONS - Opera<strong>do</strong>r Nacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> Sistema Elétrico. Disponível em: http://www.ons.org.br<br />

ELETROBRAS, Sistemas Isola<strong>do</strong>s, Grupo Técnico Operacio<strong>na</strong>l da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>,<br />

2007. Disponível em: http://www.eletrobras.com<br />

EPE, Estatística e Análise <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> de Energia Elétrica, Boletim Mensal, novembro<br />

de 2007. Disponível em: http://www.epe.gov.br<br />

ANP – Anuário Estatístico 2007. Disponível em: http://www.anp.gov.br


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

31<br />

2. O QUADRO<br />

ENERGÉTICO DA REGIÃO<br />

E PERSPECTIVAS<br />

DE OFERTA


32<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

2. O QUADRO ENERGÉTICO DA REGIÃO E PERSPECTIVAS DE<br />

OFERTA<br />

Autores: Maria Elizabeth Morales Carlos e Alexandre D’Avignon<br />

2.1 Panorama Energético da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

No segmento energia elétrica, a Eletronorte, empresa <strong>do</strong> sistema Eletrobrás, é<br />

a concessionária de serviço público responsável pela geração e transmissão de energia<br />

elétrica <strong>para</strong> os clientes localiza<strong>do</strong>s nos esta<strong>do</strong>s da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> (Acre, Amapá,<br />

Amazo<strong>na</strong>s, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins). Ela possui duas subsidiárias: a<br />

Boa Vista Energia S.A. e Ma<strong>na</strong>us Energia S.A. e <strong>na</strong> sua área de influência estão também<br />

incluí<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Mato Grosso e Maranhão.<br />

Das regiões brasileiras, a <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> está entre as de tem o maior déficit<br />

em relação à disponibilidade de acesso de energia, como a eletricidade e os<br />

combustíveis. Em parte isso decorre da grande extensão da região e a conseqüente<br />

dispersão das comunidades que devem ser assistidas e da limitada capacidade de<br />

transporte de deriva<strong>do</strong>s de petróleo, óleo diesel, gasoli<strong>na</strong>, em função das condições<br />

regio<strong>na</strong>is.<br />

A situação energética da <strong>Região</strong> é preocupante. Existem áreas de carência<br />

acentuada de energia que contrastam com outras de grandes projetos de geração com<br />

freqüentes conflitos de ordem sócio-econômica e ambiental, o que gera déficits<br />

operacio<strong>na</strong>is <strong>para</strong> as empresas. O sistema de geração hidrotérmico é controla<strong>do</strong>, <strong>na</strong><br />

sua maior parcela, pela empresa federal de energia elétrica – Eletronorte. Já o sistema<br />

de distribuição de eletricidade é opera<strong>do</strong>, em sua maior parte, por concessionárias<br />

estaduais de energia elétrica, com exceção das áreas da grande Ma<strong>na</strong>us – AM e de<br />

Boa Vista – RR, que são atendidas diretamente pela rede de distribuição Eletronorte.<br />

A geração provém de 4 usi<strong>na</strong>s hidrelétricas (Tucuruí –PA, Balbi<strong>na</strong> –AM,<br />

Samuel – RO e Coaracy Nunes – AP), bem como de 12 usi<strong>na</strong>s térmicas <strong>na</strong>s cidades de<br />

Ma<strong>na</strong>us, São Luís, Porto Velho, Rio Branco, Boa Vista e Macapá. A energia gerada<br />

nessas usi<strong>na</strong>s escoa por 6.120 km de linhas de transmissão, 43 subestações e 4.085<br />

km de rede de distribuição.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

33<br />

Seis concessionárias de energia elétrica cobrem os seis esta<strong>do</strong>s que integram<br />

a <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> <strong>do</strong> Brasil. Estas empresas são responsáveis pela geração e distribuição<br />

de energia elétrica <strong>na</strong>s localidades <strong>do</strong> interior de seus esta<strong>do</strong>s e pela distribuição de<br />

energia elétrica <strong>na</strong>s suas respectivas capitais.<br />

Estas empresas concessionárias são: CEAM (AM), CER (RR), CELPA (PA),<br />

CEA (AM), CERON (RO), ELETROACRE (AC). O sistema Amazo<strong>na</strong>s – Ma<strong>na</strong>us é<br />

um sistema isola<strong>do</strong> hidrotérmico supri<strong>do</strong> pela UHE Balbi<strong>na</strong>, distante cerca de 180<br />

km de Ma<strong>na</strong>us, e por usi<strong>na</strong>s termelétricas localizadas <strong>na</strong> Capital. Está integra<strong>do</strong> por<br />

linhas de transmissão associadas à UHE Balbi<strong>na</strong> e de sub-transmissão que alimentam<br />

a distribuição de energia elétrica em Ma<strong>na</strong>us e arre<strong>do</strong>res. No interior, esse sistema<br />

atende precariamente 78 localidades com unidades térmicas a óleo diesel. No esta<strong>do</strong><br />

a capacidade instalada hidráulica é de 250 MW, a térmica é de 482,1 MW, com 341,1<br />

MW <strong>na</strong> capital e 141 MW no interior; linha de transmissão 230 kV (356 km); linha de<br />

transmissão 69 kV (95,8 km); linha de sub-transmissão 34,5 kV (12,8 km); rede de<br />

distribuição (Ma<strong>na</strong>us) 3.209 km.<br />

2.2 Oferta de Energia Elétrica - Geração<br />

Segun<strong>do</strong> o plano dece<strong>na</strong>l de expansão de energia da EPE 2008-2017, através<br />

da Tabela 2.1, tem-se que a capacidade instalada <strong>do</strong> Brasil em 2006 foi de 105.000<br />

MW. Neste estu<strong>do</strong>, o parque gera<strong>do</strong>r existente inclui os Sistemas Isola<strong>do</strong>s, as<br />

interligações inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is que estão em operação, bem como a parcela de Itaipu<br />

importada <strong>do</strong> Paraguai, e as importações da Argenti<strong>na</strong>, Venezuela e Uruguai.


34<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 2.1 Parque gera<strong>do</strong>r existente em dezembro/2006 no Brasil (MW)<br />

Fonte: EPE, Plano Dece<strong>na</strong>l de Expansão de Energia, 2008-2017<br />

2.2.1 O Parque Gera<strong>do</strong>r de Energia da<br />

<strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Na Tabela 2.2 observa-se o resumo <strong>do</strong> Parque Gera<strong>do</strong>r nos esta<strong>do</strong>s: 1. Acre,<br />

2. Amapá, 3. Amazo<strong>na</strong>s, 4. Pará, 5. Rondônia e 6. Roraima. Nesta região o sistema de<br />

geração está forma<strong>do</strong> por um Sistema de Usi<strong>na</strong>s Hidrelétricas e Térmicas opera<strong>do</strong><br />

pela Eletronorte. A capacidade de geração de energia em usi<strong>na</strong>s hidrelétricas é de<br />

8.944,3 MW e em usi<strong>na</strong>s térmicas de 842,7 MW fazen<strong>do</strong> o total de 9.787,0 MW de<br />

potência nomi<strong>na</strong>l instalada.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

35<br />

Tabela 2.2 O Parque Gera<strong>do</strong>r<br />

Fonte: Eletronorte, 2008<br />

2.3 Situação Energética por Esta<strong>do</strong><br />

1. ACRE<br />

Figura 2.3.1 Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre<br />

Fonte: Portalbrasil/geografia/esta<strong>do</strong>s, 2008<br />

O sistema Acre em Rio Branco está forma<strong>do</strong> por um parque termelétrico isola<strong>do</strong><br />

com unidades gera<strong>do</strong>ras a óleo diesel. No interior, as localidades são atendidas precariamente<br />

por unidades térmicas a óleo diesel da ELETROACRE. O sistema possui capacidade<br />

instalada térmica de 103 MW, sen<strong>do</strong> 83,8 MW <strong>na</strong> capital mais 19,2 MW no interior,<br />

linhas de transmissão 34,5 kV (7,0 km) e linha de sub-transmissão 13,8 kV (7,5 km).


36<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

As Usi<strong>na</strong>s Termelétricas são:<br />

a) UTE Rio Acre<br />

b) UTE Rio Branco I<br />

c) UTE Rio Branco II<br />

a) UTE RIO ACRE<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008<br />

(*) Potência Nomi<strong>na</strong>l<br />

b) UTE RIO BRANCO I<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008<br />

(*) Potência Nomi<strong>na</strong>l<br />

c) UTE RIO BRANCO II<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008<br />

(*) Potência Nomi<strong>na</strong>l


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

37<br />

2. AMAPÁ<br />

Figura 2.3.2 Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amapá<br />

Fonte: Portalbrasil/geografia/esta<strong>do</strong>s, 2008<br />

O Sistema Amapá – Capital é um sistema isola<strong>do</strong> hidrotérmico opera<strong>do</strong> pela<br />

Eletronorte. Seu parque gera<strong>do</strong>r é constituí<strong>do</strong> pela UHE Coaracy Nunes e pela UTE<br />

Santa<strong>na</strong>. Próxima a Macapá, é responsável pelo suprimento à Companhia de<br />

Eletricidade <strong>do</strong> Amapá CEA- <strong>na</strong> região da capital e localidades vizinhas, fornecimento<br />

à Indústria e Comércio de Minérios S.A. – Icomi, <strong>na</strong> Serra <strong>do</strong> Navio, e à Companhia<br />

Ferro-Ligas <strong>do</strong> Amapá – CFA, em Santa<strong>na</strong>. No interior, 12 localidades são atendidas<br />

por unidades térmicas a óleo diesel da CEA. A capacidade instalada hidráulica é de<br />

40,0 MW, a térmica de 76,45 MW (64,35 MW <strong>na</strong> capital mais 12,1 MW no interior).<br />

As linhas de transmissão são de 138 kV (108 km) e de 69 kV (15 km).<br />

No Amapá, a Eletronorte dispõe de uma potência instalada de 234,8 MW,<br />

que correspondem a 92,7% daquela efetivamente disponível no Esta<strong>do</strong>. O parque<br />

combi<strong>na</strong> geração hídrica e térmica. Os 78 MW de potência instalada da usi<strong>na</strong> de<br />

Coaracy Nunes são complementa<strong>do</strong>s por 156,8 MW da Usi<strong>na</strong> Termelétrica Santa<strong>na</strong>.<br />

No perío<strong>do</strong> de seca no reservatório de Coaracy Nunes, entre setembro e<br />

dezembro, a Térmica Santa<strong>na</strong> supre a necessidade de energia elétrica no Esta<strong>do</strong>. No<br />

perío<strong>do</strong> chuvoso, quan<strong>do</strong> a hidrelétrica opera a ple<strong>na</strong> carga, a usi<strong>na</strong> térmica atua como<br />

complemento de carga.


38<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Figura 2.3.2.1 UHE Coaracy Nunes<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008<br />

As Usi<strong>na</strong>s de geração de energia neste esta<strong>do</strong> são:<br />

a) Usi<strong>na</strong> Hidrelétrica Coaracy Nunes<br />

b) Usi<strong>na</strong> Termelétrica Santa<strong>na</strong><br />

a) UHE COARACY NUNES<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008.<br />

(*) Potência Nomi<strong>na</strong>l<br />

b) UTE SANTANA<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008<br />

(*) Potência Nomi<strong>na</strong>l


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

39<br />

3. AMAZONAS<br />

Figura 2.3.3 Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s<br />

Fonte: Portalbrasil/geografia/esta<strong>do</strong>s, 2008<br />

A Eletronorte atende a população <strong>do</strong> município de Ma<strong>na</strong>us e localidades<br />

próximas à capital abastecidas pela Companhia Energética <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s - CEAM. A<br />

energia é gerada por um parque hidrotérmico próprio, composto da Usi<strong>na</strong> Hidrelétrica<br />

Balbi<strong>na</strong> - a segunda usi<strong>na</strong> construída pela Empresa <strong>na</strong> Amazônia - e das termelétricas<br />

Mauá, Aparecida e Electron, além <strong>do</strong>s produtores independentes contrata<strong>do</strong>s. A<br />

capacidade total instalada é de 1.557,10 MW<br />

As Usi<strong>na</strong>s Hidrelétrica e Termelétrica neste esta<strong>do</strong> são:<br />

a) Usi<strong>na</strong> Termelétrica Aparecida<br />

b) Usi<strong>na</strong> Termelétrica Eléctron<br />

c) Usi<strong>na</strong> Termelétrica Mauá<br />

d) Usi<strong>na</strong> Hidrelétrica Balbi<strong>na</strong><br />

a) UTE APARECIDA<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008<br />

(*) Potência Nomi<strong>na</strong>l


40<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

b) UTE ELÉCTRON<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008<br />

(*) Potência Nomi<strong>na</strong>l<br />

c) UTE MAUÁ<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008<br />

(*) Potência Nomi<strong>na</strong>l<br />

d) UHE BALBINA<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008<br />

(*) Potência Nomi<strong>na</strong>l


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

41<br />

4. PARÁ<br />

Figura 2.3.4 Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará<br />

A energia consumida pelo Pará é gerada pelas usi<strong>na</strong>s hidrelétricas Tucuruí e<br />

Curuá-U<strong>na</strong>, responsáveis pelo atendimento a mais de 99% <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>para</strong>ense.<br />

Construída em duas etapas, Tucuruí tem capacidade instalada de 8.370 MW. As obras<br />

da primeira casa de força – com 12 unidades gera<strong>do</strong>ras de 350 MW, duas auxiliares<br />

de 22,5 MW e potência instalada de 4.245 MW - foram concluídas em dezembro de<br />

1992. Em junho de 1998, foi iniciada a construção da segunda casa de força, com 11<br />

unidades gera<strong>do</strong>ras de 375 MW e potência instalada total de 4.125 MW, concluída<br />

em abril de 2007.<br />

Figuras 2.3.4.1 UHE Tucuruí e UHE Curuá-U<strong>na</strong><br />

Fonte: Eletronorte/Geração 2008<br />

As Usi<strong>na</strong>s Hidrelétricas que geram energia neste esta<strong>do</strong> são:<br />

a) Usi<strong>na</strong> Hidrelétrica Curuá-U<strong>na</strong><br />

b) Usi<strong>na</strong> Hidrelétrica Tucuruí


42<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

a) UHE CURUÁ-UNA<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008<br />

(*) Potência Nomi<strong>na</strong>l<br />

b) UHE TUCURUÍ<br />

Construída em duas etapas, Tucuruí tem capacidade instalada de 8.370 MW.<br />

As obras da primeira casa de força - com 12 unidades gera<strong>do</strong>ras de 350 MW, duas<br />

auxiliares de 22,5 MW e potência instalada de 4.245 MW - foram concluídas em<br />

dezembro de 1992.<br />

Em junho de 1998, foi iniciada a construção da segunda casa de força, com<br />

11 unidades gera<strong>do</strong>ras de 375 MW e potência instalada total de 4.125 MW, ten<strong>do</strong><br />

si<strong>do</strong> concluída em abril de 2007.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

43<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008<br />

(*) Potência Nomi<strong>na</strong>l<br />

5. RONDÔNIA<br />

Figura 2.3.5 Esta<strong>do</strong> de Rondônia<br />

Fonte: Portalbrasil/geografia/esta<strong>do</strong>s, 2008


44<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

O Sistema Rondônia – Capital, que forma um sistema isola<strong>do</strong>, consiste de<br />

um parque termelétrico em Porto Velho e da UHE Samuel com seu sistema de<br />

transmissão. O sistema de transmissão associa<strong>do</strong> à UHE Samuel, além de suprir a<br />

Companhia de Energia de Rondônia - CERON em Porto Velho, estende a oferta de<br />

energia a esta concessionária. No interior as localidades são atendidas de forma isolada<br />

e precária por unidades térmicas a diesel (103,8 MW) e 3 PCH‘s (5,5 MW) da CERON.<br />

Possui capacidade instalada hidráulica de 221,5 MW (216 MW <strong>na</strong> Capital mais 5,5 MW<br />

no interior); capacidade instalada – térmica de 109,6 MW <strong>na</strong> capital mais 11,7 MW no<br />

interior; linha de transmissão 230 kV (402 km), com linhas de transmissão 69 kV (56 km).<br />

A energia elétrica consumida em Rondônia é gerada pela Usi<strong>na</strong> Hidrelétrica<br />

Samuel e por um parque termelétrico opera<strong>do</strong> pela Eletronorte e por produtores<br />

independentes de energia. A Usi<strong>na</strong> de Samuel tem potência instalada de 216 MW,<br />

sen<strong>do</strong> considerada um marco <strong>na</strong> história <strong>do</strong> local. Sua construção possibilitou que<br />

uma antiga colônia de pesca<strong>do</strong>res desse lugar ao município de Candeias <strong>do</strong> Jamari. A<br />

hidrelétrica foi concebida inicialmente <strong>para</strong> suprir as cidades ron<strong>do</strong>nienses de Guajará-<br />

Mirim, Ariquemes, Ji-Paraná, Pimenta Bueno, Vilhe<strong>na</strong>, Abunã e a capital, Porto Velho.<br />

Atualmente, 90% <strong>do</strong>s 52 municípios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> são beneficia<strong>do</strong>s com energia<br />

firme e segura desse sistema isola<strong>do</strong> da Eletronorte. Em 20 de novembro de 2002, a<br />

capital <strong>do</strong> Acre, Rio Branco, passou a ser abastecida também com a energia de Samuel.<br />

Em maio de 2006, esse sistema foi amplia<strong>do</strong>, permitin<strong>do</strong> que a geração térmica <strong>do</strong><br />

Acre fosse substituída pela hidráulica, proporcio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> a substituição da geração a<br />

deriva<strong>do</strong>s de petróleo. Além de Samuel, a Eletronorte opera a Usi<strong>na</strong> Termelétrica Rio<br />

Madeira, que produz 90 MW. Somada à geração <strong>do</strong>s produtores independentes de<br />

energia, a potência instalada da Eletronorte em Rondônia é de 403 MW.<br />

A seguir, as Usi<strong>na</strong>s que geram energia <strong>para</strong> o Esta<strong>do</strong> de Rondônia<br />

a) Usi<strong>na</strong> Termelétrica Rio Madeira<br />

b) Usi<strong>na</strong> Hidrelétrica Samuel


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

45<br />

a) UTE RIO MADEIRA<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008<br />

(*) Potência Nomi<strong>na</strong>l<br />

b) UHE SAMUEL<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008<br />

(*) Potência Nomi<strong>na</strong>l<br />

6. RORAIMA<br />

Figura 2.3.6 Esta<strong>do</strong> de Roraima<br />

Fonte: Portalbrasil/geografia/esta<strong>do</strong>s, 2008


46<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

O Sistema Roraima – Capital, é um sistema isola<strong>do</strong> exclusivamente térmico,<br />

que atende Boa Vista e arre<strong>do</strong>res. À Eletronorte compete a geração e distribuição de<br />

energia elétrica <strong>na</strong> Capital. A concessionária de energia de Roraima - CER, no seu<br />

atendimento à Mucajaí – localizada proximamente a Boa Vista, é suprida pela<br />

Eletronorte. As localidades no interior são atendidas por unidades térmicas a óleo<br />

diesel da CER. A capacidade instalada térmica é de 109,6 MW <strong>na</strong> capital mais 11,7<br />

MW no interior, linha de transmissão de 13,8 kV (14 km) e Redes de Distribuição<br />

(Boa Vista) de 876 km.<br />

A energia elétrica de origem hidráulica consumida em Roraima é proveniente<br />

<strong>do</strong> complexo hidrelétrico venezuelano de Guri e Macaguá, de onde chegam até 200<br />

MW. Em casos emergenciais, uma usi<strong>na</strong> termelétrica com 52 MW de potência instalada<br />

entra em operação.<br />

A seguir da<strong>do</strong>s da usi<strong>na</strong> gera<strong>do</strong>ra de energia de Roraima.<br />

a) UTE FLORESTA<br />

Fonte: Eletronorte/geração, 2008<br />

(*) Potência Nomi<strong>na</strong>l


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

47<br />

7. TOCANTINS<br />

Figura 2.3.7 Esta<strong>do</strong> de Tocantins<br />

Fonte: Portalbrasil/geografia/esta<strong>do</strong>s, 2008<br />

Tocantins recebe energia gerada pela Usi<strong>na</strong> Hidrelétrica de Tucuruí, e por ser<br />

centro das interligações entre os sistemas elétricos brasileiros o esta<strong>do</strong> recebe energia<br />

gerada em outras regiões.<br />

2.4 Evolução da Capacidade de Geração<br />

Na Tabela 2.3 estão apresenta<strong>do</strong>s os sistemas de geração por esta<strong>do</strong> mostran<strong>do</strong> o<br />

número de unidades térmicas como hidráulicas e consideran<strong>do</strong> a Potencia Efetiva das<br />

Unidades de Geração.


48<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 2.3 Evolução da Capacidade de Geração<br />

Fonte: Eletronorte, 2008<br />

O Sistema <strong>Norte</strong> está interliga<strong>do</strong> ao Sistema Nordeste. A parcela situada <strong>na</strong><br />

área de atuação da Eletronorte corresponde ao subsistema <strong>Norte</strong>, enquanto o restante,<br />

situa<strong>do</strong> <strong>na</strong> área de atuação da CHESF, refere-se ao subsistema Nordeste. Após a entrada<br />

em operação da UHE Tucuruí, sua principal fonte gera<strong>do</strong>ra, o subsistema <strong>Norte</strong>,<br />

integra<strong>do</strong> pelas concessionárias estaduais – CELPA, CEMAR e CELTINS – passou a<br />

ser supri<strong>do</strong> integralmente com energia dessa hidrelétrica, e seus excedentes são<br />

transferi<strong>do</strong>s <strong>para</strong> o subsistema Nordeste. No Interior <strong>do</strong> Pará, 41 localidades são<br />

atendidas por sistemas isola<strong>do</strong>s da CELPA de potência total da ordem de 102 MW<br />

(72 MW grupos diesel e 30 MW da UHE de Curuá – U<strong>na</strong>). A capacidade instalada<br />

hidráulica é de 4.245 MW, a térmica (reserva) de 120 MW. As linhas de transmissão<br />

são de 500 kV (2.721 km) e de 230 kV (798 km).<br />

O atendimento da demanda crescente das grandes concentrações urba<strong>na</strong>s e<br />

das peque<strong>na</strong>s localidades rurais e urba<strong>na</strong>s da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> passa por abordagens<br />

diferenciadas. As grandes áreas urba<strong>na</strong>s precisam de disponibilização de grandes<br />

potências, sejam elas hídricas ou provenientes de combustíveis fósseis, oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

petróleo e <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Este tipo de solução tem alto custo de implantação, mas é


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

49<br />

favoreci<strong>do</strong> pela escala de demanda de energia <strong>do</strong>s grandes centros urbanos e industriais<br />

da <strong>Região</strong>. Mesmo com a boa rentabilidade destes merca<strong>do</strong>s <strong>para</strong> as empresas de<br />

energia, acor<strong>do</strong>s institucio<strong>na</strong>is de médio e longo prazo, como o da venda de energia<br />

elétrica a preços inferiores aos <strong>do</strong> custo de produção – indústrias energo-intensivas de<br />

alumínio <strong>na</strong> região <strong>do</strong> Grande Carajás – ou o de uma certa “reserva de merca<strong>do</strong>” de<br />

energia elétrica <strong>para</strong> entrada <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> de Urucu, tem provoca<strong>do</strong> instabilidade<br />

neste sistema com carência de energia a níveis i<strong>na</strong>ceitáveis em grandes cidades. A<br />

cidade de Ma<strong>na</strong>us, por exemplo, tem ti<strong>do</strong> alguns racio<strong>na</strong>mentos por algumas horas<br />

em alguns bairros.<br />

Nas peque<strong>na</strong>s áreas <strong>do</strong> interior, o quadro <strong>do</strong> sistema energético amazônico<br />

mostra uma considerável deficiência de abastecimento, resulta<strong>do</strong> de <strong>do</strong>is fatores<br />

específicos: o eleva<strong>do</strong> custo de expansão de linhas de transmissão de energia elétrica<br />

e alto custo da logística de transporte de combustíveis <strong>para</strong> os sistemas isola<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s<br />

localidades mais afastadas.<br />

2.5 Oferta de Petróleo e Gás Natural<br />

A oferta de energia no Brasil (OIE), em 2007, atingiu 238,3 milhões de TEP<br />

(MME, 2008), como mostra<strong>do</strong> <strong>na</strong> Tabela 2.4., montante 5,4% superior à demanda de<br />

2006, e valor equivalente a cerca de 2% da energia mundial. O crescimento verifica<strong>do</strong><br />

da OIE em 2007 é estima<strong>do</strong> como equivalente ao da economia. Dois fatores<br />

contribuíram <strong>para</strong> o crescimento acentua<strong>do</strong> da demanda por energia: os bons resulta<strong>do</strong>s<br />

alcança<strong>do</strong>s pelos setores exporta<strong>do</strong>res, especialmente os intensivos em energia, como<br />

aço, celulose e álcool, e o bom desempenho da demanda inter<strong>na</strong> de bens e serviços.<br />

O incremento no <strong>uso</strong> das fontes renováveis atingiu 7,2% <strong>na</strong> oferta total de<br />

energia, enquanto que as não-renováveis, incluin<strong>do</strong> o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, cresceram 3,9%<br />

em 2007. Com isso, a energia renovável passou a representar 45,8% da Matriz<br />

Energética Brasileira (MEB) neste ano mostran<strong>do</strong> um aumento suave, mas contínuo<br />

das renováveis <strong>na</strong> matriz brasileira.


50<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 2.4 Oferta Inter<strong>na</strong> de Energia<br />

Fonte: MME, Resenha <strong>do</strong> BEN-2008<br />

Figura 2.5.1. OIE- 2007 (%)


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

51<br />

Figura 2.5.2 OIE - 2006 (%)<br />

Fonte: Elabora<strong>do</strong> a partir de BEN 2007 e Resenha BEN 2008<br />

Com<strong>para</strong>n<strong>do</strong>-se a OIE de 2006, como mostra<strong>do</strong> <strong>na</strong> Figura 2.5.2 de 2007,<br />

mostra<strong>do</strong> <strong>na</strong> Figura 2.5.1, percebe-se uma peque<strong>na</strong> diminuição da participação <strong>do</strong><br />

GN <strong>na</strong> matriz, apesar <strong>do</strong> energético vir apresentan<strong>do</strong> um crescimento contínuo <strong>na</strong><br />

participação nos últimos seis anos, relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> tanto no que diz respeito à produção<br />

inter<strong>na</strong>, como a importação à exceção <strong>do</strong>s últimos <strong>do</strong>is anos por conta <strong>do</strong>s problemas<br />

e restrições com o <strong>gás</strong> importa<strong>do</strong> da Bolívia.<br />

A queda <strong>na</strong> participação da energia não-renovável em 2007 se deu,<br />

essencialmente, em função <strong>do</strong> desempenho negativo da energia nuclear e <strong>do</strong><br />

crescimento pouco expressivo <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Nos últimos anos, os aumentos <strong>na</strong><br />

produção <strong>do</strong> petróleo e <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> vêm permitin<strong>do</strong> importantes e sucessivas<br />

reduções no índice de dependência exter<strong>na</strong> global <strong>do</strong> país em energia: 12,9% em<br />

2004, 10,2% em 2005, e 8,3% em 2006. Em 2007, por outro la<strong>do</strong>, apesar das trocas<br />

comerciais de petróleo terem manti<strong>do</strong> um pequeno superávit, de 1,9%, a dependência<br />

global <strong>do</strong> Brasil por energia passou <strong>para</strong> 9,5%, em razão <strong>do</strong> incremento <strong>na</strong> importação<br />

de carvão mineral <strong>para</strong> a produção de aço.<br />

O <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> é o energético que vem apresentan<strong>do</strong> as maiores taxas de<br />

crescimento <strong>na</strong> Matriz Energética Brasileira, ten<strong>do</strong> quase triplica<strong>do</strong> a sua participação


52<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

nos últimos anos - <strong>do</strong>s 3,7% em 1998 passou <strong>para</strong> 9,6% em 2006. Em 2007, com<br />

desempenho mais modesto, a sua participação recuou <strong>para</strong> 9,3%. Os aumentos devemse<br />

principalmente à substituição <strong>do</strong>s deriva<strong>do</strong>s de petróleo, óleo combustível e GLP<br />

<strong>na</strong> indústria, gasoli<strong>na</strong> no transporte, além de outras substituições em menor escala.<br />

A oferta de energia elétrica no Brasil atingiu um montante de 484,5 TWh,<br />

incluin<strong>do</strong> 45,2 TWh de geração de autoprodutores (9,3% de participação) e 38,5 TWh<br />

de importação líquida (7,9%). Na composição da matriz de oferta, os destaques ficam<br />

com incrementos da geração hidráulica, de 7,3%; da biomassa, de 12,3% e <strong>do</strong>s<br />

deriva<strong>do</strong>s de petróleo, de 10,4%. Os decréscimos <strong>na</strong> oferta ficam por conta <strong>do</strong> carvão<br />

mineral (10,7%), energia nuclear (10,5%) e <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> (3,6%). A energia hidráulica<br />

continua com supremacia <strong>na</strong> matriz de oferta de energia elétrica, representan<strong>do</strong> 85,2%<br />

<strong>do</strong> total, incluin<strong>do</strong> a importação. Em seguida, aparece a geração a <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, com<br />

3,6%, e a biomassa <strong>na</strong> terceira posição, com 3,5% de participação. Destaque-se o<br />

forte incremento <strong>na</strong> geração eólica, de pouco mais de 236 GWh em 2006, <strong>para</strong> 559<br />

GWh em 2007.<br />

2.6 Consumo de Energia<br />

O consumo fi<strong>na</strong>l de energia em 2007, por sua vez, atingiu 215,1 milhões de<br />

tep (Tabela 2.5), montante 6% superior ao de 2006. O carvão mineral, com crescimento<br />

de 9,3% no consumo, em razão <strong>do</strong> aumento de 10% da produção de aço a oxigênio e<br />

a biomassa, em razão, principalmente, <strong>do</strong> <strong>uso</strong> térmico <strong>do</strong> bagaço <strong>na</strong> indústria de açúcar<br />

e álcool (496 milhões t de ca<strong>na</strong> esmagada – 16% de crescimento), compõem os<br />

energéticos que sustentaram o crescimento médio de 6%. Abaixo <strong>do</strong> crescimento médio<br />

<strong>do</strong> consumo fi<strong>na</strong>l de energia ficaram a eletricidade (5,6%), os deriva<strong>do</strong>s de petróleo<br />

(4,7%) e o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> (4%), como mostra a tabela a seguir.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

53<br />

Tabela 2.5 Consumo Fi<strong>na</strong>l de Energia<br />

Fonte: MME – Resenha BEN 2008<br />

2.7 Evolução Recente das Reservas de Petróleo e Gás<br />

Natural <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

As primeiras descobertas de petróleo <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> foram feitas em 1954,<br />

quan<strong>do</strong> se encontraram quantidades não comerciais <strong>na</strong>s cidades de Nova Olinda, Autás<br />

Mirim e Maués, no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s. Inicialmente as pesquisas foram direcio<strong>na</strong>das<br />

<strong>para</strong> a bacia <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, deixan<strong>do</strong>-se de la<strong>do</strong> a Bacia <strong>do</strong> Solimões. Em 1976, o<br />

primeiro levantamento de sísmica de reflexão <strong>na</strong> bacia <strong>do</strong> Solimões foi realiza<strong>do</strong>. A<br />

descoberta da província gasífera <strong>do</strong> Juruá se deu em 1978, momento em que a pesquisa<br />

de petróleo <strong>na</strong> bacia <strong>do</strong> Solimões foi intensificada.<br />

Em outubro de 1986, a prospecção petrolífera <strong>na</strong> Amazônia se consolidava<br />

com a descoberta da província de Urucu, a cerca de 650 km de Ma<strong>na</strong>us. Após <strong>do</strong>is<br />

anos da identificação <strong>do</strong>s poços, o petróleo já era envia<strong>do</strong> por balsas, que transitavam<br />

no Rio Solimões, até a Refi<strong>na</strong>ria Isaac Sabbá (REMAN), em Ma<strong>na</strong>us.<br />

Atualmente, o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s tem a segunda maior reserva de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

<strong>do</strong> país, com um total prova<strong>do</strong> de 53,232 bilhões de m 3 (BEN, 2007). Em outras duas<br />

bacias amazônicas também têm si<strong>do</strong> encontradas acumulações de <strong>gás</strong>.<br />

Cerca de uma deze<strong>na</strong> de bacias sedimentares estão situadas <strong>na</strong> Amazônia<br />

Legal Brasileira, região que além <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> também incorpora o


54<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Mato Grosso e parte <strong>do</strong> Maranhão, perfazen<strong>do</strong> quase 2/3 <strong>do</strong> território<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. As bacias <strong>do</strong> Solimões, Amazo<strong>na</strong>s e Par<strong>na</strong>íba são as mais importantes, pois<br />

ocupam juntas aproximadamente 1,5 milhão de km² e têm potencial considerável de<br />

novas descobertas. A bacia <strong>do</strong> Solimões, por exemplo, é a terceira bacia sedimentar<br />

em produção de petróleo no país, com uma reserva provada de 97 milhões de barris<br />

ou 15 milhões de m 3 (EPE, 2007), como mostra<strong>do</strong> <strong>na</strong> Figura 2.7.1.<br />

Figura 2.7.1 Reservas Provadas de Petróleo - <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> (2002-2006)<br />

Fonte:elabora<strong>do</strong> a partir de BEN 2005-2006-2007<br />

De fato, a principal vocação da Amazônia parece ser o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. A Figura<br />

2.7.2 mostra a evolução das reservas provadas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, com<br />

aumento sensível dessas reservas no perío<strong>do</strong> entre 2002 e 2006. Em janeiro de 2007<br />

elas representavam 15,3% das reservas brasileiras equivalen<strong>do</strong> a segunda maior em<br />

território, atrás somente da Bacia de Campos (Figura 2.7.3).<br />

Figura 2.7.2. Reservas de GN <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> (2002-2006)<br />

Fonte: elabora<strong>do</strong> a partir de BEN 2005-2006-2007


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

55<br />

Figura 2.7.3 % das Reservas de Gás Natural no Brasil (Jan/2007)<br />

Fonte: ANP- Anuário Estatístico 2008<br />

A prospecção e exploração de petróleo <strong>na</strong> região, como também a atividade<br />

de produção, apresentam restrições consideráveis. As dificuldades operacio<strong>na</strong>is relacio<strong>na</strong>mse<br />

à localização das bacias, especialmente as <strong>do</strong> Solimões e Amazo<strong>na</strong>s, situadas em áreas<br />

distantes <strong>do</strong>s centros de consumo e com densas florestas, muitas vezes de difícil acesso e<br />

também próximas a reservas indíge<strong>na</strong>s. Esta situação resulta em impeditivos legais e maiores<br />

cuida<strong>do</strong>s operacio<strong>na</strong>is em razão de um meio ambiente vulnerável.<br />

As bacias são geologicamente classificadas como paleozóicas, ou seja, muito<br />

antigas compreenden<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>s de 270 milhões até 490 milhões de anos. São bacias<br />

que contêm rochas duras, o que aumenta o tempo e o custo de perfuração de poços.<br />

Quanto à qualidade, o petróleo de Urucu (mais leve) permite especialmente a<br />

produção de gasoli<strong>na</strong>, GLP, <strong>na</strong>fta petroquímica e óleo diesel. A Petrobras opera em<br />

Urucu a maior UPGN <strong>do</strong> Brasil, com capacidade de geração de 1.500 toneladas diárias<br />

de GLP (15 mil botijões de 13 kg/d). Esse GLP supre toda a Amazônia, além de<br />

alguns esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Nordeste.<br />

Para o desenvolvimento econômico e social da Amazônia, o programa de<br />

aproveitamento <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> de Urucu vem sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> prioritário pelo<br />

governo Federal há muitos anos. Reúne obras de infra-estrutura e ações sociais,<br />

buscan<strong>do</strong> dar um novo perfil de desenvolvimento e integração <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.


56<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

2.8 O Gás Natural de Urucu<br />

A região de Urucu está localizada <strong>na</strong> Bacia de Rio Solimões a 650 km de<br />

Ma<strong>na</strong>us, no Amazo<strong>na</strong>s, cobrin<strong>do</strong> uma área de 120 km 2 , <strong>na</strong> floresta Amazônica; com o<br />

complexo industrial e alojamentos cobrin<strong>do</strong> 14 km 2 . Em Urucu existem 740 km de<br />

dutos (600 km em terra e 140 km submersos) ligan<strong>do</strong> os poços ao complexo de Araras<br />

onde o petróleo, o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e o GLP são processa<strong>do</strong>s. O óleo é o mais leve de to<strong>do</strong>s<br />

os que são processa<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s refi<strong>na</strong>rias brasileiras e as reservas provadas são de 537<br />

milhões de barris de óleo equivalente (boe).<br />

A produção média de petróleo e líqui<strong>do</strong> de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em Urucu é de cerca<br />

de 120 mil barris por dia, posicio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s como o segun<strong>do</strong><br />

produtor <strong>do</strong> país. Esta produção é consumida nos seguintes esta<strong>do</strong>s: Pará, Amazo<strong>na</strong>s,<br />

Rondônia, Maranhão, Tocantins, Acre, Amapá e parte <strong>do</strong> Nordeste.<br />

Parte <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> produzi<strong>do</strong> com o petróleo gera energia em Urucu e parte<br />

é re-injetada nos poços (9 milhões de m 3 /dia) ou queimada (160.000 m 3 /dia). Urucu é<br />

auto-suficiente em energia. O <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> de Urucu também é consumi<strong>do</strong> <strong>na</strong>s quatro<br />

usi<strong>na</strong>s termelétricas movidas a <strong>gás</strong>, no complexo industrial pólo Arara, geran<strong>do</strong> energia<br />

<strong>para</strong> os alojamentos de 2.400 trabalha<strong>do</strong>res, residências e ilumi<strong>na</strong>ção <strong>do</strong>s 110 km de<br />

vias no complexo.<br />

Segun<strong>do</strong> a Petrobras, as reservas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> existentes provenientes da<br />

Bacia de Solimões, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, totalizam mais de 100 bilhões de metros<br />

cúbicos, volume que pode permitir a geração de aproximadamente 500 MW em<br />

Ma<strong>na</strong>us, <strong>para</strong> suprimento <strong>do</strong> parque de geração atual. O consumo <strong>para</strong> termogeração<br />

permitirá uma redução <strong>do</strong> preço da energia elétrica pratica<strong>do</strong> <strong>na</strong> região, que hoje é<br />

aproximadamente R$ 200 MWh <strong>para</strong> cerca de R$ 80 MWh.<br />

Para um projeto padrão de termelétricas de 500 MW, em ciclo combi<strong>na</strong><strong>do</strong>, 2<br />

turbi<strong>na</strong>s a <strong>gás</strong> e 1 turbi<strong>na</strong> a vapor, estima-se um prazo médio de 24 meses <strong>para</strong> sua<br />

implantação. O custo estima<strong>do</strong> é de US$ 550/kW instala<strong>do</strong>.<br />

O potencial de descobertas é bastante promissor, especialmente em relação<br />

ao <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> que mostra tendência permanente de aumento, ao contrário <strong>do</strong> petróleo.<br />

Além desse potencial em território brasileiro, ainda há possibilidade de integração


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

57<br />

com grandes projetos continentais como é o caso <strong>do</strong> grande gasoduto <strong>do</strong> Cone Sul<br />

que cortaria o Brasil de norte a sul. Partin<strong>do</strong> da Venezuela, este gasoduto teria<br />

capacidade projetada de transporte 150 milhões de metros cúbicos de <strong>gás</strong> por dia,<br />

cinco vezes mais que o gasoduto Bolívia-Brasil. O traça<strong>do</strong> prevê 9.283 quilômetros<br />

desde Puerto Ordaz, <strong>na</strong> Venezuela, atravessan<strong>do</strong> o maciço das Guia<strong>na</strong>s <strong>para</strong> entrar no<br />

Brasil por Roraima, passan<strong>do</strong> por Amazo<strong>na</strong>s, Pará, Tocantins, Goiás e o Distrito Federal<br />

com ramais até Amapá, Maranhão e Ceará. Depois passaria pelo Sudeste e o Sul até<br />

chegar ao Rio Grande <strong>do</strong> Sul, alimentan<strong>do</strong> ainda o Uruguai e a Argenti<strong>na</strong>.<br />

Apesar de não estar ainda envolvida diretamente no projeto, a Petrobras tem<br />

feito estu<strong>do</strong>s sobre o gasoduto. A estatal estimou que serão necessários investimentos<br />

da ordem de US$ 23,27 bilhões, <strong>do</strong>s quais US$ 19,25 bilhões ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> aquisição de<br />

dutos, construção e montagem, e seria fi<strong>na</strong>ncia<strong>do</strong> por Brasil, Venezuela e Argenti<strong>na</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> a Petrobrás, o gasoduto será abasteci<strong>do</strong> por metade da produção de Mariscal<br />

Sucre, de 400 bilhões de metros cúbicos, e terá capacidade de transportar até 50 milhões<br />

de metros cúbicos por dia de <strong>gás</strong>.<br />

2.9 Produção de GN e Petróleo <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

A produção de petróleo no Amazo<strong>na</strong>s, em 2006 foi de 2.077.000 m 3 , menos<br />

9,1% <strong>do</strong> que no ano anterior, o que representa 2,1% da produção <strong>do</strong> Brasil no mesmo<br />

perío<strong>do</strong>. O petróleo de Urucu é considera<strong>do</strong> o de melhor qualidade no país e dele são<br />

produzi<strong>do</strong>s, principalmente, deriva<strong>do</strong>s nobres e de alto valor agrega<strong>do</strong> como diesel e<br />

<strong>na</strong>fta. A região Amazônica já é auto-suficiente em petróleo e parte de sua produção é<br />

exportada <strong>para</strong> outras refi<strong>na</strong>rias da Petrobras, localizadas em diferentes regiões <strong>do</strong> país.<br />

Cerca de 92% da capacidade da UN-REMAN é ocupada pelo petróleo de Urucu.<br />

Por ser mais leve, o petróleo de Urucu não permite a produção de asfalto, sen<strong>do</strong> então<br />

necessário importar petróleo mais pesa<strong>do</strong> da Venezuela <strong>para</strong> este fim. Nos 8% restantes<br />

da capacidade da refi<strong>na</strong>ria são processa<strong>do</strong>s petróleos importa<strong>do</strong>s, com o único objetivo<br />

de produzir o asfalto necessário <strong>para</strong> o abastecimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> regio<strong>na</strong>l.<br />

A Figura 2.9.1 mostra a imagem aérea das instalações de Urucu e as Figuras<br />

2.9.2 e 2.9.3 mostram a evolução da produção de petróleo e <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> região.


58<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Figura 2.9.1 Instalações de Urucu<br />

Fonte: Petrobras<br />

Figura 2.9.2 Produção de GN e petróleo com<strong>para</strong>das (2001-2006)<br />

Figura 2.9.3 Produção de GN por mês e por ano (mil m 3 )<br />

Fonte: ANP - Boletim Mensal de Produção 2008


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

59<br />

Os meses de janeiro e fevereiro indicam que a produção de GN, em 2008,<br />

vinha superan<strong>do</strong> em 9,7% e 7,3% respectivamente a produção <strong>do</strong>s mesmos meses <strong>do</strong><br />

ano anterior (Figura 2.9.4). Esta tendência sugere que a produção projetada de 2008<br />

provavelmente superaria a de 2007.<br />

Figura 2.9.4 Produção de Petróleo por mês e por ano (m 3 )<br />

Fonte: ANP - Boletim Mensal de Produção 2008<br />

De mo<strong>do</strong> inverso, a produção de petróleo confirma sua tendência de queda.<br />

Em relação aos mesmos meses <strong>do</strong> ano anterior, em janeiro de 2008 a queda foi de<br />

7,2% e em fevereiro de 5,6%. Como no caso <strong>do</strong> GN, esta pode seria ser uma<br />

tendência mantida o ano inteiro, sugerin<strong>do</strong> uma diminuição da produção de petróleo<br />

em relação à 2007.<br />

Para aumentar a produção <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> região Amazônica foi da<strong>do</strong> um<br />

grande impulso com a UPGN–3, que produz 3 milhões de m 3 /d, além de possibilitar<br />

o processamento de um adicio<strong>na</strong>l de 1.000 m 3 /dia de (GLP), totalizan<strong>do</strong> 2.500 m 3 /d<br />

de GLP. A UPGN–1 processa 700.000 m 3 /d de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e a UPGN–2 processa 6,3<br />

milhões de m 3 /d. A produção de petróleo atinge 60.000 barris/dia. Com o início das<br />

operações da UPGN–3, o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s também será beneficia<strong>do</strong>, já que com<br />

o aumento da produção de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> aumentará a arrecadação <strong>do</strong>s royalties repassa<strong>do</strong>s<br />

pelo governo federal.


60<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

2.10 Obra Gasoduto Urucu - Coari - Ma<strong>na</strong>us<br />

A Petrobras vem estudan<strong>do</strong> por mais de dez anos alter<strong>na</strong>tivas tecnológicas<br />

<strong>do</strong>s modais de transporte <strong>para</strong> escoamento <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> da bacia <strong>do</strong> Solimões. A<br />

opção de construir o Gasoduto Coari-Ma<strong>na</strong>us foi baseada em uma série de fatores<br />

econômicos, ambientais e sociais.<br />

Atualmente, um duto leva o <strong>gás</strong> liquefeito de petróleo (GLP) de Urucu até<br />

Coari. Um duto <strong>para</strong>lelo a este será construí<strong>do</strong> <strong>para</strong> escoar GLP, enquanto que o<br />

antigo duto passará a transportar o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Na cidade de Coari, a 285 km de<br />

Urucu, em direção a Ma<strong>na</strong>us, a Petrobras mantém um termi<strong>na</strong>l, no rio Solimões.<br />

Partin<strong>do</strong> de Coari restam, ainda 385 km até Ma<strong>na</strong>us. Nesta cidade, o gasoduto se<br />

conectará à Refi<strong>na</strong>ria de Ma<strong>na</strong>us (REMAN) <strong>para</strong> produzir GLP, <strong>na</strong>fta petroquímica,<br />

gasoli<strong>na</strong>, querosene de aviação, óleo diesel, asfalto e outros tipos de óleos.<br />

Inicialmente, com o aumento da produção de petróleo e <strong>gás</strong>, a empresa partiu<br />

<strong>para</strong> um arroja<strong>do</strong> projeto de escoamento da produção até as margens <strong>do</strong> rio Solimões.<br />

Tal projeto consiste da construção de um oleoduto e um gasoduto de 280 km de<br />

extensão, potencializan<strong>do</strong> suas reservas e prospectan<strong>do</strong> volumes de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

compatível com o atendimento <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s da região norte, abasteci<strong>do</strong>s em sua geração<br />

de energia por óleo diesel e óleo combustível, mais caros e mais poluentes que o <strong>gás</strong> de<br />

Urucu. A Figura 2.10.1 mostra o termi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> Solimões <strong>para</strong> transferência <strong>do</strong>s produtos<br />

e que tem capacidade <strong>para</strong> armaze<strong>na</strong>r 58.000 bbl de óleo e 7.500 m³ de GLP.<br />

Figura 2.10.1 Termi<strong>na</strong>l de transferência<br />

Fonte: Petrobras


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

61<br />

Para estimular o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, em 2003 o governo federal lançou o Plano de<br />

Massificação <strong>do</strong> Uso <strong>do</strong> Gás Natural no Brasil que reunia um conjunto de iniciativas<br />

com vistas a acelerar o desenvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> brasileiro de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. As<br />

iniciativas englobavam projetos de desenvolvimento tecnológico, mobilização<br />

empresarial, ações gover<strong>na</strong>mentais e articulação com investi<strong>do</strong>res. A região <strong>Norte</strong> foi<br />

considerada como área prioritária, uma vez que a geração térmica nos chama<strong>do</strong>s<br />

Sistemas Isola<strong>do</strong>s trazem grandes prejuízos econômicos e ambientais <strong>para</strong> toda a<br />

sociedade brasileira.<br />

A construção <strong>do</strong> Gasoduto Coari-Ma<strong>na</strong>us, complementan<strong>do</strong> o trecho Urucu-<br />

Coari já em operação, contribui <strong>para</strong> maior segurança energética da região e,<br />

principalmente, <strong>para</strong> a maior diversificação de oferta de combustíveis. A substituição<br />

<strong>do</strong> óleo diesel pelo <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong>s termelétricas de Ma<strong>na</strong>us e <strong>do</strong>s demais municípios<br />

atravessa<strong>do</strong>s pelo gasoduto traz vantagens econômicas e ambientais imediatas <strong>para</strong> o<br />

esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s. A Conta de Consumo de Combustíveis – CCC criada pelo<br />

governo <strong>para</strong> subsidiar os sistemas isola<strong>do</strong>s de geração de energia elétrica, contabiliza,<br />

somente em Ma<strong>na</strong>us, prejuízos da ordem de um milhão de dólares por dia.<br />

Consumi<strong>do</strong>res de energia em to<strong>do</strong> o Brasil pagam cerca de US$ 500 milhões<br />

por ano <strong>para</strong> subsidiar o diesel, mais caro e mais poluente, que abastece as termelétricas<br />

<strong>na</strong> capital <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s. Essa despesa será reduzida a um terço com o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong>. Com esses gasodutos, os mora<strong>do</strong>res da região conseguirão ter uma redução<br />

de 5% <strong>na</strong>s suas contas de consumo de combustível (CCC), cobrada <strong>na</strong> tarifa das<br />

contas de luz de to<strong>do</strong>s os consumi<strong>do</strong>res.<br />

A CCC representou em 2006 quase setenta e cinco por cento <strong>do</strong> custo <strong>do</strong><br />

combustível pago pelas produtoras de energia. O ICMS por sua vez equivaleu a quase<br />

dezesseis por cento <strong>do</strong> valor total das vendas. Uma visão simplista deste cenário<br />

levaria a pensar que a CCC deve continuar <strong>para</strong> manter o baixo custo da produção de<br />

energia no Amazo<strong>na</strong>s. Entretanto, os subsídios distorcem a realidade dan<strong>do</strong> si<strong>na</strong>is<br />

econômicos incorretos, o que contribui <strong>para</strong> estag<strong>na</strong>ção <strong>do</strong>s sistemas de produção de<br />

energia desestimulan<strong>do</strong> maior eficiência e alter<strong>na</strong>tivas, pois o deriva<strong>do</strong> estará sen<strong>do</strong><br />

adquiri<strong>do</strong> a um valor irreal.


62<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

O potencial de reservas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> da bacia <strong>do</strong> Solimões, estima<strong>do</strong> em<br />

100 bilhões de metros cúbicos, é suficiente <strong>para</strong> pelo menos 30 anos de atendimento<br />

de toda a região, isto sem contar com o esforço exploratório adicio<strong>na</strong>l que advém da<br />

abertura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> possível vislumbrar outras descobertas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

Este cenário permite novas perspectivas <strong>para</strong> as indústrias da Zo<strong>na</strong> Franca de Ma<strong>na</strong>us.<br />

A Figura 2.10.2 ilustra as condições das reservas e produção <strong>do</strong> GN por meio da<br />

curva de produção de GN sem novas descobertas.<br />

Figura 2.10.2 Curva de Produção e Injeção<br />

Fonte: Petrobras<br />

Em termos tecnológicos, a implantação <strong>do</strong> Gasoduto Coari-Ma<strong>na</strong>us abre<br />

perspectivas também <strong>para</strong> a implantação de rede de fibra ótica <strong>para</strong>lela interligan<strong>do</strong><br />

os municípios atravessa<strong>do</strong>s pela faixa <strong>do</strong> empreendimento. Neste aspecto, “telecentros”<br />

<strong>para</strong> educação à distância, atendimento médico, acesso a Internet e telefonia de alto<br />

desempenho são exemplos de oportunidades geradas pela implantação da fibra ótica<br />

que poderá ser implanta<strong>do</strong> junto aos gasodutos.<br />

Em termos ambientais, o ecossistema <strong>do</strong> interflúvio entre os rios Negro e<br />

Solimões, área de passagem <strong>do</strong> gasoduto segun<strong>do</strong> o traça<strong>do</strong> proposto, é uma área<br />

pouco estudada, uma vez que as coletas <strong>na</strong> Amazônia sempre são muito dependentes


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

63<br />

<strong>do</strong> acesso. A obra <strong>do</strong> gasoduto, através de uma faixa de cerca de 400 km, permitirá o<br />

estu<strong>do</strong> de plantas e animais <strong>na</strong>s áreas deste interflúvio, o que constituirá contribuição<br />

substancial <strong>para</strong> o avanço <strong>do</strong> conhecimento científico sobre o ecossistema amazônico.<br />

Para o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, as principais alter<strong>na</strong>tivas energéticas <strong>para</strong><br />

promover o seu abastecimento são a hidroelétrica e hidrocarbonetos.<br />

Para a primeira opção, é possível pensar <strong>na</strong> construção de novas plantas e de<br />

linhas de transmissão interligan<strong>do</strong> diferentes sistemas. A energia proveniente de Tucuruí<br />

e Guri <strong>na</strong> Venezuela são as opções que se mostram mais próximas <strong>do</strong> atendimento das<br />

necessidades <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Para o primeiro caso é necessária a construção de uma linha<br />

de transmissão de 1.600 km ligan<strong>do</strong> Ma<strong>na</strong>us a Tucuruí, projeto que tem previsão de<br />

término em 2012. Esta proposta tor<strong>na</strong> Ma<strong>na</strong>us e algumas outras cidades <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />

integrantes <strong>do</strong> sistema interliga<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Pode-se, além disso, conectá-lo ainda ao<br />

sistema proveniente de Guri. Já existem alguns estu<strong>do</strong>s sobre este assunto, mas eles<br />

ainda carecem de aprofundamento.<br />

Para a segunda, a utilização de hidrocarbonetos a partir das províncias de<br />

Urucu e Juruá, com a primeira produção comercial em escala se dan<strong>do</strong> a partir de<br />

Urucu até Ma<strong>na</strong>us. Embora a conclusão <strong>do</strong> trecho que vai de Coari à Ma<strong>na</strong>us,<br />

complementan<strong>do</strong> o Urucu-Coari já em operação, estivesse prevista <strong>para</strong> março de<br />

2008, perío<strong>do</strong>s de chuvas e outros eventos atrapalharam o andamento <strong>do</strong>s trabalhos<br />

estan<strong>do</strong> a entrega prevista o segun<strong>do</strong> semestre de 2009.<br />

O gasoduto Urucu – Ma<strong>na</strong>us é composto por três trechos: trecho A, é o<br />

GLPduto Urucu-Coari, realiza<strong>do</strong> pelo consórcio OAS/Etesco, por aproximadamente<br />

R$ 342,6 milhões; o trecho, B-1, ligan<strong>do</strong> por gasoduto Coari a A<strong>na</strong>mã, e o trecho B-<br />

2 A<strong>na</strong>mã-Ma<strong>na</strong>us, construí<strong>do</strong>s pelo Consórcio Camargo Correa/Skanska, por um valor<br />

aproxima<strong>do</strong> de R$ 428 milhões. Figura 2.10.3 mostra a operação de assentamento <strong>do</strong><br />

duto em ple<strong>na</strong> floresta Amazônica apresenta<strong>do</strong> pela Petrobras.


64<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Figura 2.10.3 Detalhes da Construção <strong>do</strong> Gasoduto<br />

Fonte: Petrobras<br />

Em sua primeira fase de operação, o gasoduto terá vazão de 5,5 milhões de<br />

metros cúbicos de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por dia. As Tabelas 2.6 a 2.11 a seguir mostram uma<br />

série de características <strong>do</strong> sistema de transporte e <strong>do</strong> GN.<br />

Tabela 2.6 Características Técnicas <strong>do</strong> gasoduto Coari –Ma<strong>na</strong>us<br />

Fonte:Elaboração própria a partir <strong>do</strong> EIA/Rima Coari-Ma<strong>na</strong>us


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

65<br />

Tabela 2.7 Características <strong>do</strong> Gás <strong><strong>na</strong>tural</strong> transporta<strong>do</strong><br />

Fonte: Elaboração própria a partir <strong>do</strong> EIA/Rima Coari-Ma<strong>na</strong>us<br />

Tabela 2.8 Concentração média <strong>do</strong>s metais no <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

Fonte: Elaboração própria a partir <strong>do</strong> EIA/Rima Coari-Ma<strong>na</strong>us<br />

Tabela 2.9 Pressões de referência <strong>para</strong> o empreendimento<br />

Fonte :Elaboração própria a partir <strong>do</strong> EIA/Rima Coari-Ma<strong>na</strong>us<br />

Tabela 2.10 Característica da Estação de Compressão<br />

Fonte: Elaboração própria a partir de da<strong>do</strong>s forneci<strong>do</strong> pela Petrobras


66<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 2.11 UPGNs no Sistema<br />

Fonte: Petrobras<br />

O principal destino <strong>do</strong> insumo será a produção de energia elétrica, em termelétricas,<br />

<strong>para</strong> atender Ma<strong>na</strong>us e os municípios pelos quais passará a tubulação (Figura 2.10.4),<br />

substituin<strong>do</strong> grande parte <strong>do</strong> diesel e o óleo combustível hoje utiliza<strong>do</strong>s <strong>para</strong> este fim.<br />

Figura 2.10.4 Foto de Satélite com a Inserção <strong>do</strong> Traça<strong>do</strong> <strong>do</strong> Gasoduto<br />

Fonte: Governo Estadual <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s-2008<br />

2.11 Balanço Oferta/Demanda de Gás Natural<br />

Na <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, <strong>para</strong> atender os merca<strong>do</strong>s de Ma<strong>na</strong>us e posteriormente Porto<br />

Velho que deixou de fazer parte <strong>do</strong> PAC, a maior parcela <strong>do</strong> volume <strong>do</strong> GN virá da<br />

Bacia <strong>do</strong> Solimões, no Pólo de Urucu, também com grande potencial <strong>para</strong> as jazidas<br />

da área de Juruá. Além dessas, a <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> apresenta ainda um potencial<br />

complementar de produção <strong>na</strong> área de Silves, campo de Azulão, volume sem desti<strong>na</strong>ção<br />

definida que será provavelmente utiliza<strong>do</strong> <strong>para</strong> a geração elétrica <strong>na</strong> região.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

67<br />

Segun<strong>do</strong> o Plano Dece<strong>na</strong>l de Expansão de Energia, a demanda da <strong>Região</strong><br />

<strong>Norte</strong> terá um amplo pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> consumo das termelétricas em relação aos demais<br />

segmentos, como mostra a Tabela 2.12 a seguir.<br />

Tabela 2.12 Consumo Termelétricas<br />

Fonte : Plano Dece<strong>na</strong>l de Expansão de Energia<br />

* Se a termelétrica de Porto Velho fosse considerada<br />

O Balanço da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, representa<strong>do</strong> <strong>na</strong> Tabela 2.13, indica que a mesma<br />

possui disponibilidade de GN <strong>para</strong> atender a demanda projetada, inclusive aquelas<br />

relacio<strong>na</strong>das a parcelas não-térmicas. Entretanto, a dificuldade de aproveitamento destas<br />

reservas permanece em razão <strong>do</strong> isolamento das áreas em que as mesmas estão<br />

localizadas, fato que exige expressivos investimentos em infra-estrutura de transporte.<br />

Atualmente, em função de ainda não terem si<strong>do</strong> termi<strong>na</strong>das as obras de infra-estrutura<br />

de transporte <strong>para</strong> escoamento da produção até os merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, grande<br />

parte <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> processa<strong>do</strong> em Urucu permanece sen<strong>do</strong> reinjetada <strong>na</strong>s jazidas.<br />

Tabela 2.13 Balanço Demanda/Oferta<br />

Fonte: Elabora<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> Plano Dece<strong>na</strong>l de Expansão de Energia<br />

* Se a termelétrica de Porto Velho fosse considerada


68<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

A Figura 2.11.1 abaixo mostra graficamente a relação entre oferta e demanda<br />

<strong>do</strong> GN <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>.<br />

Figura 2.11.1 Balanço entre Oferta e Demanda de GN de 2007 a 2016 em mil m 3 /d<br />

Fonte: Elaboração própria a partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Plano Dece<strong>na</strong>l de Expansão de Energia<br />

2.12 Deriva<strong>do</strong>s de Petróleo<br />

2.12.1 Oferta de Deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Petróleo <strong>na</strong><br />

<strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

As Figuras 2.12.1 e 2 mostram a tendência de deslocamento <strong>do</strong> óleo<br />

combustível e diesel pelo <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>. Pelas projeções <strong>do</strong> Plano Dece<strong>na</strong>l<br />

de Expansão de Energia, o deriva<strong>do</strong> com maior possibilidade de deslocamento é o<br />

óleo diesel.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

69<br />

Figura 2.12.1 Projeção da Demanda Inferior (2006-2016)<br />

Fonte: Plano Dece<strong>na</strong>l de Energia 2007-2016<br />

Figura 2.12.2 Projeção da Demanda Inferior (2006-2016)<br />

Fonte: Plano Dece<strong>na</strong>l de Energia 2007-2016<br />

A trajetória superior é a de maior crescimento econômico e considera que<br />

haverá aumento de produtividade e aceleração no <strong>uso</strong> de combustíveis mais limpos.<br />

Para o óleo diesel a demanda <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de diesel crescerá a uma taxa média de<br />

4,2% a.a., <strong>para</strong> o perío<strong>do</strong> 2007/2016, alcançan<strong>do</strong> 63.996 mil m 3 em 2016. Na <strong>Região</strong><br />

<strong>Norte</strong>, entretanto, é espera<strong>do</strong> que o óleo diesel sofra redução em decorrência da entrada<br />

em operação <strong>do</strong> gasoduto Coari-Ma<strong>na</strong>us, da interligação de grande parte <strong>do</strong> sistema


70<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

isola<strong>do</strong> da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> e da maior participação <strong>do</strong> biodiesel. O consumo de diesel<br />

passa a aumentar novamente somente em 2013, voltan<strong>do</strong> a apresentar novamente<br />

uma tendência de aumento. O Balanço entre oferta e demanda <strong>do</strong> diesel vai variar<br />

muito <strong>na</strong> região, apesar desta importar o produto. A modernização realizada <strong>na</strong> refi<strong>na</strong>ria<br />

também vai contribuir <strong>para</strong> o aumento da produção deste deriva<strong>do</strong> e possivelmente<br />

esta unidade da Petrobras poderá atingir patamares de produção próximos às<br />

necessidades da <strong>Região</strong>.<br />

No que diz respeito ao óleo combustível, a trajetória superior mostra a demanda<br />

de óleo combustível crescen<strong>do</strong> a uma taxa média anual de 1,7% de 2006 a 2016, em<br />

to<strong>do</strong> o país atingin<strong>do</strong> o valor de 7.814 mil m 3 . No mesmo perío<strong>do</strong>, a demanda não<br />

térmica <strong>do</strong> produto deve crescer a uma taxa anual de 3,3%, alcançan<strong>do</strong> 7.796 mil m 3 .<br />

O consumo industrial e <strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong>s demais setores, cresce, respectivamente, 3,1%<br />

e 4,2% ao ano. A demanda de óleo combustível <strong>para</strong> geração termelétrica sofre redução<br />

devi<strong>do</strong> à maior participação <strong>do</strong> GN e à integração <strong>do</strong> sistema isola<strong>do</strong> da região <strong>Norte</strong><br />

com o Sistema Interliga<strong>do</strong> Nacio<strong>na</strong>l. Em termos <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, a Figura 2.12.3 mostra a<br />

mudança no perfil da Produção de Deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Refino Nacio<strong>na</strong>l (%) de acor<strong>do</strong> com<br />

o Plano Nacio<strong>na</strong>l de Energia <strong>para</strong> 2030 da EPE, no qual fica clara a diminuição da<br />

participação <strong>do</strong> óleo combustível e o H-BIO compartilhan<strong>do</strong> percentual com o diesel.<br />

Figura 2.12.3 Alterações no Perfil da Estrutura <strong>do</strong> Consumo de Deriva<strong>do</strong>s (%)<br />

Fonte: EPE - Plano Nacio<strong>na</strong>l de Energia 2030


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

71<br />

Nacio<strong>na</strong>lmente a gasoli<strong>na</strong> e o GLP parecem manter a tendência constante de<br />

crescimento. A gasoli<strong>na</strong>, entretanto, em 2010, tem um incremento mais acentua<strong>do</strong><br />

(Figura 2.12.4), possivelmente devi<strong>do</strong> à ampliação <strong>do</strong> sistema de transporte <strong>na</strong> <strong>Região</strong><br />

<strong>Norte</strong>. Nesta região a partir da entrada <strong>do</strong> <strong>gás</strong> e devi<strong>do</strong> ao processo de modernização<br />

da REMAN, o óleo combustível passa a ser processa<strong>do</strong> <strong>para</strong> obtenção de deriva<strong>do</strong>s<br />

mais leves. No caso <strong>do</strong> diesel, o que deixa de ser consumi<strong>do</strong> pelas térmicas será<br />

utiliza<strong>do</strong> <strong>para</strong> diminuir a dependência da região em relação ao mesmo.<br />

Figura 2.12.4 Projeção da Demanda de Gasoli<strong>na</strong> e GLP (mil m 3 )<br />

Fonte: Plano Dece<strong>na</strong>l de Energia 2007-2016<br />

2.13 Refino/Petróleo<br />

2.13.1 Refi<strong>na</strong>ria Isaac Sabbá (REMAN)<br />

Com o nome de Companhia de Petróleo da Amazônia, a refi<strong>na</strong>ria foi instalada<br />

às margens <strong>do</strong> Rio Negro, em Ma<strong>na</strong>us, pelo empresário Isaac Sabbá, inician<strong>do</strong> suas<br />

operações em setembro de 1956, embora a i<strong>na</strong>uguração oficial tenha se da<strong>do</strong> em 3 de<br />

janeiro de 1957. As três unidades existentes <strong>na</strong> refi<strong>na</strong>ria eram a de destilação<br />

atmosférica, destilação a vácuo e craqueamento catalítico, esta última a primeira da<br />

América Lati<strong>na</strong>, <strong>na</strong> época. As instalações permitiam o refino de cinco mil barris por<br />

dia. Em 1971 a Petrobras assumiu o controle acionário da companhia, que passou a se


72<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

chamar Refi<strong>na</strong>ria de Ma<strong>na</strong>us (REMAN). Em 1997 a Petrobras rebatizou-a como<br />

Refi<strong>na</strong>ria Isaac Sabbá em home<strong>na</strong>gem ao seu funda<strong>do</strong>r.<br />

A refi<strong>na</strong>ria hoje ocupa área de 9,8 km 2 , contribui com R$ 500 milhões/ano<br />

(ICMS) e a capacidade instalada é 46 mil barris/dia. O GLP, <strong>na</strong>fta petroquímica,<br />

gasoli<strong>na</strong>, querosene de aviação, óleo diesel, óleos combustíveis, óleo leve <strong>para</strong> turbi<strong>na</strong><br />

elétrica, óleo <strong>para</strong> geração de energia e asfalto são os principais produtos da refi<strong>na</strong>ria.<br />

A Figura 4.13.1 mostra uma foto da refi<strong>na</strong>ria encontrada no site da Petrobras.<br />

Figura 2.13.1 Foto da REMAN<br />

Fonte: Petrobras<br />

Apesar de ter como objetivo principal a produção de deriva<strong>do</strong>s de petróleo, a<br />

REMAN ultrapassa as fronteiras de uma refi<strong>na</strong>ria. Os três portos flutuantes permitem<br />

abastecer a <strong>Região</strong> Amazônica, cujo merca<strong>do</strong> físico corresponde a quase 50% <strong>do</strong><br />

tamanho <strong>do</strong> País, fazen<strong>do</strong> com que a Refi<strong>na</strong>ria de Ma<strong>na</strong>us funcione como um grande<br />

termi<strong>na</strong>l petrolífero. Por estas instalações portuárias são feitas, por meio de cabotagem,<br />

a complementação <strong>do</strong>s deriva<strong>do</strong>s, cerca de 70% oriun<strong>do</strong>s de outros países e regiões<br />

<strong>do</strong> Brasil. Os 61 tanques e as 3 esferas <strong>para</strong> GLP (<strong>gás</strong> de cozinha) armaze<strong>na</strong>m 2<br />

milhões 781 mil barris (443.774 metros cúbicos) de petróleo e deriva<strong>do</strong>s, garantin<strong>do</strong><br />

o abastecimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de influência da REMAN.<br />

A refi<strong>na</strong>ria Isaac Sabbá está inician<strong>do</strong> uma nova etapa <strong>na</strong> construção de sua<br />

história, uma fase empreende<strong>do</strong>ra que pre<strong>para</strong> a refi<strong>na</strong>ria <strong>para</strong> as mudanças esperadas


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

73<br />

a partir da nova matriz energética baseada no <strong>uso</strong> de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Estão previstos<br />

inicialmente os projetos de modernização da UN-REMAN, que compreende ao to<strong>do</strong><br />

oito unidades que vão permitir a produção de deriva<strong>do</strong>s dentro das especificações<br />

futuras quanto ao teor de contami<strong>na</strong>ntes, instalação de um compressor centrífugo<br />

elétrico com sopra<strong>do</strong>r <strong>para</strong> a UFCC, projeto de abastecimento das novas térmicas e<br />

tratamento cáustico regenerativo – TCR <strong>para</strong> produção de querosene de aviação. Os<br />

projetos, que já se encontram em fase de estu<strong>do</strong>s, têm como objetivos principais:<br />

atender às exigências futuras de qualidade <strong>do</strong> diesel e da gasoli<strong>na</strong>; reduzir a produção<br />

de óleo combustível devi<strong>do</strong> à entrada <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> matriz energética da <strong>Região</strong><br />

<strong>Norte</strong>; manter o processamento contínuo de petróleo <strong>na</strong> refi<strong>na</strong>ria; reduzir a importação<br />

de deriva<strong>do</strong>s e, principalmente, garantir o abastecimento de Ma<strong>na</strong>us.<br />

Os novos empreendimentos da refi<strong>na</strong>ria previstos no Plano de Negócios da<br />

Petrobras <strong>para</strong> o perío<strong>do</strong> 2008-2012 prevêem investimentos de grande e médio porte<br />

da ordem de 400 milhões de dólares <strong>para</strong> transformar e modernizar a Refi<strong>na</strong>ria. O<br />

projeto envolve a previsão de geração de mais de três mil empregos diretos e quatro<br />

mil indiretos, com conteú<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de 77%. Para projetos de pequeno porte serão<br />

cerca de 65 milhões de dólares por ano.<br />

Dos US$ 465 milhões previstos <strong>para</strong> os próximos cinco anos, US$ 100 milhões<br />

serão aplica<strong>do</strong>s no primeiro ano. De acor<strong>do</strong> com o gerente-geral da refi<strong>na</strong>ria, esse investimento<br />

será necessário porque as termelétricas vão substituir o consumo de óleo combustível pelo<br />

<strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> geração de energia, de forma que o valor agrega<strong>do</strong> <strong>do</strong> óleo vai sofrer<br />

uma redução considerável <strong>para</strong> a Petrobras. Por desloca<strong>do</strong>, o óleo combustível terá que ser<br />

transforma<strong>do</strong> em deriva<strong>do</strong>s mais nobres, como diesel, gasoli<strong>na</strong> e GLP.<br />

O aproveitamento <strong>do</strong> óleo combustível <strong>na</strong> produção de deriva<strong>do</strong>s com maior<br />

valor agrega<strong>do</strong> vai permitir que a REMAN, responsável hoje pelo abastecimento de<br />

45% <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> da região <strong>Norte</strong>, atenda 75% da demanda. Isso significa que a<br />

importação por cabotagem <strong>do</strong>s produtos da Bacia de Campos (RJ), que hoje contribuem<br />

com 55% <strong>do</strong> abastecimento da região, vai diminuir <strong>para</strong> 25%.<br />

Do volume total refi<strong>na</strong><strong>do</strong> diariamente, 40% são transforma<strong>do</strong>s em gasoli<strong>na</strong> e<br />

<strong>na</strong>fta petroquímica, 35% em diesel, 13% em óleo combustível, 5% em <strong>gás</strong> de cozinha<br />

(GLP), 5% em querosene e 1,5% em asfalto. Como 25% da gasoli<strong>na</strong> é produzida em


74<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

forma de <strong>na</strong>fta, o diesel é o deriva<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> em maior quantidade <strong>na</strong> REMAN. Na<br />

Tabela 2.14 da<strong>do</strong>s gerais da contribuição da REMAN <strong>para</strong> o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s.<br />

Tabela 2.14 Contribuição da REMAN<br />

(*) Está em estu<strong>do</strong> a instalação de uma turbi<strong>na</strong> a <strong>gás</strong> <strong>para</strong> a geração de 15 MW <strong>na</strong> UN-REMAN.<br />

Fonte: Informativo REMAN nº 728, 29 de outubro de 2007. Fonte: Petrobras<br />

Além de abastecer a <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, a refi<strong>na</strong>ria exporta deriva<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a<br />

Colômbia e a Bolívia. A unidade faturou R$ 20,50 milhões em 2006 com a venda de<br />

diesel <strong>para</strong> o merca<strong>do</strong> externo, mas a estimativa é aumentar em 25% com as vendas<br />

exter<strong>na</strong>s efetuadas. A Tabela 2.15 apresenta o histórico da produção da REMAN, no<br />

perío<strong>do</strong> 2002-2006, cujos da<strong>do</strong>s são basea<strong>do</strong>s nos Anuários Estatísticos da ANP de<br />

2003-2007.<br />

O decréscimo da produção total da refi<strong>na</strong>ria observa<strong>do</strong> em 2006 reflete a<br />

<strong>para</strong>lisação ocorrida <strong>para</strong> efeitos de modernização da unidade, <strong>na</strong> qual foram investi<strong>do</strong>s<br />

R$ 40 milhões. Entre outros aspectos, esta intervenção otimizou a obtenção <strong>do</strong> óleo<br />

diesel, cuja produção mensal aumentou 3% a partir <strong>do</strong> mês posterior à <strong>para</strong>da,<br />

equivalen<strong>do</strong> à uma receita adicio<strong>na</strong>l bruta de US$ 500 mil por mês. Com o maior<br />

rendimento <strong>do</strong> diesel, evitam-se ainda custos com a compra de produtos <strong>para</strong> atender<br />

a demanda. Além deste ganho de produtividade, a modernização realizada <strong>na</strong> Refi<strong>na</strong>ria<br />

teve como objetivo adaptação metalúrgica <strong>para</strong> que a unidade refine o petróleo extraí<strong>do</strong><br />

<strong>na</strong> Bacia de Campos, que é corrosivo e pode danificar o maquinário da unidade em<br />

menos tempo. A primeira etapa <strong>do</strong> projeto foi concluída nesta <strong>para</strong>da da refi<strong>na</strong>ria e a<br />

segunda parte será feita <strong>na</strong> próxima <strong>para</strong>lisação, prevista <strong>para</strong> daqui a quatro anos. Na<br />

segunda fase <strong>do</strong> projeto, o investimento previsto e da ordem de R$ 50 milhões.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

75<br />

Tabela 2.15 Produção da REMAN<br />

Notas: 1. Não inclui o consumo próprio de deriva<strong>do</strong>s das refi<strong>na</strong>rias. 2.Com a edição das Portarias<br />

ANP n.º 84/01 e n.º 317/01, as centrais petroquímicas passaram a decidir sobre o destino de<br />

sua produção de GLP, óleo diesel e gasoli<strong>na</strong>, comercializan<strong>do</strong>-os ou envian<strong>do</strong>-os como efluentes às<br />

refi<strong>na</strong>rias da Petrobras. 3. Não inclui as produções de <strong>gás</strong> combustível. ¹O C 5<br />

+<br />

produzi<strong>do</strong> <strong>na</strong>s<br />

UPGNs de Catu, Candeias e Bahia é incorpora<strong>do</strong> à produção de deriva<strong>do</strong>s da RLAM e o produzi<strong>do</strong><br />

em REDUC I e REDUC II incorpora<strong>do</strong> à REDUC. ²Refere-se à mistura propano/butano, <strong>para</strong> <strong>uso</strong>s<br />

<strong>do</strong>méstico e industrial. ³Não inclui o óleo combustível de refi<strong>na</strong>ria. 4 Inclui componentes desti<strong>na</strong><strong>do</strong>s<br />

à produção de óleo combustível marítimo em alguns termi<strong>na</strong>is aquaviários. 5 Inclui óleo leve <strong>para</strong><br />

turbi<strong>na</strong> elétrica. energético.<br />

Fonte: Elaboração própria basea<strong>do</strong> em da<strong>do</strong>s Anuários Estatísticos da ANP de 2003-2007<br />

Atualmente as frações de propano e butano constituintes <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> são<br />

submetidas a um processo de liquefação. O <strong>gás</strong> liquefeito é transporta<strong>do</strong> por meio de<br />

um poliduto, que interliga Urucu até o porto de Coari e chega à REMAN através de<br />

balsas, sen<strong>do</strong> distribuí<strong>do</strong> <strong>para</strong> abastecer os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Pará, Amazo<strong>na</strong>s, Rondônia,<br />

Maranhão, Tocantins, Acre, Amapá e alguns esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Nordeste. Contu<strong>do</strong>, as maiores<br />

frações constituintes <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> são representadas por metano e etano, cuja queima<br />

é a mais eficiente dentre os hidrocarbonetos constituintes <strong>do</strong> petróleo.<br />

Com a construção <strong>do</strong> gasoduto <strong>para</strong> atendimento da demanda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

de Ma<strong>na</strong>us, um city-gate será instala<strong>do</strong> junto à Refi<strong>na</strong>ria <strong>para</strong> medir a parcela <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> que será transferida da transporta<strong>do</strong>ra <strong>para</strong> a distribui<strong>do</strong>ra de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, a<br />

Companhia de Gás <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s – CIGÁS. A seguir imagens esquemáticas<br />

de como será distribuí<strong>do</strong> o <strong>gás</strong> em Ma<strong>na</strong>us. As Figura 2.13.2, 3, 4 e 5 mostram a<br />

localização <strong>do</strong>s dutos e termelétricas principais.


