Edição nº 195 - Exército

12 - Testemunhos
Do Outro Lado da Porta
Do outro lado da porta está a EPI. Do outro lado da porta
há sempre a chave para a abrir. Do outro lado da porta há sempre
alguém que a abre.
Do outro lado da porta estava o mundo militar que nos
intimidava, que nos intrigava e que nos fascinava. Intimidava pelo
desconhecimento das razões da sua formação sempre ordenada.
Intrigava-nos porque não sabíamos o que se passava no seio de
uma organização aparentemente apostada em se fechar sobre si
mesma. Fascinava-nos todo um imaginário que se construía à volta
do sacrifício e da heroicidade. Esta era, em linhas gerais, a percepção
que, de uma forma mais ou menos generalizada, se tinha desse
mundo que vivia apartado do resto da comunidade.
O convívio com o quotidiano da EPI e o conhecimento do
que se vive e como vive nesta Escola colocaram-nos em contacto
com uma realidade que nada tem a ver com a forma distante como
eram (são) vistos os militares.
A par do rigor e disciplina que enformam o seu espírito de
corpo, há a herança, o peso de uma herança que durante séculos
foi caldeando uma postura de respeito e de disponibilidade mas que
soube deixar espaço para se ir modelando às exigências de abertura
da contemporaneidade.
Na EPI tivemos oportunidade de encontrar pessoas dialogantes,
pessoas abertas e pessoas compreensivas. Pessoas exigentes
e respeitadoras. Aqui, pudemos entender que o verdadeiro sentido
da camaradagem assenta em cumplicidades que se traduzem
num reforço das relações humanas.
Com pessoas assim, o nosso relacionamento é simultaneamente
fácil e difícil. Fácil porque sabemos sempre com o que contamos
e difícil porque nunca sabemos se podemos corresponder com
o mesmo grau de expectabilidade.
Do outro lado da porta ouvimos sempre um vamos equacionar,
vamos ponderar e vamos avaliar. Do outro lado da porta