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A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental. - Instituto de ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO<br />

INSTITUTO DE ECONOMIA<br />

MONOGRAFIA DE BACHARELADO<br />

A PETROBRAS E O DESAFIO DA<br />

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL<br />

RENATA ARGENTA BAYARDINO<br />

matrícula nº 100121768<br />

ORIENTADORA: Profa. Valéria Gonçalves <strong>da</strong> Vinha<br />

NOVEMBRO 2004


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO<br />

INSTITUTO DE ECONOMIA<br />

MONOGRAFIA DE BACHARELADO<br />

PETROBRAS E O DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE<br />

AMBIENTAL<br />

__________________________________<br />

RENATA ARGENTA BAYARDINO<br />

matrícula nº: 100121768<br />

ORIENTADORA: Profa. Valéria Gonçalves <strong>da</strong> Vinha<br />

2


3<br />

NOVEMBRO 2004


As opiniões expressas neste trabalho são <strong>de</strong> exclusiva responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

(a) autor(a).<br />

4


5<br />

Dedico este trabalho aos meus pais que muito<br />

contribuíram para sua realização.


AGRADECIMENTOS<br />

Agra<strong>de</strong>ço à Professora Valéria por sua paciência, <strong>de</strong>dicação e carinho.<br />

6


RESUMO<br />

O trabalho analisa as políticas <strong>de</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental e <strong>de</strong><br />

responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social implanta<strong>da</strong>s pela <strong>Petrobras</strong> após os aci<strong>de</strong>ntes que<br />

causaram gran<strong>de</strong>s impactos ambientais e, até mesmo, mortes. Com esta<br />

7


política, a empresa procura simultaneamente, <strong>da</strong>r uma resposta à socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

brasileira, e se enquadrar em novos padrões <strong>de</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> impostos pela<br />

convenção do Desenvolvimento Sustentável.<br />

Este conceito, muito discutido e difundido a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70,<br />

insere- se no <strong>de</strong>bate acerca dos rumos do <strong>de</strong>senvolvimento, com <strong>de</strong>staque<br />

para as teses sobre os limites do crescimento econômico e a escassez dos<br />

recursos naturais. E sendo o petróleo a principal fonte energética <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna é, também, o principal alvo <strong>da</strong>s críticas.<br />

A monografia apresenta ain<strong>da</strong> a evolução <strong>da</strong> Indústria Mundial do<br />

Petróleo (IMP), <strong>de</strong>stacando sua importância no cenário internacional e<br />

<strong>de</strong>screve os riscos relacionados a esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

8


ÍNDICE<br />

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................10<br />

CAPÍTULO I – ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE..................................................................................12<br />

I.1 – O PAPEL DOS RECURSOS NATURAIS NO CRESCIMENTO ECONÔMICO.......................................................................13<br />

I.1.1 – A Revolução Industrial e os Recursos Naturais .....................................15<br />

I.1.2 – Classificação dos recursos naturais ..........................................................16<br />

I.2 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - UM BREVE HISTÓRICO..................................................................................17<br />

I.3 – AS EMPRESAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...........................................................................................22<br />

I.3.1 - Certificados <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ...........................................................................24<br />

CAPÍTULO II – A INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E O MEIO AMBIENTE.............................................25<br />

II. 1 - EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA MUNDIAL DO PETRÓLEO ..........................................................................................26<br />

II. 2 - OS RISCOS DE ACIDENTES NA ATIVIDADE PETROLÍFERA .......................................................................................31<br />

CAPÍTULO III – O CASO PETROBRAS.......................................................................................................35<br />

III.1 – A TRAJETÓRIA DA PETROBRAS - UM BREVE HISTÓRICO...................................................................................37<br />

III.2– OS ACIDENTES AMBIENTAIS ENVOLVENDO A PETROBRAS........................................................................................39<br />

III.2.1 – Baía <strong>de</strong> Guanabara .......................................................................................39<br />

III.2.2 – Rio Iguaçu .......................................................................................................40<br />

III.2.3 – Plataforma 36................................................................................................41<br />

III. 3 – A MUDANÇA DE CONDUTA APÓS OS ACIDENTES.................................................................................................42<br />

CONCLUSÃO......................................................................................................................................................48<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................................51<br />

ANEXO I..............................................................................................................................................................54<br />

ANEXO II.............................................................................................................................................................61<br />

9


INTRODUÇÃO<br />

A relação do homem com a natureza vem mu<strong>da</strong>ndo ao longo <strong>da</strong><br />

história. A utilização dos recursos naturais nos processos produtivos tem<br />

aumentado ca<strong>da</strong> vez mais, principalmente, após a Revolução Industrial, pois,<br />

com o advento <strong>da</strong> máquina a vapor a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> passou a dilapi<strong>da</strong>r o estoque<br />

<strong>de</strong> recursos naturais intensivamente.<br />

Porém, <strong>da</strong> mesma forma que esses recursos promovem a manutenção e<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> inúmeras socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a exploração ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> gera<br />

externali<strong>da</strong><strong>de</strong>s negativas e sinaliza o esgotamento dos mesmos, levando a<br />

emergência <strong>da</strong> problemática <strong>da</strong> utilização sustentável <strong>de</strong>sses recursos.<br />

O conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável tem sua origem no <strong>de</strong>bate<br />

acadêmico iniciado em Estocolmo, em 1972, e consoli<strong>da</strong>do, em 1992, com a<br />

realização <strong>da</strong> Eco- 92. Des<strong>de</strong> então, este tema vem ganhando força no cenário<br />

mundial.<br />

Este conceito <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a satisfação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s gerações<br />

atuais não po<strong>de</strong> comprometer a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> satisfação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

gerações futuras. Recursos naturais muito explorados e consumidos<br />

atualmente criam um problema <strong>de</strong> escassez para as gerações futuras, sendo<br />

que o petróleo é um dos mais ameaçados, consi<strong>de</strong>rando que é a principal<br />

fonte <strong>de</strong> energia do mundo atual. Além disso, vários produtos obtidos a partir<br />

<strong>de</strong> seus <strong>de</strong>rivados, tais como os plásticos e as borrachas sintéticas, se<br />

tornaram indispensáveis à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna. Entretanto, o petróleo é um<br />

recurso natural não- renovável que necessita <strong>de</strong> políticas nacionais e regionais<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s a fim <strong>de</strong> otimizar o uso <strong>da</strong>s reservas existentes.<br />

Devido à gran<strong>de</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> extração <strong>de</strong>ste óleo, a<br />

indústria do petróleo é uma <strong>da</strong>s que mais avançaram tecnologicamente, mas,<br />

ao mesmo tempo, é a que mais risco potencial apresenta ao equilíbrio<br />

ambiental.<br />

10


Apesar disso, há muito ain<strong>da</strong> a pesquisar e <strong>de</strong>senvolver. Os <strong>de</strong>safios nesse<br />

setor são enormes e só po<strong>de</strong>rão ser superados pela aplicação conjunta <strong>de</strong><br />

esforços <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> científica e tecnológica e <strong>da</strong>s empresas produtoras e<br />

fornecedoras <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia do petróleo e gás.<br />

A <strong>Petrobras</strong> convive com um paradoxo: é a mais conceitua<strong>da</strong> e popular<br />

empresa brasileira, mas já se envolveu em vários aci<strong>de</strong>ntes ambientais <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> extensão. Para minimizar os impactos <strong>de</strong>sses aci<strong>de</strong>ntes e se alinhar à<br />

tendência mundial, a <strong>Petrobras</strong> passou a investir pesado em políticas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável e responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é compreen<strong>de</strong>r como a <strong>Petrobras</strong> vem<br />

trabalhando com o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável e como isso se<br />

reflete nas suas práticas operacionais.<br />

A monografia compõe- se <strong>de</strong> três capítulos. O primeiro capítulo<br />

apresenta um panorama geral sobre a evolução e a utilização dos recursos<br />

naturais no cenário econômico, enfocando a diferenciação <strong>de</strong> crescimento e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico e o contexto do surgimento e difusão do conceito<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável.<br />

O segundo capítulo relata a evolução <strong>da</strong> indústria mundial do petróleo e<br />

sua relação com o meio ambiente, ressaltando a relevância econômica <strong>de</strong>sta<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Também serão apresentados os riscos <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

petrolífera fornecendo instrumentos para a avaliação dos aci<strong>de</strong>ntes que<br />

ocorreram com a <strong>Petrobras</strong> e a mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> postura que a empresa tomou<br />

frente a este novo mo<strong>de</strong>lo empresarial <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental.<br />

Por fim, no último capítulo <strong>de</strong>screveremos as principais características<br />

<strong>da</strong> política <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong> implementa<strong>da</strong> após<br />

os aci<strong>de</strong>ntes <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Guanabara, Rio Iguaçu e Plataforma 36, e faremos uma<br />

análise <strong>da</strong> influência <strong>de</strong>sses aci<strong>de</strong>ntes na estrutura organizacional <strong>da</strong><br />

empresa.<br />

11


CAPÍTULO I – ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE<br />

Crescer é o objetivo <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as economias do mundo. Historicamente,<br />

alcançar este objetivo não foi um processo simples e <strong>de</strong> fácil obtenção. O<br />

crescimento econômico é resultado <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> interações e mu<strong>da</strong>nças<br />

nas estruturas produtivas, tecnológicas e sociais <strong>de</strong> uma economia.<br />

Dentre estas mu<strong>da</strong>nças, <strong>de</strong>staca- se o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do homem em dominar a natureza para seu benefício. Des<strong>de</strong> o momento em<br />

que ele apren<strong>de</strong>u a controlar o fogo e <strong>de</strong>senvolveu a agricultura, <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser<br />

apenas um membro do meio para ser um agente, com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alterar a<br />

dinâmica do meio- ambiente <strong>de</strong> forma consciente para maximizar seu bemestar<br />

(RANDALL, 1987).<br />

Com a invenção <strong>da</strong> agricultura, há cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil anos, a humani<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>u um passo <strong>de</strong>cisivo na diferenciação <strong>de</strong> seu modo <strong>de</strong> inserção na natureza,<br />

em relação àquele <strong>da</strong>s <strong>de</strong>mais espécies animais. A agricultura provocou uma<br />

radical transformação nos ecossistemas. A imensa varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong><br />

um ecossistema florestal, por exemplo, foi substituí<strong>da</strong> pelo cultivo/criação <strong>de</strong><br />

umas poucas espécies, seleciona<strong>da</strong>s em função <strong>de</strong> seu valor, seja como<br />

alimento, seja como fonte <strong>de</strong> outros tipos <strong>de</strong> matérias - primas que os seres<br />

humanos consi<strong>de</strong>ravam importantes (ROMEIRO, 2003).<br />

Sob a forma <strong>de</strong> recursos naturais, o homem passou a utilizar o meioambiente<br />

como provedor <strong>de</strong> conforto. Assim, muito <strong>da</strong>s dinâmicas<br />

12


populacionais e <strong>da</strong> própria prosperi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica <strong>da</strong>s diversas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

humanas, foi influencia<strong>da</strong> pela disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>stes recursos, tanto na<br />

forma qualitativa quanto quantitativa.<br />

To<strong>da</strong>via, na mesma forma que os recursos naturais nos fornecem<br />

conforto e promovem a manutenção e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> inúmeras<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a ação humana gera uma série <strong>de</strong> externali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e pressões<br />

negativas que se traduzem em <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção ou <strong>de</strong>preciação do meio- ambiente.<br />

O crescimento econômico, <strong>de</strong>sta forma, é um <strong>de</strong>safio ao meio- ambiente,<br />

uma vez que existem limitações quanto à capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do meio em suportar as<br />

pressões exerci<strong>da</strong>s pela ação humana 1 .<br />

O estudo <strong>da</strong> relação entre crescimento econômico, utilização dos<br />

recursos naturais e <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção ambiental é essencial. Uma vez que surge um<br />

processo cíclico on<strong>de</strong> a oferta <strong>de</strong> recursos naturais e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental<br />

<strong>de</strong>terminam o processo <strong>de</strong> crescimento econômico, que por sua vez gera<br />

externali<strong>da</strong><strong>de</strong>s negativas sobre o meio- ambiente, que novamente influenciam<br />

o nível <strong>de</strong> crescimento econômico.<br />

I.1 – O Papel dos Recursos Naturais no Crescimento Econômico<br />

A história <strong>de</strong>monstra que a crescente escassez <strong>de</strong> recursos naturais é<br />

uma preocupação recorrente. Previsões alarmantes dos possíveis impactos <strong>de</strong><br />

uma crescente escassez <strong>de</strong> recursos vem sendo feitas há séculos. Thomas R.<br />

Malthus previu, no fim do século XVIII, que uma catastrófica fome<br />

inevitavelmente atingiria a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, porque a taxa <strong>de</strong> crescimento<br />

populacional era superior à taxa <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> alimentos. Um século <strong>de</strong>pois,<br />

W. Stanley Jevons previu que as reservas <strong>de</strong> carvão economicamente<br />

exploráveis do Reino Unido estariam esgota<strong>da</strong>s em poucos anos, o que levaria<br />

ao fim <strong>da</strong> prosperi<strong>da</strong><strong>de</strong> britânica. Em 1914, a Secretaria <strong>de</strong> Minas dos Estados<br />

Unidos previu que as reservas <strong>de</strong> petróleo americanas durariam <strong>de</strong>z anos. Em<br />

1972, o Clube <strong>de</strong> Roma publicou o relatório “Limites do Crescimento”, no qual<br />

previa que as reservas mundiais <strong>de</strong> petróleo, gás natural, prata, estanho,<br />

1<br />

Tra<strong>de</strong> off crescimento econômico e preservação do meio ambiente.<br />

13


urânio, alumínio, cobre, chumbo e zinco estavam se aproximando <strong>da</strong> exaustão<br />

e que seus preços subiriam drasticamente nos anos seguintes. Em todos os<br />

casos, as previsões não se confirmaram, e a economia continuou a crescer.<br />

Os economistas clássicos atribuíam aos recursos naturais um papel<br />

central nos seus estudos. Na economia clássica, a produção era vista como<br />

sendo forma<strong>da</strong> <strong>de</strong> três fatores <strong>de</strong> produção: trabalho, capital e terra (recursos<br />

naturais). Ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>sses fatores era visto como essencial à produção, sendo<br />

que, se um dos fatores fosse mantido em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> fixa, a produção<br />

apresentaria rendimentos <strong>de</strong>crescentes. Sendo o fator terra não- reproduzível,<br />

concluía- se que a economia inevitavelmente apresentaria taxas <strong>de</strong><br />

crescimento econômico <strong>de</strong>crescentes quando este fator fosse completamente<br />

empregado. Logo, o futuro <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong> seria tenebroso e, no longo prazo,<br />

o crescimento populacional levaria a economia a atingir um estado em que a<br />

produção <strong>de</strong> alimentos não seria suficiente para satisfazer totalmente as<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> crescente população. Os primeiros economistas clássicos<br />

enfatizavam, que as restrições impostas à economia pelo estoque finito <strong>de</strong><br />

recursos e pelo princípio dos retornos <strong>de</strong>crescentes, po<strong>de</strong>riam levar à<br />

sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> economia, no sentido <strong>de</strong> que ela po<strong>de</strong>ria perpetuar - se por<br />

períodos in<strong>de</strong>finidos <strong>de</strong> tempo. Entretanto, o cenário previsto para o futuro <strong>da</strong><br />

humani<strong>da</strong><strong>de</strong> era catastrófico, prognosticando - se que, no futuro, o nível médio<br />

<strong>de</strong> bem estar <strong>da</strong>s pessoas seria muito <strong>de</strong>sanimador (PERMAN et al., 1996).<br />

A segun<strong>da</strong> geração <strong>de</strong> economistas clássicos tinha uma visão mais<br />

otimista sobre a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento econômico. Na visão dos<br />

neoclássicos, a importância do fator terra havia sido superestima<strong>da</strong> pelos<br />

economistas clássicos; os elementos mais relevantes na <strong>de</strong>terminação do<br />

crescimento econômico eram os fatores reprodutíveis (capital e trabalho) e a<br />

inovação tecnológica. O aumento <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>vido à acumulação <strong>de</strong><br />

capital e à inovação tecnológica mais que compensavam a escassez <strong>de</strong><br />

recursos naturais. Assim, os economistas neoclássicos não se contrapuseram<br />

explicitamente à teoria clássica, mas modificaram fun<strong>da</strong>mentalmente os<br />

rumos <strong>da</strong> economia, ao mu<strong>da</strong>r o foco <strong>da</strong> análise. A pauta <strong>de</strong> pesquisa passava<br />

a ser domina<strong>da</strong> pelo estudo <strong>da</strong> acumulação <strong>de</strong> capital físico e humano, <strong>da</strong>s<br />

14


instituições e <strong>da</strong> inovação tecnológica. Os recursos naturais foram<br />

crescentemente excluídos <strong>da</strong> análise. Mo<strong>de</strong>los macroeconômicos passaram<br />

adotar uma função <strong>de</strong> produção agrega<strong>da</strong> com somente dois fatores: trabalho<br />

e capital. Dessa maneira, tornava- se possível vislumbrar um crescimento<br />

equilibrado, no qual a ren<strong>da</strong> per capita cresceria eternamente, a uma taxa<br />

constante.<br />

A mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> com relação aos recursos naturais foi motiva<strong>da</strong><br />

primordialmente por questões <strong>de</strong> natureza empírica. Déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> crescimento<br />

sem evidências <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong> recursos naturais levaram os<br />

economistas a rever as suas previsões.<br />

I.1.1 – A Revolução Industrial e os Recursos Naturais<br />

No final do século XVIII, a relação com os recursos naturais se alterou.<br />

Com a Revolução Industrial, a ren<strong>da</strong> per capita passou a crescer <strong>de</strong> forma<br />

contínua. As explicações apresenta<strong>da</strong>s pelos economistas para a Revolução<br />

Industrial geralmente <strong>de</strong>stacam as mu<strong>da</strong>nças na estrutura <strong>de</strong> incentivos que<br />

aceleraram o processo <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> capital e inovação tecnológica.<br />

Um dos elementos marcantes <strong>da</strong> Revolução Industrial foi a introdução<br />

<strong>da</strong> máquina a vapor, uma evidência do papel exercido pela inovação<br />

tecnológica no processo <strong>de</strong> crescimento econômico. Ela também representou<br />

uma mu<strong>da</strong>nça na relação <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong> com a natureza, pois como permitia<br />

a produção <strong>de</strong> força motriz <strong>de</strong> forma versátil, controlável e constante, a<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> aprofun<strong>da</strong>r o uso <strong>de</strong> recursos naturais para a produção <strong>de</strong><br />

força.<br />

Anteriormente, o emprego <strong>de</strong> recursos naturais para a produção <strong>de</strong><br />

força era limitado essencialmente ao uso do animal e <strong>de</strong> moinhos <strong>de</strong> vento e<br />

