Principais Indicações e Efeitos da Ancoragem ... - Dental Press
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Artigo Inédito<br />
<strong>Principais</strong> Indicações e <strong>Efeitos</strong> <strong>da</strong> <strong>Ancoragem</strong><br />
Extrabucal Occipital (I.H.G.) no Tratamento de<br />
Jovens com Má oclusão de Classe II, 1ª Divisão<br />
de Angle: Apresentação de um Caso Clínico<br />
Principal Indications and Effects of Occipital Pull Headgear (I.H.G) in the<br />
Treatment of Class II, Division 1 Malocclusion Patients : A Case Report<br />
José Fernando<br />
Castanha<br />
Henriques<br />
Resumo<br />
A ancoragem extrabucal ain<strong>da</strong> é um dos<br />
recursos mais utilizados e recomen<strong>da</strong>dos no tratamento<br />
<strong>da</strong> má oclusão de Classe II, 1ª divisão<br />
caracteriza<strong>da</strong> por protrusão maxilar e/ou dentoalveolar.<br />
No entanto, somente o uso correto<br />
<strong>da</strong>s forças ortopédicas extrabucais determina<br />
resultados clínicos satisfatórios. A escolha <strong>da</strong><br />
direção de tração (tração alta, média ou baixa)<br />
encontra-se diretamente relaciona<strong>da</strong> ao padrão<br />
de crescimento e ao padrão muscular do paciente.<br />
Outros fatores a serem considerados são o<br />
estágio de crescimento e desenvolvimento <strong>da</strong><br />
face e dos dentes, a intensi<strong>da</strong>de de forças a serem<br />
aplica<strong>da</strong>s e a cooperação do paciente.<br />
Todos os tipos de tração extrabucal trazem<br />
benefícios ao paciente, desde que corretamente<br />
indicados e utilizados, podendo muitas vezes<br />
evitar exodontias.<br />
Este trabalho tem como objetivo abor<strong>da</strong>r<br />
as principais indicações e os efeitos <strong>da</strong> ancoragem<br />
extrabucal occipital (I.H.G.), assim como<br />
apresentar um caso clínico tratado com essa<br />
metodologia associa<strong>da</strong> à terapia ortodôntica<br />
fixa sem extrações.<br />
Introdução<br />
Atualmente, um dos grandes desafios dos<br />
ortodontistas é a correção <strong>da</strong>s más oclusões de<br />
Classe II. Embora não seja a mais freqüente<br />
na população, ela está presente na maioria<br />
dos pacientes que procuram por tratamento<br />
ortodôntico, abrangendo 57,8% do total 18,21 .<br />
A má oclusão de Classe II não é uma enti<strong>da</strong>de<br />
clínica simples, podendo resultar de alterações<br />
dos componentes dentoalveolares, esqueléticos<br />
ou, até mesmo, de uma associação<br />
de ambos 19 . O comprometimento esquelético,<br />
por sua vez, pode caracterizar-se por uma protrusão<br />
maxilar, ou por uma retrusão mandibular,<br />
ou ain<strong>da</strong>, por ambas 12 .<br />
Em virtude desta complexi<strong>da</strong>de, a má oclusão<br />
de Classe II, 1ª divisão pode ser trata<strong>da</strong> de<br />
várias maneiras, dependendo dos tipos de anomalias<br />
apresenta<strong>da</strong>s. Para os casos de Classe<br />
II com protrusão maxilar e/ou dentoalveolar,<br />
um dos tratamentos mais recomen<strong>da</strong>dos é a<br />
ancoragem extrabucal, que pode variar, entre<br />
outros aspectos, segundo a direção <strong>da</strong> tração,<br />
podendo ser alta ou parietal (“High Pull”), média<br />
ou occipital (“Interlandi Head Gear”) e baixa<br />
ou cervical (“Kloehn Head Gear”). Além disso,<br />
pode ser associa<strong>da</strong> ou não a aparelhos removíveis<br />
, bem como a aparelhos fixos.<br />