76<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Figura 2.13.2 Principais Termelétricas<br />

Fonte: CIGÁS.<br />

Figura 2.13.3 Esquema da distribuição <strong>do</strong> Gás Natural em Ma<strong>na</strong>us<br />

Fonte: CIGÁS


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

77<br />

Figura 2.13.4 Localização da REMAN<br />

Fonte: Google<br />

Referências Bibliográficas<br />

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colaboração Empresa de Pesquisa Energética, Brasília, p. 324 .<br />

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ANP, 2006. Nota Técnica 016/2006-SCM - Estu<strong>do</strong> Sobre o Peso da Variação <strong>do</strong>s<br />

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ANP, 1998. Boletim Mensal de Produção, conforme o Decreto n.º 2.705/98.<br />

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ANP, 2008. Anuário estatístico brasileiro <strong>do</strong> petróleo e <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> / Agência<br />

Nacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Rio de Janeiro.


78<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

ANP, 2006. Anuário estatístico brasileiro <strong>do</strong> petróleo e <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> / Agência<br />

Nacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> Petróleo, Gás Natural e BiocombustíveisRio de Janeiro.<br />

ANP, 2005. Anuário estatístico brasileiro <strong>do</strong> petróleo e <strong>do</strong> <strong>gás</strong> atural, Agência Nacio<strong>na</strong>l<br />

<strong>do</strong> Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Rio de Janeiro.<br />

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PORTAL OFICIAL DO GOVERNO DO AMAZONAS - http://www.amazo<strong>na</strong>s.am.gov.br,<br />

2008.<br />

Petrobras, 2008, Plano de antecipação da produção de <strong>gás</strong>, Plan<strong>gás</strong>,.<br />

EPE, 2007. Balanço energético <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l 2007: Ano base 2006. Ministério de Mi<strong>na</strong>s e<br />

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EPE, 2008. Resenha balanço energético <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l 2008: Ano base 2007 Relatório fi<strong>na</strong>l /<br />

Ministério de Mi<strong>na</strong>s e Energia. Empresa de Pesquisa Energética. – Rio de Janeiro:.<br />

UFAM, 2004. Rima - Relatório de Impactos Ambientais <strong>do</strong> Gasoduto Coari – Ma<strong>na</strong>us,<br />

Centro de Ciências <strong>do</strong> Ambiente, Universidade Federal <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s.<br />

CTGÁS, 2007. Venda de Gás Natural em 2007 Por Distribui<strong>do</strong>ras,<br />

PETROBRAS, Informativo REMAN, nº 627, 632, 657, 679, 691, 697, 700, 701,<br />

705, 718, 719, 724, 728, 731, 732, 734, 736, 766, 788, 862, 2007 a inicio de 2008.<br />

D’AVIGNON, A.L. de Almeida., 1993. A Inserção <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> matriz energética<br />

brasileira: o caso da autotração. Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, 228p.<br />

RODRIGUES, A.P.S., 2004. Estratégias Coorporativas Aplicadas ao Desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> de Bens e Serviços: Uma Abordagem <strong>para</strong> Indústria <strong>do</strong> Gás Natural no<br />

Brasil. Rio de Janeiro, COPPE/UFRJ, 474 p.<br />

CANELAS, A.L.S., 2007. Evolução da importância econômica da indústria de petróleo<br />

e <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no Brasil: contribuição a variáveis macroeconômicas. Rio de Janeiro,<br />

COPPE/UFRJ.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

79<br />

3. OS PROGRAMAS DE<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

PROPOSTOS PARA A<br />

REGIÃO NORTE


80<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

3. OS PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO PROPOSTOS PARA<br />

A REGIÃO NORTE<br />

Autora: Sandra de Castro Villar<br />

Entre as mais importantes iniciativas <strong>do</strong> Governo Federal cujas ações, no<br />

conjunto e de forma complementar, buscam promover o desenvolvimento <strong>do</strong> País<br />

podem ser destaca<strong>do</strong>s: O Programa de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento (PAC), com metas<br />

<strong>para</strong> 2007 a 2011 e o Plano Plurianual 2008-2011, ambos de abrangência <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e<br />

com metas <strong>para</strong> a região norte; há ainda que se destacar o Plano Amazônia Sustentável<br />

(PAS) assi<strong>na</strong><strong>do</strong> em maio de 2008, volta<strong>do</strong> <strong>para</strong> a região da Amazônia Legal.<br />

Lança<strong>do</strong> em janeiro de 2007, é previsto que o Programa de Aceleração <strong>do</strong><br />

Crescimento (PAC) aplique até 2010, em alguns casos com previsão <strong>para</strong> após 2010,<br />

recursos da ordem de R$ 503,9 bilhões em obras de infra-estrutura nos esta<strong>do</strong>s<br />

brasileiros contemplan<strong>do</strong> três eixos fundamentais: infra-estrutura logística - construção<br />

e ampliação de ro<strong>do</strong>vias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias; infra-estrutura<br />

energética - geração e transmissão de energia elétrica, produção, exploração e transporte<br />

de petróleo, <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e combustíveis renováveis; infra-estrutura social e urba<strong>na</strong> -<br />

saneamento, habitação, metrôs, trens urbanos, universalização <strong>do</strong> Programa Luz <strong>para</strong><br />

to<strong>do</strong>s e recursos hídricos (BNDES,2007).<br />

O Plano Plurianual sen<strong>do</strong>, dentro <strong>do</strong> orde<strong>na</strong>mento jurídico brasileiro, um<br />

instrumento normativo que os agentes públicos dispõem <strong>para</strong> materializar o<br />

planejamento de seus programas e ações gover<strong>na</strong>mentais, tem como principais objetivos<br />

(Ministério Público <strong>do</strong> Espírito Santo, 2008):<br />

1º) Proporcio<strong>na</strong>r a alocação de recursos nos orçamentos anuais compatíveis<br />

com o desempenho <strong>do</strong>s programas e metas;<br />

2º) Definir metas e prioridades da administração, bem como os resulta<strong>do</strong>s<br />

espera<strong>do</strong>s;<br />

3º) Organizar em programas as ações que resultem <strong>na</strong> oferta de bens ou serviços<br />

que atendam à demanda da sociedade;<br />

4º) Estabelecer a necessária relação entre os programas a serem desenvolvi<strong>do</strong>s,<br />

as orientações estratégicas e as diretrizes estabelecidas em Planos;


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

81<br />

5º) Estimular parcerias e integração entre as diferentes esferas de governos;<br />

6º ) Dar transparência à aplicação de recursos e aos resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s.<br />

No âmbito <strong>do</strong> Plano Plurianual <strong>do</strong> Governo Federal <strong>para</strong> 2008 a 2011, em<br />

seu artigo 13º fica estabeleci<strong>do</strong> que As ações <strong>do</strong> Programa de Aceleração <strong>do</strong><br />

Crescimento – PAC integram as prioridades da Administração Pública Federal e<br />

terão tratamento diferencia<strong>do</strong> durante o perío<strong>do</strong> de execução <strong>do</strong> Plano Plurianual<br />

2008 a 2011 (Ministério <strong>do</strong> Planejamento, Orçamento e Gestão, 2007).<br />

O Plano Amazônia Sustentável (PAS), uma iniciativa <strong>do</strong> Governo Federal em<br />

parceria com os esta<strong>do</strong>s da região da Amazônia Legal, que propõe a inserção da variável<br />

ambiental no conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> Plano Plurianual volta<strong>do</strong> <strong>para</strong> o desenvolvimento da região<br />

Amazônica, tem como objetivo central implementar um novo modelo de<br />

desenvolvimento <strong>na</strong> Amazônia, pauta<strong>do</strong> <strong>na</strong> valorização da potencialidade de seu enorme<br />

patrimônio <strong><strong>na</strong>tural</strong> e sócio-cultural.<br />

A proposta alia desenvolvimento econômico e social com o respeito ao meio<br />

ambiente. Suas estratégias estão voltadas <strong>para</strong> a geração de emprego e renda, a redução<br />

das desigualdades sociais, a viabilização das atividades econômicas dinâmicas e<br />

inova<strong>do</strong>ras, com inserção em merca<strong>do</strong>s regio<strong>na</strong>is, <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, bem<br />

como o <strong>uso</strong> sustentável <strong>do</strong>s recursos <strong>na</strong>turais com manutenção <strong>do</strong> equilíbrio<br />

ecológico. Suas principais diretrizes <strong>para</strong> o desenvolvimento sustentável da Amazônia<br />

brasileira contemplam ações nos seguintes campos: orde<strong>na</strong>mento territorial e gestão<br />

ambiental, produção sustentável com inovação e competitividade, infra-estrutura<br />

<strong>para</strong> o desenvolvimento sustentável e inclusão social e cidadania (Presidência da<br />

República, 2008).


82<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

3.1 A Questão Energética nos Programas de<br />

Desenvolvimento da <strong>Região</strong><br />

3.1.1 Energia Elétrica<br />

Para a energia elétrica, o Programa de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento – PAC<br />

prevê um total R$ 34.927,00 milhões de investimentos <strong>na</strong> geração de energia elétrica<br />

<strong>para</strong> a região norte, <strong>do</strong>s quais R$ 24.368 milhões deverão ser aplica<strong>do</strong>s até 2010.<br />

Estes investimentos aumentarão a capacidade instalada <strong>na</strong> região em 1.664 MW até<br />

2010 e 15.685 após o mesmo ano. Quanto à transmissão, os investimentos somarão<br />

R$ 5.886,00 milhões, <strong>do</strong>s quais R$ 5.420,00 milhões a serem aplica<strong>do</strong>s até 2010<br />

(PORTAL DO GOVERNO BRASILEIRO, 2008) - Figuras 3.1 e 3.2.<br />

Figura 3.1 Recursos <strong>do</strong> PAC <strong>na</strong> Geração de Energia Elétrica <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Fonte: Portal <strong>do</strong> Governo Brasileiro, 2008


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

83<br />

Figura 3.2 Recursos <strong>do</strong> PAC <strong>na</strong> Transmissão de Energia Elétrica <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Fonte: Portal <strong>do</strong> Governo Brasileiro, 2008<br />

A interligação Tucurui, Macapá, Ma<strong>na</strong>us beneficiará cerca de 3 milhões de<br />

pessoas, representan<strong>do</strong> ainda uma economia da CCC (Conta de Consumo de<br />

Combustíveis) estimada em R$ 2,3 bilhões /ano (MME, 2007). Prevista <strong>para</strong> entrar<br />

em operação em 2012, demandará investimentos da ordem de R$ 3,7 bilhões e será<br />

composta por um conjunto de sete linhas de transmissão soman<strong>do</strong> 1.811 quilômetros<br />

de extensão (EPE, 2008).<br />

3.1.2 Produção de Petróleo e Deriva<strong>do</strong>s, Gás<br />

Natural e Transporte de Gás<br />

Para este merca<strong>do</strong>, os investimentos previstos no âmbito <strong>do</strong> PAC ficam restritos<br />

ao Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s. Para o setor de petróleo e deriva<strong>do</strong>s, envolve ações de<br />

desenvolvimento da produção de petróleo e modernização da Refi<strong>na</strong>ria de<br />

REMAM (Figura 3.3)


84<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Figura 3.3 PAC - Produção de Petróleo e Deriva<strong>do</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s<br />

Fonte: Fonte: Portal <strong>do</strong> Governo Brasileiro, 2008<br />

Para estas ações são previstos investimentos totais da ordem de R$ 2.330 milhões<br />

no desenvolvimento da exploração e produção, não só de petróleo como também de <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong>, e R$ 650 milhões <strong>para</strong> modernização da REMAN (Tabela 3.1).<br />

Tabela 3.1 PAC - Exploração e Produção Petróleo e Gás - Amazo<strong>na</strong>s e Brasil<br />

Fonte: Portal <strong>do</strong> Governo Brasileiro, 2008<br />

Relativamente ao merca<strong>do</strong> de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, as ações previstas no PAC<br />

privilegiam o transporte <strong>do</strong> <strong>gás</strong> das reservas de Urucu até Ma<strong>na</strong>us, com uma das mais<br />

recentes previsões <strong>para</strong> término das obras <strong>do</strong> trecho de gasoduto que vai de Coari até<br />

Ma<strong>na</strong>us sen<strong>do</strong> estimada <strong>para</strong> fi<strong>na</strong>l de 2009. Já o trecho <strong>do</strong> gasoduto que, também a<br />

partir de Coari, levaria o <strong>gás</strong> de Urucu a Porto Velho, também inicialmente previsto,


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

85<br />

está em fase de rediscussão e reestu<strong>do</strong> motiva<strong>do</strong>, fundamentalmente, pela futura oferta<br />

de energia de origem hidráulica derivada <strong>do</strong> complexo <strong>do</strong> rio Madeira à região de<br />

Porto Velho, associa<strong>do</strong> à possibilidade de maiores impactos ambientais liga<strong>do</strong>s à este<br />

trecho <strong>do</strong> empreendimento, que atingiria um bloco de florestas intocadas <strong>na</strong> parte<br />

oeste <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s (Figura 3.4 e Tabela 3.2).<br />

Figura 3.4 Transporte de Gás <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Fonte: Fonte: Portal <strong>do</strong> Governo Brasileiro, 2008<br />

Tabela 3.2 PAC - Exploração e Produção Petróleo e Gás - Amazo<strong>na</strong>s e Brasil<br />

Fonte: Portal <strong>do</strong> Governo Brasileiro, 2008<br />

Com cerca de 383 quilômetros de extensão, o projeto <strong>para</strong> o trecho <strong>do</strong> gasoduto<br />

que vai de Coari até Ma<strong>na</strong>us prevê nove ramais de distribuição de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong><br />

atender a sete municípios amazonenses localiza<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong> traça<strong>do</strong> <strong>do</strong> gasoduto


86<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

tronco (Coari, Codajás, Anori, A<strong>na</strong>mã, Caapiranga, Ma<strong>na</strong>capuru e Iranduba). Com os<br />

279 km <strong>do</strong> trecho de Urucu até Coari, já em operação, o gasoduto Urucu-Coari-<br />

Ma<strong>na</strong>us soma 662 km. Diversos estu<strong>do</strong>s já realiza<strong>do</strong>s apontam que a principal utilização<br />

âncora projetada <strong>para</strong> o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> a partir de Urucu será a geração termelétrica,<br />

particularmente em substituição à uma parcela <strong>do</strong> volume de óleo combustível e o<br />

óleo diesel emprega<strong>do</strong>s <strong>para</strong> este fim, segui<strong>do</strong> de outros <strong>uso</strong>s, tais como no setor<br />

industrial e de transportes, entre outros.<br />

O gasoduto Urucu –Coari -Ma<strong>na</strong>us terá capacidade de transportar até 10<br />

milhões de metros cúbicos por dia com o volume adicio<strong>na</strong>l, além <strong>do</strong>s 5,5 milhões de<br />

metros cúbicos já contrata<strong>do</strong>s, estan<strong>do</strong> vincula<strong>do</strong> ao desenvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

local e <strong>do</strong> potencial de produção <strong>do</strong> <strong>gás</strong> da Amazônia (COGEN, 2008).<br />

Dentre as alter<strong>na</strong>tivas <strong>para</strong> aumentar a produção de <strong>gás</strong>, uma é a retomada <strong>do</strong><br />

desenvolvimento <strong>do</strong> campo de Juruá, também localizada <strong>na</strong> Amazônia, maior reserva<br />

terrestre de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> não associa<strong>do</strong> <strong>do</strong> País, com mais de 40 bilhões de metros<br />

cúbicos. O planejamento estratégico da Petrobrás prevê a retomada desse<br />

desenvolvimento, consideran<strong>do</strong> ainda a inclusão <strong>do</strong> Campo de Araracanga, descoberto<br />

em 2006 (PETROBRAS, 2007). A reserva de Juruá foi descoberta em 1978 mas<br />

dificuldades ligadas ao escoamento da produção até os merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res<br />

impediram a continuidade <strong>do</strong> desenvolvimento da produção.<br />

Referências Bibliográficas<br />

BNDES, Notícia, BNDES aprova fi<strong>na</strong>nciamento de R$ 2,49 bilhões <strong>para</strong> construção<br />

<strong>do</strong> gasoduto Coari-Ma<strong>na</strong>us (AM), BNDES, Dez 2007. Disponível em:<br />

http://www.bndes.gov.br/noticias/2007/not278_07.asp<br />

Ministério Público <strong>do</strong> Espírito Santo, Procura<strong>do</strong>ria Geral da Justiça, Plano Plurianual<br />

2008-2011. Disponível em:<br />

http://www.mpes.gov.br/anexos/conteu<strong>do</strong>/20791519151662008.<strong>pdf</strong><br />

Ministério <strong>do</strong> Planejamento, Orçamento e Gestão, Secretaria de Planejamento e<br />

Investimentos Estratégicos, Plano Plurianual 2008-2011, Projeto de Lei, Volume II,


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

87<br />

Brasília 2007. Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_<strong>do</strong>wn/spi/<br />

ppa2008/002_plppa2008_2011.<strong>pdf</strong><br />

Presidência da República, Plano Amazônia Sustentável, Diretrizes <strong>para</strong> o<br />

Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Brasileira, maio de 2008. Disponível em:<br />

http://www.mma.gov.br/estruturas/sca/_arquivos/plano_amazonia_sustentavel.<strong>pdf</strong><br />

Portal <strong>do</strong> Governo Brasileiro, Programa de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento, Governo<br />

Brasileiro. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/pac/<br />

MME - Ministério das Mi<strong>na</strong>s e Energia Programa de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento –<br />

PAC, Infra-estrutura Energética, Março 2007<br />

EPE, Sete Linhas de Transmissão Interligarão a <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> ao País em 2011,<br />

EPE, Informe à Imprensa, PET 2008-2012, Fevereiro, 2008<br />

COGEN – Associação Paulista de Cogeração de Energia, União decide investir R$1<br />

bi <strong>para</strong> garantir energia no AM, Notícia, abr. 2008. Disponível em:<br />

http://www.cogensp.com.br<br />

PETROBRAS, Plano Estratégico Petrobras 2020, Plano de Negócios 2008-2012,<br />

agosto de 2007. Disponível em:<br />

http://www2.petrobras.com.br/ri/port/ApresentacoesEventos/ConfTelefonicas/<strong>pdf</strong>/<br />

PlanoEstrategico2008-2012.<strong>pdf</strong><br />

ANP - Agência Nacio<strong>na</strong>l de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Despacho <strong>do</strong><br />

Superintendente Nº 461/2004 – DOU 6.8.2004<br />

Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s. Disponível em:<br />

http://www.gasodutocoarima<strong>na</strong>us.am.gov.br


88<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

89<br />

4. REGIÃO<br />

ALVO PARA<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

DO PROJETO E<br />

ESCOPO DOS<br />

ESTUDOS


90<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

4. REGIÃO ALVO PARA DESENVOLVIMENTO DO PROJETO E<br />

ESCOPO DOS ESTUDOS<br />

Autora: Sandra de Castro Villar<br />

O panorama da região norte, particularmente no que tange a expectativa de<br />

oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, mostra que a mais importante iniciativa em curso nesse campo<br />

está ligada ao gasoduto Urucu – Ma<strong>na</strong>us, em fase fi<strong>na</strong>l de construção e com início<br />

da operação <strong>do</strong> trecho Coari – Ma<strong>na</strong>us previsto <strong>para</strong> fi<strong>na</strong>l de 2009. Este trecho, que<br />

complementa o que vai de Urucu à Coari já em operação, si<strong>na</strong>liza <strong>para</strong> um real<br />

aumento da disponibilidade de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, com destaque<br />

<strong>para</strong> a cidade de Ma<strong>na</strong>us.<br />

Em função destas considerações, os estu<strong>do</strong>s no âmbito <strong>do</strong> AGNORTE<br />

centraram-se no diagnóstico e análise <strong>do</strong> potencial merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no<br />

Amazo<strong>na</strong>s, notadamente consideran<strong>do</strong> a cidade de Ma<strong>na</strong>us. Além desta, nos estu<strong>do</strong>s<br />

também foram consideradas as cidades de Codajás, Anori, A<strong>na</strong>mã, Caapiranga, Ma<strong>na</strong>capuru<br />

e Iranduba, localizadas ao longo <strong>do</strong> gasoduto e que, conforme previsto no projeto <strong>do</strong><br />

gasoduto (ANP, 2004), também serão beneficiadas pelo empreendimento (Figura 4.1).<br />

Figura 4.1 Gasoduto Urucu – Ma<strong>na</strong>us: cidades ao longo <strong>do</strong> Trecho Coari – Ma<strong>na</strong>us<br />

Fonte: Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s<br />

Relativamente a estas cidades, o Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, em conjunto<br />

com a Petrobrás e a Suframa, através <strong>do</strong> Programa Zo<strong>na</strong> Franca Verde, está desenvolven<strong>do</strong><br />

o Programa de Desenvolvimento Sustentável <strong>do</strong> Gasoduto Coari-Ma<strong>na</strong>us ten<strong>do</strong> em vista<br />

proposta de melhoria da sua atual matriz de sustentabilidade (Tabela 4.1).


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

91<br />

Tabela 4.1 Da<strong>do</strong>s da Matriz de Sustentabilidade de Cidades ao Longo <strong>do</strong><br />

Gasoduto Coari – Ma<strong>na</strong>us<br />

*Da<strong>do</strong>s estima<strong>do</strong>s<br />

Fonte: Programa de Desenvolvimento Sustentável <strong>do</strong> Gasoduto Coari – Ma<strong>na</strong>us<br />

4.1 Escopo <strong>do</strong>s Estu<strong>do</strong>s Realiza<strong>do</strong>s<br />

No âmbito <strong>do</strong> AGNORTE os estu<strong>do</strong>s se concentraram no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s<br />

ten<strong>do</strong> como principal referência a perspectiva de produção da reserva de Urucu. Por<br />

outro la<strong>do</strong>, no médio e longo prazo, outras possibilidades podem ser potencialmente<br />

consideradas <strong>para</strong> a matriz de oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e de energia em geral, não só <strong>para</strong><br />

o Amazo<strong>na</strong>s bem como <strong>para</strong> os demais esta<strong>do</strong>s da região.<br />

No caso <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, um novo cenário de oferta poderá derivar <strong>do</strong><br />

desenvolvimento e produção comercial de outros campos, da operação de gasodutos<br />

ligan<strong>do</strong> a outros países da América <strong>do</strong> Sul, bem como da maior utilização de outras<br />

tecnologias <strong>para</strong> transporte <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, como o GNL e o GNC. Ainda consideran<strong>do</strong><br />

o cenário futuro, a interligação Tucuruí – Macapá – Ma<strong>na</strong>us, levan<strong>do</strong> energia elétrica<br />

<strong>do</strong> sistema interliga<strong>do</strong> brasileiro à Ma<strong>na</strong>us, Macapá e outras cidades da região, é outra<br />

ação em curso que resultará em novos impactos no quadro de demanda e oferta de <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> região.


92<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Os estu<strong>do</strong>s buscaram avaliar os impactos de algumas dessas possibilidades<br />

sobre o merca<strong>do</strong> de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> região, bem como a expectativa de evolução de<br />

alguns merca<strong>do</strong>s da região, centran<strong>do</strong>-se no potencial técnico econômico da<br />

utilização <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> nos segmentos de: geração elétrica, industrial, de comércio,<br />

de transportes e residencial, como insumo <strong>para</strong> um pólo <strong>gás</strong> químico <strong>para</strong> a região,<br />

bem como <strong>na</strong> forma de GNC, GNL e GTL. Cada uma destas alter<strong>na</strong>tivas é a seguir<br />

discutida em detalhes.<br />

Referência Bibliográfica<br />

Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, Programa de Desenvolvimento Sustentável <strong>do</strong><br />

Gasoduto Coari – Ma<strong>na</strong>us<br />

Disponível em: http://www.gasodutocoarima<strong>na</strong>us.am.gov.br


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

93<br />

5. PERSPECTIVAS<br />

DO USO E<br />

AVALIAÇÃO DA<br />

DEMANDA DO GÁS<br />

NATURAL EM<br />

DIFERENTES<br />

SETORES


94<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.1 Geração de Eletricidade a Gás Natural<br />

Autora: Maria Elizabeth Morales Carlos<br />

O objetivo desta parte <strong>do</strong> Projeto é a<strong>na</strong>lisar o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> geração<br />

de energia <strong>na</strong> região <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s – Ma<strong>na</strong>us e <strong>para</strong> tanto é a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong> o atendimento ao<br />

Sistema Ma<strong>na</strong>us a partir da disponibilização <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em 2008, consideran<strong>do</strong> a<br />

conversão de unidades gera<strong>do</strong>ras, que estão operan<strong>do</strong> atualmente com combustível<br />

líqui<strong>do</strong>, bem como a necessidade de expansão de geração térmica <strong>para</strong> atendimento<br />

ao crescimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de energia elétrica.<br />

Portanto, devem ser observa<strong>do</strong>s os limites contratuais de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e a entrada<br />

em operação em 2012 da interligação Tucuruí - Macapá - Ma<strong>na</strong>us, conforme Plano<br />

Dece<strong>na</strong>l de Expansão 2006-2015 da Empresa de Pesquisa Energética - EPE.<br />

Adicio<strong>na</strong>lmente, será a<strong>na</strong>lisada a necessidade de antecipação da<br />

referida interligação.<br />

5.1.1 Geração de Termeletricidade a partir <strong>do</strong> Gás Natural<br />

Um <strong>do</strong>s recursos <strong>para</strong> a produção de energia elétrica <strong>na</strong> matriz energética<br />

brasileira é o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, fonte que no perío<strong>do</strong> entre 1990 e 2005 teve um crescimento<br />

percentual de 5,8% <strong>para</strong> 8,8% segun<strong>do</strong> a Plano Dece<strong>na</strong>l de Expansão de Energia<br />

PDE/EPE. A substituição <strong>do</strong>s combustíveis fósseis com suas características<br />

contami<strong>na</strong>ntes, tanto no setor de transportes quanto no setor industrial, trouxeram<br />

grandes benefícios <strong>para</strong> o meio ambiente.<br />

O <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> geração elétrica ocasionou importantes benefícios<br />

ao sistema elétrico brasileiro, não só <strong>na</strong> questão energética, com objetivo de ter maiores<br />

garantias <strong>do</strong> sistema, geran<strong>do</strong> eletricidade quan<strong>do</strong> há maiores riscos de geração<br />

hidrelétrica futura, como também quanto à estabilidade <strong>do</strong> sistema elétrico, já que as<br />

termelétricas a <strong>gás</strong> podem ser instaladas próximas aos centros de carga, onde podem<br />

atuar <strong>na</strong> estabilização <strong>do</strong>s níveis de tensão.<br />

Contu<strong>do</strong>, apesar <strong>do</strong> crescimento de oferta e demanda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no país,<br />

com uma taxa média de 15% a.a. entre 2000 a 2005 (PDE/EPE), a indústria <strong>do</strong> <strong>gás</strong>


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

95<br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> enfrenta um perío<strong>do</strong> transitório de oferta limitada deste energético, aspecto<br />

que está sen<strong>do</strong> equacio<strong>na</strong><strong>do</strong> pelas grandes empresas.<br />

Os volumes de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> considera<strong>do</strong>s permitirão a geração de<br />

aproximadamente 500 MW em Ma<strong>na</strong>us. O consumo <strong>para</strong> a termogeração permitirá<br />

uma substancial redução <strong>do</strong> preço da energia elétrica pratica<strong>do</strong> <strong>na</strong> região,<br />

atualmente da ordem de R$ 200/MWh, <strong>para</strong> cerca de R$ 80/MWh. Para permitir<br />

o escoamento inicial em torno de 5 milhões de m 3 /d de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> a cidade<br />

de Ma<strong>na</strong>us, vem sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> o gasoduto ligan<strong>do</strong> Coari a Ma<strong>na</strong>us, com<br />

aproximadamente 385 km de extensão.<br />

Em relação à oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no médio e longo prazo devem-se considerar<br />

também as reservas existentes <strong>na</strong> América <strong>do</strong> Sul e Central, que, segun<strong>do</strong> o EIA de<br />

dezembro de 2005, são de sete trilhões de metros cúbicos de <strong>gás</strong>, os mesmos que<br />

poderiam abastecer o consumo de to<strong>do</strong> o continente até por mais de 50 anos.<br />

No longo prazo, é possível ter <strong>gás</strong> vin<strong>do</strong> da Venezuela, país que possui as<br />

maiores reservas da América <strong>do</strong> Sul. Também a Bolívia passan<strong>do</strong> por um processo de<br />

revisão institucio<strong>na</strong>l, fornece <strong>gás</strong> <strong>para</strong> o Brasil desde 1999.<br />

Ainda há projetos de importação de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> liquefeito - GNL, importa<strong>do</strong>,<br />

<strong>para</strong> fornecimento de merca<strong>do</strong>s a serem supri<strong>do</strong>s por gasodutos que estão em<br />

construção. Segun<strong>do</strong> a EPE, o GNL é utiliza<strong>do</strong> <strong>para</strong>: a) Complemento da demanda de<br />

<strong>gás</strong> com fornecimento de base; b) viabilizar estratégias a serem a<strong>do</strong>tadas <strong>na</strong>s crises de<br />

abastecimento de <strong>gás</strong> e c) em sistemas de grandes variações de consumo, consideran<strong>do</strong><br />

os picos sazo<strong>na</strong>is, como é o caso de parques termelétricos flexíveis, reduzin<strong>do</strong> os<br />

investimentos em gasodutos.<br />

5.1.2 Panorama Geral <strong>do</strong> Sistema de Geração de Energia -<br />

Ma<strong>na</strong>us<br />

Em relação ao serviço de energia elétrica, a capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s,<br />

Ma<strong>na</strong>us é atendida pela empresa Ma<strong>na</strong>us Energia, com 482.415 consumi<strong>do</strong>res, <strong>do</strong>s<br />

quais 411.277 clientes ativos, entre eles as indústrias <strong>do</strong> Pólo Industrial de Ma<strong>na</strong>us –<br />

PIM. A empresa possui uma potência nomi<strong>na</strong>l instalada de 1.599,10MW.


96<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Em 2006, o fornecimento de energia elétrica apresentou um crescimento da<br />

ordem de 4,0%, principalmente em função <strong>do</strong> acréscimo de 7,94% no consumo da<br />

classe industrial, que representou 43,6% <strong>do</strong> total <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> atendi<strong>do</strong>, onde se destaca o<br />

incremento de 14,66% <strong>na</strong>s vendas aos consumi<strong>do</strong>res que compõem a classe industrial<br />

atendi<strong>do</strong>s no nível de tensão 69KV – Tarifa Azul – Horo-sazo<strong>na</strong>l (Ma<strong>na</strong>us Energia, 2007).<br />

O parque gera<strong>do</strong>r da Ma<strong>na</strong>us Energia está constituí<strong>do</strong> pela Usi<strong>na</strong> Hidrelétrica<br />

de Balbi<strong>na</strong> – UHE Balbi<strong>na</strong>, de 250 MW de potência e pelas usi<strong>na</strong>s termelétricas.<br />

Para a cidade de Ma<strong>na</strong>us, que concentra cerca de 80% da demanda elétrica <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />

de Amazo<strong>na</strong>s, mais de 70% da geração elétrica é de origem térmica, envolven<strong>do</strong> uma<br />

tendência de crescimento de participação em relação à geração hídrica, função da<br />

crescente participação <strong>do</strong>s produtores independentes de eletricidade, em geral, através<br />

de centrais termelétricas, operan<strong>do</strong> com motores, turbi<strong>na</strong>s ou caldeiras (ciclo Rankine),<br />

elevan<strong>do</strong> em muito os custos de geração elétrica <strong>para</strong> as referidas cidades.<br />

A partir <strong>do</strong>s valores de consumo de óleo diesel e óleo combustível desti<strong>na</strong><strong>do</strong>s<br />

à geração elétrica ape<strong>na</strong>s no Amazo<strong>na</strong>s (Ma<strong>na</strong>us e peque<strong>na</strong>s e médias cidades atendidas<br />

pelas centrais gera<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>), a Ma<strong>na</strong>us Energia avaliou uma demanda<br />

potencial de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> da ordem de 3 milhões de m 3 /dia de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, valor que<br />

constitui mais de 50% da oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> primeira etapa de operação <strong>do</strong> gasoduto<br />

Coari-Ma<strong>na</strong>us. Numa segunda fase de operação <strong>do</strong> gasoduto, foi prevista uma ampliação<br />

da oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> valores próximos de 9 a 10 milhões de m 3 /dia.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, dentro de quatro ou cinco anos, se prevê o término das obras<br />

de construção da linha de transmissão de eletricidade interligan<strong>do</strong> a usi<strong>na</strong> de Tucuruí<br />

no Pará ao esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, o que poderá deslocar parte <strong>do</strong> consumo de <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> em termoeletricidade em Ma<strong>na</strong>us e cidades próximas. Isto permitirá uma maior<br />

oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> outros segmentos econômicos da região de Ma<strong>na</strong>us e entorno,<br />

como Ma<strong>na</strong>capuru, Iranduba e Itacoatiara, diante <strong>do</strong> menor custo da eletricidade de<br />

origem hídrica em relação à eletricidade de origem térmica gerada com combustíveis<br />

deriva<strong>do</strong>s de petróleo a custo subsidia<strong>do</strong>.<br />

O esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s apresenta um sistema gera<strong>do</strong>r de energia elétrica com<br />

características muito próprias, à semelhança de outros esta<strong>do</strong>s da região amazônica,<br />

distintas das outras regiões <strong>do</strong> país. Esta distinção é função da grande extensão <strong>do</strong>


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

97<br />

território <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> (mais de 1,5 milhão km 2 ) e de sua baixa densidade populacio<strong>na</strong>l,<br />

geran<strong>do</strong> uma grande dispersão da demanda de energia elétrica, que à exceção de Ma<strong>na</strong>us<br />

e de pouco mais de uma deze<strong>na</strong> de cidades com população acima de 30.000 habitantes,<br />

apresenta um pre<strong>do</strong>mínio de regiões de baixa densidade de consumo. Isto é função<br />

<strong>do</strong> limita<strong>do</strong> nível de renda e <strong>do</strong> perfil de consumo, com mínima participação <strong>do</strong>s<br />

setores industrial e comercial e preponderância <strong>do</strong> perfil de <strong>uso</strong> residencial,<br />

caracterizan<strong>do</strong> regiões de baixa atividade econômica.<br />

No Amazo<strong>na</strong>s, a potencialidade de geração hidroelétrica costuma ser limitada<br />

pelo relevo pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntemente plano, que exige maiores relações de área alagada<br />

por potência elétrica disponível. Dois casos emblemáticos da dificuldade de geração<br />

hidroelétrica <strong>na</strong> Amazônia foram os das usi<strong>na</strong>s de Balbi<strong>na</strong> (AM) e Samuel (RO), que<br />

evidenciaram problemas de corrosão e erosão de turbi<strong>na</strong>s, geran<strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>s custos de<br />

manutenção e operação, limitações em suas capacidades nomi<strong>na</strong>is de geração elétrica,<br />

além de apresentarem extremo impacto <strong>na</strong> alagação de áreas <strong>para</strong> a formação de seus<br />

reservatórios. No caso de Balbi<strong>na</strong>, com potência nomi<strong>na</strong>l de 250 MW, a área alagada<br />

equivale à de Itaipu, usi<strong>na</strong> com uma potência nomi<strong>na</strong>l 56 vezes maior.<br />

Com isso, cresceu em importância a vertente de geração termoelétrica <strong>na</strong><br />

região, principalmente <strong>para</strong> o caso de geração de médios blocos de energia (cidades<br />

de médio porte, como Ma<strong>na</strong>capuru, Iranduba e Coari) e grandes blocos de energia<br />

(região de Ma<strong>na</strong>us), cuja vantagem é poder estar junto aos centros de carga, reduzin<strong>do</strong><br />

custos de expansão das linhas de transmissão e as perdas de energia envolvidas, ainda<br />

que com suas limitações técnicas, logísticas, ambientais e econômicas.<br />

5.1.3 Premissas Consideradas <strong>na</strong> Análise<br />

Com informações recebidas da Ma<strong>na</strong>us Energia, pode-se dizer que <strong>para</strong> a<br />

análise desenvolvida foi considera<strong>do</strong> o seguinte:<br />

. O volume total disponível de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> operação comercial inicialmente<br />

contrata<strong>do</strong> é de 5,5 milhões m 3 /dia.


98<br />

. <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

. Como mostra<strong>do</strong> <strong>na</strong> Tabela 5.1.1 a seguir, a Ma<strong>na</strong>us Energia terá disponível<br />

2,8 milhões de m 3 /dia de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, que serão entregues nos city Gates de<br />

Aparecida (1,0 milhão m 3 /dia) e Mauá (1,8 milhões m 3 /dia).<br />

. Para a CIGÁS empresa distribui<strong>do</strong>ra de <strong>gás</strong> no Amazo<strong>na</strong>s, serão<br />

disponibiliza<strong>do</strong>s 0,5 milhões de m 3 /dia . Como a CIGÁS tem 5 anos <strong>para</strong><br />

prospectar este merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, neste perío<strong>do</strong> este volume de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

poderá ser utiliza<strong>do</strong> <strong>para</strong> geração térmica pela Ma<strong>na</strong>us Energia.<br />

. O preço considera<strong>do</strong> <strong>para</strong> o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> (molécula+transporte+margem) é<br />

de R$12,66 /MMBTU (sem impostos).<br />

. Foi considera<strong>do</strong> que a partir de 2008, 10% <strong>do</strong> parque gera<strong>do</strong>r próprio da<br />

Ma<strong>na</strong>us Energia como indisponível a título de programa de manutenção<br />

preventiva.<br />

. A partir de 15/01/2008, os ativos de geração <strong>do</strong>s PIE El Paso Amazo<strong>na</strong>s e<br />

Rio Negro, no total de 387 MW seriam reverti<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a Ma<strong>na</strong>us Energia.<br />

. Na análise econômica da expansão térmica, foi considera<strong>do</strong> um custo<br />

inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de referência de 650 US$/kW, que corresponde ao custo de<br />

aquisição de uma termelétrica em ciclo combi<strong>na</strong><strong>do</strong>.<br />

. Taxa de Câmbio de US$ 1.00 = R$ 2,10<br />

. Taxa de Desconto de 12% a.a.<br />

Tabela 5.1.1 Parcelas contratuais, por empresa, <strong>do</strong> volume de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia - 2007


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> .<br />

99<br />

5.1.4 Parque Térmico Atual <strong>do</strong> Sistema de Ma<strong>na</strong>us<br />

O parque gera<strong>do</strong>r próprio da Ma<strong>na</strong>us Energia é composto pela Usi<strong>na</strong><br />

Hidrelétrica de Balbi<strong>na</strong> e pelas termelétricas de Mauá, Aparecida e Electron (comodato<br />

da Eletronorte). Atuan<strong>do</strong> como produtores independentes (PIE), exclusivamente <strong>para</strong><br />

a Ma<strong>na</strong>us Energia operam as seguintes companhias: El Paso Amazo<strong>na</strong>s, com três<br />

usi<strong>na</strong>s, El Paso Rio Negro (1) e CGE – Ceará Gera<strong>do</strong>ra (3). Operan<strong>do</strong> de mo<strong>do</strong> não<br />

exclusivo <strong>para</strong> a Ma<strong>na</strong>us Energia operam as gera<strong>do</strong>ras Breitener Energética (2),<br />

Ma<strong>na</strong>uara (1), Rio Amazo<strong>na</strong>s Energia (1), Gera<strong>do</strong>ra de Energia <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s (1).<br />

Assim, a Ma<strong>na</strong>us Energia é atendida por quatro usi<strong>na</strong>s próprias e <strong>do</strong>ze independentes.<br />

No total, são quinze usi<strong>na</strong>s térmicas e ape<strong>na</strong>s uma usi<strong>na</strong> hidrelétrica, com as seguintes<br />

potências nomi<strong>na</strong>is e participações percentuais <strong>na</strong> potência total.<br />

O Parque gera<strong>do</strong>r térmico atual <strong>do</strong> Sistema Ma<strong>na</strong>us pode ser acompanha<strong>do</strong><br />

<strong>na</strong> Tabela 5.1.2, bem como o fator de disponibilidade, consumo específico e o custo<br />

unitário de geração que leva em consideração o custo <strong>do</strong> combustível sem ICMS<br />

(somente parcela relativa ao combustível) de cada UTE.<br />

Tabela 5.1.2 Síntese <strong>do</strong> Parque Gera<strong>do</strong>r Térmico – Sistema Ma<strong>na</strong>us<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia, 2007


100 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

A partir da Tabela 5.1.2 pode-se fazer os seguintes comentários:<br />

1. Os consumos específicos foram verifica<strong>do</strong>s em novembro de 2006;<br />

2. Preço unitário de óleo sem ICMS, calcula<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> preço <strong>do</strong> óleo<br />

verifica<strong>do</strong> em novembro/2006 e <strong>do</strong>s consumos específicos verifica<strong>do</strong>s em<br />

novembro de 2006;<br />

3. O eleva<strong>do</strong> consumo específico verifica<strong>do</strong> <strong>na</strong> UTE Electron de 0,823 m 3 /<br />

MWh deve-se ao despacho atual das unidades disponíveis <strong>na</strong> mesma ser<br />

realiza<strong>do</strong> ape<strong>na</strong>s em caráter emergencial <strong>para</strong> atendimento aos perío<strong>do</strong>s de<br />

ponta de carga <strong>do</strong> sistema, operan<strong>do</strong> fora <strong>do</strong> regime de despacho econômico<br />

recomenda<strong>do</strong> <strong>para</strong> turbi<strong>na</strong>s a <strong>gás</strong>.<br />

Vale destacar que este parque gera<strong>do</strong>r sofreu forte processo de expansão em<br />

2006, com a entrada em operação de cinco usi<strong>na</strong>s térmicas, todas independentes,<br />

adicio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> uma potência nomi<strong>na</strong>l de 418,60 MW, num crescimento de 35,4%, sen<strong>do</strong><br />

305 MW contrata<strong>do</strong>s. Essas usi<strong>na</strong>s foram as duas unidades da Breitener (UTE<br />

Tambaqui e UTE Jaraqui), a usi<strong>na</strong> Ma<strong>na</strong>uara, a usi<strong>na</strong> Cristiano Rocha da Rio Amazo<strong>na</strong>s<br />

Energia e a usi<strong>na</strong> Ponta Negra, da Gera<strong>do</strong>ra de Energia <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s. Assim, da<br />

capacidade total disponível <strong>para</strong> a Ma<strong>na</strong>us Energia, as usi<strong>na</strong>s próprias da empresa<br />

participam com ape<strong>na</strong>s 650,1 MW ou 40,6%.<br />

A energia elétrica gerada (GWh) pelo parque gera<strong>do</strong>r da área de concessão da<br />

Ma<strong>na</strong>us Energia entre 2002 e 2006 está apresentada <strong>na</strong> Tabela 5.1.3 a seguir:<br />

Tabela 5.1.3 Série Histórica da Ma<strong>na</strong>us Energia<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia - 2007


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 101<br />

Para a alimentação <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> parque gera<strong>do</strong>r, a previsão de demanda de<br />

combustíveis feita pela Eletrobrás pode ser acompanhada <strong>na</strong> Tabela 5.1.4 a seguir:<br />

Tabela 5.1.4 Consumo de Combustível verifica<strong>do</strong> <strong>na</strong>s Termelétricas<br />

Fonte: Eletrobrás, 2005<br />

PTE – Destila<strong>do</strong> intermediário <strong>do</strong> petróleo, diesel pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte <strong>para</strong> turbi<strong>na</strong>s<br />

PGE – Destila<strong>do</strong> intermediário <strong>do</strong> petróleo, diesel pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte <strong>para</strong> moto-gera<strong>do</strong>res<br />

Obs: Valores de Poder Calorífico Inferior (PCI) considera<strong>do</strong>s, fonte MME, BEN, 2006, foram: óleo<br />

diesel – 8.484 kcal/litro; óleo combustível – 9.590 kcal/kg; óleos PGE e PTE, destila<strong>do</strong>s<br />

intermediários <strong>do</strong> petróleo, diesel pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntes, o primeiro <strong>para</strong> moto-gera<strong>do</strong>res elétricos e o<br />

segun<strong>do</strong> <strong>para</strong> turbi<strong>na</strong>s, apresentan<strong>do</strong> valores de PCI próximos de 10.200 kcal/kg e de 8.894<br />

kcal/litro respectivamente.<br />

Consideran<strong>do</strong> a simples equivalência energética entre o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e os<br />

energéticos atualmente emprega<strong>do</strong>s, sem levar em conta as eficiências térmicas <strong>do</strong>s<br />

arranjos <strong>do</strong>s novos sistemas de geração com <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, ainda não defini<strong>do</strong>s, a demanda<br />

potencial de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> geração termelétrica em Ma<strong>na</strong>us seria atualmente da<br />

ordem de 3,0 milhões m 3 /dia, valor que representa 53,6% da futura oferta prevista de<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> Ma<strong>na</strong>us, <strong>na</strong> primeira fase de operação <strong>do</strong> gasoduto Coari-Ma<strong>na</strong>us.<br />

5.1.5 Parque Térmico da Ma<strong>na</strong>us Energia Previsto<br />

<strong>para</strong> 2008<br />

É apresenta<strong>do</strong> <strong>na</strong> Tabela 5.1.5 de forma resumida, o parque térmico próprio<br />

da Ma<strong>na</strong>us Energia previsto <strong>para</strong> operar em 2008.


102 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 5.1.5 Parque Térmico Próprio – Ma<strong>na</strong>us Energia (2008)<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia - 2007<br />

Nota: (1) Esses valores refletem a necessidade mínima de potência que deverá permanecer<br />

disponível nessas subestações em 2007, por atrasos nos programas de obras de<br />

sub-transmissão, destacan<strong>do</strong>-se que os ativos de geração da CGE reverti<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a Ma<strong>na</strong>us<br />

Energia em dezembro de 2006 são superiores a esse montante.<br />

5.1.6 Parque Térmico da Ma<strong>na</strong>us Energia Considera<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />

Análise de Conversão <strong>para</strong> Gás Natural<br />

Para selecio<strong>na</strong>r as unidades gera<strong>do</strong>ras <strong>para</strong> avaliação da viabilidade da<br />

conversão bi-combustível, foram considera<strong>do</strong>s:<br />

. o histórico de disponibilidade operacio<strong>na</strong>l e de não conformidades<br />

no fornecimento de combustível líqui<strong>do</strong>;<br />

. a eficiência da geração;<br />

. a modalidade de operação (base ou ponta)<br />

. e a otimização <strong>do</strong>s volumes contratuais de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

Na Tabela 5.1.6 observa-se o Parque Térmico considera<strong>do</strong> <strong>na</strong> análise de<br />

conversão <strong>para</strong> operação bi-combustível.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 103<br />

Tabela 5.1.6 Parque Térmico considera<strong>do</strong> <strong>na</strong> análise de conversão <strong>para</strong><br />

operação bi-combustível<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia - 2007<br />

NOTA: TG - Turbi<strong>na</strong> a Gás; MD – Motor Diesel<br />

As Unidades Wärtsilä serão convertidas <strong>para</strong> o modelo 18V46 GD<br />

5.1.7 Perdas Globais<br />

O Relatório “Avaliação das Perdas Técnicas e Comerciais no Sistema de<br />

Distribuição da Ma<strong>na</strong>us Energia S.A., 2006” apontou, em da<strong>do</strong>s consolida<strong>do</strong>s de setembro<br />

de 2006, perdas totais de 34,5% da geração bruta, corresponden<strong>do</strong> a 1.824.711 MWh,<br />

que à tarifa então vigente corresponderam a R$ 474 milhões de reais.<br />

Essas perdas estão fortemente concentradas <strong>na</strong> distribuição (13,8 kV e BT),<br />

onde ocorreram 33,11% <strong>do</strong>s 34,5% registra<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong> o sistema, corresponden<strong>do</strong> a<br />

96% <strong>do</strong> total.<br />

Na Figura 5.1.1, é apresentada a evolução das perdas <strong>na</strong> Ma<strong>na</strong>us Energia, de<br />

1995 até 2006. Pode-se observar neste perío<strong>do</strong> uma ocorrência crítica em 1999, seguida<br />

de uma peque<strong>na</strong> redução em 2000 e a retomada <strong>do</strong> crescimento das perdas a partir de<br />

2001, tendência que se mantém até o presente.<br />

Figura 5.1.1 Perdas Anuais Totais - %<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia - 2007


104 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Os eleva<strong>do</strong>s índices de perdas observa<strong>do</strong>s no Sistema Ma<strong>na</strong>us Energia refletem<br />

em dificuldades fi<strong>na</strong>nceiras <strong>na</strong> empresa, reduzin<strong>do</strong> sua capacidade de investimentos,<br />

razão pela qual qualquer iniciativa relativa à ampliação de sua capacidade de oferta de<br />

energia deverá incluir um rigoroso plano de redução de perdas.<br />

5.1.8 Análise das Conversões<br />

A avaliação da viabilidade de conversão das termelétricas da Ma<strong>na</strong>us Energia<br />

<strong>para</strong> operação bi-combustível foi feita através de análise econômica.<br />

A empresa realizou simulações no horizonte de 20 anos, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> como<br />

premissa a operação das termelétricas <strong>na</strong> base, com<strong>para</strong>n<strong>do</strong> os custos de conversão<br />

de combustível e de O&M das unidades gera<strong>do</strong>ras anteriormente relacio<strong>na</strong>das <strong>na</strong><br />

Tabela 5.1.6 com os custos de implantação, de combustível e de O&M de uma<br />

nova termelétrica, operan<strong>do</strong>, no primeiro ano, em ciclo simples e a partir daí em<br />

ciclo combi<strong>na</strong><strong>do</strong>.<br />

A seguir é apresentada a análise <strong>para</strong> cada termelétrica.<br />

a) Área de Aparecida<br />

Ten<strong>do</strong> em vista a reversão <strong>do</strong>s ativos de geração <strong>do</strong> PIE El Paso <strong>para</strong> a Ma<strong>na</strong>us<br />

Energia, prevista <strong>para</strong> 15/01/2008, foram consideradas <strong>na</strong> análise as quatro turbi<strong>na</strong>s a<br />

<strong>gás</strong> LM6000 existentes nessa área (2 <strong>na</strong> UTE Aparecida e 2 <strong>na</strong> UTE D).<br />

O resumo dessa análise é apresenta<strong>do</strong> <strong>na</strong>s tabelas 5.1.7 a 5.1.8 a seguir:<br />

Tabela 5.1.7 Análise Econômica – UTE Área de Aparecida X Planta Nova<br />

(milhões R$)<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia - 2007


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 105<br />

Com estes da<strong>do</strong>s verifica-se que a implantação e operação de uma<br />

termelétrica nova, <strong>para</strong> operação <strong>na</strong> base, apresenta um custo total cerca de 4%<br />

superior ao custo de conversão e operação das UTE da área de Aparecida. Como a<br />

diferença entre as duas alter<strong>na</strong>tivas é peque<strong>na</strong>, de ape<strong>na</strong>s 4%, a análise centrou-se<br />

nos custos <strong>do</strong>s investimentos.<br />

O custo de conversão das UTE da área de Aparecida é cerca de 13 milhões de<br />

reais enquanto o custo de implantação de uma planta nova equivalente é de cerca de<br />

214 milhões de reais. Assim, levan<strong>do</strong>-se em consideração também o investimento<br />

inicial, que impacta <strong>na</strong> disponibilidade de orçamento e recursos fi<strong>na</strong>nceiros de imediato,<br />

concluiu-se pela atratividade da conversão das unidades da área de Aparecida <strong>para</strong><br />

operação <strong>na</strong> base.<br />

b) UTE W<br />

Para esta unidade, após a conversão da Planta W <strong>para</strong> operação bi-combustível<br />

considerou-se o consumo de cerca de 3% de óleo diesel como necessidade operacio<strong>na</strong>l<br />

<strong>para</strong> ignição neste tipo de unidade gera<strong>do</strong>ra.<br />

Neste caso pode-se observar que a implantação e operação de uma termelétrica<br />

nova, <strong>para</strong> operação <strong>na</strong> base, apresenta um custo cerca de 3% inferior ao custo de<br />

conversão e operação da UTE W (Tabela 5.1.8).<br />

Tabela 5.1.8 Análise Econômica – UTE W x Planta Nova (milhões R$)<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia, 2007<br />

Como a diferença entre as duas alter<strong>na</strong>tivas é somente de 3%, da mesma<br />

forma que anteriormente foi feita a análise pelo custo <strong>do</strong>s investimentos.<br />

Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Ma<strong>na</strong>us Energia, o custo de conversão da UTE W é cerca<br />

de 74 milhões de reais, enquanto o custo de implantação de uma planta nova equivalente


106 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

é de cerca de 227 milhões de reais. Dessa forma, levan<strong>do</strong>-se em consideração o<br />

investimento inicial, apresenta-se como mais atrativa a conversão da UTE W <strong>para</strong><br />

operação <strong>na</strong> base.<br />

c) UTE B<br />

Pelos da<strong>do</strong>s da Tabela 5.1.9, observa-se que a implantação e operação de<br />

uma termelétrica nova, <strong>para</strong> operação <strong>na</strong> base representa um custo cerca de 19% inferior<br />

ao custo de conversão da UTE B.<br />

Neste caso,observa-se que <strong>para</strong> a operação <strong>na</strong> base, uma termelétrica nova<br />

seria mais econômica que a conversão da UTE B.<br />

Tabela 5.1.9 Análise Econômica – UTE B x Planta Nova (milhões R$)<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia, 2007<br />

De forma resumida e consideran<strong>do</strong> as análises anteriores, a Tabela 5.1.10<br />

apresenta o parque térmico próprio da Ma<strong>na</strong>us Energia recomenda<strong>do</strong> <strong>para</strong> conversão<br />

e operação <strong>na</strong> base.<br />

Tabela 5.1.10 Parque Térmico da Ma<strong>na</strong>us Energia a ser converti<strong>do</strong><br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia - 2007<br />

NOTA: TG – Turbi<strong>na</strong> a Gás ; MD – Motor Diesel


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 107<br />

5.1.9 Geração<br />

Na Tabela 5.1.11, é apresentada a previsão <strong>do</strong> volume de <strong>gás</strong> a ser consumi<strong>do</strong><br />

pelas termelétricas convertidas, bem como a potência efetiva da expansão possível de<br />

ser obtida com o volume contratual restante, de forma a utilizar a totalidade contratada<br />

<strong>para</strong> a Ma<strong>na</strong>us Energia (2,8 milhões m 3 /dia). Adicio<strong>na</strong>lmente, são informadas as<br />

características de rendimento e consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> espera<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a UTE B El<br />

Paso utilizadas <strong>na</strong>s avaliações.<br />

Tabela 5.1.11 Consumo de Gás Natural previsto por UTE<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia, 2007<br />

Nota: (1) Potência efetiva a ser disponibilizada por limitação <strong>do</strong> volume de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> disponível<br />

<strong>para</strong> esta planta gera<strong>do</strong>ra.<br />

Por estes da<strong>do</strong>s observa-se que a nova expansão máxima, por limitação <strong>do</strong><br />

volume de <strong>gás</strong> contratual da Ma<strong>na</strong>us Energia, deverá ser de aproximadamente 240<br />

MW efetivos locais ou cerca de 280 MW ISO. O investimento previsto é de cerca de<br />

R$ 400 milhões.<br />

Com o objetivo de garantir a disponibilidade de 100% <strong>do</strong> total de cerca de<br />

550MW das UTE que operarão <strong>na</strong> base consumin<strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, bem como suportar<br />

a perda da maior unidade gera<strong>do</strong>ra (estimada como sen<strong>do</strong> uma turbi<strong>na</strong> a vapor de 100<br />

MW ISO da nova expansão), até a entrada da LT Tucuruí-Macapá-Ma<strong>na</strong>us em 2012<br />

(de acor<strong>do</strong> com a previsão atual da EPE), tor<strong>na</strong>-se necessária uma geração adicio<strong>na</strong>l<br />

equivalente <strong>para</strong> complementar o atendimento.<br />

Para tanto, foram a<strong>na</strong>lisadas duas alter<strong>na</strong>tivas:


108 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Alter<strong>na</strong>tiva 1 – prevê o aumento da capacidade instalada com a implantação<br />

de uma termelétrica nova bi-combustível de cerca de 100 MW, consideran<strong>do</strong> ape<strong>na</strong>s<br />

as turbi<strong>na</strong>s a <strong>gás</strong> <strong>para</strong> operação nos perío<strong>do</strong>s de indisponibilidade de qualquer unidade<br />

gera<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> parque térmico anteriormente apresenta<strong>do</strong> (vide Tabela 5.1.10).<br />

Alter<strong>na</strong>tiva 2 – prevê a utilização da UTE B, convertida <strong>para</strong> operação bicombustível,<br />

<strong>para</strong> operação nos perío<strong>do</strong>s de indisponibilidade de qualquer unidade<br />

gera<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> parque térmico apresenta<strong>do</strong> <strong>na</strong> Tabela 5.1.11.<br />

O resumo dessa análise se encontra <strong>na</strong> Tabela 5.1.12, <strong>na</strong> qual se observa que<br />

o custo da ampliação em 100 MW da termelétrica nova é cerca de 30% superior ao<br />

custo de conversão da UTE B, <strong>para</strong> operação nos perío<strong>do</strong>s de indisponibilidade de<br />

qualquer unidade <strong>do</strong> parque térmico;<br />

Tabela 5.1.12 Com<strong>para</strong>ção econômica das alter<strong>na</strong>tivas (milhões R$)<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia - 2007<br />

Assim, conclui-se pela conversão da UTE B <strong>para</strong> operação, como reserva,<br />

nos perío<strong>do</strong>s de indisponibilidade <strong>do</strong> parque térmico próprio da Ma<strong>na</strong>us Energia.<br />

5.1.10 Transmissão<br />

Foi avaliada a expansão <strong>do</strong> sistema de transmissão de Ma<strong>na</strong>us <strong>na</strong>s tensões de<br />

69, 138 e 230 kV, dentro <strong>do</strong> horizonte 2006-2012, objetivan<strong>do</strong> apresentar os<br />

empreendimentos necessários, identifica<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s energéticos que<br />

apontam <strong>para</strong> a necessidade <strong>do</strong> aumento da oferta de energia, e também <strong>do</strong> advento<br />

da entrada <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> de Urucú.<br />

O aumento <strong><strong>na</strong>tural</strong> da carga por si só já requer a expansão de linhas e<br />

subestações ao longo <strong>do</strong> tempo. Há ainda, adicio<strong>na</strong>lmente ao aumento da carga, o<br />

fator <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> que requer uma nova configuração <strong>do</strong> parque gera<strong>do</strong>r uma vez que


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 109<br />

nem todas as unidades gera<strong>do</strong>ras atualmente instaladas apresentam viabilidade de<br />

conversão <strong>para</strong> operação bi-combustível. A ocorrência de aumento de carga e ainda<br />

a ampliação da capacidade de oferta, com a instalação de novas unidades gera<strong>do</strong>ras<br />

próximo ao centro de carga, acaba elevan<strong>do</strong> o nível de curto circuito e superan<strong>do</strong> a<br />

capacidade <strong>do</strong>s equipamentos de 69 kV. Resulta daí, o esgotamento da capacidade de<br />

atendimento <strong>do</strong> atual sistema de subtransmissão em 69 kV, si<strong>na</strong>lizan<strong>do</strong> a necessidade<br />

de implantação de um novo sistema de transmissão em níveis de tensão mais eleva<strong>do</strong>s.<br />

Desta forma, as soluções técnicas e economicamente viáveis, necessárias <strong>para</strong><br />

atendimento ao crescimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de Ma<strong>na</strong>us, consideran<strong>do</strong>-se que a interligação<br />

em 500 kV está prevista <strong>para</strong> 2012, são:<br />

. Reforçar a capacidade de transformação no sistema de 69kV com a instalação<br />

até 2008 de 14 novos transforma<strong>do</strong>res de 26,6 MVA <strong>na</strong>s subestações existentes<br />

e duas LTs em 69kV (Cachoeirinha – Distrito Dois e Ponta Negra - Ponta de<br />

Ismael).<br />

. Expandir, inicialmente em 2008, o sistema elétrico através de 10km de<br />

linha, interligan<strong>do</strong> as novas subestações de Mauá 3 (local da nova geração) e<br />

Jorge Teixeira, em 230kV e,<br />

. Construção de 37 km de linha , interligan<strong>do</strong> as subestações de Jorge Teixeira,<br />

Mutirão e Cachoeira Grande em 138 kV<br />

Após 2008, a expansão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> exigirá novas subestações, tanto em 138<br />

kV como em 230kV.<br />

A partir de 2009 serão necessárias mais duas subestações em 230 kV (Tarumã<br />

e Cariri) e mais quatro subestações em 138 kV (Centro, Distrito 3, Parque 10 e Santa<br />

Etelvi<strong>na</strong>) <strong>para</strong> atender o crescimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Estas subestações deverão entrar<br />

em operação em 2009, 2010, 2011 e 2012 respectivamente.<br />

As ampliações e reforços no 138 kV decorrerão das novas instalações de 230<br />

kV. As subestações de 230 kV de Cariri e Tarumã estão condicio<strong>na</strong>das a interligação<br />

Tucuruí- Macapá-Ma<strong>na</strong>us em 500 kV. Assim, a antecipação desta linha implicará <strong>na</strong><br />

implantação, <strong>para</strong> a mesma data de energização, das duas subestações de 230kV citadas<br />

anteriormente. Com a geração hoje projetada <strong>na</strong>s expansões <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s energéticos,<br />

presume-se o não atendimento ao merca<strong>do</strong> até 2012 devi<strong>do</strong> à limitação <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.


110 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

As Tabelas 5.1.13 e 5.1.14 resumem investimentos necessários em subestações<br />

e linhas, no perío<strong>do</strong> 2007/2008 a 2012.<br />

Tabela 5.1.13 Orçamento de Investimento (R$ x 1000) fev/2007<br />

(*) Datas condicio<strong>na</strong>das a interligação Tucuruí – Ma<strong>na</strong>us em 500kV<br />

NOTA: EL – Entrada de Linha; TR – Transforma<strong>do</strong>r.<br />

Apesar de se tratar de aquisição de somente uma estrutura de 2,8 ton, deve ser incluí<strong>do</strong> o<br />

seccio<strong>na</strong>mento da LT Ma<strong>na</strong>us – Distrito em 69 kV <strong>para</strong> atender a SE V8.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 111<br />

Tabela 5.1.14 Orçamento de Investimento – (R$x1000) 01/02/07<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia - 2007<br />

5.1.11 Considerações Adicio<strong>na</strong>is<br />

. A partir de outubro de 2008, a Ma<strong>na</strong>us Energia se obriga ao pagamento<br />

correspondente a 2,2 milhões m 3 /dia de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, conforme o Take or Pay<br />

(TOP) contratual (80% <strong>do</strong> volume de 2,8 milhões m 3 /dia contrata<strong>do</strong> pela<br />

empresa), representan<strong>do</strong> um custo mensal de cerca de R$ 38 milhões,<br />

excluí<strong>do</strong>s os impostos;<br />

. O custo da conversão <strong>do</strong> parque térmico apresenta<strong>do</strong> <strong>na</strong> Tabela 5.1.6 foi<br />

estima<strong>do</strong> em R$ 95,39 milhões, conforme informa<strong>do</strong> pelos fabricantes à<br />

Eletronorte e Ma<strong>na</strong>us Energia;


112 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

. Verifica-se que o custo da conversão corresponde a, aproximadamente, 3<br />

meses de Take or Pay <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, demonstran<strong>do</strong> que as conversões se<br />

pagam nesse prazo, ratifican<strong>do</strong> a viabilidade econômica dessas conversões;<br />

. A conversão <strong>para</strong> operação bi-combustível será realizada <strong>na</strong>s unidades<br />

gera<strong>do</strong>ras próprias e <strong>na</strong>quelas com previsão contratual de reversão <strong>para</strong> a<br />

Ma<strong>na</strong>us Energia. Essas unidades já estão conectadas ao atual sistema de<br />

subtransmissão de Ma<strong>na</strong>us, em 69 kV, não necessitan<strong>do</strong> assim de significativas<br />

obras de transmissão <strong>para</strong> sua continuidade operativa;<br />

. Para a implantação de uma UTE nova é imprescindível ter disponibiliza<strong>do</strong><br />

o sistema de transmissão e subtransmissão associa<strong>do</strong> até outubro de 2008.<br />

5.1.12 Potência Disponível Local e Balanço da Demanda<br />

Consideran<strong>do</strong> o volume de <strong>gás</strong> contrata<strong>do</strong>, a nova expansão necessária e as<br />

conversões das termelétricas <strong>para</strong> operação bi-combustível, <strong>na</strong> Tabela 5.1.15 é<br />

apresentada a potência disponível das usi<strong>na</strong>s consideradas <strong>para</strong> o atendimento da<br />

demanda no perío<strong>do</strong> 2008 – 2012.<br />

Tabela 5.1.15 Potência Disponível Local<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia - 2007<br />

(1) Considera as restrições operativas no mês da demanda máxima anual<br />

Por outro la<strong>do</strong> a projeção de demanda prevista <strong>para</strong> o Sistema Ma<strong>na</strong>us no<br />

horizonte 2008-2012 deverá se dar de acor<strong>do</strong> com ao da<strong>do</strong>s da Tabela 5.1.16. a seguir.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 113<br />

Tabela 5.1.16 Projeção da Demanda – Sistema Ma<strong>na</strong>us<br />

Fonte: CTM / GTON – Ciclo 2006<br />

A partir desses da<strong>do</strong>s a Tabela 5.1.17 apresenta o balanço de demanda previsto<br />

<strong>para</strong> o horizonte 2008-2012.<br />

Tabela 5.1.17 Balanço da Demanda – Horizonte 2008 – 2012<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia – 2007<br />

(1)<br />

Disponibilidade de potência após o desconto das reduções<br />

Deve-se destacar que em 2008 foi considerada como maior máqui<strong>na</strong> uma<br />

turbi<strong>na</strong> a <strong>gás</strong> de 74 MW de potência efetiva e a partir de 2009, uma turbi<strong>na</strong> a vapor de<br />

86 MW. A reserva operacio<strong>na</strong>l considerada se refere a UTE B, convertida <strong>para</strong> operação<br />

bi-combustível.<br />

Observa-se que em 2009 e 2010 é necessária a utilização da reserva operacio<strong>na</strong>l<br />

(UTE B) <strong>para</strong> cobrir o déficit previsto de 30 a 79 MW, respectivamente, em regime<br />

normal. Para isso, tor<strong>na</strong>-se necessário fazer <strong>uso</strong> <strong>do</strong>s volumes contratuais de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

desti<strong>na</strong><strong>do</strong>s a CIGÁS (0,5 MM m 3 /dia) e a CEAM (0,2 MM m 3 /dia). A partir de 2011,<br />

essa reserva não será suficiente <strong>para</strong> cobrir os déficits previstos.