água. A máquina a vapor permitiu captar e empregar energia <strong>de</strong> uma forma<br />

totalmente inovadora. Os seus operadores passaram a ter o controle total do<br />

processo <strong>de</strong> produção, já que não havia a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> condições<br />

climáticas, a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> doenças e a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>dos 2 . Além<br />

disso, ela apresentava uma versatili<strong>da</strong><strong>de</strong> que permitiu a introdução <strong>de</strong><br />

máquinas para realizar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que antes só podiam ser realiza<strong>da</strong>s<br />

2<br />

Fatores que fragilizavam o processo quando eram utilizados animais e moinhos na produção.<br />

15


manualmente. À medi<strong>da</strong> que novas aplicações iam sendo <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s,<br />

observava- se ganhos <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e um crescimento econômico sem<br />

prece<strong>de</strong>ntes.<br />

Esta inovação não só intensificou o uso <strong>de</strong> recursos naturais na<br />

produção, mas também intensificou o uso dos recursos não- renováveis.<br />

Diferentemente dos animais ou moinhos, os recursos naturais empregados na<br />

máquina a vapor, como lenha, carvão vegetal ou carvão mineral, eram<br />

consumidos. Nos casos <strong>da</strong> lenha e do carvão vegetal era possível o uso <strong>de</strong><br />

forma sustentável, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se reflorestasse a área para recompor o estoque<br />

<strong>de</strong> recursos naturais, mas, em geral, não foi isso que se observou. Com a<br />

Revolução Industrial, a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> começou a dilapi<strong>da</strong>r o estoque <strong>de</strong> recursos<br />

naturais intensivamente.<br />

I.1.2 – Classificação dos recursos naturais<br />

Os recursos físicos são resultantes <strong>de</strong> ciclos naturais do planeta Terra<br />

que duram milhões <strong>de</strong> anos. O principal critério para a classificação <strong>de</strong>sses<br />

recursos tem sido a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recomposição dos mesmos no horizonte <strong>de</strong><br />

vi<strong>da</strong> humano. Os recursos naturais po<strong>de</strong>m ser renováveis, ou reprodutíveis, e<br />

não- renováveis ou não- reprodutíveis (SILVA, 2003).<br />

Os recursos naturais renováveis são aqueles que são passíveis <strong>de</strong> se<br />

recompor durante o horizonte do tempo humano, como as florestas, as águas,<br />

os solos, a fauna e a flora.<br />

Já os recursos naturais não- renováveis levam milhares ou até milhões<br />

<strong>de</strong> anos para se formarem. Como exemplos, po<strong>de</strong>mos citar os minérios e os<br />

combustíveis fósseis.<br />

Segundo Margulis, os recursos renováveis possivelmente tornam - se<br />

exauríveis, e os não- renováveis po<strong>de</strong>m ao menos ser consi<strong>de</strong>rados não<br />

exauríveis. Isto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá, entre outros fatores, do horizonte <strong>de</strong><br />

planejamento, do nível <strong>de</strong> utilização do recurso, dos custos <strong>de</strong> exploração, <strong>da</strong><br />

taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto, etc. Exemplo <strong>de</strong>sta situação é o petróleo, tipicamente não<br />

renovável, porque o tempo <strong>de</strong> sua formação é contado por milhares, senão<br />

milhões <strong>de</strong> anos. Uma floresta, por outro lado, recurso tipicamente renovável,<br />

16


po<strong>de</strong> tornar - se exaurível se no processo <strong>de</strong> sua exploração forem <strong>de</strong>struí<strong>da</strong>s<br />

as condições ecológicas que permitem a sua regeneração natural.<br />

Outros fatores, também, influenciam a antecipação ou o adiantamento<br />

do esgotamento dos recursos como, os avanços tecnológicos, as <strong>de</strong>scobertas<br />

<strong>de</strong> novas jazi<strong>da</strong>s, os riscos, as incertezas, entre outros.<br />

Por isso, o uso mais intensivo <strong>de</strong> recursos naturais, <strong>de</strong>vido ao seu<br />

emprego como combustível para produzir energia, foi fun<strong>da</strong>mental na<br />

mu<strong>da</strong>nça do padrão <strong>de</strong> crescimento econômico.<br />

O reconhecimento do papel dos recursos naturais reforçou muitos dos<br />

argumentos propostos para explicar a mu<strong>da</strong>nça no comportamento dos<br />

agentes econômicos: a acumulação do capital físico e humano, a estrutura <strong>de</strong><br />

incentivos proporcionados pelas instituições, e a <strong>de</strong>finição clara <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong><br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> passaram a ter nova importância quando começou a se analisar o<br />

papel dos recursos naturais. Mais importante, entretanto, foi a nova dimensão<br />

introduzi<strong>da</strong> no <strong>de</strong>bate com a incorporação dos recursos naturais: a<br />

sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> economia, ou seja, a gestão <strong>de</strong> forma economicamente<br />

racional <strong>de</strong>sses recursos, sendo eles, renováveis ou não.<br />

I.2 – Desenvolvimento Sustentável - Um Breve Histórico<br />

Do pós- guerra até fins <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60, o <strong>de</strong>bate sobre crescimento<br />

econômico restringiu- se aos indicadores <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> produto real ou<br />

crescimento do produto real per capita . Assim sendo, os países <strong>de</strong>senvolvidos<br />

eram aqueles que possuíam maior taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> per capita . Os<br />

termos <strong>de</strong>senvolvimento e crescimento eram usados <strong>de</strong> forma indistinta. Não<br />

obstante, o avanço do <strong>de</strong>bate trouxe como conseqüência a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

distinguir os dois termos.<br />

Crescimento econômico é entendido como o crescimento contínuo do<br />

produto nacional em termos globais ao longo do tempo, enquanto<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico representa não apenas o crescimento <strong>da</strong><br />

produção nacional, mas, também, a forma como está distribuí<strong>da</strong> social e<br />

setorialmente. O <strong>de</strong>senvolvimento econômico passou a ser complementado<br />

17


por indicadores que expressam a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> dos indivíduos: níveis <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>semprego, educação, pobreza, condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, moradia entre outros.<br />

A evolução do termo crescimento econômico para <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico incorporou aspectos sociais e políticos objetivando indicar a<br />

melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, mas o termo não consi<strong>de</strong>rou as dimensões<br />

ecológicas e culturais.<br />

Somente a partir dos anos 70, começam a surgir críticas sobre os efeitos<br />

prejudiciais ao meio ambiente <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> industrial e do<br />

crescimento econômico. Alguns economistas passaram a introduzir reflexões<br />

sobre a questão ambiental ao criticarem os resultados do crescimento<br />

econômico.<br />

A Conferência sobre a Biosfera realiza<strong>da</strong> em Paris, em 1968, mesmo<br />

sendo uma reunião <strong>de</strong> especialistas em ciências, marcou o início <strong>de</strong> uma<br />

conscientização ecológica internacional e teve como <strong>de</strong>sdobramento o<br />

lançamento do Programa o Homem e a Biosfera.<br />

Em 1970, reuniu- se o Clube <strong>de</strong> Roma alertando as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o<br />

problema do <strong>de</strong>senvolvimento econômico, e em 1971 publicou- se um informe<br />

<strong>de</strong>nominado “Limites do Crescimento”. Este encontro concluiu que se as taxas<br />

<strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>mográfico e econômico do mundo persistissem, efeitos<br />

catastróficos ocorreriam em meados <strong>de</strong>ste século, tais como: envenenamento<br />

geral <strong>da</strong> atmosfera e <strong>da</strong>s águas, escassez <strong>de</strong> alimentos, bem como o colapso<br />

<strong>da</strong> produção agrícola e industrial, <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> crescente escassez e<br />

esgotamento dos recursos naturais não- renováveis (LIMITES DO<br />

CRESCIMENTO, 1971).<br />

O Clube <strong>de</strong> Roma recomen<strong>da</strong>va a contenção do crescimento através <strong>de</strong><br />

uma política mundial, visando atingir um estado <strong>de</strong> equilíbrio e crescimento<br />

zero. Seus equívocos eram evi<strong>de</strong>ntes: previsões catastróficas, pregação<br />

malthusiana, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração do <strong>de</strong>sequilíbrio Norte- Sul e o irrealismo <strong>da</strong><br />

proposta crescimento zero. Mas a força <strong>de</strong> sua retórica foi <strong>de</strong>cisiva num<br />

ponto: o <strong>de</strong>senvolvimento capitalista <strong>de</strong>parava- se agora com limites físicos a<br />

sua expansão.<br />

18


O Programa o Homem e a Biosfera e o informe “Limites do Crescimento”<br />

tiveram influência <strong>de</strong>cisiva na convocação pela ONU <strong>de</strong> uma conferência<br />

mundial sobre problemas ambientais.<br />

A primeira Conferência <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s sobre Meio Ambiente,<br />

realiza<strong>da</strong> em Estocolmo em junho <strong>de</strong> 1972, colocou a questão ambiental nas<br />

agen<strong>da</strong>s oficiais e nas organizações internacionais. Foi a primeira vez em que<br />

representantes <strong>de</strong> governos uniram - se para discutir a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar<br />

medi<strong>da</strong>s efetivas <strong>de</strong> controle dos fatores que causam a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção ambiental.<br />

Esta reunião teve um caráter primeiro- mundista e foi muito técnica,<br />

pois discutiu problemas <strong>da</strong> poluição, ligados à urbanização e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vi<strong>da</strong> nas gran<strong>de</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Neste evento, popularizou - se a frase <strong>da</strong> então primeira ministra <strong>da</strong><br />

Índia, Indira Gandhi: “A pobreza é a maior <strong>da</strong>s poluições”. Foi neste contexto<br />

que os países do Sul afirmaram que a solução <strong>da</strong> poluição não era brecar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e sim orientar o <strong>de</strong>senvolvimento para preservar o meio<br />

ambiente e os recursos não- renováveis.<br />

O documento final <strong>da</strong> Conferência, Declaração sobre Meio Ambiente<br />

Humano, resultou em uma agen<strong>da</strong> padrão e uma política comum para a ação<br />

ambiental.<br />

A partir <strong>de</strong>ssa Conferência, quase to<strong>da</strong>s as nações industrializa<strong>da</strong>s<br />

promulgaram legislações e regulamentos ambientais. Além disso, criaram<br />

organismos ou ministérios encarregados do meio ambiente para enfrentar <strong>de</strong><br />

maneira eficaz a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> natureza.<br />

Organizações intergovernamentais incorporaram a questão ambiental<br />

em seus programas. Os ambientalistas e as organizações não- governamentais<br />

proliferaram em todo o mundo. Os empresários passaram a consi<strong>de</strong>rar<br />

importantes os assuntos ecológicos. A conscientização dos ci<strong>da</strong>dãos cresceu e<br />

a discussão foi amplia<strong>da</strong> e aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

Entretanto, houve pouco progresso no sentido <strong>de</strong> resolver as<br />

conseqüências para o meio ambiente <strong>de</strong>corrente do crescimento econômico.<br />

19


Além disso, o aumento <strong>da</strong> população e <strong>da</strong> pobreza nos países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento contribuiu com a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção ambiental.<br />

Em 1987, a integração dos conceitos meio ambiente e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

recebeu um novo impulso com o relatório <strong>da</strong> Comissão Brundtland : “Nosso<br />

Futuro Comum”. Este relatório alertava as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s governamentais a<br />

tomarem medi<strong>da</strong>s efetivas no sentido <strong>de</strong> coibir e controlar os efeitos<br />

<strong>de</strong>sastrosos <strong>da</strong> contaminação ambiental, com o intuito <strong>de</strong> alcançar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável.<br />

Segundo este relatório, <strong>de</strong>senvolvimento sustentável era <strong>de</strong>finido por<br />

“aquele que aten<strong>de</strong> às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do presente sem comprometer as gerações<br />

futuras aten<strong>de</strong>rem as suas próprias necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s”.<br />

Os principais problemas abor<strong>da</strong>dos nesse relatório foram<br />

<strong>de</strong>smatamento, pobreza, mu<strong>da</strong>nça climática, extinção <strong>de</strong> espécies, crise <strong>da</strong><br />

dívi<strong>da</strong>, <strong>de</strong>struição <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> ozônio, entre outros.<br />

As recomen<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> Comissão <strong>de</strong> Brundtland serviram <strong>de</strong> base para a<br />

Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco- 92), realiza<strong>da</strong> no<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, em junho <strong>de</strong> 1992. A noção mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável tem sua origem no <strong>de</strong>bate iniciado em Estocolmo, em 1972, e<br />

consoli<strong>da</strong>do vinte anos mais tar<strong>de</strong> no Rio <strong>de</strong> Janeiro (GUIMARÃES, 2002).<br />

Se Estocolmo- 72 buscava encontrar soluções técnicas para problemas<br />

<strong>de</strong> contaminação, a Eco- 92 teve por objetivo examinar estratégias <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento através <strong>de</strong> “acordos específicos e compromissos dos<br />

governos e <strong>da</strong>s organizações intergovernamentais, com i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

prazos e recursos financeiros para implementar tais estratégias” (Becker e<br />

Miran<strong>da</strong> org., 1997). Ela foi realiza<strong>da</strong> para discutir as <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s Norte x<br />

Sul e representou o reconhecimento <strong>de</strong>finitivo <strong>de</strong> que os problemas<br />

ambientais não podiam ser dissociados dos problemas do <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Os documentos resultantes <strong>da</strong> Eco- 92 foram a Carta <strong>da</strong> Terra<br />

(Declaração do Rio) e a Agen<strong>da</strong> 21.<br />

20


A Declaração do Rio visava “....estabelecer acordos internacionais que<br />

respeitem os interesses <strong>de</strong> todos e protejam a integri<strong>da</strong><strong>de</strong> do sistema global <strong>de</strong><br />

ecologia e <strong>de</strong>senvolvimento. ..” (DECLARAÇÃO DO RIO, 1992).<br />

Já a Agen<strong>da</strong> 21 <strong>de</strong>dica- se aos problemas <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> e almeja<br />

preparar o mundo para este século. Este documento foi assinado por 179<br />

países e reflete o consenso global e o compromisso político no seu mais alto<br />

grau, objetivando o <strong>de</strong>senvolvimento e o compromisso ambiental.<br />

Os resultados <strong>da</strong> Eco- 92 geraram repercussões ao redor do mundo,<br />

obrigando o setor produtivo a respon<strong>de</strong>r ao problema, em gran<strong>de</strong> parte criado<br />

por ele, <strong>de</strong> forma eficaz. Resultou <strong>de</strong>sse processo a internacionalização do<br />

Business Council for Sustainable Development (BCSD), ao qual foi acrescentado<br />

o adjetivo “mundial” (World). Des<strong>de</strong> então, o WBCSD <strong>de</strong>staca- se como a mais<br />

representativa enti<strong>da</strong><strong>de</strong> empresarial <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> à causa do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável baseado na eco- eficiência. Atualmente, a organização é uma<br />

coalizão <strong>de</strong> 165 empresas <strong>de</strong> presença internacional, distribuí<strong>da</strong>s entre vinte<br />

setores econômicos e está presente em mais <strong>de</strong> trinta países (VINHA, 2003).<br />

Numa reunião realiza<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> japonesa <strong>de</strong> Kyoto , em 1997,<br />

representantes <strong>de</strong> diversos países participaram <strong>de</strong> um evento on<strong>de</strong> foi<br />

aprovado um documento <strong>de</strong>nominado Protocolo <strong>de</strong> Kyoto . Neste, foram<br />

estabeleci<strong>da</strong>s a proposta <strong>de</strong> criação <strong>da</strong> Convenção <strong>de</strong> Mu<strong>da</strong>nça Climática <strong>da</strong>s<br />

Nações Uni<strong>da</strong>s e as condições para implementação <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> Convenção.<br />

Essa reunião <strong>de</strong> Kyoto foi mais uma, <strong>de</strong>ntre outras reuniões já ocorri<strong>da</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a ECO 92.<br />

A conferência culminou na <strong>de</strong>cisão por consenso <strong>de</strong> adotar - se um<br />

Protocolo segundo o qual as nações industrializa<strong>da</strong>s se comprometem a<br />

reduzir suas emissões combina<strong>da</strong>s <strong>de</strong> gases causadores do efeito estufa em<br />

pelo menos 5% - em relação aos níveis <strong>de</strong> 1990 - para o período entre 2008 e<br />

2012. Esse compromisso promete produzir uma reversão <strong>da</strong> tendência<br />

histórica <strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong>s emissões inicia<strong>da</strong>s nesses países há cerca <strong>de</strong> 150<br />

anos.<br />

21


I.3 – As Empresas e o Desenvolvimento Sustentável<br />

Com a Globalização e a difusão do conceito <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

Sustentável, as empresas viram- se pressiona<strong>da</strong>s a se a<strong>da</strong>ptar às novas<br />

exigências do mercado mundial. Antes, só tomavam atitu<strong>de</strong>s ecologicamente<br />

corretas quando eram obriga<strong>da</strong>s pela legislação ambiental.<br />

Segundo Lustosa, com essas mu<strong>da</strong>nças, o comportamento ambiental<br />

<strong>da</strong>s empresas passou a ser pró- ativo. As estratégias empresariais passaram a<br />

consi<strong>de</strong>rar o meio ambiente, através <strong>da</strong> implementação <strong>de</strong> um Sistema <strong>de</strong><br />

Gestão <strong>Ambiental</strong> (SGA). O SGA permite à empresa controlar eficientemente os<br />

impactos ambientais <strong>de</strong> todo o seu processo <strong>de</strong> produção, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a escolha <strong>da</strong><br />

matéria- prima até o <strong>de</strong>stino final do produto e dos resíduos líquidos, sólidos<br />

e gasosos, levando- a a operar <strong>da</strong> forma mais sustentável possível.<br />

Porém, predominava a concepção <strong>de</strong> que meio ambiente e lucro eram<br />

adversários naturais. As empresas acreditavam que a implementação <strong>de</strong> um<br />