Os diferentes tipos de tração extrabucal<br />
foram, e continuam sendo, motivo de muitos<br />
estudos, e todos estes aparelhos trazem benefícios<br />
aos pacientes, desde que corretamente<br />
Unitermos:<br />
Ortodontia; Má<br />
oclusão de Classe<br />
II, 1ª divisão;<br />
<strong>Ancoragem</strong> extrabucal.<br />
José Fernando Castanha Henriques A<br />
Marcos Roberto de Freitas B<br />
Sandra Márcia Hayasaki C<br />
A<br />
Professor Titular do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Odontologia de Bauru - USP;<br />
Coordenador dos Cursos de Pós-graduação em Ortodontia, ao nível de Doutorado e Especialização <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de<br />
Odontologia de Bauru - USP.<br />
B<br />
Professor Associado do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Odontologia de Bauru - USP;<br />
Coordenador do Curso de Pós-graduação em Ortodontia, ao nível de Mestrado <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Odontologia de<br />
Bauru - USP.<br />
C<br />
Aluna do Curso de Aperfeiçoamento em Ortodontia pela A.P.C.D. - Bauru<br />
Revista <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> de Ortodontia e Ortopedia Facial - V.4, Nº 2 - MAR./ABR. - 1999 33
indicados e utilizados.<br />
O objetivo deste trabalho é discorrer<br />
sobre as principais indicações e efeitos <strong>da</strong><br />
ancoragem extrabucal occipital ( I.H.G.) e<br />
ilustrá-los com um caso clínico tratado com<br />
essa metodologia associa<strong>da</strong> a um aparelho<br />
fixo <strong>da</strong> técnica “Edgewise” simplifica<strong>da</strong>.<br />
Revisão de Literatura<br />
A primeira utilização <strong>da</strong> ancoragem<br />
extrabucal para a correção <strong>da</strong> má oclusão<br />
de Classe II foi em 1875, por KINGSLEY 15 .<br />
Porém, acreditava-se que os efeitos estavam<br />
limitados ao processo dentoalveolar 9<br />
e que pouco poderia ser feito quanto às<br />
alterações esqueléticas. Com esse pensamento,<br />
BAKER 2 , em 1893, rapi<strong>da</strong>mente<br />
conseguiu banir por completo o uso <strong>da</strong><br />
ancoragem extrabucal, quando introduziu<br />
os elásticos intermaxilares, que eram bem<br />
mais práticos e menos visíveis.<br />
Assim, mais de 40 anos se passaram,<br />
até que OPPENHEIM 22 , em 1936, ao obter<br />
sucesso na correção de uma Classe II, 1ª<br />
divisão somente com o uso noturno <strong>da</strong> ancoragem<br />
extrabucal, reavivou seu uso. Os<br />
profissionais <strong>da</strong> época passaram, então, a<br />
empregá-la associa<strong>da</strong> ao aparelho fixo e<br />
sua principal função era de reforço de ancoragem.<br />
A partir <strong>da</strong>í, diversos estudos foram<br />
realizados demonstrando que efeitos<br />
ortopédicos também poderiam ser obtidos<br />
com a utilização <strong>da</strong>s forças extrabucais<br />
durante o período de crescimento e desenvolvimento<br />
9,10,20 .<br />
Foi dessa forma que KLOEHN 17 , em<br />
1961, usando a região cervical como ponto<br />
de apoio, preconizou a utilização desse aparelho<br />
como excelente meio de controle para<br />
direcionar o crescimento dentoalveolar, proporcionando<br />
um bom equilíbrio facial.<br />
No ano seguinte, INTERLANDI 13 idealizou<br />
um aparelho extrabucal que foi denominado<br />
I.H.G. (Interlandi Head Gear).<br />
Esse aparelho constituia-se de tiras de apoio<br />
em número de três, que se a<strong>da</strong>ptavam nas<br />