114 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Consideran<strong>do</strong> a perda da maior unidade gera<strong>do</strong>ra, já a partir de 2009 a<br />

utilização da reserva operacio<strong>na</strong>l não é suficiente <strong>para</strong> cobrir os déficits previstos,<br />

deven<strong>do</strong> os mesmos serem atendi<strong>do</strong>s com a utilização das unidades não convertidas,<br />

operan<strong>do</strong> com combustível líqui<strong>do</strong>.<br />

Dessa forma, se pode concluir que é necessária a antecipação da interligação<br />

Tucuruí-Macapá-Ma<strong>na</strong>us de 2012, conforme previsto no Plano de Expansão da EPE,<br />

<strong>para</strong> 2010, de mo<strong>do</strong> a evitar a utilização da onerosa geração com combustível líqui<strong>do</strong><br />

<strong>para</strong> atendimento ao Sistema Ma<strong>na</strong>us.<br />

5.1.13 A Demanda de Gás <strong>para</strong> Geração Termoelétrica<br />

<strong>para</strong> 2010, 2015 e 2020<br />

Na tabela 5.1.18, da<strong>do</strong>s técnicos e econômicos sobre a conversão de óleo<br />

<strong>para</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong>s termelétricas que atendem Ma<strong>na</strong>us.<br />

Tabela 5.1.18 Da<strong>do</strong>s da Conversão de Óleo <strong>para</strong> Gás <strong>na</strong>s Termelétricas de Ma<strong>na</strong>us<br />

(*) considera o custo de conversão de óleo <strong>para</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> das usi<strong>na</strong>s da Ma<strong>na</strong>us Energia de<br />

R$ 95,39 milhões e custo de implantação de nova usi<strong>na</strong> termelétrica em ciclo combi<strong>na</strong><strong>do</strong> de 240<br />

MW de R$ 400,40 milhões, medidas que permitirão a entrada em operação das referidas usi<strong>na</strong>s<br />

a partir de 2010.<br />

Obs.: Não foram considera<strong>do</strong>s os custos <strong>para</strong> expansão e interligação das redes elétricas de<br />

transmissão locais.<br />

5.1.14 Conclusões<br />

1. A conversão das unidades térmicas da área de Aparecida (4 LM6000, sen<strong>do</strong><br />

2 em Aparecida e 2 <strong>na</strong> planta D), num total de 152 MW e da UTE Rio Negro (planta


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 115<br />

W), de 157 MW <strong>para</strong> operação bi-combustível, mostra-se necessária e economicamente<br />

vantajosa <strong>para</strong> a operação <strong>na</strong> base, por um perío<strong>do</strong> de 20 anos;<br />

2. A conversão da UTE B de 110 MW efetivos mostrou-se necessária e<br />

economicamente atraente, desde que a mesma seja utilizada como reserva operacio<strong>na</strong>l,<br />

visan<strong>do</strong> suprir as indisponibilidades <strong>do</strong> parque térmico;<br />

3. Será necessária a implantação de uma nova termelétrica em ciclo combi<strong>na</strong><strong>do</strong><br />

de cerca de 240MW (potência efetiva local), num arranjo de 2 turbi<strong>na</strong>s a <strong>gás</strong>, 2 caldeiras<br />

de recuperação e 1 turbi<strong>na</strong> a vapor, com a entrada em operação em ciclo simples até<br />

outubro de 2008 e o fechamento em ciclo combi<strong>na</strong><strong>do</strong> até outubro de 2009.<br />

4. Para o escoamento da energia gerada por essa nova UTE, foi considerada a<br />

necessidade de implantação, <strong>do</strong> sistema de transmissão em 230/138kV, o que se manti<strong>do</strong><br />

o planeja<strong>do</strong> ocorrerá até outubro de 2008.<br />

5. É imprescindível a realização de investimentos no sistema de subtransmissão<br />

em 69 kV, particularmente aqueles relativos à compra e instalação de, pelo menos, 14<br />

transforma<strong>do</strong>res 69/13,8 kV – 26 MVA e a implantação de duas linhas em 69 kV<br />

(Cachoeirinha – Distrito Dois e Ponta Negra – Ponta <strong>do</strong> Ismael), condições mínimas <strong>para</strong><br />

o atendimento ao merca<strong>do</strong> de energia elétrica em 2008 <strong>na</strong>s atuais subestações 69/13,8 kV;<br />

6. Com a quantidade de <strong>gás</strong> contratada, o parque gera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Sistema Ma<strong>na</strong>us,<br />

incluin<strong>do</strong> a expansão prevista de 240 MW, só atenderá a demanda até o ano de 2010,<br />

indican<strong>do</strong> a necessidade de antecipação da interligação Tucuruí – Macapá – Ma<strong>na</strong>us,<br />

<strong>para</strong> atendimento da ponta de carga prevista <strong>para</strong> este sistema em novembro daquele<br />

ano (1.073 MW).<br />

7. A conversão <strong>do</strong> parque térmico próprio da Ma<strong>na</strong>us Energia foi estimada<br />

em R$ 95,39 milhões, conforme informa<strong>do</strong> pelos fabricantes GE e Wärtsilä à<br />

Eletronorte e a Ma<strong>na</strong>us Energia.<br />

8. As obras necessárias <strong>para</strong> implantação <strong>do</strong> novo sistema de transmissão e<br />

subestações associadas no biênio 2007/2008 foram estimadas em R$ 362,31 milhões,<br />

<strong>do</strong>s quais cerca de 68% desti<strong>na</strong><strong>do</strong>s às subestações em 230 kV e 138 kV.<br />

9. A implantação da nova termelétrica em ciclo combi<strong>na</strong><strong>do</strong> de cerca de 280<br />

MW (potência ISO) foi estimada em R$ 400,40 milhões.


116 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

10. O resumo <strong>do</strong>s investimentos previstos <strong>para</strong> 2007/2008 é apresenta<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />

Tabela 5.1.19 a seguir:<br />

Tabela 5.1.19 Investimentos que foram previstos <strong>para</strong> o biênio 2007/2008<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia – 2007<br />

Referências Bibliográficas<br />

1. AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO/ANP, Nota Técnica 016/2006.<br />

2.COMPANHIA ENERGÉTICA DO AMAZONAS CEAM - Relatório de<br />

Administração -2007.<br />

3. CIGÁS, comunicação pessoal, Ma<strong>na</strong>us, 2008.<br />

4. EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA PDE/EPE - Plano Dece<strong>na</strong>l de Expansão<br />

2006-2015.<br />

5. EIA, 2005.<br />

6. ELETRONORTE/EPEE, Informativo Operacio<strong>na</strong>l 2006.<br />

7. ELETRONORTE. Relatório da Administração, 2007.<br />

8. MANAUS ENERGIA, Relatório de Administração, 2007.<br />

9. MANAUS ENERGIA, Expansão <strong>do</strong> Sistema Ma<strong>na</strong>us, 2007.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 117<br />

5.2 Setor Industrial<br />

Autora: Sandra de Castro Villar<br />

5.2.1 O Processo da Industrialização <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s<br />

O Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, com um IDH de 0,780 (PNUD, 2008) em 2005<br />

e com com uma contribuição de cerca de 1,5% <strong>na</strong> composição <strong>do</strong> PIB <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l no<br />

mesmo ano, conforme anteriormente aborda<strong>do</strong>, é em grande parte coberto pela<br />

floresta Amozônica. Na região, a valorização <strong>do</strong> manejo da floresta como fonte<br />

de renda contribuiu <strong>para</strong> que o Amazo<strong>na</strong>s atingisse, segun<strong>do</strong> o Instituto Nacio<strong>na</strong>l<br />

de Pesquisas Espaciais – INPE, uma redução de 30% nos níveis de desmatamento<br />

no perío<strong>do</strong> 2004-2005, alcançan<strong>do</strong> uma queda acumulada de 52% em relação a<br />

2003 – 2004 (INPE, 2006).<br />

Sua capital, Ma<strong>na</strong>us, surgiu em 1848 inicialmente como Cidade da Barra<br />

<strong>do</strong> Rio Negro passan<strong>do</strong> a ter o atual nome a partir de 1856. Com base <strong>na</strong> exploração<br />

da borracha, a partir de 1900, em conjunto com Belém <strong>do</strong> Pará, Ma<strong>na</strong>us passou<br />

por um perío<strong>do</strong> de grande progresso e desenvolvimento, sen<strong>do</strong> a primeira cidade<br />

brasileira a ser urbanizada e a segunda a possuir energia elétrica (a primeira foi<br />

Campos <strong>do</strong>s Goytacazes, no Rio de Janeiro). Este quadro começou a mudar a<br />

partir da segunda metade <strong>do</strong> século XIX. Os ingleses haviam leva<strong>do</strong> sementes<br />

selecio<strong>na</strong>das de seringueiras (Hevea Brasiliensis) <strong>para</strong> suas colônias <strong>do</strong> sudeste<br />

asiático as quais, com base <strong>na</strong>s vantagens com<strong>para</strong>tivas relativamente ao Brasil<br />

(Tabela 5.2.1), se desenvolveram rapidamente. Já no início <strong>do</strong> século XX, chegaram<br />

ao merca<strong>do</strong> inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l as primeiras partidas de produção asiática e, com a sua<br />

rápida ascensão, a borracha amazônica começou a perder merca<strong>do</strong> levan<strong>do</strong> ao<br />

declínio a economia da região.<br />

A Zo<strong>na</strong> Franca de Ma<strong>na</strong>us, inicialmente criada como Porto Livre através<br />

de Decreto Lei de 1957, e a construção da ro<strong>do</strong>via Belém-Brasília, no fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s<br />

anos 50, foram importantes passos <strong>na</strong> direção de quebrar o isolamento e a<br />

estag<strong>na</strong>ção econômica que havia se instala<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong> da região <strong>Norte</strong>.


118 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 5.2.1 Cultivo da Borracha no Brasil e <strong>na</strong> Ásia – Da<strong>do</strong>s Com<strong>para</strong>tivos<br />

Fonte: www.portalamazonia.globo.com<br />

Relativamente à Zo<strong>na</strong> Franca de Ma<strong>na</strong>us, a partir de Decreto-Lei de 1967,<br />

que ampliava a lei estabelecida dez anos antes, o modelo foi efetivamente implanta<strong>do</strong>,<br />

com sua proposta se inserin<strong>do</strong> no contexto da chamada “operação Amazônica”,<br />

anunciada pelo governo <strong>do</strong> Marechal Castello Branco em 1965 (tomdadaamazônia,<br />

2008). A proposta estimulava a ocupação econômica e demográfica da região, o que<br />

poderia ser alcança<strong>do</strong> via o encadeamento entre produção, demanda, emprego e renda.<br />

Assenta<strong>do</strong> <strong>na</strong> concessão de incentivos fiscais e orienta<strong>do</strong> ao desenvolvimento<br />

<strong>do</strong>s três setores econômicos básicos – indústria , comércio e agropecuária, o modelo<br />

da Zo<strong>na</strong> Franca de Ma<strong>na</strong>us (ZFM) <strong>na</strong>quele momento se alinhava à proposta, em voga<br />

<strong>na</strong> época, de substituição das importações como forma de fortalecimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

interno brasileiro, o que se daria via a implantação de empresas fabricantes de bens<br />

de consumo durável.<br />

Para dar suporte à proposta, ainda em 1966 o governo havia cria<strong>do</strong> a SUDAM<br />

– Superintendência <strong>para</strong> o Desenvolovimento da Amazônia que, com poderes <strong>para</strong><br />

distribuir incentivos fiscais e fi<strong>na</strong>nceiros especiais <strong>para</strong> atrair investi<strong>do</strong>res priva<strong>do</strong>s<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is <strong>para</strong> a região, tinha como objetivo principal estimular a<br />

criação de pólos de desenvolvimento que deveriam se espalhar por toda a bacia<br />

amazônica. Na mesma linha, em 1967 foi também criada a Superintendência da Zo<strong>na</strong><br />

Franca de Ma<strong>na</strong>us (SUFRAMA, 2008). Seu objetivo é o de administrar e controlar os<br />

incentivos fiscais concedi<strong>do</strong>s às empresas interessadas em se instalar <strong>na</strong> Zo<strong>na</strong> Franca


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 119<br />

de Ma<strong>na</strong>us, bem como promover estratégias de desenvolvimento que utilizem de forma<br />

sustentável os recursos <strong>na</strong>turais da região da Amazônia Ocidental. A partir de 1991 à<br />

área de abrangência da SUFRAMA foram incorpordas as cidades de Santa<strong>na</strong> e Macapá<br />

no Amapá (Figura 5.2.1).<br />

Figura 5.2.1 Área de Atuação da Suframa<br />

Fonte: SUFRAMA, 2008<br />

Nos primeiros anos logo após sua efetiva implantação a Zo<strong>na</strong> Franca de<br />

Ma<strong>na</strong>us se tornou um grande shopping center onde podiam ser encontra<strong>do</strong>s diversos<br />

produtos importa<strong>do</strong>s ainda não disponíveis no merca<strong>do</strong> interno. Ma<strong>na</strong>us teve uma<br />

explosão em todas as atividades, principalmente <strong>na</strong> comercial. Da<strong>do</strong>s da Junta<br />

Comercial <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s indicam que só em 1967 foram registradas 1.339 novas<br />

empresas (Ma<strong>na</strong>us Online, 2008).<br />

Naquela época não havia limites <strong>para</strong> as importações, com restrições ape<strong>na</strong>s<br />

<strong>para</strong> armas e munições, fumo, bebidas alcoólicas, automóveis de passeio e perfumes,<br />

cuja importação só poderia ser feita mediante o pagamento de to<strong>do</strong>s os impostos.<br />

Mas a partir de 1976 o Governo Federal fixou uma quota de bagagem <strong>para</strong> os<br />

passageiros que saíam da ZFM, e os turistas brasileiros, que iam somente <strong>para</strong> fazer<br />

compras, aos poucos foram deixan<strong>do</strong> de ir a Ma<strong>na</strong>us, já que a sua lucratividade fora<br />

reduzida também pelos altos custos com passagens aéreas e hospedagem.


120 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

A fixação de quotas de bagagem <strong>para</strong> os passageiros que saiam da Zo<strong>na</strong> Franca<br />

de Ma<strong>na</strong>us, o aumento <strong>do</strong>s custos com passagens e hospedagens e, principalmente a<br />

crescente pressão da indústria <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, que buscava proteger as unidades industriais<br />

instaladas em outras regiões <strong>do</strong> País, principalmente <strong>na</strong> região sudeste, redirecio<strong>na</strong>ram<br />

a atividade comercial da Zo<strong>na</strong> Franca que passou a importar ape<strong>na</strong>s os produtos que<br />

ainda não eram fabrica<strong>do</strong>s no Brasil. A liberalização das importações, a partir de<br />

1990, reduziu ainda mais o atrativo comercial de Ma<strong>na</strong>us.<br />

Os projetos industriais <strong>na</strong> região de Ma<strong>na</strong>us, que começaram a ser implanta<strong>do</strong>s<br />

<strong>na</strong> década de setenta e que hoje compõem o Pólo Industrial de Ma<strong>na</strong>us (PIM), tiveram<br />

sua pedra fundamental lançada em setembro de 1968. Inseri<strong>do</strong> no modelo da ZFM,<br />

inicialmente as indústrias que se localizavam no PIM tinham suas atividades voltadas<br />

<strong>para</strong> a montagem de produtos direcio<strong>na</strong><strong>do</strong>s ao merca<strong>do</strong> interno. Embora o modelo<br />

previsse liberdade <strong>para</strong> importação de componentes e insumos, também acabou por<br />

contribuir <strong>para</strong> o fomento de uma indústria <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l que gradativamente vem<br />

produzin<strong>do</strong> inter<strong>na</strong>mente estes mesmos insumos e componentes.<br />

Com a abertura da economia brasileira, o que reduziu os impostos de<br />

importação <strong>para</strong> to<strong>do</strong> o País, e a implantação <strong>do</strong> Programa Brasileiro de Qualidade e<br />

Produtividade (PBPQ) e <strong>do</strong> Programa de Competitividade Industrial, as empresas <strong>do</strong><br />

Pólo Industrial de Ma<strong>na</strong>us iniciaram um amplo processo de modernização industrial,<br />

passan<strong>do</strong> a dar maior ênfase à automação bem como à qualidade e produtividade.<br />

Nesta mesmo perío<strong>do</strong> foi a<strong>do</strong>tada <strong>para</strong> as empresas <strong>do</strong> PIM uma política de estímulo<br />

às exportações.<br />

Em 2004, das 843 unidades industriais <strong>do</strong> setor de transformação em operação<br />

no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, 393 pertenciam ao conjunto de projetos implanta<strong>do</strong>s em<br />

parceria com a SUFRAMA (Tabelas 5.2.2 e 5.2.3). Com um faturamento de US$ 6<br />

bilhões alcança<strong>do</strong> no primeiro semestre de 2004, as indústrias <strong>do</strong> Pólo Industrial de<br />

Ma<strong>na</strong>us (PIM) seriam responsáveis por manter, no mesmo ano, o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s<br />

<strong>na</strong> liderança <strong>do</strong> crescimento industrial <strong>do</strong> país (MDIC, 2004).


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 121<br />

Tabela 5.2.2 Da<strong>do</strong>s Gerais da Atividade Industrial no Amazo<strong>na</strong>s em 2004<br />

Fonte: IBGE, 2008<br />

Tabela 5.2.3 Projetos Industriais Implanta<strong>do</strong>s no PIM, por Subsetor, em 2004<br />

Fonte: Araujo, 2005


122 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Quanto aos subsetores com maior representatividade no Pólo Industrial, até<br />

1985 a liderança era, de longe, exercida pelo setor eletroeletrônico quadro que começa<br />

a mudar com a participação crescente de outros segmentos, destacadamente o de duas<br />

rodas segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> termoplástico e o químico (Tabela 5.2.4)<br />

Tabela 5.2.4 Participação <strong>do</strong>s Setores no Faturamento <strong>do</strong> PIM (1995-2004) (%)<br />

Fonte: SUFRAMA, Indica<strong>do</strong>res de Desempenho 2004<br />

Em 2005, puxa<strong>do</strong> pelas atividades <strong>do</strong> Pólo Industrial, o PIB de Ma<strong>na</strong>us<br />

alcançou a preços correntes o montante de R$ 27.214,00 bilhões, valor equivalente a<br />

pouco mais de 81% <strong>do</strong> PIB <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> no mesmo ano (IBGE, 2008). O volume de<br />

recursos recolhi<strong>do</strong>s <strong>na</strong> categoria impostos é um outro aspecto que indica a relevância<br />

das atividades <strong>do</strong> Pólo Industrial. Como detalha<strong>do</strong> adiante, hoje as atividades <strong>do</strong> Pólo<br />

Industrial são responsáveis pela maior parcela de arrecadação em tributos federais<br />

em toda a <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, excetuan<strong>do</strong>-se a participação de Tocantins.<br />

Hoje as empresas <strong>do</strong> PIM, que somam somente em Ma<strong>na</strong>us mais de 450<br />

unidades em operação com faturamento anual superior a U$ 13,6 bilhões, geração de<br />

cerca de 90 mil empregos diretos e 350 mil indiretos (nos demais esta<strong>do</strong>s de abrangência<br />

da SUFRAMA são mais de 20 mil os empregos gera<strong>do</strong>s), buscam o aumento das<br />

exportações e um maior equilíbrio da balança comercial.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 123<br />

Simultaneamente, através de investimentos em institutos de pesquisa regio<strong>na</strong>is,<br />

vem sen<strong>do</strong> estímula<strong>do</strong> o desenvolvimento tecnológico de um parque industrial que<br />

promova o maior aproveitamento das matérias primas locais. Hoje quase todas as<br />

empresas que atuam no PIM são filiais de grandes indústrias, quase sempre de capitais<br />

trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, que produzem aparelhos eletrônicos, motocicletas, relógios, aparelhos<br />

de ar condicio<strong>na</strong><strong>do</strong>, suprimentos de informática e outros, com a maioria <strong>do</strong>s<br />

componentes trazi<strong>do</strong>s de outras regiões.<br />

Quanto aos incentivos fiscais, embora a Constituição Federal de 1988 previsse<br />

a manutenção <strong>do</strong>s incentivos fiscais da Zo<strong>na</strong> Franca de Ma<strong>na</strong>us até o ano de 2013,<br />

uma Emenda Constitucio<strong>na</strong>l de dezembro de 2003 estabeleceu sua prorrogação até o<br />

ano de 2023. Eles abrangem a isenção ou redução de tributos federais, a redução <strong>do</strong><br />

imposto de importação em até 88% (I.I.), a isenção <strong>do</strong> imposto sobre produtos<br />

industrializa<strong>do</strong>s (I.P.I.), a restituição <strong>do</strong> ICMS <strong>na</strong> faixa de 55% a 100%, bem como a<br />

isenção <strong>do</strong> imposto sobre a propriedade predial e territorial urba<strong>na</strong> e de taxas<br />

municipais, como a de serviços de coleta de lixo (SUFRAMA, 2008).<br />

Em linhas gerais, no entanto, à excessão <strong>do</strong> que ocorre no PIM, hoje não<br />

existe uma verdadeira economia industrial nos esta<strong>do</strong>s que compõe a Amazônia<br />

Ocidental, dentre os quais o Amazo<strong>na</strong>s. Neste esta<strong>do</strong>, afora as existentes no Pólo<br />

Industrial de Ma<strong>na</strong>us existem algumas outras poucas indústrias isoladas, geralmente<br />

de beneficiamento de produtos agrícolas ou dedicadas ao extrativismo.<br />

Pelo la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s benefícios sociais <strong>para</strong> a região, a despeito <strong>do</strong> PIM empregar<br />

uma grande parcela da mão-de-obra local, algumas críticas têm si<strong>do</strong> observadas quanto<br />

ao modelo proposto. Além de até o momento não agregar grande valor às matériasprimas<br />

regio<strong>na</strong>is, o modelo tem acirra<strong>do</strong> a concentração de renda consideran<strong>do</strong> não<br />

só as diversas regiões de Ma<strong>na</strong>us, bem como, e principalmente, as demais regiões <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>. A diferença nos níves de renda per capita e IDH <strong>na</strong>s diversas regiões <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />

refletem essa constatação.<br />

Para a renda per capita, da<strong>do</strong>s de 2005 indicam que a cidade de Ma<strong>na</strong>us<br />

alcançou R$ 16.547,00, enquanto a geral <strong>para</strong> o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s ficou em<br />

R$ 10.320,00 (IBGE, 2006).


124 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Quanto ao IDH, o Atlas de Desenvolvimento Humano de Ma<strong>na</strong>us (PNUD,<br />

2006) mostra que a região de Nossa Senhora das Graças – Vieirópolis/Adrianópolis,<br />

da capital amazonense, tinha em 2000 um índice de 0,943, semelhante ao da Noruega,<br />

(0,942 o maior <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>na</strong> época), enquanto que a região de São José – Grande<br />

Vitória apresentava um IDH de 0,658, menor que o <strong>do</strong> Vietnã (0,688) <strong>para</strong> o mesmo<br />

ano. Ainda relativo ao mesmo índice enquanto Ma<strong>na</strong>us está entre as cidades brasileiras<br />

com maior IDH, o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s piorou sua posição, passan<strong>do</strong> <strong>do</strong> 13º <strong>para</strong> o<br />

17º lugar entre to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s Brasileiros (PNUD, 2008).<br />

Ten<strong>do</strong> como expectativa a auto-sustentação <strong>do</strong> PIM, o poder público, em<br />

parceria com o setor priva<strong>do</strong>, está investin<strong>do</strong> <strong>na</strong> formação de capital intelectual e<br />

constituição de núcleos de competência tecnológica locais. Dentre estes se destacam<br />

o Centro de Ciência, Tecnologia e Inovação <strong>do</strong> Pólo Industrial de Ma<strong>na</strong>us e o Centro<br />

de Biotecnologia da Amazônia. A proposta de interiorização <strong>do</strong> desenvolvimento busca<br />

mecanismos que induzam o maior aproveitamento econômico <strong>do</strong>s recursos <strong>na</strong>turais<br />

existentes e a promoção de alter<strong>na</strong>tivas <strong>para</strong> melhoria <strong>do</strong> nível de vida da parcela da<br />

população que não participa da proposta <strong>do</strong> PIM (SUFRAMA, 2008).<br />

5.2.2 O Pólo Industrial de Ma<strong>na</strong>us – Situação Atual<br />

e Persperctivas<br />

Na sua publicação Indica<strong>do</strong>res de Desempenho, de julho de 2008, a<br />

SUFRAMA (SUFRAMA, 2008) registra que até agosto de 2008 existiam no âmbito<br />

de sua área de atuação 335 indústrias operan<strong>do</strong> em Ma<strong>na</strong>us. Destas, 220 estavam<br />

localizadas no Distrito Industrial e 215 espalhadas por outros pontos da cidade, com<br />

o setor eletroeletrônico, segui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s segmentos de plástico, metalúrgico e duas rodas<br />

com os mais expressivos números de unidades em operação. Os investimentos fixos<br />

totais somaram US$ 1,30 bilhões (R$ 2,73 bilhões <strong>para</strong> dólar equivalente a R$ 2,10)<br />

com as maiores aplicações sen<strong>do</strong> realizadas no setor de eletroeletrônica segui<strong>do</strong> pelo<br />

de duas rodas, plástico e alimentos (Tabela 5.2.5).


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 125<br />

Tabela 5.2.5 Empresas em Ma<strong>na</strong>us e Investimentos Fixos Realiza<strong>do</strong>s – até<br />

Agosto de 2008<br />

Fonte: SUFRAMA, 2008<br />

Relativamente ao faturamento, da<strong>do</strong>s da FIEAM (FIEAM, 2007) indicam<br />

que no perío<strong>do</strong> de janeiro a dezembro de 2007 o valor acumula<strong>do</strong> somou US$ 25,68<br />

bilhões (R$ 53,93 bilhões <strong>para</strong> uma equivalência de R$ 2,10 por dólar)<br />

Para a mão de obra empregada, da<strong>do</strong>s também da FIEAM indicam que o<br />

Pólo Industrial de Ma<strong>na</strong>us encerrou o ano de 2007 com mais de 101 mil emprega<strong>do</strong>s<br />

em atividade em dezembro, <strong>do</strong>s quais pouco mais de 90%, 91.204 pessoas, mantinham<br />

relação empregatícia formal com as empresas onde atuavam.


126 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

A análise <strong>do</strong> desempenho <strong>do</strong> conjunto de segmentos <strong>do</strong> Pólo mostra que o<br />

setor de produção de eletroeletrônicos, embora segui<strong>do</strong> pela cada vez mais expressiva<br />

participação <strong>do</strong> segmento de duas rodas (passou de 18,43% <strong>para</strong> 23,35% no mesmo<br />

perío<strong>do</strong>), continuava sen<strong>do</strong> o setor de maior representatividade no faturamento geral<br />

<strong>do</strong> Pólo Industrial. A análise <strong>do</strong>s Indica<strong>do</strong>res de Desempenho divulgada pela<br />

SUFRAMA indica que no perío<strong>do</strong> de janeiro a julho de 2008 o segmento de duas<br />

rodas já tinha uma contribuição equivalente ao de eletroeletrônico no total fatura<strong>do</strong><br />

pelo Pólo (Tabela 5.2.6 e Figura 5.2.2).<br />

Tabela 5.2.6 Faturamento <strong>do</strong> Pólo Industrial de Ma<strong>na</strong>us por Subsetores–2006-2007<br />

Fonte: SUFRAMA, 2008<br />

Figura 5.2.2 Participação <strong>do</strong>s Setores no Faturamento <strong>do</strong> PIM – Jan/Jul 2008 (%)<br />

Fonte: SUFRAMA, 2008


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 127<br />

Nas indústrias instaladas no Pólo, a aquisição de insumos representa o mais<br />

importante item entre os custos de produção. Em 2003 essas despesas representaram<br />

mais de 90% <strong>do</strong>s custos totais de produção <strong>do</strong> Pólo. Nesse item, a maior parcela é<br />

relativa aos insumos adquiri<strong>do</strong>s no exterior. Em alguns como o químico e o de<br />

eletroeletrônica, de relevância <strong>para</strong> os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Pólo, os insumo importa<strong>do</strong>s<br />

representaram em 2006 e 2007 mais de 55% das despesas totais com insumo de<br />

produção (Tabela 5.2.7)<br />

Tabela 5.2.7 Aquisição de Insumos por Setor e <strong>Região</strong> (%)<br />

Fonte: SUFRAMA, 2008<br />

Este fato, associa<strong>do</strong> à uma política <strong>para</strong> as exportações até aqui pouco<br />

agressiva, tem feito com que as despesas com a importação de insumos venha<br />

ultrapassan<strong>do</strong> significativamente o valor das exportações em cada ano (Tabela 5.2.8).<br />

Tabela 5.2.8 Indica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> PIM – Importação x Exportação<br />

Fonte: SUFRAMA, 2008


128 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

A expectativa é de que a expansão das indústrias de componentes <strong>na</strong> região,<br />

que resulte em significativa redução da necessidade insumos importa<strong>do</strong>s, em conjunto<br />

com a a<strong>do</strong>ção de ações políticas mais agressivas <strong>para</strong> estímulo à exportação, atuem<br />

como mecanismos <strong>para</strong> um maior equilíbrio entre os valores totais importa<strong>do</strong>s e<br />

exporta<strong>do</strong>s, alteran<strong>do</strong> a tendência observada entre 2003 e 2007.<br />

Os níveis da arrecadação tributária <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s dão a dimensão da<br />

importância das atividades <strong>do</strong> Pólo Industrial <strong>para</strong> a região. Em 2007, em tributos<br />

federais, a indústria <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s contribuiu com R$ 10,42 bilhões <strong>do</strong> total de impostos<br />

recolhi<strong>do</strong>s <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> responsável por 61,45% de toda a<br />

arrecadação federal realizada <strong>na</strong> 2ª <strong>Região</strong> Fiscal (IBGE, 2008), que engloba toda a<br />

região norte a exceção <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Tocantins. Do total arrecada<strong>do</strong>, o Pólo Industrial<br />

de Ma<strong>na</strong>us participou com R$ 3,98 bilhões. Consideran<strong>do</strong> os impostos estaduais,<br />

também a indústria desponta como a atividade que gera o maior nível de contribuição.<br />

Em 2007 representou quase 50% <strong>do</strong> total arrecada<strong>do</strong> entre as diferentes atividades<br />

econômicas (Tabela 5.2.9).<br />

Tabela 5.2.9 Arrecadação de Tributos Estaduais por Atividade Econômica - 2007<br />

Fonte: FIEAM, 2007<br />

A questão <strong>do</strong>s incentivos fiscais <strong>para</strong> as empresas <strong>do</strong> Pólo tem como um <strong>do</strong>s<br />

exemplos a operação da conta <strong>do</strong> ICMS <strong>para</strong> os diversos segmentos industriais da região.<br />

A análise desses da<strong>do</strong>s permite identificar diferentes níveis de incentivo fiscal, relativos<br />

a esta modalidade de imposto, aplica<strong>do</strong>s a cada um <strong>do</strong>s segmentos (Tabela 5.2.10).


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 129<br />

Tabela 5.2.10 Da<strong>do</strong>s da Conta <strong>do</strong> ICMS das Empresas <strong>do</strong> PIM<br />

Fonte: SUFRAMA, 2007<br />

Quanto às perspectivas futuras <strong>para</strong> o Pólo, a expectativa é de expansão<br />

crescente <strong>do</strong>s negócios. Entre janeiro e julho de 2008, o Pólo Industrial alcançou um<br />

faturamento acumula<strong>do</strong> R$ 27,12 bilhões representan<strong>do</strong> um aumento de pouco mais<br />

de 10% em com<strong>para</strong>ção com o mesmo perío<strong>do</strong> de 2007. As empresas em operação<br />

somariam 550 unidades, responsáveis por aproximadamente 108 mil empregos diretos<br />

<strong>na</strong>s linhas de produção, (Agência Brasil, 2008).<br />

Quanto aos efeitos da crise fi<strong>na</strong>nceira de 2008, o coorde<strong>na</strong><strong>do</strong>r-geral de Estu<strong>do</strong>s<br />

Econômicos e Empresariais da SUFRAMA (Agência Brasil, 2008) observa que o<br />

aumento <strong>do</strong> dólar, um <strong>do</strong>s efeitos da crise, pode colocar a produção <strong>do</strong> pólo num<br />

cenário de maior competitividade frente a produtos provenientes de outros países. Os


130 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

artigos asiáticos, por exemplo, são normalmente vendi<strong>do</strong>s no Brasil por preços menores<br />

<strong>do</strong> que os similares <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is. Tal perspectiva, no entanto, só poderá ocorrer dentro de<br />

certos limites da<strong>do</strong> que, particularmente em alguns segmentos como anteriormente<br />

discuti<strong>do</strong>, é grande a participação de insumos de produção adquiri<strong>do</strong>s no exterior.<br />

5.2.3 O Uso da Energia <strong>na</strong> Indústria de Ma<strong>na</strong>us<br />

A evolução <strong>do</strong> Pólo Industrial de Ma<strong>na</strong>us, cujo faturamento total passou de<br />

R$ 19.073 bilhões em 2000 <strong>para</strong> R$ 49.568 bilhões em 2007, representan<strong>do</strong> um<br />

crescimento de cerca de 14% a.a., se reflete <strong>na</strong> dinâmica <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong> consumo<br />

de energia da cidade de Ma<strong>na</strong>us, fundamentalmente em se tratan<strong>do</strong> da energia elétrica<br />

empregada <strong>na</strong> indústria.<br />

Na cidade de Ma<strong>na</strong>us o consumo industrial de energia elétrica cresceu cerca<br />

de 8,35% a.a. entre 2000-2007, passan<strong>do</strong> de 878 GWh/ano <strong>para</strong> 1.539 GWh/ano enquanto<br />

que, no mesmo perío<strong>do</strong>, o consumo total cresceu à taxa de 4,83% a.a., valor significativamente<br />

menor. Na estrutura de consumo de energia elétrica em Ma<strong>na</strong>us, a participação relativa da<br />

indústria saltou de 34,8% <strong>para</strong> 43,9% entre 2000 e 2007 (Tabela 5.2.11).<br />

Tabela 5.2.11 Evolução <strong>do</strong> Consumo de Energia Elétrica em Ma<strong>na</strong>us - 2000 - 2007<br />

Fontes: Elaboração própria a partir de ABRADEE, 2008 e Ma<strong>na</strong>us Energia, 2003<br />

Para garantir a evolução da demanda de energia, o parque gera<strong>do</strong>r que atende<br />

à cidade de Ma<strong>na</strong>us, hoje isola<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema Interliga<strong>do</strong> Nacio<strong>na</strong>l (SIN), conta com a<br />

hidrelétrica de Balbi<strong>na</strong>, com uma potência de 250 MW e várias unidades de geração


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 131<br />

térmica, essencialmente a óleo combustível. Destas, duas são ligadas à Ma<strong>na</strong>us Energia<br />

(parques térmicos de Aparecida e Mauá), com as demais pertencen<strong>do</strong> a empresas<br />

produtoras independentes de energia (PIE).<br />

A dimensão da quantidade de óleo combustível desti<strong>na</strong>da à geração termelétrica<br />

em Ma<strong>na</strong>us pode ser avaliada pela previsão feita pela ANP <strong>para</strong> o ano de 2006, que<br />

somava um total de 469.205 t (ANP, 2006), bem como pelo Grupo Técnico Operacio<strong>na</strong>l<br />

da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> <strong>para</strong> o ano de 2007, que, neste caso, somaria 714.281 t.<br />

(ELETROBRAS, 2007). As vendas totais de óleo combustível realizadas em Ma<strong>na</strong>us<br />

em 2006 e 2007 somaram, respectivamente, 555.502 e 888.730 t (ANP, 2008),<br />

concentran<strong>do</strong> cerca de 40% <strong>do</strong> consumo de toda a <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> (Tabela 5.2.12).<br />

Tabela 5.2.12 Evolução das Vendas de Óleo Combustível <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> e Amazo<strong>na</strong>s (t)<br />

Fonte: ANP, 2008<br />

Com estes da<strong>do</strong>s é ainda possível concluir que mais de 80 % <strong>do</strong> total de óleo<br />

combustível consumi<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s foi desti<strong>na</strong><strong>do</strong> à geração de energia elétrica,<br />

fican<strong>do</strong> os demais 20% desti<strong>na</strong><strong>do</strong>s a outros <strong>uso</strong>s, dentre os quais o da indústria.<br />

5.2.4 Pressupostos <strong>para</strong> os Estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Uso <strong>do</strong> Gás no<br />

Setor Industrial da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

i- Disponibilidade de Gás<br />

A entrada em operação <strong>do</strong> gasoduto Coari – Ma<strong>na</strong>us, prevista <strong>para</strong> fi<strong>na</strong>l de<br />

2009, complementan<strong>do</strong> o trecho Urucu – Coari, já em operação, si<strong>na</strong>liza <strong>para</strong> um real<br />

aumento da disponibilidade de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s. Com a operação<br />

<strong>do</strong> gasoduto serão notadamente beneficiadas a cidade de Ma<strong>na</strong>us e as cidades de<br />

Codajás, Anori, A<strong>na</strong>mã, Caapiranga, Ma<strong>na</strong>capuru e Iranduba localizadas a uma<br />

distância máxima de 5 km da área de passagem <strong>do</strong> gasoduto.


132 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Dada a distribuição espacial das empresas e a disponibilidade de <strong>gás</strong> no curto<br />

prazo, a análise <strong>do</strong> <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong>na</strong> indústria amazonense se restringirá às indústrias <strong>do</strong><br />

Pólo Industrial. Além dessas, a análise também poderá contemplar empresas localizadas<br />

em outros pontos da cidade de Ma<strong>na</strong>us que também poderão vir a se beneficiar <strong>do</strong><br />

fornecimento de <strong>gás</strong>.<br />

ii - Variáveis Tecnológicas Consideradas nos Estu<strong>do</strong>s<br />

a) Os estu<strong>do</strong>s poderiam considerar 3 (três) diferentes possibilidades <strong>para</strong> <strong>uso</strong><br />

fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> <strong>gás</strong>: <strong>uso</strong> energético <strong>para</strong> geração de calor, em sistemas de cogeração com<br />

geração de frio e vapor e em sistemas de absorção <strong>para</strong> geração de frio.<br />

b) Poderiam ainda ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s critérios associa<strong>do</strong>s à capacidade de adaptação<br />

tecnológica das empresas ten<strong>do</strong> em vista a dinâmica <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de energia e seus<br />

impactos <strong>na</strong> expectativa de fornecimento de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>:<br />

. Processo demanda energia firme: difícil adaptação <strong>para</strong> <strong>uso</strong> de outros<br />

insumos energéticos – 1<br />

. Processo pode ser associa<strong>do</strong> a um perfil de demanda energia parcialmente<br />

flexível: maior possibilidade de adaptação, em alguns casos consideran<strong>do</strong> não só a<br />

questão tecnológica como as características <strong>do</strong> processo. A título de exemplo, no<br />

segmento de papel e celulose onde, em princípio, a etapa de produção de celulose<br />

pode ser mais facilmente adaptada ao <strong>uso</strong> de outros insumos energéticos enquanto<br />

que, a produção de papel demandaria uma maior garantia no fornecimento- 2<br />

. Processo se caracteriza pela total flexibilidade no <strong>uso</strong> da energia: ple<strong>na</strong><br />

capacidade de adaptação <strong>para</strong> substituição <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por outros energéticos - 3<br />

i i i – Segmentos Industriais Selecio<strong>na</strong><strong>do</strong>s <strong>para</strong> a Realização <strong>do</strong>s Estu<strong>do</strong>s<br />

Na seleção <strong>do</strong>s setores com maior potencial de utilização <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, foram<br />

considera<strong>do</strong>s aspectos econômicos e tecnológicos liga<strong>do</strong>s a cada um <strong>do</strong>s setores<br />

considera<strong>do</strong>s, dentre os quais destaca-se:


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 133<br />

Para os aspectos de ordem econômica,<br />

a) A existência de pelo menos 4 empresas <strong>do</strong> setor operan<strong>do</strong> em Ma<strong>na</strong>us,<br />

dentre as quais pelo menos 3 instaladas no Pólo Industrial<br />

b) O total fatura<strong>do</strong> e recursos investi<strong>do</strong>s em 2006,<br />

E <strong>para</strong> os aspectos tecnológicos,<br />

Dentre as tecnologias de <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> disponíveis no merca<strong>do</strong> brasileiro,<br />

as de maior potencial de aplicação pelos setores, poden<strong>do</strong>-se ainda considerar, conforme<br />

anteriormente aborda<strong>do</strong>, a capacidade de adaptação da tecnologia à utilização de outros<br />

insumos energéticos <strong>na</strong> hipótese de eventuais alterações no quadro de oferta de <strong>gás</strong>.<br />

A partir desses pressupostos, 6 (seis) setores foram prelimi<strong>na</strong>rmente<br />

selecio<strong>na</strong><strong>do</strong>s. Para eles foram então avaliadas as tecnologias aplicáveis consideran<strong>do</strong><br />

o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, bem como estimada a capacidade de resposta a eventuais alterações<br />

no merca<strong>do</strong> de oferta de <strong>gás</strong> (Tabela 5.2.13).<br />

Tabela 5.2.13 Inserção <strong>do</strong> Gás Natural <strong>na</strong> Indústria de Ma<strong>na</strong>us – Setores Pré-<br />

Selecio<strong>na</strong><strong>do</strong>s<br />

1 - difícil adaptação <strong>para</strong> <strong>uso</strong> de outros insumos energéticos<br />

2 - maior possibilidade de adaptação<br />

3 - ple<strong>na</strong> capacidade de adaptação por outros energéticos<br />

(**) <strong>para</strong> que o fornecimento de <strong>gás</strong> possa oscilar entre firme e flexível deverá ser a<strong>do</strong>tada a<br />

tecnologia dual, com a utilização de <strong>gás</strong> e, opcio<strong>na</strong>lmente, óleo diesel<br />

(***) só será flexível se o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> puder ser substituí<strong>do</strong> por GLP, mas limita<strong>do</strong> a um<br />

determi<strong>na</strong><strong>do</strong> nível de interrupção/ perío<strong>do</strong> de substituição <strong>para</strong> evitar prejuízos <strong>para</strong> a empresa<br />

da<strong>do</strong> o valor mais alto da tarifa <strong>do</strong> GLP.<br />

Obs.: <strong>na</strong> hipótese de utilização de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em sistemas de cogeração deverão ser<br />

considera<strong>do</strong>s, prioritariamente, <strong>uso</strong>s contínuos, evitan<strong>do</strong> opções em batelada, menos eficientes.<br />

Fonte: Elaboração própria


134 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.2.5 Possibilidades de Uso <strong>do</strong> Gás Natural <strong>na</strong>s Indústrias<br />

em Ma<strong>na</strong>us<br />

5.2.5.1 Geração de Da<strong>do</strong>s de Base<br />

Para avaliar as alter<strong>na</strong>tivas propostas <strong>para</strong> <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> - geração de calor e<br />

geração de frio – tomou-se como referência um conjunto de da<strong>do</strong>s base relativos ao<br />

consumo de energia <strong>na</strong> indústria de Ma<strong>na</strong>us. Num primeiro plano foram considera<strong>do</strong>s<br />

os da<strong>do</strong>s agrega<strong>do</strong>s de consumo <strong>do</strong> óleo combustível e da energia elétrica, principais<br />

insumos emprega<strong>do</strong>s <strong>na</strong> indústria local e, portanto, principal foco <strong>para</strong> os estu<strong>do</strong>s de<br />

substituição por <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

i – Consumo de Óleo Combustível<br />

Para o óleo combustível, como detalha<strong>do</strong> a seguir, tomou-se como referência<br />

os da<strong>do</strong>s agrega<strong>do</strong>s de consumo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> em 2006 e a parcela que <strong>na</strong>quele ano foi<br />

desti<strong>na</strong>da à geração termoelétrica, historicamente principal item de consumo de óleo<br />

no Esta<strong>do</strong>. A partir destes estimou-se quanto <strong>do</strong> consumo excedente seria desti<strong>na</strong><strong>do</strong> à<br />

indústria, base <strong>para</strong> os estu<strong>do</strong>s de substituição por <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

ii – Consumo de Energia Elétrica<br />

Para a energia elétrica, também conforme detalha<strong>do</strong> a seguir, conheci<strong>do</strong>s os<br />

da<strong>do</strong>s de consumo industrial estimou-se, <strong>para</strong> os estu<strong>do</strong>s de aplicação <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong>na</strong> geração<br />

de frio, a parcela <strong>do</strong> consumo de energia elétrica desti<strong>na</strong>da a este tipo de aplicação. A<br />

geração de frio é de grande relevância da<strong>do</strong> o perfil médio da atividade industrial <strong>na</strong><br />

região, com grande presença de monta<strong>do</strong>ras que exigem ambientes climatiza<strong>do</strong>s.<br />

iii – Usos Fi<strong>na</strong>is da Energia<br />

De forma complementar, e visan<strong>do</strong> estimar o perfil <strong>do</strong> consumo de energia<br />

de alguns setores industriais, conforme a seguir detalha<strong>do</strong>, realizou-se um levantamento<br />

de da<strong>do</strong>s em algumas empresas da região, neste caso, contan<strong>do</strong> com a cooperação<br />

local <strong>do</strong> Centro de Desenvolvimento Energético Amazônico – CDEAM, da UFAM-<br />

Universidade Federal <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 135<br />

Neste levantamento foram visitadas 6 (seis) indústrias das quais 1 (uma)<br />

pertencente ao setor eletroeletrônico, 1 (uma) ao setor de metalurgia, 1 (uma) ao de<br />

bebidas, e 2 (duas) ao setor de duas rodas.<br />

Quanto ao <strong>uso</strong> da energia elétrica, das empresas visitadas a indústria <strong>do</strong> setor<br />

eletroeletrônico e as duas <strong>do</strong> setor de duas rodas estão enquadradas <strong>na</strong> tarifa horosazo<strong>na</strong>l/azul,<br />

e as demais <strong>na</strong> modalidade tarifa convencio<strong>na</strong>l (Tabela 5.2.14 ).<br />

Tabela 5.2.14 Unidades Industriais Avaliadas<br />

Fonte: <strong>INT</strong>/CDEAM/UFAM<br />

Para cada uma dessas empresas, os principais da<strong>do</strong>s da fatura de energia<br />

elétrica, consideran<strong>do</strong> as empresas com contrato <strong>na</strong> modalidade de tarifa Convencio<strong>na</strong>l<br />

e Horo-Sazo<strong>na</strong>l Azul, estão respectivamente registra<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s Tabelas 5.2.15 e 5.2.16.<br />

Tabela 5.2.15 Resumo das Faturas das Empresas <strong>na</strong> Tarifa Convencio<strong>na</strong>l<br />

Fonte: <strong>INT</strong>/CDEAM/UFAM<br />

Tabela 5.2.16 Resumo das Faturas - Empresas com Tarifa Horo-Sazo<strong>na</strong>l<br />

Fonte: <strong>INT</strong>/CDEAM/UFAM


136 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Na climatização, a pesquisa mostrou que a maior carga encontrava-se instalada<br />

<strong>na</strong> empresa identificada como Duas Rodas 1, seguida da de Eletro Eletrônica<br />

(Tabela 5.2.17).<br />

Tabela 5.2.17 Sistema de Climatização de Ambientes<br />

Fonte: <strong>INT</strong>/CDEAM/UFAM<br />

Em duas empresas, <strong>na</strong> de Refrigerantes e <strong>na</strong> identificada como Duas Rodas<br />

2, foi também identificada a utilização de sistemas de refrigeração (Tabela 5.2.18).<br />

Tabela 5.2.18 Sistema de Refrigeração<br />

Fonte: <strong>INT</strong>/CDEAM/UFAM<br />

Para geração de calor, foi identifica<strong>do</strong> o <strong>uso</strong> da energia elétrica <strong>na</strong> empresa <strong>do</strong><br />

setor eletro eletrônico e <strong>na</strong>s duas <strong>do</strong> segmento de duas rodas (Tabela 5.2.19).<br />

Tabela 5.2.19 Calor Aplica<strong>do</strong> no Processo <strong>na</strong>s Empresas Visitadas<br />

Fonte: <strong>INT</strong>/CDEAM/UFAM


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 137<br />

Relativamente à carga motriz, foi verifica<strong>do</strong> que a maior carga instalada pertencia<br />

à empresa identificada como Duas Rodas 1, seguida pela de Eletro Eletrônico (Tabela<br />

5.2.20). A empresa Duas Rodas 2 não disponibilizou da<strong>do</strong>s relativos a este <strong>uso</strong>.<br />

Tabela 5.2.20 Carga Motriz Instalada por Empresa<br />

Fonte: <strong>INT</strong>/CDEAM/UFAM<br />

Das 6 (seis) indústrias avaliadas, somente as <strong>do</strong> setor duas rodas e eletroeletrônica<br />

dispõem de gera<strong>do</strong>res emergenciais alimenta<strong>do</strong>s a óleo diesel (Tabela 5.2.21)


138 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 5.2.21 Grupo de gera<strong>do</strong>res emergenciais<br />

Fonte: <strong>INT</strong>/CDEAM/UFAM<br />

A Tabela 5.2.22 sintetiza a carga total estimada por <strong>uso</strong> fi<strong>na</strong>l <strong>para</strong> todas as<br />

unidades industriais consumi<strong>do</strong>ras visitadas.<br />

Tabela 5.2.22 Setor Indústria - Estimativa de Carga Total Instalada por Empresa<br />

Fonte: <strong>INT</strong>/CDEAM/UFAM<br />

À exceção da indústria metalúrgica, foi identificada a produção de vapor <strong>na</strong>s<br />

empresas <strong>do</strong>s demais segmentos, com o óleo combustível, o GLP e a lenha sen<strong>do</strong> os<br />

combustíveis utiliza<strong>do</strong>s, embora nem todas as empresas tenham disponibiliza<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s<br />

referentes ao consumo de energia e à produção total de vapor (Tabela 5.2.23).


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 139<br />

Tabela 5.2.23 - Sistema de Caldeiras<br />

Fonte: <strong>INT</strong>/CDEAM/UFAM<br />

5.2.5.2 Estu<strong>do</strong>s de Caso<br />

Função da limitação de da<strong>do</strong>s relativos ao perfil de consumo de energia nos<br />

segmentos previamente selecio<strong>na</strong><strong>do</strong>s, das três alter<strong>na</strong>tivas inicialmente propostas <strong>para</strong><br />

<strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> indústria amazonense, os estu<strong>do</strong>s de caso, <strong>para</strong> o horizonte<br />

2010-2020, contemplaram a geração de calor e a geração de frio. No primeiro avaliouse<br />

a substituição <strong>do</strong> óleo combustível pelo <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>; <strong>na</strong> segunda, a substituição da<br />

energia elétrica por <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.


140 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.2.5.2.1 Avaliação da Substituição <strong>do</strong> Óleo<br />

Combustível por Gás Natural <strong>na</strong> Geração de Calor<br />

Da<strong>do</strong>s de base<br />

Venda de Óleo Combustível em Ma<strong>na</strong>us (Tabela 5.2.24)<br />

Tabela 5.2.24 Vendas de óleo combustível pelas distribui<strong>do</strong>ras (m 3 )<br />

Fonte: ANP,2008<br />

Densidade <strong>do</strong> óleo combustível – 1.000 kg/m 3<br />

Poder calorífico <strong>do</strong> óleo – 9.590 kcal/kg<br />

Poder calorífico <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> seco – 8.800 kcal /m 3<br />

Usos em 2006<br />

Geração termoelétrica – 513,8 milhões kg/ano (Ma<strong>na</strong>us Energia)<br />

Outros <strong>uso</strong>s estima<strong>do</strong>s:<br />

Usos no setor serviços (5 % <strong>do</strong> sal<strong>do</strong>) – 2,1 milhões de kg<br />

Uso Industrial (95% <strong>do</strong> sal<strong>do</strong>) – 39,86 milhões de kg<br />

Da<strong>do</strong>s Considera<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Simulação <strong>do</strong> Cenário de Evolução <strong>do</strong> Consumo de<br />

Óleo Combustível:<br />

Na evolução histórica <strong>do</strong> consumo de óleo combustível no setor industrial<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l observa-se uma taxa de crescimento da ordem de 4,4% no perío<strong>do</strong> 1990-<br />

1997, a partir <strong>do</strong> qual tem início a evolução <strong>do</strong> consumo a taxas negativas, -8,72%<br />

a.a. no perío<strong>do</strong> 1997-2005. Por outro la<strong>do</strong>, o consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, seu substituto<br />

mais indica<strong>do</strong>, cresceu a uma taxa de 12,5% a.a.<br />

Da<strong>do</strong> que as indústrias amazonenses localizadas no PIM são principalmente<br />

monta<strong>do</strong>ras que têm, hoje, <strong>na</strong> energia elétrica seu principal insumo energético, estimouse<br />

que o consumo de óleo combustível deverá crescer à taxa de 3% a.a. no perío<strong>do</strong>


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 141<br />

2006 – 2020, percentual inferior ao considera<strong>do</strong> <strong>para</strong> crescimento <strong>do</strong> PIB e <strong>do</strong> consumo<br />

de energia elétrica, este estima<strong>do</strong> em 8,0% a.a. <strong>para</strong> o mesmo perío<strong>do</strong>.<br />

Desta forma admitiu-se que o consumo industrial de óleo combustível deverá<br />

ser de:<br />

em 2010 - 44,86 milhões de kg;<br />

em 2015 - 52,01 milhões de kg;<br />

em 2020 - 60,29 milhões de kg.<br />

Uso Térmico <strong>do</strong> Gás Natural - quantidade relativa à substituição <strong>do</strong> óleo<br />

combustível e à expansão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, com instalação de novas indústrias<br />

demanda<strong>do</strong>ras de <strong>gás</strong><br />

Admitin<strong>do</strong>-se que este <strong>uso</strong> se dê preferencialmente em caldeiras, os da<strong>do</strong>s<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>para</strong> conversão foram o poder calorífico <strong>do</strong> óleo e <strong>do</strong> <strong>gás</strong>, respectivamente<br />

9590 kcal/m 3 (densidade igual a 1) e 8.800 kcal/m 3 . Dadas as características <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong>, que não demanda pré-aquecimento, admitiu- se que o real volume fi<strong>na</strong>l de<br />

<strong>gás</strong> será equivalente a 95% <strong>do</strong> obti<strong>do</strong> pela relação entre o poder calorífico <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />

energéticos.<br />

Em cada volume de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> <strong>uso</strong> térmico estima<strong>do</strong> <strong>para</strong> o perío<strong>do</strong><br />

2010-2020 considerou-se, <strong>para</strong> efeito de cálculo, um percentual relativo à substituição<br />

<strong>do</strong> consumo espera<strong>do</strong> de óleo combustível. A partir de 2015 considerou-se ainda uma<br />

parcela adicio<strong>na</strong>l relativa à expansão <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>: 10% e 30% <strong>do</strong> volume<br />

estima<strong>do</strong>, respectivamente <strong>para</strong> 2015 e 2020, <strong>para</strong> efeito de substituição <strong>do</strong> óleo. Esta<br />

expansão decorreria da instalação de novas indústrias que, atraídas pela disponibilidade<br />

de <strong>gás</strong>, se instalariam no entorno da rede de fornecimento.<br />

A partir dessas premissas, em cada ano o volume de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> <strong>uso</strong><br />

térmico seria equivalente a:<br />

Em 2010 - 10% <strong>do</strong> consumo espera<strong>do</strong> de óleo combustível (4,486 milhões<br />

de kg) é substituí<strong>do</strong> por <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, representan<strong>do</strong> um consumo equivalente de 4.644,3<br />

mil m 3 de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em 2010.<br />

Em 2015 - 40% <strong>do</strong> consumo espera<strong>do</strong> de óleo combustível (20,80 milhões<br />

de kg) é substituí<strong>do</strong> por <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, alcançan<strong>do</strong> um consumo equivalente de 21.553,92


142 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

mil m 3 de <strong>gás</strong>. Com o acréscimo relativo à expansão <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> (10%), o<br />

volume anual total de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> <strong>uso</strong> térmico alcançaria 23.709,32 mil m 3 de <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> em 2015 (<strong>para</strong> efeito de cálculo, volume equivalente a 22,90 milhões de kg<br />

em óleo combustível).<br />

Em 2020 - chegaria a 70 % a substituição <strong>do</strong> óleo combustível emprega<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />

indústria, representan<strong>do</strong> 42,20 milhões de kg de óleo previstos <strong>para</strong> este ano,<br />

equivalente a 43.689,00 mil m 3 de <strong>gás</strong>. Com o acréscimo relativo à expansão <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> (30%), o volume anual total de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> <strong>uso</strong> térmico somaria<br />

56.795,70 mil m 3 de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em 2020 (<strong>para</strong> efeito de cálculo, volume equivalente<br />

a 54,86 milhões de kg em óleo combustível).<br />

Análise Econômica<br />

Valor A<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>para</strong> as Tarifas (2007):<br />

Óleo: R$ 1,097/kg (ANP,2008)<br />

Gás <strong><strong>na</strong>tural</strong>: a R$ 0,90/m 3 (SERGAS – Sergipe Gás S.A, 2008)<br />

Investimentos (custo da instalação) - <strong>para</strong> um valor médio de R$ 160,00/ mil m 3 ,<br />

os investimentos totais são estima<strong>do</strong>s em (mil R$/ ano):<br />

2010 – 743,09<br />

2015 – 3.793,49<br />

2020 – 9.087,31<br />

Vida Útil - 20 anos<br />

Custo Anual de Operação e Manutenção <strong>do</strong>s Equipamentos: neste caso estão<br />

incorpora<strong>do</strong>s nos investimentos<br />

Custos Evita<strong>do</strong>s e Realiza<strong>do</strong>s com os Energéticos (Tabela 5.2.25)


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 143<br />

Tabela 5.2.25 Custos Equivalentes Evita<strong>do</strong>s e Realiza<strong>do</strong>s com Óleo e Gás Natural<br />

Fonte: Elaboração Própria<br />

Economia Líquida Anual (mil R$/ ano):<br />

2010 - 741,27<br />

2015 - 3.782,92<br />

2020 - 9.065,29<br />

5.2.5.2.2 Geração de Frio - Substituição da Energia<br />

Elétrica por Gás Natural<br />

Para este estimativa duas possibilidades poderão ser consideradas: Substituição<br />

<strong>do</strong> Motor Elétrico por Motor a Gás no Setor Industrial e Geração de Frio por Sistema<br />

de Absorção.<br />

5.2.5.2.2 1 Substituição Linear <strong>do</strong> Motor Elétrico<br />

por Motor a Gás no Setor<br />

Dada as características das principais empresas <strong>do</strong> PIM, muitas no ramo de<br />

eletroeletrônico, onde se estima que o sistema de climatização corresponda a segunda<br />

maior demanda, representan<strong>do</strong> mais de 40% da demanda total, admitiu-se que, ao<br />

longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, 10% da energia elétrica total consumida no setor industrial seria<br />

desti<strong>na</strong>da à climatização. Para evolução <strong>do</strong> consumo industrial total de energia<br />

elétrica, considerou-se a hipótese de que ela cresceria à razão de 8% a.a., valor<br />

médio da evolução <strong>do</strong> consumo de energia elétrica observa<strong>do</strong> <strong>na</strong> indústria da região<br />

no perío<strong>do</strong> 2002/07.<br />

Desta forma, a seguir a evolução esperada <strong>do</strong> consumo total de energia elétrica<br />

no setor industrial, bem como <strong>para</strong> o sistema de climatização <strong>do</strong> setor (Tabela 5.2.26).


144 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 5.2.26 Evolução Prevista <strong>para</strong> o Consumo de Energia Elétrica no Setor Industrial<br />

Fonte: Elaboração própria a partir de da<strong>do</strong>s da ABRADEE<br />

No âmbito desta alter<strong>na</strong>tiva, no entanto, apesar de ser significativa a parcela<br />

<strong>do</strong> consumo de energia elétrica desti<strong>na</strong>da à climatização, estimada em 10% <strong>do</strong> consumo<br />

total <strong>do</strong> setor, a diferença entre o valor pratica<strong>do</strong> <strong>para</strong> as tarifas de energia elétrica e<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> não proporcio<strong>na</strong> a rentabilidade mínima ao investimento. Em média, o<br />

motor a <strong>gás</strong>, ainda não fabrica<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong> interno, custa cerca de três vezes mais<br />

<strong>do</strong> que o similar a óleo <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />

A partir dessas considerações, a geração de frio por sistema de absorção a <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong>, conforme discuti<strong>do</strong> a seguir, constitui-se, no momento, <strong>na</strong> melhor alter<strong>na</strong>tiva <strong>para</strong><br />

substituir, no setor industrial de Ma<strong>na</strong>us, o <strong>uso</strong> da energia elétrica em sistemas de climatização.<br />

5.2.5.2.2 2 Geração de Frio por Sistema<br />

de Absorção<br />

Foram avaliadas duas alter<strong>na</strong>tivas de emprego de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em sistema de<br />

absorção em substituição à energia elétrica <strong>na</strong> geração de frio foram avaliadas.<br />

Na primeira, a partir da evolução esperada <strong>do</strong> consumo de energia elétrica<br />

desti<strong>na</strong>da à atividade industrial em Ma<strong>na</strong>us e da parcela dessa energia que seria<br />

desti<strong>na</strong>da à climatização (vide Tabela 5.2.26), estimou-se, de forma linear, o volume<br />

de <strong>gás</strong> e custos envolvi<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a hipótese de que parte <strong>do</strong> sistema elétrico hoje em<br />

operação <strong>para</strong> geração de frio seria, gradativamente, substituí<strong>do</strong> por sistema de absorção<br />

a <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

Na segunda, tomaram-se como referência os da<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s visitas<br />

realizadas a empresas <strong>do</strong> Pólo Industrial em Ma<strong>na</strong>us e da área construída média de 8<br />

(oito) empresas <strong>do</strong> setor eletroeletrônico (SUFRAMA, 2007). A partir desses da<strong>do</strong>s,<br />

buscou-se estimar o volume de <strong>gás</strong> e custos envolvi<strong>do</strong>s consideran<strong>do</strong> a hipótese de


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 145<br />

que essas empresas viessem a substituir, até 2020, parte <strong>do</strong> sistema elétrico em operação<br />

<strong>para</strong> geração de frio por sistema de absorção a <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

Equivalências A<strong>do</strong>tadas<br />

. Para operar o sistema existente, da<strong>do</strong> o tempo médio de vida das empresas<br />

<strong>na</strong> região, considerou-se 1 TR com COP (coeficiente de performance) igual a 4,0. Em<br />

termos de consumo de energia elétrica, <strong>para</strong> um perío<strong>do</strong> de operação de 200 dias/ano<br />

e 16h/dia (3.200 h/ano), nos cálculos considerou-se que cada TR equivaleria a um<br />

consumo de 2.790 kWh/ano.<br />

. Para o ciclo de absorção a ser implanta<strong>do</strong>, considerou-se um coeficiente de<br />

performance (COP) igual a 1,5. Assim <strong>para</strong> retirar 3.000 kcal/h (1 TR), consideran<strong>do</strong><br />

uma operação de 200 dias/ano e 16h/dia (3.200 h/ano) em 726,4 m 3 de GN/ano o<br />

consumo por TR.<br />

Alter<strong>na</strong>tiva 1 – Substituição <strong>do</strong> Sistema Elétrico por Sistema de Absorção<br />

Tal como nos cálculos onde se considerou a substituição <strong>do</strong> motor elétrico<br />

por motor a <strong>gás</strong>, admitiu-se que a parcela <strong>do</strong> consumo de energia elétrica desti<strong>na</strong>da à<br />

climatização seguiria o anteriormente a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong> (vide Tabela 5.2.26). Neste caso, os<br />

cálculos <strong>para</strong> avaliação desta alter<strong>na</strong>tiva tomaram como referência os da<strong>do</strong>s de energia<br />

elétrica a ser substituída, equivalência em TR (tonelada de refrigeração) e demanda de<br />

<strong>gás</strong> detalha<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Tabela 5.2.27.<br />

Tabela 5.2.27 Energia Elétrica a ser Substituída, Equivalência em TR e<br />

Necessidade de Gás<br />

Fonte: Elaboração Própria


146 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Análise Econômica<br />

Valor A<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>para</strong> as Tarifas<br />

Energia elétrica:<br />

Para o consumo a R$ 219,17/MWh (ANEEL 2007)<br />

Para a demanda – R$ 15,00/kW<br />

Gás Natural - R$ 0,75/m 3 (SERGAS – Sergipe Gás S.A, 2008)<br />

Investimento (custo da instalação) - US$ 395/ kW (VENTURINI, CANTARUTTI,<br />

2007) – câmbio: R$ 2,10/US$ - Totais em mil reais<br />

2015 – 3.693,87<br />

2020 – 10.850,90<br />

Vida Útil - 20 anos<br />

Custo Anual de Operação e Manutenção <strong>do</strong>s Equipamentos - Para o projeto chiller de<br />

absorção com queima direta, de acor<strong>do</strong> com VENTURINI, CANTARUTTI,<br />

considerou-se 4% <strong>do</strong> custo da conversão(VENTURINI, CANTARUTTI, 2007). Totais<br />

em mil reais:<br />

2015 - 147,75<br />

2020 - 434,04<br />

Custos Evita<strong>do</strong>s e Realiza<strong>do</strong>s com os Energéticos (Tabela 5.2.28)<br />

Tabela 5.2.28 Custos Evita<strong>do</strong>s e Realiza<strong>do</strong>s com Energéticos – Substituição da<br />

Energia Elétrica por Gás Natural em Sistemas de Absorção – Estimativa de<br />

Substituição Linear<br />

Fonte: Elaboração própria


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 147<br />

Economia Líquida Anual – ( em mil reais):<br />

2015 - 259,64<br />

2020 - 784,87<br />

Alter<strong>na</strong>tiva 2 – Substituição <strong>do</strong> Sistema Elétrico <strong>para</strong> Geração de Frio no Setor<br />

Eletroeletrônico por Sistema de Absorção:<br />

Neste exercício considerou-se, a partir de 2015, a hipótese de substituição<br />

gradativa <strong>do</strong> sistema elétrico hoje em operação no setor eletro eletrônico <strong>para</strong> geração<br />

de frio por sistema de absorção a <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Para tal tomou-se como referência os<br />

da<strong>do</strong>s levanta<strong>do</strong>s em pesquisa de campo em empresa <strong>do</strong> setor sen<strong>do</strong> rebati<strong>do</strong>s <strong>para</strong> as<br />

8 empresas com maior área construída hoje em operação no PIM, dentre as quais a<br />

própria empresa de referência:<br />

Da<strong>do</strong>s de Base<br />

Da Empresa de Referência:<br />

· Área total construída- 10.354 m 2<br />

· Área estimada com demanda de carga <strong>para</strong> refrigeração<br />

(50% da área total) – 5177 m 2<br />

· Da<strong>do</strong>s gerais <strong>do</strong> consumo de energia elétrica (<strong>INT</strong>/CDEAM/UFAM)<br />

- Demanda média <strong>do</strong> sistema de climatização: 2.435,28 kW<br />

- Consumo diário total refrigeração – 58.446,70 kWh/dia<br />

- Consumo horário (empresa opera 24 h/dia) – 2435,27 kWh/ h<br />

- Cálculo <strong>do</strong> consumo de energia por m 2 <strong>para</strong> climatização (área<br />

considerada 50% da total) - Consumo horário por m 2 = 0, 4704<br />

kWh/ m 2 h<br />

Da<strong>do</strong>s da Área <strong>do</strong> Conjunto das Oito Empresas<br />

A área construída total das oito maiores empresas soma 282.857 m 2 (10.354<br />

m 2 pertencentes à Empresa de Referência).


148 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Da<strong>do</strong>s da Área Considerada a ser Climatizada por Sistema de Absorção a Gás<br />

2015 - 5% da área (14.142 m 2 ) será convertida <strong>para</strong> sistema de absorção;<br />

2020 – 15% da área (42.428 m 2 ) será convertida <strong>para</strong> sistema de absorção;<br />

Da<strong>do</strong>s das Áreas a Serem Atendidas, Consumos Estima<strong>do</strong>s, TR Equivalentes e<br />

Necessidades de Gás (Tabela 5.2.29)<br />

Tabela 5.2.29 Áreas Atendidas, Energia Elétrica a ser Substituída, Equivalência<br />

em TR e Necessidade de Gás<br />

Análise Econômica:<br />

Valor A<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>para</strong> as Tarifas<br />

Energia elétrica:<br />

Para o consumo a R$ 219,17/MWh (ANEEL 2007)<br />

Para a demanda – R$ 15,00/kW<br />

Gás Natural:<br />

R$ 0,75/m 3 (SERGAS – Sergipe Gás S.A, 2008)<br />

Investimento (custo da instalação) - US$ 395/ kW (VENTURINI, CANTARUTTI,<br />

2007) – câmbio: R$ 2,10/US$ - Totais em mil reais<br />

2015 – 5.518,17<br />

2020 - 16.555,48


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 149<br />

Vida Útil: 20 anos<br />

Custo anual de operação e manutenção <strong>do</strong>s equipamentos - de acor<strong>do</strong> com<br />

VENTURINI, CANTARUTTI, considerou-se 4% <strong>do</strong> custo da conversão<br />

(VENTURINI, CANTARUTTI, 2007). Totais em mil reais:<br />

2015 – 220,73<br />

2020 – 662,22<br />

Custos Evita<strong>do</strong>s e Realiza<strong>do</strong>s com os Energéticos (Tabela 5.2.30)<br />

Tabela 5.2.30 Custos Evita<strong>do</strong>s e Realiza<strong>do</strong>s com Energéticos – Substituição da<br />

Energia Elétrica por Gás Natural em Sistemas de Absorção – Estimativa Setorial<br />

Fonte: Elaboração própria<br />

Economia Líquida Anual (em mil R$):<br />

2015 – 387,86<br />

2020 – 1.163,65<br />

A Tabela 5.2.31 resume os principais da<strong>do</strong>s referentes às quatro alter<strong>na</strong>tivas<br />

a<strong>na</strong>lisadas <strong>para</strong> <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no setor industrial em Ma<strong>na</strong>us. A partir <strong>do</strong>s cenários<br />

elabora<strong>do</strong>s e a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>s a seguir, nos quais estarão sen<strong>do</strong> avalia<strong>do</strong>s aspectos<br />

econômicos, sociais e ambientais das opções industriais de <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong>para</strong> a região,<br />

será a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong> o potencial de aplicação de cada alter<strong>na</strong>tiva <strong>para</strong> o setor industrial.<br />

Para os cenários estarão sen<strong>do</strong> consideradas as opções que tratam da substituição <strong>do</strong><br />

óleo combustível (<strong>uso</strong> térmico) e da geração de frio por sistema de absorção no setor<br />

eletroeletrônico, neste caso substituin<strong>do</strong> a energia elétrica.