SGA levaria à redução dos lucros e repassaria os custos aos consumidores,<br />

elevando os preços. Em gran<strong>de</strong> medi<strong>da</strong>, essa crença <strong>de</strong>via- se ao fato <strong>de</strong> o<br />

custo <strong>da</strong> tecnologia ambiental ser alto em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> não estar tão disponível<br />

nem tão aperfeiçoa<strong>da</strong> quanto hoje.<br />

Mas com o aumento <strong>da</strong> concorrência mundial, as firmas tiveram <strong>de</strong><br />

buscar a redução <strong>de</strong> custos. E isso foi fun<strong>da</strong>mental para a constatação <strong>de</strong> que<br />

as tecnologias ambientais reduziam custos, pois a busca pela utilização mais<br />

racional dos recursos naturais resultou em otimização <strong>de</strong> processos<br />

produtivos, conservação <strong>de</strong> energia e controle <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdícios e,<br />

conseqüentemente, observou- se uma redução dos custos e dos impactos<br />

ambientais <strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

“Este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão, também conhecido com eco- eficiência, ao<br />

substituir alterações pontuais e dispendiosas, permitiu significativa economia<br />

<strong>de</strong> recursos, incrementou a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a eficiência, resultando em<br />

vantagem <strong>de</strong> custo sobre competidores” (VINHA, 2003, p.177).<br />

22


O World Business Council for Sustainable Development <strong>de</strong>fine ecoeficiência<br />

como "entrega <strong>de</strong> bens e serviços com preços competitivos que<br />

satisfazem as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas e trazem quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, enquanto<br />

reduzem progressivamente os impactos ecológicos e a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>de</strong><br />

recursos ao longo do ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> para um nível que esteja, pelo menos,<br />

condizente com a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Terra" (WBCSD, 1999).<br />

O WBCSD <strong>de</strong>senvolveu um conjunto com sete componentes através dos<br />

quais as empresas po<strong>de</strong>m melhorar sua eco- eficiência :<br />

• reduzir o uso <strong>de</strong> materiais em bens e serviços;<br />

• reduzir o uso <strong>de</strong> energia em bens e serviços;<br />

• reduzir ou eliminar a dispersão <strong>de</strong> substâncias tóxicas;<br />

• elevar o índice <strong>de</strong> reciclabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais;<br />

• maximizar o uso <strong>de</strong> recursos naturais renováveis;<br />

• aumentar a durabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto; e<br />

• utilizar mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente bens e serviços.<br />

Os impactos ambientais geram repercussões que abalam a confiança<br />

dos investidores, acionistas, consumidores e outros grupos sociais<br />

acarretando prejuízos às empresas.<br />

Conseqüentemente, as firmas passaram a encarar os custos associados<br />

à administração do passivo ambiental como um investimento, já que assim, os<br />

diversos segmentos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> aceitavam melhor as suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. A<br />

reputação passou a ser o ativo mais importante para as empresas.<br />

Segundo Vinha, a postura do setor empresarial mudou. As empresas,<br />

que antes só realizavam ações filantrópicas isola<strong>da</strong>s e se relacionavam com<br />

profissionais <strong>de</strong> suas áreas <strong>de</strong> atuação, passaram a ser mais transparente e a<br />

se preocupar com os benefícios sociais e ambientais.<br />

23


Passou- se a estu<strong>da</strong>r e acatar as reclamações e as expectativas <strong>de</strong><br />

diversos membros <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> (stakehol<strong>de</strong>rs 3 ) na toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões:<br />

ambientalistas, governos locais, consumidores, funcionários.<br />

As relações com os stakehol<strong>de</strong>rs passaram a ser um critério <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong>s companhias, além do <strong>de</strong>sempenho financeiro. Para manter<br />

posição competitiva é fun<strong>da</strong>mental uma política <strong>de</strong> comunicação social bem<br />

fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>.<br />

As firmas começaram a <strong>de</strong>finir metas para redução <strong>de</strong> emissões; a criar<br />

<strong>de</strong>partamentos especializados em meio ambiente e relações corporativas; a<br />

<strong>de</strong>senvolver parcerias com ONGs; e a fun<strong>da</strong>r suas próprias organizações sem<br />

fins lucrativos e fun<strong>da</strong>ções, <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s a gerenciar seus investimentos em<br />

projetos sociais.<br />

Associado a eco- eficiência surge, então, o conceito <strong>de</strong> Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Social Empresarial, que é consi<strong>de</strong>rado o lado humano do primeiro conceito.<br />

Além do aprimoramento tecnológico, as companhias passaram a ser<br />

empenhar para manter uma postura ética nos negócios e transparência na<br />

comunicação com a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

I.3.1 - Certificados <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Neste contexto, os certificados <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> começam a ganhar<br />

<strong>de</strong>staque, porque tinham por finali<strong>da</strong><strong>de</strong> agregar valor aos produtos e a<br />

diferenciar as empresas realmente engaja<strong>da</strong>s nos programas <strong>de</strong> gestão<br />

ambiental, <strong>da</strong>s empresas que se utilizavam <strong>da</strong> “lavagem ver<strong>de</strong>” 4 .<br />

Os certificados mais importantes são o International Organization for<br />

Stan<strong>da</strong>rtization (ISO 9000 e ISO 14000), o Social Accountability (SA 8000) e<br />

Health and Safety Management System Conformance Certification (BS<br />

8800/OHSAS 18001). Enquanto as normas ISO 9000 tratam <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> em<br />

produtos, processos e serviços <strong>da</strong> empresa, as normas ISO 14000 referem - se à<br />

gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental. Já as normas BS/OHSAS prescrevem um<br />

sistema <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ocupacional e segurança compatível com a ISO<br />

3<br />

“grupos <strong>de</strong> interesses” ou “partes interessa<strong>da</strong>s”.<br />

4<br />

Empresas oportunistas, que para alavancar suas imagens e cumprir a legislação ambiental,<br />

executavam reformas simbólicas e medi<strong>da</strong>s cosméticas.<br />

24


14001. Estas normas são resultantes <strong>de</strong> todo processo <strong>de</strong> modificação <strong>de</strong><br />

cultura social e industrial <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong> preocupação com o meio ambiente.<br />

A partir dos anos 90, as empresas no Brasil começaram a investir em<br />

programas ambientais e sociais com o objetivo <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r as reivindicações<br />

<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que se mostrava ca<strong>da</strong> vez mais engaja<strong>da</strong> na <strong>de</strong>fesa do meio<br />

ambiente. Com isso, essas empresas passaram a ser reconheci<strong>da</strong>s pela<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Ca<strong>da</strong> vez mais as empresas compreen<strong>de</strong>m que o custo financeiro <strong>de</strong><br />

reduzir o passivo ambiental e administrar conflitos sociais po<strong>de</strong> ser mais alto<br />

do que o custo “<strong>de</strong> fazer a coisa certa”, isto é, <strong>de</strong> respeitar os direitos<br />

humanos e o meio ambiente, pois influenciam a percepção <strong>da</strong> opinião pública<br />

sobre a companhia, dificultando a implementação <strong>de</strong> novos projetos e a<br />

renovação <strong>de</strong> contratos (VINHA, 2003).<br />

CAPÍTULO II – A INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E O MEIO AMBIENTE<br />

No século XX, o petróleo <strong>de</strong>stronou o carvão como principal fonte<br />

energética. A socie<strong>da</strong><strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna estabeleceu uma crescente <strong>de</strong>pendência em<br />

relação a esse recurso não- renovável. Este produto tornou- se estratégico e<br />

estreitamente relacionado com a soberania <strong>da</strong>s nações. A maioria <strong>da</strong>s guerras<br />

do último século estavam, direta ou indiretamente, relaciona<strong>da</strong>s com domínio<br />

<strong>de</strong> poços, rotas e refinarias <strong>de</strong> petróleo.<br />

A indústria do petróleo é uma evidência contemporânea dos riscos <strong>de</strong><br />

aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, dos riscos <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho em geral e dos<br />

mecanismos <strong>de</strong> contaminação humana e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> animal, pesando ca<strong>da</strong> vez<br />

mais nas alterações ambientais locais e planetárias 5 .<br />

5<br />

Ver Anexo I<br />

25


As várias etapas 6 <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> produção dos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> petróleo<br />

possuem riscos e rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s distintas. Em linhas gerais po<strong>de</strong>- se dizer que<br />

o maior risco está associado às etapas do upstream 7 . Já o refino concentra a<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> maiores ganhos. A distribuição e comercialização, por<br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong>rem os menores investimentos, proporcionam maior rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

II. 1 - Evolução <strong>da</strong> Indústria Mundial do Petróleo<br />

A indústria mundial do petróleo (IMP) teve início com Edwin L. Drake ,<br />

que perfurou o primeiro poço, em Titusville, Estados Unidos, no ano <strong>de</strong> 1859.<br />

Entre 1860 e 1870, houve uma corri<strong>da</strong> ao petróleo, com gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

pequenos produtores explorando o mais rápido e na maior quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

possível. “Essa concorrência anárquica provocou uma enorme flutuação <strong>da</strong><br />

produção e nos preços e nenhuma sustentação ao negócio petroleiro”<br />

(ALVEAL, 2003, p.3.).<br />

Em 1870, inicia- se a segun<strong>da</strong> fase <strong>da</strong> indústria petrolífera, que foi<br />

marca<strong>da</strong> pelos avanços tecnológicos e pela ascensão <strong>da</strong> Stan<strong>da</strong>rd Oil<br />

Company . Essa foi a primeira companhia a obter êxito na redução <strong>de</strong> custos,<br />

com melhoria <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos <strong>de</strong>rivados. Com isso,<br />

passou a dominar o mercado, fun<strong>da</strong>ndo o maior monopólio <strong>da</strong> economia<br />

americana no final do século XIX, e expandiu- se para o mercado<br />

internacional.<br />

No entanto, em 1911, a Suprema Corte Fe<strong>de</strong>ral dos Estados Unidos<br />

acabou por <strong>de</strong>terminar a divisão <strong>da</strong> gran<strong>de</strong> empresa, em 33 novas empresas.<br />

Dessas, algumas viriam a transformar - se em gran<strong>de</strong>s empresas<br />

multinacionais: a Stan<strong>da</strong>rd Oil of New Jersey, atualmente Exxon ; a Stan<strong>da</strong>rd Oil<br />

of New York , hoje Mobil Oil; e a Stan<strong>da</strong>rd Oil of California , agora Chevron .<br />

Além <strong>de</strong>ssas, duas outras empresas nasci<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> petróleo, no<br />

Texas, também tornariam - se gran<strong>de</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Indústria Mundial do<br />

Petróleo (IMP), a Texaco e a Golf Oil1.<br />

6<br />

Exploração, produção, refino, transporte, distribuição e comercialização.<br />

7<br />

Etapas <strong>de</strong> produção e exploração.<br />

26


Na Europa, a indústria <strong>de</strong> petróleo surgiu <strong>de</strong> maneira menos explosiva<br />

do que a americana <strong>de</strong>vido a gran<strong>de</strong> competição do carvão, alcatrão, turfa e<br />

linhita. Mesmo assim, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> indústria européia foi semelhante<br />

a <strong>da</strong> indústria americana: houve concentração em torno <strong>de</strong> duas gran<strong>de</strong>s<br />

empresas, hoje <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Royal Dutch Shell e British Petroleum .<br />

A partir <strong>da</strong> Primeira Guerra Mundial, on<strong>de</strong> o petróleo e o motor <strong>de</strong><br />

combustão ganharam fun<strong>da</strong>mental importância no cenário internacional,<br />

iniciou- se a terceira fase <strong>da</strong> IMP. Essa fase foi marca<strong>da</strong> pelas disputas para<br />

tomar posse <strong>da</strong>s jazi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> petróleo do Oriente Médio, Ásia e América Latina<br />

por parte dos governos e <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s corporações <strong>da</strong> Europa e dos Estados<br />

Unidos (ALVEAL, 2003).<br />

No início do século XX, começava a competição entre o grupo Shell e a<br />

Star<strong>da</strong>nd Oil of New Jersey, a maior e mais forte empresa remanescente <strong>da</strong><br />

Stan<strong>da</strong>rd Oil Company . A tecnologia européia acabou prevalecendo e, em<br />

1918, o grupo europeu controlava 75% <strong>da</strong> produção petroleira mundial, fora<br />

do mercado americano.<br />

Nesse contexto, o governo americano se esforçou para manter uma<br />

política <strong>de</strong> portas abertas para as companhias norte- americanas <strong>de</strong> petróleo<br />

no exterior, o que aumentou ain<strong>da</strong> mais a rivali<strong>da</strong><strong>de</strong> europeu- americana. Já<br />

nesta época as sete gran<strong>de</strong>s empresas petrolíferas internacionais (cinco<br />

gran<strong>de</strong>s firmas americanas e duas européias) disputavam acirra<strong>da</strong>mente<br />

novas e melhores jazi<strong>da</strong>s. Estas empresas viriam a ser conheci<strong>da</strong>s como sete<br />

irmãs ou majors .<br />

Somente em 1928, com o Acordo <strong>de</strong> Achanacarry 8 , o período <strong>de</strong> alta<br />

competição oligopólica na IMP se encerrou. Esse período teve efeitos negativos<br />

para as empresas, que apresentaram uma redução no crescimento e nos<br />

lucros <strong>de</strong>vido à excessiva competição, e só com a realização <strong>de</strong> acordos seria<br />

possível racionalizar a indústria. (ALVEAL, 2003).<br />

Com o estabelecimento <strong>de</strong> acordos posteriores <strong>de</strong> controle <strong>da</strong>s<br />

condições <strong>de</strong> novos entrantes na indústria e <strong>de</strong> fixação <strong>de</strong> preços e quotas <strong>de</strong><br />

8<br />

O Acordo Achnacarry foi firmado entre a Stan<strong>da</strong>rd Oil, a Royal Dutch Shell e a Anglo Persian<br />

Company, a fim <strong>de</strong> "eliminar a competição, impedir excesso <strong>de</strong> produção e dividir o mundo”.<br />

27


produção, as sete irmãs iniciaram a fase mais duradoura <strong>de</strong> expansão<br />

relativamente estável na IMP.<br />

O sistema regulador do cartel fortaleceu a posição <strong>da</strong>s majors no<br />

cenário internacional, permitindo a penetração e a dominação <strong>de</strong> vários<br />

mercados estrangeiros. Os acordos negociados com os países <strong>de</strong>tentores <strong>da</strong>s<br />

melhores jazi<strong>da</strong>s eram sempre favoráveis à majors , já que essas empresas<br />

negociavam em conjunto enquanto os governos atuavam isola<strong>da</strong>mente. Em<br />

1950, as sete irmãs controlavam 65% <strong>da</strong>s reservas mundiais, mais <strong>de</strong> 50% <strong>da</strong><br />

produção <strong>de</strong> óleo bruto e <strong>de</strong>tinham a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 70% <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

refino e <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> dois terços <strong>da</strong> frota mundial <strong>de</strong> petroleiros, além dos<br />

mais importantes oleodutos (PENROSE, 1968).<br />

Durante os anos seguintes a Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial, tornou- se mais<br />

claro o caráter estratégico <strong>da</strong> indústria petrolífera, juntamente com a<br />

indignação dos países <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s jazi<strong>da</strong>s. Muitos <strong>de</strong>les começaram<br />

a usar a força <strong>de</strong> seus Estados para contrabalançar o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> monopólio <strong>da</strong>s<br />

majors e possibilitar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> indústria petrolífera. As soluções<br />

encontra<strong>da</strong>s por esses países foram: a intervenção direta dos governos,<br />

centrando - se no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> empresas estatais <strong>de</strong> petróleo; e/ou a<br />

intervenção indireta, através <strong>da</strong> renegociação do sistema <strong>de</strong> concessões. Essa<br />

última alternativa <strong>de</strong>u origem, em 1960, à Organização dos Países<br />

Exportadores <strong>de</strong> Petróleo (OPEP), que objetivava justamente enfraquecer as<br />

companhias petrolíferas internacionais e fixar as normas gerais <strong>da</strong> política<br />

petrolífera dos países membros.<br />

A partir dos anos 60, o reinado <strong>da</strong>s sete irmãs começa a se <strong>de</strong>bilitar.<br />

Além dos fatores supracitados, o surgimento <strong>de</strong> novos produtores, o retorno<br />

do petróleo russo ao mercado europeu e a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> companhias<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes norte- americanas e companhias européias estatais na<br />

indústria contribuíram para minar o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> cartel <strong>da</strong>s majors .<br />

A renegociação dos sistemas <strong>de</strong> concessões e o surgimento progressivo<br />

<strong>de</strong> empresas estatais nos países exportadores <strong>de</strong> petróleo reuni<strong>da</strong>s na OPEP<br />

foram os gran<strong>de</strong>s responsáveis pela mutação <strong>da</strong> IMP. As reservas e a produção<br />

28


mundial passaram a ser concentra<strong>da</strong>s pelas empresas dos países <strong>da</strong><br />

organização, consoli<strong>da</strong>ndo a estrutura industrial dos monopólios petrolíferos<br />

estatais e estabelecendo barreiras institucionais à entra<strong>da</strong> <strong>da</strong>s companhias<br />

internacionais na exploração e na produção.<br />

Esse contexto conferiu à OPEP um significativo po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mercado até o<br />

fim <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70, permitindo aos países produtores estabelecer os preços<br />

internacionais <strong>de</strong> referência do petróleo.<br />

Em 1973, a OPEP, em represália ao apoio dos Estados Unidos e <strong>da</strong><br />

Europa Oci<strong>de</strong>ntal à ocupação <strong>de</strong> territórios palestinos por Israel, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong><br />

estabelecer cotas <strong>de</strong> produção e quadruplicar o preço do petróleo.<br />

Para os produtores, esse primeiro choque do petróleo representou<br />

rápido e significativo aumento nos lucros. Os lucros advindos <strong>da</strong> exportação<br />

do petróleo enriqueciam os países <strong>da</strong> OPEP e reduziam o po<strong>de</strong>r aquisitivo <strong>da</strong>s<br />

nações <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s. Economias que já eram sujeitas à pressões<br />

inflacionárias foram atingi<strong>da</strong>s por um forte choque inflacionário.<br />

Com o início <strong>da</strong> Guerra Irã – Iraque, em 1979, ocorre o segundo choque<br />

do petróleo. O Irã, que era o segundo maior exportador <strong>da</strong> OPEP, fica<br />

praticamente fora do mercado. O preço do barril do petróleo, então, atinge<br />

níveis recor<strong>de</strong>s e a recessão econômica mundial do início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80 é<br />

agrava<strong>da</strong>.<br />

No entanto, o alto preço do barril melhorou ain<strong>da</strong> mais a situação<br />

financeira <strong>da</strong>s estatais dos países <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> hidrocarbonetos e <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s<br />

as empresas produtoras <strong>da</strong> indústria. A situação <strong>da</strong>s sete irmãs mantinha - se<br />

confortável, mesmo com o aumento <strong>da</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso às melhores<br />

jazi<strong>da</strong>s. O alto preço do petróleo permitia que os vários atores <strong>de</strong>sta indústria<br />

obtivessem ren<strong>da</strong>s consi<strong>de</strong>ráveis.<br />

Após os choques <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70, o cenário <strong>de</strong> preços em alta<br />

promoveu, por um lado, uma nova fase <strong>de</strong> abertura <strong>da</strong> indústria com o<br />

ingresso <strong>de</strong> novos produtores e o aumento <strong>da</strong> competição. E por outro lado, o<br />

mercado internacional <strong>de</strong> energia começou a se reestruturar e a importância<br />