áreas cervical, occipital e parietal, juntavam-se<br />
à frente <strong>da</strong> orelha por meio de uma<br />
lâmina plástica em forma de C, com ranhuras<br />
na bor<strong>da</strong> interna que permitiam<br />
variar a direção dos elásticos, os quais iriam<br />
tracionar, por sua vez, o arco externo e<br />
o interno, ajustado nos tubos molares.<br />
INTERLANDI 13 , assim como<br />
BAPTISTA 3 , relataram que o I.H.G. era um<br />
aparelho extrabucal particularmente vantajoso<br />
para padrões dolicofaciais, pois conseguia<br />
impedir a indesejável extrusão dos<br />
molares superiores.<br />
Diversos autores 5,6,7,8,11 , com o intuito<br />
de estu<strong>da</strong>rem cefalometricamente os efeitos<br />
do uso <strong>da</strong> ancoragem extrabucal<br />
cervical em pacientes com má oclusão de<br />
Classe II, 1ª divisão, constataram que a<br />
relação ântero-posterior <strong>da</strong>s bases ósseas<br />
(ângulo ANB) reduziu significantemente,<br />
principalmente em resposta a uma diminuição<br />
do ângulo SNA, indicando que o<br />
crescimento anterior <strong>da</strong> maxila foi inibido.<br />
Os incisivos superiores e inferiores foram<br />
movimentados para distal, o ângulo do plano<br />
mandibular aumentou pela extrusão<br />
dos molares superiores e a altura facial<br />
anterior também aumentou acentua<strong>da</strong>mente.<br />
Concluíram também que o tratamento<br />
tende a rotacionar a maxila e a<br />
mandíbula para baixo e para trás.<br />
HENRIQUES 12 , em 1993, estudou e<br />
comparou cefalometricamente três tipos de<br />
ancoragem extrabucal: o K.H.G., o aparelho<br />
removível conjugado à ancoragem extrabucal<br />
e o ativador associado à ancoragem extrabucal.<br />
Concluiu que o padrão de crescimento<br />
não foi alterado nos três grupos, mas<br />
houve restrição de crescimento maxilar; o<br />
ângulo do plano palatino aumentou significantemente<br />
no grupo tratado com o K.H.G..<br />
A mandíbula apresentou crescimento significante<br />
no grupo tratado com ativador ; nos<br />
outros dois grupos o crescimento foi mais<br />
discreto. Com relação ao dimorfismo sexual,<br />
ocorreram diferenças significantes nos valores<br />
de AFAI e SN.GoMe.<br />
Quando o objetivo do tratamento, porém,<br />
era o controle entre os movimentos<br />
vertical e horizontal do arco superior, a<br />
ancoragem extrabucal cervical era contraindica<strong>da</strong>,<br />
como relatou VIGORITO 25 , em<br />
1980, e RICKETTS 24 , em 1982. Este último<br />
autor ain<strong>da</strong> concluiu que certas más<br />
oclusões estariam associa<strong>da</strong>s a tipos faciais<br />
específicos, sendo que o padrão dolicofacial<br />
apresentava, geralmente, má oclusão de<br />
Classe II, 1ª divisão, com musculatura fraca,<br />
ângulo goníaco obtuso e tendência à<br />
mordi<strong>da</strong> aberta anterior, devido ao padrão<br />
de crescimento vertical <strong>da</strong> mandíbula.<br />
VIGORITO 26 , em 1993, observou que<br />
havia uma relação significante entre a aplicação<br />
de diferentes tipos de ancoragem extrabucal<br />
e os tipos faciais (dolicofaciais,<br />
mesofaciais e braquifaciais). Concluiu também<br />
que nos dolicofaciais, os efeitos de<br />
extrusão produziram uma reação negativa<br />
na mandíbula.<br />
Concor<strong>da</strong>ndo com VIGORITO 26 ;<br />
PROFFIT, FIELDS JR 23 , neste mesmo ano,<br />
recomen<strong>da</strong>ram que a escolha do tipo de aparelho<br />