150 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 5.2.31 Resumo das <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> A<strong>na</strong>lisadas <strong>para</strong> Uso <strong>do</strong> Gás Natural no<br />

Setor Industrial em Ma<strong>na</strong>us<br />

Fonte: Elaboração própria<br />

Referências Bibliográficas<br />

PNUD (Programa das Nações Unidas <strong>para</strong> o Desenvolvimento), Ranking <strong>do</strong> IDH <strong>do</strong>s<br />

Esta<strong>do</strong>s em 2005, 2008. Disponível em: http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade<br />

PNUD (Programa das Nações Unidas <strong>para</strong> o Desenvolvimento), Relatório <strong>do</strong><br />

Desenvolvimento Humano 2007/2008. Disponível em: http://www.pnud.org.br/rdh/<br />

INPE, Estimativa de Desmatamento da Amazônia no Perío<strong>do</strong> 2004-2005, Brasília,<br />

outubro de 2006. Disponível em: www.dpi.inpe.br/gilberto/present/MCTprodes_apresentacao_26Out_2006.ppt<br />

TOM DA AMAZÔNIA, História da Ocupação da Amazônia, 2008. Disponível em<br />

www.tomdaamazonia.org.br/biblioteca/files/Cad.Prof-4-Historia.<strong>pdf</strong><br />

SUFRAMA, Modelo da Zo<strong>na</strong> Franca, História, 2008, www.suframa.gov.br<br />

MDIC - Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Pólo Industrial<br />

de Ma<strong>na</strong>us mantém liderança de crescimento, , 2004, notícia. Disponível em: http://<br />

www.desenvolvimento.gov.br/sitio/inter<strong>na</strong>/noticia<br />

IBGE, Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s, 2008. Disponível em: www.ibge.gov.br/esta<strong>do</strong>sat/<br />

Araujo, Guajarino de Araujo Filho, Cooperação Entre Empresas no Pólo Industrial de<br />

Ma<strong>na</strong>us, Tese de Doutora<strong>do</strong>, D.Sc. Engenharia de Produção, UFRJ, agosto de 2005


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 151<br />

SUFRAMA, Indica<strong>do</strong>res de Desempenho, julho de 2004. Disponível em: http://<br />

www.suframa.gov.br/modelozfm_ind_indica<strong>do</strong>respim.cfm<br />

IBGE, Produto Interno Bruto e Produto Interno Bruto per Capta Segun<strong>do</strong> Regiões,<br />

Esta<strong>do</strong>s e Municípios – 2002 – 2005. Disponível em: www.ibge.gov.br<br />

IBGE, Segunda <strong>Região</strong> Fiscal, 2008. Disponível em:<br />

(http://www.receita.fazenda.gov.br/historico/srf/relgestao/2rf/consolidadas.htm)<br />

PNUD, Atlas de Desenvolvimento Humano em Ma<strong>na</strong>us, 2002. Disponível em: http:/<br />

/www.pnud.org.br/publicacoes/atlas_ma<strong>na</strong>us/index.php<br />

SUFRAMA, Indica<strong>do</strong>res de Desempenho, julho de 2008. Disponível em: http://<br />

www.suframa.gov.br/modelozfm_ind_indica<strong>do</strong>respim.cfm<br />

SUFRAMA, Perfil das empresas com projetos aprova<strong>do</strong>s pela SUFRAMA até junho<br />

de 2007, 2008<br />

FIEAM – Federação das Indústrias <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, Indica<strong>do</strong>res Industriais,<br />

dezembro de 2007. Disponível em: www.fieam-amazo<strong>na</strong>s.org.br<br />

SUFRAMA, Indica<strong>do</strong>res de Desempenho <strong>do</strong> PIM 2007, 2008<br />

EBC – Empresa Brasileira de Comunicação - Agência Brasil, Crise mundial tem<br />

impacto positivo no Pólo Industrial de Ma<strong>na</strong>us, avalia pesquisa<strong>do</strong>r, out/09/2008<br />

Disponível em: http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/10/09/<br />

ABRADEE, Associação Brasileira de Distribui<strong>do</strong>res de Energia Elétrica, Da<strong>do</strong>s de<br />

Merca<strong>do</strong> das Empresas Distribui<strong>do</strong>ras, 2008. Disponível em:<br />

http://www.abradee.org.br/banco_de_da<strong>do</strong>s.asp#<br />

MANAUS ENERGIA, Relatório de Demonstrações Contábeis, Dezembro de 2003.<br />

Disponível em: http://www.ma<strong>na</strong>usenergia.gov.br/relatorios/BalancoDezembro-2003.<strong>pdf</strong><br />

ANP, Conta Consumo de Combustíveis <strong>do</strong>s Sistemas Isola<strong>do</strong>s de Geração de Energia<br />

Elétrica, Levantamento <strong>do</strong>s Valores <strong>do</strong>s Combustíveis e Fretes Pagos Pelas Empresas<br />

Gera<strong>do</strong>ras de Energia Elétrica <strong>do</strong>s Sistemas Isola<strong>do</strong>s, Nota Técnica 016/2006, 2006.<br />

Disponível em: www.anp.gov.br<br />

ELETROBRAS, Grupo Técnico Operacio<strong>na</strong>l da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, Plano de Operação<br />

2007 Sistemas Isola<strong>do</strong>s<br />

ANP, Anuário Estatístico Brasileiro <strong>do</strong> Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 2008.<br />

Disponível em: http://www.anp.gov.br/conheca/anuario_2008.asp


152 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

COMINIWEB – Grupo Comunidade de Comunicação, As obras estarão concluídas<br />

em dezembro deste ano e a entrada em operação está prevista <strong>para</strong> setembro de 2009.<br />

Disponível em: - http://www.comuniweb.com.br/<br />

VENTURINI, O.J., CANTARUTTI, B.R., Análise Técnico-Econômica de Sistemas<br />

de Condicio<strong>na</strong>mento de Ar Utilizan<strong>do</strong> Chillers de Absorção, 8º Congresso Ibero<br />

Americano de Ingenieria Mecanica, Cusco, out./23-25/2007.<br />

Outros Sites<br />

http://portalamazonia.globo.com/<br />

http://www.ma<strong>na</strong><strong>uso</strong>nline.com<br />

http://www.aneel.gov.br/


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 153<br />

5.3 Setor Comercial<br />

Autor: Marcelo Rousseau Valença Schwob<br />

O <strong>uso</strong> <strong>do</strong> GN no setor comercial se concentra, ainda que de mo<strong>do</strong> menos<br />

pronuncia<strong>do</strong> que no setor residencial, <strong>na</strong>s regiões metropolita<strong>na</strong>s <strong>do</strong> Rio de Janeiro e<br />

São Paulo, representan<strong>do</strong> 81% <strong>do</strong> consumo <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no setor comercial.<br />

Tabela 5.3.1 Venda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> pelas distribui<strong>do</strong>ras estaduais <strong>para</strong> o setor<br />

comercial<br />

Fonte: Abe<strong>gás</strong>, 2007


154 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Em geral, a demanda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no setor comercial se desti<strong>na</strong> a propósitos, como:<br />

geração elétrica, através de sistemas de geração ou cogeração, aquecimento de água<br />

<strong>para</strong> cozinhas, banheiros, pisci<strong>na</strong>s, lavanderias e sistemas de calefação, cocção de<br />

alimentos (fornos e fogões industriais) e outros.<br />

A demanda potencial de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no setor comercial se concentra em alguns<br />

importantes sub-setores, como: supermerca<strong>do</strong>s (cogeração e aquecimento de água),<br />

shopping centers (refrigeração, cogeração etc.), hotéis (fogões industriais, aquece<strong>do</strong>res de<br />

pisci<strong>na</strong>, cogeração, calefação etc.), padarias (fornos), restaurantes (fogões industriais) etc.<br />

5.3.1 Uso <strong>do</strong> Gás Natural no Setor Comercial em Ma<strong>na</strong>us<br />

Consideran<strong>do</strong> a maior heterogeneidade <strong>do</strong> conjunto das unidades<br />

consumi<strong>do</strong>ras comerciais, envolven<strong>do</strong> sub-setores com distintos índices de consumo<br />

específico de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, fica inviável o estabelecimento de um índice único de<br />

consumo específico por unidade comercial, o que deve ser busca<strong>do</strong> dentro de cada<br />

sub-setor, ainda que com grandes faixas de variação, dependen<strong>do</strong> da <strong>na</strong>tureza <strong>do</strong> subsetor<br />

considera<strong>do</strong>. No caso de Ma<strong>na</strong>us, a quantidade de unidades consumi<strong>do</strong>ras dentro<br />

de cada sub-setor comercial e as respectivas estimativas de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

são as seguintes:<br />

Centros Comerciais (shopping centers) (4): consideran<strong>do</strong> a possibilidade de<br />

a<strong>do</strong>ção de sistemas de cogeração em cada um deles, com demanda elétrica unitária da<br />

ordem de 700 kW, estima-se um consumo potencial total de GN por volta de 10 mil<br />

m³/dia (2.500 m³/unidade.dia), consideran<strong>do</strong> operação de 10 h/dia e relação de 3,65<br />

kWh/m³ (eficiência térmica de 35,7% no motor de acio<strong>na</strong>mento); caso ocorra o <strong>uso</strong><br />

convencio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em substituição ao GLP, como em restaurantes e<br />

lanchonetes, os da<strong>do</strong>s de consumo específico seriam baixos, da ordem de 350 m³ /<br />

unidade.dia (total: 1.400 m³/dia), consideran<strong>do</strong> 10 restaurantes e lanchonetes por<br />

shopping center;<br />

Padarias: estimou-se <strong>para</strong> Ma<strong>na</strong>us uma densidade de padarias de cerca de<br />

30% da média <strong>do</strong> sudeste brasileiro, da ordem de 1.000 habitantes/padaria no sudeste,<br />

em função de diferenças culturais. Assim, com 1,6 milhão de habitantes, admitiu-se


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 155<br />

que em Ma<strong>na</strong>us existam cerca de 480 padarias. Com um consumo médio de 1.000 m³<br />

de GN/mês/padaria e ainda uma participação <strong>do</strong>s fornos a <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no cenário geral<br />

da ordem de 15% <strong>para</strong> o setor (72 padarias), consideran<strong>do</strong> a intensa participação de<br />

fornos elétricos e a GLP, além da limitada amplitude da rede de GN, considera-se<br />

viável em médio prazo a comercialização de cerca de 2.400 m³/dia de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em<br />

panificações de pequeno porte <strong>na</strong> cidade (33 m³/unidade.dia);<br />

Hotéis: consideran<strong>do</strong> a existência de cerca de 30 hotéis de médio e grande<br />

porte (60 a 100 quartos) <strong>na</strong> região urba<strong>na</strong> da cidade, onde a rede de distribuição<br />

deverá se expandir, e admitin<strong>do</strong>-se o consumo de GN restrito a cocção, aquecimento<br />

de água <strong>para</strong> cozinhas e banheiros, consideran<strong>do</strong> a aplicação de sistemas de cogeração<br />

ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong>s quatro unidades de maior capacidade (demanda elétrica > 500 kW) e um<br />

atendimento da rede a cerca de 30% dessas instalações, estima-se <strong>para</strong> médio prazo<br />

um potencial de consumo de GN a ser explora<strong>do</strong> da ordem de 2.400 m³/dia (1.000<br />

m³/unidade.dia <strong>para</strong> instalações com cogeração e 200 m³/unidade.dia <strong>para</strong> instalações<br />

sem cogeração);<br />

Supermerca<strong>do</strong>s: consideran<strong>do</strong> a existência de cerca de 10 unidades de grande<br />

porte, com demanda elétrica da ordem de 800 kW (câmaras frigoríficas, ar<br />

condicio<strong>na</strong><strong>do</strong>, refrigera<strong>do</strong>res e gôn<strong>do</strong>las), sen<strong>do</strong> metade <strong>na</strong> área de distribuição de<br />

GN, aplican<strong>do</strong> sistemas de cogeração com relações da ordem de 3,5 kWh/m³ de GN,<br />

estima-se <strong>para</strong> médio prazo uma demanda de GN nesse conjunto da ordem de 20.000<br />

m³/dia (4.000 m³/unidade.dia);<br />

Restaurantes: levan<strong>do</strong> em conta <strong>para</strong> Ma<strong>na</strong>us a densidade de restaurantes da<br />

área central <strong>do</strong> Rio de Janeiro, que é da ordem de 8.600 habitantes/restaurante (total<br />

de 186 restaurantes) (IBGE, 2007), uma demanda média de GN da ordem de 500 m³/<br />

mês.restaurante e um percentual de atendimento pela rede de distribuição de 30%,<br />

estima-se que em médio prazo a demanda total de GN nos restaurantes poderá ser da<br />

ordem de 1.000 m³/dia (17 m³/unidade.dia);<br />

Hospitais e Casas de Saúde: a cidade de Ma<strong>na</strong>us conta com cerca de 30<br />

hospitais e casas de saúde, quase to<strong>do</strong>s com considerável demanda de água quente e<br />

vapor (esterilização, lavanderia e cozinha/restaurante), através de caldeiras e autoclaves.<br />

Estiman<strong>do</strong>-se <strong>para</strong> um hospital médio a operação de uma caldeira de 500 kg de vapor


156 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

por hora, com carga média operacio<strong>na</strong>l de 60% de sua capacidade, operan<strong>do</strong> 300 h/<br />

mês, o consumo decorrente de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> seria da ordem de 7.000 m³/mês <strong>para</strong> cada<br />

unidade hospitalar ou 210 mil m³/mês (7.000 m³/dia) <strong>para</strong> um grupo de 30 unidades<br />

hospitalares. Adicio<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-se a possibilidade de implementação de sistemas de<br />

cogeração <strong>na</strong>s 5 maiores unidades, de mo<strong>do</strong> a fornecer calor <strong>para</strong> as demandas citadas,<br />

além de frio <strong>para</strong> sistemas de ar condicio<strong>na</strong><strong>do</strong> e eletricidade <strong>para</strong> toda a instalação<br />

(média de 500 kW por unidade), a demanda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> desses sistemas poderá ser<br />

da ordem de 73.000 m³/mês.hospital ou cerca de 12.200 m³/dia <strong>para</strong> o grupo de seis<br />

hospitais. No total, a demanda potencial de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em médio prazo, consideran<strong>do</strong><br />

as premissas apresentadas seria de 19.200 m³/dia. Todavia, consideran<strong>do</strong> uma restrição<br />

de atendimento da ordem de 50%, em função da limitada extensão da rede de<br />

distribuição que deverá ser construída, estima-se a possibilidade de suprimento de<br />

cerca de 9.600 m³/dia de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> a rede de hospitais e casa de saúde de<br />

Ma<strong>na</strong>us (2.300 m³/unidade.dia).<br />

Soman<strong>do</strong>-se a demanda potencial de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>do</strong> conjunto de sub-setores<br />

mencio<strong>na</strong><strong>do</strong>s, estima-se <strong>para</strong> médio prazo uma demanda total de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> o<br />

setor comercial da cidade de Ma<strong>na</strong>us da ordem de 45.400 m³/dia, valor três vezes e<br />

meia maior que a demanda potencial de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> prevista anteriormente <strong>para</strong> o<br />

setor residencial da mesma cidade. Tal estimativa transparece certo otimismo, pois,<br />

caso efetivada, classificaria a cidade de Ma<strong>na</strong>us como a terceira <strong>do</strong> país em consumo<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no setor comercial, diante <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

atual, no qual participaria com cerca de 7,6 % <strong>do</strong> consumo total, o que não parece<br />

provável. Nessa avaliação não foram incluídas edificações comerciais com certo<br />

potencial de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, como: prédios administrativos (Petrobrás,<br />

Câmaras Municipal e Estadual etc.), clubes e agremiações esportivas (Fast, Rio Negro,<br />

São Raimun<strong>do</strong> etc.) e prédios públicos (Centros culturais, teatros, museus,<br />

universidades e autarquias públicas): UFAM, deze<strong>na</strong>s de museus, teatros etc.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 157<br />

Tabela 5.3.2 Estimativa da evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> comercial <strong>do</strong> GN em Ma<strong>na</strong>us<br />

Fonte: elaboração própria.<br />

Obs.: Considerou-se vida útil de 30 anos <strong>para</strong> as infra-estruturas implantadas, preço de oferta <strong>do</strong><br />

GN em Ma<strong>na</strong>us de R$ 2,00/m³, valor que daria competitividade ao <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em relação ao<br />

GLP e ao óleo diesel. Admitiu-se prazo de retorno de 10 anos <strong>para</strong> o investimento <strong>na</strong> expansão da<br />

rede de distribuição de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> o setor comercial.<br />

Referências Bibliográficas<br />

ABEGAS – www.abegas.org.br<br />

IBGE – www.ibge.gov.br


158 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.4 Setor de Transporte<br />

Autor: Marcelo Rousseau Valença Schwob<br />

Em muitos países o merca<strong>do</strong> de transporte tem reagi<strong>do</strong> de mo<strong>do</strong> positivo e<br />

gradativo ao processo de ampliação da participação <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Tal vem ocorren<strong>do</strong><br />

desde o início <strong>do</strong>s anos 90 no setor ro<strong>do</strong>viário, ainda que de mo<strong>do</strong> concentra<strong>do</strong> em<br />

alguns países e segmentos. Dentre estes destaca-se o <strong>uso</strong> em veículos leves <strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong>,<br />

Brasil, Itália e Paquistão, o transporte ro<strong>do</strong>viário de passageiros <strong>na</strong> Ucrânia, Chi<strong>na</strong>,<br />

Rússia, Coréia e Índia e o segmento de transporte ro<strong>do</strong>viário de cargas em países da<br />

Europa <strong>do</strong> Leste, com destaque <strong>para</strong> Rússia e Ucrânia (NGV, 2008). Mais recentemente,<br />

a partir <strong>do</strong> fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s anos 90, começaram a surgir experiências positivas de emprego<br />

<strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> também nos segmentos de transporte marítimo e fluvial em alguns<br />

países, indican<strong>do</strong> um grande potencial de aplicação a ser explora<strong>do</strong>.<br />

Algumas iniciativas de fabricantes de motores, como a Guascor <strong>na</strong> Espanha,<br />

vem sen<strong>do</strong> realizadas de mo<strong>do</strong> efetivo, ainda que com aplicação restrita a barcos de<br />

pesca de peque<strong>na</strong> e média potência (GUASCOR, 2008). Mesmo o acio<strong>na</strong>mento de<br />

grandes embarcações com o emprego de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> já vem sen<strong>do</strong> rapidamente<br />

desenvolvi<strong>do</strong>, com boas perspectivas de aplicação em médio prazo no merca<strong>do</strong><br />

mundial, consideran<strong>do</strong> diversas iniciativas de desenvolvimento tecnológico em vários<br />

países. Na Coréia <strong>do</strong> Sul, por exemplo, uma associação da Hiundai com a Wartsila<br />

está pon<strong>do</strong> em prática a construção de 206 motores duais (<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>/diesel) de grande<br />

porte <strong>para</strong> operação em 52 embarcações de transporte de GNL (GASBRASIL, 2008).<br />

Tu<strong>do</strong> indica que esta solução, impulsio<strong>na</strong>da por crescentes exigências ambientais,<br />

mostra uma forte tendência da inserção de motores a <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> que deverá influenciar<br />

futuros projetos de embarcações no mun<strong>do</strong> inteiro.<br />

No Brasil, a TWB projeta, fabrica e explora serviços de operação de barcos<br />

tipo ferry boat de carga e passageiros de médio e grande porte (100 veículos e 800<br />

passageiros) com casco duplo de alumínio, operan<strong>do</strong> com motores duais a <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

e óleo diesel (80%/20%). A empresa fica sediada no esta<strong>do</strong> de Santa Catari<strong>na</strong> e já<br />

fornece equipamentos <strong>para</strong> o serviço de travessia da baía de To<strong>do</strong>s os Santos em<br />

Salva<strong>do</strong>r, com perspectivas de estabelecimento <strong>do</strong> mesmo tipo de serviço <strong>na</strong> baía de<br />

Gua<strong>na</strong>bara, ressaltan<strong>do</strong> sua potencialidade de aplicação <strong>na</strong> região amazônica, onde


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 159<br />

mais de 90% <strong>do</strong> transporte de carga e passageiros é realiza<strong>do</strong> através <strong>do</strong> modal fluvial<br />

(TWB, 2008).<br />

Enquanto o merca<strong>do</strong> de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> transporte marítimo e<br />

fluvial encontra-se em sua etapa de desenvolvimento inicial, o modal terrestre apresentase<br />

em franco processo de crescimento e maturação em deze<strong>na</strong>s de países no mun<strong>do</strong>,<br />

principalmente quanto ao merca<strong>do</strong> de veículos leves, com destaque <strong>para</strong> o Brasil que<br />

em 2007 atingiu a primeira posição no mun<strong>do</strong> com relação à frota de veículos a <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> em circulação e quanto à demanda de GNV em seu merca<strong>do</strong> interno<br />

(GNVGUIDE, 2008).<br />

Atualmente, segun<strong>do</strong> a IANGV (Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Association for Natural Gas<br />

Vehicles), a frota brasileira de veículos a GNV, em sua imensa maioria composta por<br />

veículos leves, é de 1.476.219 unidades (23,2% da frota mundial operada com GNV).<br />

Com relação à frota de veículos pesa<strong>do</strong>s (ônibus e caminhões), o cenário <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

apresenta uma quantidade inexpressiva e atualmente não contemplada pelos da<strong>do</strong>s<br />

estatísticos oficiais. No mun<strong>do</strong>, todavia, a frota de veículos pesa<strong>do</strong>s é considerável. O<br />

quadro geral das frotas mundial e brasileira a GNV se apresenta como <strong>na</strong> tabela 5.4.1.<br />

Tabela 5.4.1 Frota veicular a GNV no Brasil e no Mun<strong>do</strong><br />

Fonte: IANGV, 2007<br />

Obs.: A frota de veículos a GNV representa atualmente 0,8% da frota mundial de veículos.<br />

A demanda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> correspondente à frota brasileira e mundial é apresentada<br />

<strong>na</strong> Tabela 5.4.2.


160 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 5.4.2 Consumo total de GNV no Brasil e no Mun<strong>do</strong> (milhões m³/dia)<br />

Fonte: IANGV, 2007<br />

Para atendimento da referida demanda de GNV, a infra-estrutura de<br />

abastecimento no Brasil e no Mun<strong>do</strong> apresenta os seguintes números.<br />

Tabela 5.4.3 Postos de abastecimento de GNV no Brasil e no Mun<strong>do</strong><br />

Fonte: IANGV, 2007<br />

5.4.1 Merca<strong>do</strong> Nacio<strong>na</strong>l<br />

O merca<strong>do</strong> de GNV começou a se estabelecer efetivamente no Brasil no fi<strong>na</strong>l<br />

da década de 90, por volta de 1996, apesar de algumas iniciativas pontuais a partir de<br />

1992. Na fase inicial de formação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de GNV, as taxas de crescimento mais<br />

elevadas ocorreram no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro, pela oferta <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> da bacia de<br />

Campos e pelos incentivos ofereci<strong>do</strong>s pelo governo estadual. Em seguida, <strong>do</strong>is a três<br />

anos após, o merca<strong>do</strong> de São Paulo também foi alavanca<strong>do</strong>, inicialmente com a oferta<br />

<strong>do</strong> <strong>gás</strong> de Campos e em seguida, com o <strong>gás</strong> da Bolívia. Nos últimos cinco anos outros<br />

esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Nordeste, Sul e Sudeste também apresentaram significativo crescimento<br />

(<strong>INT</strong>, 2002). Em agosto de 2008, o merca<strong>do</strong> de GNV já atingia 20 esta<strong>do</strong>s da federação,<br />

sen<strong>do</strong> três deles via GNC transporta<strong>do</strong> por via ro<strong>do</strong>viária, envolven<strong>do</strong> um total de<br />

263 cidades (FOLHADOGNV, 2008).


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 161<br />

De mo<strong>do</strong> geral, os da<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s tabelas anteriores mostram a<br />

importância <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> brasileiro de GNV no cenário mundial. Além disso, trata-se<br />

de um merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r que apresentou taxas de crescimento extremamente<br />

elevadas nos últimos dez anos, muito superiores aos <strong>do</strong>s outros setores consumi<strong>do</strong>res<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no país. Esse processo de crescimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de GNV foi importante<br />

<strong>na</strong> capilarização da rede urba<strong>na</strong> de distribuição de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em deze<strong>na</strong>s de cidades<br />

<strong>do</strong> país, além de apresentar importantes aspectos econômicos <strong>na</strong> geração de emprego<br />

e instalação de empresas industriais (deze<strong>na</strong>s de fabricantes de componentes) e<br />

comerciais (706 ofici<strong>na</strong>s de conversão) no país (FOLHADOGNV, 2008). Tal processo<br />

de crescimento se deveu às fortes políticas de expansão das distribui<strong>do</strong>ras estaduais<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, atraídas pela viabilidade econômica e pela escala de fornecimento de<br />

GNV, pelas empresas empreiteiras e fabricantes de equipamentos, principalmente de<br />

compressores, que viabilizaram a comercialização desses equipamentos sob várias<br />

formas (comodato, leasing, aluguel, associações etc.) e pelo consumi<strong>do</strong>r fi<strong>na</strong>l, atraí<strong>do</strong><br />

pela grande vantagem econômica de custo operacio<strong>na</strong>l que havia então em relação ao<br />

álcool (- 60%) e à gasoli<strong>na</strong> (- 70%), atualmente um pouco inferior, em função de<br />

recentes aumentos no preço <strong>do</strong> GNV.<br />

Nos <strong>do</strong>is últimos anos, todavia, a oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no Brasil não vem<br />

acompanhan<strong>do</strong> este ritmo de crescimento. Consideran<strong>do</strong> a prioridade de abastecimento<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> os merca<strong>do</strong>s de geração elétrica, residencial, comercial e industrial,<br />

estima-se que a velocidade de ampliação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> brasileiro de GNV deverá diminuir<br />

nos próximos anos. Vale lembrar que os veículos a GNV sempre terão a gasoli<strong>na</strong> e/ou<br />

o álcool como sucedâneos de aplicação imediata.. Mesmo com a perspectiva de sofrer<br />

novas elevações de preço no futuro próximo, continuará a ser mais viável<br />

economicamente a operação com GNV, mesmo que seu preço <strong>do</strong>bre, o que é<br />

improvável. O que se tor<strong>na</strong>rá mais limita<strong>do</strong> com a tendência de elevação de preços <strong>do</strong><br />

GNV deverá ser o processo de conversão de veículos, cujo ritmo já decresceu 24% no<br />

último ano (2007), passan<strong>do</strong> de 267 mil veículos converti<strong>do</strong>s em 2006 <strong>para</strong> 203 mil<br />

em 2007. Esta mudança <strong>na</strong> tendência até então observada se deu em função das<br />

elevações de preço <strong>do</strong> GNV (cerca de 30% de elevação nos últimos <strong>do</strong>ze meses),<br />

fazen<strong>do</strong> com que o investimento requeri<strong>do</strong> não seja mais remunera<strong>do</strong> em prazos tão


162 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

curtos, como até então. De qualquer forma, a significativa frota de veículos converti<strong>do</strong>s <strong>para</strong><br />

GNV no país, a maior <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> atualmente, cujos números são apresenta<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Tabela<br />

5.4.4, deverá continuar a demandar grande parcela de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> nos próximos anos.<br />

Tabela 5.4.4 Frota brasileira de veículos converti<strong>do</strong>s <strong>para</strong> GNV até setembro de 2007<br />

Fonte: Folha <strong>do</strong> GNV, 2007<br />

Como se pode observar nos da<strong>do</strong>s da tabela anterior, os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Rio de<br />

Janeiro e São Paulo concentram 65,2% da frota <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de veículos a GNV. Outro<br />

da<strong>do</strong> a destacar é que o Distrito Federal e os esta<strong>do</strong>s de Goiás, Amazo<strong>na</strong>s e Piauí,<br />

apesar de ainda não contarem com rede de atendimento com <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, já recebem<br />

GNC por via ro<strong>do</strong>viária. Nestas localidades são atendi<strong>do</strong>s postos pioneiros, visan<strong>do</strong>


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 163<br />

antecipação de merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r de GNV, daí a peque<strong>na</strong> frota já existente de<br />

veículos nesses esta<strong>do</strong>s.<br />

Segun<strong>do</strong> a mesma fonte da tabela anterior, apesar da redução <strong>do</strong> ritmo de<br />

conversões <strong>para</strong> GNV, o crescimento da frota de veículos converti<strong>do</strong>s entre 2006 e<br />

2007 foi de 11,4%, num ano em que as vendas de veículos novos no merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

quebraram recordes históricos, chegan<strong>do</strong> a mais de 27% de crescimento.<br />

A seguir, são mostra<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s referentes à venda de GNV em cada esta<strong>do</strong> no<br />

merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, em função da frota apresentada <strong>na</strong> tabela anterior.<br />

Tabela 5.4.5 Venda de GNV pelas distribui<strong>do</strong>ras estaduais no Brasil em outubro 2007<br />

Fonte: Abe<strong>gás</strong>, 2007 e elaboração própria.


164 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Os da<strong>do</strong>s da tabela anterior apresentam uma concentração <strong>do</strong> consumo de<br />

GNV nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Rio de Janeiro e de São Paulo, que juntos representam 65,6% <strong>do</strong><br />

consumo total de GNV <strong>do</strong> país. Trata-se de uma concentração de consumo menos<br />

acentuada que no caso <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s residencial e comercial, já que alguns esta<strong>do</strong>s<br />

apresentam participação significativa, como Santa Catari<strong>na</strong> (5,3%), Bahia (4,4%) e<br />

Mi<strong>na</strong>s Gerais (3,4%) (FOLHADOGNV, 2008).<br />

Um aspecto a destacar são os distintos percentuais de participação <strong>do</strong> GNV<br />

no merca<strong>do</strong> de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> de cada esta<strong>do</strong>. Em outubro de 2007 variavam de 3,3%<br />

(Paraná) até 49,2% (PBGás), conforme o perfil econômico de cada esta<strong>do</strong>, a estratégia<br />

de cada distribui<strong>do</strong>ra estadual de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, incidência de incentivos estaduais e<br />

municipais e de tarifas relativas <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em relação à gasoli<strong>na</strong> e ao álcool no<br />

merca<strong>do</strong> local. A média <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de participação <strong>do</strong> GNV no merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong><br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> é hoje de 16%. Na tabela 5.4.6 a seguir, alguns índices importantes <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de GNV:<br />

Tabela 5.4.6 Índices <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de GNV (ref.: outubro de 2007)<br />

Fonte: Elaboração própria e Folha <strong>do</strong> GNV, 2008.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 165<br />

5.4.2 Perspectivas <strong>do</strong> Uso <strong>do</strong> Gás Natural no Setor de<br />

Transporte no Amazo<strong>na</strong>s<br />

Em função de sua geografia e economia muito próprias, o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s<br />

apresenta características muito distintas <strong>do</strong>s outros esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> país quan<strong>do</strong> se observa<br />

seu sistema de transporte em to<strong>do</strong>s os seus modais. Contan<strong>do</strong> com grande extensão<br />

geográfica, poucas ro<strong>do</strong>vias e inexistin<strong>do</strong> ferrovias, seu sistema de transporte de cargas<br />

pesadas e de passageiros se baseia no sistema fluvial, também contan<strong>do</strong> com<br />

considerável participação <strong>do</strong> transporte aéreo, com<strong>para</strong><strong>do</strong> a outros esta<strong>do</strong>s, no<br />

deslocamento de passageiros e peque<strong>na</strong>s cargas a grandes distâncias.<br />

O perfil de demanda de combustíveis <strong>para</strong> o setor de transporte <strong>na</strong> região é<br />

muito específico, sen<strong>do</strong> pouco intensivo em óleo diesel, gasoli<strong>na</strong> C e álcool <strong>para</strong><br />

transporte terrestre, em função da relativamente peque<strong>na</strong> frota de veículos, em mais<br />

de 90% concentrada em Ma<strong>na</strong>us, e muito intensivo em querosene e gasoli<strong>na</strong> de aviação,<br />

e principalmente em óleo diesel e óleo combustível <strong>para</strong> embarcações fluviais e<br />

marítimas (BRASILENERGIA, 2008 e IBGE, 2008).<br />

As escalas de demanda de combustível, aspectos logísticos, além das<br />

possibilidades técnicas de conversão <strong>para</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, tor<strong>na</strong>m atrativos os merca<strong>do</strong>s<br />

de GNV <strong>para</strong> transporte terrestre em Ma<strong>na</strong>us e em algumas cidades próximas, como<br />

Ma<strong>na</strong>capuru, Iranduba e Itacoatiara. Tais merca<strong>do</strong>s apresentam a possibilidade de<br />

demanda potencial em relação a motocicletas, veículos leves e ônibus, assim como<br />

embarcações fluviais de pequeno e médio porte, como reboca<strong>do</strong>res e <strong>na</strong>vios de<br />

transporte de passageiros, envolven<strong>do</strong> motores com potências entre 30 e 500 cv<br />

(SINDARMA, 2008). As embarcações poderiam ser abasteci<strong>do</strong>s através de um sistema<br />

logístico mais complexo (postos flutuantes), distribuí<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s margens <strong>do</strong> rio Solimões<br />

no trecho entre Coari e Ma<strong>na</strong>us e mesmo um pouco adiante, até Itacoatiara, diante da<br />

previsão de que sejam instala<strong>do</strong>s em médio prazo cerca de 20 postos fluviais de<br />

abastecimento de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> referida região. Em termos gerais, se destaca a<br />

possibilidade de atendimento prioritário da região de Ma<strong>na</strong>us, onde a logística é mais<br />

viável e o fluxo econômico mais intenso.


166 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.4.3 Uso de GNV em Transporte Terrestre em Ma<strong>na</strong>us<br />

O quadro atual (2007) da frota de veículos terrestres no Amazo<strong>na</strong>s apresenta<br />

a seguinte composição:<br />

Tabela 5.4.7 Frota de veículos terrestres <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s<br />

Fonte: IBGE, 2005 e estimativa própria.<br />

No perío<strong>do</strong> de 2005 a 2007, presume-se que a frota de veículos tenha<br />

aumenta<strong>do</strong> numa taxa anual de 4% aa. Com isso, estimou-se a frota relativa ao ano de<br />

2007 <strong>na</strong> última colu<strong>na</strong>, admitin<strong>do</strong>-se que a cidade de Ma<strong>na</strong>us seja responsável por<br />

cerca de 90% da frota de veículos <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong> informações <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s<br />

Taxistas de Ma<strong>na</strong>us, a cidade conta com 3.950 táxis, incluin<strong>do</strong> 5% de unidades não<br />

registradas, sen<strong>do</strong> 250 táxis já operan<strong>do</strong> com GNV.<br />

Consideran<strong>do</strong> a venda média de gasoli<strong>na</strong> de 914.000 litros/dia no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Amazo<strong>na</strong>s no perío<strong>do</strong> de jan/06 a jan/07 (6,4% de crescimento no referi<strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

equivalente a 1,38% <strong>do</strong> consumo <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de gasoli<strong>na</strong> C) e a venda média de álcool<br />

hidrata<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong>, da ordem de 33. 300 l/dia (2,3% <strong>do</strong> consumo <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l)<br />

(BRASILENERGIA, 2008 e ANP, 2008), estima-se que a cidade de Ma<strong>na</strong>us seja<br />

responsável por cerca de 90% <strong>do</strong>s montantes referi<strong>do</strong>s, desti<strong>na</strong><strong>do</strong>s em sua maior parte<br />

aos veículos leves (passageiros e comerciais leves). Vale mencio<strong>na</strong>r que, não sen<strong>do</strong>


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 167<br />

produzi<strong>do</strong> <strong>na</strong> região, o álcool hidrata<strong>do</strong> apresenta significativo custo de transporte <strong>do</strong><br />

sul-sudeste até Ma<strong>na</strong>us, si<strong>na</strong>lizan<strong>do</strong> uma considerável vantagem logísitca da<br />

substituição local <strong>do</strong> álcool pelo GNV. A tabela a seguir apresenta as demandas atuais<br />

de gasoli<strong>na</strong> e álcool hidrata<strong>do</strong> de Ma<strong>na</strong>us, assim como sua equivalência em <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>,<br />

caso toda a frota fosse transformada <strong>para</strong> GNV.<br />

Tabela 5.4.8 Demandas estimadas de gasoli<strong>na</strong> e álcool hidrata<strong>do</strong> de Ma<strong>na</strong>us<br />

<strong>para</strong> transporte terrestre e equivalência em GNV<br />

Fonte: Elaboração própria.<br />

Admitin<strong>do</strong>-se a hipótese limite de conversão ple<strong>na</strong> de toda a frota de veículos<br />

leves de Ma<strong>na</strong>us <strong>para</strong> GNV, ocorreria uma demanda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> da ordem de 730<br />

mil m³/dia, equivalente a cerca de 12,2% de toda a oferta prevista <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> de<br />

Urucu <strong>na</strong> primeira fase de operação <strong>do</strong> projeto. Para a distribuição de to<strong>do</strong> esse volume<br />

de GNV, a considerar o índice médio <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de venda por posto, mencio<strong>na</strong><strong>do</strong> <strong>na</strong><br />

tabela 6 (4.532 m³/dia), seria necessária uma rede de 161 postos de abastecimento em<br />

Ma<strong>na</strong>us, valor que deve ser ape<strong>na</strong>s considera<strong>do</strong> como limite máximo, muito aquém<br />

<strong>do</strong> que irá se estabelecer no merca<strong>do</strong> de consumo, pela limitação da extensão da<br />

futura rede de distribuição.<br />

Além da limitação de extensão da rede de distribuição que deverá ser<br />

implantada <strong>na</strong> cidade, a expansão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de GNV em Ma<strong>na</strong>us irá depender das<br />

reais perspectivas econômicas de adesão de consumi<strong>do</strong>res de GNV. Isto dependerá<br />

<strong>do</strong>s preços relativos locais <strong>do</strong> <strong>gás</strong> em relação ao álcool hidrata<strong>do</strong> e à gasoli<strong>na</strong>, <strong>do</strong><br />

preço de oferta <strong>do</strong> GNV aos distribui<strong>do</strong>res, <strong>do</strong>s incentivos fiscais e de fi<strong>na</strong>nciamento,<br />

dentre outros. Considera-se viável admitir que a demanda de GNV será balizada pela<br />

participação <strong>do</strong>s veículos de operação intensiva (> 100 km/dia), como táxis, veículos


168 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

de frotas de empresas públicas e privadas e de certa parcela da frota de veículos de<br />

<strong>uso</strong> priva<strong>do</strong> por profissio<strong>na</strong>is liberais.<br />

Com relação à perspectiva econômica <strong>do</strong> empreendimento, tanto da parte<br />

<strong>do</strong>s postos de distribuição de GNV, como <strong>do</strong>s usuários, considera-se muito favorável,<br />

diante da rápida expansão <strong>do</strong> segmento ocorrida em vários esta<strong>do</strong>s. Para a implantação<br />

<strong>do</strong>s postos, o custo prevalente é o <strong>do</strong> sistema de compressão, que muitas vezes é<br />

comercializa<strong>do</strong> em sistema de comodato ou de leasing, melhoran<strong>do</strong> a atratividade <strong>do</strong><br />

investimento, destacan<strong>do</strong> o aspecto <strong>do</strong> envolvimento de materiais e equipamentos de<br />

fabricação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Quanto à perspectiva <strong>do</strong>s usuários, <strong>para</strong> uma roti<strong>na</strong> de 100 km/<br />

dia, o investimento <strong>na</strong> conversão se paga em menos de 6 meses (<strong>INT</strong>, 2002). Além<br />

disso, boa parte <strong>do</strong>s equipamentos de conversão necessários (cilindros, válvulas e<br />

conexões) são fabrica<strong>do</strong>s em Ma<strong>na</strong>us.<br />

Para o estabelecimento da parcela de adesão <strong>do</strong>s usuários, consideraram-se<br />

os índices médios de participação em três níveis. O <strong>do</strong> Rio de Janeiro (20%), admiti<strong>do</strong><br />

como máximo, diante da relativamente extensa rede de distribuição de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> da<br />

cidade em função de sua área, o de São Paulo (10%) (rede de extensão relativa média)<br />

e de Salva<strong>do</strong>r (5%), com uma rede de menor extensão relativa. A Tabela 5.4.9 apresenta<br />

os da<strong>do</strong>s de previsão de frota de veículos leves passível de conversão em médio prazo<br />

(2015) em Ma<strong>na</strong>us, segun<strong>do</strong> as três premissas apresentadas.<br />

Tabela 5.4.9 Frota prevista de GNV em Ma<strong>na</strong>us (2012)<br />

Fonte: Elaboração própria.<br />

Obs.: Não inclui motocicletas, apesar da possibilidade técnica de conversão das mesmas <strong>para</strong> GNV<br />

e da existência em Ma<strong>na</strong>us <strong>do</strong> maior pólo de produção de motos <strong>do</strong> país, o que poderá influenciar<br />

nessa decisão.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 169<br />

Para a previsão de consumo de GNV, a<strong>do</strong>tou-se como referência inicial o<br />

índice médio <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de consumo da frota de GNV (4,84 m³/dia.veículo), mencio<strong>na</strong><strong>do</strong><br />

<strong>na</strong> Tabela 5.4.10. Da mesma forma, <strong>para</strong> a previsão <strong>do</strong> número de postos de<br />

abastecimento, a<strong>do</strong>tou-se o índice médio <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de 4.532 m³/dia.posto<br />

(FOLHADOGNV, 2007).<br />

Tabela 5.4.10 Previsão de consumo de GNV em Ma<strong>na</strong>us (2012) em m³/dia<br />

Fonte: Elaboração própria.<br />

Obs.: O número previsto de postos de abastecimento poderá ser ligeiramente menor,<br />

consideran<strong>do</strong> que a média <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de 4.532 m³/dia.posto é bem inferior à capacidade máxima<br />

operacio<strong>na</strong>l média <strong>do</strong>s compressores <strong>do</strong>s mesmos, revelan<strong>do</strong> uma capacidade ociosa que varia<br />

em geral entre 20 a 40%. Assim, os referi<strong>do</strong>s números poderão ser menores.<br />

O percentual de participação <strong>do</strong> GNV a ser forneci<strong>do</strong> ao merca<strong>do</strong> de Ma<strong>na</strong>us<br />

com relação à oferta total prevista <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> de Urucu de 5,5 milhões m³ /dia<br />

poderá variar entre 0,7% e 2,9%. Se for incorpora<strong>do</strong> o possível <strong>uso</strong> de GNV em<br />

cidades vizinhas, além <strong>do</strong> emprego em frotas de ônibus de Ma<strong>na</strong>us (3.862 unidades),<br />

os valores de consumo de GNV em Ma<strong>na</strong>us poderão mais que <strong>do</strong>brar, diante <strong>do</strong><br />

eleva<strong>do</strong> potencial de consumo, em função <strong>do</strong> <strong>uso</strong> mais intensivo <strong>do</strong> GNV em ônibus<br />

coletivos. Neste caso a conversão poderá envolver a tecnologia de <strong>uso</strong> dual ou dedicada,<br />

as quais apresentam distintos desempenhos de consumo unitário.<br />

Por seu <strong>uso</strong> intensivo e pelo benefício ambiental que poderiam proporcio<strong>na</strong>r<br />

no ambiente central da cidade, o merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r de GNV em táxis (3.950<br />

unidades) (IBGE, 2008) deve ser considera<strong>do</strong> prioritário <strong>para</strong> a conversão, o que<br />

geraria uma demanda de GNV da ordem de 79.000 m³/dia, consideran<strong>do</strong> um consumo<br />

específico de 20 m³/dia.veículo. Para este caso, a estrutura de atendimento demandaria


170 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

uma rede de 18 postos, <strong>para</strong> uma operação sem filas ou, pelo menos de 10 postos com<br />

operação a ple<strong>na</strong> capacidade de seus sistemas de compressão. Uma primeira iniciativa<br />

já foi tomada com a instalação <strong>do</strong> primeiro posto de abastecimento da cidade desde o<br />

início de 2007. O posto recebe GNC (WHITE MARTINS, 2008) por via ro<strong>do</strong>viária,<br />

atenden<strong>do</strong> a 162 táxis cadastra<strong>do</strong>s.<br />

Para cada posto de GNV incorpora-se cerca de 150 kW, em média, de demanda<br />

elétrica ao sistema local de distribuição, o que em longo prazo poderá interferir de<br />

mo<strong>do</strong> significativo no planejamento de expansão da rede elétrica de baixa tensão da<br />

cidade. No caso da incorporação <strong>do</strong> GNV a 20% da frota de veículos leves de Ma<strong>na</strong>us,<br />

a demanda elétrica correspondente <strong>para</strong> compressão de <strong>gás</strong> nos 38 postos necessários<br />

seria da ordem de 5,7 MW, valor que se concentraria <strong>na</strong> região central da cidade.<br />

Nas previsões de expansão <strong>do</strong> GNV em Ma<strong>na</strong>us, apresentadas anteriormente,<br />

não foi considerada a possibilidade de influência positiva nesse processo de expansão<br />

da presença <strong>na</strong> Zo<strong>na</strong> Franca de Ma<strong>na</strong>us <strong>do</strong> maior fabricante de cilindros <strong>para</strong> GNV no<br />

país. Trata-se da Cilbrás / White Martins, responsável por mais da metade da produção<br />

de cilindros <strong>do</strong> país, além de um grande fabricante de equipamentos de conversão<br />

<strong>para</strong> GNV (BRC – White Martins). Este aspecto poderá influenciar no interesse local<br />

em incentivar o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> GNV, e mesmo no <strong>uso</strong> de GNC <strong>para</strong> outros segmentos da<br />

economia, como já ocorre com a instalação pioneira de venda de GNV em Ma<strong>na</strong>us,<br />

operan<strong>do</strong> com equipamentos forneci<strong>do</strong>s pela White Martins, visan<strong>do</strong> justamente a<br />

antecipação desse merca<strong>do</strong> <strong>na</strong> cidade.<br />

Em resumo, as demandas estimadas de GNV correspondem ao perío<strong>do</strong> de<br />

curto prazo, que poderia ser limita<strong>do</strong> ao ano de 2012, consideran<strong>do</strong> a velocidade de<br />

expansão da rede de distribuição de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> atender aos postos de<br />

abastecimento. Para o horizonte de longo prazo (2020), poderia ser considerada uma<br />

taxa média de expansão de 3,3% a.a., valor médio ocorri<strong>do</strong> <strong>na</strong> economia <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s<br />

entre 1991 e 2005. Projetan<strong>do</strong> este valor percentual <strong>para</strong> o perío<strong>do</strong> de 8 anos entre<br />

2012 e 2020, haveria um crescimento de 29,7%. As previsões de consumo de GNV<br />

em 2020 estão apresentadas <strong>na</strong> Tabela 5.4.11 a seguir:


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 171<br />

Tabela 5.4.11 Previsão de consumo de GNV em Ma<strong>na</strong>us <strong>para</strong> 2020 (m³/dia)<br />

Fonte: Elaboração própria.<br />

Assim, como indica a tabela anterior, em curto prazo (até 2012), estima-se a<br />

incorporação de cerca de 5% da frota de veículos leves de Ma<strong>na</strong>us ao GNV, em 2015<br />

(médio prazo), seriam 10% da frota com consumo de 111.790 m³/dia e em 2020,<br />

20% da frota, com valor estima<strong>do</strong> de consumo de 223.579 m³/dia.<br />

5.4.4 Uso de Gás Natural em Transporte Fluvial <strong>na</strong><br />

<strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Cerca de 98% <strong>do</strong> transporte de carga e passageiro <strong>na</strong> região amazônica ocorre<br />

no modal fluvial (SINDARMA, 2008 e CAPITANIA, 2008). Incluin<strong>do</strong>-se as travessias<br />

locais, o número médio anual de passageiros transporta<strong>do</strong>s é da ordem de 2,8 milhões.<br />

Consideran<strong>do</strong> as embarcações de carga e passageiros, segun<strong>do</strong> a instituição, operam<br />

<strong>na</strong> região cerca de 9.200 embarcações, sen<strong>do</strong> 2/3 em madeira e 1/3 em aço, fibra ou<br />

alumínio. Há também relato da Capitania <strong>do</strong>s Portos da região de uma considerável<br />

parcela de embarcações clandesti<strong>na</strong>s, não registradas.<br />

Pouco mais da metade das embarcações apresenta menos de 10 anos, da mesma<br />

forma que metade das embarcações são originárias de pequenos estaleiros locais.<br />

Nesse cenários, pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>m as embarcações de pequeno e médio porte <strong>para</strong> transporte<br />

de passageiros e carga, muitos deles mistos, grande número de barcaças, além de<br />

<strong>na</strong>vios de <strong>uso</strong> específicos, como graneleiros de sóli<strong>do</strong>s e líqui<strong>do</strong>s e ferry boats.<br />

Quanto ao número de postos de abastecimento, fixos e flutuantes, a Amazônia<br />

Ocidental possui 107 unidades (pontões) (CAPITANIA, 2008). As linhas tronco de<br />

transporte com maior densidade <strong>na</strong> região são: Ma<strong>na</strong>us - Belém, Ma<strong>na</strong>us – Santarém,


172 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Ma<strong>na</strong>us – Porto Velho, Belém – Santarém e Belém – Macapá. Esta última linha e a<br />

linha Ma<strong>na</strong>us - Santarém são atendidas por embarcações de alta velocidade <strong>para</strong><br />

passageiros. Em termos gerais, 70% <strong>do</strong>s barcos de passageiros apresentam capacidade<br />

superior a 100 passageiros, com 10% deles <strong>para</strong> mais de 300 passageiros. Em geral,<br />

os barcos são <strong>do</strong> tipo misto (passageiros e carga) com capacidade média de 150 t.<br />

Quanto ao transporte de carga, a parcela principal se refere aos gêneros alimentícios.<br />

Na categoria das embarcações fluviais se enquadram desde as peque<strong>na</strong>s<br />

embarcações <strong>para</strong> <strong>uso</strong> em laser, como lanchas e pequenos barcos, provi<strong>do</strong>s de motores<br />

de combustão por centelha <strong>na</strong> faixa de potência, em geral, de 30 a 200 hp, com <strong>uso</strong><br />

descontínuo, até <strong>na</strong>vios oceânicos, que entram no rio Amazo<strong>na</strong>s, passan<strong>do</strong> pelas<br />

embarcações de transporte de passageiros e de cargas, em geral, com potências de<br />

acio<strong>na</strong>mento <strong>na</strong> faixa usual de 150 a 300 cv e de cargas, em geral, com acio<strong>na</strong>mento<br />

por reboca<strong>do</strong>res e empurra<strong>do</strong>res em faixa de potência equivalente ou ligeiramente<br />

superior. Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Capitania <strong>do</strong>s Portos, a região amazônica conta com 472<br />

reboca<strong>do</strong>res registra<strong>do</strong>s (200 a 3.000 t), representan<strong>do</strong> mais da metade da frota <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />

Tais embarcações apresentam motores com potências varian<strong>do</strong>, em geral, entre 50 e<br />

300 cv (CAPITANIA, 2008 e SINDARMA, 2008).<br />

Em futuro breve, a região poderá ser atendida por barcos <strong>do</strong> tipo ferry boat<br />

de fabricação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (TWB) <strong>para</strong> transporte de passageiros (até 1.500 passageiros),<br />

automóveis (até 100 veículos). Também podem ser considerada a possibilidade de<br />

transporte de cargas com propulsão através de motores duais, a exemplo <strong>do</strong> que já<br />

começa a ocorrer em Salva<strong>do</strong>r, com a operação de barcos acio<strong>na</strong><strong>do</strong>s por quatro motores<br />

com potência total próxima de 2.000 kW. Este tipo de embarcação de deslocamento<br />

rápi<strong>do</strong> (32 km/h) permite concorrer de mo<strong>do</strong> vantajoso com o modal de transporte<br />

fluvial tradicio<strong>na</strong>l <strong>na</strong>s travessias de rios e com o modal ro<strong>do</strong>viário (ônibus coletivos),<br />

por exemplo, nos deslocamentos ao longo da costa fluvial da cidade de Ma<strong>na</strong>us no<br />

trecho Mauá-Centro-Ponta Negra, permitin<strong>do</strong> reduzir o congestio<strong>na</strong>mento de trânsito<br />

no centro da cidade de Ma<strong>na</strong>us, além de reduzir de forma drástica a demanda de óleo<br />

diesel e as emissões locais (gases e ruí<strong>do</strong>s).<br />

Existe um potencial de consumo de 1 milhão m 3 /dia de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> equivalente<br />

ao atual consumo de diesel e óleo combustível em transporte fluvial <strong>na</strong> Amazônia


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 173<br />

(GASNET, 2008). Da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s pelo <strong>INT</strong> junto à Capitania <strong>do</strong>s Portos de Ma<strong>na</strong>us<br />

mencio<strong>na</strong>m a existência de mais de 70 mil embarcações <strong>na</strong> Amazônia, sen<strong>do</strong> mais de<br />

metade dessa frota operante <strong>na</strong> região de Ma<strong>na</strong>us.<br />

Para as embarcações de laser, desconsiderou-se a possibilidade de conversão<br />

pelas dificuldades técnicas envolvidas, incluin<strong>do</strong>-se a perda de desempenho e <strong>uso</strong><br />

pouco intensivo. Para os <strong>na</strong>vios de grande porte de operação oceânica também não se<br />

aventou a possibilidade de conversão, basicamente por dificuldades e incertezas<br />

logísticas de abastecimento, ainda que no exterior venham sen<strong>do</strong> adiantadas pesquisas<br />

<strong>para</strong> a promoção de novos projetos de embarcações de grande porte operan<strong>do</strong> com<br />

motores duais a <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

Consideran<strong>do</strong> ape<strong>na</strong>s a frota de 432 reboca<strong>do</strong>res de chatas de transporte de<br />

carga existentes no Amazo<strong>na</strong>s (CAPITANIA, 2008 e SINDARMA, 2008) e que 60%<br />

delas operam no percurso Coari – Ma<strong>na</strong>us – Santarém, envolven<strong>do</strong> uma potência<br />

média de 150 kW efetivos por cerca de 15 h/dia, numa relação da ordem de 3,5 kWh/<br />

m³ de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, avaliou-se o consumo potencial dessa frota em cerca de 133.000<br />

m³/dia, já incorporan<strong>do</strong> um índice de 10% da frota não operante (ociosidade, em<br />

abastecimento e em manutenção geral) e de 10% de <strong>uso</strong> de óleo diesel, admitin<strong>do</strong>-se<br />

o emprego da tecnologia dual de conversão <strong>do</strong>s motores <strong>para</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Adicio<strong>na</strong>n<strong>do</strong>se<br />

a possibilidade de estabelecimento futuro de um sistema de transporte rápi<strong>do</strong> de<br />

passageiros, automóveis e carga ente Coari e Ma<strong>na</strong>us, num percurso de cerca de 300<br />

km, através de duas embarcações (1.000 kW médios), cumprin<strong>do</strong> o percurso em cerca<br />

de 6 horas, com duas viagens diárias por embarcação (600 km/dia.embarcação), a<br />

demanda decorrente de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> seria da ordem de 10.000 m³/dia. Esta possível<br />

forma de operação de ferry boats poderia ser também avaliada <strong>para</strong> outros trechos no<br />

rio Solimões. De mo<strong>do</strong> geral, as embarcações poderiam ser abastecidas através de<br />

postos flutuantes de GNC. Eles poderiam ser distribuí<strong>do</strong>s ao longo das margens <strong>do</strong>s<br />

rios Solimões e Amazo<strong>na</strong>s no trecho que vai de Coari até Itacoatiara, trecho em que o<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> apresenta maior facilidade <strong>na</strong> logística de abastecimento, a exemplo <strong>do</strong><br />

que ocorre com os combustíveis líqui<strong>do</strong>s atualmente distribuí<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Amazônia <strong>para</strong><br />

as embarcações. Destaque-se que o gasoduto Coari-Ma<strong>na</strong>us irá passar próximo a<br />

diversas cidades, algumas com populações acima de 70 mil habitantes, como Coari,


174 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Ma<strong>na</strong>capuru e Iranduba, que apresentam potencial <strong>para</strong> instalação de postos de<br />

distribuição de GNC <strong>para</strong> embarcações ao longo <strong>do</strong> percurso.<br />

Outra possibilidade de emprego de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em transporte fluvial seria<br />

através de um sistema de transporte de passageiros de curta distância e alta escala de<br />

freqüência e quantidade de passageiros. A operação se daria <strong>na</strong> costa da cidade de<br />

Ma<strong>na</strong>us no trecho Ponta Negra – Centro – Mauá, onde a demanda de transporte é<br />

crescente, geran<strong>do</strong> freqüentes engarrafamentos de trânsito <strong>na</strong> cidade. Com a operação<br />

de um sistema de barcas ou ferry boats no referi<strong>do</strong> trecho a cidade poderia prescindir<br />

de cerca de 80 ônibus coletivos em circulação, além de milhares de veículos particulares<br />

que circulam diariamente nesse trecho, geran<strong>do</strong> poluição <strong>do</strong> ar, ruí<strong>do</strong>s e mau<br />

atendimento nos serviços de transporte (impontualidade, stress, desconforto etc.).<br />

Na operação <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> sistema prevê-se o <strong>uso</strong> de duas embarcações ao custo<br />

de cerca de R$ 35 milhões com capacidade <strong>para</strong> 1.000 passageiros cada e velocidade<br />

de deslocamento de 32 km/h. Com isto será possível transportar no referi<strong>do</strong> trecho<br />

cerca de 1.600 passageiros por hora, fluxo correspondente a 80 ônibus de transporte<br />

coletivo operan<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> diário de 6 horas da manhã às 22 horas (16 horas/dia),<br />

perfazen<strong>do</strong> um total de 32 viagens diárias cumpridas pelas embarcações. As viagens<br />

entre Ponta Negra e Mauá e o centro de Ma<strong>na</strong>us demandariam cerca de 20 minutos<br />

cada, adicio<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-se 10 minutos <strong>para</strong> embarque e desembarque. No total, em duas<br />

horas cada embarcação sairia e retor<strong>na</strong>ria <strong>para</strong> seu ponto de partida, fazen<strong>do</strong> o trecho<br />

Ponta Negra, Centro, Mauá, Centro e Ponta Negra, totalizan<strong>do</strong> cerca de 40 km. O<br />

consumo previsto de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e óleo diesel seria de 2.240 m³/dia (GN) e de 960 l/<br />

dia (óleo diesel), o que permitiria elimi<strong>na</strong>r um consumo diário de óleo diesel, somente<br />

correspondente aos ônibus coletivos retira<strong>do</strong>s e circulação da ordem de 17.000 l/dia.<br />

Assim, ape<strong>na</strong>s a economia diária de mais de 16.000 l/dia de óleo diesel permitiria<br />

amortizar o investimento <strong>na</strong>s embarcações em cerca de três anos, sem contar as<br />

evidentes vantagens diretas e indiretas da implantação desse tipo de projeto, como os<br />

ganhos ambientais, econômicos e sociais.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 175<br />

5.4.5 Conclusão<br />

Para o atendimento <strong>do</strong> setor de transporte no Amazo<strong>na</strong>s, o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> poderá<br />

encontrar muitos espaços de comercialização, que poderão promover destacadas<br />

vantagens ambientais (redução de emissões de carbono, enxofre e particula<strong>do</strong>s, além<br />

de ruí<strong>do</strong>s), econômicas (redução de importação de óleo diesel e de custos operacio<strong>na</strong>is<br />

<strong>para</strong> o usuário) e sociais (reduções de preços de serviço de transporte e de tempo de<br />

deslocamento), a depender da implantação de um sistema eficiente de abastecimento<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, tanto <strong>para</strong> os veículos ro<strong>do</strong>viários, como <strong>para</strong> as embarcações. Estas,<br />

numa primeira instância poderão ser atendidas por postos <strong>na</strong>s cidades da margem<br />

esquerda <strong>do</strong> rio Solimões que serão atendidas com <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no trecho Coari –<br />

Ma<strong>na</strong>us. Até 2018, poderão ser previstos sistemas de abastecimento por GNC e GNL<br />

que poderão contemplar o trecho Ma<strong>na</strong>us – Parintins – Santarém e, mesmo, Belém.<br />

Nesta avaliação, considerou-se prioritária a conversão <strong>para</strong> GNV da frota de<br />

táxis de Ma<strong>na</strong>us (3.950 veículos), pelo seu <strong>uso</strong> intensivo e pelas vantagens econômicas,<br />

sociais e ambientais, geran<strong>do</strong> uma demanda de 79.000 m³/dia. Vale destacar que a<br />

presença em Ma<strong>na</strong>us da Cilbrás (maior fabricante <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de cilindros de<br />

armaze<strong>na</strong>mento de GNV) e da BRC (um <strong>do</strong>s maiores fabricantes mundiais de sistemas<br />

de conversão) deverá ser um fator importante <strong>na</strong> decisão local de incentivo ao <strong>uso</strong> <strong>do</strong><br />

GNV. Também deveriam ser prioriza<strong>do</strong>s os empregos de GNC nos reboca<strong>do</strong>res de<br />

operação mais intensiva (cerca de 1/3 <strong>do</strong> total) no rio Solimões no trecho Coari –<br />

Ma<strong>na</strong>us, o que demandaria mais 44.000 m³/dia, assim como o emprego de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

em um sistema de ferry boats entre Coari e Ma<strong>na</strong>us (10.000 m³/dia) e outro semelhante<br />

<strong>na</strong> região costeira de Ma<strong>na</strong>us (Ponta Negra –Centro – Mauá), que demandaria cerca<br />

de 2.500 m³/dia. No total, a demanda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> gerada por esta estimativa geral<br />

<strong>para</strong> a região (135.500 m³/dia) representaria ape<strong>na</strong>s 2,3% de toda a oferta prevista de<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> de Urucu <strong>para</strong> o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s. Nesse cômputo, não foi incluída a<br />

possibilidade de conversão de veículos de <strong>uso</strong> priva<strong>do</strong>, frotas públicas e privadas,<br />

assim como de ônibus coletivos, o que seria factível em médio prazo e aumentaria<br />

sobremaneira a demanda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> região. Consideran<strong>do</strong>-se uma elevação<br />

média de demanda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no ano de 2020 de 29,7% em relação a 2012,


176 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

estabelecida através da taxa de crescimento econômico anual de 3,3%, ocorrida no<br />

esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s entre 1995 e 2005, prevê-se que o referi<strong>do</strong> consumo estima<strong>do</strong> de<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> poderá se elevar em 2020 <strong>para</strong> 173.000 m³/dia.<br />

Tabela 5.4.12 Estimativa da evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> GN ape<strong>na</strong>s <strong>para</strong> veículos<br />

leves em Ma<strong>na</strong>us<br />

Fonte: elaboração própria.<br />

Obs.: Considerou-se vida útil de 30 anos <strong>para</strong> as infra-estruturas implantadas e preço de oferta <strong>do</strong><br />

GNV em Ma<strong>na</strong>us de R$ 1,50/m³.<br />

Referências Bibliográficas<br />

ANP – www.anp.gov.br<br />

BRASILENERGIA, 2008 – www.brasilenergia.com.br e Revista Brasil Energia,<br />

número 336, novembro de 2008.<br />

CAPITANIA – comunica<strong>do</strong> oficial da entidade através de carta de 22/11/2007.<br />

FOLHADOGNV – Revista Folha <strong>do</strong> GNV, número 91, outubro de 2008.<br />

FOLHADOGNV – Revista Folha <strong>do</strong> GNV, número 90, setembro de 2008.<br />

GASBRASIL – www.gasbrasil.com.br<br />

GASNET – artigo publica<strong>do</strong> em 2006<br />

GUASCOR – www.guascor.com.br


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 177<br />

IBGE – www.ibge.gov.br<br />

<strong>INT</strong> – Relatório <strong>INT</strong>/Finep/CNPq: Dispositivos de Conversão de Motores <strong>para</strong> Gás<br />

Natural Veicular – Avaliações de Merca<strong>do</strong> e de Desempenho, julho de 2002.<br />

NGVGUIDE – www.ngvguide.com<br />

NGV – www.ngvgroup.com<br />

SINDARMA – www.sindarma.org.br<br />

TWB – www.twb.com.br<br />

WHITE MARTINS – www.whitemartins.com.br


178 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.5 Pólo Gás Químico<br />

Autora: Ângela Maria Ferreira Monteiro<br />

5.5.1 Introdução<br />

Uma das possibilidades de <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> é utilizá-lo como matéria prima<br />

da indústria petroquímica – neste caso, a <strong>gás</strong>-química.<br />

Nesta parte <strong>do</strong> trabalho a<strong>na</strong>lisam-se as opções de produtos passíveis de<br />

produção, a partir <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> produzi<strong>do</strong> em Urucu a ser processa<strong>do</strong> no Pólo<br />

Industrial de Ma<strong>na</strong>us - PIM, que atendam não só a demanda <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> da <strong>Região</strong><br />

<strong>Norte</strong>, como das demais regiões <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e o merca<strong>do</strong> inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />

5.5.2 A Estrutura da Indústria Petroquímica<br />

Uma forma simples de representar os estágios <strong>do</strong> processo produtivo <strong>na</strong><br />

indústria petroquímica está mostra<strong>do</strong> <strong>na</strong> Figura 5.5.1 a seguir.<br />

Figura 5.5.1 Estrutura da indústria petroquímica


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 179<br />

A indústria petroquímica compreende umas poucas unidades industriais com<br />

elevadíssima capacidade de produção, organizadas em cadeias, <strong>na</strong>s quais são produzidas<br />

as matérias-primas <strong>para</strong> os chama<strong>do</strong>s produtos de primeira, segunda e terceira geração.<br />

Nestes se enquadram produtos químicos orgânicos e praticamente to<strong>do</strong>s os insumos<br />

químicos <strong>para</strong> as indústrias de polímeros (termoplásticos, elastômeros e resi<strong>na</strong>s). A<br />

variedade de produtos possíveis e sua complexidade aumentam à medida que se desce<br />

<strong>na</strong> estrutura piramidal. Esta classificação reúne numa mesma classe produtos com<br />

número de transformações, grau de dificuldades e custos semelhantes.<br />

Na fase de refino, no topo da pirâmide, são gera<strong>do</strong>s os produtos que darão<br />

início às diversas cadeias produtivas. Os chama<strong>do</strong>s produtos de primeira geração<br />

englobam os produtos básicos e os intermediários, obti<strong>do</strong>s com poucas transformações<br />

– em geral uma <strong>para</strong> os básicos. Os produtos de segunda geração são os produtos<br />

petroquímicos fi<strong>na</strong>is e estes demandam duas ou mais transformações. Na base da<br />

pirâmide estão as indústrias que transformam os produtos petroquímicos fi<strong>na</strong>is em<br />

produtos fi<strong>na</strong>is. É aí que se encontra o complexo setor de transformação de plásticos<br />

e elastômeros, geran<strong>do</strong> uma infinidade de produtos fi<strong>na</strong>is e semi-acaba<strong>do</strong>s: utilidades<br />

<strong>do</strong>mésticas, embalagens, brinque<strong>do</strong>s, plásticos de engenharia (partes automotivas,<br />

eletro-eletrônicas, construção civil, calça<strong>do</strong>s, etc.). No percurso <strong>do</strong> processo produtivo,<br />

<strong>do</strong> topo à base, se observam pelo menos 45 fases (RIVAS, FREITAS, 2006).<br />

5.5.2.1 A indústria Petroquímica Nacio<strong>na</strong>l e<br />

Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

Historicamente a indústria petroquímica inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l está organizada em<br />

conglomera<strong>do</strong>s empresariais, cujas empresas participantes estão alinhadas com as<br />

atividades das cadeias produtivas. Estão dispostos, em geral, em pólos petroquímicos e<br />

são detentores de tecnologia desenvolvida, mesmo em países onde a disponibilidade de<br />

matéria-prima é escassa. Esta organização é imposta por um merca<strong>do</strong> altamente<br />

competitivo, oscilante, com dinâmica demanda por novos produtos fi<strong>na</strong>is, que faz com<br />

que o seguimento trabalhe de forma integrada, favorecen<strong>do</strong> a formação de oligopólio.


180 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Devi<strong>do</strong> à mão de obra especializada, no planejamento, algumas empresas<br />

trabalham com uma ociosidade programada, preven<strong>do</strong> retomadas de merca<strong>do</strong> cíclicas.<br />

Os produtos petroquímicos com acirrada disputa merca<strong>do</strong>lógica, acabam por fazer<br />

parte <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s commodities, em que a margem entre o custo da matéria-prima e<br />

o preço <strong>do</strong> produto fi<strong>na</strong>l é muito estreita, em decorrência de forte concorrência com<br />

outros produtos, mais diferencia<strong>do</strong>s e parcialmente imunes às flutuações de preços.<br />

Isto acaba por forçar-lhes a a<strong>do</strong>tarem mecanismos de ‘auto-proteção’, tais como: (a)<br />

atividades comerciais e industriais inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, como a participação de merca<strong>do</strong>s<br />

em locais onde a<strong>do</strong>taram produção descentralizada; (b) compartilhamento de<br />

capacidade produtiva entre duas ou mais empresas, que se caracteriza por uma<br />

integração vertical coorde<strong>na</strong>da; (c) rearranjos de produtos de commodities.<br />

Além da ociosidade programada <strong>na</strong>s indústrias já instaladas, que permite uma<br />

rápida retomada da produção quan<strong>do</strong> necessário, outros fatores que desestimulam a<br />

expansão <strong>do</strong> setor pela livre concorrência. Entre eles, os altos investimentos iniciais em<br />

projetos básicos e de detalhamento, a necessidade de equipamentos de produção <strong>para</strong> a<br />

planta em escala economicamente viável, laboratórios de P&D e equipes técnicas<br />

altamente especializadas. Isto sen<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> em todas as empresas que passarão a formar<br />

o novo conglomera<strong>do</strong>, consideran<strong>do</strong>-se descartadas parcerias com empresas já existentes.<br />

O comportamento oposto a este também é observa<strong>do</strong> entre diferentes <strong>na</strong>ções,<br />

onde de um la<strong>do</strong> há disponibilidade de matéria-prima e de outro a disponibilidade de<br />

tecnologia altamente desenvolvida: Arábia Saudita versus empresas ocidentais,<br />

empresas chinesas em busca de países asiáticos e <strong>do</strong> oriente (LAURIDS, 2003).<br />

Em resumo, <strong>para</strong> manterem-se competitivos, o desafio <strong>do</strong>s conglomera<strong>do</strong>s<br />

de empresas é manter o equilíbrio entre uma estrutura enxuta e focada <strong>na</strong> demanda de<br />

merca<strong>do</strong> e a ociosidade sazo<strong>na</strong>l. O primeiro, pela pressão de competitividade <strong>do</strong>s<br />

commodities, e o segun<strong>do</strong>, pela dificuldade (tempo e custo) da formação de mão de<br />

obra especializada e experiente. Para aqueles que querem atingir a liderança, adicio<strong>na</strong>se<br />

o alto investimento em P&D.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 181<br />

Figura 5.5.2 Estrutura da indústria química brasileira<br />

Fonte: ABIQUIM, 2005 (Valores de capacidade em mil t/a ao la<strong>do</strong> de cada produto lista<strong>do</strong>).


182 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Na Figura 5.5.2 está representa<strong>do</strong> o fluxograma “Estrutura da Indústria<br />

Química Brasileira”, como ilustração das cadeias produtivas, empresas, produtos e<br />

suas produções. Este quadro dá uma visão macroscópica de como se interligam as<br />

cadeias produtivas e que empresas fornecem seus produtos <strong>para</strong> quais empresas, num<br />

quadro <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />

Estas empresas estão distribuídas em quatro grandes pólos petroquímicos<br />

sobre o território <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l: Pólo de Capuava (SP), Pólo de Camaçari (BA), Pólo de<br />

Triunfo (RS) e Pólo de Duque de Caxias.<br />

Embora o setor químico ocupe um lugar de destaque no cenário econômico e<br />

tecnológico <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, estu<strong>do</strong>s recentes (CANDAL, 2003), cobrin<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de 1990<br />

a 2003, mostram o crescimento <strong>na</strong>s taxas de produção (2,5%), exportação (6,03%) e<br />

importações (8,84%), com o consumo aparente (3,34%). Este é o resulta<strong>do</strong> da diferença<br />

da soma da produção e importação com a exportação, este superior a taxa de<br />

crescimento <strong>do</strong> PIB (2,27%), demonstran<strong>do</strong> assim a dependência histórica <strong>do</strong> país.<br />

Com o objetivo de anular este déficit, alguns pólos têm investi<strong>do</strong> em ampliações:<br />

Capuava, U$700 milhões entre 2006/2010; Camaçari, US$12,7 milhões até 2006:<br />

Triunfo, US$140 milhões, sem prazo; Duque de Caxias US$ 100 milhões, sem prazo.<br />

5.5.3 O Gás Natural e o Complexo Gás químico<br />

5.5.3.1 As Cadeias Produtivas <strong>do</strong> GN<br />

Os processos da matriz <strong>do</strong>s petroquímicos, que utilizam o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> (GN)<br />

como matéria-prima, podem ser des<strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> a Figura 5.5.3.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 183<br />

Figura 5.5.3 Fluxograma da indústria <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

5.5.3.2 A Composição <strong>do</strong> Gás Natural de Urucu<br />

A composição <strong>do</strong> GN de Urucu, apresentada <strong>na</strong> Tabela 5.5.1, foi tomada<br />

como base nos cálculos de produção das cadeias produtivas <strong>do</strong>s produtos de interesse<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l eleitos neste estu<strong>do</strong>.<br />

Tabela 5.5.1 Composição química <strong>do</strong> GN de Urucu<br />

Fonte: Rivas, A. , Freitas, C.


184 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.5.3.3 A Composição de GN de Alguns<br />

Poços Mundiais<br />

A composição das jazidas mundiais mostra-se bem variável, dependen<strong>do</strong> de sua<br />

localização no planeta. Na Tabela 5.5.2 pode-se verificar a diversidade de composições e<br />

como esta composição afeta o poder calorífico superior da mistura de gases.<br />

Tabela 5.5.2 Composição volumétrica de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> bruto de alguns países<br />

Fonte: Rivas, A. , Freitas, C.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 185<br />

A Tabela 5.5.3 mostra os produtos deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> metano, numa seqüência até<br />

a quinta geração da cadeia produtiva. Nela, pode se observar as inúmeras opções de<br />

produtos passíveis de produção.<br />

Tabela 5.5.3 Cadeias produtivas <strong>do</strong> metano – Gás-química<br />

Fonte: www.gasnet.com.br/gasnet_br/oque_gn/materia_completa.asp (em 10/12/2007)


186 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.5.3.4 Expansão <strong>do</strong>s Negócios da Indústria<br />

<strong>do</strong> Gás Natural<br />

A expansão da Indústria <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> deve considerar <strong>do</strong>is aspectos: a<br />

expansão da infra-estrutura de transporte, incluí<strong>do</strong>s modelos e sistemas multimodais,<br />

assim como das aplicações mais nobres <strong>para</strong> o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, em especial como matériaprima.<br />

É importante ressaltar a importância de vários deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, sob os<br />

pontos de vista econômico, social e ambiental e a existência de sinergias entre as<br />

cadeias produtivas. Embora se possa utilizar, <strong>para</strong> fins de econômicos, neste capítulo<br />

não discutiremos a aplicação <strong>do</strong> GN como combustível. Desta forma, discutiremos os<br />

atuais esta<strong>do</strong>s de crescimento das infra-estruturas e <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s de GN como matériaprima,<br />

tais como:<br />

1. Um perfil adequa<strong>do</strong> <strong>para</strong> o complexo <strong>gás</strong>-químico da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>:<br />

· Plantas de <strong>gás</strong>-química Integradas (formatações diferenciadas em função<br />

<strong>do</strong> potencial de adição de valor e de sinergias de processos e operacio<strong>na</strong>is).<br />

· Plantas de <strong>gás</strong>-química <strong>para</strong> atender merca<strong>do</strong>s local, <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />

2. Ampliar a probabilidade de sucesso <strong>na</strong> implantação <strong>do</strong> complexo <strong>gás</strong>químico,<br />

através da busca de sinergias com cadeias produtivas afins e que<br />

assegurem maiores retornos econômicos, sociais e ambientais à região e ao país.<br />

5.5.3.5 Argumentos Econômicos<br />

Dentre as várias aplicações <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> (GN), é como matéria-prima <strong>na</strong><br />

<strong>gás</strong>-química que ele atinge seu potencial máximo de valorização. Requer investimentos<br />

de magnitude elevada e em contrapartida reduz drasticamente o impacto ambiental,<br />

em com<strong>para</strong>ção com a produção tradicio<strong>na</strong>l a partir de outros deriva<strong>do</strong>s de petróleo.<br />

Estu<strong>do</strong>s recentes têm mostra<strong>do</strong> esta valorização mundial, relativa entre alguns <strong>do</strong>s<br />

produtos possíveis deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> GN. A valorização, mostrada <strong>na</strong> Figura 5.5.4, está<br />

calcada não somente sobre o valor <strong>do</strong> produto fi<strong>na</strong>l, mas <strong>na</strong>s características econômicas<br />

<strong>do</strong> negócio, <strong>na</strong> oferta de GN prevista <strong>para</strong> o futuro próximo, <strong>na</strong> crescente demanda no<br />

merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s insumos químicos e <strong>na</strong> variável ambiental.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 187<br />

Figura 5.5.4 Valor relativo de alguns produtos deriva<strong>do</strong>s de 1 MBTU de GN<br />

Fonte: www.gasnet.com.br em 12/2007<br />

Embora a atratividade econômica <strong>para</strong> os polímeros seja evidente, deve se<br />

considerar as escalas compatíveis com a economicidade <strong>do</strong> processo, a alta tecnologia<br />

envolvida, a disponibilidade local de matérias-primas e os pólos concorrentes: São<br />

Paulo, Camaçari/Maceió, Trunfo e Duque de Caxias - Rio Polímeros (pólo <strong>gás</strong>–<br />

químico). Com relação à estratégia <strong>para</strong> o desenvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

<strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, foi toma<strong>do</strong> como alvo produtivo os processos de produção abaixo,<br />

de acor<strong>do</strong> com o grau de maturidade da tecnologia produtiva - via <strong>gás</strong> de síntese e <strong>uso</strong><br />

<strong>do</strong> hidrogênio assim produzi<strong>do</strong>:<br />

. metanol;<br />

. formaldeí<strong>do</strong>;<br />

. resi<strong>na</strong>s fenólica e uréica;<br />

. áci<strong>do</strong> acético;<br />

. amônia e uréia;<br />

. estireno.<br />

5.5.4 Os Produtos Básicos<br />

O GN não associa<strong>do</strong> fornece principalmente metano e etano. A partir <strong>do</strong> etano<br />

é possível obter-se eteno. Do metano, metanol, amônia, hidrogênio em uma primeira<br />

etapa. Destes últimos pode-se obter uréia, áci<strong>do</strong> nítrico, <strong>gás</strong> carbônico. Dependen<strong>do</strong>


188 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

da presença das frações mais pesadas propano, butano, pentano e superiores associa<strong>do</strong><br />

ao GN, poderá obter-se também o propeno, buteno, GLP e <strong>na</strong>fta.<br />

Na cadeia produtiva, cada produto deste se des<strong>do</strong>bra em outros, multiplican<strong>do</strong><br />

em muito as opções de produtos possíveis. Descreve-se a seguir o processo de<br />

fabricação e aplicações <strong>do</strong>s principais produtos.<br />

5.5.4.1 Produção de Metanol<br />

Processo: o metanol pode ser obti<strong>do</strong> industrialmente por duas vias: a partir<br />

<strong>do</strong> <strong>gás</strong> de síntese (2 partes de hidrogênio e 1 parte de monóxi<strong>do</strong> de carbono), ou como<br />

subproduto da indústria têxtil de poliéster (DMT + EG, ou seja, dimetiltereftalato +<br />

etilenoglicol). Uma das fontes possíveis de matéria–prima <strong>para</strong> obtenção <strong>do</strong> <strong>gás</strong> de<br />

síntese é o GN (Fig. 5.5.5).<br />

Figura 5.5.5 Fluxograma de produção <strong>do</strong> metanol, a partir <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

Fonte: (GEROSA, 2007)


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 189<br />

To<strong>do</strong>s os processos atualmente utiliza<strong>do</strong>s <strong>na</strong> obtenção de metanol utilizam<br />

catalisa<strong>do</strong>res à base de cobre. A rota em fase gasosa, pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte no merca<strong>do</strong>, é<br />

liderada pelas tecnologias da Syntex (antiga ICI) e a Lurgi. A outra rota, em fase<br />

líquida, foi introduzida recentemente pela Air Products. Uma importante variável <strong>para</strong><br />

a competitividade <strong>do</strong> produto é seu custo de produção, que está mostra<strong>do</strong> <strong>na</strong> Figura<br />

5.5.6, em função da escala de produção (LIMA NETO et all, 2007).<br />

Figura 5.5.6 Custo de produção <strong>do</strong> metanol versus capacidade da planta<br />

Fonte: LIMA NETO et all, 2007<br />

Panorama inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> metanol<br />

O metanol é matéria-prima <strong>para</strong> a produção, principalmente, de olefi<strong>na</strong>s,<br />

gasoli<strong>na</strong>, dimetiléter (DME), células combustível e biodiesel.<br />

Algumas das aplicações mais usuais <strong>do</strong> metanol e seus percentuais estão<br />

representa<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Figura 5.5.7.