29


dos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> petróleo foi reduzi<strong>da</strong> no cenário mundial. Quase to<strong>da</strong>s as<br />

nações <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s resistiram aos preços promovendo políticas energéticas<br />

visando minimizar sua <strong>de</strong>pendência em relação ao petróleo importado,<br />

através <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados.<br />

Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80, o meio ambiente passou a fazer parte <strong>da</strong> agen<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

política dos governos, dos organismos internacionais e <strong>da</strong>s empresas. Novas<br />

legislações <strong>de</strong> preservação ambiental, que objetivavam reduzir o nível <strong>de</strong><br />

emissão <strong>de</strong> gases que provocam o efeito estufa foram implementa<strong>da</strong>s. Estas<br />

legislações se traduziram na criação <strong>de</strong> impostos e taxas sobre a produção e o<br />

consumo <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> petróleo (ALVEAL, 2003).<br />

O fortalecimento <strong>da</strong>s regulamentações ambientais e as políticas<br />

energéticas <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s provocaram uma forte redução <strong>da</strong>s taxas <strong>de</strong><br />

crescimento <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> petróleo, para a qual também contribuíram a<br />

que<strong>da</strong> do ritmo <strong>de</strong> crescimento econômico mundial (PINTO JUNIOR E<br />

FERNANDES, 1998).<br />

A oferta <strong>de</strong> hidrocarboneto continuou abun<strong>da</strong>nte, <strong>de</strong>vido ao aumento<br />

<strong>da</strong> produção dos países não pertencentes à OPEP e <strong>da</strong>s companhias<br />

internacionais. A fim <strong>de</strong> diminuir a <strong>de</strong>pendência em relação aos países<br />

produtores, os países consumidores, além <strong>da</strong>s políticas energéticas, passaram<br />

a <strong>de</strong>senvolver novas áreas <strong>de</strong> exploração. Com o aumento <strong>da</strong> concorrência, a<br />

OPEP viu seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> influenciar os preços do petróleo no mercado<br />

internacional enfraquecido. Estes passaram, então, a ser <strong>de</strong>terminados pelas<br />

cotações do mercado spot 9 .<br />

A que<strong>da</strong> dos preços do petróleo após 1986 e a relativa estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos<br />

mesmos na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90 acarretaram mu<strong>da</strong>nças estratégicas na IMP, levando<br />

às companhias petrolíferas a implementarem políticas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> custos.<br />

Isso implicou no aumento <strong>da</strong> competição intra- indústria o que fez acelerar o<br />

ritmo <strong>de</strong> inovação tecnológica na produção e na utilização <strong>de</strong> energias<br />

concorrentes ao petróleo.<br />

9<br />

Negócios realizados com pagamento à vista e pronta entrega <strong>da</strong> mercadoria. A entrega, aqui, não<br />

significa entrega física, mas sim a entrega <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado montante <strong>de</strong> dinheiro correspon<strong>de</strong>nte à<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mercadoria negocia<strong>da</strong>.<br />

30


O final do século XX foi marcado por fusões e parcerias na IMP. Elas<br />

visavam a reunião <strong>de</strong> forças para enfrentar os riscos ambientais e a pressão<br />

<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e proteção ao meio ambiente, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

redução <strong>de</strong> custos, a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> tecnológica para produção <strong>de</strong> petróleo em<br />

novas fronteiras e a<strong>de</strong>quação do parque <strong>de</strong> refino e <strong>da</strong> frota mercante.<br />

Gran<strong>de</strong>s empresas passaram a se unir e se proteger ca<strong>da</strong> vez mais para<br />

enfrentar os novos <strong>de</strong>safios.<br />

II. 2 - Os riscos <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> petrolífera<br />

Com os avanços tecnológicos alcançados pela IMP, no final do século<br />

XIX, os riscos se potencializaram. Os combustíveis líquidos introduziram<br />

novas variáveis – volatili<strong>da</strong><strong>de</strong>, flui<strong>de</strong>z, inflamabili<strong>da</strong><strong>de</strong> mais intensa que no<br />

carvão – que aumentavam os riscos <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes e facilitavam as<br />

contaminações por infiltração no solo e dispersão nas águas (VALLE E LAGE,<br />

2003).<br />

Assim, na avaliação <strong>de</strong> quaisquer eventos na indústria petrolífera, é<br />

conveniente manter em primeiro plano o pressuposto <strong>de</strong> que to<strong>da</strong>s as suas<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, em to<strong>da</strong>s as etapas, oferecem ‘riscos intrínsecos e variados’,<br />

resultantes <strong>de</strong> uma estreita correlação e <strong>de</strong> uma freqüente potencialização<br />

recíproca entre os fatores técnicos e as condições humanas e a variação do<br />

ambiente natural. Seus impactos ambientais em todo o circuito, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o poço<br />

até os motores e cal<strong>de</strong>iras que queimam combustíveis, bem como suas<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> transporte e <strong>de</strong> produção no mar, seus equipamentos especiais<br />

<strong>de</strong> perfuração e <strong>de</strong> escoamento vêm sendo objeto <strong>de</strong> vários estudos.<br />

Consumir petróleo e seus <strong>de</strong>rivados significa lançar na atmosfera, sob a<br />

forma <strong>de</strong> gases e poluentes, uma massa enorme <strong>de</strong> carbono e outros<br />

elementos como enxofre e nitrogênio. Estima- se, hoje, um consumo diário <strong>de</strong><br />

aproxima<strong>da</strong>mente 100 milhões <strong>de</strong> barris <strong>de</strong> petróleo. Essa massa <strong>de</strong> petróleo e<br />

gás é quase to<strong>da</strong> queima<strong>da</strong>, transformando - se basicamente em gás carbônico.<br />

É uma massa <strong>de</strong> carbono, sem prece<strong>de</strong>ntes na história, jogado artificialmente<br />

na atmosfera.<br />

31


A dispersão <strong>de</strong>sses gases e poluentes, principalmente, em áreas urbanas<br />

po<strong>de</strong> contribuir para a ocorrência <strong>de</strong> graves aci<strong>de</strong>ntes, que afetam a saú<strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

população e os ecossistemas <strong>da</strong> região. Mas essa massa <strong>de</strong> gás joga<strong>da</strong> na<br />

atmosfera é apenas um dos fatores <strong>de</strong> agressão à natureza promovido pela<br />

indústria do petróleo. As agressões ocorrem em to<strong>da</strong>s as etapas <strong>de</strong>ssa<br />

indústria.<br />

Ain<strong>da</strong> na etapa sísmica <strong>da</strong> exploração, <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a verificar o potencial<br />

dos campos <strong>de</strong> petróleo, são utiliza<strong>da</strong>s explosões com dinamites. O processo<br />

<strong>de</strong> perfuração <strong>de</strong> poços <strong>de</strong>speja lamas oleosas no meio ambiente. Nas<br />

instalações <strong>de</strong> produção, há sempre riscos <strong>de</strong> <strong>de</strong>rramamentos, <strong>de</strong> incêndios e,<br />

normalmente são <strong>de</strong>scartados rejeitos com enormes potenciais <strong>de</strong> agressão à<br />

natureza como as águas <strong>de</strong> produção, em geral com alta salini<strong>da</strong><strong>de</strong>, e que são<br />

inutiliza<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> contendo significativas massas <strong>de</strong> óleo.<br />

Nos vários meios <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> óleo dos campos <strong>de</strong> produção até as<br />

uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> refino, há também enormes riscos envolvidos tais como<br />

<strong>de</strong>rramamentos e incêndios. Os principais meios utilizados são transporte por<br />

água, dutos, ferrovias ou rodovias.<br />

Como os gran<strong>de</strong>s centros consumidores <strong>de</strong> petróleo <strong>de</strong> maneira geral<br />

situam - se distantes dos gran<strong>de</strong>s pólos produtores, os riscos estão presentes e<br />

se multiplicam ao longo <strong>de</strong> todo o trajeto percorrido pelo petróleo em sua<br />

viagem <strong>de</strong> seu sítio <strong>de</strong> origem até as refinarias.<br />

Os aci<strong>de</strong>ntes terrestres causam <strong>da</strong>nos na área on<strong>de</strong> ocorrem, o que<br />

possibilita a fácil <strong>de</strong>limitação do local atingido. Entretanto, nos casos <strong>de</strong><br />

aci<strong>de</strong>ntes na água, os impactos têm suas dimensões amplia<strong>da</strong>s, pois são<br />

propagados pelas correntes, dificultando a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong>s áreas atingi<strong>da</strong>s.<br />

Segundo Valle e Lage, somente após a entra<strong>da</strong> em cena dos<br />

combustíveis líquidos, intensifica<strong>da</strong> no início do século XX, os impactos<br />

ambientais provocados pelos aci<strong>de</strong>ntes marítimos assumiram maiores<br />

proporções.<br />

32


Além <strong>da</strong> contaminação pelos <strong>de</strong>spejos <strong>da</strong>s embarcações aci<strong>de</strong>nta<strong>da</strong>s,<br />

um novo foco <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes no mar começou a se projetar, a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> 70, <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong> intensificação <strong>da</strong> exploração em campos petrolíferos<br />

submarinos.<br />

As plataformas <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s para esses campos resultaram em<br />

instalações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, fixas ou móveis, capazes <strong>de</strong> abrigar tripulações<br />

<strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> homens e <strong>de</strong> concentrar, em espaços reduzidos e muitas vezes<br />

confinados, expressivo número <strong>de</strong> equipamentos e volumes elevados <strong>de</strong><br />

produtos inflamáveis. Os riscos concentrados nessas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s têm causado<br />

aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, com muitas per<strong>da</strong>s humanas. O vazamento <strong>de</strong><br />

petróleo, provoca<strong>da</strong>s por falhas nos dutos submarinos que interligam essas<br />

plataformas entre si ou às bases <strong>de</strong> terra, po<strong>de</strong>m também ser causas <strong>de</strong><br />

aci<strong>de</strong>ntes ambientais relevantes (VALLE E LAGE, 2003).<br />

Os dutos são caracterizados por serem sistemas <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> fluxo<br />

contínuo e sob pressão e po<strong>de</strong>m ser enterrados, suspensos e subaquáticos. E<br />

por isso estão sujeitos a aci<strong>de</strong>ntes como vazamentos <strong>de</strong> gases e<br />

<strong>de</strong>rramamentos <strong>de</strong> líquidos. O impacto <strong>de</strong> tais aci<strong>de</strong>ntes po<strong>de</strong> ser agravado<br />

em função do tempo que o vazamento se esten<strong>de</strong>r e em função <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> área afeta<strong>da</strong>. Nesses casos, o risco <strong>de</strong> incêndio e explosão será elevado se o<br />

líquido/gás transportado for inflamável. Um fator adicional a ser consi<strong>de</strong>rado<br />

é a tentativa <strong>de</strong> furto do material vazado pela população próxima ao aci<strong>de</strong>nte.<br />

O transporte rodoviário, o mais utilizado no Brasil, é recorrente em<br />

aci<strong>de</strong>ntes envolvendo combustíveis líquidos, incluindo gasolina, álcool e óleos,<br />

e gás liquefeito <strong>de</strong> petróleo. Os riscos aumentam quando as estra<strong>da</strong>s estão em<br />

péssimas condições e quando os caminhões não utilizam nenhuma medi<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

segurança para evitar aci<strong>de</strong>ntes.<br />

Outro meio <strong>de</strong> transporte utilizado para conduzir <strong>de</strong>rivados do petróleo<br />

é o ferroviário. Os aci<strong>de</strong>ntes ferroviários mais comuns são os<br />

<strong>de</strong>scarrilamentos e os engavetamentos. O roubo <strong>de</strong> carga nos pátios <strong>de</strong><br />

manobra po<strong>de</strong> também representar um fator <strong>de</strong> risco adicional. Todos são<br />

33


capazes <strong>de</strong> provocar importantes impactos ambientais como contaminação do<br />

solo, <strong>de</strong>rramamentos, incêndios e explosões.<br />

Alguns aci<strong>de</strong>ntes ferroviários po<strong>de</strong>m provocar a interdição <strong>da</strong>s linhas<br />

nos seus locais <strong>de</strong> ocorrência por períodos <strong>de</strong> tempo mais longos do que<br />

levaria no caso <strong>de</strong> um aci<strong>de</strong>nte rodoviário. Tal fato é <strong>de</strong>vido à maior<br />

dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso <strong>de</strong> socorro a esses locais e à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recompor a<br />

via permanente, quase sempre afeta<strong>da</strong> pelo aci<strong>de</strong>nte, problemas que não<br />

existem em uma rodovia.<br />

A etapa <strong>da</strong> refinaria também é caracteriza<strong>da</strong> por elevados riscos à<br />

saú<strong>de</strong> e agressão à natureza. A indústria do refino consome intensamente<br />

água e energia, dois insumos caros à humani<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

E a água utiliza<strong>da</strong> é joga<strong>da</strong> fora contendo gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> óleo,<br />

matérias orgânicas e metais. As refinarias são, também, gran<strong>de</strong>s responsáveis<br />

pela poluição atmosférica. Pois, como são intensivas em energia e, em sua<br />

maioria, auto- suficientes neste insumo, estas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s são notáveis<br />

consumidoras <strong>de</strong> petróleo e seus <strong>de</strong>rivados.<br />

Na fase <strong>de</strong> comercialização, os riscos aumentam e se propagam. Como<br />

são dispersos e <strong>de</strong> pequena extensão, passam <strong>de</strong>spercebidos, mesmo pelos<br />

órgãos <strong>de</strong> fiscalização ambiental.<br />

“A contaminação <strong>de</strong> áreas urbanas por hidrocarbonetos provenientes <strong>de</strong><br />

postos <strong>de</strong> serviços tem sido uma preocupação crescente nas gran<strong>de</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />

pelo fato <strong>de</strong> que muitos <strong>de</strong>sses postos mantêm essas instalações em uso por<br />

muitos anos, sem a manutenção a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>” (VALLE E LAGE, 2003, p.82).<br />

A maioria <strong>de</strong>sses postos opera com tanques vazando e com <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong><br />

combustíveis que se infiltram nas áreas vizinhas <strong>de</strong>ssas instalações po<strong>de</strong>ndo<br />

atingir re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> esgotos pluviais, re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> energia, túneis <strong>de</strong> metrôs e<br />

garagens <strong>de</strong> edifícios. Há também o risco à saú<strong>de</strong> pois, os frentistas,<br />

respirando diariamente hidrocarbonetos, estão expostos diretamente a<br />

agentes cancerígenos.<br />

34


Atualmente, todos esses potenciais riscos <strong>de</strong>scritos acima po<strong>de</strong>m ser<br />

minimizados com a tecnologia <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> pela IMP e pelo cumprimento <strong>da</strong><br />

legislação já existente. No entanto, as próprias indústrias <strong>de</strong> petróleo, o<br />

governo e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> pouco se esforçam para prevenir catástrofes e muito se<br />

<strong>de</strong>dicam para remediá- las.<br />

CAPÍTULO III – O CASO PETROBRAS<br />

No início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90, mesmo antes <strong>da</strong> Conferência <strong>da</strong>s Nações<br />

Uni<strong>da</strong>s sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), a indústria <strong>de</strong><br />

petróleo começou a se preocupar com o tema <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.<br />

Enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s como World Bussines Council for Sustainable Development (WBCSD) e<br />

empresas multinacionais, como a Shell e a antiga Britsh Petroleum (atualmente,<br />

BP), tomam a dianteira, <strong>de</strong>finindo metas para redução <strong>de</strong> emissão e investindo<br />

vultosos recursos em pesquisa <strong>de</strong> energia renovável.<br />

35


No Brasil, a temática <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> vem sendo dissemina<strong>da</strong> no<br />

meio empresarial pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o<br />

Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), enti<strong>da</strong><strong>de</strong> vincula<strong>da</strong> ao WBCSD, cria<strong>da</strong><br />

em março <strong>de</strong> 1997. Atualmente, o CEBDS possui 50 empresas associa<strong>da</strong>s,<br />

entre elas, a <strong>Petrobras</strong> e outras multinacionais do setor, como a Shell e a BP. A<br />

<strong>Petrobras</strong> ocupa um papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, pois faz parte do Conselho <strong>de</strong><br />

Administração <strong>da</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável adotado pelo CEBDS e pela<br />

<strong>Petrobras</strong> engloba, além <strong>da</strong>s premissas do Relatório Brundtland 10 , a visão do<br />

“triple bottom - line”, isto é, buscar o equilíbrio entre as três dimensões: o<br />

econômico, o social e o ambiental.<br />

O setor <strong>de</strong> petróleo acredita que, apesar <strong>de</strong> trabalhar com matériasprimas<br />

e produtos <strong>de</strong> origem não- renovável, que são os combustíveis fósseis,<br />

é possível empregar práticas e ações preventivas que reduzam<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente o impacto <strong>de</strong> suas operações, particularmente, aquelas<br />

volta<strong>da</strong>s à eco- eficiência, isto é, a melhor utilização dos recursos naturais e a<br />

minimização do <strong>de</strong>sperdício, e ao uso <strong>de</strong> fontes alternativas <strong>de</strong> energia. Além<br />

disso, as gran<strong>de</strong>s companhias procuram compensar seu passivo ambiental<br />

apoiando projetos sustentáveis promovidos por organizações do Terceiro<br />

Setor. Com isso, acreditam estar aten<strong>de</strong>ndo as duas dimensões: a ambiental e<br />

a social, sem que para isso seja necessário realizar alterações significativas <strong>de</strong><br />

caráter técnico e organizacional, sob risco <strong>de</strong> comprometer sua posição<br />

competitiva e, conseqüentemente, seu <strong>de</strong>sempenho econômico.<br />

No caso <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong>, uma <strong>da</strong>s principais armas é a satisfação <strong>de</strong> seus<br />

funcionários. E o fato <strong>de</strong> a empresa adotar uma postura social e<br />

ambientalmente responsável aju<strong>da</strong> a elevar a taxa <strong>de</strong> satisfação <strong>de</strong> seus<br />

empregados para com a empresa, refletindo, conseqüentemente, nos<br />

acionistas e na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> como um todo (AMARAL, 2002, p.62).<br />