extrabucal deveria ser basea<strong>da</strong> no padrão<br />
facial original : quanto maior o componente<br />
vertical , mais alta deveria ser a direção<br />
de tração. Assim, a direção <strong>da</strong> força<br />
deveria ser compatível com a relação vertical<br />
observa<strong>da</strong> no paciente. Uma força extrabucal<br />
dirigi<strong>da</strong> no sentido inferior e posterior<br />
restringiria o crescimento anterior <strong>da</strong> maxila,<br />
mas permitiria ou acentuaria o crescimento<br />
no sentido inferior. Se a mandíbula<br />
girasse no sentido inferior e posterior, o crescimento<br />
mandibular para anterior seria anulado,<br />
o que pioraria a relação de Classe II. Por<br />
outro lado, uma força de um aparelho extrabucal<br />
no sentido superior e posterior limitaria<br />
o desenvolvimento vertical <strong>da</strong> maxila e<br />
não deveria ser utiliza<strong>da</strong> em um paciente<br />
que tivesse a altura facial diminuí<strong>da</strong> associa<strong>da</strong><br />
a uma Classe II esquelética.<br />
KLAPPER et al 16 , em 1992, e ZAHER<br />
et al 27 , em 1994, de modo geral concor<strong>da</strong>ram<br />
que o aparelho extrabucal cervical é<br />
mais indicado para pacientes braquifaciais<br />
e o I.H.G. para pacientes dolicofaciais, que<br />
podem ou não apresentar problemas verticais<br />
associados, como por exemplo, mordi<strong>da</strong>s<br />
abertas.<br />
Segundo BARROS 4 , em 1997, o I.H.G.<br />
deve ser utilizado nos padrões mesofaciais<br />
ou dolicofaciais suaves, em que não interessa<br />
a extrusão de molares. Nos<br />
dolicofaciais, a tração deve tornar-se mais<br />
oblíqua à medi<strong>da</strong> que a tendência do crescimento<br />
se torna mais vertical. Neste caso,<br />
com a intrusão do molar superior, ou, pelo<br />
menos, a não extrusão do mesmo, juntamente<br />
com a neutralização do deslocamento<br />
vertical <strong>da</strong> maxila, não ocorre comprometimento<br />
do posicionamento <strong>da</strong> mandíbula,<br />
impedindo-se a sua rotação. Também<br />
cita que a força de intrusão será mais acentua<strong>da</strong><br />
se o braço externo do AEB estiver<br />
dobrado abaixo do plano oclusal.<br />
Em pacientes dolicofaciais, cujo cresci-<br />
Revista <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> de Ortodontia e Ortopedia Facial - V.4, Nº 2 - MAR./ABR. - 1999 34
mento é predominantemente vertical e o padrão<br />
muscular é pobre, contraindica-se a<br />
extrusão dos molares superiores, pois a mandíbula,<br />
neste caso, iria girar em sentido horário,<br />
retraindo o mento e aumentando ain<strong>da</strong><br />
mais a altura facial ântero-inferior. Tudo<br />
isso contribuiria para um perfil ain<strong>da</strong> mais<br />
empobrecido 4 . Neste caso, a direção <strong>da</strong> tração<br />
deve ser ao nível <strong>da</strong> fissura pterigomaxilar,<br />
comprimindo a parte posterior <strong>da</strong> maxila<br />
contra os ossos adjacentes, impedindo que<br />
ela se desloque para baixo, neutralizandose<br />
a rotação mandibular 24 .<br />
Em ortodontia corretiva, no tratamento<br />
<strong>da</strong> má oclusão de Classe II, 1ª divisão<br />
em pacientes com padrão de crescimento<br />
vertical, principalmente em casos limítrofes<br />
entre extração e não extração, seria preferível<br />
à extração de dentes, pois isto aju<strong>da</strong> a<br />
controlar a dimensão vertical. Do mesmo<br />
modo, acredita-se que a extração deve ser<br />