190 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Figura 5.5.7 Principais aplicações mundiais <strong>do</strong> metanol<br />

Fonte: (GEROSA, 2007), com adaptações<br />

Algumas das aplicações contidas em ‘outros’ seriam <strong>na</strong> produção de metacrilato<br />

de metila, dimetiltereftalato, metiléster, metilcloreto, MTO – Methanol to Olefins e<br />

MTG – Methanol to Gasoline. Estes <strong>do</strong>is últimos processos são recentes – MTO<br />

patente da UOP/HYDRO, MTG – patente da ExxonMobil – estan<strong>do</strong> o primeiro em<br />

desenvolvimento pela empresa UOP.<br />

Em oposição à entrada de novos produtos deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> metanol, está sen<strong>do</strong><br />

descontinua<strong>do</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> MTBE em gasoli<strong>na</strong>, como redutor de emissão de CO e<br />

hidrocarbonetos não reagi<strong>do</strong>s, por este produto demonstrar propriedades canceríge<strong>na</strong>s.<br />

Os fabricantes mundiais de metanol, e suas capacidades em 2001, encontramse<br />

<strong>na</strong> Tabela 5.5.4, ao la<strong>do</strong>.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 191<br />

Tabela 5.5.4 Plantas de metanol distribuídas nos países, os processos utiliza<strong>do</strong>s<br />

e suas capacidades – Dez 2001


192 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 5.5.4 Plantas de metanol distribuídas nos países, os processos utiliza<strong>do</strong>s<br />

e suas capacidades – Dez 2001 - continuação


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 193<br />

Tabela 5.5.4 Plantas de metanol distribuídas nos países, os processos utiliza<strong>do</strong>s<br />

e suas capacidades – Dez 2001 - continuação


194 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 5.5.4 Plantas de metanol distribuídas nos países, os processos utiliza<strong>do</strong>s<br />

e suas capacidades – Dez 2001 - continuação<br />

Fonte: http://www.senternovem.nl/mmfiles/28340_tcm24-124813.<strong>pdf</strong>, em 10/10/07<br />

O panorama mundial de produção de metanol está resumi<strong>do</strong> <strong>na</strong> Tabela 5.5.5.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 195<br />

Tabela 5.5.5 Produção mundial de metanol<br />

Fonte: LIMA NETO, 2007<br />

Em 2007 a demanda mundial foi de 38 milhões de ton/ano (LIMA NETO,<br />

2007) e estima-se que a produção mundial tenha si<strong>do</strong> de 10.000 ton/dia.<br />

A Methanex é o principal fornece<strong>do</strong>r com aproximadamente 19% <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>,<br />

seguida pela MHTL – Methanol Holdings Trinidad Limited, com 8,5% e a Sabic –<br />

Sadi Basic Industries Corporation, com 7,5% (METHANEX, 2007).


196 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

As reservas de GN <strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong> não são suficientes <strong>para</strong> a exportação <strong>para</strong> a<br />

Methanex no Chile, fazen<strong>do</strong> com que esta última desativasse uma de suas unidades<br />

neste país (informação obtida no 4º Congresso de Química <strong>do</strong> MERCOSUL, em maio/<br />

2008). A Methanex está estudan<strong>do</strong> a viabilidade econômica da importação GNL como<br />

matéria-prima e sua re-vaporização <strong>para</strong> as unidades de metanol.<br />

Panorama <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> metanol<br />

A evolução <strong>do</strong> consumo de metanol <strong>do</strong>s últimos anos, retratada adiante, tem<br />

mostra<strong>do</strong> uma demanda crescente deste álcool. O Brasil é deficitário em metanol e<br />

por isso importa a maior parte <strong>do</strong> metanol utiliza<strong>do</strong>.<br />

A balança comercial brasileira <strong>do</strong> metanol, Figura 5.5.8, mostra um merca<strong>do</strong><br />

crescente até 2004, e que é importa<strong>do</strong> basicamente da América <strong>do</strong> Sul. As exportações,<br />

quase inexistentes, também visam o merca<strong>do</strong> sul-americano.<br />

Figura 5.5.8 Evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de metanol, entre 2001 e 2005<br />

Fonte: Anuário da Indústria Brasileira – 2006


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 197<br />

Figura 5.5.9 Evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> metanol, entre 2003 e 2007<br />

Fonte: Aliceweb, em 30/10/2007,<br />

* Até set/2007<br />

O parque fabril <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> metanol está disperso nos esta<strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>s <strong>na</strong><br />

Tabela 5.5.6, que indica também a capacidade instalada no ano de 2005.<br />

Tabela 5.5.6 Indústrias Brasileiras de Metanol<br />

(1) Empresa incorporada pela Fosfertil em agosto de 2005<br />

Fonte: Anuário da Indústria Química Brasileira 2006<br />

Dentre os fabricantes de metanol, a Prosint utiliza o processo de síntese em<br />

alta pressão – tecnologia Casale – a partir <strong>do</strong> <strong>gás</strong> de síntese obti<strong>do</strong> pela reforma da<br />

<strong>na</strong>fta – processo catalítico da I.C.I. A Metanor - Camaçari – BA - obtém o <strong>gás</strong> de<br />

síntese a partir <strong>do</strong> GN e produz o metanol pelo processo da I.C.I. A Prosint planejou<br />

em 2006 a ampliação de sua produção <strong>para</strong> 260.000 t/a de metanol, com início de<br />

produção <strong>para</strong> 2007, <strong>para</strong> suprir uma nova planta de formol de 45.000 ton/a. O<br />

investimento estima<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> foi de US$ 12,5 milhões.


198 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

A Vicunha obtém o metanol como subproduto de suas unidades têxteis de<br />

poliéster. A Ultrafértil o obtém como subproduto da unidade de <strong>gás</strong> de síntese/amônia<br />

(CEPED, 2002).<br />

No merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, Figura 5.5.10, o metanol é importante matéria-prima<br />

<strong>para</strong> outras indústrias químicas, <strong>na</strong> fabricação de: formaldeí<strong>do</strong>, DMT –<br />

dimetiltereftalato e MTBE – metil-tércio-butil éter (aditivo da gasoli<strong>na</strong>), entre outros.<br />

Como combustível, mistura<strong>do</strong> à gasoli<strong>na</strong>, não apresenta nenhuma vantagem com<strong>para</strong><strong>do</strong><br />

ao etanol de ca<strong>na</strong> de açúcar (poder calorífico de 27,2MJ/kg), que não oferece risco de<br />

explosão e a toxidade <strong>do</strong> metanol.<br />

Figura 5.5.10 Produtos deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> metanol, segun<strong>do</strong> o parque <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

Fonte: Anuário da Indústria Brasileira – 2005<br />

O DMT, produzi<strong>do</strong> pela Proppet - BA – concorre com o áci<strong>do</strong> tereftálico<br />

(TPA) <strong>na</strong> fabricação de fibras poliéster<br />

Pela baixa cotação <strong>do</strong> metanol no merca<strong>do</strong> inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, este produto<br />

praticamente não é exporta<strong>do</strong> sobre esta forma, mas sim como DMT e MTBE.<br />

As plantas de metanol concorrentes <strong>na</strong> América <strong>do</strong> Sul são: Methanex (Chile),<br />

com início de atividades em 1988, Metor e Supermetanol, ambas <strong>na</strong> Venezuela e em<br />

operação desde 1994.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 199<br />

Resulta<strong>do</strong> da avaliação econômico-fi<strong>na</strong>nceira <strong>para</strong> a fabricação <strong>do</strong> metanol no<br />

Amazo<strong>na</strong>s<br />

Após ponderações sobre as vantagens e desvantagens da produção ser alocada<br />

em Ma<strong>na</strong>us ou Coari, estas feitas pela equipe econômica <strong>do</strong> convênio n° 023/2004 –<br />

SUFRAMA/UNISOL, levan<strong>do</strong>-se em consideração as dimensões técnicoorganizacio<strong>na</strong>l,<br />

legal-ambiental, logístico, merca<strong>do</strong>, fi<strong>na</strong>nceiro e fiscal, o resulta<strong>do</strong><br />

apontou ser favorável a Ma<strong>na</strong>us, portanto, no PIM.<br />

Aquele estu<strong>do</strong> conclui que, se toda a produção de GN for utilizada <strong>para</strong> a<br />

fabricação de metanol, será possível produzir-se 5.000 t/dia <strong>do</strong> produto. Como não há<br />

nenhuma indústria atualmente que pudesse fazer a integração com esta cadeia produtiva<br />

no PIM, a produção serviria <strong>para</strong> abastecer o merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e ainda gerar um<br />

excedente <strong>para</strong> a exportação. A viabilidade de uma única planta de metanol mostrouse<br />

no patamar de 67% em média, o que significa uma boa condição. Também ficou<br />

claro, através da análise de sensibilidade, que as variáveis críticas <strong>para</strong> o negócio são:<br />

o preço <strong>do</strong> metanol, a escala de produção e o preço <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

5.5.4.2 Produção de Formaldeí<strong>do</strong><br />

O formaldeí<strong>do</strong> é utiliza<strong>do</strong> <strong>na</strong> produção de etilenoglicol, penta-eritritol,<br />

hexametilenotetrami<strong>na</strong>, acetaldeí<strong>do</strong>, ésteres de celulose, preservante de borracha,<br />

acelera<strong>do</strong>r no processo de vulcanização, inibi<strong>do</strong>r de corrosão em poços petrolíferos,<br />

tratamento de couros, componente de fertilizantes, fluí<strong>do</strong> de embalsamamento, biocida,<br />

desinfetantes, deso<strong>do</strong>rantes anti-transpirante, corantes, tinta de impressão, adesivos,<br />

gelati<strong>na</strong>s, sucos, etc.<br />

Também como matéria-prima <strong>para</strong> a indústria de resi<strong>na</strong>s e estas, <strong>para</strong> a<br />

indústria de placas de compensa<strong>do</strong>, aglomera<strong>do</strong>s, MDF e outros insumos da indústria<br />

civil, de papéis, teci<strong>do</strong>s e moveleira, indústrias estas de base <strong>para</strong> o desenvolvimento<br />

de qualquer região.<br />

O formaldeí<strong>do</strong> é altamente reativo, poden<strong>do</strong> gerar diferente outros produtos.<br />

Além da principal aplicação, como matéria-prima <strong>para</strong> a produção de resi<strong>na</strong>s – uréica<br />

(utilizadas <strong>na</strong>s indústrias madeireiras), fenólica (utilizadas em indústrias de abrasivos,


200 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

construção civil e fundição) e melami<strong>na</strong> (idem fenólicas) – aplica-se às indústrias de<br />

tintas – resi<strong>na</strong> alquídica – têxteis e outras: síntese <strong>do</strong> trimetilolpropano e neopentil<br />

glicol, que são matérias-primas de poliuretano e poliéster, resi<strong>na</strong>s sintéticas e<br />

lubrificantes sintéticos. Industrialmente também é utiliza<strong>do</strong>, entre outros, <strong>na</strong> produção<br />

de películas fotográficas e <strong>na</strong> indústria eletrônica <strong>para</strong> a fabricação de circuitos<br />

impressos.<br />

Processo de fabricação<br />

Pode ser obti<strong>do</strong> pela oxidação <strong>do</strong> metano, por duas vias conhecidas: uma,<br />

exclusivamente oxidativa, que utiliza óxi<strong>do</strong> de molibdênio e ferro como catalisa<strong>do</strong>res,<br />

e outra, chamada de desidroge<strong>na</strong>ção oxidativa, que promove a desidroge<strong>na</strong>ção<br />

combi<strong>na</strong>da com a oxidação, utilizan<strong>do</strong> catalisa<strong>do</strong>res de cobre ou prata. A diferença<br />

entre os processos está <strong>na</strong> quantidade de ar injetada com o metanol: no primeiro processo<br />

a quantidade de metanol fica abaixo <strong>do</strong> limite inferior e no segun<strong>do</strong> processo, acima<br />

<strong>do</strong> limite superior de explosividade da mistura metanol-ar (6-37%v).<br />

O formol (ou formaldeí<strong>do</strong>), produzi<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> metanol originário <strong>do</strong> metano<br />

forneci<strong>do</strong> pelo <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, tem sua equação de reação mostrada abaixo:<br />

O formaldeí<strong>do</strong> comercial possui 37% em peso de CH 2<br />

O e 8-15% p<br />

de metanol,<br />

<strong>para</strong> evitar a precipitação de polímero (WALKER, 1944).<br />

Existe outra rota de produção de formaldeí<strong>do</strong>, a partir de butano e outros<br />

hidrocarbonetos alifáticos.<br />

A indústria <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

No Brasil, os nove fabricantes, apresenta<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Tabela 5.5.7, utilizam o<br />

processo oxidativo <strong>do</strong> metanol: os mais conheci<strong>do</strong>s, Formox – Reichhold Chemicals<br />

Co, Montecantini-Edson, Societé Chimie de Carbon<strong>na</strong>ge, Borden & Mitsubshi Gás<br />

Chemical (MEIQ).


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 201<br />

Tabela 5.5.7 Produtores de formaldeí<strong>do</strong> no Brasil, localização e capacidade instalada<br />

Fonte: Anuário da Indústria Química Brasileira 2006<br />

A balança comercial <strong>do</strong> formaldeí<strong>do</strong> é favorável ao Brasil, mostran<strong>do</strong> as<br />

exportações direcio<strong>na</strong>das totalmente <strong>para</strong> a América <strong>do</strong> Sul, embora em declínio nos<br />

últimos cinco anos (Figura 5.5.11).<br />

Figura 5.5.11 Evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> formaldeí<strong>do</strong>, entre 2003 e 2007<br />

Fonte: Aliceweb, em 30/10/2007, * Até set/2007


202 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

A maior parte da produção de formaldeí<strong>do</strong> é utilizada cativamente <strong>na</strong> produção<br />

de resi<strong>na</strong>s, embora o aumento das exportações tenha força<strong>do</strong> um pequeno desvio<br />

deste produto <strong>para</strong> a produção de pentaeritritol e hexametilenotetrami<strong>na</strong>.<br />

A industrial mundial de formaldeí<strong>do</strong><br />

A participação da demanda mundial de metanol <strong>para</strong> produção de formaldeí<strong>do</strong><br />

é da ordem de 38%.<br />

Atualmente no mun<strong>do</strong> existem 181 plantas de formaldeí<strong>do</strong>, varian<strong>do</strong> a<br />

capacidade de produção de 730.000 (no Texas, USA) a 2.000 ton/ano (em San Juan,<br />

México). Além dessas, existem mais projeto de 9 plantas, varian<strong>do</strong> de 48.000 (Índia)<br />

a 350.000 ton/ano (Arábia Saudita) a capacidade de produção.<br />

Produção de resi<strong>na</strong>s uréicas<br />

Quantidades estequiométricas de uréia e formaldeí<strong>do</strong> reagem <strong>para</strong> formar o<br />

polímero linear:<br />

Com excesso de formaldeí<strong>do</strong> e aquecimento, o hidrogênio <strong>do</strong> grupo imida é<br />

substituí<strong>do</strong>, quebran<strong>do</strong> a linearidade. A composição fi<strong>na</strong>l da rede formada dependerá<br />

de relação uréia/formaldeí<strong>do</strong> e definirá a sua aplicação.<br />

A resi<strong>na</strong> uréica é a mais utilizada <strong>na</strong> indústria de compensa<strong>do</strong>s, de aglomera<strong>do</strong>s<br />

e de móveis Nock (NOCK, 1978).<br />

Como será visto a seguir, amônia e dióxi<strong>do</strong> de carbono, obti<strong>do</strong>s indiretamente<br />

<strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> reagem <strong>para</strong> produzir uréia. Assim, o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> é a fonte básica <strong>para</strong> a<br />

resi<strong>na</strong> uréia-formaldeí<strong>do</strong>.<br />

A Tabela 5.5.8 mostra como se distribuem os fabricantes de resi<strong>na</strong>s uréicas<br />

no Brasil e suas capacidades produtivas.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 203<br />

Tabela 5.5.8 Empresas de fabricação de resi<strong>na</strong>s uréicas no Brasil<br />

(*) Multipropósito – (1) Unidade <strong>para</strong>lisada temporariamente – (2) Não informou da<strong>do</strong>s de<br />

produção e venda<br />

Fonte: Anuário ABIQUIM 2006.<br />

Produção de resi<strong>na</strong>s fenólicas<br />

Este tipo de resi<strong>na</strong> é obti<strong>do</strong> pela reação de condensação e polimerização entre<br />

um fenol e um aldeí<strong>do</strong> (Figura 5.5.12). Normalmente, utiliza-se o aldeí<strong>do</strong> fórmico<br />

(formol) e o hidroxibenzeno (fenol). Podem apresentar-se <strong>na</strong> forma líquida ou sólida,<br />

de acor<strong>do</strong> com a proporção de cada reagente, tempo de polimerização, etc.


204 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Figura 5.5.12 – Reação fenol- formaldeí<strong>do</strong> <strong>para</strong> formação da resi<strong>na</strong> fenólica<br />

Fonte: http://www.pucrs.br/quimica/professores/arigony/formaldei<strong>do</strong>.html<br />

Existem <strong>do</strong>is processos de fabricação <strong>para</strong> este tipo de resi<strong>na</strong> (GOWARIKER,<br />

et all, 1986):<br />

1 – O processo novolac ou baquelite, onde uma quantidade de fenol reage<br />

com 75% da quantidade estequiométrica de formaldeí<strong>do</strong>, em presença de catalisa<strong>do</strong>r<br />

áci<strong>do</strong>, <strong>para</strong> formar moléculas lineares.<br />

Esta resi<strong>na</strong> pode ser estocada por qualquer tempo sem endurecer ou fazer<br />

ligações cruzadas. Fi<strong>na</strong>liza-se o processo com adição em excesso de formaldeí<strong>do</strong> e<br />

aquecimento.<br />

O processo que produz as novolacs é conheci<strong>do</strong> como úmi<strong>do</strong>, áci<strong>do</strong> ou alemão<br />

e emprega como matéria-prima compostos semelhantes à baquelite; a resi<strong>na</strong> resultante<br />

presta-se mais à fabricação de artefatos molda<strong>do</strong>s por compressão e transferência. No<br />

esta<strong>do</strong> sóli<strong>do</strong>, novolac, geralmente já formuladas com cargas, plastificantes e outros<br />

aditivos, apresentam-se com coloração escura.<br />

Algumas aplicações desta resi<strong>na</strong> são: engre<strong>na</strong>gens; pastilhas de freio,<br />

componentes no sistema de transmissão de carros; compensa<strong>do</strong> <strong>na</strong>val; peças elétricas<br />

moldadas; lami<strong>na</strong><strong>do</strong>s <strong>para</strong> revestimentos de mesas, balcões, divisórias, portas; tampas<br />

de rosca resistentes.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 205<br />

O processo produtivo está representa<strong>do</strong> <strong>na</strong> Figura 5.5.13.<br />

2 – O processo resole, onde quantidades equimolares de fenol e formaldeí<strong>do</strong><br />

são reagidas sob meio alcalino e controle rigoroso da taxa de reação e conteú<strong>do</strong> da<br />

conversão, até a etapa linear.<br />

Este processo tem limitação <strong>do</strong> tempo de prateleira, pois a reação continua<br />

lentamente sob condições de estocagem. Para a cura fi<strong>na</strong>l basta simplesmente<br />

aquecer a resi<strong>na</strong>.<br />

A resi<strong>na</strong> <strong>do</strong> tipo resole apresenta-se líquida, tem largo emprego <strong>na</strong> impreg<strong>na</strong>ção<br />

de materiais diversos (papéis, teci<strong>do</strong>s, madeira, etc.), <strong>na</strong> fabricação de adesivos,<br />

vernizes, poden<strong>do</strong> ser aplicadas a pincel, por imersão, borrifo entre outros. O processo<br />

de fabricação <strong>do</strong>s resoles é conheci<strong>do</strong> como “alcalino ou seco”; por ser mais caro que<br />

o áci<strong>do</strong>, só é usa<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se desejam resi<strong>na</strong>s translúcidas ou de cores muito claras.<br />

Há uma grande variedade de aplicações, tanto <strong>para</strong> o tipo resole comum, quanto <strong>para</strong><br />

o tipo novolac. Além das aplicações citadas acima, usa-se em rebolos <strong>do</strong> tipo resinóide<br />

(como aglomerante). Os vernizes e lacas constituem outra grande aplicação das resi<strong>na</strong>s<br />

líquidas. De baixo peso molecular, são solúveis em óleo e compatíveis com compostos<br />

resinosos, desde que sua polimerização não se tenha completa<strong>do</strong> e não estejam ocupadas<br />

duas ou mais valências <strong>do</strong> fenol.<br />

Segun<strong>do</strong> Sellers (SELLERS, 2001), a resi<strong>na</strong> fenólica (FF – fenolformaldeí<strong>do</strong>)<br />

é a mais utilizada <strong>na</strong> fabricação de chapas de madeira de partículas orientadas,<br />

conhecidas como OSB –Oriented Srtand Board, muito utilizadas nos setor moveleiro<br />

e de construção civil, com um custo de produção inferior ao MDI – resi<strong>na</strong> de difenilmetano<br />

di-isocia<strong>na</strong>to.


206 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Figura 5.5.13 Fluxograma de produção de resi<strong>na</strong>s uréica e fenólica<br />

Fonte:GOWARIKER, et all, 1986<br />

Em função de algumas empresas não informarem sua produção e vendas, o<br />

quadro de produção mostra uma ociosidade aparente de 50% da capacidade produtiva,<br />

tanto <strong>na</strong>s resi<strong>na</strong>s uréicas quanto <strong>na</strong>s fenólicas. A<strong>na</strong>lisan<strong>do</strong>, porém, as importações<br />

destas resi<strong>na</strong>s, o quadro mostra uma crescente importação entre 2001 e 2005, com<br />

uma quantidade importada em 2005 da ordem de 1.922 ton (uréicas) e 3.675 ton<br />

(fenólicas), indican<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> existente.<br />

Para somente repor esta produção de resi<strong>na</strong> uréica importada seriam necessários<br />

1.025 ton de metano. O mesmo cálculo feito <strong>para</strong> a resi<strong>na</strong> fenólica resulta em 856,3<br />

ton de metano.<br />

A tabela 5.5.9 mostra a capacidade instalada de produção de resi<strong>na</strong>s<br />

fenólicas no Brasil.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 207<br />

Tabela 5.5.9 Fabricantes de resi<strong>na</strong>s fenólicas no Brasil<br />

* Multipropósito – (1) Unidade <strong>para</strong>lisada temporariamente – (2) Não informou da<strong>do</strong>s de<br />

produção e vendas.<br />

Fonte: Anuário ABIQUIM 2006<br />

5.5.4.3 Produção de Áci<strong>do</strong> Acético<br />

O segun<strong>do</strong> produto mais utiliza<strong>do</strong> deriva<strong>do</strong> <strong>do</strong> metanol é o áci<strong>do</strong> acético,<br />

corresponden<strong>do</strong> a 11% da demanda <strong>do</strong> metanol. O processo a partir <strong>do</strong> metanol é o<br />

que apresenta o menor custo e representa 78% <strong>do</strong> total da produção de áci<strong>do</strong> acético.<br />

Ele poderá ser obti<strong>do</strong> a partir da carbonilação <strong>do</strong> metanol, pelo processo Basf<br />

a 250°C e 650 atm, utilizan<strong>do</strong> iodeto de cobalto, como catalisa<strong>do</strong>r, com rendimento<br />

de 90%. Ou pelo processo Monsanto, 150°C e pressão atmosférica, com catalisa<strong>do</strong>r a<br />

base de ródio ioda<strong>do</strong> e 99% de conversão <strong>do</strong> metanol (CHEUNG et all, 2002), com<br />

os subprodutos principais dessa reação CO 2<br />

e o H 2<br />

, entre outros processos. Este segun<strong>do</strong><br />

é o mais utiliza<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> atualmente:


208 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Merca<strong>do</strong> mundial de áci<strong>do</strong> acético<br />

A maior aplicação <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> acético é como agente de esterificação, <strong>na</strong><br />

fabricação de monômero acetato de vinila (MAV - 34%) – motivo pelo qual muitas<br />

plantas de MAV são integradas com a <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> acético – acetato de etila, amila, butila,<br />

isopropila, isobutila e outros, que são solventes <strong>para</strong> a produção de adesivos, papel,<br />

filmes, etc. A segunda maior aplicação (18%) é <strong>na</strong> produção de áci<strong>do</strong> tereftálico (PTA),<br />

um precursor <strong>do</strong> PET – polietileno tereftálico. Também bastante aplica<strong>do</strong> <strong>na</strong>s indústrias<br />

farmacêuticas/cosméticas, inseticidas, tintas e corantes. Na indústria têxtil atua como<br />

acidificante e neutralizante. É usa<strong>do</strong> como coagulante <strong>do</strong> látex <strong>na</strong> produção da borracha<br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong>. Utiliza<strong>do</strong> também <strong>na</strong> produção (além de anidri<strong>do</strong> acético e ésteres de áci<strong>do</strong><br />

acético) de áci<strong>do</strong> cloroacético, que pode gerar gliceri<strong>na</strong> e carboximetilcelulose.<br />

Atualmente existem 60 plantas de áci<strong>do</strong> acético operan<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> o planeta,<br />

varian<strong>do</strong> a capacidade de 5.000 (<strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong>) a 1.200.000 t/ano (nos EUA). Dentre<br />

as dez maiores plantas, três estão os EUA e duas <strong>na</strong> Chi<strong>na</strong> Além deste contingente,<br />

estão em estu<strong>do</strong> outras 21 plantas ou expansões com capacidade varian<strong>do</strong> de 65.000<br />

(<strong>na</strong> Índia) a 1.200.000 t/ano (<strong>na</strong> Chi<strong>na</strong>), das quais <strong>do</strong>ze se situam <strong>na</strong> Chi<strong>na</strong>, três <strong>na</strong><br />

Índia e duas <strong>na</strong> Arábia Saudita.<br />

O preço <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> acético pratica<strong>do</strong> <strong>na</strong> Europa tem varia<strong>do</strong> de 867 a 926<br />

EUR/MT, enquanto nos EUA tem varia<strong>do</strong> de 850 a 890 US$/MT.<br />

O investimento necessário <strong>para</strong> uma planta de capacidade de 500.000 t/ano<br />

de áci<strong>do</strong> acético e acetato de vinila foi estima<strong>do</strong> pela Pequiven, antes de 2004, em<br />

cerca de US$200 milhões.<br />

Em abril de 2005 a Yangzi Petrochemical Co submeteu ao governo chinês<br />

um estu<strong>do</strong> de viabilidade de uma planta de 500.000 ton/ano de áci<strong>do</strong> acético.<br />

Posteriormente, esta assinou um contrato de joint venture 50:50 com a British Petroleum<br />

<strong>para</strong> construí-la em Nanjing, Jiangsu, Chi<strong>na</strong>, a partir de 2007, com um custo projeta<strong>do</strong><br />

de USD$120 milhões.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 209<br />

Evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> acético<br />

A Figura 5.5.14 mostra como vem se comportan<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> de áci<strong>do</strong> acético<br />

nos últimos anos.<br />

Figura 5.5.14 - Evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> mundial de áci<strong>do</strong> acético, entre 2003 e 2007<br />

Fonte: Aliceweb, mar/2008<br />

No Brasil, devi<strong>do</strong> à escassez <strong>do</strong> metanol no merca<strong>do</strong>, o áci<strong>do</strong> acético é pouco<br />

produzi<strong>do</strong> a partir desta matéria-prima. Somente três empresas o fabricam e todas<br />

estão localizadas no esta<strong>do</strong> de São Paulo (Tabela 5.5.10).<br />

Tabela 5.5.10 Produtores de áci<strong>do</strong> acético no Brasil, localização e capacidade<br />

instalada<br />

Fonte: ICIS – mar/2008, * Multipropósito


210 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.5.4.4 Produção de Amônia<br />

Este é um <strong>do</strong>s produtos de maior demanda mundial e a maior utilização de<br />

sua produção é <strong>para</strong> adubos químicos. Dependen<strong>do</strong> da aptidão agrícola <strong>do</strong> país, o <strong>uso</strong><br />

pode chegar a 100% da produção, como no caso da Chi<strong>na</strong>. Ainda em países<br />

industrializa<strong>do</strong>s, como os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, o seu <strong>uso</strong> <strong>na</strong> agricultura chega à casa <strong>do</strong>s<br />

74% (ABRAM, FOSTER, 2005) da produção inter<strong>na</strong> <strong>do</strong> país.<br />

Os últimos anos têm demonstra<strong>do</strong> um crescimento constante <strong>na</strong> demanda e<br />

produção <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l deste produto, manten<strong>do</strong>-se a importação <strong>para</strong> a complementação.<br />

O merca<strong>do</strong> inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de amônia<br />

Com a alta <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> nos últimos anos, que se manteve acima <strong>do</strong>s US$9/<br />

milhão de BTU, os negócios da <strong>gás</strong>-química ficaram com risco de inviabilidade<br />

econômica, mesmo <strong>para</strong> os processos de obtenção de fertilizantes a partir da amônia.<br />

Em maio de 2007 a Pemex, grande fabricante mexica<strong>na</strong> de amônia, anunciou<br />

a desativação de sua planta de Camargo, com capacidade de 82.000 t/ano. A manutenção<br />

de uma planta desativada custa anualmente à empresa o valor de US$362 milhões.<br />

Em novembro de 2007 o preço da tonelada métrica de amônia subiu US$20,<br />

chegan<strong>do</strong> ao valor de US$190.<br />

Evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de amônia<br />

Matéria prima <strong>para</strong> fabricação da uréia, o merca<strong>do</strong> de amônia fica dedica<strong>do</strong><br />

quase que totalmente a esta fi<strong>na</strong>lidade.<br />

A queda da balança comercial nos últimos anos no merca<strong>do</strong> de amônia (Figura<br />

5.5.15) deve-se a uma tendência mundial de produção associada à da uréia.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 211<br />

Figura 5.5.15 Evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de amônia, entre 2003 e 2007<br />

Fonte: Aliceweb em 30/10/07. * Até set/2007<br />

Processo: atualmente, o processo de produção da amônia consiste <strong>na</strong> reação<br />

entre o nitrogênio e o hidrogênio, sob elevada pressão e temperatura, <strong>na</strong> presença de<br />

ferro como catalisa<strong>do</strong>r (processo de Haber Bosch).<br />

O nitrogênio utiliza<strong>do</strong> <strong>na</strong> síntese da amônia é deriva<strong>do</strong> <strong>do</strong> ar atmosférico. O<br />

hidrogênio – maior fração <strong>do</strong> <strong>gás</strong> de síntese - pode ser obti<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> GN, por meio<br />

de uma reforma a vapor <strong>do</strong> metano (SMR – Steam Methane Reforming), <strong>do</strong><br />

hidrocarboneto com vapor de água, ou obti<strong>do</strong> através de oxidação parcial <strong>do</strong> metano<br />

(POX – Partial Oxidation of Methane) ou de hidrocarbonetos mais pesa<strong>do</strong>s, ou ainda<br />

pela reforma auto-térmica (ATR – Autothermal Reforming).<br />

Na obtenção de H 2<br />

, com a conversão <strong>do</strong> CO em CO 2<br />

utilizam-se os processos<br />

a alta temperatura (300 – 450°C) – shift conversion hight temperature, HT – e a baixa<br />

temperatura (180 – 250°C) – shift conversion low temperature, LT. Estes processos<br />

em cascata asseguram uma faixa de 0,1-0,2 mol% de CO nos gases de saída, seco.<br />

Na Figura 5.5.16 está representa<strong>do</strong> o fluxograma de produção da amônia.


212 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Figura 5.5.16 Fluxograma de produção de amônia<br />

Fonte: GEROSA – 2007 (modifica<strong>do</strong>)<br />

Resulta<strong>do</strong> da avaliação econômica <strong>para</strong> a amônia a ser fabricada no Amazo<strong>na</strong>s<br />

Assim como no caso <strong>do</strong> metanol, a amônia não teria uma pronta integração<br />

com a cadeia produtiva no PIM, mas uma planta produzin<strong>do</strong> aproximadamente 1.269<br />

t/dia estaria dentro da escala econômica em relação ao merca<strong>do</strong> inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Esta<br />

integração deverá considerar a incorporação ao menos com uma planta de uréia,<br />

conforme o fluxograma apresenta<strong>do</strong>. Nesta hipótese, a viabilidade <strong>do</strong> negócio ficaria<br />

<strong>na</strong> média de 63,76%, conforme os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s cenários simula<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong> de<br />

Rivas & Freitas.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 213<br />

5.5.4.5 Produção de Uréia<br />

A uréia (NH 2<br />

CONH 2<br />

) é obtida a partir da síntese da amônia com o <strong>gás</strong><br />

carbônico, após a formação de um produto intermediário, o carbamato de amônio<br />

(NH 4<br />

COONH 2<br />

) - Figura 5.5.17. O processo envolve temperaturas da ordem de 170°<br />

- 220°C e pressão de 200 atm.<br />

Figura 5.5.17 Fluxograma de produção da uréia<br />

Fonte: GEROSA – 2007 (modifica<strong>do</strong>)<br />

O merca<strong>do</strong> mundial de uréia<br />

Atualmente são 253 plantas de uréia produzin<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong>, varian<strong>do</strong> de 11.000<br />

(em Santander, <strong>na</strong> Colômbia) a 1.750.000 t/ano (em Gujarat, <strong>na</strong> Índia).<br />

Ainda estão em estu<strong>do</strong>s/projeto mais 113 plantas, que variam de 130.000 (no<br />

Kazaquistão) a 4.000.000 t/ano (<strong>na</strong> Índia).


214 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

A Venezuela possui uma planta com capacidade <strong>para</strong> 1.500.000 ton/ano de uréia.<br />

A evolução <strong>do</strong> preço da tonelada de uréia vem acompanhan<strong>do</strong> a escalada <strong>do</strong> preço<br />

<strong>do</strong> petróleo, sain<strong>do</strong> de US$230 em 96, US$ 320 médios em 2005 e US$416 em 2007.<br />

Evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l da uréia<br />

Com a elevação das importações da uréia nos últimos anos (Figura 5.5.18), o<br />

merca<strong>do</strong> de amônia excedente, que no passa<strong>do</strong> era exporta<strong>do</strong>, provavelmente foi<br />

desvia<strong>do</strong> <strong>para</strong> a produção deste insumo agrícola.<br />

Figura 5.5.18 Evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> brasileiro de uréia, entre 2003 e 2007<br />

Fonte: Aliceweb em 30/10/07. * Até set/2007<br />

A Petrobras intencio<strong>na</strong> construir sua terceira fábrica de uréia no país – as<br />

outras se localizam em Sergipe e Bahia. A região focada <strong>para</strong> sua implantação é a Centro-<br />

Oeste, coração da produção agrícola <strong>do</strong> país, com capitais de Mato Grosso e Mato<br />

Grosso <strong>do</strong> Sul disputan<strong>do</strong> pela preferência (Diário de Cuiabá, 2006). A planta prevista<br />

terá o investimento de US$ 700 milhões e a capacidade de processamento de 2,4 milhões<br />

de m 3 de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por hora, produzin<strong>do</strong> até 1 milhão de toneladas de uréia por ano.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 215<br />

5.4.6 Produção de Estireno<br />

A consideração deste produto, em detrimento <strong>do</strong> poliestireno, leva em conta<br />

que as últimas expansões <strong>na</strong> capacidade de produção <strong>do</strong> poliestireno deixaram o<br />

merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l superavitário (GOMES ET all, 2005), enquanto que a produção <strong>do</strong><br />

estireno, com unidades de pequeno porte, operan<strong>do</strong> em sua ple<strong>na</strong> capacidade, não<br />

atende a demanda <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Em 2007, a importação deste insumo foi da ordem de<br />

US$213,3 milhões FOB. Além disso, conta-se com a existência de merca<strong>do</strong> de<br />

poliestireno já forma<strong>do</strong> <strong>na</strong> região de Ma<strong>na</strong>us.<br />

Cadeia produtiva <strong>do</strong> estireno<br />

A rota normalmente utilizada <strong>na</strong> obtenção <strong>do</strong> estireno, mais de 90% <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong>, é a partir <strong>do</strong> etilbenzeno – Figura 5.5.19. A outra opção é o processo <strong>para</strong><br />

obtenção de óxi<strong>do</strong> de propeno (PO), que obtém o estireno como subproduto, <strong>na</strong><br />

proporção 2,5:1 SM(monômero de estireno)/PO (MONTENEGRO, SERFATY, 2002),<br />

com um custo inferior ao processo tradicio<strong>na</strong>l. Apesar de ser dependente <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> PO, este processo vem ganhan<strong>do</strong> adeptos e já é utiliza<strong>do</strong> pela Shell, Repsol e Arco.<br />

Figura 5.5.19 Fluxograma de produção <strong>do</strong> estireno e seus deriva<strong>do</strong>s<br />

Fonte: Elaboração própria, (RIVAS, FREITAS, 2006 – adapta<strong>do</strong>)


216 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Conforme observa<strong>do</strong> no fluxograma, a produção <strong>do</strong> estireno, além <strong>do</strong> eteno<br />

produzi<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> GN, depende também <strong>do</strong> benzeno, que advém da <strong>na</strong>fta.<br />

Segun<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>s recentes (RIVAS, FREITAS, 2006), considera-se a<br />

disponibilidade de 84.000 m 3 /mês de <strong>na</strong>fta <strong>para</strong> o PIM, significan<strong>do</strong> o potencial de<br />

produção de 74.000 t/ano de benzeno. O potencial de produção de eteno, a partir da<br />

disponibilidade de GN é de 189.000 t/ano, fican<strong>do</strong> bem distante <strong>do</strong>s valores pratica<strong>do</strong>s<br />

nos projetos petroquímicos atuais. Estimou-se uma planta de 250.000 t/ano de estireno<br />

e foram considera<strong>do</strong>s os fatores de conversão de 1,02 t etilbenzeno/t de estireno,<br />

0,265 t eteno/t etilbenzeno e 0,739 t benzeno/t de etilbenzeno, chegan<strong>do</strong> aos valores<br />

necessários de matérias-primas de 67.575 t de eteno e 188.445 t de benzeno, implican<strong>do</strong><br />

em que a diferença de benzeno, consideran<strong>do</strong> a capacidade de produção local, tivesse<br />

que ser trazida de outro local. Os mesmos estu<strong>do</strong>s, no entanto, indicam como a <strong>na</strong>fta<br />

da refi<strong>na</strong>ria de Ma<strong>na</strong>us já tem um ca<strong>na</strong>l de comercialização garanti<strong>do</strong> com outros<br />

pólos petroquímicos no País. Desta forma, a maior viabilidade de uma indústria<br />

petroquímica local deverá advir de famílias de produtos que tenham o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

como principal fonte de matéria-prima.<br />

Merca<strong>do</strong> mundial <strong>do</strong> estireno<br />

No ranking mundial de produção de estireno, as dez maiores produtoras deste<br />

petroquímico estão organizadas, de forma decrescente de capacidade, <strong>na</strong> Tabela 5.5.11.<br />

Tabela 5.5.11 As dez maiores produtoras mundiais de estireno<br />

Fonte: ICIS, mar/2008


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 217<br />

Ao to<strong>do</strong> são 101 plantas espalhadas pelo mun<strong>do</strong> e a planta de menor capacidade<br />

– da Sabic Europe BV - tem o porte de 27.000 t/a e situa-se em Geleen, <strong>na</strong> Holanda.<br />

Evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> estireno<br />

A produção <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de estireno está centrada em três fabricantes (Tabela 5.5.12).<br />

Tabela 5.5.12 Fabricantes <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de estireno<br />

Fonte: ICIS mar/2008<br />

A produção <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l entre 2002 e 2006 (Figura 5.5.20) mostra a situação de<br />

produção <strong>na</strong> ple<strong>na</strong> capacidade das plantas existentes.<br />

Figura 5.5.20 Evolução da produção <strong>do</strong> estireno no Brasil entre 2002 e 2006<br />

Fonte: ABIQUIM 2007


218 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

O histórico da balança comercial <strong>do</strong> estireno no Brasil (Figura 5.5.21) mostra<br />

um forte crescimento das importações mundiais nos últimos cinco anos, contra um<br />

leve acréscimo em 2006 das importações da América <strong>do</strong> Sul, segui<strong>do</strong> de decréscimo em<br />

2007. O sal<strong>do</strong> de importação é um fator indutor <strong>do</strong> fortalecimento da fabricação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />

Figura 5.5.21 Evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> brasileiro de estireno, entre 2003 e 2007<br />

Fonte: Aliceweb, em 11 /03/2008<br />

5.5.5 <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> de Escoamento da Produção<br />

A cidade de Ma<strong>na</strong>us sofre restrições de transporte via terrestre e tem a hidrovia<br />

como principal meio de transporte intermunicipal. A principal via terrestre a partir da<br />

cidade é a BR – 174, que a liga a Roraima e Venezuela. Em Boa Vista (RR) existe a<br />

variante BR – 401 que a liga às Guia<strong>na</strong>s.<br />

A malha hidroviária amazônica está dividida em <strong>do</strong>is sub-sistemas: a bacia<br />

<strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s/Solimões e a bacia <strong>do</strong> Tocantins/Araguaia, mostra<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Figura 5.5.22<br />

e Tabelas 5.5.13 e 5.5.14.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 219<br />

Figura 5.5.22 Hidrovias da Amazônia Ocidental<br />

Fonte: BNDES, 1998


220 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 5.5.13 Rede hidroviária da bacia Amazo<strong>na</strong>s/Solimões<br />

Tabela 5.5.14 Rede hidroviária da bacia <strong>do</strong> Tocantins/Araguaia


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 221<br />

As ligações das malhas se fazem por quase to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s,<br />

excetuan<strong>do</strong>-se ape<strong>na</strong>s os municípios das partes altas <strong>do</strong>s rios Purus, Madeira e Juruá e<br />

os esta<strong>do</strong>s de Roraima e Rondônia, <strong>para</strong> algumas cargas e rotas específicas. Nestes<br />

casos os acessos são pelas ro<strong>do</strong>vias AM-010 (Ma<strong>na</strong>us-Itaquatiara), BR -174<br />

(Amazo<strong>na</strong>s-Roraima) e Rio Madeira (Amazo<strong>na</strong>s-Rondônia). Não existe conexão<br />

ferroviária, pois as existentes foram construídas <strong>para</strong> atender a mineração.<br />

O Porto de Ma<strong>na</strong>us está situa<strong>do</strong> no centro da zo<strong>na</strong> urba<strong>na</strong>, <strong>na</strong> margem esquerda<br />

<strong>do</strong> Rio Negro. Desde novembro de 1997 ele é administra<strong>do</strong> pela entidade estadual<br />

Sociedade de Navegação, Portos e Hidrovias <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s (SNPH). Existem<br />

projetos <strong>para</strong> a instalação de termi<strong>na</strong>is flutuantes <strong>na</strong> região <strong>do</strong> Pólo Industrial.<br />

A infra-estrutura <strong>do</strong> Porto conta com um cais fixo de 400 m, <strong>do</strong>is cais flutuantes<br />

(Roadway de 253 m e Torres de 268m) e armazéns ocupan<strong>do</strong> 1200 m 2 . As<br />

profundidades variam de 25 a 45 m, poden<strong>do</strong> atracar <strong>na</strong>vios de longo curso.<br />

Dentre outros termi<strong>na</strong>is privativos, a REMAN possui um termi<strong>na</strong>l <strong>para</strong> o<br />

transporte de óleo cru, combustíveis e deriva<strong>do</strong>s.<br />

As malhas ligam o Porto de Ma<strong>na</strong>us aos portos de:<br />

a) Belém: fica a 120 km <strong>do</strong> Oceano Atlântico, com acesso marítimo através<br />

<strong>do</strong> rio Pará e da baía de Marajó, com cala<strong>do</strong> máximo de 10 m, armazém de 2.000 m 2<br />

<strong>para</strong> carga geral, conexão <strong>para</strong> centro-leste <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará, acesso pela BR 10<br />

(Belém-Brasília), BR 316 (Belém-Maranhão), sem conexão ferroviária.<br />

b) Porto Velho: localiza-se à margem direita <strong>do</strong> rio Madeira, 2 km a jusante<br />

da cidade. Tem acesso a to<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> de Rondônia, municípios <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Amazo<strong>na</strong>s localiza<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s margens <strong>do</strong>s rios Purus e Madeira, leste <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre,<br />

inclusive a capital Rio Branco, pelas ro<strong>do</strong>vias BR – 319 (Porto Velho-Ma<strong>na</strong>us), BR –<br />

364 (Cuiabá-Porto Velho) e BR – 425 (Porto Velho-Guajará-Mirim), sem conexão<br />

ferroviária. Possui três termi<strong>na</strong>is, com cala<strong>do</strong> varian<strong>do</strong> entre 2,5 e 17,5 m. Disputa<br />

com o porto de Belém as cargas de Ma<strong>na</strong>us.<br />

c) Macapá: fica <strong>na</strong> margem esquerda <strong>do</strong> rio Amazo<strong>na</strong>s (município de Santa<strong>na</strong>),<br />

a 18 km de Macapá. Permite conexão <strong>para</strong> o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amapá, oeste <strong>do</strong> Pará, da Ilha<br />

de Marajó até a divisa <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, pelas ro<strong>do</strong>vias AP-010 (Macapá-Mazagão) e BR


222 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

– 156 que integra o Amapá no senti<strong>do</strong> norte-sul, sem conexão ferroviária. Possui <strong>do</strong>is<br />

cais, com cala<strong>do</strong> de 10 m e <strong>do</strong>is termi<strong>na</strong>is privativos.<br />

d) Santarém: situa-se <strong>na</strong> margem direita <strong>do</strong> rio Tapajós, próximo a foz <strong>do</strong><br />

Rio Amazo<strong>na</strong>s, com conexão a to<strong>do</strong>s os municípios <strong>do</strong> médio Amazo<strong>na</strong>s e <strong>do</strong>s vales<br />

<strong>do</strong>s rios Trombetas e Tapajós, pelas BR – 163 (Cuiabá- Santarém) – único acesso<br />

terrestre ao porto e normalmente em esta<strong>do</strong> precário. Com a pavimentação desta ro<strong>do</strong>via<br />

o porto de Santarém substituirá os portos de Belém e Porto Velho <strong>na</strong> movimentação<br />

das cargas ro<strong>do</strong>-hidroviárias entre Ma<strong>na</strong>us e resto <strong>do</strong> Brasil. Possui um cais comercial<br />

(435 m e cala<strong>do</strong> de 10m) e um margi<strong>na</strong>l (228m e cala<strong>do</strong> de 3 m, <strong>para</strong> embarcação de<br />

pequeno porte), <strong>do</strong>is armazéns de 3 mil m 2 , pátio de 10 mil m 2 e sete tanques com<br />

capacidade de 3.500 ton .<br />

e) Vila <strong>do</strong> Conde: <strong>na</strong> margem direita <strong>do</strong> rio Pará (município de Barbace<strong>na</strong>),<br />

<strong>na</strong> confluência <strong>do</strong>s rios Amazo<strong>na</strong>s, Tocantins, Guamá e Capim, acesso ao complexo<br />

industrial Albrás/Alunorte, pelas ro<strong>do</strong>vias PA - 151 e PA – 481, com as travessias <strong>do</strong>s<br />

rios realizadas por balsas. Dispõe de <strong>do</strong>is cais de 543 m de extensão (cala<strong>do</strong> de 14 m),<br />

com <strong>do</strong>is berços de atracação: 292 m, <strong>para</strong> granéis sóli<strong>do</strong>s (externo) e 251 m, <strong>para</strong><br />

carga geral (interno). A administra<strong>do</strong>ra, Cia Docas <strong>do</strong> Pará, pretende transferir a<br />

movimentação de cargas <strong>do</strong> porto de Belém <strong>para</strong> Vila <strong>do</strong> Conde, após construção de<br />

acesso viário entre as cidades.<br />

Transporte Ro<strong>do</strong>viário<br />

Na Tabela 5.5.15 está registrada a situação ro<strong>do</strong>viária <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> e Mato<br />

Grosso, em 2000.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 223<br />

Tabela 5.5.15 As estradas de rodagem <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> e em Mato Grosso - 2000<br />

Fonte: https://gestao.dnit.gov.br/noticias/pacnorte/viewsearchterm=Ro<strong>do</strong>vias amazo<strong>na</strong>s, em<br />

09/06/08.<br />

Algumas razões justificam a baixa densidade ro<strong>do</strong>viária <strong>na</strong> região a<strong>na</strong>lisada:<br />

a) A maior parte <strong>do</strong>s povoa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s encontra-se localizada<br />

à beira <strong>do</strong>s rios, em regiões de difícil acesso terrestre devi<strong>do</strong> aos igapós, igarapés,<br />

furos, emaranha<strong>do</strong>s de rios e florestas, etc.<br />

b) A ocupação <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Amapá, Roraima e Acre é relativamente recente<br />

e estes estão além das fronteiras econômicas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is.<br />

c) As melhores situações apresentadas pelos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Pará, Tocantins,<br />

Rondônia e Mato Grosso são devidas as localizações destes, de interligações <strong>para</strong><br />

outras regiões <strong>do</strong> país.<br />

5.5.6 Avaliação Fi<strong>na</strong>nceira<br />

O dimensio<strong>na</strong>mento de plantas economicamente viáveis somente será preciso<br />

se definida toda a cadeia produtiva, isto é, quan<strong>do</strong> houver uma definição de to<strong>do</strong>s os<br />

produtos a serem produzi<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> GN. Desta forma, os estu<strong>do</strong>s apresentam<br />

uma faixa de escalas competitivas que atendam os merca<strong>do</strong>s objetiva<strong>do</strong>s.<br />

Os valores apresenta<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Tabela 5.5.16 foram obti<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> o modelo<br />

tradicio<strong>na</strong>l de cálculo de custo de produção simplifica<strong>do</strong> (LIMA NETO et all, 2007):


224 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

$ matéria-prima<br />

= o custo da matéria prima, em alguns processos, pode chegar a<br />

90% <strong>do</strong> custo da produção. Como se trata de stranded - jazidas longe de grandes<br />

centros de consumo e a matéria-prima processada próximo da explotação – o custo de<br />

oportunidade <strong>do</strong> GN é baixo. O processo só será viável se o custo <strong>do</strong> GN for bem<br />

inferior aos pratica<strong>do</strong>s nos grandes centros consumi<strong>do</strong>res.<br />

$ operacio<strong>na</strong>l<br />

= este custo engloba o custo de operação e manutenção e é usualmente<br />

calcula<strong>do</strong> sobre 4% <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> investimento, com base no histórico <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de<br />

processos petroquímicos.<br />

$ capital<br />

= representa a soma <strong>do</strong>s custos de depreciação (investimento/anos de<br />

depreciação da planta, considerada a média de 30 anos) e <strong>do</strong>s custos de investimento.<br />

$ outros<br />

= custos de utilidades, catalisa<strong>do</strong>res, etc. Como são de peque<strong>na</strong> monta,<br />

não serão considera<strong>do</strong>s.<br />

Tabela 5.5.16 Valores calcula<strong>do</strong>s com preços mais recentes e a disponibilidade de GN<br />

Fonte: Elaboração própria


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 225<br />

Destaca-se que <strong>na</strong> elaboração <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s dessa tabela, foram ainda considera<strong>do</strong>s<br />

alguns aspectos de referência:<br />

1- <strong>para</strong> os da<strong>do</strong>s de produção e consumo:<br />

O coeficiente de consumo de GN <strong>para</strong> a produção <strong>do</strong> metanol considera<strong>do</strong> foi de<br />

1.303m 3 /ton e 2,4 m 3 /ton <strong>para</strong> a uréia. O cálculo considerou o limite superior de<br />

fornecimento de GN previsto (5,5 milhões de m 3 /dia, <strong>na</strong> composição apresentada<br />

anteriormente) e 350 dias de operação/a. Considerou-se a relação 0,45 ton de metanol/<br />

ton de formaldeí<strong>do</strong> e 0,55 ton de metanol/ton de áci<strong>do</strong> acético.<br />

2 – <strong>para</strong> as alíquotas de impostos consideradas nos cálculos:<br />

(1) Considerada alíquota de impostos de 5% sobre o custo de produção <strong>para</strong> o pior<br />

caso (menor produção) e de 20% <strong>para</strong> o melhor caso.<br />

(2) Considerada alíquota de impostos de 10% sobre o custo de produção <strong>para</strong> o pior<br />

caso (menor produção) e de 12,5% <strong>para</strong> o melhor caso.<br />

(3) Considerada alíquota de impostos de 50% sobre o custo de produção <strong>para</strong> o pior<br />

caso (menor produção) e de 50% <strong>para</strong> o melhor caso.<br />

(4) Considerada alíquota de impostos de 50% sobre o custo de produção <strong>para</strong> o pior<br />

caso (menor produção) e de 50% <strong>para</strong> o melhor caso.<br />

(5) Considerada alíquota de impostos de 0% sobre o custo de produção <strong>para</strong> o pior<br />

caso (menor produção) e de 5% <strong>para</strong> o melhor caso.<br />

3 – Para os Investimentos<br />

O valor de investimento foi calcula<strong>do</strong> sobre o tamanho nomi<strong>na</strong>l das plantas (maior<br />

tamanho indica<strong>do</strong>).<br />

Os cálculos foram feitos consideran<strong>do</strong> os valores atuais de merca<strong>do</strong>, a<br />

disponibilidade de 5,5 milhões de m 3 /dia de GN e a expectativa de que a energia<br />

proveniente de fonte hidrelétrica já estará chegan<strong>do</strong> à região de Ma<strong>na</strong>us em 2015.<br />

5.5.7 Projeção <strong>para</strong> o Futuro<br />

É previsto <strong>para</strong> o futuro importantes mudanças no cenário inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, quanto<br />

à disponibilidade e o custo das matérias-primas da indústria petroquímica, às mudanças


226 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

<strong>na</strong> economia mundial e à força de novos merca<strong>do</strong>s emergentes, como Chi<strong>na</strong> e Índia,<br />

cuja demanda deverá <strong>do</strong>brar nos próximos dez anos.<br />

Na busca de logísticas mais econômicas e matérias-primas mais baratas, várias<br />

plantas norte-america<strong>na</strong>s estarão migran<strong>do</strong> <strong>para</strong> o Oriente Médio e Ásia, que<br />

representarão 86% <strong>do</strong> acréscimo de capacidade até 2015, em função <strong>do</strong> crescimento<br />

econômico destes blocos, lidera<strong>do</strong> pela demanda chinesa (MOREIRA et all, 2007).<br />

No cenário <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l é espera<strong>do</strong> um crescimento da demanda de plásticos, o<br />

que vem en<strong>do</strong>ssar a integração entre o refino e a petroquímica. Estima-se que a demanda<br />

de eteno cresça 3% a.a., o propeno 5% a.a. e o <strong>para</strong>-xileno 6% a.a. O maior crescimento<br />

<strong>do</strong> propeno, em relação ao eteno, deve-se à sua utilização <strong>na</strong> fabricação <strong>do</strong> polipropileno<br />

(representa 64% de sua aplicação). Até 2010 é espera<strong>do</strong> um crescimento <strong>na</strong> demanda<br />

de petroquímicos maior em 4 p.p. <strong>do</strong> que o crescimento <strong>na</strong> demanda por combustíveis<br />

(SZKLO, MAGRINI, 2008) .<br />

O que o crescimento da economia mundial tem acarreta<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong> de<br />

petroquímicos é uma concorrência entre, por um la<strong>do</strong>, a demanda <strong>do</strong>s produtos e,<br />

pelo outro, a alta no preço <strong>do</strong> petróleo, por sua escassez e custo de produção. Apesar<br />

<strong>do</strong> alto custo das matérias-primas, até recentemente estes valores asseguravam a<br />

lucratividade <strong>do</strong> setor petroquímico. Com a entrada de novas unidades de produção<br />

registram-se margens menores.<br />

A utilização de fontes alter<strong>na</strong>tivas de matérias-primas desti<strong>na</strong>das à produção<br />

de petroquímicos vem sen<strong>do</strong> estimulada como solução <strong>na</strong> busca <strong>do</strong> equilíbrio<br />

econômico-fi<strong>na</strong>nceiro. A busca por regiões com disponibilidade de matérias-primas<br />

de baixo custo tem si<strong>do</strong> outra das estratégias defensivas utilizadas por empresas <strong>do</strong><br />

setor, principalmente no Oriente Médio.<br />

Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s pela Methanex em 2007 mostram que os custos de produção<br />

de uma planta de 2.000 t/dia de metanol caem pela metade quan<strong>do</strong> a produção passa<br />

<strong>para</strong> 5.000 t/dia. No entanto, o aumento <strong>do</strong> custo de investimento de capital industrial,<br />

<strong>do</strong> preço da energia, da matéria-prima e da demanda nos emergentes <strong>uso</strong>s de energia<br />

não tem demonstra<strong>do</strong> a queda prevista em plantas recém i<strong>na</strong>uguradas no Oriente Médio.<br />

Em virtude disto, a CMAI tem previsto um preço de merca<strong>do</strong> <strong>para</strong> 2011 da ordem de


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 227<br />

US$ 225 /t e a Jin Jordan & Associates da ordem de US$ 299/t em 2012. A demanda<br />

<strong>do</strong> metanol deverá continuar crescen<strong>do</strong> <strong>na</strong> sua média histórica de 4,5% ao ano.<br />

No segmento <strong>do</strong>s petroquímicos básicos no Brasil as expansões advindas da<br />

duplicação da Copesul, que utiliza aproximadamente 60% de matéria-prima importada,<br />

e a implantação recente da Rio Polímeros, que utiliza as frações C 2<br />

e C 3<br />

<strong>do</strong> GN,<br />

aumentarão a demanda por matéria-prima e insumos. Como estratégias, têm si<strong>do</strong> a<strong>do</strong>tadas<br />

a busca por matérias-primas alter<strong>na</strong>tivas à <strong>na</strong>fta (como etano, propano, propeno, buteno<br />

e outras frações), a implantação de novos projetos junto às fontes de etano – no Rio de<br />

Janeiro, <strong>na</strong> fronteira com Bolívia e <strong>na</strong> Venezuela – e o desenvolvimento de novos processo<br />

<strong>para</strong> a otimização da produção <strong>do</strong> propeno e eteno.<br />

Um atenuante a toda esta pressão da demanda por matérias-primas <strong>do</strong> setor<br />

petroquímico são as recentes descobertas de reservas de petróleo em solo <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />

No setor de fertilizantes as projeções de demanda até 2020 mostram uma<br />

tendência de crescimento de consumo (RIVAS, FREITAS, 2006).<br />

No que diz respeito à uréia a Tabela 5.5.17 mostra a projeção de crescimento<br />

de demanda e as sobras de produção.<br />

Tabela 5.5.17 Previsão de desenvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> mundial de uréia<br />

Fonte: Adubos Vanguard (http://www.adubosvanguard.com.br/feiratur.htm), em 05/05/2008<br />

O Programa de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento – PAC investirá cerca de R$ 6,2<br />

bilhões <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> <strong>do</strong> País, <strong>para</strong> proporcio<strong>na</strong>r o desenvolvimento <strong>do</strong> setor de<br />

infra-estrutura de transportes nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Pará, Amapá, Acre, Rondônia, Roraima,<br />

Amazo<strong>na</strong>s e Tocantins.


228 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Figura 5.5.23 Previsão de desenvolvimento de transporte <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Fonte: https://gestao.dnit.gov.br/noticias/pacnorte/viewsearchterm=Ro<strong>do</strong>vias amazo<strong>na</strong>s, em<br />

09/06/2008.<br />

Até 2009 estarão assegura<strong>do</strong>s 300 milhões <strong>para</strong> a construção de 358 km da<br />

Ferrovia <strong>Norte</strong>-Sul, através da Valec- Construção, Engenharia e Ferrovias S.A, empresa<br />

pública vinculada ao Ministério <strong>do</strong>s Transportes, por meio de parcerias com o setor<br />

priva<strong>do</strong>.<br />

O PAC disponibilizará R$ 35 milhões até 2009 <strong>para</strong> a construção <strong>do</strong> Píer<br />

400, no Porto de Vila <strong>do</strong> Conde, no Pará. O Píer terá 254 metros de comprimento por<br />

35 de largura.<br />

5.5.7.1 Projeção de Demanda das Plantas Químicas<br />

Consideran<strong>do</strong> a média histórica de crescimento <strong>do</strong> setor petroquímico<br />

brasileiro de 4,5% a.a., a Tabela 5.5.18 projeta os valores calcula<strong>do</strong>s <strong>para</strong> 2020. Notese<br />

que <strong>para</strong> alguns produtos a demanda suplantará a disponibilidade atual <strong>do</strong>s 5 MM<br />

m 3 /dia, dependen<strong>do</strong> de uma disponibilidade adicio<strong>na</strong>l.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 229<br />

Tabela 5.5.18 Previsão de demanda de GN <strong>para</strong> 2020<br />

Fonte: Elaboração própria<br />

5.8 Desenvolvimento Social<br />

Uma ampliação <strong>do</strong> parque industrial deste porte implica em demanda de mão<br />

de obra especializada <strong>na</strong>s diversas etapas de sua implementação, quer seja <strong>na</strong> infraestrutura<br />

direta (projeto básico e de detalhamento – civil, mecânico, elétrico e de<br />

automação; aquisição de equipamentos; montagem; testes; operação e manutenção<br />

das plantas), como <strong>na</strong> infra-estrutura indireta (desenvolvimento <strong>do</strong>s diversos modais<br />

de transporte – de carga, principalmente; comunicação; energia e outros serviços<br />

indiretos), promoven<strong>do</strong> o ‘efeito cascata’ no desenvolvimento local.<br />

Tal implementação demandará uma capacitação de pessoal, que por sua vez<br />

ampliará a formação de instrutores e cursos especializa<strong>do</strong>s, perfazen<strong>do</strong> uma cadeia<br />

educacio<strong>na</strong>l técnica e de nível superior.<br />

Para a operação/manutenção das plantas propostas, a quantidade e o perfil<br />

profissio<strong>na</strong>l da mão de obra dependerão <strong>do</strong> nível de automação a ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>. A faixa<br />

de novos empregos permanentes gera<strong>do</strong>s nestes empreendimentos pode variar de 100,<br />

<strong>para</strong> o caso de alto nível de automação em uma única planta que consuma to<strong>do</strong> o GN


230 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

disponível, a 1200 vagas, divididas em mais de uma planta da mesma cadeia produtiva<br />

ou não, com menor nível de automação.<br />

5.9 Conclusão<br />

As opções de produtos deriva<strong>do</strong>s de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> são várias. As que o merca<strong>do</strong><br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l tem aponta<strong>do</strong> como mais prementes, que substituam as importações e<br />

minimizem a dependência de produtos petroquímicos básicos ou intermediários foram<br />

apresenta<strong>do</strong>s no decorrer <strong>do</strong> capítulo.<br />

Dois <strong>do</strong>s produtos eleitos estão limita<strong>do</strong>s pela disponibilidade <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

oriun<strong>do</strong> de Urucu, isto é, o cálculo apontou que nestes <strong>do</strong>is casos, to<strong>do</strong> o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

poderia ser totalmente consumi<strong>do</strong> por cada um: metanol ou uréia.<br />

Em veiculação da mídia recente, a Petrobras declarou a intenção de instalar<br />

uma indústria de uréia, a definir local entre Mato Grosso ou Mato Grosso <strong>do</strong> Sul. A<br />

concretização deste projeto tende a inviabilizar a implantação desta indústria no PIM,<br />

favorecen<strong>do</strong> a opção <strong>do</strong> empreendimento <strong>do</strong> metanol e sua cadeia produtiva<br />

(formaldeí<strong>do</strong>, áci<strong>do</strong> acético e outros).<br />

A outra opção – estireno - demonstra uma limitação quanto à disponibilidade<br />

local <strong>do</strong> benzeno, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> esta opção mais vulnerável que as demais.<br />

A partir dessas considerações, e também toman<strong>do</strong> como referência os estu<strong>do</strong>s<br />

de Rivas e Freitas (RIVAS, FREITAS, 2006), no desenvolvimento <strong>do</strong>s cenários<br />

considerou-se uma planta de produção de metanol com os da<strong>do</strong>s de referência<br />

registra<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Tabela 5.5.19.<br />

Tabela 5.5.19 Planta de Produção de Metanol – Da<strong>do</strong>s de Referência<br />

Fonte: Elaboração própria


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 231<br />

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232 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.6 Cidades ao Longo <strong>do</strong> Percurso <strong>do</strong> Gasoduto<br />

Autor: Marcelo Rousseau Valença Schwob<br />

5.6.1 Geração, Transmissão e Distribuição de Eletricidade<br />

<strong>para</strong> o Interior <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s<br />

A CEAM – Companhia Energética <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, recentemente incorporada<br />

pela Ma<strong>na</strong>us Energia, opera o maior sistema termelétrico isola<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />

abrangen<strong>do</strong> uma área de 1,57 milhão km 2 (99,3% <strong>do</strong> território <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s), com<br />

uma capacidade instalada total de geração de 320,9 MW e um parque gera<strong>do</strong>r próprio<br />

composto por 92 usi<strong>na</strong>s térmicas a diesel, totalizan<strong>do</strong> 222,7 MW, envolven<strong>do</strong> um<br />

conjunto de gera<strong>do</strong>res independentes (PIE) responsável pela oferta nomi<strong>na</strong>l de 98,2<br />

MW. Nesse cenário, as dez maiores áreas de atendimento respondem por 54% da<br />

energia elétrica requerida.<br />

Em 2005 a CEAM operava numa área com uma população de 1.612.762<br />

habitantes, mas atenden<strong>do</strong> em 2005 efetivamente ape<strong>na</strong>s 894.556 habitantes (55,5%),<br />

através de uma geração elétrica própria e alugada de 720.960 MWh/ano e comprada<br />

de 109.384 MWh/ano, totalizan<strong>do</strong> 830.384 MWh/ano, com perdas totais de 46,1%<br />

desse total, equivalente a 382.789 MWh/ano e a um fornecimento efetivo de 447.179<br />

MWh/ano, referente a 176.530 consumi<strong>do</strong>res ativos, sen<strong>do</strong> 148.941 unidades<br />

residenciais (84,4%).<br />

As atividades da companhia apresentam extrema importância social, por<br />

contribuir <strong>para</strong> o desenvolvimento sócio-econômico e a fixação <strong>do</strong> homem no interior<br />

<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, garantin<strong>do</strong> acesso a serviços básicos de eletricidade a 61<br />

municípios <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, num total de 62, além de atender a 34 localidades, como<br />

comunidades indíge<strong>na</strong>s e áreas de segurança <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, envolven<strong>do</strong> o fornecimento de<br />

eletricidade <strong>para</strong> serviços de interesse público, como postos de saúde, escolas,<br />

cooperativas e associações comunitárias. As maiores áreas de atendimento, que<br />

corresponderam a 72,6% de toda a energia faturada, tiveram um acréscimo médio<br />

entre 2004 e 2005 de 10,5%, com destaque <strong>para</strong> importantes áreas como Coari, que


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 233<br />

cresceu 29,0%, Manicoré (14,8%) e Itacoatiara (14,2%), aspecto que tor<strong>na</strong> complexa<br />

a iniciativa de projeção de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

A operação de um sistema termelétrico tão grande e disperso apresenta<br />

problemas logísticos e econômicos de grande complexidade, consideran<strong>do</strong> o eleva<strong>do</strong><br />

custo relativo <strong>do</strong> óleo diesel, o seu custo de transporte até distantes localidades, as<br />

cargas elétricas pouco concentradas, o baixo rendimento de algumas plantas já<br />

obsoletas, a dificuldade de mão de obra <strong>para</strong> execução de serviços de manutenção<br />

nessas localidades e outros problemas que inibem o interesse <strong>do</strong> capital priva<strong>do</strong>. Assim,<br />

esses sistemas operam com forte subsídio necessário <strong>para</strong> mantê-lo, o que ocorre através<br />

das chamadas “contas CCC” (ELETRONORTE, 2008). Em 2005, as áreas de atendimento<br />

e seus percentuais de participação correspondiam aos valores da Tabela 5.6.1.<br />

Tabela 5.6.1 Distribuição estimada <strong>do</strong> consumo de eletricidade e população <strong>na</strong><br />

área da CEAM (2006)<br />

Fonte: CEAM, 2005.<br />

Destaca-se que os da<strong>do</strong>s dessa tabela consideram os seguintes aspectos de<br />

referência:


234 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

1- O Consumo de óleo diesel <strong>para</strong> geração elétrica (m 3 /ano) teve como referência<br />

a previsão da Eletrobrás <strong>para</strong> 2006.<br />

2 - Para os grupos gera<strong>do</strong>res no interior o índice de consumo específico estima<strong>do</strong><br />

foi de 3,31 MWh/m 3 de óleo diesel, consideran<strong>do</strong> eficiência térmica média de 33,5% <strong>para</strong><br />

motores diesel em meia vida.<br />

3 – Os valores de consumo de eletricidade estima<strong>do</strong>s a partir da aplicação <strong>do</strong><br />

consumo específico previsto de óleo diesel <strong>para</strong> geração elétrica em motores novos com<br />

valor de 3,5 MWh/m 3 de óleo diesel.<br />

O consumo de óleo diesel <strong>para</strong> geração elétrica <strong>na</strong> área da CEAM (224.092 m 3 /<br />

ano), previsto <strong>para</strong> 2006, equivaleria a quase 591.849 m 3 /dia de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, como mostra<br />

a última colu<strong>na</strong> da Tabela 5.6.1. Todavia, em se tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>uso</strong> de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em grupos<br />

gera<strong>do</strong>res diesel em localidades tão dispersas e distantes, a tendência é que ocorra a conversão<br />

<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>res em regiões próximas da futura rede de distribuição de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, o que<br />

restringe o potencial imediato de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> às cidades ao longo <strong>do</strong> percurso<br />

<strong>do</strong> gasoduto Coari - Ma<strong>na</strong>us. Além disso, a conversão irá envolver a entrada em operação<br />

de motores <strong>do</strong> tipo dual, por ser mais barata e estratégica, permitin<strong>do</strong> a volta imediata ao<br />

<strong>uso</strong> de óleo diesel, caso haja falta de fornecimento eventual de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Isto envolve a<br />

permanência de parcela de <strong>uso</strong> de óleo diesel, da ordem de 10 a 30%. Desse mo<strong>do</strong>, a<br />

previsão de <strong>uso</strong> de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> mencio<strong>na</strong>da <strong>na</strong> tabela anterior deve considerar um desconto<br />

médio de 20% <strong>na</strong>s estimativas de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, que em seu total previsto passaria<br />

<strong>para</strong> o valor de cerca de 473.600 m³/dia. Além disso, considera-se que somente a população<br />

urba<strong>na</strong> <strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s municípios deverá ser atendida efetivamente com eletricidade gerada<br />

por moto-gera<strong>do</strong>res a <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. O percentual médio de urbanização desse conjunto de<br />

cidades, segun<strong>do</strong> a Tabela 3, adiante, é da ordem de 56%. Assim, essa menor demanda de<br />

eletricidade restringiria o consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> a cerca de 282.000 m³/dia, levan<strong>do</strong> em<br />

conta os atuais da<strong>do</strong>s de consumo elétrico específico.<br />

Como mencio<strong>na</strong><strong>do</strong>, numa primeira fase a demanda efetiva de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong><br />

geração elétrica <strong>na</strong>s cidades <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> deverá se restringir àquelas localizadas<br />

ao longo <strong>do</strong> percurso <strong>do</strong> gasoduto, a saber: Coari, Codajás, Anori, A<strong>na</strong>mã, Caapiranga,<br />

Iranduba e Ma<strong>na</strong>capuru (PETROBRÁS, 2008). Nessas cidades também deverá ser<br />

considerada a possível demanda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> de outros setores, com destaque <strong>para</strong> a


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 235<br />

possível oferta de GNV, o que está considera<strong>do</strong> no item que trata <strong>do</strong> <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> no setor de transporte da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>.<br />

5.6.2 Perfil Setorial de Atendimento<br />

Nas localidades atendidas pela CEAM, as sedes municipais tem nível de<br />

atendimento médio próximo de 90%, enquanto <strong>na</strong> zo<strong>na</strong> rural a situação se inverte,<br />

como se percebe <strong>na</strong> variação <strong>do</strong> índice de consumo elétrico específico. Nas 10 maiores<br />

cidades, ele se situa numa média de 880 kWh/hab.ano, enquanto que no grupo das<br />

menores cidades <strong>do</strong> interior tal índice se situa numa média bem inferior, de 253 kWh/<br />

hab.ano, valor influencia<strong>do</strong> por uma grande participação nesse cômputo de áreas com<br />

populações não atendidas com energia elétrica, totalizan<strong>do</strong> 718.206 habitantes<br />

(MANAUSENERGIA, 2008). Consideran<strong>do</strong> as demais áreas atendidas <strong>do</strong> interior,<br />

sua média de consumo específico por habitante se equivale ao das dez maiores cidades,<br />

situan<strong>do</strong>-se em 824 kWh/hab.ano (MANAUSENERGIA, 2008). De to<strong>do</strong> mo<strong>do</strong>, tais<br />

valores indicam uma baixa demanda anual de eletricidade por habitante, em virtude<br />

da existência de menor demanda elétrica no comércio e no setor residencial, envolven<strong>do</strong><br />

um menor número de equipamentos elétricos, além de uma incipiente demanda elétrica<br />

industrial, apesar de uma razoável demanda relativa referente aos serviços públicos<br />

(bombeamento de água, refrigeração <strong>para</strong> condicio<strong>na</strong>mento de vaci<strong>na</strong>s, ilumi<strong>na</strong>ção<br />

de escolas etc.), como mostra a Tabela 5.6.2. O total de consumi<strong>do</strong>res da CEAM e sua<br />

distribuição por classe setorial de consumo apresentou os seguintes números entre os<br />

anos de 2004 e 2005:<br />

Tabela 5.6.2 Classes de consumo elétrico <strong>na</strong> área da CEAM (MWh)<br />

Fonte: CEAM, 2005


236 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.6.3 Sistema Elétrico de Atendimento às Cidades no<br />

Percurso Coari - Ma<strong>na</strong>us<br />

O gasoduto Coari – Ma<strong>na</strong>us, a ser i<strong>na</strong>ugura<strong>do</strong> em 2009, terá 383 km de<br />

extensão com 20" de diâmetro e mais 125 km de extensão de ramais com diâmetro de<br />

3" <strong>para</strong> atendimento das sete cidades compreendidas no percurso <strong>para</strong> a distribuição<br />

local de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> (PETROBRAS, 2008). As referidas cidades apresentam as<br />

seguintes características sócio-econômicas registradas <strong>na</strong> Tabela 5.6.3.<br />

Tabela 5.6.3 Características sócio-econômicas das cidades no percurso Coari – Ma<strong>na</strong>us<br />

Fonte: IBGE, 2005.<br />

Com os da<strong>do</strong>s referentes às condições sócio-econômicas de cada município<br />

e, em particular, de sua população urba<strong>na</strong>, que deverá efetivamente ser atendida com<br />

energia elétrica através de moto-gera<strong>do</strong>res a <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e óleo diesel (motores duais),<br />

e a partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s da Tabela 4, que mencio<strong>na</strong> os da<strong>do</strong>s de consumo elétrico específico<br />

(kWh/hab.ano) de três das cidades contempladas (Coari, Iranduba e Ma<strong>na</strong>capuru), foi<br />

possível extrapolar os valores de consumo elétrico especifico <strong>para</strong> as outras localidades,<br />

em função <strong>do</strong>s serviços sociais (coletas de lixo, serviços de esgoto e saneamento e<br />

abastecimento de água) promovi<strong>do</strong>s de forma semelhante em cada uma delas. Assim,<br />

em função de algumas indetermi<strong>na</strong>ções, procedeu-se uma extrapolação idêntica <strong>para</strong><br />

to<strong>do</strong>s os outros municípios, a partir da média ponderada pela população urba<strong>na</strong> <strong>do</strong><br />

consumo específico elétrico <strong>do</strong>s três municípios mencio<strong>na</strong><strong>do</strong>s. Assim, chegou-se a


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 237<br />

um valor médio pondera<strong>do</strong> de consumo elétrico específico <strong>para</strong> as outras cidades da<br />

região da ordem de 946 kWh/hab.ano.<br />

A partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de consumo elétrico específico e das populações urba<strong>na</strong>s<br />

envolvidas, foram estima<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s de consumo anual de eletricidade e assim, os<br />

valores de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em cada localidade, como mostra<strong>do</strong> <strong>na</strong>s Tabelas<br />

5.6.4 e 5.6.5.<br />

Tabela 5.6.4 Estimativa de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> geração elétrica <strong>na</strong>s<br />

áreas urba<strong>na</strong>s das cidades no percurso <strong>do</strong> gasoduto Coari – Ma<strong>na</strong>us<br />

Fonte: Ma<strong>na</strong>us Energia, 2007 e elaboração própria.<br />

(*) Uso de 80% de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e 20% de óleo diesel.