Neste capítulo, <strong>de</strong>screveremos a trajetória <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong> na incorporação<br />

dos princípios <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, e faremos uma análise crítica dos<br />

resultados <strong>de</strong>sta política.<br />

10<br />

Ver Capítulo I.<br />

36


III.1 – A Trajetória <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong> - Um breve histórico<br />

No final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 40, cresceu a polêmica sobre a melhor política a<br />

ser adota<strong>da</strong> pelo Brasil em relação à exploração do petróleo. As opiniões<br />

radicalizaram, firmando - se posições opostas: havia grupos que <strong>de</strong>fendiam o<br />

regime do monopólio estatal, enquanto outros eram favoráveis à participação<br />

<strong>da</strong> iniciativa priva<strong>da</strong>. Depois <strong>de</strong> uma intensa campanha popular, o presi<strong>de</strong>nte<br />

Getúlio Vargas assinou, em 3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1953, a Lei 2004, que instituiu o<br />

monopólio estatal <strong>da</strong> pesquisa e lavra, refino e transporte do petróleo e seus<br />

<strong>de</strong>rivados e criou a Petróleo Brasileiro S.A - <strong>Petrobras</strong> para exercê- lo. Em<br />

1963, o monopólio foi ampliado, abrangendo também as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

importação e exportação <strong>de</strong> petróleo e seus <strong>de</strong>rivados.<br />

Na época <strong>da</strong> criação <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong>, a produção nacional era <strong>de</strong> apenas<br />

2.700 barris por dia, enquanto o consumo totalizava 170 mil barris diários,<br />

quase todos importados na forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados. A partir <strong>de</strong> então, a nova<br />

companhia intensificou as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s exploratórias e procurou formar e<br />

especializar seu corpo técnico, para aten<strong>de</strong>r às exigências <strong>da</strong> nascente<br />

indústria brasileira <strong>de</strong> petróleo. O esforço permitiu o constante aumento <strong>da</strong>s<br />

reservas, primeiro nas bacias terrestres e, a partir <strong>de</strong> 1968, também no mar 11 .<br />

O ano <strong>de</strong> 1974 registra um importante marco na bem- sucedi<strong>da</strong><br />

trajetória <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong>: a i<strong>de</strong>ntificação do campo <strong>de</strong> Garoupa, a primeira<br />

<strong>de</strong>scoberta na Bacia <strong>de</strong> Campos, no litoral do estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Posteriormente, a partir <strong>de</strong> meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80, a <strong>Petrobras</strong> direcionou<br />

suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração, principalmente para as regiões <strong>de</strong> águas<br />

profun<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Bacia <strong>de</strong> Campos, culminando com <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> campos<br />

gigantes, como Marlim, Albacora, Barracu<strong>da</strong> e Roncador. Hoje, a Bacia <strong>de</strong><br />

Campos é a maior província produtora <strong>de</strong> petróleo do País e uma <strong>da</strong>s maiores<br />

províncias produtoras <strong>de</strong> petróleo em águas profun<strong>da</strong>s do mundo 12 .<br />

A <strong>Petrobras</strong> <strong>de</strong>cidiu também ampliar o parque <strong>de</strong> refino então<br />

existente 13 para reduzir os custos <strong>de</strong> importação <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> petróleo.<br />

11<br />

Em 1969, foi <strong>de</strong>scoberto o campo <strong>de</strong> Guaricema, no litoral do estado do Sergipe.<br />

12<br />

Website <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong>. História.<br />

13<br />

Formado por uma refinaria em operação, outra em construção, além <strong>de</strong> cinco refinarias particulares.<br />

37


Assim, foi montado um parque com onze refinarias no Brasil e mais duas<br />

refinarias na Bolívia. No Brasil, existem ain<strong>da</strong> duas refinarias particulares, que<br />

já funcionavam antes <strong>da</strong> criação <strong>da</strong> Petrobrás.<br />

Atualmente, a <strong>Petrobras</strong> transformou - se na maior empresa brasileira e<br />

na 12ª empresa <strong>de</strong> petróleo do mundo, segundo os critérios <strong>da</strong> publicação<br />

Petroleum Intelligence Weekly – PIW. A produção média total, em 2003, ficou<br />

em 1,79 milhões <strong>de</strong> barris <strong>de</strong> óleo equivalente por dia, crescendo 2,2% em<br />

relação ao exercício anterior; e o lucro líquido alcançou a marca <strong>de</strong> R$ 17,8<br />

bilhões, um recor<strong>de</strong> na história <strong>da</strong> empresa (RELATÓRIO ANUAL PETROBRAS,<br />

2003).<br />

A companhia é uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> anônima <strong>de</strong> capital aberto que, junto<br />

com suas subsidiárias Braspetro, Transpetro, BR Distribuidora, Gaspetro e<br />

Petroquisa, atua <strong>de</strong> forma integra<strong>da</strong> 14 e especializa<strong>da</strong> nos seguintes segmentos<br />

relacionados à indústria do petróleo: exploração e produção; refino,<br />

comercialização e transporte; distribuição <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados; gás natural e<br />

petroquímico.<br />

Com a abertura do mercado brasileiro a outras empresas 15 , a <strong>Petrobras</strong><br />

está vivenciando novos <strong>de</strong>safios e oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> crescimento, agora<br />

atuando sob o regime <strong>de</strong> competição. Neste contexto <strong>de</strong> flexibilização e<br />

aumento <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a empresa traçou uma estratégia <strong>de</strong><br />

internacionalização, preparando - se para tornar - se uma corporação<br />

internacional <strong>de</strong> energia nos próximos anos. Atualmente, a <strong>Petrobras</strong>, através<br />

<strong>da</strong> Área <strong>de</strong> Negócios Internacional, atua nos seguintes países: Angola,<br />

Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Nigéria, Peru e<br />

Venezuela.<br />

14<br />

Do poço ao posto.<br />

15<br />

A partir <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1995, em função <strong>da</strong> Emen<strong>da</strong> Constitucional no. 9, o Brasil passou a admitir<br />

a presença <strong>de</strong> outras empresas para competir com a <strong>Petrobras</strong> em todos os ramos <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

petrolífera.<br />

38


III.2– Os aci<strong>de</strong>ntes ambientais envolvendo a <strong>Petrobras</strong><br />

A <strong>Petrobras</strong>, em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> própria natureza do seu negócio, já<br />

viveu situações <strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s mais varia<strong>da</strong>s, e enfrentou todos os tipos<br />

<strong>de</strong> crises, sejam aquelas <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> escassez <strong>de</strong> recursos financeiros,<br />

sejam <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> questões <strong>de</strong> natureza política ou ambiental.<br />

A partir <strong>de</strong> meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80, com a difusão dos conceitos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável e responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social aliado ao avanço<br />

tecnológico na área <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> petróleo, os aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>de</strong>rramamento<br />

<strong>de</strong> óleo, e os impactos a eles associados, passaram a assumir mais<br />

visibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, tornando essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> uma <strong>da</strong>s principais fontes <strong>de</strong><br />

credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e reputação.<br />

Apesar <strong>de</strong> serem freqüentes, esses aci<strong>de</strong>ntes passam a influenciar na<br />

imagem <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong> a partir <strong>de</strong> então, levando a empresa a rever suas<br />

estratégias no campo <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental e social. Entretanto,<br />

aci<strong>de</strong>ntes, como os <strong>de</strong>rramamentos <strong>de</strong> óleo na Baía <strong>de</strong> Guanabara e no Rio<br />

Iguaçu, em 2000, e a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> P- 36, em 2001, merecem um <strong>de</strong>staque maior<br />

porque marcaram a reestruturação e um real comprometimento <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong><br />

com o meio ambiente e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

A grandiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> P- 36, os dois vazamentos em locais turísticos e<br />

ambientalmente preservados, bem como a enorme disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

comunicações, permitiram que os episódios assumissem proporções<br />

inigualáveis até hoje na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong> e do próprio País.<br />

III.2.1 – Baía <strong>de</strong> Guanabara<br />

Em janeiro <strong>de</strong> 2000, um oleoduto <strong>de</strong>rramou 1,3 milhão <strong>de</strong> litros <strong>de</strong><br />

petróleo na Baía <strong>de</strong> Guanabara, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, agravando sua histórica<br />

poluição e <strong>de</strong>struindo manguezais.<br />

Consi<strong>de</strong>rado o segundo <strong>de</strong>sastre mais grave já verificado na área<br />

marítima do Rio <strong>de</strong> Janeiro, sendo apenas superado pelo aci<strong>de</strong>nte ocorrido<br />

39


com o navio "TARIK", em 1975 16 , provocou graves <strong>da</strong>nos ao ecossistema, o<br />

qual, segundo especialistas, só <strong>de</strong>verá recuperar suas condições normais<br />

<strong>da</strong>qui a <strong>de</strong>z ou quinze anos.<br />

O duto que liga a Refinaria <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias ao terminal <strong>de</strong><br />

abastecimento <strong>de</strong> navios na Ilha d’Água se rompeu e o vazamento durou cerca<br />

<strong>de</strong> trinta minutos. A falha foi verifica<strong>da</strong> pelo medidor <strong>de</strong> pressão. Por causa<br />

<strong>da</strong>s marés e dos ventos, o óleo vazado acabou se concentrando no fundo <strong>da</strong><br />

baía.<br />

A mancha <strong>de</strong> óleo se esten<strong>de</strong>u por uma faixa superior a 50 quilômetros<br />

quadrados, atingindo o manguezal <strong>da</strong> Área <strong>de</strong> Proteção <strong>Ambiental</strong> (APA) <strong>de</strong><br />

Guapimirim, praias banha<strong>da</strong>s pela Baía <strong>de</strong> Guanabara, inúmeras espécies <strong>da</strong><br />

fauna e flora, além <strong>de</strong> provocar graves prejuízos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social e econômica<br />

a população local.<br />

As comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s que tiravam seu sustento <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s liga<strong>da</strong>s, direta<br />

ou indiretamente, à boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s águas <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Guanabara, tais como,<br />

a pesca e o turismo, foram muito prejudica<strong>da</strong>s, quer pela contaminação dos<br />

peixes e crustáceos, quer pela inviabilização do turismo pela poluição do<br />

ambiente (REVISTA ABAMEC, 2001).<br />

III.2.2 – Rio Iguaçu<br />

Em julho <strong>de</strong> 2000, a vítima foi o rio Iguaçu que recebeu 4 milhões <strong>de</strong><br />

litros <strong>de</strong> petróleo que vazaram <strong>de</strong> um oleoduto <strong>da</strong> Refinaria Presi<strong>de</strong>nte Getúlio<br />

Vargas (Repar), localiza<strong>da</strong> no município <strong>de</strong> Araucária, no Paraná. Representou<br />

um trágico episódio <strong>de</strong> contaminação ambiental por vazamento <strong>de</strong> petróleo e<br />

produtos <strong>de</strong>rivados, <strong>de</strong>sta vez em um rio que abriga um dos maiores símbolos<br />

ambientais nacionais: as Cataratas do Iguaçu.<br />

De acordo com informações <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong>, do total <strong>de</strong>spejado, 2,5<br />

milhões <strong>de</strong> litros ficaram retidos no Rio Barigüi. O restante se espalhou numa<br />

extensão <strong>de</strong> 30 quilômetros próxima à cabeceira do Rio Iguaçu.<br />

tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> óleo na Baía <strong>de</strong> Guanabara.<br />

40


Além dos funcionários <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong>, a Polícia Militar, Defesa Civil,<br />

Exército, técnicos do <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> do Paraná (IAP) também trabalharam<br />

na contenção <strong>da</strong> mancha. Além disso, técnicos e equipamentos <strong>da</strong> Clean<br />

Caribbean Cooperation , enti<strong>da</strong><strong>de</strong> internacional especializa<strong>da</strong> em aci<strong>de</strong>ntes<br />

como este, participaram <strong>da</strong> operação.<br />

Por se tratar <strong>de</strong> hidrocarboneto que é uma substância inflamável, as<br />

famílias “ribeirinhas” 17 foram orienta<strong>da</strong>s a não utilizar materiais explosivos<br />

como cigarros ou fogos <strong>de</strong> artifício próximo ao local atingido. Além disso, a<br />

instrução foi que não tivessem contato com o óleo, que po<strong>de</strong>ria causar<br />

irritação à pele.<br />

Na região, vivem animais como capivaras, tatus, antas, além <strong>de</strong> centenas<br />

<strong>de</strong> aves e peixes. No trecho inicial do vazamento, <strong>de</strong> 5 km entre os rios Barigüi<br />

e Iguaçu, os biólogos recolheram sete animais, todos mortos, asfixiados pelo<br />

óleo. Foram os primeiros sinais <strong>da</strong> <strong>de</strong>struição provoca<strong>da</strong> no ecossistema do<br />

Iguaçu.<br />

Vale lembrar que três semanas antes do aci<strong>de</strong>nte, a <strong>Petrobras</strong>/Repar<br />

recebeu a certificação ISO14.001 e BS 8800 18 , “como reconhecimento<br />

internacional como empresa que equilibra as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong><br />

lucro e resultado com o atendimento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> empregados e<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s através <strong>da</strong> proteção do meio ambiente e <strong>de</strong> práticas industriais<br />

seguras” (REVISTA ABAMEC, 2001).<br />

III.2.3 – Plataforma 36<br />

Em março <strong>de</strong> 2001, ocorreram duas explosões causa<strong>da</strong>s por um<br />

vazamento <strong>de</strong> gás e óleo, localizado no alto <strong>de</strong> uma coluna <strong>da</strong> P- 36. As<br />

explosões causaram alagamento gradual <strong>da</strong> parte alta <strong>da</strong> coluna, pela ruptura<br />

<strong>de</strong> várias linhas <strong>de</strong> água, e <strong>de</strong>vido à inclinação, houve uma exposição à<br />

entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> água do mar, levando ao alagamento progressivo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a coluna<br />

e, <strong>de</strong>pois, ao naufrágio, cinco dias após as explosões. Na hora do aci<strong>de</strong>nte<br />

havia 175 trabalhadores a bordo, dos quais 11 morreram.<br />

17<br />

Famílias que vivem próximas a rios.<br />

18<br />

Ver Capítulo I<br />

41


Imediatamente após a primeira explosão, iniciou- se a operação <strong>de</strong><br />

retira<strong>da</strong> preventiva <strong>da</strong>s pessoas que estavam na plataforma, exceto as<br />

diretamente envolvi<strong>da</strong>s no controle <strong>da</strong> emergência. Como a P- 36 começou a<br />

a<strong>de</strong>rnar, o pouso <strong>de</strong> helicópteros ficou impossibilitado, e o resgate dos<br />

funcionários teve que ser feito por barcos. Foi provi<strong>de</strong>nciado o transporte <strong>da</strong>s<br />

pessoas para a plataforma P- 47, que se situava a uma distância <strong>de</strong> 12<br />

quilômetros do local. Ao mesmo tempo, eram <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s ações <strong>de</strong> controle<br />

e <strong>de</strong> atendimento às vítimas.<br />

Quase todos os mortos eram funcionários <strong>da</strong> briga<strong>da</strong> <strong>de</strong> incêndio. Eles<br />

correram para a coluna para tentar apagar o fogo e foram surpreendidos pela<br />

segun<strong>da</strong> explosão.<br />

Para evitar que a P- 36 naufragasse, mergulhadores injetaram nitrogênio<br />

nas colunas para estabilizar a plataforma. A operação <strong>de</strong> salvamento contou<br />

ain<strong>da</strong> com o reforço <strong>de</strong> técnicos e equipamentos europeus. O mar agitado, no<br />

entanto, fez com que a plataforma afun<strong>da</strong>sse.<br />

O aci<strong>de</strong>nte, por ter ocorrido em uma área <strong>de</strong> baixa biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> na<br />

margem continental, felizmente não provocou graves problemas ambientais.<br />

O <strong>de</strong>sligamento dos poços foi o principal fator para evitar um <strong>de</strong>sastre<br />

ecológico <strong>de</strong> maior proporção, mas houve um vazamento <strong>de</strong> 1,5 milhões <strong>de</strong><br />

litros <strong>de</strong> óleo diesel e petróleo que estavam armazenados na plataforma, que<br />

se esten<strong>de</strong>u por uma área <strong>de</strong> 60 quilômetros quadrados. Houve um receio <strong>de</strong><br />

intoxicação <strong>da</strong> fauna e <strong>da</strong> flora <strong>da</strong> região <strong>de</strong>vido aos compostos aromáticos<br />

contidos no óleo <strong>de</strong>rramado (RELATÓRIO ANUAL PETROBRAS, 2001).<br />

III. 3 – A mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> conduta após os aci<strong>de</strong>ntes<br />

Ao longo <strong>da</strong>s últimas déca<strong>da</strong>s, o Brasil vem chegando ca<strong>da</strong> vez mais<br />

perto <strong>da</strong> auto- suficiência na produção <strong>de</strong> petróleo e <strong>de</strong>rivados, o que <strong>de</strong>verá<br />

ser uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> em 2005. Mas esta conquista <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong> antecipou a<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça em seus mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> segurança e gestão ambiental.<br />

Isto ficou claro com os vazamentos que ocorreram em 2000 na Baía <strong>de</strong><br />

Guanabara e no Paraná, e cuja gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>stoou do histórico <strong>da</strong> empresa<br />

42


(PROGRAMA DE EXCELÊNCIA GESTÃO EM AMBIENTAL E SEGURANÇA<br />

OPERACIONAL, 2001).<br />

O vertiginoso aumento <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> petróleo no País nos últimos<br />

anos aumentou a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s empresas e está obrigando a <strong>Petrobras</strong><br />

e as <strong>de</strong>mais companhias do setor a aplicar mais recursos e novas tecnologias<br />

na área ambiental. A produção <strong>de</strong> petróleo no Brasil praticamente dobrou em<br />

menos <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos: passou <strong>de</strong> 800 mil barris/dias em 1996 para mais <strong>de</strong> 1,5<br />

bilhão atualmente. O risco <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes aumentou na mesma proporção. O<br />

aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 2000 na Baía <strong>de</strong> Guanabara é tido como um divisor <strong>de</strong> águas.<br />

Aci<strong>de</strong>ntes envolvendo <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> óleo causam sérios <strong>da</strong>nos ao<br />

meio ambiente e à imagem <strong>da</strong>s empresas. Além disso, as multas aplica<strong>da</strong>s por<br />