evita<strong>da</strong> nos pacientes braquifaciais para<br />
inibir uma excessiva diminuição <strong>da</strong> altura<br />
facial 14,16 .<br />
Portanto, o uso correto <strong>da</strong>s forças ortopédicas<br />
extrabucais determinará o resultado<br />
clínico final. A força deverá ter uma direção<br />
pré-estabeleci<strong>da</strong> de acordo com o padrão<br />
de crescimento e com o padrão muscular,<br />
além de criteriosa consideração acerca<br />
do estágio de crescimento e intensi<strong>da</strong>de<br />
de forças a serem aplica<strong>da</strong>s.<br />
<strong>Principais</strong> Indicações do I.H.G.<br />
A ancoragem extrabucal occipital<br />
(I.H.G.) está indica<strong>da</strong> nos seguintes casos:<br />
- Pacientes Classe II mesofaciais;<br />
- Pacientes Classe II dolicofaciais suaves;<br />
- Mordi<strong>da</strong>s abertas esqueléticas;<br />
- AEB conjugado a aparelhos removíveis;<br />
- <strong>Ancoragem</strong> durante a mecanoterapia com<br />
aparelhos fixos.<br />
- Associado a aparelhos ortopédicos funcionais;<br />
- Durante a expansão rápi<strong>da</strong> <strong>da</strong> maxila em<br />
pacientes dolicofaciais, a fim de minimizar<br />
o efeito colateral de aumento acentuado<br />
<strong>da</strong> AFAI.<br />
<strong>Principais</strong> <strong>Efeitos</strong> do I.H.G.<br />
A revisão de literatura possibilitou-nos<br />
encontrar os seguintes efeitos:<br />
• <strong>Efeitos</strong> ortodônticos<br />
- Distalização dos molares superiores, para<br />
obtenção <strong>da</strong> relação molar normal;<br />
- Controle de uma possível extrusão dos<br />
molares superiores ou, em alguns casos, a<br />
possibili<strong>da</strong>de de intruí-los;<br />
- Durante a distalização, os molares superiores<br />
apresentam pequena tendência de<br />
inclinação <strong>da</strong>s raízes para distal, principalmente<br />
quando comparados com a tração<br />
cervical;<br />
- O risco de impacção dos segundos molares<br />
superiores permanentes é baixo.<br />
• <strong>Efeitos</strong> ortopédicos<br />
- Restrição do crescimento maxilar no sentido<br />
ântero-posterior identifica<strong>da</strong> por uma<br />
diminuição significativa do ângulo SNA;<br />
- Melhor relacionamento entre as bases<br />
ósseas (ângulo ANB);<br />
- O mento adquire, em geral, uma posição<br />
mais anterior quando comparado à tração<br />
cervical;<br />
- A altura facial ântero-inferior (AFAI), em<br />
alguns estudos, chegou a diminuir ao final<br />
do tratamento 14 ; em outros, houve pequeno<br />
aumento, quando a tendência era<br />
aumentar acentua<strong>da</strong>mente, principalmente<br />
em pacientes com AFAI aumenta<strong>da</strong> ou em<br />
pacientes com tendência de crescimento<br />
vertical 18,19 ;<br />
- Com o controle do desenvolvimento vertical<br />
<strong>da</strong> maxila, a tendência de rotação horária<br />
<strong>da</strong> mandíbula diminui, auxiliando na<br />
melhora do perfil facial do paciente e no<br />
relacionamento dos molares.<br />
Caso Clínico<br />
A paciente C.C.B., leucoderma, brasileira,<br />
com 11 anos e 4 meses, procurou a<br />
Clínica do Curso de Pós-Graduação em Ortodontia<br />
<strong>da</strong> FOB-USP para tratamento.<br />
Ao exame clínico, apresentava perfil<br />
convexo e altura facial aumenta<strong>da</strong>. O exa-<br />
FIGURA 1 - Fotografias pré-tratamento.<br />
Revista <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> de Ortodontia e Ortopedia Facial - V.4, Nº 2 - MAR./ABR. - 1999 35
