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Espalhamento por Dispersões<br />

Diluídas <strong>de</strong> Ferrofluidos<br />

<strong>em</strong> Géis Poliméricos<br />

Alvaro Vianna N. <strong>de</strong> C. Teixeira


UNIVERSITE JOSEPH FOURIER - GRENOBLE 1<br />

U.F.R. DE PHYSIQUE<br />

N ± attribue par la bibliothµeque<br />

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THESE<br />

pour obtenir le gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> DOCTEUR DE<br />

L'UNIVERSITE JOSEPH FOURIER - GRENOBLE 1<br />

Discipline: PHYSIQUE<br />

presentee et soutenue publiqu<strong>em</strong>ent<br />

par<br />

Alvaro VIANNA NOVAES DE CARVALHO TEIXEIRA<br />

le 4 avril 2002<br />

Titre: DIFFUSION PAR DISPERSIONS DILUEES<br />

DE FERROFLUIDES DANS DES GELS POLYMERIQUES<br />

Jury:<br />

M. Oscar NASSIF DE MESQUITA (Presi<strong>de</strong>nt)<br />

Mme. Fran»coise BLEY<br />

M. Erik GEISSLER (Co-directeur <strong>de</strong> thµese)<br />

M. Pedro LICINIO DE MIRANDA BARBOSA (Co-directeur <strong>de</strong> thµese)<br />

M. Ant^onio MARTINS FIGUEIREDO NETO (Invite)<br />

Mme. A<strong>de</strong>lina PINHEIRO SANTOS (Invitee)<br />

Mme. Iris TORRIANI<br />

(Invitee)


ESPALHAMENTO POR DISPERSÕES<br />

DILUÍDAS DE FERROFLUIDOS EM<br />

GÉIS POLIMÉRICOS<br />

por<br />

Alvaro Vianna N. <strong>de</strong> C. Teixeira<br />

Orientadores:<br />

Pedro Licinio <strong>de</strong> Miranda Barbosa - UFMG (Brasil).<br />

Erik Geissler - UJF (França).<br />

<strong>Tese</strong> apresentada à <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais (UFMG)<br />

eàUniversité Joseph Fourier (UJF) pelo acordo COTUTELA entre<br />

as duas universida<strong>de</strong>s.<br />

Fevereiro - 2002


Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Ao chefe e amigo Pedro Licinio <strong>de</strong> Miranda Barbosa que, durante nove anos <strong>de</strong><br />

convivência, soube incentivar e valorizar nosso trabalho e esteve s<strong>em</strong>pre disponível e<br />

aberto às discussões.<br />

Ao “chef” e também amigo Erik Geissler pela orientação e acolhimento durante<br />

minha estada <strong>em</strong> Grenoble.<br />

Aosmeusqueridospais. Todasasconquistaseu<strong>de</strong>voavocês! Dizer apenas<br />

obrigado me parece pouco e inapropriado para expressar minha gratidão. Minhas<br />

irmãzinhas também entram nessa: valeu Mônca, valeu Si!<br />

À todas as pessoas do grupo ORMA - Organisation et Dynamique <strong>de</strong>s Milieux<br />

Macromoléculaires da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> Joseph Fourier, <strong>em</strong> Grenoble, pela recepção tão<br />

gentil e pela ajuda durante as medidas <strong>de</strong> SAXS. Além disso gostaria <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer a<br />

Isabelle Morfin pelaconvivência tão alegre e amigável; Françoise Ehrburger-Dolle<br />

pela enorme amiza<strong>de</strong> e apoio <strong>em</strong> todos os momentos, e por todas as discussões<br />

eauxílios computacionais nas horas <strong>de</strong> aperto; Anne-Marie Hecht pela simpatia e<br />

companheirismo, e pelas discussões absolutamente essenciais sobre SANS; Cyrille<br />

Rochas pelo companheirismo, pelo ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> serieda<strong>de</strong> e pela ajuda computacional<br />

(e pelas uvas!!) e, finalmente, a minha querida companheira <strong>de</strong> sala Nádya Pesce da<br />

Silveira que foi meu apoio <strong>em</strong> muitos momentos, mais do que ela imagina!<br />

Aos irmãozinhos Maria Eugênia Silva Nunes e Flávio <strong>de</strong> Jesus Resen<strong>de</strong> pela<br />

enorme amiza<strong>de</strong> e pelas tão proveitosas discussões e sugestões. Deus quando fez<br />

vocês jogou a forma fora <strong>de</strong>pois.<br />

À minha querida amiga Geraldine Mastrot pelo incentivo e suporte constante,<br />

principalmente nos últimos 100 metros e pela mão com o francês.<br />

À minha querida Luciana Fonseca Moura que aguentou as pontas nos primeiros<br />

anos, tendo paciência, compreensão e carinho.<br />

Aos amigos Luiz Cláudio <strong>de</strong> Meira-Belo e Cibele Konzen pelas discussões e dicas,<br />

etambém pela gran<strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>.<br />

i


À Marluce R. G. Petinelli e ao professor Jafferson Kamphorst Leal da Silva por<br />

ajudar<strong>em</strong> a resolver todos os pepinos burocráticos e administrativos concernetes ao<br />

doutorado-sanduiche.<br />

Aos amigos Stephen Patrick Walborn e Cezar Welter pela ajuda com o computador<br />

e, obviamente, pela amiza<strong>de</strong>.<br />

À todas as pessoas, amigos e conhecidos que ajudaram a tornar o trabalho mais<br />

fácil e a vida mais leve. E mesmo às pessoas não tão amigas, mas que tornaram o<br />

trabalho um <strong>de</strong>safio mais elaborado e a vida uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amadurecimento.<br />