238 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 5.6.5 Consumo estima<strong>do</strong> de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> geração de eletricidade<br />

<strong>na</strong>s cidades <strong>do</strong> percurso <strong>do</strong> gasoduto<br />

Fonte: IBGE, 2005, CEAM, 2006 e elaboração própria.<br />

Por volta de 56% da população (143.507 habitantes) habita as áreas urba<strong>na</strong>s<br />

das referidas cidades, as quais são passíveis de atendimento centraliza<strong>do</strong> pela rede<br />

local de distribuição, com eletricidade gerada por meio de moto-gera<strong>do</strong>res a <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

A parcela restante tende a ser atendida de mo<strong>do</strong> independente por meio de pequenos<br />

gera<strong>do</strong>res diesel de operação descontínua e atendimento local, em geral, por poucas<br />

horas diárias, ou através de sistemas foto-voltaicos.<br />

5.6.4 Conclusão Geral<br />

O consumo estima<strong>do</strong> de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> atendimento termelétrico <strong>na</strong>s cidades<br />

localizadas no percurso <strong>do</strong> gasoduto Coari-Ma<strong>na</strong>us, levan<strong>do</strong> em conta a demanda<br />

elétrica atual, foi de 208.959 m³/dia, valor equivalente a 3,5% <strong>do</strong> total de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

a ser transporta<strong>do</strong> no referi<strong>do</strong> gasoduto. Tal valor não considera o provável desconto<br />

<strong>do</strong> consumo de 20% de óleo diesel em motores duais, o que já diminuiria a estimativa<br />

de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> 167.167 m³/dia.<br />

O desenvolvimento econômico dessas micro-regiões poderá em breve<br />

demandar maiores parcelas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, tanto <strong>para</strong> geração elétrica, como <strong>para</strong> os<br />

setores: residencial, comercial, transporte e mesmo, industrial. Extrapolan<strong>do</strong> a taxa<br />

de crescimento de 3,3% a.a., ocorrida no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s entre 1995 e 2005, <strong>para</strong><br />

o perío<strong>do</strong> entre 2010 e 2020, totalizan<strong>do</strong> 17,6% em 2015 e 38,4% em 2020, e<br />

consideran<strong>do</strong> estas taxas também relativas ao crescimento <strong>do</strong> consumo energético


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 239<br />

local, o consumo estima<strong>do</strong> de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong>s referidas cidades passaria <strong>para</strong> 196.588<br />

m³/dia (2015) e 231.359 m³/dia (2020).<br />

Da<strong>do</strong>s recentes de crescimento da demanda elétrica local indicam tendências<br />

muito mais promissoras de crescimento. Em Coari, por exemplo, o crescimento da<br />

demanda de eletricidade entre 2004 e 2005 foi próximo de 30%, o que tende a elevar<br />

em muito as previsões de consumo local de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, ao menos em curto prazo. Isto<br />

parece estar relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> a uma maior atratividade econômica da região, abrin<strong>do</strong> espaço<br />

<strong>para</strong> a instalação de empresas e atrain<strong>do</strong> populações <strong>do</strong> interior e de outras cidades, o<br />

que traz forte tendência de crescimento da demanda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> região. Uma<br />

dessas possibilidades seria, por exemplo, a forte perspectiva de estabelecimento de<br />

uma futura rede de abastecimento de GNC em algumas dessas cidades, viabilizan<strong>do</strong><br />

deslocamentos fluviais entre Coari e Ma<strong>na</strong>us. Consideran<strong>do</strong> a hipótese de<br />

estabelecimento de cinco postos no percurso de 360 km, a perspectiva de acréscimo<br />

seria da ordem de 30.000 m³/dia, o que já provocaria um aumento de quase 20% <strong>na</strong><br />

previsão anterior (167.167 m³/dia) de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, totalizan<strong>do</strong> 197.167<br />

m³/dia. Assim, consideran<strong>do</strong> a possibilidade potencial de <strong>uso</strong> de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong><br />

novos tipos de <strong>uso</strong> <strong>na</strong> região, as previsões de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong>s cidades <strong>do</strong><br />

percurso seriam de 226.588 m³/dia e 261.359 m³/dia, respectivamente em 2015 e<br />

2020 (Tabela 5.6.6).


240 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 5.6.6 Estimativa geral da evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> GN <strong>na</strong>s cidades <strong>do</strong><br />

percurso <strong>do</strong> gasoduto Coari-Ma<strong>na</strong>us<br />

Fonte: elaboração própria.<br />

Obs.: Considerou-se vida útil de 30 anos <strong>para</strong> as infra-estruturas implantadas, preço de oferta <strong>do</strong><br />

GN de US$ 6/MMBtu, cotação <strong>do</strong> dólar a R$ 2,10/US$ e relação de 28,4 m³ de GN por<br />

MMBtu.<br />

Referências Bibliográficas<br />

MANAUSENERGIA – www.ma<strong>na</strong>usenergia.com<br />

ELETRONORTE – www.eletronorte.com.br<br />

PETROBRÁS – www.petrobras.com.br


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 241<br />

5.7 Gás Natural Liquefeito - GNL<br />

Autor: Marcelo Rousseau Valença Schwob<br />

Em função de relevantes vantagens estratégicas e logísticas, a tecnologia <strong>do</strong><br />

GNL vem ten<strong>do</strong> uma crescente importância <strong>para</strong> as grandes empresas de petróleo <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, receben<strong>do</strong> pesa<strong>do</strong>s investimentos tanto em desenvolvimento tecnológico,<br />

quanto em plantas de liquefação, regaseificação e sistemas de transporte. Atualmente,<br />

o GNL já é o modal de transporte de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> que mais cresce no mun<strong>do</strong>. Sen<strong>do</strong><br />

assim, o desenvolvimento desse segmento é de grande importância <strong>para</strong> a Petrobras<br />

em sua atuação como empresa de energia e <strong>na</strong> dinâmica concorrencial <strong>do</strong> setor de<br />

petróleo e <strong>gás</strong> e diante da necessidade de diversificação de fontes de importação de<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> o país.<br />

Um fator que impulsionou o crescimento da cadeia <strong>do</strong> GNL no mun<strong>do</strong> foi o<br />

aumento da demanda por flexibilidade, consideran<strong>do</strong> que a construção de um gasoduto<br />

envolve um eleva<strong>do</strong> “custo afunda<strong>do</strong>”, impedin<strong>do</strong> o transporte da infra-estrutura<br />

construída <strong>para</strong> outro lugar após a exaustão das reservas locais de <strong>gás</strong>. Na cadeia <strong>do</strong><br />

GNL esses custos irrecuperáveis são minimiza<strong>do</strong>s, ou seja, são de muito menor<br />

proporção, o que mitiga o risco <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r. Além disso, nos últimos dez anos foram<br />

obti<strong>do</strong>s significativos avanços tecnológicos <strong>na</strong>s diversas etapas da cadeia <strong>do</strong> GNL,<br />

que proporcio<strong>na</strong>ram efetivos ganhos econômicos nos índices de custo de investimento<br />

e de operação. Apesar de todas as vantagens mencio<strong>na</strong>das, devem ser destaca<strong>do</strong>s os<br />

consideráveis níveis percentuais de consumo e perdas de <strong>gás</strong> envolvidas em toda a<br />

cadeia <strong>do</strong> GNL (10 a 15%), bem maiores que nos gasodutos (1 a 2%), em função das<br />

operações de transferência, consumo próprio das embarcações e utilização parcial <strong>do</strong><br />

volume transporta<strong>do</strong> <strong>para</strong> manutenção <strong>do</strong>s tanques à baixa temperatura, durante a<br />

viagem de retorno.<br />

Uma das vantagens mais destacadas <strong>do</strong> GNL é a possibilidade de modulação<br />

da oferta e demanda por <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, de forma a atender às variações sazo<strong>na</strong>is e diárias<br />

da demanda, em espaços de tempo reduzi<strong>do</strong> (EPE, 2007). A busca por flexibilidade é<br />

de tal maneira importante que atualmente já existem tecnologias sen<strong>do</strong> implantadas<br />

que possibilitam o <strong>uso</strong> de plantas de liquefação “offshore” móveis, que poderiam<br />

atuar em peque<strong>na</strong>s reservas e se deslocar <strong>para</strong> outras ao fim <strong>do</strong> processo de monetização


242 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

das mesmas. Tal processo de inovação indica uma quebra <strong>na</strong> tradição da indústria <strong>do</strong><br />

GNL, caracterizada pela exploração de grandes economias de escala no processo de<br />

liquefação. No Brasil, o desenvolvimento desse mo<strong>do</strong> de transporte de GN já apresenta<br />

projetos implanta<strong>do</strong>s de <strong>uso</strong> pioneiro atenden<strong>do</strong> a pequenos centros consumi<strong>do</strong>res,<br />

<strong>para</strong> os quais ainda não se justifica a construção de gasodutos devi<strong>do</strong> a sua peque<strong>na</strong><br />

escala de consumo. Como no caso da parceria entre a Petrobras e a White Martins <strong>na</strong><br />

construção de uma planta de GNL em Paulínia (SP), operada desde o início de 2006,<br />

atenden<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> interno em menores escalas de suprimento, focan<strong>do</strong> o interior<br />

de São Paulo, os esta<strong>do</strong>s de Mi<strong>na</strong>s Gerais, Paraná e Goiás, além <strong>do</strong> Distrito Federal,<br />

apresentan<strong>do</strong> ainda a perspectiva de curto prazo de atender a diversos outros esta<strong>do</strong>s.<br />

5.7.1 Breve Histórico<br />

A tecnologia <strong>para</strong> liquefação de gases foi desenvolvida <strong>na</strong> primeira metade<br />

<strong>do</strong> Século XX com o intuito de extrair hélio <strong>do</strong> ar. Na década de quarenta, esta<br />

tecnologia foi adaptada pela indústria america<strong>na</strong> de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, inicialmente <strong>para</strong><br />

armaze<strong>na</strong>r quantidades substanciais de <strong>gás</strong> em espaço pequeno, ten<strong>do</strong> em vista as<br />

variações diárias e sazo<strong>na</strong>is da demanda, a partir da verificação de que a operação de<br />

liquefação <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> permitia a redução de seu volume em 600 vezes, exigin<strong>do</strong><br />

temperaturas de -162ºC. Em 1959, a primeira carga de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> liquefeito (GNL)<br />

foi transportada <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a Inglaterra em <strong>na</strong>vio especialmente pre<strong>para</strong><strong>do</strong><br />

<strong>para</strong> este produto. O êxito desta viagem conduziu à construção da primeira unidade<br />

de GNL <strong>na</strong> Argélia, no início da década de 60 (DANTAS, 2009).<br />

A partir da Argélia, o GNL passou a chegar de forma regular aos países<br />

europeus, mas após um rápi<strong>do</strong> desenvolvimento entre 1960 e 1980, o GNL teve seu<br />

desenvolvimento comercial reduzi<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> a chegada à Europa <strong>do</strong>s grandes gasodutos<br />

vin<strong>do</strong>s da Sibéria e <strong>do</strong> Mar <strong>do</strong> <strong>Norte</strong>. Nos EUA ocorreria o mesmo, com o abastecimento<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> americano passan<strong>do</strong> a ser realiza<strong>do</strong> pelos vizinhos Ca<strong>na</strong>dá e México.<br />

No fi<strong>na</strong>l da década de 80, uma unidade construída no Alasca iniciou o<br />

abastecimento <strong>do</strong> Japão, que se tornou ao longo <strong>do</strong> tempo o maior importa<strong>do</strong>r de<br />

GNL, absorven<strong>do</strong> 60% da produção mundial, que chegou a 112,9 milhões de toneladas


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 243<br />

em 2000. O merca<strong>do</strong> americano, por outro la<strong>do</strong>, que era inicialmente considera<strong>do</strong> o<br />

maior consumi<strong>do</strong>r potencial de GNL, não se desenvolveu. Hoje ape<strong>na</strong>s 2% da produção<br />

mundial fluem <strong>para</strong> aquele país, embora esta situação venha mudan<strong>do</strong> rapidamente<br />

(DANTAS, 2009).<br />

O GNL se constitui hoje como uma das mais promissoras áreas de atividade<br />

<strong>na</strong> indústria <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Os motivos vêm das novas tecnologias, que reduziram os<br />

altos custos das instalações de liquefação, <strong>na</strong>vios especializa<strong>do</strong>s <strong>para</strong> o transporte <strong>do</strong><br />

produto a baixa temperatura e das próprias unidades de regaseificação, mas são<br />

principalmente motivos comerciais, em função de uma crescente demanda de GNL<br />

no merca<strong>do</strong> inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>para</strong> geração termelétrica e pelo esgotamento das reservas<br />

america<strong>na</strong>s de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Com isso, o GNL está em fase de retomada de interesse<br />

pelos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, haven<strong>do</strong> perspectiva de que, nos próximos quinze anos, o GNL<br />

venha a representar 20% <strong>do</strong> consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>do</strong> país.<br />

Hoje, o GNL já é o maior vetor de comercialização inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

no mun<strong>do</strong>, com um volume anual de 750 milhões m³/dia, equivalente a quase 10% da<br />

produção mundial (8 bilhões m³/dia) (GEE, 2005).<br />

Por se tratar de um combustível limpo, incolor, ino<strong>do</strong>ro, o metano estimulou<br />

o desenvolvimento de novos materiais e tecnologias de forma a viabilizar sua<br />

comercialização. Devi<strong>do</strong> ao ineditismo de sua produção e a falta de conhecimento de<br />

suas características físico-químicas, inúmeros incidentes foram registra<strong>do</strong>s nos<br />

primórdios <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong> produto, o que concorreu <strong>para</strong> o desenvolvimento<br />

de normas, padrões e tecnologias que serviram de base <strong>para</strong> nortear projetos posteriores,<br />

como melhorias estruturais em tanques e <strong>na</strong>s unidades de liquefação, que as tor<strong>na</strong>ram<br />

mais seguras.<br />

5.7.2 Características de um Sistema de GNL<br />

A tecnologia GNL consiste <strong>na</strong> liquefação <strong>do</strong> GN através <strong>do</strong> seu resfriamento<br />

até – 161 o C. Tal processo permite uma diminuição <strong>do</strong> volume de <strong>gás</strong> em 600 vezes e<br />

tor<strong>na</strong> o seu transporte mais flexível. O <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> liquefeito (GNL) é uma alter<strong>na</strong>tiva<br />

tecnológica importante <strong>para</strong> o transporte <strong>do</strong> <strong>gás</strong> entre regiões desprovidas de infra-


244 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

estrutura de gasodutos ou onde a construção dessa infra-estrutura não é técnica e/ou<br />

economicamente viável (GEE, 2005).<br />

A cadeia <strong>do</strong> GNL pode ser dividida em seis etapas:<br />

i) a produção, tratamento e transporte <strong>do</strong> <strong>gás</strong>;<br />

ii) liquefação <strong>do</strong> <strong>gás</strong>, tratamentos adicio<strong>na</strong>is e estocagem;<br />

iii) transporte através de <strong>na</strong>vios metaneiros até as unidades de recepção;<br />

iv) estocagem e regaseificação <strong>do</strong> combustível;<br />

v) distribuição através de dutos;<br />

vi) consumo fi<strong>na</strong>l.<br />

Quan<strong>do</strong> se trata de um processo de larga escala, um sistema de GNL é uma<br />

seqüência de etapas de processo, que vão desde o reservatório de <strong>gás</strong> até o usuário<br />

fi<strong>na</strong>l, envolven<strong>do</strong> toda a cadeia produtiva <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, desde a produção <strong>do</strong> <strong>gás</strong>,<br />

liquefação, transporte marítimo, regaseificação no destino e distribuição. No caso de<br />

menores escalas de produção, um sistema de GNL envolve entre a liquefação <strong>na</strong> origem<br />

e a regaseificação no destino, um sistema de transporte de <strong>gás</strong> de proporções adequadas<br />

à demanda de instalações como médias e peque<strong>na</strong>s indústrias, postos de GNV,<br />

instalações comerciais etc. através de modais de transporte diversos, como ro<strong>do</strong>viário,<br />

ferroviário e fluvial.<br />

No caso de transporte ferroviário, apesar <strong>do</strong> custo operacio<strong>na</strong>l inferior ao<br />

ro<strong>do</strong>viário, o sistema deve ser pré-existente, consideran<strong>do</strong> o eleva<strong>do</strong> investimento<br />

necessário <strong>para</strong> sua implantação. Todavia existe a necessidade de adaptação <strong>do</strong>s vagões<br />

de transporte <strong>para</strong> o armaze<strong>na</strong>mento de GNL. Em geral, é uma solução aplicada em<br />

redes de transporte de grande tradição de operação, como <strong>na</strong> Rússia, EUA e Europa<br />

Ocidental.<br />

Quanto ao transporte fluvial de GNL, pode ser realiza<strong>do</strong> através de barcaças<br />

com cilindros independentes, como no transporte ro<strong>do</strong>viário ou através de sistemas<br />

dedica<strong>do</strong>s, como nos <strong>na</strong>vios metaneiros, de custo de implantação mais eleva<strong>do</strong>, mas<br />

envolven<strong>do</strong> maiores capacidades de armaze<strong>na</strong>mento e transporte.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 245<br />

Figura 5.7.1 Cadeia de produção e distribuição <strong>do</strong> GNL<br />

Fonte: Gasbrasil, 2008<br />

O GNL é um composto de hidrocarbonetos leves cujo componente pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte é o<br />

metano. Após um processo de resfriamento, o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> poderá ser liquefeito, ten<strong>do</strong><br />

sua composição alterada em função da retirada de compostos que poderão congelar a<br />

temperaturas mais altas (CO2, água e compostos sulfurosos), bem como hidrocarbonetos<br />

pesa<strong>do</strong>s, cujo ponto de congelamento seja superior ao metano.<br />

O processo básico de produção consiste das fases de:<br />

. Purificação – Etapa onde ocorre a remoção de contami<strong>na</strong>ntes;<br />

. Liquefação – Etapa onde ocorre a liquefação <strong>do</strong> <strong>gás</strong> propriamente dita;<br />

. Estocagem – Armaze<strong>na</strong>gem de produto liquefeito.<br />

Figura 5.7.2 Etapas de produção <strong>do</strong> GNL<br />

Fonte: Gasbrasil, 2008.


246 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

O risco de vazamento de <strong>gás</strong> é uma constante durante o seu processamento, o<br />

que, devi<strong>do</strong> às altas pressões de manuseio, aumenta o risco de projeção, asfixia e<br />

liberação de energia. Esse risco pode ser aumenta<strong>do</strong> pela presença de contami<strong>na</strong>ntes<br />

presentes no <strong>gás</strong>, como mercapta<strong>na</strong>s, áci<strong>do</strong> sulfídrico e mercúrio. Na liquefação<br />

ocorrerá a se<strong>para</strong>ção de compostos leves e pesa<strong>do</strong>s que, após se concentrarem, poderão,<br />

em caso de vazamento, formar nuvens próximas ao solo, com risco de asfixia, mesmo<br />

em espaços abertos.<br />

A geração de frio pode trazer um desafio interessante, ten<strong>do</strong> em vista que no<br />

processo de produção denomi<strong>na</strong><strong>do</strong> cascata, os refrigerantes isola<strong>do</strong>s deverão ter nível<br />

de pureza extremamente eleva<strong>do</strong> e sua mistura, mesmo que em quantidades ínfimas,<br />

poderá criar problemas operacio<strong>na</strong>is.<br />

No processo de produção denomi<strong>na</strong><strong>do</strong> MGR o nível de pureza não é um<br />

problema, ten<strong>do</strong> em vista que mais de um componente será utiliza<strong>do</strong> como fonte de<br />

refrigeração. No entanto, o desafio, neste caso, é manter leves e pesa<strong>do</strong>s em mistura<br />

<strong>na</strong>s mais diversas condições de temperatura e pressão, consideran<strong>do</strong> que ora poderão<br />

estar liquefeitos, ora em esta<strong>do</strong> gasoso, nos mais diversos percentuais.<br />

A estocagem deverá ocorrer em geral em grandes tanques, que deverão<br />

armaze<strong>na</strong>r o produto a baixa temperatura até seu envio ao consumi<strong>do</strong>r, com a variação<br />

da composição de entrada e com a observância de cuida<strong>do</strong>s básicos de segurança. O<br />

GNL poderá se se<strong>para</strong>r em camadas de diferentes densidades, o que, por sua vez, irá<br />

ocasio<strong>na</strong>r um fenômeno conheci<strong>do</strong> como estratificação e roll over. Se não controla<strong>do</strong>,<br />

esse fenômeno pode gerar vazamentos de grande porte.<br />

5.7.3 Unidade de Liquefação<br />

O elemento central de um projeto de GNL é a unidade de liquefação, onde a<br />

temperatura <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> é reduzida a -161º C, ponto em que ele se tor<strong>na</strong> líqui<strong>do</strong>,<br />

com uma redução de volume de cerca de 600 vezes. Esta instalação, construída em<br />

locais de bom cala<strong>do</strong> (mínimo 14 m), em baía abrigada e o mais próximo possível<br />

<strong>do</strong>s campos produtores, compõe-se basicamente, como se vê <strong>na</strong> Figura 5.7.2, de uma<br />

unidade de tratamento, <strong>do</strong> conjunto de troca<strong>do</strong>res de calor e <strong>do</strong>s tanques de


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 247<br />

armaze<strong>na</strong>gem. O <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> liquefeito é a seguir armaze<strong>na</strong><strong>do</strong> em tanques capazes de<br />

mantê-lo a -161º C até o embarque. Em razão <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> custo desta armaze<strong>na</strong>gem,<br />

sua capacidade é calculada por sofistica<strong>do</strong>s processos que levam em conta a produção<br />

da unidade, o número e tamanho <strong>do</strong>s <strong>na</strong>vios, riscos de atraso e outras variáveis<br />

(PRAXAIR, 2009).<br />

A unidade de tratamento desti<strong>na</strong>-se a remover as impurezas existentes no <strong>gás</strong><br />

vin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s campos, como <strong>gás</strong> carbônico, enxofre, nitrogênio, mercúrio e água, além <strong>do</strong><br />

condensa<strong>do</strong>. O processo inclui a se<strong>para</strong>ção <strong>do</strong> <strong>gás</strong> liquefeito de petróleo (GLP), basicamente<br />

propano e butano, que poderá ser vendi<strong>do</strong> como produto fi<strong>na</strong>l ou reinjeta<strong>do</strong> no GNL.<br />

O conjunto de troca<strong>do</strong>res de calor, peça principal da liquefação, funcio<strong>na</strong><br />

segun<strong>do</strong> o mesmo princípio de um refrigera<strong>do</strong>r <strong>do</strong>méstico. Um <strong>gás</strong> refrigerante (em<br />

geral, uma mistura de metano, etano e propano) é pressuriza<strong>do</strong> e em seguida expandese<br />

através de uma válvula (efeito Joule-Thompson), extrain<strong>do</strong> calor <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

que chega aos troca<strong>do</strong>res de calor. Há diferentes tipos de troca<strong>do</strong>res, mas quase todas<br />

as instalações dividem-se em conjuntos <strong>para</strong>lelos, capazes de liquefazer de 2,0 a 2,5<br />

milhões t/ano, cada um. Os mais recentes “trens de liqüefação” tendem a ter dimensões<br />

bem maiores, chegan<strong>do</strong> a capacidades de 4,7 milhões de toneladas/ano.<br />

O custo de uma instalação de liquefação, inclusive facilidades portuárias,<br />

tem varia<strong>do</strong> constantemente com as inovações tecnológicas e as pressões de merca<strong>do</strong>.<br />

Em 2007, o investimento por tonelada de capacidade anual estava <strong>na</strong> casa de US$<br />

275,00, o que significa que uma planta de sete milhões de toneladas/ano ou cerca de<br />

30 milhões m 3 /dia custaria US$ 1,92 bilhões (GASNET, 2009).<br />

Quanto aos projetos de GNL de menor escala de distribuição (200.000 a<br />

1.000.000 m 3 /dia), visan<strong>do</strong> atingir peque<strong>na</strong>s e médias instalações consumi<strong>do</strong>ras, que<br />

podem utilizar modais ferroviários, ro<strong>do</strong>viários ou fluviais, costuma apresentar uma<br />

relação de investimento inicial específico da ordem de US$ 130 a 150/m 3 de capacidade<br />

de transporte de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, o que permite estimar que um projeto de transporte de<br />

GNL de 500.000 m 3 /dia poderá ser orça<strong>do</strong> <strong>na</strong> faixa de custo inicial da ordem de US$<br />

70 milhões (GASBRASIL, 2008).


248 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.7.4 Navios Metaneiros<br />

Os <strong>na</strong>vios de transporte de GNL das unidades de liquefação aos pontos de<br />

regaseificação dispõem de reservatórios isola<strong>do</strong>s, capazes de suportar a temperatura<br />

<strong>do</strong> <strong>gás</strong> durante o transporte, não haven<strong>do</strong> refrigeração <strong>na</strong> viagem. Mesmo nos <strong>na</strong>vios<br />

mais modernos, há uma perda de <strong>gás</strong> da ordem de 0,1% ao dia, em função da perda de<br />

calor. Nos <strong>na</strong>vios mais modernos, o GNL é normalmente usa<strong>do</strong> como combustível e<br />

uma peque<strong>na</strong> parte retor<strong>na</strong> com o <strong>na</strong>vio, de mo<strong>do</strong> a manter os tanques frios. Até o<br />

fi<strong>na</strong>l da década de 90, os <strong>na</strong>vios metaneiros eram dedica<strong>do</strong>s, mas hoje cresce o<br />

merca<strong>do</strong> spot de <strong>na</strong>vios que atendem a encomendas, sem dedicação exclusiva a<br />

empreendimentos específicos, os quais já representam cerca de 13% <strong>do</strong> total de<br />

<strong>na</strong>vios em operação no mun<strong>do</strong>.<br />

Há <strong>do</strong>is tipos básicos de transporta<strong>do</strong>res de GNL: o que armaze<strong>na</strong> o <strong>gás</strong> em<br />

esferas, utilizan<strong>do</strong> tecnologia norueguesa e america<strong>na</strong> da Kvaerner Moss Rosenberg,<br />

que representa 45% da frota mundial, mas ape<strong>na</strong>s 10% das novas encomendas, e os<br />

que apresentam tanques <strong>na</strong>s posições convencio<strong>na</strong>is de petroleiros (tipo membra<strong>na</strong>,<br />

com tecnologia da Technigaz), que representam 50% da frota mundial e 90% das<br />

novas encomendas. Esta última, de origem francesa, vem pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>n<strong>do</strong><br />

gradativamente no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s novos <strong>na</strong>vios em construção, por suas vantagens de<br />

maior capacidade de transporte de massa por volume. A capacidade usual por <strong>na</strong>vio é<br />

de 125 a 135 mil m³, corresponden<strong>do</strong> a 55 a 60 mil toneladas de GNL (440 kg/m 3 )<br />

(TECHNIGAZ, 2008).<br />

Durante muitos anos os estaleiros japoneses <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ram o cenário da<br />

construção de metaneiros, mas hoje eles estão sen<strong>do</strong> feitos também <strong>na</strong> Finlândia,<br />

Itália, França e principalmente <strong>na</strong> Coréia <strong>do</strong> Sul. Mesmo assim, continua se tratan<strong>do</strong><br />

de um segmento de alta sofisticação <strong>na</strong> construção <strong>na</strong>val, restrito a poucos fabricantes.<br />

A frota mundial em operação em 2007, da ordem de 230 <strong>na</strong>vios, com mais<br />

algumas deze<strong>na</strong>s em construção, apresenta um custo por unidade da ordem de US$<br />

175 milhões, <strong>para</strong> os de maior capacidade, equivalen<strong>do</strong> a cerca de três vezes mais que<br />

um petroleiro de mesma capacidade em toneladas. O processo de concorrência entre


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 249<br />

os estaleiros de <strong>na</strong>vios metaneiros tem leva<strong>do</strong> a seguidas reduções de preço específico<br />

das unidades, valor que atualmente é da ordem de US$ 300/t.ano (WORLDLNG, 2007).<br />

5.7.5 Termi<strong>na</strong>l de Armaze<strong>na</strong>mento e Regaseificação<br />

Os termi<strong>na</strong>is <strong>para</strong> desembarque <strong>do</strong> <strong>gás</strong> situam-se junto aos centros de consumo,<br />

em locais de águas profundas e abrigadas. Seus principais elementos são os tanques<br />

de estocagem e os regaseifica<strong>do</strong>res, além <strong>do</strong>s equipamentos complementares.<br />

A capacidade <strong>do</strong>s tanques de estocagem pode ir de pouco mais que a carga de<br />

um <strong>na</strong>vio (caso de Huelva, <strong>na</strong> Espanha, com 160 mil m³ de armaze<strong>na</strong>gem, <strong>para</strong> <strong>na</strong>vios<br />

de 135 mil m³), até valores muito maiores, quan<strong>do</strong>, além de absorver a carga <strong>do</strong>s<br />

<strong>na</strong>vios, o termi<strong>na</strong>l propõe-se a servir de balancea<strong>do</strong>r de picos de consumo e estoque<br />

estratégico. Neste último caso está o termi<strong>na</strong>l de Sodegaura, <strong>na</strong> baía de Tóquio, capaz<br />

de armaze<strong>na</strong>r 2,7 milhões m 3 de GNL (cerca de 1,62 bilhão m³ de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong>s<br />

CNTP), valor equivalente a vinte vezes a carga de um <strong>na</strong>vio padrão de grande<br />

capacidade ou 32 dias de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no Brasil. Em escala um pouco<br />

menor, <strong>na</strong> Coréia <strong>do</strong> Sul há também a preocupação de estocagem de GNL nos termi<strong>na</strong>is,<br />

consideran<strong>do</strong> a eventualidade de interrupção de um intenso processo de alimentação<br />

de GNL, <strong>na</strong> proporção de cerca de 2 <strong>na</strong>vios metaneiros ao dia, que poria o fornecimento<br />

energético <strong>do</strong> país em risco.<br />

Os regaseifica<strong>do</strong>res podem usar água <strong>do</strong> mar <strong>para</strong> reaquecer o GNL, ou vapor<br />

quan<strong>do</strong> há uma termelétrica nos arre<strong>do</strong>res, como é muito freqüente. Neste caso, a<br />

expansão <strong>do</strong> <strong>gás</strong> ao se vaporizar poderá acio<strong>na</strong>r turbi<strong>na</strong>s, capazes de adicio<strong>na</strong>r alguma<br />

potência à termelétrica. Há ainda uma possibilidade de usar o frio libera<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />

regaseificação <strong>para</strong> indústria de alimentos.<br />

5.7.6 Custos Prováveis de um Sistema de GNL- Resumo<br />

Os custos <strong>para</strong> construção de um termi<strong>na</strong>l de regaseificação variam muito,<br />

como se deduz das diferenças <strong>na</strong> capacidade de estocagem. Um termi<strong>na</strong>l <strong>na</strong> Turquia,<br />

<strong>para</strong> 255 mil m 3 , custou US$ 250 milhões, enquanto que a construção de um termi<strong>na</strong>l


250 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

dez vezes maior no Japão, deman<strong>do</strong>u investimentos oito vezes maiores (US$ 2 bilhões),<br />

indican<strong>do</strong> a redução de custo específico em função <strong>do</strong> aumento da escala de<br />

fornecimento. A título de exemplo, num sistema de GNL com capacidade de<br />

fornecimento de 30 milhões m 3 /ano (49,3 milhões m³/dia de GN <strong>na</strong>s CNTP), somente<br />

o termi<strong>na</strong>l de regaseificação custará acima de US$ 1 bilhão. Na Tabela 5.7.1 a seguir,<br />

é apresentada a variação <strong>do</strong>s custos da cadeia <strong>do</strong> GNL em US$/MMBtu que ocorria<br />

até o início dessa década. Seus valores absolutos não vigoram mais, porém são da<strong>do</strong>s<br />

referenciais úteis em termos relativos, permitin<strong>do</strong> aquilatar o custo proporcio<strong>na</strong>l de<br />

cada etapa (BURANI, 2009)<br />

Tabela 5.7.1 Custos de investimento <strong>na</strong> cadeia <strong>do</strong> GNL (bilhão de dólares)<br />

Fonte: Abiquim, 1998.<br />

Obs: Da<strong>do</strong>s mais recentes, referentes à década de 2000, revelam percentuais de redução de 30<br />

a 40% no custo de transporte, em função <strong>do</strong> aumento das escalas de transporte e da aplicação<br />

mais generalizada da tecnologia de armaze<strong>na</strong>mento de GNL por membra<strong>na</strong> em <strong>na</strong>vios metaneiros<br />

de projeto mais recente.<br />

Para um sistema de sete milhões de toneladas por ano, os custos médios de investimento<br />

estão apresenta<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Tabela 5.7.2.<br />

Tabela 5.7.2 Custos de investimento <strong>na</strong> cadeia <strong>do</strong> GNL (US$ bilhão)<br />

Fonte: Portal Gasbrasil, 2008.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 251<br />

Os números mostram que o porte <strong>do</strong> investimento acarreta complexos<br />

esquemas fi<strong>na</strong>nceiros, só viáveis, se existirem contratos de longo prazo envolven<strong>do</strong><br />

entidades solidamente implantadas no merca<strong>do</strong>. O prazo de maturação de um projeto<br />

como este se situa <strong>na</strong> casa <strong>do</strong>s dez anos, <strong>do</strong> momento da identificação das reservas de<br />

<strong>gás</strong> à primeira carga entregue ao compra<strong>do</strong>r.<br />

5.7.7 Merca<strong>do</strong> Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de GNL<br />

Entre 2001 e 2006, o merca<strong>do</strong> mundial de GNL cresceu 46% (ANP, 2008),<br />

passan<strong>do</strong> de 129 <strong>para</strong> 188 milhões t/ano, ou de 504 <strong>para</strong> 735 milhões m³/dia. Até<br />

2030, prevê-se que o merca<strong>do</strong> mundial de GN cresça à taxa média anual de 2,4%,<br />

valor superior ao previsto pra o óleo (1,4%), resulta<strong>do</strong> que em boa parte refletirá a<br />

participação crescente <strong>do</strong> GNL, consideran<strong>do</strong> a demanda crescente de grandes<br />

importa<strong>do</strong>res, como Japão, Coréia <strong>do</strong> Sul e Europa e diante de <strong>do</strong>is forçantes<br />

importantes: A pressão da política ambiental e a necessidade de monetização <strong>do</strong>s ativos<br />

(reservas de GN).<br />

Até 2003, os investimentos mundiais em GNL não passavam de US$ 6 bilhões,<br />

mas a tendência de forte crescimento <strong>do</strong>s investimentos mundiais no setor ficou<br />

evidenciada em 2007, passan<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong>bro daquele valor (US$ 13 bilhões), com<br />

expectativa de passar já em 2008 <strong>para</strong> US$ 24 bilhões. Os percentuais médios de<br />

participação das etapas da cadeia <strong>do</strong> GNL nesse investimento estão apresenta<strong>do</strong>s <strong>na</strong><br />

Tabela 5.7.3 a seguir:<br />

Tabela 5.7.3 Percentuais de custo de investimento <strong>na</strong>s etapas da cadeia <strong>do</strong> GNL<br />

Fonte: The World LNG and GTL Report 2007 – 2011.


252 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

No mun<strong>do</strong>, operavam em 2007 cerca de 230 <strong>na</strong>vios metaneiros, com uma<br />

média de transporte por <strong>na</strong>vio de 34 milhões t/viagem (média de 2 viagens mensais)<br />

ou 49 milhões m³/viagem, valor equivalente ao fornecimento médio diário das<br />

distribui<strong>do</strong>ras de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> atualmente no Brasil.<br />

O merca<strong>do</strong> mundial de GNL no mun<strong>do</strong> se concentra atualmente no transporte<br />

marítimo <strong>para</strong> atendimento de grandes consumi<strong>do</strong>res como Japão, Coréia, Austrália,<br />

Espanha, França e outros. Neste merca<strong>do</strong> atualmente circulam 347 milhões m³/dia, o<br />

que equivale a 1.379 viagens/ano, consideran<strong>do</strong> os <strong>na</strong>vios de maior capacidade de<br />

transporte, hoje, da ordem de 150.000 m³. O volume de GNL transporta<strong>do</strong> num <strong>na</strong>vio<br />

metaneiro desse porte equivalente a 92 milhões m³ ou <strong>do</strong>is dias de consumo no Brasil.<br />

Existem hoje onze países importa<strong>do</strong>res de GNL e outros <strong>do</strong>ze que são produtores<br />

(In<strong>do</strong>nésia, Argélia, Malásia, Qatar, Austrália, Brunei, Nigéria, Abu Dhabi, Trinidad e<br />

Tobago, Oman, Alaska (US) e Líbia. Neles estão operan<strong>do</strong> cerca de 20 plantas, várias<br />

delas em ampliação, abastecen<strong>do</strong> a Europa e o Extremo Oriente (Japão, Coréia e<br />

Taiwan) e já agora inician<strong>do</strong> o abastecimento da costa leste america<strong>na</strong>. A Figura 5.7.3<br />

a seguir mostra resumidamente a localização das unidades produtoras.<br />

Figura 5.7.3 Instalações de GNL no mun<strong>do</strong><br />

fonte: GasBrasil, 2008


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 253<br />

O transporte entre o local de produção e o de recepção é feito em <strong>na</strong>vios<br />

especialmente construí<strong>do</strong>s <strong>para</strong> este propósito. Cerca de duzentos e trinta deles estão<br />

em operação no mun<strong>do</strong> e vários outros estão em construção. Há estimativas recentes<br />

de que a frota mundial de <strong>na</strong>vios transporta<strong>do</strong>res de GNL terá que ser duplicada no<br />

prazo de 5 a 7 anos. Na França e <strong>na</strong> Coréia <strong>do</strong> Sul há hoje deze<strong>na</strong>s de <strong>na</strong>vios em construção<br />

que podem transportar até 153 mil m³ de GNL. Na maior parte <strong>do</strong>s casos, os <strong>na</strong>vios em<br />

construção já envolvem a tecnologia de armaze<strong>na</strong>mento de GNL, desenvolvida pela<br />

empresa francesa Technigas por membra<strong>na</strong>s, aumentan<strong>do</strong> em muito a capacidade de<br />

armaze<strong>na</strong>mento <strong>do</strong>s <strong>na</strong>vios de transporte e reduzin<strong>do</strong> seus custos operacio<strong>na</strong>is.<br />

A produção, transporte e regaseificação <strong>do</strong> GNL são operações que exigem<br />

eleva<strong>do</strong>s investimentos, além de perdas de 10 a 15% <strong>do</strong> <strong>gás</strong> durante o processo, muito<br />

mais que um transporte equivalente por gasoduto, onde as perdas se situam entre 1 e<br />

2%. Isto faz com que a escolha <strong>do</strong> GNL fique restrita aos casos em que gasodutos não<br />

são praticáveis tecnicamente (travessias de mares profun<strong>do</strong>s), ou onde as distâncias<br />

de transporte tornem os gasodutos antieconômicos. Na atual tecnologia, a partir de 4<br />

mil quilômetros, os custos de um sistema de GNL tor<strong>na</strong>m-se competitivos com os de<br />

transporte em gasodutos.<br />

Na virada <strong>do</strong> século XXI, Japão, Coréia <strong>do</strong> Sul e Formosa, i<strong>na</strong>tingíveis por<br />

gasodutos, representavam os merca<strong>do</strong>s mais importantes <strong>para</strong> o GNL, vin<strong>do</strong><br />

principalmente da In<strong>do</strong>nésia, Golfo Pérsico e Austrália. As quatro unidades de<br />

regaseificação <strong>do</strong> litoral americano <strong>do</strong> Atlântico, muito ativas em décadas anteriores,<br />

estavam <strong>na</strong>quela época <strong>para</strong>lisadas.<br />

O rápi<strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> ocorri<strong>do</strong> no início da década<br />

está sen<strong>do</strong> senti<strong>do</strong> com mais força nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, onde o crescimento anual tem<br />

si<strong>do</strong> da ordem de 3 a 4 %, coincidin<strong>do</strong> com redução equivalente <strong>na</strong> produção, e com<br />

a impossibilidade a médio prazo de trazer mais <strong>gás</strong> via gasodutos <strong>do</strong>s países vizinhos,<br />

às voltas com o mesmo problema de demanda e esgotamento de reservas. Com isto, o<br />

preço tradicio<strong>na</strong>l de 2 a 3 US$/milhão de BTU já chega hoje no merca<strong>do</strong> inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

a um custo que tem varia<strong>do</strong> <strong>na</strong> faixa de US$ 8 a 12/MMBtu, bem acima <strong>do</strong> preço<br />

médio inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> transporta<strong>do</strong> em gasodutos, da ordem de US$ 6 a


254 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

8/MMBtu. Isto indica ser o GNL uma alter<strong>na</strong>tiva de energético caro e nobre, desti<strong>na</strong><strong>do</strong><br />

a competir com combustíveis de mesma ordem, como o GLP, a gasoli<strong>na</strong> e o óleo diesel.<br />

A solução que se vê no momento nos EUA é a volta à importação de GNL, o<br />

que exige a reativação imediata das unidades de regaseificação, e a construção de<br />

novas instalações, o que vem sen<strong>do</strong> dificulta<strong>do</strong> (mas não impedi<strong>do</strong>) pelas comunidades<br />

onde estas instalações estão sen<strong>do</strong> projetadas. Uma das soluções alter<strong>na</strong>tivas é a<br />

montagem de instalações de regaseificação sobre estruturas marítimas.<br />

Em 2006, as vendas de GNL dis<strong>para</strong>ram: 11,7% de crescimento (atingin<strong>do</strong><br />

211 Bm³ no ano) impulsio<strong>na</strong><strong>do</strong> pelos altos volumes vendi<strong>do</strong>s <strong>para</strong> Ásia e Europa, um<br />

crescimento bem superior à média anual da década, que foi de 7,7% ao ano.<br />

O Cedigaz - Associação Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l da Indústria <strong>do</strong> Gás confirma que as<br />

operações de GNL têm cresci<strong>do</strong> muito, com a construção de nova infra-estrutura,<br />

antecipan<strong>do</strong> o crescimento da demanda mundial. Em 2006, a entrada em operação de<br />

termi<strong>na</strong>is no México, <strong>na</strong> Chi<strong>na</strong> (Guang<strong>do</strong>ng-Dapeng) e <strong>na</strong> Espanha (Sagunto),<br />

i<strong>na</strong>ugurou novas rotas comerciais mundiais. Em relatório de 2006, a Cedigaz revela<br />

que o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> liquefeito já é hoje o maior responsável pelo comércio inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> (CEDIGAZ, 2008).<br />

5.7.8 Merca<strong>do</strong> Brasileiro de GNL<br />

O GNL é um produto com boa perspectiva de difusão <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no Brasil<br />

e está sen<strong>do</strong> visto como alter<strong>na</strong>tiva <strong>para</strong> diminuir a acentuada dependência de<br />

fornecimento externo via gasoduto, consideran<strong>do</strong> que, através dessa tecnologia, pode<br />

ser adquiri<strong>do</strong> de diversos países produtores.<br />

A inserção de GNL no Brasil poderá ajudar a garantir a expansão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

produtivo sem risco de escassez de energia, já que a taxa de crescimento <strong>do</strong> setor<br />

energético não tem acompanha<strong>do</strong> o crescimento industrial. Alia<strong>do</strong> a esta condição, é<br />

importante citar que o GNL pode propiciar a oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> a comunidades não<br />

atendidas pelas malhas de gasoduto, contribuin<strong>do</strong> <strong>para</strong> o desenvolvimento regio<strong>na</strong>l e<br />

redução <strong>do</strong>s custos produtivos, assim como <strong>para</strong> novas oportunidades de criação de<br />

emprego e renda.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 255<br />

Nos últimos anos, o Brasil vinha estudan<strong>do</strong> a possibilidade de importação de<br />

GNL através <strong>do</strong> porto de Suape (PE), com um montante da ordem de 6 milhões de<br />

m³/dia, que seria feito em parceria entre a Shell e Petrobras, proposta que não chegou<br />

a concretizar-se. Por outro la<strong>do</strong>, a partir de 2009 o Brasil passará a importar GNL de<br />

Trinidad y Tobago, Nigéria, Argélia, Caribe e outras regiões, através <strong>do</strong>s portos <strong>do</strong><br />

Rio de Janeiro e Pecém (CE), envolven<strong>do</strong> um montante total de 21 milhões m 3 /dia,<br />

valor equivalente a cerca de 6% <strong>do</strong> valor comercializa<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> em 2006.<br />

Até 2006, no planejamento estratégico da Petrobrás até 2020 eram citadas<br />

ape<strong>na</strong>s duas plantas de GNL a serem contratadas <strong>para</strong> o Rio de Janeiro e Ceará, com<br />

opção <strong>para</strong> mais duas, mas sem definição de licitação.<br />

Em 2007, fi<strong>na</strong>lmente foi definida a compra <strong>do</strong>s termi<strong>na</strong>is de Pecém e Rio de<br />

Janeiro, além da locação <strong>do</strong>s <strong>na</strong>vios. As primeiras unidades entrarão em operação em<br />

2009. Uma delas, a ser instalada <strong>na</strong> Baía da Gua<strong>na</strong>bara até o fi<strong>na</strong>l de 2009, deverá<br />

operar com um <strong>na</strong>vio com capacidade <strong>para</strong> processar 14 milhões de metros cúbicos<br />

diários de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. A outra unidade, já em operação em fase inicial em Pecém<br />

(CE), tem capacidade <strong>para</strong> processar 7 milhões de metros cúbicos diários. As duas<br />

unidades pertencem à Golar LNG e serão arrendadas <strong>para</strong> a Petrobras por um total de<br />

US$ 900 milhões por 10 anos. Somente o termi<strong>na</strong>l de Pecém deverá ter uma capacidade<br />

de armaze<strong>na</strong>mento de 77 milhões m³, valor equivalente a mais de dez dias de consumo<br />

da região Nordeste, dan<strong>do</strong> maior segurança de oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> região. A<br />

Petrobrás estima que em 2012 o GNL poderá representar 23% da oferta inter<strong>na</strong> de <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> no Brasil, com um volume de 31,1 milhões m³/dia (GASBRASIL, 2008), o<br />

que poderá ocorrer com o aumento <strong>do</strong> número de termi<strong>na</strong>is de regaseificação de GNL<br />

<strong>na</strong> costa <strong>do</strong> país.<br />

As duas unidades encontram-se <strong>na</strong> fase de contratação, que envolve uma tripla<br />

licitação. Além de escolher os fornece<strong>do</strong>res que vão exportar o GNL <strong>para</strong> a empresa,<br />

as concorrências incluem a contratação de <strong>na</strong>vios <strong>para</strong> transporte <strong>do</strong> insumo –<br />

ainda não está defini<strong>do</strong> se por frete ou aquisição das embarcações – e a montagem<br />

das usi<strong>na</strong>s. O GNL regaseifica<strong>do</strong> no Rio deverá abastecer Rio de Janeiro, Mi<strong>na</strong>s<br />

Gerais e São Paulo, permitin<strong>do</strong> maior folga de fornecimento <strong>para</strong> as distribui<strong>do</strong>ras<br />

locais de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.


256 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Em <strong>para</strong>lelo, a Petrobras continua avalian<strong>do</strong> a possibilidade de fornecer Gás<br />

Natural Liquefeito (GNL) <strong>para</strong> a usi<strong>na</strong> termelétrica Leonel Brizola (TermoRio) a partir<br />

de 2009, <strong>para</strong> que a unidade possa honrar os contratos que entram em vigor nessa<br />

época e prevêem a venda diária de 354 megawatts (MW), praticamente o triplo <strong>do</strong>s<br />

126 MW que são despacha<strong>do</strong>s hoje e repassa<strong>do</strong>s mediante contratos assi<strong>na</strong><strong>do</strong>s<br />

(ABEGAS, 2008).<br />

Uma terceira planta poderá ser contratada em breve, com volume total de 14<br />

milhões de metros cúbicos por dia. Os locais mais prováveis <strong>para</strong> a instalação são<br />

Suape (PE) e São Francisco <strong>do</strong> Sul (SC). Além destes, os locais que poderão abrigar<br />

os próximos projetos de GNL em estu<strong>do</strong> são: Aratu (BA) e Itaqui (MA). As de São<br />

Francisco <strong>do</strong> Sul e de Itaqui garantiriam <strong>gás</strong> <strong>para</strong> projetos de consumo intensivo de<br />

energia <strong>na</strong> região, principalmente <strong>na</strong> área de mineração. A de Aratu garantiria <strong>gás</strong> <strong>para</strong><br />

a produção petroquímica da Braskem <strong>na</strong> Bahia. A Petrobras também estuda a viabilidade<br />

de um termi<strong>na</strong>l de regaseificação <strong>do</strong> combustível no Uruguai, <strong>para</strong> abastecer o merca<strong>do</strong><br />

local e a Argenti<strong>na</strong>, envolven<strong>do</strong> um investimento da ordem de US$ 300 milhões.<br />

Além <strong>do</strong> <strong>gás</strong> da Bolívia, da ordem de 26 milhões de metros cúbicos por dia<br />

(chegará a 30 milhões) e <strong>do</strong>s projetos de GNL, que somam em médio prazo pelo<br />

menos 21 milhões (Rio de Janeiro e Ceará), a Petrobras elaborou um plano de<br />

investimentos <strong>para</strong> antecipar a produção <strong>do</strong> combustível. Somente <strong>para</strong> a exploração<br />

e desenvolvimento, foram reserva<strong>do</strong>s US$ 11 bilhões de 2008 a 2011. Nos gasodutos<br />

e <strong>na</strong> infra-estrutura <strong>para</strong> importar o Gás Natural Liqüefeito (GNL), a Petrobras investirá<br />

US$ 6,5 bilhões.<br />

5.7.8.1 Projeto GasLocal<br />

A GasLocal é a primeira empresa a levar GNL <strong>para</strong> médios consumi<strong>do</strong>res de<br />

GN, resultan<strong>do</strong> da associação da Petrobrás (40%) com a White Martins (60%) num<br />

projeto de US$ 50 milhões <strong>para</strong> a produção de GNL a partir de Paulínea (SP), visan<strong>do</strong><br />

atender Uberlândia (MG) (450 km), Anápolis (GO) (700 km) e Brasília (DF) (850<br />

km), além de diversas outras cidades no percurso ou próximas <strong>do</strong> trajeto principal,<br />

como Mococa, Andradas, Três Corações, Barra Bonita e outras. Os consumi<strong>do</strong>res de


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 257<br />

GNL <strong>na</strong>s regiões mencio<strong>na</strong>das são diversos, envolven<strong>do</strong> indústrias de cerâmica branca,<br />

vidro, alimentícias e outras, além <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> GNV. O projeto visa antecipar a<br />

criação de merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, que futuramente serão atendi<strong>do</strong>s<br />

por dutos de transporte de GN. Assim, o GNL atua como indutor de novos merca<strong>do</strong>s<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Seu custo varia com o consumo da instalação e sua distância em relação<br />

ao fornece<strong>do</strong>r. O GNL pode ser substituto <strong>do</strong> GLP, <strong>do</strong> óleo diesel, álcool e óleo<br />

combustível (PRAXAIR, 2009).<br />

Trata-se da primeira planta (Projeto Gemini) de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> liquefeito (GNL)<br />

<strong>do</strong> país, i<strong>na</strong>ugurada em agosto de 2006, operan<strong>do</strong> uma instalação de liquefação e<br />

estrutura de distribuição de peque<strong>na</strong> escala, que produz GNL a um custo de 10 a 15%<br />

abaixo <strong>do</strong> preço <strong>do</strong> <strong>gás</strong> liquefeito de petróleo (GLP).<br />

O investimento da GasLocal faz dessa planta uma nova modalidade <strong>para</strong><br />

inserção <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> matriz energética brasileira e interiorização <strong>do</strong> produto. A<br />

planta tem capacidade de liquefazer, em sua primeira fase, 380 mil m 3 de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>/<br />

dia, por meio de tecnologia de criogenia, que permite transformar o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> gasoso <strong>para</strong> o esta<strong>do</strong> líqui<strong>do</strong>.<br />

No processo o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> é entregue pela Petrobras <strong>para</strong> liquefação <strong>na</strong> planta<br />

da White Martins e, uma vez dentro da planta, é resfria<strong>do</strong> a temperaturas inferiores a<br />

160º C negativos, alcançan<strong>do</strong> então o esta<strong>do</strong> líqui<strong>do</strong>, reduzin<strong>do</strong> de mo<strong>do</strong> drástico seu<br />

volume específico. Em seguida, o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> liquefeito armaze<strong>na</strong><strong>do</strong> pode ser<br />

transporta<strong>do</strong> em caminhões-tanque com capacidade de 28 mil m³ de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e<br />

leva<strong>do</strong> até os clientes.<br />

No setor industrial, em geral, o combustível concorrente <strong>do</strong> GNL é o GLP.<br />

Este último pode ter certa variação de preço específico, conforme a oferta e a demanda<br />

local. Em geral, varia por volta de R$ 2,00/kg, valor equivalente a cerca de US$ 25/<br />

MMBtu. Quanto ao GNL, seu preço fi<strong>na</strong>l varia conforme a distância de deslocamento,<br />

sen<strong>do</strong> cerca de 10 a 15% menor em relação ao preço médio <strong>do</strong> GLP. Consideran<strong>do</strong>-se<br />

uma distância média de deslocamento de 500 km (1.000 km, ida e volta) e um preço<br />

fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> GNL 15% inferior em relação ao GLP, o preço <strong>do</strong> GNL <strong>na</strong> porta <strong>do</strong> cliente<br />

deverá estar por volta de US$ 21/MMBtu. Descontan<strong>do</strong>-se deste valor uma parcela


258 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

de lucro líqui<strong>do</strong> de 20% (US$ 4,2/MMBtu), chega-se a um valor de custo de<br />

US$ 16,8 /MMBtu 1 (GASLOCAL, 2008).<br />

Consideran<strong>do</strong> que o custo com combustível incide, em geral, em 30% <strong>do</strong><br />

custo operacio<strong>na</strong>l total, incluin<strong>do</strong>-se manutenção, peças, mão de obra e amortização,<br />

chega-se a um custo operacio<strong>na</strong>l total da ordem de US$ 4,5/MMBtu, o que leva a um<br />

custo fi<strong>na</strong>l de produção <strong>do</strong> GNL em Paulínea da ordem de US$ 12,3/MMBtu. Este<br />

valor permite deduzir que o custo <strong>do</strong> beneficiamento <strong>do</strong> GNL mais <strong>do</strong> que <strong>do</strong>bra o<br />

custo <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> alimenta<strong>do</strong> no processo, neste caso proveniente da Bolívia e que<br />

chega a Paulínea a um preço entre US$ 5,5 e 6,0/MMBtu (GASLOCAL, 2008).<br />

Tabela 5.7.4 Parcelas de Custo <strong>do</strong> GNL comercializa<strong>do</strong> pela GasLocal<br />

Fonte: Elaboração própria e da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Projeto GasLocal.<br />

Levan<strong>do</strong> em conta um preço fi<strong>na</strong>l médio <strong>do</strong> óleo diesel de R$ 1,75/l, significa<br />

que seu custo de equivalência com o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> seria da ordem de US$ 28,6/MMBtu,<br />

valor superior ao aqui considera<strong>do</strong> <strong>para</strong> o GLP, <strong>para</strong> efeito de com<strong>para</strong>ção, o que<br />

significa que são também grandes as possibilidades de substituição de óleo diesel por<br />

GNL <strong>na</strong> indústria, ainda que esta não constitua um grande participante <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de<br />

consumo de óleo diesel no país.<br />

Em termos com<strong>para</strong>tivos, um caminhão tanque de GNL transporta<br />

consideráveis volumes de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> (25 a 30 mil m 3 ) a médias e grandes distâncias<br />

(200 a 1.000 km), enquanto que no transporte de GNC a 200 bar um caminhão<br />

transporta um volume de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> de 4 a 5 mil m 3 (seis vezes menor), e a curtas<br />

distâncias (em geral, até 150 km). Assim, <strong>para</strong> um mesmo volume de armaze<strong>na</strong>mento,<br />

se pode transportar três vezes mais em GNL <strong>do</strong> que em GNC. A distância de Goiânia<br />

1<br />

Consideran<strong>do</strong>-se um consumo específico de óleo diesel <strong>na</strong>s carretas de transporte de 1,2 km/l a um custo de R$<br />

1,75/l, chega-se a um custo operacio<strong>na</strong>l com combustível por viagem da ordem de US$ 1,4 / MMBtu.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 259<br />

a Paulínia (850 km), ponto em que o <strong>gás</strong> boliviano é processa<strong>do</strong> pela White Martins 1 ,<br />

conforme cita<strong>do</strong>, está próxima <strong>do</strong> limite <strong>para</strong> viabilizar este tipo de operação, já que,<br />

por questões de custo operacio<strong>na</strong>l e escala de fornecimento, acima de mil quilômetros<br />

de distância de fornecimento, a viabilidade econômica <strong>do</strong> empreendimento com GNL<br />

fica comprometida.<br />

A planta de GNL de Paulínea tem 95 mil m² de área total e 11 mil m² de área<br />

construída. Além da estrutura metálica, a parte mais pesada da construção, o tanque<br />

de estocagem de GNL, deman<strong>do</strong>u estaqueamento a cerca de 19m de profundidade. A<br />

base de equipamentos da planta de liquefação compõe-se de compressores de grande<br />

porte de 8 mil hp, troca<strong>do</strong>res de calor de alumínio braza<strong>do</strong>, troca<strong>do</strong>res de casco e<br />

tubo, troca<strong>do</strong>res de calor a ar, sistema de ami<strong>na</strong>, vasos seca<strong>do</strong>res (dessecantes), caldeira,<br />

além de aquece<strong>do</strong>res a <strong>gás</strong> e elétricos (GASLOCAL, 2008).<br />

Para a montagem da planta, foram utiliza<strong>do</strong>s diversos materiais resistentes à<br />

baixa temperatura e também instrumentação redundante, sistema de automação<br />

avança<strong>do</strong>, subestação de rebaixamento de energia, tanques e vasos conforme padrão<br />

da NR13, caminhões-tanques criogênicos com alta capacidade de transporte,<br />

instalações de tanques criogênicos em clientes, sistema de vaporização e o<strong>do</strong>rização<br />

de produto, a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>res diversos com cromatógrafos a <strong>gás</strong> e tanque de estocagem<br />

padrão API.Em termos gerais, a iniciativa reproduz um modelo de transporte<br />

amplamente utiliza<strong>do</strong> <strong>na</strong> movimentação de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em outros países como Japão,<br />

Espanha, Portugal e Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />

A planta atual de produção de GNL de Paulínea já possui 70% de sua<br />

capacidade contratada e deve vender o restante até o começo de 2009, com a perspectiva<br />

de crescimento da demanda em áreas onde não existem gasodutos, especialmente<br />

Goiás, Distrito Federal, Triângulo Mineiro e norte <strong>do</strong> Paraná, além de importantes<br />

áreas econômicas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de São Paulo. Em função <strong>do</strong> sucesso inicial <strong>do</strong><br />

empreendimento, a GasLocal duplicará a produção de sua planta de liqüefação de <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong>, envolven<strong>do</strong> um investimento que deve se aproximar de US$ 65 milhões,<br />

semelhante ao investi<strong>do</strong> <strong>na</strong> instalação da primeira unidade.<br />

2<br />

Com 72% de <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização <strong>do</strong>s equipamentos envolvi<strong>do</strong>s no empreendimento, coube à White Martins a<br />

responsabilidade da construção, <strong>do</strong> projeto e <strong>do</strong> detalhamento, por seu grupo de engenharia, com a utilização de<br />

tecnologia licenciada da companhia norte-america<strong>na</strong> Black & Veatch.


