Edição nº 195 - Exército

6 - AZIMUTE 194
Mensagem do Diretor
Honorário da Arma de
Infantaria
Certezas e incertezas
Os Infantes, por norma, são pessoas simples que não exigem
grandes explicações, pois são formados e preparados para
SERVIR em qualquer situação, das mais simples às mais complexas, e
acreditam, intrinsecamente, nos valores e princípios que enformam
a Instituição Militar.
Todavia, o Infante sabe, porque para isso é treinado, que
para sobreviver no campo de batalha não bastam os valores e os
princípios. Para nele sobreviver ele tem de ser conhecedor e compreender
o conceito de operação do comandante por forma a que,
na sua ausência, o combatente continue a cumprir a sua missão de
acordo com o AZIMUTE traçado. Ora, um azimute, como sabemos,
dá-nos uma direção mas não nos define um objetivo. É talvez esta
visão redutora da palavra azimute, ao não ser interpretada como
objetivo, que tem trazido os militares em geral, e os Infantes em particular,
“inquietos”. Como é costume dizer-se, “os conceitos têm de
ser simples, para militar perceber”. Quem não nos conhece interpreta,
erradamente, esta necessidade de clareza de linguagem como
falta de inteligência, de cultura, de visão. Nada de mais errado. O
Infante precisa de conceitos claros e precisos porque não pode ter
dúvidas sobre o objetivo a atingir mesmo que isso possa exigir-lhe o
sacrifício da própria vida.
Vivendo Portugal uma crise financeira, que dizem muito profunda,
os Infantes começam por acreditar - a verdade é um dos valores
que nos é ensinado e a responsabilidade algo que é vivido - e,
rapidamente, tomam as medidas consideradas necessárias e ao seu
alcance por forma a continuarem a cumprir a sua missão. Aceitam,
enquanto acreditam, mais sacrifícios, menos descanso, menos consideração
e, pasme-se, até cortes salariais, sem contestação. Ou seja,
digam com clareza o que se pretende, fale-se verdade, definam-se
objetivos baseados em racionais lógicos e compreensíveis e, se-