órgãos ambientais e os efeitos <strong>da</strong> interrupção <strong>da</strong> produção geram pesados<br />

prejuízos. Por isso, em janeiro <strong>de</strong> 2001, a <strong>Petrobras</strong> criou o mais sofisticado<br />

programa ambiental e <strong>de</strong> segurança operacional já elaborado no País,<br />

coor<strong>de</strong>nado por um grupo <strong>de</strong> trabalho que envolveu <strong>de</strong>z diferentes gerências,<br />

80 especialistas e, posteriormente, todos os <strong>de</strong>mais escalões <strong>da</strong> companhia,<br />

nomeado como Pegaso - Programa <strong>de</strong> Excelência em Gestão <strong>Ambiental</strong> e<br />

Segurança Operacional.<br />

O Pegaso prevê investimentos <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> R$ 3,2 bilhões em quatro<br />

anos e assume compromissos inéditos no setor <strong>de</strong> exploração, como a<br />

restauração completa <strong>da</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> dutos operados no País, instalando também<br />

nessa re<strong>de</strong> uma forma automatiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> verificação permanente (estima- se<br />

que foram automatizados 7 mil Km2, representando 75% do total <strong>de</strong> dutos). 19<br />

Com o Pegaso, surgiu a gestão integra<strong>da</strong> <strong>de</strong> Segurança, Meio Ambiente e Saú<strong>de</strong><br />

(SMS) em to<strong>da</strong> a companhia, envolvendo gran<strong>de</strong>s investimentos em<br />

equipamentos, instalações e capacitação.<br />

Segundo a assessoria <strong>da</strong> empresa, a implantação do conceito integrado<br />

<strong>de</strong> SMS atingiu a categoria dos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios que hoje marcam a evolução<br />

<strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong>, ao lado <strong>da</strong> conquista dos segredos do refino e <strong>da</strong> solução dos<br />

mistérios na exploração em águas profun<strong>da</strong>s. Além disso, esses investimentos<br />

trouxeram um conceito novo <strong>de</strong> atuação para evitar aci<strong>de</strong>ntes ou, quando não,<br />

19<br />

Website <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong>. Política <strong>de</strong> Segurança.<br />

43


eduzir ao máximo seus efeitos já que as equipes treina<strong>da</strong>s para enfrentar<br />

contingências passaram a ser manti<strong>da</strong>s em prontidão 24 horas, <strong>de</strong> maneira a<br />

permitir a intervenção rápi<strong>da</strong> em qualquer ponto do território nacional.<br />

Foram implantados 9 (nove) Centros <strong>de</strong> Defesa <strong>Ambiental</strong> (CDA) nas<br />

principais áreas <strong>de</strong> atuação, em vários estados do país, para agir prontamente<br />

em caso <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes. Em ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>les atuam em média 20 especialistas,<br />

aptos a coman<strong>da</strong>r, em caso <strong>de</strong> emergência, centenas <strong>de</strong> pessoas. Sua rotina<br />

inclui simulações freqüentes e o monitoramento <strong>da</strong>s condições ambientais<br />

locais, para antecipar as providências necessárias em caso <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte. De<br />

acordo com a <strong>Petrobras</strong>, os CDAs <strong>de</strong>ram origem ao primeiro complexo <strong>de</strong><br />

segurança ambiental <strong>da</strong> América do Sul (PROGRAMA DE EXCELÊNCIA EM<br />

GESTÃO AMBIENTAL E SEGURANÇA OPERACIONAL, 2001).<br />

Os Centros <strong>de</strong> Defesa <strong>Ambiental</strong> também trabalham junto às<br />

universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s no levantamento <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental <strong>da</strong>s regiões em que<br />

atuam. São verifica<strong>da</strong>s as áreas mais sensíveis e o impacto <strong>de</strong> um possível<br />

<strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> óleo nestas regiões, e são feitos também levantamentos<br />

socioeconômicos <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as áreas próximas às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos CDAs, para<br />

que se possa trabalhar consi<strong>de</strong>rando to<strong>da</strong>s essas variáveis.<br />

Além disso, os terminais marítimos em área <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

como Baía <strong>de</strong> Guanabara (RJ), São Sebastião (SP) e Sergipe, receberam, ca<strong>da</strong><br />

um, uma embarcação especializa<strong>da</strong> no controle <strong>de</strong> vazamentos.<br />

Outro objetivo do Pegaso diz respeito à quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Uma <strong>da</strong>s principais<br />

metas do programa era a certificação <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Negócio <strong>da</strong><br />

<strong>Petrobras</strong> pelas normas ISO 14001 e BS 8800/OHSAS 18001. E esse objetivo foi<br />

conquistado, pois, a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s operacionais <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong><br />

operam com licenças ambientais 20 ou ampara<strong>da</strong>s por acordos específicos <strong>de</strong><br />

ajuste <strong>de</strong> conduta. Segundo o Relatório Anual <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong>, a empresa<br />

concluiu, em 2003, o cumprimento do Termo <strong>de</strong> Compromisso para Ajuste<br />

<strong>Ambiental</strong>, o maior acordo <strong>de</strong>sse tipo firmado no país, envolvendo um<br />

investimento <strong>de</strong> R$ 192 milhões e mais <strong>de</strong> 40 projetos com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

promover melhorias na Reduc e no terminal <strong>da</strong> Ilha d’Água, no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

20<br />

Ver Anexo II<br />

44


Ain<strong>da</strong> visando a maximizar a sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seu negócio, o<br />

programa estabeleceu que US$ 25 milhões por ano <strong>de</strong>verão ser investidos no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> energia renováveis. Diversos projetos nessa<br />

área estão em execução no Centro <strong>de</strong> Pesquisas <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong> (CENPES) e em<br />

outros órgãos, envolvendo biocombustíveis, biomassa, energia eólica, energia<br />

solar e a aplicação <strong>de</strong> células a combustível. Destacam - se, também, os<br />

esforços no sentido <strong>de</strong> ampliar a participação na matriz energética brasileira<br />

do gás natural, um combustível ecologicamente mais “limpo”.<br />

Com o Pegaso, a companhia assumiu compromissos com cerca <strong>de</strong><br />

quatro mil projetos <strong>de</strong> diversos perfis. Nas áreas <strong>de</strong> alta sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

ambiental, on<strong>de</strong> passam os dutos, visando assegurar sua integri<strong>da</strong><strong>de</strong>, a<br />

<strong>Petrobras</strong> e sua subsidiária Transpetro buscaram envolver as populações<br />

locais em processos <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> riscos, em projetos <strong>de</strong> educação<br />

ambiental e <strong>de</strong> melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. Entre os projetos, <strong>de</strong>staca- se o<br />

"Convivência e Parceria", <strong>de</strong>stinado à conscientização <strong>de</strong> uma população <strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> habitantes que resi<strong>de</strong>m ao longo do duto Barueri-<br />

Utinga (Obati), em São Paulo, e que mereceu <strong>da</strong> Associação dos Dirigentes <strong>de</strong><br />

Ven<strong>da</strong>s e Marketing do Brasil (ADVB) o Prêmio Top Social 2002.<br />

Este tipo <strong>de</strong> projeto se enquadra numa forma mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong><br />

relacionamento com seus grupos <strong>de</strong> interesse (stakehol<strong>de</strong>rs ), que reconhece a<br />

importância <strong>de</strong> envolver representantes <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil organiza<strong>da</strong>,<br />

particularmente as ONGs, e <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s do entorno do empreendimento<br />

nos planos e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> empresa, esten<strong>de</strong>ndo a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

corporativa também a esses públicos, e não apenas a acionistas e<br />

funcionários. Com isso, a política <strong>de</strong> comunicação institucional <strong>de</strong>ve sofrer<br />

mu<strong>da</strong>nças, e ser acompanha<strong>da</strong> pela estrutura organizacional que a suporta.<br />

(VINHA, 2001).<br />

To<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e investimentos <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong> estão sob observação<br />

<strong>de</strong> uma auditoria externa. É o caso <strong>da</strong> implantação do sistema <strong>de</strong> inventário,<br />

monitoramento e gerenciamento <strong>da</strong>s emissões atmosféricas <strong>de</strong><br />

responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> companhia. São vinte mil fontes <strong>de</strong> emissão que estão<br />

sendo i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s e cataloga<strong>da</strong>s.<br />

45


Embora a <strong>Petrobras</strong> encare a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> monitoramento como uma<br />

iniciativa pró- ativa e <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social, o fato é que a empresa estava<br />

bastante atrasa<strong>da</strong> neste aspecto, visto que to<strong>da</strong>s as gran<strong>de</strong>s companhias<br />

multinacionais já fazem medições há algum tempo, sendo que algumas, como<br />

a Shell e a BP, vem impondo metas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001, razão<br />

pela qual ambas fazem parte do índice <strong>de</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental do Dow<br />

Jones (Dow Jones In<strong>de</strong>x Sustainability), criado para aferir o <strong>de</strong>sempenho<br />

ambiental <strong>da</strong>s companhias com ações negocia<strong>da</strong>s na Bolsa <strong>de</strong> Nova York,<br />

especialmente com relação ao chamado “risco carbono”. Investidores <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s<br />

as partes do mundo acompanham esse indicador para saber como as<br />

empresas se a<strong>da</strong>ptam às novas exigências ambientais.<br />

Após duas tentativas, em 2004, a <strong>Petrobras</strong> afirma que passou a<br />

integrar o Dow Jones <strong>de</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Mas vale observar que, segundo o<br />

website do Dow Jones, a <strong>Petrobras</strong> ain<strong>da</strong> não foi aceita por não aten<strong>de</strong>r a um<br />

requisito (não possuir <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> emissões nem metas <strong>de</strong> redução) e seu<br />

nome não consta entre os membros do Dow Jones In<strong>de</strong>x Sustainability . A<br />

empresa, certamente, será aceita assim que o sistema <strong>de</strong> inventário tiver seus<br />

primeiros resultados.<br />

Mesmo assim, a companhia já obtém outros resultados práticos com a<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> parâmetros mais rigorosos na gestão <strong>de</strong> SMS: no primeiro<br />

semestre <strong>de</strong> 2003, conseguiu renovar os contratos <strong>de</strong> seguro com uma<br />

redução <strong>de</strong> 42% em relação ao prêmio anterior, mesmo com o aumento do<br />

montante segurado, que passou <strong>de</strong> US$18 bilhões em 2002, para US$ 21<br />

bilhões, em 2003, uma conseqüência dos investimentos na área (RELATÓRIO<br />

ANUAL PETROBRAS, 2003).<br />

Em quatro anos, a <strong>Petrobras</strong> investiu R$ 6,1 bilhões em programas <strong>de</strong><br />

controle <strong>de</strong> impacto ambiental e em programas <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

trabalho. Somente em 2003, os gastos no Pegaso totalizaram R$ 2,3 bilhões. O<br />

resultado obtido foi a que<strong>da</strong> na taxa <strong>de</strong> vazamento que, em 2000, por<br />

exemplo, chegou ao patamar <strong>de</strong> 5.983 m 3 , e em 2003, ficou no nível <strong>de</strong> 276m 3 .<br />

O mesmo po<strong>de</strong> ser observado com a taxa <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntados com afastamento,<br />

46


que recuou <strong>de</strong> 9,58, em 1997, para 1,21, em 2003 (RELATÓRIO ANUAL<br />

PETROBRAS, 2003).<br />

47


CONCLUSÃO<br />

O crescimento econômico é o resultado <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> interações e<br />

mu<strong>da</strong>nças nas estruturas produtivas, tecnológicas e sociais <strong>de</strong> uma economia.<br />

O estudo <strong>da</strong> relação entre crescimento econômico, utilização dos recursos<br />

naturais e <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção ambiental é essencial, uma vez que a oferta <strong>de</strong> recursos<br />

naturais e a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental <strong>de</strong>terminam o processo <strong>de</strong> crescimento<br />

econômico, que por sua vez gera externali<strong>da</strong><strong>de</strong>s negativas sobre o meio<br />

ambiente, que novamente influencia o crescimento econômico.<br />

O problema <strong>da</strong> escassez dos recursos naturais esteve presente no<br />

<strong>de</strong>bate acerca do crescimento econômico <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fim do século XVII quando<br />

Malthus previu uma escassez <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong>vido ao crescimento exponencial<br />

<strong>da</strong> população, passando por Jevons com o esgotamento <strong>da</strong>s reservas <strong>de</strong> carvão<br />

na Inglaterra até o relatório publicado, em 1972, “Limites do Crescimento”.<br />

Contudo, nenhuma <strong>de</strong>ssas previsões <strong>de</strong> concretizou.<br />

Para os economistas clássicos, que consi<strong>de</strong>ravam três fatores <strong>de</strong><br />

produção (terra, trabalho e capital), a economia apresentaria taxas<br />

<strong>de</strong>crescentes <strong>de</strong> crescimento quando um fator, no caso terra, fosse<br />

completamente empregado. Já na visão dos neoclássicos, os elementos<br />

<strong>de</strong>terminantes do crescimento seriam os fatores reprodutíveis (capital e<br />

trabalho) e a inovação tecnológica. Dessa forma o aumento <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

resultante <strong>da</strong> acumulação <strong>de</strong> capital e <strong>da</strong> inovação tecnológica, mais que<br />

compensaria a escassez <strong>de</strong> recursos naturais. Des<strong>de</strong> então, os mo<strong>de</strong>los<br />

macroeconômicos passaram a adotar uma função <strong>de</strong> produção agrega<strong>da</strong> com<br />

somente dois fatores: capital e trabalho.<br />

A Revolução Industrial mudou a relação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> com a natureza.<br />

Com o total domínio do processo produtivo, o homem passou a explorar<br />

maciçamente os recursos naturais. Como conseqüência disso, chegamos a este<br />

milênio com algumas pressões ambientais sérias, entre elas, a<br />

sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica do petróleo como principal fonte <strong>de</strong> energia.<br />

48


Somente a partir dos anos 70, começaram a surgir críticas sobre os efeitos<br />

prejudiciais ao meio ambiente <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> industrial e do<br />

crescimento econômico, levando alguns economistas a refletir sobre os limites<br />

à exploração dos recursos naturais.<br />

Como conseqüência <strong>de</strong>ssas críticas e reflexões sobre o futuro <strong>da</strong><br />

humani<strong>da</strong><strong>de</strong> surgiu um novo conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento: o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável, que ganhou expressão entre o empresariado a partir <strong>da</strong><br />

realização <strong>da</strong> Eco- 92 levando as empresas a se a<strong>da</strong>ptar aos novos paradigmas<br />

do mercado mundial.<br />

O século XX foi o século do petróleo. A IMP apresentou um espetacular<br />

crescimento, colocando as empresas petrolíferas em evidência, bem como seu<br />

potencial <strong>de</strong> risco ambiental. e <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho.<br />

A produção do petróleo envolve numerosos e graves riscos ao meio<br />

ambiente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o processo <strong>de</strong> extração, transporte, refino, até o consumo,<br />

com a geração <strong>de</strong> gases que poluem a atmosfera. Os piores <strong>da</strong>nos acontecem<br />

durante o transporte <strong>de</strong> combustível, com vazamentos em gran<strong>de</strong> escala dos<br />

oleodutos e dos navios petroleiros.<br />

Sendo a principal fonte energética do atual mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

a extração do combustível fóssil sempre foi tolera<strong>da</strong>, justificando- se os<br />

problemas ambientais e os aci<strong>de</strong>ntes por ela gerados. Porém, a convenção do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável é, atualmente, uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> no mercado,<br />

mu<strong>da</strong>ndo o padrão <strong>de</strong> concorrência, sobretudo nos setores potencialmente<br />

mais poluentes. A socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em geral está mais consciente e, por isso, mais<br />

exigente e menos tolerante com o tratamento tradicionalmente conferido ao<br />

meio ambiente. Paralelamente, emerge um movimento <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

social corporativa, fruto <strong>da</strong> pressão social e regulatória, que tem na<br />

conservação ambiental o seu principal foco.<br />

A excelência em gestão ambiental é hoje stan<strong>da</strong>rd nas gran<strong>de</strong>s<br />

empresas lí<strong>de</strong>res, tornando - se um fator <strong>de</strong> diferenciação competitiva entre os<br />

maiores nomes do ramo do petróleo.<br />

49


Neste trabalho foi analisado o caso <strong>da</strong> Petrobrás, enfocando os<br />

aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s repercussões em que a companhia esteve envolvi<strong>da</strong>, os<br />

vazamentos <strong>de</strong> óleo na Baía <strong>de</strong> Guanabara e no rio Iguaçu e a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> P- 36, e<br />

a sua mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> estratégia no campo <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> sócio- ambiental.<br />

Em 50 anos <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a Petrobrás foi uma empresa <strong>de</strong> enorme<br />

sucesso porque conseguiu respon<strong>de</strong>r as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s energéticas do país,<br />

alia<strong>da</strong> a uma política <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico. É inquestionável o fato<br />

<strong>de</strong> que a empresa foi uma alavanca <strong>da</strong> industrialização nacional, mas os<br />

crescentes, e ca<strong>da</strong> vez mais graves, aci<strong>de</strong>ntes que causou ao longo do tempo,<br />

abalaram a imagem positiva que a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> tinha <strong>da</strong> empresa, sobretudo sua<br />

mundialmente reconheci<strong>da</strong> competência tecnológica.<br />

Após tomar medi<strong>da</strong>s paliativas para resolver os problemas gerados<br />

pelos aci<strong>de</strong>ntes, a <strong>Petrobras</strong> resolveu adotar uma postura ambiental e<br />

socialmente responsável <strong>de</strong> forma estrutural, levando- a a mu<strong>da</strong>r, inclusive,<br />

sua missão corporativa e elaborar um novo planejamento estratégico.<br />

O vazamento <strong>de</strong> óleo na Baía <strong>de</strong> Guanabara, em janeiro <strong>de</strong> 2000,<br />

mostrou que todos os investimentos realizados, até então, em segurança e<br />

meio ambiente não haviam sido suficientes. Este aci<strong>de</strong>nte resultou na<br />

assinatura <strong>de</strong> um Termo <strong>de</strong> Ajuste <strong>de</strong> Conduta (TAC) entre a empresa e os<br />

