Edição nº 195 - Exército
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22 - Testemunhos<br />
lavadinho e passarinho a ferro para ir para a formatura – tudo bonito<br />
– não parece de homem pois não (segundo o padrão)<br />
Mais tarde fiquei muito triste porque o Amaral (o responsável<br />
por ter tratado da minha roupa) teve de forçosamente desistir do<br />
curso devido a problemas cardíacos – ia tendo um colapso durante<br />
a instrução – que grande susto – tenho pena de não saber nada<br />
dele; ficou na minha memória a camaradagem, generosidade e cavalheirismo<br />
de um homem que, mesmo em ambiente hostil, revelou<br />
grande altivez de comportamento – esteja ele onde estiver espero<br />
que esteja feliz.<br />
Mas não pensem que as boas memórias vêm só dos Praças;<br />
Sargentos e Oficiais também estão bem patentes na minha aprendizagem<br />
– mal que assim não fosse!<br />
Como por exemplo uma Primeiro-Sargento que me induziu<br />
a aprender que, qualquer que seja a circunstância, uma mulher é<br />
uma mulher e porta-se à altura de “M” Grande; mas de facto foram<br />
militares Oficiais que me inspiraram a traçar um perfil de líder que<br />
eu quero ser.<br />
Nomeadamente uma passagem no extinto vale escuro ao<br />
qual tínhamos de fazer chegar uma mensagem ao comandante de<br />
companhia e eu, na minha condição de mulher, perante as circunstâncias,<br />
não fui perspicaz o suficiente para esconder a mensagem<br />
e levá-la a bom porto – não imaginam a cara de desilusão do comandante<br />
de companhia quando percebeu que cheguei ao pé dele<br />
sem mensagem e, pior, sem arma – nunca mais me vou esquecer<br />
daquela expressão – mesmo agora quando escrevo tenho vontade<br />
de chorar porque foi o que tive vontade de fazer quando ele me<br />
perguntou – “não tem nada para me dar” – gelei completamente<br />
mas contive-me – “meu Deus como pude permitir tal coisa”, seguindo-se<br />
um sermão e ainda foi pior quando ele me devolveu a arma<br />
que eu permiti que me tirassem – à força – mas fiquei sem ela.<br />
Naquele dia aprendi que no dia em que for líder não poderei<br />
desiludir os meus homens para não ver nos olhos de quem confiou<br />
em mim a mesma expressão daquele comandante que tinha grande<br />
expectativa e que eu desiludi completamente.<br />
Mas entre as memórias também ficam um sem número de<br />
passagens caricatas com Oficiais Superiores – nomeadamente com<br />
animais de estimação.<br />
Hoje, na vida civil e Bombeiro de Profissão, divido a casa<br />
com 2 amigos que trouxe da EPI que estavam debaixo da caldeira<br />
da cozinha abandonados – o KIKO e o DUFI, na realidade eram<br />
3 gatos a Furriel Ribeiro adoptou 1, o Patinhas; mas o caricato não<br />
foi a adoção foi a parte em que, depois de muito discutir, com um<br />
Sargento-Ajudante que destino dar aos animais e insistir falar com<br />
o Sr. Comandante, entrei pelo seu gabinete dentro, completamente<br />
desvairada com a situação, e com os animaizinhos dentro da boina<br />
– “3 dentro de uma boina (vejam como os bichos eram grandes)