À todas as pessoas que eu esqueci <strong>de</strong> mencionar, mas que tenho certeza que me<br />

l<strong>em</strong>brarei um dia <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> entregar a tese.<br />

À Margarida Souza por toda a ajuda <strong>em</strong> Grenoble.<br />

Ao agressivo-crocodilo-gelatinoso-homicida-mutante-psicopata que se <strong>de</strong>senvolveu<br />

no meu banheiro nos primeiros meses <strong>em</strong> Grenoble e que ainda continua no meu<br />

coração.<br />

À Bill Watterson por criar a mais importante obra da humanida<strong>de</strong> entitulada<br />

“Calvin e Haroldo”.<br />

E, finalmente, à Deus por ter inventado a natureza e toda sua complexida<strong>de</strong>... Se<br />

não fosse por isso estaríamos todos <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregados!<br />

Este trabalho foi parcialmente financiado pelo Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

Científico e Tecnológico (CNPq) - bolsa <strong>de</strong> doutorado; e pela Coor<strong>de</strong>nação<br />

<strong>de</strong> Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong> Nível Superior (CAPES) - bolsa <strong>de</strong> doutorado<br />

sanduiche.<br />

ii


iii


RESUMO<br />

ESPALHAMENTO POR DISPERSÕES DILUÍDAS<br />

DE FERROFLUIDOS EM GÉIS POLIMÉRICOS<br />

Ferrofluidos são soluções coloidais <strong>de</strong> partículas nanométricas associadas a um<br />

dipolo magnético permanente, resultando <strong>em</strong> um líquido que respon<strong>de</strong> a estímulos<br />

magnéticos. A dispersão <strong>de</strong> ferrofluidos <strong>em</strong> géis poliméricos leva a outro tipo <strong>de</strong><br />

material conhecido como gel magnético ou ferrogel. Apresentamos nesse estudo<br />

medidas <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> soluções diluídas <strong>de</strong> ferrofluidos <strong>de</strong> magnetita <strong>em</strong> géis <strong>de</strong><br />

poli(acrilamida)/metileno-bisacrilamida usando espalhamento <strong>de</strong> luz, espalhamento<br />

<strong>de</strong>raiosXabaixosângulos (SAXS) e espalhamento <strong>de</strong> nêutrons a baixos ângulos<br />

(SANS). Os resultados da intensida<strong>de</strong> espalhada <strong>em</strong> função do vetor <strong>de</strong> espalhamento<br />

I(q) mostraram que as partículas magnéticas aglomeram-se como pequenos<br />

agregados fractais compactos, com cerca <strong>de</strong> 200 a 300 partículas e dimensão fractal<br />

D ≈ 2, 9. Interpretamos os resultados como uma consequência da r<strong>em</strong>oção do<br />

surfatante da superfície das partículas pelo gel, levando àumaagregação irreversível<br />

das partículas. Estudamos também o efeito na intensida<strong>de</strong> espalhada aplicando-se um<br />

campo mangético perpendicular ao feixe inci<strong>de</strong>nte. Os dados experimentais <strong>de</strong> SAXS<br />

concordam com o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> agregados elipsoidais se orientando com o campo e com<br />

omomentomagnético efetivo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da concentração do gel. Usando espalhamento<br />

<strong>de</strong> luz os efeitos <strong>de</strong> interação entre as partículas são predominantes <strong>de</strong> modo<br />

que a anisotropia da intensida<strong>de</strong> espalhada é contrária da observada com SAXS. Num<br />

segundo momento investigamos a dinâmica dos ferrogéis pela técnica <strong>de</strong> correlação<br />

<strong>de</strong> fótons, on<strong>de</strong> as partículas magnéticas atuam como traçadores. Os resultados<br />

concordam com o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Rouse com uma difusivida<strong>de</strong> inicialmente<br />

constante passando a um regime anômalo. Observamos que o t<strong>em</strong>po<br />

característicodapassag<strong>em</strong>dosregimes<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>dovetor<strong>de</strong>espalhamentocomτ ∝ q −2 .<br />

iv


RÉSUMÉ<br />

DIFFUSION PAR DISPERSIONS DILUÉES<br />

DE FERROFLUIDES DANS DES GELS POLYMERIQUES<br />

Les ferroflui<strong>de</strong>s sont <strong>de</strong>s solutions colloïdales <strong>de</strong> particules nanométriques associées<br />