260 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

No referi<strong>do</strong> projeto foram investi<strong>do</strong>s US$ 50 milhões, o que envolve toda a<br />

estrutura de gaseificação, transporte e regaseificação nos pontos de entrega <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong>, totalizan<strong>do</strong> um fluxo comercializa<strong>do</strong> de 380 mil m³/dia. Caso se tratasse da<br />

implantação de um gasoduto de 850 km com essa capacidade, a necessidade de<br />

investimento seria da ordem de US$ 136 milhões, envolven<strong>do</strong> um gasoduto de 8" de<br />

diâmetro com 20 kgf/cm² de pressão nomi<strong>na</strong>l, incluin<strong>do</strong>-se algumas estações de<br />

compressão ao longo <strong>do</strong> percurso. A princípio, pode-se inferir uma relação de US$<br />

358/mil m³ de capacidade de transporte de GN <strong>para</strong> o gasoduto e de US$ 132/mil m³,<br />

<strong>para</strong> o caso de GNL, o que significa que o sistema de antecipação de merca<strong>do</strong> de GN<br />

representa<strong>do</strong> pelo transporte ro<strong>do</strong>viário de GNL representa investimento quase três<br />

vezes menor, além de ser transferível <strong>para</strong> outras regiões, quan<strong>do</strong> a tubulação <strong>do</strong><br />

gasoduto chega ao destino fi<strong>na</strong>l atendi<strong>do</strong> pelo GNL.<br />

5.7.9 Gás Natural da Amazônia <strong>para</strong> Produção de GNL<br />

As possibilidades de emprego <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> Amazônia sob a forma de<br />

GNL são diversas e dependem de vários aspectos econômicos, técnicos e mesmo,<br />

políticos, consideran<strong>do</strong> as prováveis interferências entre o merca<strong>do</strong> elétrico e o <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong>. Em geral, como foi visto, o GNL envolve grandes quantidades de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

transporta<strong>do</strong>, o que exige o estabelecimento de merca<strong>do</strong>s de porte suficiente <strong>para</strong><br />

absorvê-lo, com contratos de fornecimento em longo prazo, não impon<strong>do</strong> todavia<br />

que essa demanda se concentre num único ponto de entrega, poden<strong>do</strong> ser distribuída<br />

ao longo <strong>do</strong> percurso <strong>do</strong> sistema de transporte, ainda que os custos de sistemas de<br />

regaseificação e armaze<strong>na</strong>mento sejam eleva<strong>do</strong>s, como foi mencio<strong>na</strong><strong>do</strong>. O sistema de<br />

transporte <strong>do</strong> GNL pode envolver diversos tipos de modais de transporte, mas <strong>na</strong><br />

Amazônia fica evidente a vantagem <strong>do</strong> modal fluvial, ainda que haja a necessidade de<br />

análise de aspectos de <strong>na</strong>vegabilidade <strong>para</strong> <strong>na</strong>vios metaneiros de grande porte ou<br />

balsas, assim como questões de cala<strong>do</strong> mínimo <strong>para</strong> que aportem. Além disso,<br />

consideran<strong>do</strong> a possibilidade de atendimento de Fortaleza, onde a partir de 2009 já<br />

deverá operar um termi<strong>na</strong>l de gaseificação, os <strong>na</strong>vios de transporte também deveriam<br />

ter a aptidão de operação marítima.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 261<br />

Quanto ao aspecto econômico, sabe-se que o GNL demanda grandes<br />

investimentos e complexos esquemas fi<strong>na</strong>nceiros <strong>para</strong> a implantação de seus sistemas<br />

de liquefação, transporte, estrutura portuária, regaseificação e armaze<strong>na</strong>mento, como<br />

já foi destaca<strong>do</strong>. Por isso, o emprego de GNL depende da quantificação <strong>do</strong>s excedentes<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> que não teriam desti<strong>na</strong>ção de consumo em Ma<strong>na</strong>us, o que imporia sua<br />

transferência através <strong>do</strong> rio Amazo<strong>na</strong>s <strong>para</strong> outros merca<strong>do</strong>s potencialmente<br />

consumi<strong>do</strong>res, como Parintins, Santarém e Belém, poden<strong>do</strong> mesmo seguir por mar<br />

até São Luís e Fortaleza. Para tanto, deverão ser a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>s os merca<strong>do</strong>s potenciais de<br />

consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> de cada região.<br />

No caso de Pecém (CE), apesar de ser a cidade mais distante, haveria a<br />

vantagem de além de já ter um termi<strong>na</strong>l de regaseificação, contar também com uma<br />

considerável rede de distribuição de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, uma infra-estrutura fundamental,<br />

mas ainda inexistente <strong>na</strong>s outras cidades, além de totalmente interconectada com as<br />

outras capitais <strong>do</strong> Nordeste e, em breve tempo, com toda a rede principal de gasodutos<br />

<strong>do</strong> sudeste e <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> país.<br />

Da mesma forma, ten<strong>do</strong> preço mais eleva<strong>do</strong> que combustíveis tradicio<strong>na</strong>is, o<br />

preço fi<strong>na</strong>l de oferta <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> sob a forma de GNL o tor<strong>na</strong>rá competitivo somente<br />

nos merca<strong>do</strong>s onde o combustível emprega<strong>do</strong> apresente eleva<strong>do</strong> preço energético<br />

específico, como o GLP, a gasoli<strong>na</strong>, o óleo diesel e, em alguns casos, o óleo<br />

combustível, o que ocorre com freqüência nos setores comercial e de transporte e, em<br />

parcela um pouco menor, no setor industrial.<br />

O excedente <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em Ma<strong>na</strong>us irá variar nos próximos anos à medida<br />

em que ocorra a prevista substituição de boa parcela da energia elétrica de origem<br />

térmica desti<strong>na</strong>da a Ma<strong>na</strong>us e municípios próximos. Atualmente, esta eletricidade é<br />

gerada através de óleo combustível, óleo diesel e misturas. A partir de 2009, prevê-se<br />

o início <strong>do</strong> processo de substituição desses combustíveis <strong>para</strong> geração elétrica local<br />

por <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, o que deverá ser totalmente efetiva<strong>do</strong> em 2011. Todavia, entre 2011 e<br />

2015 prevê-se o começo da chegada a Ma<strong>na</strong>us da eletricidade produzida em Tucurui,<br />

o que deverá se efetivar por completo em 2017. Com isso, parte <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> estará<br />

então liberada <strong>para</strong> seu emprego em outros setores da economia. Em função <strong>do</strong>s grandes<br />

volumes de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> que estarão disponíveis, prevê-se que a economia local não


262 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

encontrará desti<strong>na</strong>ção ple<strong>na</strong> <strong>para</strong> o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, mesmo que se possa contemplar a<br />

forte perspectiva de crescimento econômico de Ma<strong>na</strong>us e região. Além disso, é preciso<br />

atentar <strong>para</strong> o fato de que a oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> de Urucu <strong>para</strong> a região de Ma<strong>na</strong>us<br />

tende a crescer de mo<strong>do</strong> substancial até 2015, passan<strong>do</strong> de 5,5 milhões m³/dia <strong>para</strong><br />

10,0 milhões m³/dia.<br />

Admitin<strong>do</strong> em 2015 uma parcela de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em Ma<strong>na</strong>us e<br />

região da ordem de 3,0 milhões m³/dia, consideran<strong>do</strong> metade <strong>para</strong> geração elétrica<br />

permanente, a parcela de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> excedente deverá ser da ordem de 7,0 milhões<br />

m³/dia, volume que poderia ser liquefeito e transferi<strong>do</strong> por <strong>na</strong>vios <strong>para</strong> os outros<br />

merca<strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s, o que poderia ser realiza<strong>do</strong> com a operação de um <strong>na</strong>vio metaneiro<br />

de porte médio com capacidade de transporte de 120 mil m³ (53.000 t de GNL), com<br />

freqüência de viagem por volta de 10 dias (cinco de ida e cinco de volta) no percurso<br />

Ma<strong>na</strong>us – Santarém - Belém.<br />

Incluin<strong>do</strong>-se a possibilidade de fornecimento de GNL <strong>para</strong> Fortaleza, o ciclo<br />

de transporte teria seu tempo aumenta<strong>do</strong> em 50% e talvez demandasse mais uma<br />

unidade de transporte. Nos cálculos referi<strong>do</strong>s, não se considerou a possibilidade de<br />

montagem em Ma<strong>na</strong>us de algum projeto gasquímico ou outro que se baseie no emprego<br />

intensivo <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, o que modifica por completo o quadro antes quantifica<strong>do</strong> de<br />

excedente de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, destacan<strong>do</strong> que um empreendimento dessa ordem costuma<br />

demandar parcelas mínimas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> da ordem de 5 milhões m³/dia, de mo<strong>do</strong> a<br />

estabelecer uma escala mínima de processamento (ABIQUIM, 2008).<br />

Consideran<strong>do</strong> uma cadeia de processamento de GNL <strong>para</strong> atendimento da<br />

região com capacidade de 7 milhões m³/dia, os custos e características técnicas <strong>do</strong><br />

projeto seriam os seguintes:<br />

· A instalação de liquefação em Ma<strong>na</strong>us, a ser instalada em sua zo<strong>na</strong> portuária,<br />

deverá contar com tanques de armaze<strong>na</strong>mento e ter capacidade de processamento de<br />

GNL 5.110 t/dia (12.167 m³ /dia); seu custo, basean<strong>do</strong>-se numa relação média<br />

específica a<strong>do</strong>tada inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lmente de US$ 130 a 150/t.ano, deverá ser da ordem<br />

de US$ 225 milhões;<br />

· Consideran<strong>do</strong> ape<strong>na</strong>s um <strong>na</strong>vio de transporte de GNL fazen<strong>do</strong> um percurso<br />

com freqüência de abastecimento a cada dez dias, consideran<strong>do</strong> 5 dias de viagem de


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 263<br />

ida, 4 dias de viagem de volta e 1 dia <strong>para</strong> operações de abastecimento e descarga, o<br />

<strong>na</strong>vio deverá ter capacidade de transporte da ordem de 60.000 t de GNL a um custo da<br />

ordem de US$ 120 milhões;<br />

· O sistema de regaseificação deverá estar instala<strong>do</strong> em porto que tenha de<br />

preferência uma usi<strong>na</strong> termelétrica <strong>para</strong> fornecer calor excedente <strong>para</strong> o processo ou<br />

algum tipo de indústria que demande frio em larga escala, de mo<strong>do</strong> a tor<strong>na</strong>r mais<br />

rentável e eficiente o processo. Caso o termi<strong>na</strong>l de regaseificação seja único, em Belém,<br />

por exemplo, cidade com razoável potencial aparente de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, sua<br />

capacidade de processamento seria da ordem de 5.500 t/dia, com capacidade de<br />

armaze<strong>na</strong>mento da ordem de 122 mil m³ a um custo total de US$ 120 milhões; se o<br />

GNL for transporta<strong>do</strong> <strong>para</strong> regaseificação em Pecém (CE), onde já há um termi<strong>na</strong>l<br />

instala<strong>do</strong>, os custos <strong>do</strong> projeto poderão ser reduzi<strong>do</strong>s em larga escala.<br />

· Consideran<strong>do</strong> um sistema simples de liquefação em Ma<strong>na</strong>us, transporte por<br />

cerca de 1.000 km pelo rio Amazo<strong>na</strong>s e regaseificação em Belém, o sistema completo<br />

de GNL <strong>para</strong> a referida capacidade (7 milhões m³/dia) custaria por volta de US$<br />

1,152 bilhão.<br />

5.7.10 Conclusão<br />

Em termos gerais, <strong>para</strong> a indústria <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l o interesse pelo GNL tanto se<br />

refere ao aumento da oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no país, através da importação de grandes<br />

blocos de energia, como através <strong>do</strong> aumento das possibilidades de distribuição inter<strong>na</strong><br />

<strong>do</strong> mesmo, com a possibilidade de antecipação da exploração de merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res,<br />

hoje ainda não atingi<strong>do</strong>s pela rede de transporte e distribuição por dutos.<br />

A liquefação <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> propicia a flexibilização de <strong>uso</strong> deste combustível,<br />

que poderá ser utiliza<strong>do</strong> em aplicações industriais substituin<strong>do</strong> GLP, óleo diesel e<br />

querosene, combustíveis, em geral, com preço energético específico mais eleva<strong>do</strong>. O<br />

GNL também pode propiciar a difusão <strong>do</strong> <strong>uso</strong> de GNV (Gás Natural Veicular) em<br />

substituição à gasoli<strong>na</strong> e ao óleo diesel em postos e/ou locais não atendi<strong>do</strong>s pelos<br />

gasodutos, poden<strong>do</strong> ser utiliza<strong>do</strong> como combustível <strong>para</strong> o setor de transporte,<br />

principalmente em ônibus e veículos leves, assim como <strong>para</strong> o atendimento de frotas


264 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

cativas de empresas/indústrias, o que inclui veículos leves e pesa<strong>do</strong>s, assim como<br />

equipamentos logísticos industriais, como empilhadeiras, permitin<strong>do</strong> reduzir custos<br />

operacio<strong>na</strong>is e de manutenção.<br />

As limitações <strong>do</strong> <strong>uso</strong> <strong>do</strong> GNL <strong>na</strong> indústria decorrem basicamente de seu<br />

eleva<strong>do</strong> custo de beneficiamento e transporte, fazen<strong>do</strong> com que só possa concorrer<br />

com combustíveis de eleva<strong>do</strong> preço energético específico, caso <strong>do</strong> GLP e <strong>do</strong> óleo<br />

diesel, combustíveis de considerável peso <strong>na</strong> pauta de importações <strong>do</strong> Brasil. Como<br />

foi visto, pelos eleva<strong>do</strong>s custos de implantação e operação, a distribuição <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de<br />

GNL deve envolver consideráveis escalas de fornecimento mínimo, acima de 200.000<br />

m 3 /dia, admitin<strong>do</strong> distâncias de fornecimento entre 200 e 1.000 km.<br />

Consideran<strong>do</strong> sua característica de elemento antecipa<strong>do</strong>r de merca<strong>do</strong>, os<br />

projetos de GNL devem ser amortiza<strong>do</strong>s em prazos condizentes com o cronograma<br />

de atendimento da região com <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por dutos, sob pe<strong>na</strong> de não atingir a tempo<br />

sua viabilização econômica.<br />

No Brasil, o merca<strong>do</strong> industrial apresenta diversas regiões de considerável<br />

consumo potencial de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, localizadas a cente<strong>na</strong>s de quilômetros de distância<br />

da rede de transporte e distribuição atual, permitin<strong>do</strong> concluir que existe um<br />

considerável espaço <strong>para</strong> ampliação <strong>do</strong> <strong>uso</strong> <strong>do</strong> GNL no país. Estas iniciativas dependem<br />

de fi<strong>na</strong>nciamentos de valor eleva<strong>do</strong>, envolven<strong>do</strong> a importação e locação de<br />

equipamentos, necessitan<strong>do</strong>, ao mesmo tempo, amortizar o investimento em prazo<br />

inferior ao da chegada <strong>do</strong>s dutos de transporte e distribuição de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> aos merca<strong>do</strong>s<br />

atendi<strong>do</strong>s pelo GNL.<br />

Sugestões de oportunidades tecnológicas:<br />

· Estu<strong>do</strong>s <strong>para</strong> identificação de potenciais consumi<strong>do</strong>res industriais;<br />

· Atendimento de Arranjos Produtivos Locais com regaseifica<strong>do</strong>res dedica<strong>do</strong>s;<br />

· Fabricação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de materiais criogênicos <strong>para</strong> tanques de armaze<strong>na</strong>mento;<br />

· Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> ciclo de refrigeração envolvi<strong>do</strong> <strong>na</strong> regaseificação envolven<strong>do</strong> a<br />

fabricação de equipamentos <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is.<br />

Para o caso da região entre Ma<strong>na</strong>us e Belém, verificou-se que os investimentos<br />

necessários seriam eleva<strong>do</strong>s e dentro de uma perspectiva de longo prazo, dependen<strong>do</strong>


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 265<br />

<strong>do</strong> processo de desenvolvimento econômico da região nos próximos 20 anos. Uma<br />

das possibilidades de implantação dessa solução <strong>na</strong> região amazônica é a de transporte<br />

fluvial de GNL de Ma<strong>na</strong>us até Santarém e Belém, a partir de 2015, quan<strong>do</strong> se prevê o<br />

começo <strong>do</strong> processo de sobra de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em virtude da entrada da energia elétrica<br />

de Tucuruí em Ma<strong>na</strong>us, que deverá provocar considerável redução <strong>do</strong> consumo de<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em termeletricidade. Com o crescimento previsto da oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

<strong>na</strong> região de Ma<strong>na</strong>us em 2015, existe a possibilidade de se transportar os excedentes<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> forma de GNL através de <strong>na</strong>vios de grande capacidade até o termi<strong>na</strong>l<br />

de regaseificação <strong>do</strong> porto de Pecém no Ceará, permitin<strong>do</strong> a ampliação da oferta de<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> rede interligada <strong>do</strong> Nordeste, que em médio prazo estará interligada à<br />

rede de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> das regiões sudeste e sul <strong>do</strong> país.<br />

Tabela 5.7.5 Estimativa da evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> GNL <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Fonte: elaboração própria.<br />

Obs.: Considerou-se vida útil de 30 anos <strong>para</strong> as infra-estruturas implantadas, preço de oferta <strong>do</strong><br />

GNL em Pecém, após regaseifica<strong>do</strong>, de US$ 10/MMBtu, cotação <strong>do</strong> dólar a R$ 2,10/US$ e<br />

relação de 28,4 m³ de GN por MMBtu.


266 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

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Disponível em: http://www.gasnet.com.br Acesso em 14 jan 2009.<br />

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PRAXAIR, Gás Natural Liquefeito (GNL): tecnologia inédita <strong>para</strong> levar o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

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TECHNIGAZ – www.technigaz.com<br />

WORLDLNG, 2007 – www.cwclng.com


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 267<br />

5.8 Gás Natural Comprimi<strong>do</strong> - GNC<br />

Autor: Marcelo Rousseau Valença Schwob<br />

5.8.1 Características de um Sistema de GNC<br />

O GNC (<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> comprimi<strong>do</strong>) é to<strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> processa<strong>do</strong> e condicio<strong>na</strong><strong>do</strong><br />

<strong>para</strong> o transporte em ampolas ou cilindros à temperatura ambiente e pressão próxima<br />

à condição de mínimo fator de compressibilidade. Em geral, os sistemas de GNC<br />

operam em pressões entre 200 bar e 250 bar, dependen<strong>do</strong> da etapa da cadeia produtiva:<br />

compressão, armaze<strong>na</strong>mento, transporte e distribuição (ABEGAS, 2008).<br />

O produto é transporta<strong>do</strong> em carretas especiais com cestas ou feixes de<br />

cilindros especialmente desenvolvi<strong>do</strong>s <strong>para</strong> as demandas de indústrias, postos de<br />

combustíveis e plantas de processamento, num raio, no caso de transporte ro<strong>do</strong>viário,<br />

de até 120 a 150 km da rede de transporte e distribuição de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por dutos<br />

(EPE, 2008). Além <strong>do</strong> modal ro<strong>do</strong>viário, podem ser explora<strong>do</strong>s outros modais de<br />

transporte, como o fluvial, marítimo e ferroviário, pressupon<strong>do</strong> o embarque <strong>do</strong>s<br />

cilindros ou cestos de cilindros eventualmente reboca<strong>do</strong>s por cavalos mecânicos.<br />

Os benefícios <strong>do</strong> GNC são diversos e comuns ao <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, tais como boa<br />

relação de custo por energia fornecida, aumento da vida útil <strong>do</strong>s equipamentos,<br />

facilidade <strong>na</strong> regulagem de processos operacio<strong>na</strong>is, maior eficiência no processo de<br />

queima, maior segurança devi<strong>do</strong> ao menor risco de vazamento, menor custo de<br />

manutenção e <strong>do</strong> sistema de combustão, menor emissão de poluentes, possibilidade<br />

de utilização da rede existente de GLP, pagamento após o consumo e versatilidade de<br />

aplicação. O GNC pode substituir quase to<strong>do</strong>s os tipos de combustível.<br />

Os sistemas de transporte de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> comprimi<strong>do</strong> constituem das formas<br />

mais rápidas e econômicas de suprimento de regiões com peque<strong>na</strong>s e médias demandas<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, situadas, em geral, até 150 km, no que tange ao transporte ro<strong>do</strong>viário<br />

ou mais de 500 km, consideran<strong>do</strong> modais ferroviários, fluviais e marítimos.<br />

Devi<strong>do</strong> às exigências crescentes de competitividade, as empresas vêm<br />

buscan<strong>do</strong> a redução <strong>do</strong> custo de seus insumos. Hoje o custo da energia representa em<br />

alguns segmentos industriais uma parcela considerável <strong>do</strong> custo fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s produtos.


268 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

As vantagens técnicas, ambientais e econômicas oferecidas pelos sistemas de<br />

abastecimento com GNC possibilitam reduções significativas de custo com relação a<br />

combustíveis tradicio<strong>na</strong>is, como GLP, óleo diesel, querosene e gasoli<strong>na</strong>, destacan<strong>do</strong><br />

a possibilidade de redução das importações de GLP e diesel. Além de economizar<br />

divisas, promove melhora da competitividade das empresas atendidas e antecipa a<br />

criação de merca<strong>do</strong>s compra<strong>do</strong>res de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> forneci<strong>do</strong> por malhas dutoviárias,<br />

que tendem a ser implantadas nessas regiões, permitin<strong>do</strong> novas reduções de custo <strong>do</strong><br />

insumo energético, em função de seu menor custo de transporte.<br />

5.8.2 Histórico Recente e Tendências <strong>do</strong> GNC<br />

A crise política surgida <strong>na</strong> Bolívia mostrou a urgência de se encontrar<br />

alter<strong>na</strong>tivas confiáveis ao <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> boliviano no Brasil. Várias propostas têm si<strong>do</strong><br />

consideradas, tais como a aceleração da oferta <strong>do</strong>méstica e a importação de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

liquefeito (GNL). Desse mo<strong>do</strong>, a oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> sob a forma de GNC, uma<br />

alter<strong>na</strong>tiva ainda pouco discutida no país, deverá depender da oferta local. No caso da<br />

região de Ma<strong>na</strong>us, por exemplo, onde a oferta será grande <strong>para</strong> um sistema de<br />

distribuição ainda incipiente, são grandes as possibilidades de emprego <strong>do</strong> GNC,<br />

ainda que de mo<strong>do</strong> complementar às demais formas, através de transporte por dutos<br />

e processos de liquefação.<br />

Atualmente, são estudadas em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> diversas formas de emprego da<br />

tecnologia <strong>do</strong> GNC. A primeira delas se refere ao transporte em grande escala,<br />

consideran<strong>do</strong> o aproveitamento <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> das plataformas de petróleo, através<br />

de sua compressão e transporte em <strong>na</strong>vios específicos <strong>para</strong> esta atividade. Trata-se de<br />

um conceito há algum tempo desenvolvi<strong>do</strong> <strong>para</strong> aproveitamento de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

desperdiça<strong>do</strong> (stranded gas) <strong>na</strong>s bacias de produção no mar. Esta alter<strong>na</strong>tiva viabilizaria<br />

o aproveitamento econômico <strong>do</strong> <strong>gás</strong> atualmente queima<strong>do</strong> <strong>na</strong> atmosfera ou, em parte,<br />

reinjeta<strong>do</strong> nos poços de petróleo (GASBRASIL, 2008). Outras possibilidades de<br />

emprego <strong>do</strong> GNC envolvem a sua distribuição, consideran<strong>do</strong> os diversos modais de<br />

transporte (ferroviário, ro<strong>do</strong>viário, fluvial e marítimo).


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 269<br />

A distribuição <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> comprimi<strong>do</strong> nos merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res de<br />

combustíveis distantes de gasodutos é uma das faces importantes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong>, dentro de seu processo de interiorização. Conheci<strong>do</strong> como gasoduto virtual,<br />

já existem no Brasil algumas regiões atendidas com pleno sucesso por projetos pioneiros<br />

de GNC, principalmente no sudeste, sul e centro-oeste <strong>do</strong> país, envolven<strong>do</strong> vultosos<br />

investimentos em bases de compressão e sistemas de transporte ro<strong>do</strong>viário.<br />

Em razão <strong>do</strong>s investimentos necessários <strong>para</strong> o funcio<strong>na</strong>mento <strong>do</strong> sistema,<br />

que compreende compressão, transporte e descompressão <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, o preço<br />

fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> energético sofre um acréscimo, em geral, de 15 a 30%, em com<strong>para</strong>ção com<br />

o modelo de distribuição convencio<strong>na</strong>l, via rede de dutos (GASBRASIL, 2008). Mesmo<br />

assim, tende a tor<strong>na</strong>r competitivo o GNC comercializa<strong>do</strong>, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> combustível<br />

a ser substituí<strong>do</strong>.<br />

A principal vantagem <strong>do</strong> sistema de GNC é antecipar a oferta <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

<strong>para</strong> os municípios onde há demanda potencial, mas que estão afasta<strong>do</strong>s da infraestrutura<br />

de distribuição da empresa concessionária desse serviço, até que sejam<br />

viabiliza<strong>do</strong>s os projetos de construção das redes de distribuição <strong>para</strong> esses municípios.<br />

Esta forma de antecipação <strong>do</strong> fornecimento proporcio<strong>na</strong> um decisivo benefício aos<br />

consumi<strong>do</strong>res, desenvolven<strong>do</strong> um merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r que, a partir de certo estágio de<br />

escala de oferta, tende a viabilizar a implantação de redes de distribuição, o que, em<br />

muitos casos, caracteriza o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> GNC como uma atividade parceira <strong>do</strong> <strong>gás</strong> ca<strong>na</strong>liza<strong>do</strong>.<br />

Hoje, os sistemas de compressão de <strong>gás</strong> são eficientes e as empresas fabricantes<br />

oferecem sistemas com diversas capacidades e especificações. Para uma empresa que<br />

queira consumir GNC, ainda não ten<strong>do</strong> o gasoduto passan<strong>do</strong> no local <strong>do</strong> seu<br />

empreendimento, é necessário que exista uma base de compressão e distribuição a<br />

distância inferior a 150 km ou ao menos um ponto de possível extração de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

<strong>na</strong> rede de transporte ou distribuição <strong>na</strong> distância limite referida. O distribui<strong>do</strong>r de<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> ca<strong>na</strong>liza<strong>do</strong> da região com freqüência se encarrega da distribuição <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> comprimi<strong>do</strong> aos revende<strong>do</strong>res, todavia, este é um serviço não exclusivo da<br />

distribui<strong>do</strong>ra de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> ca<strong>na</strong>liza<strong>do</strong> da região, poden<strong>do</strong> ser de responsabilidade<br />

de outras empresas.


270 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

No Brasil, os projetos até aqui implanta<strong>do</strong>s envolvem o modal ro<strong>do</strong>viário,<br />

prevalecen<strong>do</strong> o transporte de GNC através de carretas de transporte de conjuntos de<br />

cilindros de armaze<strong>na</strong>mento (“skids” ou cestos de cilindros), ainda que o GNC<br />

também possa ser transporta<strong>do</strong> por carretas feixe, através de grandes cilindros<br />

horizontais de armaze<strong>na</strong>mento.<br />

No sistema, o revende<strong>do</strong>r utilizará <strong>na</strong> sua base um ou mais compressores<br />

acio<strong>na</strong><strong>do</strong>s por motores elétricos ou a <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> provi<strong>do</strong>s de sistemas de<br />

armaze<strong>na</strong>mento com certa quantidade de cilindros <strong>para</strong> o estabelecimento de um sistema<br />

pulmão. Para compressores alter<strong>na</strong>tivos, as potências de acio<strong>na</strong>mento envolvidas são<br />

da ordem de 150 cv/1.000 m 3 /h (ASPRO, 2008). Para compressores mais avança<strong>do</strong>s,<br />

como os <strong>do</strong> tipo <strong>para</strong>f<strong>uso</strong>, a relação cai de 20 a 30%, evidencian<strong>do</strong> sua maior eficiência<br />

energética, ainda que envolven<strong>do</strong> investimento inicial mais eleva<strong>do</strong> (SAFE, 2008).<br />

Quan<strong>do</strong> o acio<strong>na</strong>mento <strong>do</strong>s compressores é feito da forma tradicio<strong>na</strong>l, por<br />

motores elétricos, os valores de custos de investimento inicial no sistema de<br />

acio<strong>na</strong>mento se encontram <strong>na</strong> faixa de US$ 50 a 80/kW, bem mais baixos <strong>do</strong> que no<br />

caso <strong>do</strong> acio<strong>na</strong>mento por motores a <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> (US$ 100 a 300/kW) (STEMAC,<br />

2008). Todavia, a situação tende a se inverter quan<strong>do</strong> se contempla a questão <strong>do</strong> custo<br />

operacio<strong>na</strong>l, apesar da menor eficiência térmica <strong>do</strong>s motores a combustão, em virtude<br />

da tendência de menores valores <strong>do</strong> preço energético específico <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Nessa<br />

questão interfere a liberalização de preços no merca<strong>do</strong> energético, tanto no que se<br />

refere ao <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, como à eletricidade, consideran<strong>do</strong> as distintas políticas das<br />

concessionárias e governos estaduais quanto aos incentivos, tarifas de consumo por<br />

faixa, negociações de tarifa no merca<strong>do</strong> livre etc.<br />

O custo de compressão elétrica <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> a 200 bar apresenta parcelas de<br />

participação no custo fi<strong>na</strong>l de comercialização dependentes <strong>do</strong>s seguintes parâmetros:<br />

0,12 kWh/m 3 de GN a 200 bar e tarifa média atual de eletricidade de R$ 0,35/kWh.<br />

Juntamente com os custos de transporte e de amortização, pode-se considerar que o<br />

custo total acrescenta<strong>do</strong> ao preço fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> GN é da ordem de R$ 0,25/m 3 (cerca de<br />

US$ 3,0 a 3,5/MMBtu), consideran<strong>do</strong>-se carretas de transporte com capacidade de<br />

4.500 m 3 /viagem, duas viagens diárias, totalizan<strong>do</strong> 400 km/dia (ida e volta) e consumo<br />

específico médio da operação <strong>do</strong> cavalo mecânico da carreta de 1,2 km/l de óleo


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 271<br />

diesel (R$ 1,75/l). Nos custos mencio<strong>na</strong><strong>do</strong>s, já foram consideradas as perdas relativas<br />

ao lastro de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> que retor<strong>na</strong> <strong>na</strong>s carretas, da ordem de 5 a 10% <strong>do</strong> total, além<br />

<strong>do</strong>s custos <strong>do</strong>s sistemas de resfriamento <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> fase de enchimento, visan<strong>do</strong><br />

aumentar a eficiência <strong>do</strong> processo.<br />

5.8.3 Empreendimentos de GNC no Brasil<br />

No Brasil existem atualmente 18 empresas homologadas pela ANP - Agência<br />

Nacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - <strong>para</strong> a distribuição <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> em forma comprimida. Alguns projetos de “Gasodutos-Virtuais” já<br />

demonstraram sua viabilidade de implantação, poden<strong>do</strong>-se destacar os seguintes:<br />

a) Tramonti<strong>na</strong>, empresa pioneira no <strong>uso</strong> <strong>do</strong> GNC, localizada <strong>na</strong> cidade de<br />

Carlos Barbosa (RS); a logística de transporte exigia a realização diária de um percurso<br />

de 35 quilômetros <strong>para</strong> fornecimento de 4 mil m³ de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por dia. Esse sistema<br />

pioneiro foi encerra<strong>do</strong> após 1 ano e 1 mês de funcio<strong>na</strong>mento, resultante de uma oferta<br />

que viabilizou a construção <strong>do</strong>s dutos de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> atender a empresa.<br />

b) Sucos Kiki: empresa também pioneira no <strong>uso</strong> <strong>do</strong> GNC, atualmente em<br />

pleno funcio<strong>na</strong>mento, localizada <strong>na</strong> cidade de Engenheiro Coelho (SP), a 106<br />

quilômetros da estação de compressão em Salto (SP). Foram investi<strong>do</strong>s cerca de R$<br />

2,5 milhões <strong>para</strong> receber 1 milhão de m³ de <strong>gás</strong> por mês; a Sucos Kiki faz sua própria<br />

logística, compran<strong>do</strong> o combustível da empresa concessionária GasNatural SPS.<br />

Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da ABEGÁS -Associação Brasileira das Empresas<br />

Distribui<strong>do</strong>ras de Gás Ca<strong>na</strong>liza<strong>do</strong>, em junho de 2006 foram consumi<strong>do</strong>s 242,2 mil<br />

m³/dia de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> comprimi<strong>do</strong>. Já em junho de 2007, o consumo médio passou<br />

<strong>para</strong> 296,6 mil m³/dia, representan<strong>do</strong> um crescimento de 22,45%, com destaque <strong>para</strong><br />

os esta<strong>do</strong>s de São Paulo, <strong>na</strong>s regiões de concessão da Gás Brasiliano, Gás Natural SPS<br />

e da Com<strong>gás</strong>, além <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná, ressaltan<strong>do</strong> que as principais parcelas de demanda<br />

se referem ao setor industrial e ao setor de transporte , desti<strong>na</strong><strong>do</strong> aos veículos leves.<br />

Em São Paulo, a Gas Natural SPS, em parceria com a Ultracargo (empresa de<br />

soluções logísticas em transporte e armaze<strong>na</strong>gem), fornece via GNC uma média de<br />

47 mil m 3 /dia de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> os segmentos industrial e comercial de Avaré, operan<strong>do</strong>


272 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

um sistema pioneiro no Brasil, ten<strong>do</strong> atingi<strong>do</strong> em 2007 a marca de 1 milhão de<br />

quilômetros transportan<strong>do</strong> GNC. Com isso, foram antecipa<strong>do</strong>s os benefícios <strong>do</strong> <strong>uso</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, através de um sistema logístico que já havia realiza<strong>do</strong> mais de 5 mil<br />

viagens transportan<strong>do</strong> GNC até os clientes (8 viagens por dia e 220 quilômetros por<br />

viagem). Em Avaré, o sistema de GNC opera<strong>do</strong> pela Gas Natural SPS é mais complexo<br />

que outros sistemas existentes, pois também compreende a distribuição <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

através de uma rede secundária até os clientes fi<strong>na</strong>is, após sua descompressão.<br />

No sistema a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>, o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> é comprimi<strong>do</strong> em uma estação de<br />

compressão em Cesário Lange (SP) e depois transporta<strong>do</strong>, em cilindros, por meio de<br />

carretas com cestos de cilindros (4.500 m 3 /carreta), até uma estação de descompressão<br />

em Avaré (SP), a 150 km de distância, onde é descomprimi<strong>do</strong> e, por fim, distribuí<strong>do</strong>,<br />

via rede secundária, até os clientes fi<strong>na</strong>is. Os clientes locais já consumiram mais de<br />

20 milhões de m³ de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, em uma média de mais de 34 mil m³ por dia.<br />

Atualmente, o consumo médio diário pelo sistema GNC é de cerca de 47 mil m³.<br />

Somente uma indústria cerâmica local (Cerâmica Avaré) é responsável por um consumo<br />

da ordem de 4,0 a 6,0 mil m 3 /dia. A GásNatural SPS tem projetos em curso <strong>para</strong> a<br />

expansão desse atendimento envolven<strong>do</strong> o atendimento das cidades de Botucatu e<br />

Registro, ambas <strong>para</strong> o início de 2009.<br />

No Sul <strong>do</strong> país, a única companhia a fornecer GNV a partir <strong>do</strong> GNC é a<br />

Companhia de Gás <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul - Sul<strong>gás</strong>, com 12,4 mil m³/dia de<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> comprimi<strong>do</strong> <strong>para</strong> o segmento veicular. A Companhia Para<strong>na</strong>ense de Gás -<br />

Compagas está trabalhan<strong>do</strong> no projeto <strong>do</strong> primeiro posto, estiman<strong>do</strong> fornecer 4 mil<br />

m³/dia de <strong>gás</strong>. A expectativa é a abertura de três postos de GNV até o início de 2009.<br />

A companhia <strong>do</strong> Paraná concederá desconto sobre o preço <strong>do</strong> GNV <strong>para</strong> projetos de<br />

GNC, tanto <strong>para</strong> GNV, como <strong>para</strong> a indústria.<br />

No Centro-Oeste, a Goias<strong>gás</strong>, que recebe caminhões de transporte de GNL,<br />

está estudan<strong>do</strong> a possibilidade de redistribuir GNV a partir da produção de GNC,<br />

visan<strong>do</strong> aumentar os pontos de venda em Goiânia com uma opção que implica em<br />

menores investimentos.<br />

A Ale Gás poderá atender a indústrias de médio e grande porte instaladas<br />

num raio de até 200 km de Betim (MG). O <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> comprimi<strong>do</strong> será distribuí<strong>do</strong>


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 273<br />

por meio de caminhões, após chegar à base da Ale Gás pelos dutos da Gasmig e ser<br />

processa<strong>do</strong> por equipamentos de compressão. Para montar a nova empresa, a Ale<br />

investiu R$ 10 milhões. A expectativa é de que o novo negócio gere um faturamento<br />

anual de R$ 35 milhões. A Ale decidiu investir no setor de GNC devi<strong>do</strong> à experiência<br />

acumulada no setor de distribuição de deriva<strong>do</strong>s de petróleo e por ter uma carteira de<br />

clientes que consomem produtos que podem ser substituí<strong>do</strong>s pelo <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

(GASMIG, 2008).<br />

Fornece<strong>do</strong>ra importante de gases industriais no Brasil, a White Martins tem<br />

planos de negócios referentes ao setor de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em sua estratégia <strong>na</strong> América <strong>do</strong><br />

Sul. A empresa está investin<strong>do</strong> US$ 65 milhões neste segmento, acreditan<strong>do</strong> no<br />

potencial <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> brasileiro, aponta<strong>do</strong> como o principal foco <strong>do</strong> grupo <strong>na</strong> área de<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Em 2005, a White Martins investiu cerca de R$ 9 milhões numa instalação<br />

de GNC, que começou a operar em 2006 fornecen<strong>do</strong> cerca de 1 milhão de metros<br />

cúbicos/mês, com boa possibilidade de triplicar esse volume em curto prazo. Para<br />

suprir o merca<strong>do</strong>, a White Martins tem duas unidades de compressão de GNC: uma em<br />

Contagem (MG), em parceria com a Gasmig e a Gás Natural Serviços, e outra em Vitória<br />

(ES), em parceria com a BR Distribui<strong>do</strong>ra e a Solidez Engenharia (PRAXAIR, 2007).<br />

Como resulta<strong>do</strong> de uma parceria entre a Gasmig, Cemig e a I<strong>gás</strong>, a Gerdau<br />

Açomi<strong>na</strong>s passou a receber o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> comprimi<strong>do</strong> (GNC), que será utiliza<strong>do</strong> em<br />

substituição ao <strong>gás</strong> liquefeito de petróleo (GLP) nos processos siderúrgicos, <strong>na</strong> Usi<strong>na</strong><br />

Presidente Arthur Ber<strong>na</strong>rdes, em Ouro Branco. A Açomi<strong>na</strong>s é a primeira empresa em<br />

Mi<strong>na</strong>s Gerais a usar o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> comprimi<strong>do</strong>, o que antecipa o fornecimento <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> à empresa, que passou a receber o combustível através de redes de gasodutos<br />

no primeiro semestre de 2005. O <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> é forneci<strong>do</strong> pela Gasmig e a compressão<br />

e o transporte são de responsabilidade da I<strong>gás</strong>, em Belo Horizonte. O transporte <strong>do</strong><br />

GNC será feito por carretas com cestas móveis, com capacidade de 6.000 m 3 de <strong>gás</strong>,<br />

que garantirão à Açomi<strong>na</strong>s a armaze<strong>na</strong>gem fixa <strong>para</strong> o consumo enquanto se processa<br />

a reposição <strong>do</strong> <strong>gás</strong>. As carretas deverão realizar um trajeto de 100 km entre a estação<br />

de compressão e as instalações da Gerdau Açomi<strong>na</strong>s, com um tempo previsto entre<br />

<strong>do</strong>is abastecimentos sucessivos de 9 horas. O consumo mensal estima<strong>do</strong> é de 65.000<br />

m 3 . O contrato deverá vigorar até o início de operação da rede de distribuição de <strong>gás</strong>


274 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Aço - 1ª Etapa, quan<strong>do</strong> o fornecimento <strong>para</strong> a empresa será amplia<strong>do</strong><br />

<strong>para</strong> 600.000 m 3 /mês.<br />

5.8.4 Regulamentação <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> de GNC<br />

O setor de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> comprimi<strong>do</strong> é regi<strong>do</strong> pela Portaria nº 243, de 18 de<br />

outubro de 2000, da ANP, que regulamenta as atividades de distribuição e<br />

comercialização de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> comprimi<strong>do</strong> (GNC) a granel e a construção, ampliação<br />

e operação de Unidades de Compressão e Distribuição de GNC. A portaria esteve em<br />

consulta pública até o fim de julho de 2007 e a ABGNC apresentou algumas propostas<br />

visan<strong>do</strong> reforçar a segurança <strong>na</strong> operação.<br />

5.8.5 Navios de Transporte de GNC<br />

A queima de <strong>gás</strong> <strong>na</strong> Bacia de Campos tem si<strong>do</strong> crescente. Em 2005, foram<br />

queima<strong>do</strong>s 3,6 milhões de m³/dia, 32% mais <strong>do</strong> que em 2004 (ANP, 2008). Isso<br />

representou 30% <strong>do</strong>s 12 milhões de m³/dia de <strong>gás</strong> disponível <strong>na</strong> região. Para se ter<br />

uma idéia, esse <strong>gás</strong> desperdiça<strong>do</strong> corresponde a mais de 27% da venda de <strong>gás</strong> no Rio<br />

de Janeiro. A reinjeção, por sua vez, atingiu 1,4 milhões de m³/dia, em 2005, o que<br />

representava, respectivamente, 14% e 11% das vendas de <strong>gás</strong> no Rio e em São Paulo.<br />

Em 2006, a Bacia de Campos produziu 45% <strong>do</strong> <strong>gás</strong> e 84% <strong>do</strong> petróleo <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

(ANP, 2007). Como o <strong>gás</strong> produzi<strong>do</strong> se encontra associa<strong>do</strong> ao petróleo, o ritmo de<br />

produção <strong>do</strong> primeiro está liga<strong>do</strong> ao <strong>do</strong> segun<strong>do</strong>. O aproveitamento comercial <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>is produtos, no entanto, se dá de forma diferente. O <strong>do</strong> petróleo, por ser menos<br />

complexo, requer menores investimentos por unidade de valor transporta<strong>do</strong>. Já o<br />

aproveitamento <strong>do</strong> <strong>gás</strong> requer um sistema <strong>para</strong> a sua coleta nos diversos campos<br />

produtores, gasodutos submarinos desti<strong>na</strong><strong>do</strong>s a seu transporte até a terra e unidades<br />

de processamento antes de seu consumo. Caso não se disponha dessa infra-estrutura,<br />

o <strong>gás</strong> é reinjeta<strong>do</strong> no campo produtor ou queima<strong>do</strong> no local.<br />

Em certos países, como a Noruega, a queima de <strong>gás</strong> é restringida ao máximo,<br />

seja por sua irracio<strong>na</strong>lidade, seja por razões ambientais. A reinjeção pelo menos oferece


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 275<br />

a oportunidade de <strong>uso</strong> futuro <strong>do</strong> <strong>gás</strong>. No entanto, a reinjeção de grandes volumes<br />

requer eleva<strong>do</strong>s investimentos em compressores. Nesses países, que proíbem a queima,<br />

muitos campos de petróleo com <strong>gás</strong> associa<strong>do</strong> acabam não sen<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong>s dada<br />

a inviabilidade econômica da reinjeção.<br />

Com o consumo <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de <strong>gás</strong> crescen<strong>do</strong> 21% a.a. e as vendas das<br />

distribui<strong>do</strong>ras de <strong>gás</strong> <strong>do</strong> Sudeste crescen<strong>do</strong> 12% a.a. em 2005, e diante <strong>do</strong>s obstáculos<br />

<strong>na</strong>s importações da Bolívia, o alto percentual de desperdício de <strong>gás</strong> não poderia mais<br />

ser justifica<strong>do</strong> pela ausência de merca<strong>do</strong> <strong>para</strong> sua comercialização (ABEGAS, 2008).<br />

Antes da i<strong>na</strong>uguração <strong>do</strong> gasoduto Bolívia-Brasil, o consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

brasileiro era de ape<strong>na</strong>s 18 milhões de m³/dia (ANP, 2008). Desde então, enquanto a<br />

produção <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l aumentou ape<strong>na</strong>s 38%, o consumo cresceu 177%, com a promoção<br />

de um programa de massificação <strong>do</strong> <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> mediante o congelamento de<br />

suas tarifas pela Petrobras, e o Brasil se tornou extremamente dependente <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

boliviano (ANP, 2008). Dentre as mais viáveis alter<strong>na</strong>tivas <strong>para</strong> livrar o país desta<br />

situação, se destacam o aumento da produção <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, assim como a importação de<br />

GNL. Entretanto, o peso da oferta <strong>do</strong>méstica no consumo total só será preponderante<br />

a partir de 2010, com o começo da produção a partir de novas reservas <strong>na</strong>s bacias de<br />

Santos, Campos e Espírito Santo.<br />

As reservas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> estão <strong>na</strong> faixa de várias cente<strong>na</strong>s de bilhões de m 3 ,<br />

o que justifica amplamente seu aproveitamento. Entretanto, muitas delas estão<br />

demasia<strong>do</strong> distantes <strong>do</strong> continente <strong>para</strong> viabilizar transporte por tubulações, não sen<strong>do</strong><br />

ainda suficientemente grandes <strong>para</strong> que se cogite de eventuais unidades de liquefação.<br />

Uma possível solução <strong>para</strong> o problema poderia ser o transporte como GNC a pressões<br />

da ordem de 100 bar, menos da metade da usada no GNV, de cerca de 220 bar, e a<br />

temperaturas de cerca de -20ºC, enquanto o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> liquefeito, GNL, exige -161ºC.<br />

O <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong>s condições acima seria então coloca<strong>do</strong> em reservatórios instala<strong>do</strong>s<br />

em <strong>na</strong>vios, leva<strong>do</strong> ao litoral e aí descomprimi<strong>do</strong> e aqueci<strong>do</strong>, <strong>para</strong> conexão às redes<br />

locais (REDEGASENERGIA, 2008).<br />

A solução de transporte marítimo via GNC, entretanto, ainda não está técnica<br />

e industrialmente definida, seja <strong>na</strong> estação offshore de compressão e resfriamento,<br />

seja nos <strong>na</strong>vios-tanque. Ten<strong>do</strong> em vista a importância de chegar-se a um esquema


276 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

seguro e economicamente viável, o governo ca<strong>na</strong>dense reuniu-se com opera<strong>do</strong>res,<br />

sociedades de classificação e investi<strong>do</strong>res <strong>na</strong> criação recente de um centro de estu<strong>do</strong>s<br />

volta<strong>do</strong> <strong>para</strong> o tema, o “Center for Marine CNG”. A nova instituição terá o apoio de<br />

um <strong>do</strong>s mais evoluí<strong>do</strong>s grupos de estu<strong>do</strong> de tecnologia oceânica, já com expressivas<br />

contribuições à engenharia de instalações offshore em ambientes adversos<br />

(REDEGASENERGIA, 2008).<br />

Segun<strong>do</strong> a revista “Offshore”, em agosto de 2006 o referi<strong>do</strong> centro de estu<strong>do</strong>s<br />

recebeu especialistas de <strong>do</strong>ze países <strong>para</strong> revisão da tecnologia <strong>do</strong> GNC marítimo,<br />

objetivan<strong>do</strong> compreender e a<strong>na</strong>lisar melhor o comportamento <strong>do</strong> <strong>gás</strong>, definir as<br />

condições ideais de comercialização e avaliá-las economicamente, além de criar regras<br />

seguras <strong>para</strong> que sejam aprovadas por entidades classifica<strong>do</strong>ras de transporte marítimo.<br />

Em 2006, a Sea NG Corporation anunciara que o American Bureau of Shipping<br />

(ABS) havia aprova<strong>do</strong> a construção <strong>do</strong> seu <strong>na</strong>vio <strong>do</strong> tipo Coselle <strong>para</strong> o transporte de<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> comprimi<strong>do</strong> (GNC). Este foi o primeiro <strong>na</strong>vio e sistema de carga <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

<strong>para</strong> o transporte de GNC a ser aprova<strong>do</strong> por uma entidade da associação inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

de classificação marítima (COSELLE, 2008).<br />

Os <strong>na</strong>vios serão emprega<strong>do</strong>s no transporte de volumes modera<strong>do</strong>s de <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> - 30 a 500 milhões de pés cúbicos de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> (MMscf) - em distâncias<br />

médias (200 a 2.000 km), um segmento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de transporte marítimo de <strong>gás</strong><br />

sem atendimento econômico pelos gasodutos ou transporte de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> liqüefeito<br />

(GNL) (COSELLE, 2008).<br />

O Coselle é um sistema patentea<strong>do</strong> exclusivo, desenvolvi<strong>do</strong> no Ca<strong>na</strong>dá, <strong>para</strong><br />

armaze<strong>na</strong>mento de <strong>gás</strong> em alta pressão em serpenti<strong>na</strong>s de tubos de pequeno diâmetro.<br />

O <strong>na</strong>vio especialmente projeta<strong>do</strong> contém inúmeros Coselles. O sistema de<br />

armaze<strong>na</strong>mento apresenta vantagens significativas de custo e segurança em relação<br />

aos cilindros pressuriza<strong>do</strong>s convencio<strong>na</strong>is de grande diâmetro. O sistema Coselle CNG<br />

está em desenvolvimento há uma década por uma equipe de engenheiros <strong>na</strong>vais e de<br />

<strong>gás</strong> (COSELLE, 2008).<br />

Segun<strong>do</strong> a empresa Sea NG, o <strong>na</strong>vio Coselle GNC proporcio<strong>na</strong>rá ao merca<strong>do</strong><br />

um meio alter<strong>na</strong>tivo seguro, confiável e econômico de transporte de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por<br />

via marítima. Uma vantagem importante da utilização <strong>do</strong> sistema Coselle GNC é que


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 277<br />

ele necessita de um apoio mínimo em termos de instalações costeiras. Pode-se carregar<br />

e descarregar o <strong>gás</strong> em instalações simples de gasoduto no porto, o que reduz<br />

enormemente as preocupações ambientais, fi<strong>na</strong>nceiras e relativas ao <strong>uso</strong> <strong>do</strong> solo. O<br />

<strong>gás</strong> pode ser também transferi<strong>do</strong> <strong>para</strong> outras embarcações em bóias offshore se não<br />

houver acesso a nenhum porto. O merca<strong>do</strong> potencial <strong>do</strong> <strong>na</strong>vio Coselle GNC é<br />

substancial. Seu sistema pode abrir novos merca<strong>do</strong>s <strong>para</strong> o <strong>gás</strong> em muitas regiões,<br />

apresentan<strong>do</strong> um grande potencial comercial em uma ampla variedade de oportunidades<br />

de novos projetos.<br />

O GNC, assim como o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> veicular (GNV) de <strong>uso</strong> difundi<strong>do</strong> no Brasil,<br />

é obti<strong>do</strong> pela compressão <strong>do</strong> <strong>gás</strong> em cerca de 200 vezes, de forma tal que um metro<br />

cúbico de GNC contém 200 vezes a massa <strong>do</strong> mesmo volume de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

Diferentemente <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> liquefeito (GNL), o GNC permanece gasoso, não<br />

requeren<strong>do</strong> os vultosos investimentos <strong>do</strong>s <strong>na</strong>vios metaneiros e plantas de liquefação e<br />

regaseificação. Dependen<strong>do</strong> da distância, o custo de transporte das embarcações é<br />

inferior aos <strong>do</strong>s gasodutos ou <strong>na</strong>vios de GNL.<br />

Vários estaleiros e arma<strong>do</strong>res nos EUA, Ca<strong>na</strong>dá, Noruega, Japão e Coréia já<br />

desenvolveram projetos deste tipo de embarcação e obtiveram atesta<strong>do</strong>s de entidades<br />

certifica<strong>do</strong>ras. A operação das embarcações é bastante simples com<strong>para</strong>da a <strong>do</strong>s <strong>na</strong>vios<br />

metaneiros.<br />

Cada embarcação de GNC pode transportar de 6 a 15 milhões de metros<br />

cúbicos de <strong>gás</strong> e seu custo estima<strong>do</strong> situa-se entre US$ 100 e 120 milhões. Dependen<strong>do</strong><br />

da localização da área de produção, duas a quatro embarcações são empregadas <strong>para</strong><br />

garantir um fluxo contínuo de <strong>gás</strong>. O custo de transporte varia entre US$ 0,50 e US$<br />

1,20/ MMBTU, conforme a distância e o volume transporta<strong>do</strong>, com o investimento<br />

<strong>na</strong> embarcação representan<strong>do</strong> 90% deste custo. Esta é outra vantagem econômica da<br />

embarcação sobre o gasoduto, pois seu investimento não representa um “custo<br />

afunda<strong>do</strong>”, já que, esgotada a produção de uma área, ela pode operar em outra.<br />

O <strong>uso</strong> de embarcações de GNC, além de incrementar o aproveitamento <strong>do</strong><br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> atualmente desperdiça<strong>do</strong>, também estimularia a indústria <strong>na</strong>val <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

em sua construção, com geração de empregos em toda sua cadeia produtiva.


278 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.8.6 Projeto de um “Gasoduto Virtual”<br />

Um “Gasoduto Virtual” de GNC resume-se, grosso mo<strong>do</strong>, a um sistema de<br />

pressurização e transporte de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, constituí<strong>do</strong> de uma estação de compressão<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> extraí<strong>do</strong> de um gasoduto em ponto adequa<strong>do</strong>, em geral, num “city<br />

gate”, sistema de transporte e instalação de distribuição de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> cidade<br />

desti<strong>na</strong>tária.<br />

Um sistema de fornecimento de GNC permite a antecipação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em regiões que ainda não o possuem, fomentan<strong>do</strong> assim o merca<strong>do</strong> local<br />

e regio<strong>na</strong>l. Peque<strong>na</strong>s e médias empresas ganham mais competitividade utilizan<strong>do</strong>-se<br />

de fontes de energia mais baratas. É importante ressaltar que esta forma de fornecimento<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> não representa uma tentativa de substituir o abastecimento <strong>do</strong> <strong>gás</strong> por<br />

dutos, e sim, de antecipar ou complementar o abastecimento realiza<strong>do</strong> por dutos.<br />

Quan<strong>do</strong> a demanda passa a ser suprida pela malha dutoviária, o sistema pode ser<br />

totalmente reutiliza<strong>do</strong> <strong>para</strong> a abertura de novos merca<strong>do</strong>s onde o abastecimento<br />

dutoviário ainda não exista.<br />

Dentre as vantagens <strong>do</strong> “Gasoduto Virtual”, destacam-se:<br />

a) Antecipação <strong>do</strong> processo de formação de merca<strong>do</strong>s com consumo potencial<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em localidades sem infra-estrutura de transporte e/ou distribuição<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>;<br />

b) Antecipação das receitas com a venda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>;<br />

c) Redução <strong>do</strong> risco de merca<strong>do</strong> em projetos de ampliação da malha de<br />

transporte e/ou distribuição por gasodutos;<br />

d) Antecipação <strong>do</strong> retorno de investimentos em infra-estrutura;<br />

e) Diversificação da matriz energética;<br />

f) Redução de importação de GLP e óleo diesel;<br />

g) Redução de emissões de impacto local, regio<strong>na</strong>l e global;<br />

h) Criação de empregos <strong>para</strong> a manutenção <strong>do</strong> processo de distribuição.<br />

De acor<strong>do</strong> com normas da ANP, a empresa que opera um sistema de<br />

“Gasoduto-Virtual” deverá seguir a Portaria 281, publicada em 5 de novembro de


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 279<br />

2003 da ANP, segun<strong>do</strong> a qual a empresa precisa possuir uma capacidade mínima de<br />

transporte exigida de 10 mil m³ ou o equivalente a duas carretas <strong>para</strong> iniciar o transporte,<br />

além de cumprir outras exigências de segurança.<br />

5.8.7 Da<strong>do</strong>s Operacio<strong>na</strong>is um Sistema Implanta<strong>do</strong> de GNC<br />

A seguir, são apresenta<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Tabela 1 os principais da<strong>do</strong>s técnicos e<br />

econômicos de um projeto de GNC implanta<strong>do</strong> <strong>na</strong> cidade de São José <strong>do</strong> Rio Preto<br />

(SP), que mais adiante servirão de referência <strong>para</strong> a estimativa de operação de uma<br />

instalação semelhante, ainda que de maior porte e com modal distinto de transporte,<br />

que poderia ser implantada <strong>na</strong> cidade de Itacoatiara (AM): Capacidade máxima por<br />

carreta: 5.000 m³; pressão de armaze<strong>na</strong>mento: 250 bar; Tempo de abastecimento <strong>para</strong><br />

capacidade máxima: 6 horas e 25 minutos <strong>para</strong> uma capacidade de compressão de<br />

800 m³/h; Consumo mensal de energia elétrica <strong>para</strong> compressão de 200.000 m 3 /mês:<br />

150 cv x 0,746 kW/cv x FCM (0,8) x {200.000 m 3 / 0,8 x 800 m 3 /h} = 27.975 kWh/<br />

mês; Custo estima<strong>do</strong> da energia elétrica de compressão: 27.975 kWh/mês x R$ 0,38/<br />

kWh = R$ 10.631,00/mês; Acréscimo de custo da energia elétrica de compressão: R$<br />

10.631,00/mês / 200.000 m 3 /mês = R$ 0,0532/m 3 ou 7,6% sobre o custo <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> recebi<strong>do</strong> (GASBRASIL, 2008);<br />

O GLP apresenta um poder calorífico superior de 11.750 kcal/kg e o GNC<br />

cerca de 9.400 kcal/m³, levan<strong>do</strong> a uma relação de equivalência energética de 1kg de<br />

GLP <strong>para</strong> 1,25 m³ de GNC. Toman<strong>do</strong>-se o caso da cidade de São José <strong>do</strong> Rio Preto<br />

(SP), onde o consumo de GLP é de 160.000 kg/mês, chega-se a um valor equivalente<br />

em GNC de 200.000 m³/mês.


280 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 5.8.1 Da<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a Simulação de Custos <strong>do</strong> Gasoduto Virtual<br />

Fonte: GasBrasil, 2008 e elaboração própria.<br />

Tabela 5.8.2 Simulação de Custos <strong>do</strong> Gasoduto Virtual de São José <strong>do</strong> Rio Preto – SP<br />

Fonte: GasBrasil, 2008 e elaboração própria.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 281<br />

5.8.8 Análise <strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>s da Instalação de GNC em<br />

São José <strong>do</strong> Rio Preto<br />

Os resulta<strong>do</strong>s mostram que no sistema de “Gasoduto Virtual” implementa<strong>do</strong><br />

em São José <strong>do</strong> Rio Preto o custo <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> se elevou de R$ 0,70/m³, preço de<br />

fornecimento <strong>na</strong> etapa de extração <strong>do</strong> gasoduto em Araçatuba, <strong>para</strong> R$ 1,31/m 3 (R$<br />

0,149/Mcal), após ser comprimi<strong>do</strong> e transporta<strong>do</strong>, já incluí<strong>do</strong> um lucro de 10% <strong>na</strong><br />

operação. Com<strong>para</strong>n<strong>do</strong>-se com o custo <strong>do</strong> GLP (R$ 2,20/kg ou R$ 0,186/Mcal), a<br />

operação é atrativa, levan<strong>do</strong> a uma economia de 19,8%. Consideran<strong>do</strong>-se o<br />

investimento total de R$ 940.000,00 (city gate, carretas e outros materiais) e o lucro<br />

líqui<strong>do</strong> mensal de R$ 14.000,00, o prazo de retorno simples <strong>do</strong> investimento ficou<br />

estabeleci<strong>do</strong> em 67 meses ou 5,6 anos.<br />

5.8.9 Uso <strong>do</strong> GNC <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Por não exigir grandes escalas de processamento <strong>para</strong> compressão, distribuição<br />

e estocagem <strong>para</strong> ser viabiliza<strong>do</strong> e por seu custo de investimento e processamento<br />

mais baixo, o GNC oferece condições mais favoráveis de implantação <strong>na</strong> <strong>Região</strong><br />

<strong>Norte</strong> <strong>do</strong> que o transporte de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por dutos, poden<strong>do</strong> contar <strong>na</strong> região tanto<br />

com o modal fluvial, como o ro<strong>do</strong>viário, <strong>para</strong> ser transporta<strong>do</strong>. Outra vantagem, é<br />

que o país já conta com tecnologia de fabricação <strong>do</strong>s equipamentos envolvi<strong>do</strong>s<br />

(carretas, reboques e cilindros, além de compressores em algumas faixas de<br />

capacidade), parte <strong>do</strong>s quais fabrica<strong>do</strong>s em Ma<strong>na</strong>us, o que pode influir <strong>na</strong> tomada de<br />

decisão por seu emprego local. De mo<strong>do</strong> geral, a tecnologia <strong>do</strong> GNC encontra-se<br />

num estágio de franco crescimento no país, situação estimulada pela sua aceitação e<br />

aprovação em vários projetos em operação.<br />

Os sistemas de GNC poderão ser comuns, tanto <strong>na</strong> operação ro<strong>do</strong>viária, como<br />

fluvial, consideran<strong>do</strong> que os barcos de transporte fluvial não precisarão ser dedica<strong>do</strong>s,<br />

poden<strong>do</strong> simplesmente transportar, não os conjuntos de feixes de cilindros, mas as<br />

próprias carretas, que <strong>do</strong> porto sairiam rumo aos pontos de destino, onde deixariam<br />

os reboques conten<strong>do</strong> os feixes de cilindros. Além disso, os barcos de transporte


282 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

poderão operar com sistemas de propulsão com motores duais <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>/óleo diesel,<br />

o que poderá contribuir <strong>para</strong> a redução de custos operacio<strong>na</strong>is. De mo<strong>do</strong> geral, os<br />

custos com infra-estrutura portuária envolvi<strong>do</strong>s são muito menores que com o GNL,<br />

permitin<strong>do</strong> uma distribuição mais partilhada <strong>do</strong> GNC em seu destino.<br />

Consideran<strong>do</strong> as limitações de distância de deslocamento no transporte<br />

ro<strong>do</strong>viário, em geral, até 200 km, o emprego <strong>do</strong> GNC encontra grande espaço de<br />

aplicação dentro da cidade de Ma<strong>na</strong>us e em municípios próximos, como Itacoatiara,<br />

Ma<strong>na</strong>capuru, Presidente Figueire<strong>do</strong>, Iranduba, Caapiranga e outras. Já com relação<br />

ao transporte fluvial <strong>do</strong> GNC, as distâncias limite são bem maiores, in<strong>do</strong> acima de<br />

800 km, poden<strong>do</strong> assim chegar a cidades como Parintins e Santarém, permitin<strong>do</strong><br />

atingir considerável espaço <strong>na</strong> economia <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s e Pará.<br />

Uma das formas possíveis de deslocamento da oferta de GNC <strong>na</strong> região<br />

amazônica poderá ser através <strong>do</strong>s <strong>na</strong>vios com tecnologia “Coselle”, recentemente<br />

desenvolvi<strong>do</strong>s no Ca<strong>na</strong>dá, que poderão trazer consideráveis ganhos de produtividade<br />

e redução de custo no transporte <strong>do</strong> GNC, o que poderá aumentar o raio de influência<br />

comercial <strong>para</strong> a faixa de 200 a 2.000 km. Para o transporte, por exemplo, de 7<br />

milhões m³/dia de GNC, como foi admiti<strong>do</strong> no capítulo dedica<strong>do</strong> ao GNL, um <strong>na</strong>vio<br />

tipo Coselle de porte médio poderá custar cerca de US$ 80 a 90 milhões e seu custo<br />

de transporte poderá variar <strong>na</strong> faixa de US$ 0,50 a 1,20/ MMBtu, o que irá depender<br />

da distância percorrida e <strong>do</strong> volume transporta<strong>do</strong>. Destaque-se que quase 90% <strong>do</strong><br />

custo de investimento se refere ao custo de amortização <strong>do</strong> investimento inicial, ainda<br />

que o mesmo não represente um “custo afunda<strong>do</strong>”, consideran<strong>do</strong> a possibilidade de<br />

transferência da operação <strong>do</strong> equipamento <strong>para</strong> outros sítios.<br />

Outra opção de transporte fluvial que vem sen<strong>do</strong> estudada no exterior é o<br />

emprego de <strong>na</strong>vios com tanques de armaze<strong>na</strong>mento operan<strong>do</strong> a ape<strong>na</strong>s 100 bar e a –<br />

20 o C, o que permite reduções significativas em energia mecânica de compressão, além<br />

de aumento <strong>do</strong> rendimento de compressão, aspectos que trazem grandes reduções de<br />

custo operacio<strong>na</strong>l. Quanto ao custo de investimento, esses <strong>na</strong>vios teriam valores inferiores<br />

aos de tecnologia Coselle, ainda que com menor escala de transporte de <strong>gás</strong>.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 283<br />

Os referi<strong>do</strong>s sistemas apresentam a vantagem de serem modula<strong>do</strong>s, permitin<strong>do</strong><br />

aumentos de capacidade de mo<strong>do</strong> gradual. Ressalte-se que oportunidades semelhantes<br />

ocorrem em relação a diversas outras cidades próximas de Ma<strong>na</strong>us, permitin<strong>do</strong> atender<br />

desde postos de GNV até instalações industriais e comerciais, passan<strong>do</strong> também pelo<br />

seu emprego residencial.<br />

Resumin<strong>do</strong>, além de ser o principal modal de transporte <strong>na</strong> região amazônica,<br />

o transporte fluvial amplifica as possibilidades de emprego <strong>do</strong> GNC, com um raio<br />

comercial de até 2.000 km, em função <strong>do</strong>s custos agrega<strong>do</strong>s que se reduzem pela<br />

maior escala de transporte das embarcações. Para efeito de com<strong>para</strong>ção, enquanto<br />

que <strong>para</strong> um sistema de transporte ro<strong>do</strong>viário (incluin<strong>do</strong> compressão por acio<strong>na</strong>mento<br />

elétrico, transporte e alimentação) a elevação de custo <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em relação ao<br />

<strong>gás</strong> distribuí<strong>do</strong> por dutos é da ordem de 30%, <strong>para</strong> o transporte fluvial se reduz <strong>para</strong><br />

15% a 20%. De qualquer forma, em ambas as situações o GNC concorreria com<br />

vantagem em relação ao GLP, óleo diesel e gasoli<strong>na</strong>, com<strong>para</strong>n<strong>do</strong>-se seus custos<br />

específicos em US$/MMBtu.<br />

5.8.9.1 Estimativas Técnicas e Econômicas <strong>para</strong><br />

uma Instalação de GNC em Itacoatiara<br />

O município de Itacoatiara apresenta uma área de 9.000 km² e se localiza no<br />

esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, contan<strong>do</strong> com 72.000 habitantes, sen<strong>do</strong> 46.000 <strong>na</strong> sua região<br />

urba<strong>na</strong>, situan<strong>do</strong>-se a 204 km de distância fluvial e a 286 km de distância ro<strong>do</strong>viária<br />

da cidade de Ma<strong>na</strong>us. O atendimento local com energia elétrica se dá através da geração<br />

termelétrica a partir de um conjunto gera<strong>do</strong>r com capacidade de 12.227 kVA (9.782<br />

kW), operan<strong>do</strong> com óleo diesel com uma geração média de eletricidade de 82.000<br />

kWh/dia (média de 54 kWh/habitante.mês), consideran<strong>do</strong> uma operação com fator de<br />

carga de 70% durante 12 horas/dia. Nestas condições, o consumo correspondente de<br />

óleo diesel é da ordem de 23.500 l/dia, equivalen<strong>do</strong> em <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> a 22.900 m³/dia.<br />

Consideran<strong>do</strong> a operação de motores duais operan<strong>do</strong> com 75% de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e 25%<br />

de óleo diesel, o consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> estima<strong>do</strong> seria de 17.175 m³/dia, com uma<br />

parcela restante de 5.900/dia de óleo diesel. Admitin<strong>do</strong>-se um crescimento econômico


284 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

local de 3% ao ano até 2020 e uma demanda elétrica proporcio<strong>na</strong>l a essa taxa, estima-se<br />

<strong>para</strong> 2015 um consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> de 19.910 m³/dia e <strong>para</strong> 2020 de 23.076 m³/dia.<br />

Toman<strong>do</strong> como referência alguns da<strong>do</strong>s reais de operação da instalação de<br />

GNC em São José <strong>do</strong> Rio Preto, apresenta<strong>do</strong>s anteriormente, aplica<strong>do</strong>s numa estimativa<br />

de atendimento da cidade de Itacoatiara (demanda prevista de 17.725 m³/dia) por via<br />

fluvial, a partir da extração de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em Ma<strong>na</strong>us no “city gate” de Mauá, o custo<br />

de investimento envolvi<strong>do</strong> no projeto seria da ordem de R$ 3,0 milhões (compressores,<br />

reboques, cilindros e cavalos mecânicos). Nesta avaliação, considerou-se percurso<br />

fluvial (204 km), com carretas de feixes de cilindros transportadas por embarcações<br />

fluviais. O sistema de extração de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>do</strong> gasoduto teria nesse caso uma capacidade<br />

semelhante à de um posto de GNV, com compressores com potência de acio<strong>na</strong>mento da<br />

ordem de 150 a 200 cv e capacidades de abastecimento de 800 a 1.000 m³/h, que<br />

demandariam tempos de 5 a 6 horas <strong>para</strong> reabastecimento de cada carreta.<br />

Diante <strong>do</strong>s meios de acesso a Itacoatiara a partir de Ma<strong>na</strong>us, considera-se que<br />

o modal fluvial apresentaria custos de transporte menores que o modal ro<strong>do</strong>viário. As<br />

carretas com cestos de cilindros de GNC transportadas por barcaças levariam cerca<br />

5,5 horas <strong>para</strong> a etapa de enchimento (pressurização) <strong>do</strong>s cilindros, 7 horas <strong>para</strong> descer<br />

o rio Amazo<strong>na</strong>s de Ma<strong>na</strong>us até Itacoatiara, 0,5 hora <strong>para</strong> desembarcar e deixar o<br />

reboque <strong>na</strong> instalação consumi<strong>do</strong>ra e cerca de 13 horas <strong>para</strong> subir o rio de volta a<br />

Ma<strong>na</strong>us, completan<strong>do</strong> um ciclo (abastecimento, ida, descarregamento e volta) de cerca<br />

de 26 horas. Cada carreta tem a capacidade de transportar cerca de 5.000 m³ e a<br />

demanda local estimada é de 17.175 m³/dia. Desta forma, prevê-se que a operação <strong>do</strong><br />

sistema de fornecimento se dê através de quatro reboques e <strong>do</strong>is cavalos mecânicos<br />

(um em Ma<strong>na</strong>us, <strong>para</strong> embarcar e outro em Itacoatiara <strong>para</strong> desembarcar) a um custo<br />

total estima<strong>do</strong> de R$ 3,0 milhões, mas com custo operacio<strong>na</strong>l bem inferior ao <strong>do</strong><br />

modal de transporte ro<strong>do</strong>viário. Consideran<strong>do</strong> um lucro líqui<strong>do</strong> de 10%, equivalente<br />

a uma renda mensal de R$ 94.033,00, o prazo de retorno simples <strong>do</strong> investimento<br />

seria de 32 meses.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 285<br />

Consideran<strong>do</strong> os mesmos valores de custo de extração <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e<br />

impostos, o prazo de retorno <strong>do</strong> investimento no projeto com modal fluvial seria<br />

inferior em cerca de 20%, com<strong>para</strong>tivamente ao modal ro<strong>do</strong>viário, da<strong>do</strong>s os menores<br />

valores de custo operacio<strong>na</strong>l e de manutenção <strong>do</strong>s equipamentos.<br />

5.8.9.2 Estimativas Técnicas e Econômicas <strong>para</strong><br />

uma Instalação de GNC em Maués<br />

O município de Maués apresenta uma área de 40.000 km² e se localiza <strong>na</strong><br />

mesorregião central <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, contan<strong>do</strong> com 48.800 habitantes, sen<strong>do</strong><br />

23.000 <strong>na</strong> sua região urba<strong>na</strong>. O município situa-se a 267 km de distância em linha reta<br />

de Ma<strong>na</strong>us e a 356 km em distância por via fluvial, demandan<strong>do</strong> cerca de 30 horas de<br />

viagem por barco. O atendimento da população urba<strong>na</strong> local com energia elétrica se<br />

dá através de geração termelétrica a partir de um conjunto gera<strong>do</strong>r com capacidade<br />

estimada de 6.000 kVA (4.800 kW), operan<strong>do</strong> com óleo diesel com uma geração<br />

média de eletricidade de 41.000 kWh/dia (média de 53 kWh/habitante.mês),<br />

consideran<strong>do</strong> uma operação com fator de carga de 70% durante 12 horas/dia. Nestas<br />

condições, o consumo correspondente de óleo diesel é da ordem de 11.750 l/dia,<br />

equivalen<strong>do</strong> em <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> a 11.450 m³/dia. Consideran<strong>do</strong> a operação de motores<br />

duais operan<strong>do</strong> com 75% de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e 25% de óleo diesel, o consumo de <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong> estima<strong>do</strong> seria de 8.588 m³/dia, com uma parcela restante de 2.969 l/dia de<br />

óleo diesel. Admitin<strong>do</strong>-se um crescimento econômico local de 3% ao ano até 2020 e<br />

uma demanda elétrica proporcio<strong>na</strong>l a essa taxa, estima-se <strong>para</strong> 2015 um consumo de<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> de 9.956 m³/dia e <strong>para</strong> 2020 de 11.542 m³/dia.<br />

Toman<strong>do</strong> como referência o transporte de GNC em feixes de cilindros em<br />

carretas embarcadas por via fluvial, a partir da extração de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em Ma<strong>na</strong>us no<br />

“city gate” de Mauá, o custo de investimento envolvi<strong>do</strong> no projeto seria da ordem de<br />

R$ 3,0 milhões (compressores, reboques, cilindros e cavalos mecânicos). Nesta<br />

avaliação, considerou-se percurso fluvial (356 km) com tempo de duração de 30 horas<br />

de viagem de Ma<strong>na</strong>us a Maués. À semelhança <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> <strong>para</strong> Itacoatiara, o sistema<br />

de extração de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>do</strong> gasoduto teria nesse caso uma capacidade semelhante à


286 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

de um posto de GNV, com compressores com potência de acio<strong>na</strong>mento da ordem de<br />

150 a 200 cv e capacidades de abastecimento de 800 a 1.000 m³/h, que demandariam<br />

tempos de 5 a 6 horas <strong>para</strong> reabastecimento de cada carreta.<br />

As carretas com cestos de cilindros de GNC transportadas por barcaças<br />

levariam cerca de 66 horas de viagem ida e volta Ma<strong>na</strong>us-Maués-Ma<strong>na</strong>us, já<br />

consideran<strong>do</strong> o tempo de carregamento e descarregamento nos portos. Cada carreta<br />

tem a capacidade de transportar cerca de 5.000 m³ e a demanda local estimada é de<br />

8.588 m³/dia. Desta forma estima-se que haja necessidade de operação <strong>do</strong> sistema de<br />

fornecimento através de três reboques e <strong>do</strong>is cavalos mecânicos (um em Ma<strong>na</strong>us,<br />

<strong>para</strong> embarcar e outro em Maués <strong>para</strong> desembarcar) a um custo total estima<strong>do</strong> de R$<br />

2,5 milhões. Tal sistema operaria com sobre-capacidade de 16%, permitin<strong>do</strong> atender<br />

a novos clientes ou à taxa de crescimento <strong>do</strong>s próximos cinco anos. Consideran<strong>do</strong> um<br />

lucro líqui<strong>do</strong> de 10% no empreendimento, basea<strong>do</strong> num preço fi<strong>na</strong>l de venda de R$<br />

1,50/m³, permitin<strong>do</strong> uma renda mensal de R$ 38.646, o prazo de retorno simples <strong>do</strong><br />

investimento seria de 65 meses. Este valor poderia ser aumenta<strong>do</strong> com a possibilidade<br />

de comercialização adicio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> a indústria local de guaraná (300 t/<br />

ano), responsável por mais da metade da produção amazônica <strong>do</strong> produto. Para a<br />

operação da referida indústria, consideran<strong>do</strong> valores médios estima<strong>do</strong>s de consumo<br />

específico de energia de 700 kcal/kg (combustível <strong>para</strong> torra) e 180 kWh/t (eletricidade<br />

<strong>para</strong> acio<strong>na</strong>mento mecânico e ilumi<strong>na</strong>ção), estima-se uma demanda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> da<br />

ordem de 150 m³/dia, demanda que poderia ser suprida, sem problemas, pelo sistema<br />

logístico proposto. Por fim, vale destacar a possibilidade de atendimento de novos<br />

projetos industriais de peque<strong>na</strong> monta, previstos <strong>para</strong> implantação nos próximos anos.<br />

Dentre estes, plantas de produção de mandioca, câmaras de refrigeração <strong>para</strong> estocagem<br />

de frutas e polpas, processamento de pesca<strong>do</strong>, fabricação de sabonetes e ofici<strong>na</strong>s de<br />

marchetaria, to<strong>do</strong>s estes previstos em um amplo programa incentiva<strong>do</strong> por uma grande<br />

empresa <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de bebidas e refrigerantes.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 287<br />

5.8.10 Conclusão<br />

· O custo inicial <strong>do</strong>s sistemas de extração, compressão, transporte e descarga<br />

de GNC é eleva<strong>do</strong>, levan<strong>do</strong> a um processo de amortização mais lento, sen<strong>do</strong> cerca de<br />

quatro vezes mais eleva<strong>do</strong>, em média, <strong>do</strong> que os custos vivos (operacio<strong>na</strong>l, manutenção<br />

e impostos). No custo operacio<strong>na</strong>l está incluin<strong>do</strong> o custo com combustível, que<br />

raramente ultrapassa 10%, destacan<strong>do</strong> que os sistemas mais rentáveis são os que<br />

envolvem distâncias até 100 km, permitin<strong>do</strong> aumento da freqüência de viagens,<br />

aumento <strong>do</strong> volume diário transporta<strong>do</strong> e melhor aproveitamento da capacidade<br />

instalada de transporte, situação em que o custo <strong>do</strong> combustível consumi<strong>do</strong> tem sua<br />

participação minorada.<br />

· O decréscimo de custo com combustível em conseqüência <strong>do</strong> emprego de<br />

materiais mais leves fica restrito a uma faixa de ganhos muito limitada, ainda mais<br />

levan<strong>do</strong> em conta que a redução <strong>do</strong> peso total transporta<strong>do</strong> não seria maior que 20%<br />

de seu valor total, já que a estrutura metálica de to<strong>do</strong> o reboque de transporte não<br />

poderia sofrer reduções de peso (chassis, suspensão, material rodante etc.). Além disso,<br />

a introdução de um sistema mais leve com materiais caros traria custos iniciais mais<br />

eleva<strong>do</strong>s e portanto, custos de amortização com acréscimos equivalentes.<br />

· Dentre os sistemas logísticos possíveis no transporte de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong><br />

<strong>Norte</strong>, destaca-se o modal fluvial pela grande possibilidade de redução de custos de<br />

operação e manutenção, ainda mais se a embarcação for acio<strong>na</strong>da por motores duais<br />

(<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>/óleo diesel), destacan<strong>do</strong> que as embarcações não demandarão adaptações<br />

<strong>para</strong> o transporte das carretas de GNC.<br />

· Uma forma opcio<strong>na</strong>l que permitiria a redução <strong>do</strong> custo inicial <strong>do</strong>s<br />

equipamentos seria a pressurização <strong>do</strong> <strong>gás</strong> até 60 bar, permitin<strong>do</strong> o <strong>uso</strong> de reservatórios<br />

solda<strong>do</strong>s e de grande volume, nos quais o <strong>uso</strong> de materiais leves não seria necessário,<br />

com uma escala de volume transporta<strong>do</strong> mais ampla.<br />

· Os sistemas de extração de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> entre 40 e 60 bar em gasodutos de<br />

transporte representam economicamente a situação mais viável, consideran<strong>do</strong> o custo<br />

da commodity, com<strong>para</strong>n<strong>do</strong>-se com as possibilidades de obtenção <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong>


288 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

rede de distribuição, onde o custo tende a ser mais eleva<strong>do</strong> e com pressões disponíveis<br />

inferiores a 5 bar.<br />

· No atendimento <strong>do</strong> setor industrial, em geral em baixa pressão, em unidades<br />

consumi<strong>do</strong>ras envolven<strong>do</strong> demandas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em escala média ou inferior e<br />

localizadas a menos de 50 km <strong>do</strong> ponto de extração, pode valer a pe<strong>na</strong> prescindir de<br />

uma base de compressão no ponto de extração, caso esta se dê em pressões entre 40<br />

e 60 bar, fican<strong>do</strong> a eventual necessidade de compressão <strong>para</strong> armaze<strong>na</strong>mento de maior<br />

massa de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por conta da instalação consumi<strong>do</strong>ra. Com esta estrutura logística,<br />

o investimento inicial é minimiza<strong>do</strong>, assim como seus custos operacio<strong>na</strong>is.<br />

· No atendimento ao setor industrial em distâncias maiores que 50 km ou<br />

envolven<strong>do</strong> grandes demandas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> é forçosa a necessidade de operação<br />

através de uma base de compressão de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no ponto de extração. Os custos<br />

operacio<strong>na</strong>is nesse caso se elevam. Mesmo assim permanecem viáveis, principalmente<br />

nos casos em que o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> substitui combustíveis de custo energético mais eleva<strong>do</strong>,<br />

como o GLP e o óleo diesel.<br />

· Nos processos de abastecimento acima de 200 bar, a temperatura <strong>do</strong> <strong>gás</strong> se<br />

eleva muito, ainda mais quan<strong>do</strong> o processo de enchimento é rápi<strong>do</strong>, no caso de grandes<br />

demandas. Para atenuar este efeito, é preciso aumentar o tempo de operação de<br />

enchimento <strong>do</strong>s cilindros, o que irá interferir no aproveitamento da capacidade instalada<br />

de transporte e, em conseqüência, no perío<strong>do</strong> de amortização <strong>do</strong> investimento realiza<strong>do</strong>.<br />

· Fatores como o tipo e qualidade das estradas, assim como freqüência de<br />

congestio<strong>na</strong>mentos no percurso interferem <strong>na</strong> qualidade, confiabilidade e custo <strong>do</strong><br />

serviço de transporte e, portanto, no custo fi<strong>na</strong>l e nos volumes diários de GNC<br />

transporta<strong>do</strong>.<br />

· As bases de compressão, quan<strong>do</strong> necessárias nos pontos de extração, podem<br />

operar com motores a <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> (menor custo operacio<strong>na</strong>l), apesar <strong>do</strong>s maiores<br />

custos inicial e de manutenção envolvi<strong>do</strong>s, em com<strong>para</strong>ção com os motores elétricos,<br />

tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> a escolha dependente da relação das tarifas <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e da eletricidade.<br />

· Nos casos de instalações industriais de grande consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

comprimi<strong>do</strong>, existe a possibilidade de operação com cilindros pressuriza<strong>do</strong>s acima<br />

de 300 bar, permitin<strong>do</strong> o transporte de maiores massas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por viagem. Em


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 289<br />

contrapartida, os cilindros devem ser sobredimensio<strong>na</strong><strong>do</strong>s e, portanto, envolven<strong>do</strong> custo<br />

mais eleva<strong>do</strong>. Mesmo assim, em muitos casos, seria uma solução interessante e viável.<br />

· Com relação à tecnologia de materiais leves (alumínio, compósitos e<br />

sintéticos) de cilindros de armaze<strong>na</strong>mento em carretas de transporte de GNC,<br />

dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> material emprega<strong>do</strong>, seu custo poderia se tor<strong>na</strong>r de duas a três vezes<br />

mais eleva<strong>do</strong> que com reservatórios convencio<strong>na</strong>is de aço. Este aumento <strong>do</strong> valor <strong>do</strong><br />

investimento inicial teria como contrapartida a redução de perdas de desempenho,<br />

segurança dinâmica, consumo de combustível e emissões poluentes <strong>do</strong>s gases de exaustão.<br />

Tabela 5.8.3 Estimativa da evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> GNC <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

(Itacoatiara e Maués)<br />

Fonte: elaboração própria.<br />

(*) admitin<strong>do</strong> preço fi<strong>na</strong>l de venda <strong>do</strong> GNC de R$ 1,50/m³.<br />

Obs.: Considerou-se vida útil de 30 anos <strong>para</strong> as infra-estruturas implantadas, preço de oferta <strong>do</strong><br />

GNC em Itacoatiara, após descomprimi<strong>do</strong>, de US$ 6/MMBtu, cotação <strong>do</strong> dólar a R$ 2,10/US$ e<br />

relação de 28,4 m³ de GN por MMBtu. Admitiu-se taxa de crescimento da oferta de GNC <strong>na</strong>s<br />

duas cidades de 3% ao ano.