FIGURA 2 - Instalação do I.H.G.<br />
me intrabucal revelou que a paciente apresentava<br />
má oclusão de Classe II, 1ª divisão,<br />
fase de dentadura mista tardia, curva<br />
de Spee ausente e curva oclusoincisal<br />
modera<strong>da</strong>. Não havia desvio mandibular<br />
<strong>da</strong> relação cêntrica para a máxima intercuspi<strong>da</strong>ção<br />
habitual (FIG.1).<br />
A análise cefalométrica evidenciou as<br />
medi<strong>da</strong>s apresenta<strong>da</strong>s na TAB.1, destacando-se<br />
as seguintes características:<br />
- Perfis ósseo e mole convexos;<br />
- Padrão de crescimento ligeiramente desfavorável,<br />
com ligeira tendência de crescimento<br />
vertical;<br />
- Relação entre as bases apicais desfavorável,<br />
com a maxila protruí<strong>da</strong> e a mandíbula<br />
ligeiramente retruí<strong>da</strong>;<br />
FIGURA 3 - Final <strong>da</strong> fase de terapia ortodôntica fixa.<br />
- Incisivos superiores retruídos e inclinados<br />
para palatino e os inferiores ligeiramente<br />
protruídos e inclinados para vestibular;<br />
- Altura facial ântero-inferior (AFAI) normal<br />
- Mandíbula ligeiramente menor do que o<br />
ideal.<br />
Com base no exame clínico e radiográfico,<br />
o plano de tratamento elaborado<br />
consistiu na utilização <strong>da</strong> ancoragem extrabucal<br />
occipital (I.H.G.), devido à ligeira<br />
tendência de crescimento vertical, associado<br />
ao aparelho fixo <strong>da</strong> Técnica de<br />
“Edgewise” simplifica<strong>da</strong>.<br />
A paciente utilizou o AEB somente à<br />
noite, durante 6 meses, obtendo a sobre-<br />
FIGURA 4 - Fotografias finais.<br />
Revista <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> de Ortodontia e Ortopedia Facial - V.4, Nº 2 - MAR./ABR. - 1999 36
correção <strong>da</strong> relação molar. (FIG.2).<br />
O tratamento ortodôntico corretivo durou<br />
1 ano e 10 meses e a colaboração <strong>da</strong><br />
paciente foi excelente. (FIG.3).<br />
Ao final, uma placa de Hawley foi instala<strong>da</strong><br />
como contenção no arco superior,<br />
e, no inferior, utilizou-se uma contenção<br />
fixa de canino a canino. (FIG.4).<br />
Resultados<br />
Analisando-se a TAB. 1 e a<br />
sobreposição de traçados (FIG.5), observa-se<br />
que os resultados obtidos concor<strong>da</strong>m<br />
com relatos anteriores <strong>da</strong> literatura:<br />
- Houve restrição de crescimento <strong>da</strong><br />
maxila no sentido ântero-posterior;<br />
- A relação entre as bases ósseas tornou-se<br />
satisfatória;<br />
- Houve aumento expressivo do comprimento<br />
efetivo <strong>da</strong> mandíbula;<br />
- Melhora do perfil facial;<br />
- Os molares superiores apresentaram<br />
pequena extrusão, porém, dentro do esperado<br />
no crescimento normal <strong>da</strong> maxila;<br />
os molares inferiores mesializaram e<br />
extruíram. A pequena extrusão dos molares<br />
superiores denota que o AEB occipital<br />
(I.H.G.) foi eficiente no controle do crescimento<br />
vertical <strong>da</strong> face;<br />
- Aumento normal <strong>da</strong> altura facial<br />
ântero-inferior.<br />
Conclusão<br />
O aparelho extrabucal occipital (I.H.G.)<br />
demonstrou ser um meio eficiente de controle<br />
do crescimento vertical <strong>da</strong> face, possibilitando<br />
um tratamento ortodôntico<br />
sem exodontias e com sensível melhora<br />