órgãos, envolvento parcerias com enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil na<br />

implementação <strong>de</strong> uma séria e ações corretivas e compensatórias. Na área<br />

ambiental, a resposta veio com um programa que é consi<strong>de</strong>rado pela empresa<br />

como uma “revolução interna”: o Pegaso é o maior programa ambiental e <strong>de</strong><br />

segurança operacional já posto em prática no Brasil.<br />

A empresa realizou mu<strong>da</strong>nças estruturais, internalizando o conceito <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável como estratégia empresarial, e passou a<br />

construir sua reputação com atitu<strong>de</strong>s e com o engajamento nas questões <strong>de</strong><br />

responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social e ambiental coorporativa, <strong>da</strong>ndo visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> suas<br />

ações a seus stakehol<strong>de</strong>rs .<br />

Atualmente, a <strong>Petrobras</strong> admite que a função <strong>da</strong> empresa não se resume<br />

a <strong>da</strong>r lucro e emprego, e a pagar impostos e respeitar a lei. Para <strong>de</strong>monstrar<br />

50


que mudou, vem aumentando, progressivamente, o investimento espontâneo<br />

na área social. E também admite que, ao produzir, interage com o meio<br />

ambiente e consome recursos naturais que são patrimônio <strong>de</strong> todos. Por isso,<br />

reconhece que é seu <strong>de</strong>ver prestar contas à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre o impacto <strong>de</strong> suas<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>da</strong>r sua contribuição para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.<br />

Aci<strong>de</strong>ntes como os ocorridos em 2000, envolvendo vazamentos <strong>de</strong> óleo<br />

em gran<strong>de</strong>s proporções e em diferentes regiões do País – Baía <strong>de</strong> Guanabara<br />

(RJ) e do Rio Iguaçu (PR) – mostram que a questão ambiental permanece um<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para o setor. É evi<strong>de</strong>nte que, apesar dos esforços em obter<br />

certificações, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aperfeiçoamento <strong>de</strong> normas e padrões ain<strong>da</strong> é<br />

gran<strong>de</strong>, <strong>de</strong>man<strong>da</strong>ndo esforços contínuos <strong>de</strong> melhoria por parte <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong>.<br />

O Pegaso é um programa pioneiro no País que preten<strong>de</strong> estreitar ca<strong>da</strong><br />

vez mais a relação <strong>da</strong> companhia com a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, satisfazendo seus anseios<br />

por segurança e preservação ambiental.. Contudo, as medi<strong>da</strong>s mitigadoras<br />

<strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s a reparar <strong>da</strong>nos ambientais, e os vultosos investimentos que a<br />

empresa vêm fazendo na área social, ain<strong>da</strong> não permitem uma avaliação mais<br />

precisa. A história, portanto, está por julgar os resultados <strong>da</strong> política <strong>de</strong><br />

sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sta nova fase <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong>.<br />

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ANEXO I<br />

Fonte: website <strong>da</strong> Ambientebrasil<br />

Principais Aci<strong>de</strong>ntes <strong>da</strong> Indústria Petrolífera no Mundo<br />

I - Principais Aci<strong>de</strong>ntes com Petróleo e Derivados no Brasil<br />

54<br />

• Março <strong>de</strong> 1975 - Um cargueiro iraniano fretado pela Petrobrás<br />

<strong>de</strong>rrama 6 mil tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> óleo na Baía <strong>de</strong> Guanabara – RJ.<br />

• Outubro <strong>de</strong> 1983 - 3 milhões <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> óleo vazam <strong>de</strong> um oleoduto<br />

<strong>da</strong> Petrobrás em Bertioga – SP.<br />

• Fevereiro <strong>de</strong> 1984 – 93 mortes e 2.500 <strong>de</strong>sabrigados na explosão <strong>de</strong><br />

um duto <strong>da</strong> Petrobrás na favela Vila Socó, Cubatão – SP.<br />

• Agosto <strong>de</strong> 1984 – Gás vaza do poço submarino <strong>de</strong> Enchova (Petrobrás):<br />

37 mortos e 19 feridos na Bacia <strong>de</strong> Campos – RJ.


55<br />

• Julho <strong>de</strong> 1992 – Vazamento <strong>de</strong> 10 mil litros <strong>de</strong> óleo em área <strong>de</strong><br />

manancial do Rio Cubatão – SP.<br />

• Maio <strong>de</strong> 1994 – 2,7 milhões <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> óleo poluem 18 praias<br />

do litoral norte paulista.<br />

• Março <strong>de</strong> 1997 - O rompimento <strong>de</strong> um duto <strong>da</strong> Petrobrás que liga a<br />

Refinaria <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias ao terminal DSTE - Ilha D´Água provoca o<br />

vazamento <strong>de</strong> 2,8 milhões <strong>de</strong> óleo combustível em manguezais na Baía<br />

<strong>de</strong> Guanabara - RJ.<br />

• Julho <strong>de</strong> 1997 - Vazamento <strong>de</strong> FLO (produto usado para a limpeza ou<br />

selagem <strong>de</strong> equipamentos) no rio Cubatão – SP – <strong>Petrobras</strong>.<br />

• Agosto <strong>de</strong> 1997 - Vazamento <strong>de</strong> 2 mil litros <strong>de</strong> óleo combustível atinge<br />

cinco praias na Ilha do Governador - RJ – <strong>Petrobras</strong>.<br />

• Outubro <strong>de</strong> 1998 - Uma rachadura <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> um metro que liga a<br />

refinaria <strong>de</strong> São José dos Campos ao Terminal <strong>de</strong> Guararema, ambos em<br />

São Paulo, causa o vazamento <strong>de</strong> 1,5 milhão <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> óleo<br />

combustível no rio Alambari. O duto estava há cinco anos sem<br />

manutenção – <strong>Petrobras</strong>.<br />

• Agosto <strong>de</strong> 1999 - Vazamento <strong>de</strong> 3 mil litros <strong>de</strong> óleo no oleoduto <strong>da</strong><br />

refinaria <strong>da</strong> Petrobrás que abastece a Manaus Energia (Reman) atinge o<br />

Igarapé do Cururu - AM e Rio Negro.<br />

• Agosto <strong>de</strong> 1999 - Na Repar (Petrobrás), em Curitiba – PR, houve um<br />

vazamento <strong>de</strong> 3 metros cúbicos <strong>de</strong> nafta <strong>de</strong> xisto, produto que possui<br />

benzeno. Durante três dias o odor praticamente impediu o trabalho na<br />

refinaria.<br />

• Agosto <strong>de</strong> 1999 - Menos <strong>de</strong> um mês <strong>de</strong>pois, novo vazamento <strong>de</strong> óleo<br />

combustível na Reman, pelo menos mil litros <strong>de</strong> óleo contaminaram o<br />

rio Negro - AM - Petrobrás.<br />

• Novembro <strong>de</strong> 1999 - Falha no campo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> petróleo em<br />

Carmópolis - SE provoca o vazamento <strong>de</strong> óleo e água sanitária no rio<br />

Siriri. A pesca no local acabou após o aci<strong>de</strong>nte - Petrobrás.<br />

• Janeiro <strong>de</strong> 2000 - O rompimento <strong>de</strong> um duto <strong>da</strong> Petrobrás que liga a<br />

Refinaria Duque <strong>de</strong> Caxias ao terminal <strong>da</strong> Ilha d'Água provocou o<br />

vazamento <strong>de</strong> 1,3 milhão <strong>de</strong> óleo combustível na Baía <strong>de</strong> Guanabara. A<br />

mancha se espalhou por 40 quilômetros quadrados.<br />

• Janeiro <strong>de</strong> 2000 - Problemas em um duto <strong>da</strong> Petrobrás entre Cubatão e<br />

São Bernardo do Campo – SP, provocam o vazamento <strong>de</strong> 200 litros <strong>de</strong>


óleo diluente. O vazamento foi contido na Serra do Mar antes que<br />

contaminasse os pontos <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> água potável no rio Cubatão.<br />

• Fevereiro <strong>de</strong> 2000 - Transbor<strong>da</strong>mento na refinaria <strong>de</strong> São José dos<br />

Campos - SP, provoca o vazamento <strong>de</strong> 500 litros <strong>de</strong> óleo no canal que<br />

separa a refinaria do rio Paraíba – <strong>Petrobras</strong>.<br />

• Março <strong>de</strong> 2000 - Cerca <strong>de</strong> 18 mil litros <strong>de</strong> óleo cru vazaram em<br />

Traman<strong>da</strong>í - RS, quando eram transferidos <strong>de</strong> um navio petroleiro para<br />

o Terminal Almirante Soares Dutra (Tedut), <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong>, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. O<br />

aci<strong>de</strong>nte foi causado pelo rompimento <strong>de</strong> uma conexão <strong>de</strong> borracha do<br />

sistema <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> combustível e provocou mancha <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

três quilômetros na Praia <strong>de</strong> Jardim do É<strong>de</strong>n.<br />

• Março <strong>de</strong> 2000 - O navio Mafra, <strong>da</strong> Frota Nacional <strong>de</strong> Petróleo,<br />

<strong>de</strong>rramou 7 mil litros <strong>de</strong> óleo no canal <strong>de</strong> São Sebastião - SP. O produto<br />

transbordou do tanque <strong>de</strong> reserva <strong>de</strong> resíduos oleosos, situado no lado<br />

esquerdo <strong>da</strong> popa.<br />

• Junho <strong>de</strong> 2000 - Nova mancha <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> um quilômetro <strong>de</strong> extensão<br />

apareceu próximo à Ilha d'Água, na Baía <strong>de</strong> Guanabara. Desta vez, 380<br />

litros do combustível foram lançados ao mar pelo navio Cantagalo, que<br />

presta serviços a <strong>Petrobras</strong>. O <strong>de</strong>spejo ocorreu numa manobra para<br />

<strong>de</strong>slastreamento <strong>da</strong> embarcação.<br />

• Julho <strong>de</strong> 2000 – 4 milhões <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> óleo foram <strong>de</strong>spejados nos rios<br />

Barigüi e Iguaçu – Pr, por causa <strong>de</strong> uma ruptura <strong>da</strong> junta <strong>de</strong> expansão<br />

<strong>de</strong> uma tubulação <strong>da</strong> Refinaria Presi<strong>de</strong>nte Getúlio Vargas - Petrobrás.<br />

• Julho <strong>de</strong> 2000 - Um trem <strong>da</strong> Companhia América Latina Logística -<br />

ALL, que carregava 60 mil litros <strong>de</strong> óleo diesel <strong>de</strong>scarrilou em<br />

Fernan<strong>de</strong>s Pinheiro - PR. Parte do combustível queimou e o resto vazou<br />

em um córrego próximo ao local do aci<strong>de</strong>nte.<br />

• Julho <strong>de</strong> 2000 - Uma semana <strong>de</strong>pois, na mesma região, um outro trem<br />

<strong>da</strong> Companhia América Latina Logística - ALL, que carregava 20 mil<br />

litros <strong>de</strong> óleo diesel e gasolina <strong>de</strong>scarrilou. Parte do combustível<br />

queimou e o resto vazou em área <strong>de</strong> preservação permanente.<br />

• Setembro <strong>de</strong> 2000 - Um trem <strong>da</strong> Companhia América Latina Logística -<br />

ALL, com trinta vagões carregando açúcar e farelo <strong>de</strong> soja <strong>de</strong>scarrilou<br />

em Morretes - PR, vazando quatro mil litros <strong>de</strong> combustível no córrego<br />

Caninana.<br />

• Novembro <strong>de</strong> 2000 – 86 mil litros <strong>de</strong> óleo vazam <strong>de</strong> um cargueiro <strong>da</strong><br />

<strong>Petrobras</strong> e a poluição atinge praias <strong>de</strong> São Sebastião e <strong>de</strong> Ilhabela – SP.<br />

56


57<br />

• Fevereiro <strong>de</strong> 2001 – Um duto <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong> rompe, vazando 4 mil litros<br />

<strong>de</strong> óleo diesel no Córrego Caninana, afluente do Rio Nhundiaquara, no<br />

Paraná. Este vazamento trouxe gran<strong>de</strong>s <strong>da</strong>nos para os manguezais <strong>da</strong><br />

região, além <strong>de</strong> contaminar to<strong>da</strong> a flora e fauna.<br />

• Abril <strong>de</strong> 2001 – Aci<strong>de</strong>nte com um caminhão <strong>da</strong> Petrobrás na BR- 277<br />

entre Curitiba - Paranaguá, ocasionou um vazamento <strong>de</strong> quase 30 mil<br />

litros <strong>de</strong> óleo nos Rios do Padre e Pintos.<br />

• Abril <strong>de</strong> 2001 - Vazamento <strong>de</strong> óleo do tipo MS 30, uma emulsão<br />

asfáltica, atingiu o Rio Passaúna, no município <strong>de</strong> Araucária, PR.<br />

• Maio <strong>de</strong> 2001 - Um trem <strong>da</strong> Ferrovia Novoeste <strong>de</strong>scarrilou <strong>de</strong>spejando<br />

35 mil litros <strong>de</strong> óleo diesel em uma Área <strong>de</strong> Preservação <strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong><br />

Campo Gran<strong>de</strong>, MS.<br />

• Maio <strong>de</strong> 2001 - O rompimento <strong>de</strong> um duto <strong>da</strong> Petrobrás em Barueri -<br />

SP, ocasionou o vazamento <strong>de</strong> 200 mil litros <strong>de</strong> óleo que se espalharam<br />

por três residências <strong>de</strong> luxo do Condomínio Tamboré 1 e atingiram as<br />

águas do Rio Tietê e do Córrego Cachoeirinha.<br />

• Junho <strong>de</strong> 2001 - A Construtora Galvão foi multa<strong>da</strong> em R$ 98.000.00<br />

pelo vazamento <strong>de</strong> GLP (Gás liquefeito <strong>de</strong> petróleo) <strong>de</strong> um duto <strong>da</strong><br />

Petrobrás, no km 20 <strong>da</strong> Rodovia Castelo Branco, uma <strong>da</strong>s principais<br />

estra<strong>da</strong>s do Estado <strong>de</strong> São Paulo. O aci<strong>de</strong>nte foi ocasionado durante as<br />

obras <strong>da</strong> empresa que é contrata<strong>da</strong> pelo governo do Estado, e teve<br />

multa aplica<strong>da</strong> pela Cetesb - Companhia Estadual <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong><br />

Saneamento <strong>Ambiental</strong> .<br />

• Agosto <strong>de</strong> 2001 - Um vazamento <strong>de</strong> óleo atingiu 30 km nas praias do<br />

litoral norte baiano entre as locali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Buraquinho e o balneário <strong>da</strong><br />

Costa do Sauípe. A origem do óleo é árabe.<br />

• Agosto <strong>de</strong> 2001 - Vazamento <strong>de</strong> 715 litros <strong>de</strong> petróleo do navio<br />

Princess Marino na Baía <strong>de</strong> Ilha <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong>, Angra dos Reis - RJ.<br />

• Setembro <strong>de</strong> 2001 - Vazamento <strong>de</strong> gás natural <strong>da</strong> Estação Pitanga <strong>da</strong><br />

<strong>Petrobras</strong> a 46 km <strong>de</strong> Salvador- BA atingiu uma área <strong>de</strong> 150 metros em<br />

um manguezal.<br />

• Outubro <strong>de</strong> 2001 - O navio que <strong>de</strong>scarregava petróleo na monobóia <strong>da</strong><br />

empresa, a 8 km <strong>da</strong> costa, acabou vazando 150 litros <strong>de</strong> óleo em São<br />

Francisco do Sul – SC.<br />

• Outubro <strong>de</strong> 2001 - O navio petroleiro Norma que carregava nafta, <strong>da</strong><br />

frota <strong>da</strong> Transpetro - subsidiária <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong>, chocou- se em uma<br />

pedra na baía <strong>de</strong> Paranaguá, litoral paranaense, vazando 392 mil litros<br />

do produto atingindo uma área <strong>de</strong> 3 mil metros quadrados. O aci<strong>de</strong>nte


culminou na morte <strong>de</strong> um mergulhador que efetuou um mergulho para<br />

avaliar as condições do casco perfurado.<br />

• Fevereiro <strong>de</strong> 2002 - Cerca <strong>de</strong> 50 mil litros <strong>de</strong> óleo combustível<br />

vazaram do transatlântico inglês Caronia, atracado no Pier <strong>da</strong> Praça<br />

Mauá, na Baía <strong>de</strong> Guanabara - RJ.<br />

• Maio <strong>de</strong> 2002 - O navio Brotas <strong>da</strong> Transpetro, subsidiária <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong>,<br />

<strong>de</strong>rramou cerca <strong>de</strong> 16 mil litros <strong>de</strong> petróleo leve, na baía <strong>de</strong> Ilha Gran<strong>de</strong>,<br />

Angra dos Reis - RJ. O vazamento foi provocado provavelmente por<br />

corrosão no casco do navio.<br />

• Junho <strong>de</strong> 2002 - Vazamento <strong>de</strong> óleo diesel num tanque operado pela<br />

Shell no bairro Rancho Gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> Itu - SP, cerca <strong>de</strong> oito mil litros <strong>de</strong><br />

óleo vazaram do tanque, contaminando o lençol freático, que acabou<br />

atingindo um manancial <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

• Junho <strong>de</strong> 2002 - Um tanque <strong>de</strong> óleo se rompeu no pátio <strong>da</strong> empresa<br />

Ingrax, em Pinhais, em Curitiba - PR, <strong>de</strong>ixando vazar 15 mil litros <strong>da</strong><br />

substância. O óleo que vazou é um <strong>de</strong>rivado do petróleo altamente<br />

tóxico, que atingiu o Rio Atuba, próximo ao local, através <strong>da</strong> tubulação<br />

<strong>de</strong> esgoto.<br />

• Agosto <strong>de</strong> 2002 - 3 mil litros <strong>de</strong> petróleo vazaram <strong>de</strong> um navio <strong>de</strong><br />

ban<strong>de</strong>ira grega em São Sebastião - SP. Um problema no equipamento <strong>de</strong><br />

carregamento <strong>de</strong> óleo teria causado o <strong>de</strong>spejo do produto.<br />

• Junho <strong>de</strong> 2003 - Aproxima<strong>da</strong>mente 25 mil litros <strong>de</strong> petróleo vazaram<br />

no Pier Sul do Terminal Almirante Barroso, localizado em São Sebastião<br />

– SP - Transpetro - <strong>Petrobras</strong>.<br />

• Novembro <strong>de</strong> 2003 - Cerca <strong>de</strong> 460 litros <strong>de</strong> óleo vazaram <strong>da</strong> linha <strong>de</strong><br />

produção <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong> em Riachuelo (32 km <strong>de</strong> Aracajú), atingindo o rio<br />

Sergipe e parte <strong>da</strong> vegetação <strong>da</strong> região.<br />

• Fevereiro <strong>de</strong> 2004 - Vazamento <strong>de</strong> óleo cru poluiu o rio Guaecá e a<br />

praia <strong>de</strong> mesmo <strong>de</strong> mesmo nome em São Sebastião - SP. O aci<strong>de</strong>nte<br />

aconteceu no oleoduto que liga o Terminal Almirante Barroso, em São<br />

Sebastião, à refinaria Presi<strong>de</strong>nte Bernar<strong>de</strong>s, em Cubatão.<br />

