Guia de Boa Prática de Cuidados de Enfermagem à Pessoa

Guia de Boa Prática de Cuidados de Enfermagem à Pessoa Guia de Boa Prática de Cuidados de Enfermagem à Pessoa

ordemenfermeiros.pt
from ordemenfermeiros.pt More from this publisher
05.01.2015 Views

Guia dE BOa Prática dE cuidadOs dE EnfErmaGEm à PEssOa cOm traumatismO VértEBrO‐mEdular Nível de Lesão Completa Acima de C3 C3 a C5 C6 a T11 Abaixo de T12 Função Respiratória • Paralisia do diafragma, com incapacidade de manter a ventilação. • Variáveis graus de disfunção do diafragma, podendo apresentar incapacidade na manutenção da ventilação. • Perda ou compromisso dos músculos intercostais e dos músculos abdominais. • Reduzida capacidade inspiratória, padrões de respiração paroxística, diminuta mobilidade torácica, tosse ineficaz. • Ventilação não afectada. O compromisso das trocas gasosas pode ocorrer nos TVM em consequência de: hipoventilação (paralisia dos músculos respiratórios); aumento das secreções brônquicas (limpeza ineficaz das vias respiratórias por depressão do reflexo da tosse); inadequada difusão dos gases; shunt secundário a atelectasia; lesões pulmonares. (121) A limpeza ineficaz das vias respiratórias é um problema particular dos TVM em consequência do aumento das secreções brônquicas, de atelectasias secundárias a depressão da tosse. (121) A pessoa com lesões de T6 ou acima está em alto risco de aspiração das secreções gástricas ou resíduos do tubo alimentar, pois a diminuição da motilidade gástrica pode resultar em retenção e refluxo. Por sua vez a depressão do reflexo da tosse inibe a expulsão do material aspirado. (121) Gastrointestinais O funcionamento dos segmentos do aparelho digestivo está alterado: o esvaziamento gástrico é lentificado e a secreção ácida alterada; a dilatação gástrica aguda e o íleos paralítico poderão levar à insuficiência respiratória, ao limitar a excursão diafragmática, bem como causar vómitos e consequente aspiração; a esofagite de refluxo pode surgir por atonia do cárdia; hemorragias do aparelho digestivo surgem muitas vezes devido a úlceras de stress. (2) Na fase inicial da LM, o choque medular implica uma paralisia da função anorrectal, a retenção, e podedesenvolver‐se meteorismo nas primeiras horas. Esta situação, se negligenciada, pode dar origem a fecalomas, ou mesmo oclusão intestinal. (33)(106) 241

cadErnOs OE Lesões no SNC interrompem as vias nervosas entre o cérebro, a medula espinhal e o aparelho digestivo, podendo provocar o denominado intestino neurogénico. (33) Nas pessoas com lesão completa da medula espinhal e em muitas com lesão incompleta, após o choque medular, não há controlo voluntário da defecação ou do esfíncter anal, apresentando essencialmente dois tipos de intestino neurogénico: reflexo e autónomo. Intestino Neurogénico Reflexo Ocorre em lesões da medula espinhal acima de T12‐L1, estando associadas a esta disfunção a tetraplegia, a paraplegia torácica alta. (33) Na maioria dos casos, a sensibilidade intestinal e nadegueira está diminuída ou ausente e os reflexos bulbocavernoso e anal estão aumentados. Os segmentos S2‐S4 estão intactos, a incontinência fecal ocorre subitamente como parte de um reflexo de massa, provocado pelo acumular de fezes no recto e consequente distensão. (33) A inervação parassimpática mantém a tonicidade do esfíncter anal, não existindo incontinência fecal no intervalo dos movimentos de massa. (33) Fig. 21 – Intestino Neurogénico Reflexo: 1) Impulsos nervosos descendentes; 2) Vias nervosas entre cérebro e medula interrompidas com lesões acima de T12‐L1; 3) Preservação do reflexo espinhal dos segmentos S2‐S4; 4) Fibras nervosas aferentes; 5) Fibras nervosas eferentes; 6) Fibras parassimpáticas. Modificado de (33) . Intestino Neurogénico Autónomo Ocorre em lesões da medula espinhal a nível de T12 ou L1 ou abaixo, estando normalmente associadas a paraplegia. (33) 242

<strong>Guia</strong> dE BOa Prática dE cuidadOs dE EnfErmaGEm<br />

à PEssOa cOm traumatismO VértEBrO‐mEdular<br />

Nível <strong>de</strong> Lesão<br />

Completa<br />

Acima <strong>de</strong> C3<br />

C3 a C5<br />

C6 a T11<br />

Abaixo <strong>de</strong> T12<br />

Função Respiratória<br />

• Paralisia do diafragma, com incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter a ventilação.<br />

• Variáveis graus <strong>de</strong> disfunção do diafragma, po<strong>de</strong>ndo apresentar<br />

incapacida<strong>de</strong> na manutenção da ventilação.<br />

• Perda ou compromisso dos músculos intercostais e dos músculos<br />

abdominais.<br />

• Reduzida capacida<strong>de</strong> inspiratória, padrões <strong>de</strong> respiração paroxística,<br />

diminuta mobilida<strong>de</strong> torácica, tosse ineficaz.<br />

• Ventilação não afectada.<br />

O compromisso das trocas gasosas po<strong>de</strong> ocorrer nos TVM em consequência<br />

<strong>de</strong>: hipoventilação (paralisia dos músculos respiratórios); aumento das<br />

secreções brônquicas (limpeza ineficaz das vias respiratórias por <strong>de</strong>pressão do<br />

reflexo da tosse); ina<strong>de</strong>quada difusão dos gases; shunt secundário a atelectasia;<br />

lesões pulmonares. (121)<br />

A limpeza ineficaz das vias respiratórias é um problema particular dos TVM<br />

em consequência do aumento das secreções brônquicas, <strong>de</strong> atelectasias secundárias<br />

a <strong>de</strong>pressão da tosse. (121)<br />

A pessoa com lesões <strong>de</strong> T6 ou acima está em alto risco <strong>de</strong> aspiração das<br />

secreções gástricas ou resíduos do tubo alimentar, pois a diminuição da motilida<strong>de</strong><br />

gástrica po<strong>de</strong> resultar em retenção e refluxo. Por sua vez a <strong>de</strong>pressão do<br />

reflexo da tosse inibe a expulsão do material aspirado. (121)<br />

Gastrointestinais<br />

O funcionamento dos segmentos do aparelho digestivo está alterado: o<br />

esvaziamento gástrico é lentificado e a secreção ácida alterada; a dilatação<br />

gástrica aguda e o íleos paralítico po<strong>de</strong>rão levar à insuficiência respiratória, ao<br />

limitar a excursão diafragmática, bem como causar vómitos e consequente<br />

aspiração; a esofagite <strong>de</strong> refluxo po<strong>de</strong> surgir por atonia do cárdia; hemorragias<br />

do aparelho digestivo surgem muitas vezes <strong>de</strong>vido a úlceras <strong>de</strong> stress. (2)<br />

Na fase inicial da LM, o choque medular implica uma paralisia da função<br />

anorrectal, a retenção, e po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>senvolver‐se meteorismo nas primeiras<br />

horas. Esta situação, se negligenciada, po<strong>de</strong> dar origem a fecalomas, ou mesmo<br />

oclusão intestinal. (33)(106)<br />

241

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!