290 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Referências Bibliográficas<br />

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ANP – www.anp.gov.br<br />

ASPRO – www.aspro.com.br<br />

COSELLE – www.coselle.com<br />

EPE, Plano Nacio<strong>na</strong>l de Energia 2030 – Oferta de Gás Natural, pági<strong>na</strong> 45, EPE/<br />

MME, 2007.<br />

GASBRASIL – www.gasbrasil.com.br<br />

GASMIG – www.gasmig.com.br<br />

PRAXAIR – www.praxair.com<br />

REDEGASENERGIA – www.redegasenergia.com.br<br />

SAFE – www.safe-ita.com<br />

STEMAC – www.stemac.com.br


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 291<br />

5.9 Gas-to-Liquids - GTL<br />

Autoras: Daniele da Fonseca e Vera Lucia Maia Lellis<br />

5.9.1 Antecedentes<br />

1923 - Na década de 20, Franz Fisher e Hans Tropsch, cientistas alemães,<br />

desenvolveram um processo quimico único <strong>para</strong> produzir combustiveis sinteticos<br />

(synfuls) deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> carvão. Em 1923, Fisher e Tropsch publicaram os resulta<strong>do</strong>s<br />

da produção de sintese de <strong>gás</strong> (syngas) <strong>do</strong> carvão a partir da catalise de ferro-alcalino,<br />

conheci<strong>do</strong> como síntese de Fisher Tropsch - FT.<br />

1934 – A primeira planta piloto com maior escala surgiu em 1934, <strong>na</strong><br />

localidade de Oberharusen-Holtem. O sucesso <strong>do</strong> funcio<strong>na</strong>mento dessa planta e o<br />

desenvolvimento da síntese FT levaram a construção de mais quatro plantas no ano seguinte.<br />

1955 - O Primeiro complexo industrial de combustíveis sintéticos entrou em<br />

operação no fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> ano de 1955, <strong>na</strong> cidade de Sasolburg (80 km a sul Johannesbourg,<br />

capital da África <strong>do</strong> Sul), converten<strong>do</strong> carvão com baixa taxa de poluentes em<br />

combustíveis sintéticos, como gasoli<strong>na</strong> e diesel, a uma taxa diária de 8.000 barris por<br />

dia. Este complexo pertence à empresa Sasol, estatizada em 1950 pelo governo sulafricano<br />

após um programa industrial <strong>para</strong> a redução da dependência da importação<br />

de matéria-prima (óleo cru, aço e outros) decorrente <strong>do</strong> embargo econômico sofri<strong>do</strong>.<br />

Década de 1980 - Durante os anos 80, após a crise <strong>do</strong> petróleo ocorrida durante<br />

a década de 70, ressurgiram os estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s processos de conversão química de<br />

compostos de carbono e hidrogênio líqui<strong>do</strong> em combustíveis e lubrificantes,<br />

estimulan<strong>do</strong> os investimento de empresas como a ExxonMobil e Shell nesse setor.<br />

1990 - A partir <strong>do</strong>s anos 90, e com base no processo de Fischer-Tropsch, o<br />

GTL, <strong>gás</strong>-to-liquid, que tem como base o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, vem despertan<strong>do</strong> o interesse de<br />

várias empresas. Como a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong> adiante em maiores detalhes, países como África,<br />

Nigéria, Qatar, Austrália, Alasca e Venezuela, entre outros, vêm realizan<strong>do</strong> efetivos<br />

investimentos em plantas de produção GTL. A Figura 5.9.1 registra alguns desses<br />

marcos históricos.


292 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Figura 5.9.1 Histórico <strong>do</strong> GTL<br />

Fonte: Gaffney, Cline & Associates<br />

5.9.2 GTL ou Gas-to-Liquid<br />

GTL ou Gas-to-liquidss é um combustível líqui<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

sen<strong>do</strong> o Processo de Fischer-Tropsch (FT) a tecnologia mais empregada. O processo<br />

condensa moléculas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> e as agrega em longas cadeias, geran<strong>do</strong> um óleo<br />

cru sintético. A partir <strong>do</strong> refino <strong>do</strong> óleo outros produtos podem ser obti<strong>do</strong>s à<br />

semelhança <strong>do</strong> óleo diesel, <strong>na</strong>fta, ceras e outros líqui<strong>do</strong>s de petróleo (Conoco Philips,<br />

2003). Essencialmente basea<strong>do</strong> em reações catalíticas, os desafios técnicos são maiores<br />

quan<strong>do</strong> a biomassa e o carvão são os produtos de base emprega<strong>do</strong>s.<br />

Há duas categorias principais de tecnologia de processamento gas-toliquids,<br />

baseadas no processo de Fischer-Tropsch: a temperaturas elevadas e à<br />

baixa temperatura.<br />

· A alta temperatura, processo Fischer-Tropsch <strong>para</strong> obtenção <strong>do</strong> GTL permite,<br />

numa etapa seguinte, a produção de combustíveis tais como a gasoli<strong>na</strong> (gasoli<strong>na</strong>) e<br />

gasóleo com características equivalentes aos <strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s pela refi<strong>na</strong>ção de óleo


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 293<br />

cru convencio<strong>na</strong>l. Os produtos resultantes de GTL estão virtualmente livres <strong>do</strong> enxofre,<br />

mas contêm compostos aromáticos.<br />

· Em de baixa temperatura, entretanto, produz uma fração sintética<br />

extremamente limpa <strong>do</strong> combustível chama<strong>do</strong> gasóleo de GTL, virtualmente livre <strong>do</strong><br />

enxofre e <strong>do</strong>s compostos aromáticos<br />

5.9.3 Etapas <strong>do</strong> Processo de Obtenção de GTL<br />

O processo de conversão <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em GTL acontece em três etapas:<br />

1. Conversão <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em <strong>gás</strong> síntese (Syngas);<br />

2. Através <strong>do</strong> processo de Fisher-Tropsch, conversão <strong>do</strong> <strong>gás</strong> de síntese em<br />

cadeia de hidrocarbonetos;<br />

3. Hidroprocessamento e acabamento <strong>para</strong> que os produtos alcancem a<br />

qualidade exigida pelo merca<strong>do</strong><br />

A Figura 5.9.2 sintetiza as principais etapas <strong>do</strong> processo.<br />

Figura 5.9.2 Etapas <strong>do</strong> GTL<br />

Fonte: Gaffney, Cline & Associates


294 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.9.3.1 Geração de Gás Síntese (Syngas)<br />

É uma mistura combustível de gases, produzida a partir de processos de<br />

gaseificação, ou seja, de combustão incompleta de combustíveis sóli<strong>do</strong>s, biomassa ou<br />

outros combustíveis, geralmente ricos em carbono, usan<strong>do</strong> oxigênio insuficiente <strong>para</strong><br />

a queima completa e (em alguns casos) vapor de água.<br />

A geração de Syngas é a etapa mais importante <strong>do</strong> processo de obtenção de<br />

GTL. Esta etapa representa cerca de 50% <strong>do</strong> investimento total de uma planta de<br />

GTL. Todas as tecnologias utilizadas <strong>para</strong> a obtenção de Syngas operam a altas<br />

temperaturas e pressões. (VIEIRA,2007).<br />

Atualmente dentre as principais tecnologias disponíveis <strong>para</strong> obtenção de<br />

Syngas, segun<strong>do</strong> DUNHAM (DUNHAM et all, 2006), destacam-se:<br />

· Reforma <strong>do</strong> metano a vapor (SMR)<br />

· Oxidação parcial (POX)<br />

· Oxidação parcial catalítica e/ou reforma com CO 2<br />

· Reforma autotérmica<br />

· Reforma com membra<strong>na</strong> catalítica<br />

· Geração de <strong>gás</strong> de síntese por reator de plasma.<br />

Segun<strong>do</strong> ARCHILLA (ARCHILLA, 2007), além das diferentes condições de<br />

operação e <strong>do</strong>s tipos de catalisa<strong>do</strong>res emprega<strong>do</strong>s, a principal diferença entre os<br />

processos é a fração de H 2<br />

/CO obtida. Ainda segun<strong>do</strong> ARCHILLA, <strong>na</strong> Tabela 5.9.1<br />

vantagens e desvantagens de alguns destes processos.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 295<br />

Tabela 5.9.1 Processos de Obtenção <strong>do</strong> Gás de Síntese - Vantagens X<br />

Desvantagens<br />

Fonte: Adapta<strong>do</strong> de Archila, 2007<br />

O <strong>gás</strong> de síntese também é a matéria-prima utilizada <strong>para</strong> a produção de<br />

metanol e amônia. Por isso, existem alguns projetos que visam à construção de plantas<br />

GTL aproveitan<strong>do</strong> plantas de metanol já existentes ou a construção de plantas novas<br />

<strong>para</strong> produzir tanto metanol quanto combustíveis sintéticos. (WILHELM, 2001 apud<br />

VIEIRA, 2007).


296 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.9.3.2 Fisher-Tropsch - FT<br />

A reação de FT é a etapa <strong>do</strong> processo de obtenção de GTL baseada <strong>na</strong> conversão<br />

catalítica. Nela o <strong>gás</strong> de síntese entra como insumo e é converti<strong>do</strong> em uma mistura de<br />

hidrocarbonetos, que pode ser identifica<strong>do</strong> como petróleo sintético, no qual estão<br />

presentes produtos equivalentes aos deriva<strong>do</strong>s convencio<strong>na</strong>is, desde as ceras até a<br />

gasoli<strong>na</strong>, o querosene e o gasóleo. A <strong>na</strong>tureza e proporção <strong>do</strong>s produtos depende <strong>do</strong><br />

tipo de reator e catalisa<strong>do</strong>r emprega<strong>do</strong>s. (COSTA, 2007).<br />

5.9.3.3 Hidroprocessamento<br />

Nesta etapa o produto da reação de FT passa pela fase de Hidrotratamento<br />

(HDT), que é um processo de refino, no qual o petróleo sintético é hidroge<strong>na</strong><strong>do</strong> visan<strong>do</strong><br />

adequar os sub-produtos nele presentes às necessidades e exigências <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. A<br />

hidroge<strong>na</strong>ção das olefi<strong>na</strong>s e <strong>do</strong>s compostos oxige<strong>na</strong><strong>do</strong>s, além <strong>do</strong> hidrocraqueamento<br />

(HCC) da cera, podem ser realiza<strong>do</strong> em condições não muito severas, <strong>para</strong> a produção<br />

de <strong>na</strong>fta e óleo Diesel. (VIEIRA, 2007)<br />

Na Figura 5.9.3 está sintetizada a cadeia de obtenção <strong>do</strong> GTL a partir <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong>, bem como da biomassa e <strong>do</strong> carvão.<br />

Figura 5.9.3 Cadeia de Obtenção <strong>do</strong> GTL e Outros Deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Gás de Síntese<br />

Fonte: adapta<strong>do</strong> de VIEIRA (VIEIRA, 2007)


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 297<br />

5.9.4 NON –FT GTL<br />

Em 2005, pesquisa<strong>do</strong>res da Texas A & M University, publicaram um artigo<br />

sobre um processo revolucionário de obtenção <strong>do</strong> GTL que, ten<strong>do</strong> como base a<br />

produção de etileno, é um processo diretor que não exige a produção de syngas,<br />

tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-se muito menos dispendiosa. O processo é licenciada pela Synfuels<br />

Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l, Inc. e envolve a se<strong>para</strong>ção e hidroge<strong>na</strong>ção de acetileno <strong>para</strong> formar<br />

etileno usan<strong>do</strong> catalisa<strong>do</strong>r desenvolvi<strong>do</strong> pela Synfuels 1 . .<br />

Shizari (2007) considera como vantagens <strong>do</strong> processo Non-FT-GTL:<br />

. diversidade de tecnologias licenciadas <strong>para</strong> todas as etapas <strong>do</strong> processo em<br />

diferentes níveis tecnológicos;<br />

. variedade de produtos com qualidade superior, que garantem rentabilidade<br />

em diferentes situações de merca<strong>do</strong>;<br />

. redução da emissão de CO2 com<strong>para</strong><strong>do</strong> a conversão de outros gases;<br />

. menor investimento de capital por barril de produto;<br />

. produtos com ausência de enxofre.<br />

Devi<strong>do</strong> à expectativa de uma rigidez crescente <strong>na</strong> definição de políticas e no<br />

controle da regulamentação ambiental, a procura mundial por combustíveis limpos<br />

tende a crescer rapidamente, sobretu<strong>do</strong> nos países desenvolvi<strong>do</strong>s como o Japão e<br />

países europeus. No médio prazo esta tendência deverá estimular o aprimoramento<br />

da tecnologia Non-FT GTL visan<strong>do</strong> sua comercialização em larga escala. A Figura<br />

5.9.4 com<strong>para</strong> da<strong>do</strong>s de produção e custos de plantas Non-FT GTL e FT GTL.<br />

Figura 5.9.4 Tecnologias FT e Non-FT de Obtenção de GTL – Da<strong>do</strong>s Com<strong>para</strong>tivos<br />

Fonte: SHIRAZI, 2007<br />

1<br />

http://www.synfuels.com/technology.html


298 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.9.5 Outras Referências de Processos <strong>para</strong><br />

Produção de GTL<br />

O número de registro de patentes de processo <strong>para</strong> obtenção de GTL vem<br />

aumentan<strong>do</strong> significativamente desde 1973. A seguir da<strong>do</strong>s de referência de processos<br />

patentea<strong>do</strong>s por algumas empresas:<br />

5.9.5.1 Davy Process Technology<br />

O processo licencia<strong>do</strong> pela Davy Process Technology é aplica<strong>do</strong> <strong>na</strong> produção<br />

de um produto isento de enxofre, a partir de <strong>gás</strong> associa<strong>do</strong>. (Callari 2002, apud<br />

FLEISCH; SILLS; BRISCOE).<br />

A Davy Process Technology atua ape<strong>na</strong>s no desenvolvimento tecnológico<br />

<strong>para</strong> produção <strong>do</strong>s produtos GTL, não sen<strong>do</strong> considerada, propriamente, como uma<br />

empresa de energia. (Callari, 2007)<br />

O processo, adequa<strong>do</strong> <strong>para</strong> <strong>uso</strong> em instalações offshore <strong>na</strong>s quais existam<br />

restrições de peso e de espaço, é composto das seguintes passos:<br />

a) Pré-aquecimento <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> remoção <strong>do</strong> enxofre;<br />

b) Adição de vapor e gases de reciclo;<br />

c) Conversão de hidrocarbonetos mais pesa<strong>do</strong>s em metano, com adição de<br />

vapor segui<strong>do</strong> de aquecimento;<br />

d) Resfriamento <strong>do</strong> gas que deixa a unidade de reforma geran<strong>do</strong> vapor<br />

suficiente <strong>para</strong> satisfazer as necessidades de aquecimento, com remoção <strong>do</strong><br />

excesso de condensa<strong>do</strong>;<br />

e) Compressão e se<strong>para</strong>ção <strong>do</strong> <strong>gás</strong> de síntese seco obti<strong>do</strong> com recuperação<br />

<strong>do</strong> excedente de hidrogênio, que pode ser reutiliza<strong>do</strong> como combustível;<br />

f) Reciclagem <strong>do</strong> <strong>gás</strong> de síntese não converti<strong>do</strong> que será utiliza<strong>do</strong> como<br />

carga <strong>para</strong> a unidade compacta de reforma;<br />

g) Hidrocraqueamento <strong>do</strong>s produtos <strong>para</strong>fínicos oriun<strong>do</strong>s da seção de<br />

conversão de mo<strong>do</strong> a gerar uma corrente fluida.<br />

A Figura 5.9.5 sintetiza esses passos.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 299<br />

Figura 5.9.5 Processo GTL Davy Process<br />

Fonte: Callari, 2007<br />

5.9.5.2 Processo Gas- to- Liquids da Syntroleum<br />

Licencia<strong>do</strong> pela Syntroleum Corporation, o proceso aplica-se a produção de<br />

combustíveis sintéticos ultra-limpos como querosene, GPL e <strong>na</strong>fta, a partir <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

<strong><strong>na</strong>tural</strong>. Os combustíveis são isentos de enxofre, aromáticos e metais pesa<strong>do</strong>s e o<br />

processo pode ser desenvolvi<strong>do</strong>s em unidades onshore e offshore.<br />

O processo se desenvolve misturan<strong>do</strong> o ar com vapor e <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, que reagem<br />

em unidade de reforma autotérmica, <strong>na</strong> presença de catalisa<strong>do</strong>r a base de cobalto<br />

(Figura 5.9.6).<br />

A utilização direta <strong>do</strong> ar, dispensa a necessidade de uma unidade se<strong>para</strong><strong>do</strong>ra<br />

(ASU), o que dá a este processo um diferencial em relação aos demais utiliza<strong>do</strong>s.<br />

Sem a ASU, que ocupa uma área significativa das instalações offshore, as instalações<br />

podem ser construídas em embarcações de pequeno porte, economizan<strong>do</strong> espaço.


300 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Figura 5.9.6 Processo Syntroleum de Produção de GTL<br />

Fonte: Fonte: Callari, 2007<br />

O <strong>gás</strong> de síntese produzi<strong>do</strong> tem uma relação de hidrogênio/monóxi<strong>do</strong> de<br />

carbono de 2:1. O monóxi<strong>do</strong> de carbono é hidroge<strong>na</strong><strong>do</strong> geran<strong>do</strong> hidrocarbonetos<br />

sintéticos e o <strong>gás</strong> de síntese remanescente pode ser utiliza<strong>do</strong> como combustível <strong>para</strong><br />

turbi<strong>na</strong>s, aquece<strong>do</strong>res e outros equipamentos. As correntes <strong>do</strong>s produtos gera<strong>do</strong>s são<br />

refi<strong>na</strong>das de mo<strong>do</strong> a se obter os combustíveis ultra-limpos.<br />

Em com<strong>para</strong>ção aos processos convencio<strong>na</strong>is de refino de petróleo, este<br />

processo é menos severo, consome menos hidrogênio, as temperaturas e pressões são<br />

menores. Dada a ausência de enxofre, metais pesa<strong>do</strong>s e aromáticos, o catalisa<strong>do</strong>r tem<br />

a sua vida útil aumentada, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> o processo mais econômico. (CALLARI, 2007<br />

apud FLEISCH; SILLS; BRISCOE, 2002)<br />

5.9.5.3 Processo Gas-To- Liquid – ConocoPhillips<br />

O processo licencia<strong>do</strong> pela ConocoPhillips GTL consiste em três passos<br />

principais:


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 301<br />

a) No primeiro estágio o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> reage com o oxigênio produzin<strong>do</strong> o<br />

syngas;<br />

b) A seguir, o syngas é passa<strong>do</strong> num reator FT,que sintetisa os catalisa<strong>do</strong>res<br />

transforman<strong>do</strong> o <strong>gás</strong> de síntese em cadeias de hidrocarbonetos;<br />

c) Dependen<strong>do</strong> da escolha <strong>do</strong> equipamento usa<strong>do</strong> <strong>para</strong> o refinoe <strong>do</strong> processo<br />

de seleção, o oleo sintético pode ser conveti<strong>do</strong> em diesel, <strong>na</strong>phta, cera e-ou<br />

outros tipos de produtos de hidrocarboneto. (CORKE, 2005)<br />

As etapas desse processo estão esquematizadas <strong>na</strong> Figura 5.9.7.<br />

Figura 5.9.7 Processo GTL ConocoPhillips<br />

Fonte: (CORKE, 2005)<br />

5.9.5.4 Shell Middle Destilate Synthesis - SMDS<br />

GTL:<br />

A Shell detém o patenteamento das seguintes tecnologias de produção de<br />

. Shell Gasification Process (SGP)<br />

. Paraffin Syntesis (HPS)<br />

. Heavy Paraffin Conversion an distillation, and work-up to utilities


302 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.9.5.5 Processo Gas-to-liquids – Sasol/Chevron<br />

A Sasol Chevron utiliza o processo Sasol Slurry Phase Distilate <strong>para</strong> converter<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em combustíveis líqui<strong>do</strong>s ecológicos Esse processo, conforme mostra<strong>do</strong><br />

<strong>na</strong> Figura 5.9.8 consiste de três principais passos:<br />

. Transformação de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> (Natural Gás Reforming)<br />

. Conversão de Fisher-Tropsch (Fischer-Tropsch Conversion)<br />

. Fi<strong>na</strong>lização <strong>do</strong> produto (Upgrading Product)<br />

Figura 5.9.8 Tecnologia GTL da planta Oryx<br />

Fonte: Technology Sasol/Chevron<br />

A inovação desse processo está associada à introdução da etapa de se<strong>para</strong>ção<br />

<strong>do</strong> ar <strong>na</strong> reforma <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

A tecnologia Sasol foi concebida <strong>para</strong> ser executa<strong>do</strong> em módulos de 15.000<br />

bbl / dia (15.000 barris por dia). Para atingir este ritmo de produção, é necessário<br />

manter a taxa de alimentação de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em aproximadamente 150 MMscfd (150<br />

milhões de pés cúbicos por dia standard).<br />

Outras grandes empresas vêm desenvolven<strong>do</strong> processos próprios <strong>para</strong> obtenção<br />

de GTL, dentre as quais podem ser destacadas a Repsol, PDVSA e Petrobras.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 303<br />

5.9.5.6 Processo Gas-to-liquids da British<br />

Petroleum<br />

O Processo Gas-to-liquids da British Petroleum inicia-se com a passagem <strong>do</strong><br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por um satura<strong>do</strong>r e um reforma<strong>do</strong>r. Em seguida o <strong>gás</strong> é transferi<strong>do</strong> <strong>para</strong><br />

um se<strong>para</strong><strong>do</strong>r de membra<strong>na</strong>s, onde o excesso de hidrogênio é retira<strong>do</strong> e este <strong>gás</strong> é<br />

transforma<strong>do</strong> em syngas. Em seguida o <strong>gás</strong> de síntese é leva<strong>do</strong> ao reator, onde ocorre<br />

a síntese de Fischer-Tropsch. Após esse processo, o <strong>gás</strong> passa novamente por um<br />

se<strong>para</strong><strong>do</strong>r, onde é extraída a água e os hidrocarbonetos líqui<strong>do</strong>s são leva<strong>do</strong>s ao processo<br />

de hidrocraqueamento, geran<strong>do</strong> os produtos GTL. A Figura 5.9.9 mostra as etapas de<br />

produção <strong>do</strong> GTL pela British Petroleum.<br />

Figura 5.9.9 Processo Gás to Liquid da British Petroleum<br />

Fonte: CALARI, 2004<br />

5.9.6 Produtos GTL<br />

Com<strong>para</strong>tivamente aos combustíveis convencio<strong>na</strong>is, os gera<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong><br />

GTL reduzem o nível das emissões produzidas por automóveis. Além disso,<br />

com<strong>para</strong><strong>do</strong>s com produtos destila<strong>do</strong>s de refi<strong>na</strong>rias convencio<strong>na</strong>is, possuem uma maior<br />

fração de hidrogênio <strong>do</strong> que de carbono, o que significa redução das emissões de<br />

material tóxico e óxi<strong>do</strong>s de nitrogênio (NOx), e menor quantidade de enxofre e<br />

aromáticos. Os principais produtos que podem ser gera<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> GTL são:


304 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.9.6.1 Diesel<br />

O Diesel pode representar até 70% da produção de uma planta GTL. É incolor,<br />

ino<strong>do</strong>ro, de baixa toxidade, possui um conteú<strong>do</strong> de enxofre menor de 5 ppm e aromáticos<br />

com menos de 1%, e número de cetano superior a 70, características técnicas que<br />

representam vantagens quan<strong>do</strong> com<strong>para</strong>das com as especificações <strong>do</strong> diesel convencio<strong>na</strong>l.<br />

5.9.6.2 Nafta<br />

É o segun<strong>do</strong> produto em quantidade que se pode produzir em uma planta<br />

GTL, varian<strong>do</strong> de 15% e 25 % da produção total. Apesar de sua qualidade elevada,<br />

tem a desvantagem de apresentar baixa octa<strong>na</strong>gem, em torno de 40, não sen<strong>do</strong> por<br />

isto adequa<strong>do</strong> ao <strong>uso</strong> em motores a gasoli<strong>na</strong>, cujo índice de octa<strong>na</strong>gem atinge 83. Por<br />

outro la<strong>do</strong>, é ideal <strong>para</strong> a manufatura de etileno e <strong>para</strong>fi<strong>na</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

5.9.6.3 Outros Produtos<br />

Uma planta GTL também pode produzir diversos outros produtos, tais como:<br />

· Parafi<strong>na</strong>s normais ( indústria alimentícia, velas)<br />

· DME, substituto de clorofluorcarbonos e CFC flui<strong>do</strong>s de refrigerantes<br />

· Ceras e lubrificantes, a base de óleo<br />

· Dimetox-metano <strong>para</strong> aditivo intermediário <strong>para</strong> outros produtos da indústria<br />

química<br />

· Oxo-alcool <strong>para</strong> plastificante<br />

· Fertilizantes<br />

· Produtos oxige<strong>na</strong><strong>do</strong>s tais como etanol (<strong>para</strong> solvente industrial e<br />

combustível), metanol (reagente <strong>para</strong> produção de biodiesel e deriva<strong>do</strong>s de<br />

metanol, como formaldeí<strong>do</strong>, áci<strong>do</strong> acético, solvente industrial, aditivo <strong>para</strong><br />

gasoli<strong>na</strong>)<br />

· n-propanol, n-butanol e ceto<strong>na</strong>) que podem ser obtidas a partir da corrente<br />

de água da reação


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 305<br />

· Hidrogênio, <strong>para</strong> hidroge<strong>na</strong>ção de alimentos tais como margari<strong>na</strong>s, sorvetes<br />

e chocolates e outros processo industriais<br />

· Ceras que, obtidas pelo processo de hidroprocessamento, podem ser<br />

convertidas em grandes quantidades adicio<strong>na</strong>is de querosene e solventes.<br />

5.9.7 Demanda de GTL e Produtos Deriva<strong>do</strong>s<br />

Quanto à evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>para</strong> os produtos GTL, a<strong>na</strong>listas da WorldOil<br />

Magazine (WorldOil Magazine, 2008) avaliam que, com os vários projetos em<br />

andamento, a capacidade total de produção de GTL no mun<strong>do</strong> passaria <strong>do</strong>s cerca de<br />

45.000 bbl / d observa<strong>do</strong>s em 2005 <strong>para</strong> cerca de 6 milhões de bbl / d em 2020.<br />

Quanto aos principais produtos demanda<strong>do</strong>s, estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s pela SASOL<br />

(SASOL, 2008) indicam que o diesel, a <strong>na</strong>fta <strong>para</strong> <strong>uso</strong> petroquímico e o querosene de<br />

aviação seriam os de maior relevância (Figura 5.9.10).<br />

Figura 5.9.10 GTL – Principais Produtos Demanda<strong>do</strong>s<br />

Fonte: Sasol. CSFB Global Oil Gas Conference, 2005


306 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

5.9.8 Vantagens e Desvantagens <strong>do</strong>s Produtos GTL<br />

Rahmim e Tavares (2005) afirmam que as principais vantagens <strong>do</strong>s produtos<br />

GTL são:<br />

. Os produtos gera<strong>do</strong>s em unidades GTL apresentam vantagens ambientais<br />

importantes em relação aos deriva<strong>do</strong>s de petróleo produzi<strong>do</strong>s em refi<strong>na</strong>rias, o que os<br />

tor<strong>na</strong> de <strong>uso</strong> potencial em mistura com deriva<strong>do</strong>s provenientes <strong>do</strong> refino de petróleo.<br />

. A <strong>na</strong>fta tem baixos teores de aromáticos e <strong>na</strong>ftênicos, o que a tor<strong>na</strong> bastante<br />

adequada <strong>para</strong> produção de oleofi<strong>na</strong>s. O querosene de aviação possui alto ponto de<br />

ignição, o que leva a partidas rápidas de motores e turbi<strong>na</strong>s.<br />

. O diesel possui um eleva<strong>do</strong> índice de ceta<strong>na</strong>s, o que facilita a ignição <strong>do</strong><br />

combustível no motor e aumenta sua performance em partidas a frio. A ausência de<br />

aromáticos e compostos de enxofre no diesel confere ao produto elevada qualidade<br />

ambiental. De acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s da PUC-Rio (PUC-RIO, 2008):<br />

- 8% menos moéculas de NOX;<br />

- 30% menos partículas;<br />

- 38% menos HC;<br />

- 46% menos CO (Figura 5.9.11).<br />

Figura 5.9.11 Com<strong>para</strong>ção <strong>do</strong> Nível de Emissões<br />

Fonte: PUC, 2008<br />

A principal desvantagem citada <strong>na</strong> literatura é a alta <strong>para</strong>finidade da <strong>na</strong>fta<br />

(RAHMIN, TAVARES, 2005)


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 307<br />

5.9.9 Plantas GTL pelo Mun<strong>do</strong><br />

Desde 1993, ocasião em que companhias petrolíferas como a Shell começou<br />

a fabricá-lo <strong>na</strong> Malásia, o combustível GTL tem si<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> em escala industrial.<br />

Da<strong>do</strong>s da VOLKSWAGEN (VOLKSWAGEN, 2009) indicam que a Shell está<br />

investin<strong>do</strong> cerca de 5 bilhões de dólares neste tipo de tecnologia <strong>na</strong> que hoje seria a<br />

maior planta de produção de GTL <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, com capacidade <strong>para</strong> 6.5 bilhões de<br />

toneladas cúbicas de Syngas por ano.<br />

Com<strong>para</strong>tivamente ao óleo diesel, ainda segun<strong>do</strong> a mesma fonte é estima<strong>do</strong><br />

que em 2015, entre projetos planejamento, desenvolvimento, construção e operação,<br />

a capacidade mundial de produção alcance 28 milhões de toneladas métricas de óleo<br />

equivalente, o que corresponderia ao consumo total de óleo diesel <strong>na</strong> Alemanha em<br />

2003 (Figura 5.9.12).<br />

Figura 5.9.12 Evolução Esperada da Capacidade de Produção de GTL no Mun<strong>do</strong><br />

Fonte: VOLKSWAGEN, 2009<br />

Relativamente ao desenvolvimento tecnológico <strong>do</strong>s processos e à distribuição<br />

das plantas, são quatro as principais empresas que atuam, no mun<strong>do</strong>, neste merca<strong>do</strong><br />

consideran<strong>do</strong> não só os projetos em operação, como os em andamento e em estu<strong>do</strong>: a<br />

Shell, a ExxonMobil, a Syntroleum e a Sasol (Tabelas 5.9.2, 5.9.3 e 5.9.4).


308 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 5.9.2 Projetos Industriais de GTL em Operação<br />

Fonte: Petrobras in PUC-RIO, 2008<br />

Tabela 5.9.3 Projetos de GTL em Andamento<br />

Fonte: Petrobras in PUC-RIO, 2008


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 309<br />

Tabela 5.9.3 Projetos de GTL em Estu<strong>do</strong><br />

Fonte: Petrobras in PUC-RIO, 2008:<br />

A análise dessas tabelas demonstra que as principais plantas de GTL em estu<strong>do</strong><br />

apresentam Cartar como principal local <strong>para</strong> instalação desse tipo de projeto o que<br />

decorreria da junção de <strong>do</strong>is aspectos: 1) no fi<strong>na</strong>l da década de noventa a Catar<br />

Petroleum (QP) e a Sasol of South Africa assi<strong>na</strong>ram carta de intenção <strong>para</strong> construir e<br />

operar uma planta de GTL <strong>na</strong> região de Ras Laffan; 2) esta região, além de possuir<br />

uma das maiores reservas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, perden<strong>do</strong> ape<strong>na</strong>s <strong>para</strong> a Rússia e<br />

<strong>para</strong> o Irã, tem uma localização estratégica que viabiliza a comercialização de seus<br />

produtos com os principais merca<strong>do</strong>s da Europa e da Ásia, fatos que no conjunto<br />

viabilizam a prática de preços mais atrativos <strong>para</strong> o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

5.9.10 Aspectos Econômicos e Tendências <strong>para</strong> as<br />

Plantas de GTL<br />

Alguns fatores mundiais, particularmente econômicos e ambientais,<br />

reavivaram o interesse pelos processos de obtenção de combustíveis sintéticos, levan<strong>do</strong><br />

a uma nova trajetória <strong>para</strong> a tecnologia gas-to-liquids (CALLARI, 2006).


310 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

· Disponibilidade de reservas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

· Recrudescimento da legislação ambiental<br />

· Demanda por flexibilidade no transporte de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

· Descontrole no preço da commodity petróleo<br />

· Reservas mundiais remotas provadas de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> podem produzir mais<br />

de 300 bilhões de barris de óleo sintético<br />

· Custos eleva<strong>do</strong>s da redução de teor de enxofre <strong>na</strong> gasoli<strong>na</strong> e no diesel<br />

· Queima com baixíssima emissão de particula<strong>do</strong>s e enxofre, produzin<strong>do</strong><br />

combustíveis mais limpos, o que reduz a os eleva<strong>do</strong>s custos necessários à<br />

redução de teor de enxofre nos combustíveis<br />

· Transformação química pode estar próxima ao local de origem <strong>do</strong> <strong>gás</strong><br />

Nos últimos anos a evolução unitária <strong>do</strong> capital em projetos GTL está<br />

decrescen<strong>do</strong> significativamente, estan<strong>do</strong> hoje seu custo situa<strong>do</strong> entre US$ 20.000 –<br />

US$ 40.000 por barril/dia. (GAFFENY, CLINE, ASSOCIATES).<br />

Para estimar a composição <strong>do</strong>s custos <strong>do</strong>s investimentos, Callari (CALLARI,<br />

2007) a<strong>do</strong>tou US$ 28.000/bl como valor base de produção <strong>do</strong> GTL, <strong>para</strong> tal toma<strong>do</strong><br />

como referência da<strong>do</strong>s da planta de GTL de Oryx i<strong>na</strong>ugurada em 2006 no Catar,<br />

construída e operada por uma join-venture entre a Qatar Petroleum (51%) e a Sasol-<br />

Chevron (49%) e um fator de escala por capacidade de produção da planta. Para<br />

neutralizar a dificuldade de modular alguns investimentos independente da capacidade<br />

da planta, e de acor<strong>do</strong> com informações da ConocoPhilips, <strong>para</strong> projetos maiores que<br />

34.000 bl/d foi aplica<strong>do</strong> um fator redutor de custo e um fator de crescimento de custo<br />

<strong>para</strong> plantas com capacidades inferiores a 34.000 bl/d.<br />

Com base nesses da<strong>do</strong>s pode ser estimada a composição percentual <strong>do</strong>s<br />

investimentos em uma planta de GTL (Figura 5.9.13), com a geração <strong>do</strong> <strong>gás</strong> de síntese<br />

e <strong>do</strong> processo de Fischer-Tropsch soma<strong>do</strong> cerca de 40% <strong>do</strong>s investimentos necessários.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 311<br />

Figura 5.9.13 Composição Percentual <strong>do</strong>s Investimentos em uma Planta de GTL<br />

Fonte: ConocoPhilips, cita<strong>do</strong> por Callari, 2007<br />

Relativamente ao potencial de expansão da produção, da<strong>do</strong>s Syntroleum<br />

(SYNTROLEUM, 2005) indicam as regiões da África e Austrália como as que possuem<br />

mais campos atraentes <strong>para</strong> a implantação de plantas GTL. É também <strong>na</strong> Austrália<br />

que se concentra o maior número de reservas de <strong>gás</strong> (Tabela 5.9.4).<br />

Tabela 5.9.4 Potenciais Reservas <strong>para</strong> Produção de GTL por Continente<br />

Fonte: Syntroleum, 2005<br />

Quanto às empresas produtoras, da<strong>do</strong>s da Syntroleum (SYNTROLEUM, 2005)<br />

indicam que a ExxonMobil possui a maior parte <strong>do</strong>s campos produtivos. Sua produção<br />

alcança aproximadamente 20 bn/boe, seguida pela Shell e BP, com cerca de 15 bn/boe<br />

cada e a Chevron Texaco, com uma produção em torno de 13.000 bn/bor (Figura 14).


312 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Figura 5.9.14 Potencial de Reservas por Empresa<br />

Fonte: Syntroleum, 2005<br />

5.9.11 GTL no Brasil<br />

Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s sobre GTL no Centro de Pesquisas da Petrobras indicam<br />

que esta tecnologia GTL ainda é mais cara que uma refi<strong>na</strong>ria tradicio<strong>na</strong>l, ten<strong>do</strong>, no<br />

entanto, sua competitividade aumentada quan<strong>do</strong> com<strong>para</strong>da com a de uma refi<strong>na</strong>ria<br />

moder<strong>na</strong>, onde o enxofre é elimi<strong>na</strong><strong>do</strong> <strong>do</strong> combustível.<br />

Com bases nesses estu<strong>do</strong>s é estima<strong>do</strong> que, no Brasil, a construção de uma<br />

planta GTL com capacidade mínima de produção de cerca de 15.000 barris por dia<br />

demoraria quatro anos <strong>para</strong> entrar em operação e custaria, pelo menos, US$ 350<br />

milhões. (GASNET,2006).<br />

Da<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s pela PEROBRAS/CENPES no Simpósio de Energia da<br />

Biomassa em 2008 indicam a operação, em 2007, de uma planta piloto de 1bpd, com<br />

previsão de entrada em operação de uma unidade demonstração em 2011, com<br />

capacidade de 300 bpd (FONTES, 2008).<br />

A perspectiva de exploração de <strong>gás</strong> em camadas de pré-sal tem leva<strong>do</strong> a<br />

PETROBRAS a cogitar a proposta de a<strong>do</strong>tar tecnologia de transformação de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

em óleo sintético como forma de melhor aproveitar o montante de <strong>gás</strong> existente nestes<br />

campos. Essa alter<strong>na</strong>tiva reduziria de forma significativa a principal dificuldade <strong>para</strong><br />

utilização <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong>do</strong> pré-sal que é a logística <strong>para</strong> transportá-lo <strong>para</strong> o merca<strong>do</strong>


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 313<br />

consumi<strong>do</strong>r, devi<strong>do</strong> à distância <strong>do</strong>s reservatórios da costa, e o eleva<strong>do</strong> custo <strong>para</strong><br />

liquefazer este <strong>gás</strong> em grandes proporções em alto mar.<br />

Em artigo publica<strong>do</strong> <strong>na</strong> revista Oil & Gas Jour<strong>na</strong>l, RAHMIM (RAHMIM,<br />

2005) estima que, <strong>para</strong> viabilizar um projeto de planta GLT, o <strong>gás</strong> de alimentação não<br />

pode custar mais que US$ 0,50 centavos por milhão de BTU (British Thermal Units).<br />

Em decorrência <strong>do</strong> estágio tecnológico no Brasil, bem como da maior<br />

atratividade no curto prazo <strong>para</strong> outras formas de <strong>uso</strong> e transporte <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, esta<br />

tecnologia não foi considerada <strong>para</strong> efeito <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong> Cenário <strong>para</strong> o<br />

perío<strong>do</strong> 2015-2020.<br />

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<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 317<br />

5.10 Setor Residencial<br />

Autor: Marcelo Rousseau Valença Schwob<br />

No Brasil, o <strong>uso</strong> de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no setor residencial é ainda restrito, com<strong>para</strong><strong>do</strong><br />

a outros países, apresentan<strong>do</strong> uma forte concentração <strong>do</strong> consumo <strong>na</strong>s regiões<br />

metropolita<strong>na</strong>s das cidades <strong>do</strong> Rio de Janeiro e São Paulo. Em outubro de 2007 os<br />

<strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s representavam 91% <strong>do</strong> consumo total de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>do</strong> setor no país.<br />

Consideran<strong>do</strong> o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> distribuí<strong>do</strong> por todas as companhias estaduais, o setor<br />

residencial representa 1,6% <strong>do</strong> total distribuí<strong>do</strong> no país, um valor muito baixo em<br />

com<strong>para</strong>ção com países de economias mais desenvolvidas, onde os percentuais de<br />

participação <strong>do</strong> setor residencial ficam acima de 15%. Em outubro de 2007, as vendas<br />

das distribui<strong>do</strong>ras estaduais de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> o setor residencial ocorreram segun<strong>do</strong><br />

os da<strong>do</strong>s da Tabela 5.10.1.<br />

Tabela 5.10.1 Venda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> pelas distribui<strong>do</strong>ras <strong>para</strong> o setor residencial<br />

Fonte: Abe<strong>gás</strong>, 2007


318 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Com freqüência, a eletricidade e o GLP são os energéticos concorrentes mais<br />

diretos <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no setor residencial, apresentan<strong>do</strong> eventuais vantagens e<br />

limitações de ordem técnica, econômica e ambiental. De mo<strong>do</strong> geral, o aspecto logístico<br />

é o maior fator limitante <strong>para</strong> a expansão <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Enquanto a eletricidade e o<br />

GLP apresentam uma ampla infra-estrutura <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de atendimento, atingin<strong>do</strong> quase<br />

todas as áreas <strong>do</strong> país, o <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> conta com uma limitada rede de distribuição<br />

urba<strong>na</strong>, além de apresentar eleva<strong>do</strong>s custos de implantação, limitan<strong>do</strong> a velocidade de<br />

expansão de sua infra-estrutura de atendimento.<br />

O emprego <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong>s residências se desti<strong>na</strong>, em geral, à cocção de<br />

alimentos e ao aquecimento de água, em participações de ordem semelhante. Todavia,<br />

muitas unidades residenciais, principalmente em áreas populares, apresentam<br />

pre<strong>do</strong>mínio de <strong>uso</strong> de eletricidade <strong>para</strong> aquecimento de água em chuveiros elétricos,<br />

restringin<strong>do</strong> o consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> aos fogões, em função <strong>do</strong> menor custo de<br />

instalação <strong>do</strong> equipamento.<br />

Ao longo <strong>do</strong> ano, tanto no Rio de Janeiro, como em São Paulo, ocorre grande<br />

variação sazo<strong>na</strong>l da demanda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no merca<strong>do</strong> residencial, em função das<br />

consideráveis mudanças de temperatura ao longo <strong>do</strong> ano <strong>na</strong>s referidas regiões. Assim,<br />

no perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> inverno a demanda de água quente se acentua, o que ocorre de mo<strong>do</strong><br />

mais severo em São Paulo, onde as diferenças sazo<strong>na</strong>is de demanda de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

entre inverno e verão chegam a 25%, enquanto no Rio se aproximam de 20%.<br />

Atualmente, a média de consumo residencial de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no Brasil se<br />

encontra próxima de 0,5 m 3 / residência.dia (ABEGAS, 2008), o que permite deduzir<br />

a partir <strong>do</strong> consumo total de GN <strong>do</strong> setor residencial (705.700 m 3 /dia) que no país<br />

cerca de 1.400.000 residências consomem GN, número equivalente ao atendimento<br />

de uma população de cerca de 5 milhões de habitantes. No Brasil, o setor residencial<br />

apresenta os seguintes da<strong>do</strong>s referenciais (IBGE, 2008 e ABEGAS, 2008):<br />

· População <strong>do</strong> Brasil: 185.000.000 habitantes;<br />

· Relação média de habitantes por residência (IBGE, 2008): 3,5 hab./residência;<br />

· Número estima<strong>do</strong> de residências no país: 52.857.000 residências;<br />

. Número de residências atendidas com <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>: ~1.400.000 residências;


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 319<br />

· Número aproxima<strong>do</strong> de habitantes atendi<strong>do</strong>s com <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no setor<br />

residencial: 4.900.000 habitantes ou 2,65 %;<br />

· Consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no setor residencial (out./2007): 705.700 m³/dia;<br />

· Consumo médio de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por residência: 0,50 m³/residência.dia;<br />

· Consumo médio de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por habitante: 0,14 m³/habitante.dia;<br />

Ainda que permaneça concentrada <strong>na</strong>s duas grandes cidades, a distribuição<br />

de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> o setor residencial vem sen<strong>do</strong> gradativamente ampliada em outras<br />

regiões, em função <strong>do</strong> processo de abertura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> distribui<strong>do</strong>r e da privatização<br />

<strong>do</strong> setor de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Nesse processo, diversas distribui<strong>do</strong>ras de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> colocaram<br />

em prática uma política de expansão de atendimento com a ampliação de suas redes<br />

de distribuição, o que tem leva<strong>do</strong> ao atendimento pioneiro a diversas cidades de médio<br />

porte no interior, mesmo que em escalas ainda limitadas.<br />

5.10.1 Perspectivas <strong>do</strong> Uso <strong>do</strong> Gás Natural no Setor<br />

Residencial em Ma<strong>na</strong>us<br />

Diante <strong>do</strong> quadro <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, verifica-se que <strong>na</strong> região norte ape<strong>na</strong>s a cidade de<br />

Ma<strong>na</strong>us apresenta perspectivas de possível emprego em curto prazo <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no<br />

setor residencial. Isto se deve à sua densidade demográfica e à implantação possível<br />

de uma rede de distribuição de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em sua área urba<strong>na</strong>, ainda que a malha de<br />

distribuição prevista vise atender com maior destaque aos outros setores da economia<br />

local, como as áreas comercial, industrial, transportes e geração elétrica. Em prazo<br />

mais extenso, poderá ainda se estabelecer o <strong>uso</strong> de GNC transporta<strong>do</strong> por via ro<strong>do</strong>viária<br />

ou fluvial em peque<strong>na</strong>s e médias distâncias <strong>para</strong> cidades <strong>do</strong> interior e GNL transporta<strong>do</strong><br />

por via fluvial <strong>para</strong> cidades como, Parintins, Santarém e Belém. Extrapolan<strong>do</strong> os<br />

da<strong>do</strong>s anteriores <strong>para</strong> o merca<strong>do</strong> residencial de Ma<strong>na</strong>us, tem-se:<br />

· População de Ma<strong>na</strong>us: 1.600.000 habitantes (IBGE, 2008);<br />

· Número estima<strong>do</strong> de residências: 457.143 residências (consideran<strong>do</strong> a relação<br />

média de 3,5 hab/residência);


320 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

· Potencial máximo estima<strong>do</strong> de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no setor residencial<br />

de Ma<strong>na</strong>us, consideran<strong>do</strong> a média de consumo da região sudeste (0,5 m³/<br />

residência.dia): 228.571 m³/dia;<br />

· Mesmo potencial, agora consideran<strong>do</strong> uma média de consumo específico<br />

por residência de 0,3 m³/dia, consideran<strong>do</strong> o <strong>uso</strong> restrito <strong>para</strong> cocção: 137.142 m3/dia;<br />

· Potencial anterior, com a restrição de ape<strong>na</strong>s 10% da área urba<strong>na</strong> atendida<br />

pela rede de distribuição de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>: ~13.700 m³/dia. Com esse volume estima<strong>do</strong>,<br />

Ma<strong>na</strong>us seria hoje a terceira cidade <strong>do</strong> país em consumo de GN<br />

<strong>para</strong> o setor residencial.<br />

· Supon<strong>do</strong> a distribuição <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> volume (13.700 m³/dia), seriam atendidas<br />

cerca de 45.700 residências. Se as mesmas estivessem numa mesma avenida, todas<br />

elas em prédios residenciais, cada um com 100 apartamentos, seriam 457 prédios.<br />

Estiman<strong>do</strong>-se to<strong>do</strong>s eles com 30 metros de fachada, dispostos <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s da avenida,<br />

seriam aproximadamente 7 km de tubulação de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> ao longo da avenida.<br />

Supon<strong>do</strong> uma tubulação exclusiva <strong>para</strong> este atendimento ao custo de US$ 30/m.pol,<br />

admitin<strong>do</strong>-se diâmetro de 10", o custo da distribuição de GN nessa avenida seria de<br />

R$ 2,5 milhões, sem incluir os custos de obras inter<strong>na</strong>s nos prédios e o custo da<br />

distribuição até a chegada <strong>na</strong> avenida. Por outro la<strong>do</strong>, a referida tubulação poderá<br />

atender a outros consumi<strong>do</strong>res <strong>na</strong> região, antes e depois da referida avenida. Em<br />

contraposição, se nessa avenida forem monta<strong>do</strong>s ape<strong>na</strong>s três postos de GNV ou se<br />

fossem três instalações de médio porte de cogeração em shopping center/hospital etc.<br />

a demanda de GN seria o triplo da considerada <strong>para</strong> o caso <strong>do</strong> atendimento residencial,<br />

envolven<strong>do</strong> uma maior rapidez <strong>na</strong> implantação geral de toda a cadeia de distribuição<br />

e consumo <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>. Vale lembrar que o caso hipotético mencio<strong>na</strong><strong>do</strong> <strong>para</strong> o<br />

atendimento residencial está distante da situação real, que não costuma encontrar<br />

tamanha concentração de prédios consumi<strong>do</strong>res numa só avenida, além de não terem<br />

necessariamente a pre<strong>para</strong>ção inter<strong>na</strong> nos apartamentos <strong>para</strong> <strong>uso</strong> <strong>do</strong> GN, que só deverá<br />

ocorrer com as novas construções.<br />

Consideran<strong>do</strong> a população total da cidade de Ma<strong>na</strong>us (cerca de 1,6 milhão de<br />

habitantes), a razão média <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de 3,5 habitantes por residência (IBGE, 2008) e<br />

os índices médios de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> por unidade residencial <strong>do</strong> Rio de Janeiro


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 321<br />

e de São Paulo, mencio<strong>na</strong><strong>do</strong>s anteriormente, verifica-se que o consumo máximo de<br />

<strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>do</strong> setor residencial <strong>na</strong> cidade seria hoje da ordem de 230 mil m³/dia.<br />

Todavia, consideran<strong>do</strong> o <strong>uso</strong> limita<strong>do</strong> de aquecimento de água <strong>na</strong>s residências<br />

em Ma<strong>na</strong>us, estima<strong>do</strong> em menos de 5% das unidades residenciais, o referi<strong>do</strong> valor de<br />

consumo potencial máximo seria da ordem de 127 mil m³/dia. Além disso, a rede de<br />

distribuição deverá contemplar prioritariamente as áreas de grande consumo potencial,<br />

como as zo<strong>na</strong>s industriais, áreas comerciais de grande capacidade de consumo<br />

(shoppings centers, grandes hotéis, postos de GNV etc.), além de zo<strong>na</strong>s residenciais<br />

de eleva<strong>do</strong> poder aquisitivo, o que permite prever um limita<strong>do</strong> alcance de atendimento<br />

da rede residencial de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, ao menos até 2012. Caso o percentual de áreas<br />

atendidas atinja em médio prazo um valor da ordem de 10% <strong>do</strong> total das unidades<br />

residenciais existentes <strong>na</strong> cidade, o horizonte de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no setor seria<br />

da ordem de 13 mil m³/dia, montante equivalente à demanda de ape<strong>na</strong>s <strong>do</strong>is postos de<br />

GNV, consideran<strong>do</strong> a média comercializada no sudeste, ainda que remuneran<strong>do</strong> em<br />

nível bem mais eleva<strong>do</strong> o insumo comercializa<strong>do</strong> pela distribui<strong>do</strong>ra de GN. Vale<br />

registrar também que o referi<strong>do</strong> nível de consumo, mesmo que restrito, tor<strong>na</strong>ria a<br />

cidade de Ma<strong>na</strong>us a terceira cidade <strong>do</strong> país em consumo residencial de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>.<br />

Ten<strong>do</strong> em conta o tradicio<strong>na</strong>l comportamento de lenta expansão das redes de<br />

atendimento residencial <strong>na</strong>s capitais <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s, mesmo no Rio de Janeiro e São<br />

Paulo, diante de seus custos eleva<strong>do</strong>s de expansão, acima de US$ 30/ m.pol, considerase<br />

que o mesmo processo também deverá ocorrer em Ma<strong>na</strong>us. Esta perspectiva pode<br />

ser alterada por algum estímulo estatal local (redução de impostos, fi<strong>na</strong>nciamentos<br />

específicos etc.), estabeleci<strong>do</strong> fora das condições usuais, que permita e estimule uma<br />

rápida expansão da rede residencial e viabilize uma imediata incorporação de grande<br />

número de unidades consumi<strong>do</strong>ras.<br />

Para uma perspectiva prelimi<strong>na</strong>r de introdução <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no setor<br />

residencial, estimou-se, <strong>para</strong> efeito de cálculos, a possibilidade de fornecimento <strong>do</strong><br />

combustível <strong>para</strong> o perío<strong>do</strong> 2010-2020, sob as seguintes condições:<br />

. <strong>na</strong> primeira fase (2010), o consumo residencial seria aproximadamente 2%<br />

<strong>do</strong> consumo industrial, seguin<strong>do</strong> a média <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l;<br />

. considerou-se um consumo médio diário de 0,5m 3 /dia por residência;


322 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

. o custo de investimento foi estima<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> custo médio <strong>do</strong> conjunto<br />

tubulação, medi<strong>do</strong>res, válvulas, entre outros, realiza<strong>do</strong> pela companhia<br />

distribui<strong>do</strong>ra;<br />

. o custo da tubulação representou 35% <strong>do</strong> custo total <strong>do</strong> investimento, ten<strong>do</strong><br />

si<strong>do</strong> basea<strong>do</strong> no índice de custo específico de US$ 30/m.pol. (R$ 2,10/ US$).<br />

A partir desses da<strong>do</strong>s, estimou-se <strong>para</strong> o perío<strong>do</strong> 2010-2020 a evolução de<br />

consumo de <strong>gás</strong> disposta <strong>na</strong> Tabela 5.10.1.1.<br />

Tabela 5.10.1.1 Evolução Estimada <strong>do</strong> Consumo de Gás Natural <strong>para</strong> o Setor<br />

Residencial<br />

Fonte: Elaboração Própria<br />

Obs.: O investimento considera<strong>do</strong> envolve ape<strong>na</strong>s a rede de ligação da tubulação principal da via<br />

pública à edificação.<br />

Referências Bibliográficas<br />

ABEGAS – www.abegas.org.br<br />

IBGE – www.ibge.gov.br


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 323<br />

6. CENÁRIOS<br />

ALTERNATIVOS PARA USO<br />

DO GÁS NA REGIÃO NORTE<br />

(2010–2020) – UMA<br />

ANÁLISE <strong>INT</strong>ER-SETORIAL


324 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

6. CENÁRIOS ALTERNATIVOS PARA O USO DO GÁS NA REGIÃO<br />

NORTE (2010 – 2020) – Uma análise inter-setorial<br />

Autores: Sandra de Castro Villar, Marcelo R. V. Schwob, Patrícia Dresch e<br />

Mauricio F. Henriques Jr.<br />

A partir da evolução esperada da oferta e demanda de <strong>gás</strong>, neste caso<br />

consideran<strong>do</strong> os segmentos e as tecnologias anteriormente discutidas, buscou-se avaliar<br />

alguns cenários de atendimento às demandas estimadas <strong>para</strong> o perío<strong>do</strong> 2010-2020.<br />

6.1 Aspectos Meto<strong>do</strong>lógicos e Pressupostos<br />

Para a obtenção <strong>do</strong>s cenários a seguir apresenta<strong>do</strong>s foi desenvolvi<strong>do</strong> um<br />

ferramental que, a partir da entrada <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de oferta e demanda de <strong>gás</strong>, gera os<br />

cenários eletronicamente.<br />

Para cada alter<strong>na</strong>tiva de <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, os resulta<strong>do</strong>s relativos à sua<br />

participação em cada um <strong>do</strong>s cenários deriva não só da demanda esperada, mas também<br />

hierarquização geral obtida a partir da atribuição de valores de magnitude, varian<strong>do</strong><br />

de 1 a 10, <strong>para</strong> diferentes indica<strong>do</strong>res ambientais e sociais e <strong>do</strong> peso, este varian<strong>do</strong> de<br />

1 a 5, atribuí<strong>do</strong> ao fator econômico bem como aos <strong>do</strong>is conjuntos de indica<strong>do</strong>res,<br />

sociais e ambientais.<br />

Nos cenários, a geração de empregos, a fixação homem área, a geração de<br />

renda, o aumento da mobilidade e a melhoria da saúde da população foram os<br />

indica<strong>do</strong>res sociais considera<strong>do</strong>s. No campo ambiental, buscou-se estimar a<br />

contribuição de cada tecnologia de <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>para</strong> a redução da poluição<br />

local, da contami<strong>na</strong>ção local, da emissão de CO 2<br />

, bem como <strong>para</strong> reduzir a pressão<br />

sobre as florestas. Para o indica<strong>do</strong>r econômico considerou-se ape<strong>na</strong>s a taxa inter<strong>na</strong> de<br />

retorno, conforme Tabela 6.1.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 325<br />

Tabela 6.1 Taxas Inter<strong>na</strong>s de Retorno Obtidas nos Cenários<br />

Nota: as TIRs <strong>para</strong> o <strong>uso</strong>industrial térmico são superiores às da indústria <strong>para</strong> a geração de frio<br />

porque os sistemas existentes, no primeiro caso, exigiriam somente investimentos de pequeno<br />

porte <strong>para</strong> a conversão de equipamentos.<br />

Fonte: Elaboração própria<br />

Desses da<strong>do</strong>s alguns aspectos merecem destaque. Para a maioria <strong>do</strong>s projetos<br />

os investimentos foram distribuí<strong>do</strong>s equitativamente nos 3 perío<strong>do</strong>s considera<strong>do</strong>s,<br />

implican<strong>do</strong> numa mesma taxa inter<strong>na</strong> de retorno <strong>para</strong> cada perío<strong>do</strong>. A exceção <strong>do</strong>s<br />

casos <strong>do</strong> GNL e GNC, onde a maior parcela <strong>do</strong> investimento foi considerada <strong>para</strong> o<br />

primeiro perío<strong>do</strong>, resultan<strong>do</strong> <strong>para</strong> o mesmo em uma taxa inter<strong>na</strong> de retorno menor<br />

com<strong>para</strong>tivamente aos perío<strong>do</strong>s subseqüentes.<br />

O critério de cálculo da taxa inter<strong>na</strong> de retorno considerou como taxa de<br />

atratividade <strong>do</strong> capital no merca<strong>do</strong> fi<strong>na</strong>nceiro o valor de 12%, o que significa que os<br />

projetos com valores inferiores foram considera<strong>do</strong>s de menor relevância econômica.<br />

No entanto, consideran<strong>do</strong> os aspectos sociais e ambientais, tais projetos puderam<br />

ainda ser contempla<strong>do</strong>s.<br />

Para a oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s considerou-se que em<br />

2010 e 2015 os volumes oferta<strong>do</strong>s ficariam em 5,5 milhões de m 3 /dia, valor já<br />

contrata<strong>do</strong> junto à Petrobras. Para 2020, admitiu-se que em resposta à consolidação<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> local de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, a oferta de <strong>gás</strong> chegaria a 10 milhões de m 3 /dia<br />

(Tabela 6.2).


326 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Tabela 6.2 Evolução Esperada da Oferta de Gás Natural em Ma<strong>na</strong>us<br />

Fonte: Elaboração própria<br />

Para a demanda, das premissas a<strong>do</strong>tadas em cada uma das tecnologias de <strong>uso</strong><br />

e transporte <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong>, tem-se o quadro geral de evolução da demanda registra<strong>do</strong><br />

<strong>na</strong> Tabela 6.3.<br />

Tabela 6.3 Evolução Esperada da Demanda de Gás Natural em Ma<strong>na</strong>us<br />

Quantidade (m 3 /dia)<br />

Fonte: Elaboração própria<br />

É importante destacar que sen<strong>do</strong> a ordem de grandeza da demanda de alguns<br />

setores muito menor <strong>do</strong> que de outros, nos cenários a seguir discuti<strong>do</strong>s, a demanda<br />

desses setores poderá não ser registrada por ser inferior à 1%. No caso da demanda<br />

<strong>para</strong> a geração de energia elétrica, os valores absolutos decrescem com o tempo em<br />

razão da oferta de energia hidrelétrica de Tucuruí a partir de 2012.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 327<br />

6.2 Análise <strong>do</strong>s Cenários – Perío<strong>do</strong> 2010-2020<br />

Em cada ano avaliou-se os efeitos <strong>do</strong> equilíbrio entre os fatores social (S),<br />

ambiental (A) e econômico (E) <strong>na</strong> tomada de decisão (p.ex. SAE 4,4,4)<br />

com<strong>para</strong>tivamente à uma eventual proposta de uma maior ênfase nos aspectos social<br />

e ambiental (SAE 4,4,1).<br />

6.2.1 Em 2010<br />

Figura 6.1 Cenário SAE – 4,4,4 <strong>para</strong> 2010<br />

Fonte: Elaboração própria<br />

Figura 6.2 Cenário SAE – 4,4,1 <strong>para</strong> 2010<br />

Fonte: Elaboração própria


328 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Nestas simulações, como em outras alter<strong>na</strong>tivas <strong>para</strong> 2010, constatou-se que<br />

a demanda total será sempre atendida independentemente, no caso estuda<strong>do</strong>, da eventual<br />

maior ênfase em políticas sociais e ambientais. Isso se deve ao fato de que a<br />

demanda total de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> (4,90 milhões m 3 /dia) seria inferior à oferta total<br />

(5,5 milhões m 3 /dia), o que seria <strong><strong>na</strong>tural</strong> da<strong>do</strong> que o merca<strong>do</strong> local de <strong>gás</strong> estaria<br />

em fase inicial de evolução.<br />

Como era de se esperar, dada a taxa de atratividade <strong>do</strong> investimento, e de<br />

acor<strong>do</strong> com o planejamento energético local, a maior demanda de <strong>gás</strong> (98%) deverá<br />

ser desti<strong>na</strong>da à geração elétrica.<br />

Em complemento, 1% poderia ser desti<strong>na</strong>da ao setor de transporte e 1% ao<br />

GNC, segmentos também com grande impacto também nos aspectos social e ambiental.<br />

6.2.2 Em 2015<br />

Ainda consideran<strong>do</strong> uma oferta total de 5,5 milhões m 3 /dia, e as mesmas<br />

atribuições de pesos consideradas em 2010, a demanda total (7,0 milhões de m 3 /dia)<br />

passa a não ser mais atendida, fican<strong>do</strong> os setores de comércio, <strong>gás</strong> química e transporte<br />

via GNL, não atendi<strong>do</strong>s em sua totalidade (Figuras de 6.3 a 6.6).<br />

Figura 6.3 Cenário SAE – 4,4,4 <strong>para</strong> 2015<br />

Fonte: Elaboração própria


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 329<br />

Figura 6.4 Cenário SAE – 4,4,4 <strong>para</strong> 2010- Demanda não Atendida<br />

Fonte: Elaboração própria<br />

Figura 6.5 Cenário SAE – 4,4,1 <strong>para</strong> 2015<br />

Fonte: Elaboração própria<br />

Figura 6.6 Cenário SAE – 4,4,1 <strong>para</strong> 2015- Demanda não Atendida<br />

Fonte: Elaboração própria


330 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

Para 2015 é ainda importante observar que uma maior ênfase <strong>na</strong>s políticas sociais<br />

alavancará uma maior participação <strong>do</strong> GNL, alter<strong>na</strong>tiva que, como anteriormente<br />

discuti<strong>do</strong>, permitiria a entrada <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em outras regiões não localizadas ao longo<br />

<strong>do</strong> gasoduto, viabilizan<strong>do</strong> novas alter<strong>na</strong>tivas <strong>para</strong> geração de emprego e renda. Neste<br />

caso, a demanda não atendida se concentraria no setor <strong>gás</strong> químico (Figuras 6.7 e 6.8).<br />

Figura 6.7 Cenário SAE – 4,1,4 <strong>para</strong> 2015<br />

Fonte: Elaboração própria<br />

Figura 6.8 Cenário SAE – 4,1,4 <strong>para</strong> 2015- Demanda não Atendida<br />

Fonte: Elaboração própria<br />

Com<strong>para</strong>tivamente à 2010 observa-se outros setores contempla<strong>do</strong>s, o que<br />

retrata o processo de consolidação da infra estrutura necessária à diversificação da<br />

estrutura de consumo de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> cidade de Ma<strong>na</strong>us.


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 331<br />

6.2.3 Em 2020<br />

Da mesma forma que em 2010, da<strong>do</strong> que a oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> (10 milhões<br />

de m 3 /dia) supera a demanda total (7,73 milhões de m 3 /dia), independente das<br />

ênfases ambiental e social, to<strong>do</strong>s os segmentos seriam atendi<strong>do</strong>s em sua totalidade<br />

(Figuras 6.9 e 6.10).<br />

Figura 6.9 Cenário SAE – 4,4,4 <strong>para</strong> 2020<br />

Fonte: Elaboração própria<br />

Figura 10 Cenário SAE – 4,1,4 <strong>para</strong> 2020<br />

Fonte: Elaboração própria<br />

Esse cenário gera a perspectiva de sobra de <strong>gás</strong> em cerca de 2,27 milhões de<br />

m 3 /dia, fato que abre a possibilidade de exportação deste excedente <strong>para</strong> a unidade de<br />

GNL em Pecém/CE, uma nova alter<strong>na</strong>tiva de renda <strong>para</strong> a região.<br />

Além disso, há ainda que se considerar outras aplicações anteriormente<br />

discutidas e não contempladas nos cenários estuda<strong>do</strong>s, como a da introdução <strong>do</strong> <strong>uso</strong><br />

residencial <strong>do</strong> <strong>gás</strong> e o atendimento das cidades ao longo <strong>do</strong> percurso <strong>do</strong> gasoduto.


332 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 333<br />

7. COMENTÁRIOS<br />

FINAIS E<br />

CONCLUSÕES


334 . <strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong><br />

7. COMENTÁRIOS FINAIS E CONCLUSÕES<br />

Mauricio F. Henriques Jr. e Sandra de Castro Villar<br />

A perspectiva de utilização <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> como substituto <strong>do</strong> óleo diesel por<br />

si só já traz inúmeras vantagens <strong>do</strong> ponto de vista da melhor qualidade <strong>para</strong> o meio<br />

ambiente. Para a <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, particularmente <strong>para</strong> a cidade de Ma<strong>na</strong>us, os resulta<strong>do</strong>s<br />

e impactos que o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> traz são ainda muito mais relevantes ten<strong>do</strong> em conta as<br />

características locais de geração de energia elétrica e a crescente de demanda deste<br />

insumo energético motivada por uma atividade industrial em franca expansão e que,<br />

em sua maioria, nela se baseia.<br />

Além <strong>do</strong>s aspectos liga<strong>do</strong>s à substituição <strong>do</strong>s deriva<strong>do</strong>s de petróleo, como<br />

visto nos estu<strong>do</strong>s setoriais, a chegada <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> em Ma<strong>na</strong>us traz outras inúmeras<br />

possibilidades <strong>para</strong> melhoria da qualidade de vida da região via geração de novos<br />

empregos e aumento da renda da população. Neste aspecto, a implantação de uma<br />

infraestrutura que garanta a expansão sustentável <strong>do</strong> <strong>uso</strong> <strong>do</strong> GNV e o pólo <strong>gás</strong> químico,<br />

bem como o <strong>uso</strong> da tecnologia <strong>do</strong> GNL, são exemplos relevantes desta proposta.<br />

Destaca-se que o GNL traz ainda, conforme discuti<strong>do</strong>, o viés <strong>para</strong> uma proposta de<br />

interiorização <strong>do</strong> desenvolvimento, meta <strong>do</strong> poder público e das diversas representações<br />

sociais da <strong>Região</strong>.<br />

Foi com base nestas considerações que a equipe que desenvolveu o presente<br />

estu<strong>do</strong> procurou contribuir <strong>para</strong> a discussão das alter<strong>na</strong>tivas <strong>para</strong> <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong><br />

<strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>. Para tal, os trabalhos focaram a cidade de Ma<strong>na</strong>us, ponto de chegada<br />

<strong>do</strong> gasoduto que dará início à produção comercial em larga escala <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong><br />

<strong>na</strong>quela região, inicialmente originário das reservas de Urucu.<br />

Os cenários estuda<strong>do</strong>s, entretanto, consideran<strong>do</strong> maior ou menor ênfase nos<br />

impactos econômicos e sócio-ambientais, mostram resulta<strong>do</strong>s distintos. No curto prazo<br />

(2010), diante de uma demanda ainda limitada, a oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> atende<br />

perfeitamente bem to<strong>do</strong>s os merca<strong>do</strong>s maduros já existentes. A situação em 2015 é<br />

distinta. O merca<strong>do</strong> já seria maior e a oferta não o atenderia ple<strong>na</strong>mente, mesmo<br />

estan<strong>do</strong> menos pressio<strong>na</strong><strong>do</strong> pela demanda <strong>do</strong> segmento de geração de energia elétrica,<br />

pois que a energia de Tucuruí já estaria disponibilizada. Neste horizonte de tempo, a


<strong>Alter<strong>na</strong>tivas</strong> <strong>para</strong> o <strong>uso</strong> <strong>do</strong> <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> <strong>na</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> . 335<br />

oferta de <strong>gás</strong> não atenderia as demandas <strong>para</strong> a <strong>gás</strong> química, <strong>para</strong> o fornecimento de<br />

GNL <strong>para</strong> outras localidades, nem <strong>para</strong> o setor comercial. Porém, se considera<strong>do</strong>s<br />

indica<strong>do</strong>res sociais, poderia haver uma priorização e atendimento parcial <strong>para</strong> o GNL,<br />

ten<strong>do</strong> em vista sua contribuição com a geração de renda, dentre outros benefícios <strong>para</strong><br />

algumas localidades.<br />

Para os cenários mais distantes (2020), o quadro novamente se modifica. A<br />

oferta de <strong>gás</strong> <strong><strong>na</strong>tural</strong> deve ser duplicada, e to<strong>do</strong>s os merca<strong>do</strong>s potenciais consumi<strong>do</strong>res<br />

devem ser atendi<strong>do</strong>s, proporcio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> importantes ganhos econômicos, sociais e<br />

ambientais <strong>para</strong> a região. Uma sobra de <strong>gás</strong> em 2020 poderia ser desti<strong>na</strong>da à ampliação<br />

<strong>do</strong> <strong>uso</strong> <strong>na</strong> <strong>gás</strong> química ou <strong>na</strong> exportação de GNL <strong>para</strong> outras regiões no Brasil.

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