• Março <strong>de</strong> 2004 - Cerca <strong>de</strong> dois mil litros <strong>de</strong> petróleo vazaram <strong>de</strong> um<br />

navio <strong>de</strong>sativado, Meganar, pertencente a uma empresa priva<strong>da</strong>, na Baía<br />

<strong>de</strong> Guanabara - RJ.<br />

II - Principais Aci<strong>de</strong>ntes em Plataformas <strong>de</strong> Exploração no Mundo <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

1980<br />

58


59<br />

• Março <strong>de</strong> 1980 - A plataforma Alexsan<strong>de</strong>r Keillan <strong>de</strong> Ekofish, no Mar<br />

do Norte, naufragou, <strong>de</strong>ixando 123 mortos.<br />

• Junho <strong>de</strong> 1980 - Uma explosão feriu 23 em navio son<strong>da</strong> na Bacia <strong>de</strong><br />

Campos - Petrobrás.<br />

• Outubro <strong>de</strong> 1981 - Uma embarcação <strong>de</strong> perfuração afundou no Mar do<br />

Sul <strong>da</strong> China, matando 81 pessoas.<br />

• Setembro <strong>de</strong> 1982 - A Ocean Ranger, plataforma americana, tombou<br />

no Atlântico Norte, matando 84 pessoas.<br />

• Fevereiro <strong>de</strong> 1984 - Um homem morreu e dois ficaram feridos durante<br />

a explosão <strong>de</strong> uma plataforma no Golfo do México, diante <strong>da</strong> costa do<br />

Texas.<br />

• Agosto <strong>de</strong> 1984 - 37 trabalhadores morreram afogados e outros 17<br />

ficaram feridos na explosão <strong>de</strong> uma plataforma <strong>da</strong> Petrobrás na Bacia<br />

<strong>de</strong> Campos.<br />

• Janeiro <strong>de</strong> 1985 - A explosão <strong>de</strong> uma máquina bombeadora na<br />

plataforma Glomar Ártico II, no Mar do Norte, causou a morte <strong>de</strong> um<br />

homem e ferimentos em outros dois.<br />

• Outubro <strong>de</strong> 1986 - Duas explosões na plataforma Zapata (Petrobrás)<br />

feriu 12 pessoas.<br />

• Outubro <strong>de</strong> 1987 - Incêndio na plataforma Pampa (<strong>Petrobras</strong>), na Bacia<br />

<strong>de</strong> Campos, provocou queimadura em 6 pessoas.<br />

• Abril <strong>de</strong> 1988 - Incêndio na plataforma Enchova (Petrobrás).<br />

• Julho <strong>de</strong> 1988 - 167 pessoas morreram quando a Piper Alpha, <strong>da</strong><br />

Occi<strong>de</strong>ntal Petroleum, explodiu no Mar do Norte, após um vazamento<br />

<strong>de</strong> gás. É o pior <strong>de</strong>sastre relacionado a plataformas <strong>de</strong> petróleo.<br />

• Setembro <strong>de</strong> 1988 - Uma refinaria <strong>da</strong> empresa francesa Total<br />

Petroleum explodiu e afundou na costa <strong>de</strong> Bornéu, e 4 trabalhadores<br />

morreram.<br />

• Setembro <strong>de</strong> 1988 - Um incêndio <strong>de</strong>struiu uma plataforma <strong>da</strong><br />

companhia americana <strong>de</strong> perfuração Ocean Odissey, no Mar do Norte.<br />

Um operário morreu.<br />

• Maio <strong>de</strong> 1989 – 3 pessoas ficaram feri<strong>da</strong>s com a explosão <strong>de</strong> uma<br />

plataforma <strong>da</strong> empresa californiana Union Oil Company. Ela operava na<br />

Ensea<strong>da</strong> <strong>de</strong> Cook, no Alasca.


• Novembro <strong>de</strong> 1989 - A explosão <strong>de</strong> uma plataforma <strong>da</strong> Penrod<br />

Drilling, no Golfo do México, <strong>de</strong>ixou 12 trabalhadores feridos.<br />

• Agosto <strong>de</strong> 1991 – 3 pessoas ficaram feri<strong>da</strong>s numa explosão ocorri<strong>da</strong> na<br />

plataforma Fulmar Alpha, <strong>da</strong> Shell, no Mar do Norte.<br />

• Outubro <strong>de</strong> 1991 - 2 operários ficaram gravemente feridos na explosão<br />

em Pargo I, na Bacia <strong>de</strong> Campos - Petrobrás.<br />

• Dezembro <strong>de</strong> 1991 - Um tripulante morreu após uma explosão num<br />

navio petroleiro, no litoral do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

• Março <strong>de</strong> 1992 - Um helicóptero caiu no Mar do Norte, logo após<br />

<strong>de</strong>colar <strong>de</strong> uma plataforma <strong>da</strong> Cormorant Alpha. Onze homens<br />

morreram.<br />

• Janeiro <strong>de</strong> 1995 - 13 pessoas morreram na explosão <strong>de</strong> uma<br />

plataforma <strong>da</strong> Mobil na costa <strong>da</strong> Nigéria. Muitas ficaram feri<strong>da</strong>s.<br />

• Janeiro <strong>de</strong> 1996 - 3 pessoas morreram na explosão <strong>de</strong> uma plataforma<br />

no campo petrolífero <strong>de</strong> Morgan, no Golfo <strong>de</strong> Suez.<br />

• Julho <strong>de</strong> 1998 - Uma explosão na plataforma Golmar Areuel 4<br />

provocou a morte <strong>de</strong> 2 homens.<br />

• Dezembro <strong>de</strong> 1998 - Um operário morreu ao cair <strong>de</strong> uma plataforma<br />

móvel <strong>de</strong> petróleo situa<strong>da</strong> no litoral <strong>da</strong> Escócia.<br />

• Novembro <strong>de</strong> 1999 - Explosão feriu 2 pessoas na plataforma P - 31, na<br />

Bacia <strong>de</strong> Campos - Petrobrás.<br />

• Março <strong>de</strong> 2001 - Explosões na plataforma P- 36, na Bacia <strong>de</strong> Campos,<br />

causou a morte <strong>de</strong> onze operários - Petrobrás.<br />

• Abril <strong>de</strong> 2001 - Um problema na tubulação na plataforma P- 7 <strong>da</strong><br />

Petrobrás, na Bacia <strong>de</strong> Campos, resultou em um vazamento <strong>de</strong> 26 mil<br />

litros <strong>de</strong> óleo no mar .<br />

• Abril <strong>de</strong> 2001 - Aci<strong>de</strong>nte na plataforma P- 7 na Bacia <strong>de</strong> Campos<br />

<strong>de</strong>rramou cerca <strong>de</strong> 98 mil litros <strong>de</strong> óleo no mar, entre as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Campos e Macaé.<br />

• Maio <strong>de</strong> 2001 - Aci<strong>de</strong>nte na plataforma P- 7 na Bacia <strong>de</strong> Campos<br />

ocasionou vazamento <strong>de</strong> óleo. Foram <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong>s duas manchas a uma<br />

distância <strong>de</strong> 85 Km <strong>da</strong> costa. Uma <strong>da</strong>s machas tinha cerca <strong>de</strong> 110 mil<br />

litros e a outra <strong>de</strong> 10 mil litros <strong>de</strong> óleo.<br />

60


• Setembro <strong>de</strong> 2001 - Aci<strong>de</strong>nte na Plataforma P- 12, no campo <strong>de</strong><br />

Linguado, na Bacia <strong>de</strong> Campos - <strong>Petrobras</strong>, ocasionou um vazamento <strong>de</strong><br />

3 mil litros <strong>de</strong> óleo.<br />

ANEXO II<br />

Fonte: website <strong>da</strong> <strong>Petrobras</strong><br />

Certificados ISO 14001, BS 8800 /OHSAS 18001 e ISM CODE na <strong>Petrobras</strong><br />

(Situação em Janeiro <strong>de</strong> 2004 - 57 Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s Certifica<strong>da</strong>s)<br />

A <strong>Petrobras</strong> é uma <strong>da</strong>s primeiras empresas <strong>de</strong> petróleo do mundo, e a<br />

única do Brasil, a ter to<strong>da</strong>s as suas Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Negócios, no país e algumas<br />

no exterior, certifica<strong>da</strong>s pelas normas ISO 14001 (meio ambiente) e BS 8800 ou<br />

OHSAS 18001(segurança e saú<strong>de</strong>) e no caso <strong>de</strong> navios e plataformas <strong>de</strong><br />

autopropulsão, também pelo ISM Co<strong>de</strong>, específico para gestão <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong><br />

embarcações.<br />

I – Exploração e Produção (E&P)<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Certifica<strong>da</strong><br />

Escopo <strong>da</strong><br />

Certificação<br />

Data<br />

Organismo<br />

Certificado<br />

r<br />

61


Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Negócios <strong>de</strong><br />

Exploração e Produção <strong>da</strong><br />

Amazônia – UN- AM<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Negócios <strong>de</strong><br />

Exploração e Produção do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Norte e<br />

Ceará – UN- RNCE<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Negócios <strong>de</strong><br />

Exploração e Produção do<br />

Espírito Santo – UN- ES<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Negócios <strong>de</strong><br />

Exploração e Produção do<br />

Sul – UN- SUL<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Negócios <strong>de</strong><br />

Exploração e Produção <strong>da</strong><br />

Bacia <strong>de</strong> Campos – UN- BC<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Negócios <strong>de</strong><br />

Exploração e Produção <strong>da</strong><br />

Bahia – UN- BA<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Negócios <strong>de</strong><br />

Exploração e Produção <strong>de</strong><br />

Sergipe e Alagoas – UN-<br />

SEAL<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Negócios <strong>de</strong><br />

Exploração e Produção do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro – UN- RIO<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Negócios <strong>de</strong><br />

Exploração e Produção <strong>da</strong><br />

Bacia <strong>de</strong> Solimões – UN-<br />

BSOL<br />

Serviço <strong>de</strong> Aquisição<br />

Geofísica – SC- SAG<br />

Serviços Compartilhados <strong>de</strong><br />

Son<strong>da</strong>gem Auto Elevatória –<br />

SC- SAE<br />

Serviços Compartilhados <strong>de</strong><br />

Engenharia Submarina –<br />

SC- ESUB<br />

Serviços Compartilhados <strong>de</strong><br />

Poços – SC- PO<br />

Serviços Compartilhados <strong>de</strong><br />

Son<strong>da</strong>gem e Logística – SC-<br />

SL<br />

ISO 14001 – BS 8800 Agosto /2001 BVQI<br />

ISO 14001 – BS 8800 Agosto /1998 DNV<br />

ISO 14001 – BS 8800<br />

ISO 14001 – BS 8800 e<br />

ISM CODE<br />

ISO 14001 – BS 8800 -<br />

ISM CODE<br />

Dezembro / 2<br />

001<br />

Maio/2001<br />

Junho/2001<br />

DNV<br />

ABS<br />

BVQI<br />

ISO 14001 – BS 8800 Maio/2001 DNV<br />

ISO 14001 – BS 8800 Junho/2001 BQVI<br />

ISO 14001 – BS 8800 Junho/2001 BQVI<br />

ISO 14001 – OHSAS<br />

18001<br />

ISO 14001 – BS 8800<br />

Agosto /2001<br />

Outubro / 2 0 0<br />

1<br />

BVQI<br />

DNV<br />

ISO 14001 – BS 8800 Julho/2001 ABS<br />

ISO 14001 – BS 8800 Julho/2001 BVQI<br />

ISO 14001 – BS 8800 Julho/2001 BVQI<br />

ISO 14001 – BS 8800 –<br />

ISM CODE<br />

Julho/2001<br />

BVQI<br />

II – Abastecimento – Refino<br />

62


Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Certifica<strong>da</strong><br />

Escopo <strong>da</strong><br />

Certificação<br />

Data<br />

Organismo<br />

Certificado<br />

r<br />

Refinaria Landulpho Alves<br />

- UN- RLAM<br />

ISO 14001 – BS 8800<br />

Setembro / 19<br />

99<br />

BVQI<br />

Refinaria Presi<strong>de</strong>nte<br />

Bernar<strong>de</strong>s - UN- RPBC<br />

Refinaria Presi<strong>de</strong>nte Getúlio<br />

Vargas - UN- REPAR<br />

Refinaria <strong>de</strong> Paulínia - UN-<br />

REPLAN<br />

Refinaria Henrique Lage -<br />

UN- REVAP<br />

Refinaria Duque <strong>de</strong> Caxias<br />

- UN- REDUC<br />

Lubrificantes e Derivados<br />

<strong>de</strong> Petróleo Nor<strong>de</strong>ste - UN-<br />

LUBNOR<br />

Refinaria <strong>de</strong> Capuava - UN-<br />

RECAP<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Negócio <strong>da</strong><br />

Industrialização do Xisto -<br />

UN- SIX<br />

Refinaria <strong>de</strong> Manaus - UN-<br />

REMAN<br />

Refinaria Gabriel Passos -<br />

UN- REGAP<br />

Refinaria Alberto Pasqualini<br />

- UN- REFAP<br />

Fábricas <strong>de</strong> Fertilizantes<br />

Nitrogenados - UN- FAFEN<br />

- BA e SE<br />

ISO 14001 - BS<br />

8800/OHSAS 18001<br />

ISO 14001 - OHSAS<br />

18001<br />

Novembro / 1<br />

999<br />

Julho/2000<br />

Maio/2000<br />

Fun<strong>da</strong>ção<br />

Vanzolini<br />

ABS<br />

ISO 14001 - BS 8800 Junho/2001 BVQI<br />

ISO 14001 - OHSAS<br />

18001<br />

ISO 14001 – BS 8800<br />

ISO 14001 - OHSAS<br />

18001<br />

ISO 14001 - OHSAS<br />

18001<br />

ISO 14001 – OHSAS<br />

18001<br />

ISO 14001 - ISO 9001 -<br />

OHSAS 18001<br />

ISO 14001 – OHSAS<br />

18001<br />

ISO 14001 – OHSAS<br />

18001<br />

ISO 14001 – BS 8800<br />

Agosto /2001<br />

Outubro / 2 0 0<br />

1<br />

Outubro / 2 0 0<br />

1<br />

Novembro / 2<br />

001<br />

Novembro / 2<br />

001<br />

Novembro / 2<br />

001<br />

Novembro / 2<br />

001<br />

Dezembro / 2<br />

001<br />

Dezembro / 2<br />

001<br />

Fun<strong>da</strong>ção<br />

Vanzolini<br />

DNV<br />

DNV<br />

DNV<br />

Fun<strong>da</strong>ção<br />

Vanzolini<br />

Fun<strong>da</strong>ção<br />

Vanzolini<br />

ABS<br />

BVQI<br />

BVQI<br />

III – <strong>Petrobras</strong> Transporte S.A. – Transpetro<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Certifica<strong>da</strong><br />

Escopo <strong>da</strong><br />

Certificação<br />

Data<br />

Organismo<br />

Certificado<br />

r<br />

<strong>Petrobras</strong> Transporte S.A. -<br />

TRANSPETRO<br />

ISO 9001 - ISO 14001 -<br />

OHSAS 18001<br />

Dezembro / 2<br />

003<br />

BVQI<br />

Fun<strong>da</strong>ção<br />

Vanzolini<br />

63


Frota Nacional <strong>de</strong><br />

Petroleiros - FRONAPE<br />

ISM CODE - ISO 14001<br />

Fevereiro/20<br />

00<br />

Maio/2002<br />

BV/DNV<br />

BVQI<br />

IV – Engenharia<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Certifica<strong>da</strong><br />

Escopo <strong>da</strong><br />

Certificação<br />

Data<br />

Organismo<br />

Certificado<br />

r<br />

Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>da</strong> Obra<br />

para Construção <strong>da</strong> Região<br />

Norte (SEGEN/CONOR -<br />

Urucu e REMAN)<br />

ISO 14001 - BS 8800<br />

Dezembro / 1<br />

998<br />

Janeiro/2000<br />

BVQI<br />

Implementação <strong>de</strong><br />

Empreendimentos para a<br />

Refinaria Gabriel Passos -<br />

REGAP -<br />

ENGENHARIA/IEABAST/IER<br />

G<br />

ISO 14001 - ISO 9001 -<br />

OHSAS 18001<br />

Março/2002<br />

BVQI<br />

V – Pesquisa e Desenvolvimento<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Certifica<strong>da</strong><br />

Centro <strong>de</strong> Pesquisas e<br />

Desenvolvimento Leopoldo<br />

A. Miguez <strong>de</strong> Mello -<br />

CENPES<br />

Escopo <strong>da</strong><br />

Certificação<br />

ISO 14001 - OHSAS<br />

18001<br />

Data<br />

Novembro / 2<br />

001<br />

Organismo<br />

Certificado<br />

r<br />

DNV<br />

64


VI – Área <strong>de</strong> Negócios Internacional<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Certifica<strong>da</strong><br />

Escopo <strong>da</strong><br />

Certificação<br />

Data<br />

Organismo<br />

Certificado<br />

r<br />

Refinaria Gualberto<br />

Villarroel Empresa<br />

Boliviana <strong>de</strong> Refinación S.A.<br />

ISO 14001 - BS 8800<br />

Setembro / 20<br />

02<br />

BVQI<br />

Refinaria Guillermo El<strong>de</strong>r<br />

Bell Empresa Boliviana <strong>de</strong><br />

Refinación S.A.<br />

Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Negócios <strong>da</strong><br />

Colômbia(UN- COL)<br />

Ativo <strong>de</strong> E&P <strong>de</strong> San<br />

Alberto - UN- BOL<br />

Ativo <strong>de</strong> E&P <strong>de</strong> San<br />

Antonio - UN- BOL<br />

Petroquímica INNOVA -<br />

Brasil - PESA<br />

ISO 14001 - OHSAS<br />

18001<br />

ISO 14001 - OHSAS<br />

18001<br />

ISO 14001 - OHSAS<br />

18001<br />

ISO 14001 - OHSAS<br />

18001<br />

ISO 9001 - ISO 14001 -<br />

OHSAS 18001<br />

Outubro / 2 0 0<br />

2<br />

Dezembro / 2<br />

002<br />

Setembro / 20<br />

03<br />

Dezembro / 2<br />

003<br />

Dezembro / 2<br />

002<br />

BVQI<br />

BVQI<br />

TUV<br />

Rheinland<br />

TUV<br />

Rheinland<br />

BVQI<br />

65

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