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Edição nº 195 - Exército

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16 - Testemunhos<br />

Testemunho sobre a EPI, COM 1961<br />

Entre Agosto e Janeiro de 1961, a EPI foi realmente a minha casa.<br />

Aí participei, como cadete, no Curso de Oficiais Milicianos, o primeiro<br />

depois do início da guerra em Angola. Ao princípio foi um choque. Vinha<br />

das lutas estudantis, do ambiente académico de Coimbra e era contra<br />

o regime.<br />

A instrução era dura e rigorosa, mas marcou-nos: preparação<br />

física, auto disciplina, ética militar, espírito de corpo, capacidade de sofrimento<br />

e de auto superação. Mais tarde, em Angola, como comandante<br />

de pelotão, compreendi a importância da preparação recebida na EPI.<br />

Lembro os instrutores, então tenentes, Gueifão Ferreira e Ramalho Eanes.<br />

E hoje recordo o que dizia o capitão Mokenko: “De aqui a 50 anos, os<br />

nossos cadetes ainda hão de ter saudades de Mafra”. Na altura, parecianos<br />

impossível. Mas ele tinha razão.<br />

Por mais estranho que pareça, às vezes tenho saudades da EPI,<br />

dos meus camaradas e das longas, absurdas e gloriosas marchas entre<br />

Mafra e Ericeira.<br />

Manuel Alegre de Melo Duarte, poeta<br />

De Outubro de 1969 a Março de 1970 passei 6 meses da minha<br />

vida na EPI donde saí como aspirante da Arma de Infantaria e com a<br />

especialidade de Armas Pesadas.<br />

Foram meses simultaneamente agradáveis e difíceis. Difíceis para<br />

quem ou estava habituado à comodidade do sofá, ou não gostava de<br />

exercício físico. Fácil para os que se enquadravam na visão oposta. Recordo<br />

os chamamentos às 23:30h para a realização de exercícios noturnos<br />

junto ao Rio Lisandro, sob frio e chuva e que acabavam pela madrugada.<br />

Recordo os exercícios finais de três dias calcorreando a Serra de<br />

Montejunto. Recordo o sacrifício; mas não o reneguei ou recusei.<br />

Só se aprende a valorizar algumas coisas quando percebemos as<br />

dificuldades em as adquirir e manter, ou quando se sente a amargura da<br />

sua ausência. Também aprendi em Mafra algo sobre a Instituição Militar.<br />

Os rituais, as continências, os toques de corneta, as marchas enquadravam-se<br />

num propósito de disciplinar os comportamentos e dar-lhes um<br />

padrão de coerência.<br />

A realização de cada um de nós cidadãos também depende<br />

da nossa inserção em organizações, e do modo como elas reagem, se<br />

comportam, e são ou não eficazes. Só se pode gostar de algo quando o<br />

procuramos perceber, e, chegado esse momento, o procuramos preservar.<br />

Por isso, gostei de Mafra, da EPI e da Instituição Militar.<br />

Recordá-la-ei até ao fim da minha vida ciente de que servi um<br />

pilar da nossa vida coletiva, da nossa independência (onde é que ela já<br />

vai!!!) e do nosso destino.<br />

Ângelo Correia, presidente do conselho de administração da<br />

FomentInvest

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