no perfil <strong>da</strong> paciente.<br />
NAP<br />
WITS<br />
SNA<br />
SNB<br />
ANB<br />
SND<br />
FMA<br />
SN.ocl<br />
SN.GoGn<br />
SN.Gn<br />
1. NA<br />
1- NA<br />
1. NB<br />
1- NB<br />
Linha I<br />
H.NB<br />
H-Nariz<br />
Linha S<br />
Nperp- A<br />
Nperp- P<br />
ANL<br />
Co-A<br />
Co-Gn<br />
Dif<br />
AFAI<br />
6.PP<br />
1.PP<br />
6.PM<br />
1.PM<br />
TABELA 1<br />
Medi<strong>da</strong>s cefalométricas iniciais e finais<br />
Padrão Inicial Final<br />
0<br />
0<br />
82º<br />
80º<br />
2º<br />
76º<br />
25º<br />
14º<br />
32º<br />
67º<br />
22º<br />
4mm<br />
25º<br />
4mm<br />
0<br />
7-9º<br />
9-11mm<br />
0<br />
+1<br />
-2 a +4<br />
95 a 115º<br />
90mm<br />
116mm<br />
26<br />
64mm<br />
21 - 23 mm<br />
31 - 33 mm<br />
16º<br />
3<br />
86º<br />
78º<br />
8º<br />
75º<br />
27º<br />
12º<br />
36º<br />
68º<br />
13º<br />
2mm<br />
31º<br />
7mm<br />
-1mm<br />
20º<br />
-3mm<br />
5 / 6 mm<br />
6<br />
0<br />
105º<br />
90mm<br />
111mm<br />
21<br />
65mm<br />
21mm<br />
28mm<br />
27mm<br />
40mm<br />
12º<br />
1,5<br />
83º<br />
77º<br />
6º<br />
74º<br />
36º<br />
17º<br />
40º<br />
69º<br />
15º<br />
3mm<br />
33º<br />
8mm<br />
-4mm<br />
19º<br />
-1mm<br />
3 / 4 mm<br />
0<br />
1<br />
95º<br />
90mm<br />
114mm<br />
24<br />
71mm<br />
23mm<br />
30mm<br />
30mm<br />
41mm<br />
FIGURA 5 - Sobreposição dos traçados inicial e final.<br />
Revista <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> de Ortodontia e Ortopedia Facial - V.4, Nº 2 - MAR./ABR. - 1999 37
Abstract<br />
Extraoral anchorage still is one of the most<br />
used and recommended procedures in the<br />
treatment of Class II, division 1 malocclusion,<br />
which is characterized by maxillar and/or dentoalveolar<br />
protrusion. However, only the<br />
appropriated use of extraoral orthopedic forces<br />
can determine satisfactory clinical results.<br />
The selection of the pull direction (high,<br />
medium or low pull) is directly related to craniofacial<br />
growth pattern and muscle pattern.<br />
Other factors to be considered are the growth<br />
stage and the face and teeth development, the<br />
forces intensity to be applied and the patient<br />
cooperation.<br />
All types of extraoral pull are beneficial to<br />
the patient, since correctly indicated and used,<br />
avoiding in many instances dental extraction.<br />
The purpose of this study is to address<br />
the main indications and effects of the occipital<br />
pull headgear (I.H.G.) as well as to<br />
present a clinical case treated with this<br />
procedure associated to the nonextraction<br />
fixed orthodontic therapy.<br />
Uniterms: Orthodontics; Class II,<br />
division 1 malocclusion; Extraoral<br />
anchorage.<br />
Referências Bibliográficas<br />
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anchorage for distal movement of the<br />
maxillary first molars. Acta Odontol<br />
Scand, v.24, p.307-25, 1966.<br />
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does extra-oral anchorage<br />
accomplish Am J Orthod, v.38,<br />
n.6, p.422-34, jun 1952.<br />
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diagnose e terapia. Curitiba : Ed.<br />
Santos, 1985.<br />
04 - BARROS, C.C. <strong>Ancoragem</strong>. In : FERREIRA,<br />
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Revista <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> de Ortodontia e Ortopedia Facial - V.4, Nº 2 - MAR./ABR. - 1999 38