àundipôle magnétique permanent. La dispersion <strong>de</strong>s ferroflui<strong>de</strong>s dans un gel polymère<br />

produit un autre type <strong>de</strong> matériau connu sous le nom <strong>de</strong> gel magnétique ou ferrogel.<br />

Nous présentons, dans ce travail, les résultats expérimentaux <strong>de</strong> diffusion <strong>de</strong> rayonn<strong>em</strong>ent<br />

par <strong>de</strong>s solutions diluées <strong>de</strong> ferroflui<strong>de</strong>s <strong>de</strong> magnétite dispersées dans <strong>de</strong>s gels <strong>de</strong><br />

poly(acrylami<strong>de</strong>) / méthylène-bisacrylami<strong>de</strong> en utilisant <strong>de</strong>s techniques <strong>de</strong> diffusion<br />

<strong>de</strong> la lumière, diffusion <strong>de</strong>s rayons X aux petits angles (SAXS) et diffusion <strong>de</strong>s neutrons<br />

aux petits angles (SANS). Les résultats <strong>de</strong> l’intensité diffusée I(q), en fonction du<br />

vecteur <strong>de</strong> diffusion, q, montrent que les particules magnétiques forment <strong>de</strong>s amas<br />

fractales <strong>de</strong>nses avec environ 200 à 300 particules par amas et dont la dimension<br />

fractale D est approximativ<strong>em</strong>ent 2,9. Selon nous, ces résultats sont une conséquence<br />

<strong>de</strong> la disparition du surfactant <strong>de</strong> la surface <strong>de</strong>s particules par le gel conduisant<br />

ainsi àl’agrégation irréversible <strong>de</strong>s particules. Nous avons égal<strong>em</strong>ent étudié l’effet<br />

sur l’intensité diffusée <strong>de</strong> l’application d’un champ magnétique perpendiculaire au<br />

faisceau inci<strong>de</strong>nt. Les résultats expérimentaux par SAXS coïnci<strong>de</strong>ntavecl<strong>em</strong>odèle<br />

<strong>de</strong>samasellipsoïdaux dans lequel le moment magnétique effectif est une fonction <strong>de</strong><br />

la concentration du gel. Pour la diffusion <strong>de</strong> la lumière les effets <strong>de</strong>s interactions entre<br />

lesparticulessontimportantsetl’anisotropie<strong>de</strong>l’intensitédiffusée est inversée par<br />

rapport àcell<strong>em</strong>esurée par SAXS. Final<strong>em</strong>ent nous avons étudié la dynamique <strong>de</strong>s<br />

ferrogels en utilisant la technique <strong>de</strong> corrélation <strong>de</strong> photons où les particules agissent<br />

comme <strong>de</strong>s traceurs. Les résultats coïnci<strong>de</strong>ntavecl<strong>em</strong>odèle<strong>de</strong>diffusion <strong>de</strong>s réseaux<br />

<strong>de</strong> Rouse avec une diffusion initial<strong>em</strong>ent libre suivie d’un régime anomal. Le t<strong>em</strong>ps<br />

caractéristique du passage d’un régime à l’autre dépend du vecteur <strong>de</strong> diffusion comme<br />

τ ∝ q −2 .<br />

v


ABSTRACT<br />

SCATTERING FROM DILUTES DISPERSIONS<br />

OF FERROFLUIDS IN POLYMERIC GELS<br />

Ferrofluids are colloidal solutions of nanometric particles with an associated permanent<br />

magnetic dipole, resulting in a liquid that responds to magnetic stimuli. The<br />

dispersion of ferrofluids in polymer gels leads to another kind of material known as<br />

magnetic gels or ferrogels. We present in this study measur<strong>em</strong>ents of scattering by<br />

dilute solutions of ferrofluids of magnetite in gels of poly(acrylami<strong>de</strong>) / methylenebisacrylami<strong>de</strong><br />

using light scattering, small angle X-ray scattering (SAXS) and small<br />

angle neutron scattering (SANS). The variation of the scattering intensity I(q) with<br />

the scattering vector q shows that the magnetic particles form small fractal aggregates<br />

with approximately 200 to 300 particles per aggregate and fractal dimension D ≈ 2.9.<br />

We interpret these results as a consequence of the transfer of the surfactant molecules<br />

from the surface of the particles to the gel, leading to an irreversible aggregation of<br />

the magnetite particles. We also investigate the effect on the scattering intensity of<br />

applying a magnetic field perpendicular to the inci<strong>de</strong>nt beam. The experimental data<br />

using SAXS are in acceptable agre<strong>em</strong>ent with a magnetic ellipsoid aggregate mo<strong>de</strong>l<br />

where the effective magnetic moment is a function of the gel concentration. Using<br />

light scattering the interaction effects are predominant and the scattering intensity<br />

anisotropy is the opposite of that observed with SAXS. In a second part we investigate<br />

the dynamics of ferrogels by photon correlation spectroscopy, where the magnetic<br />

particles act as tracers. The results are in acceptable agre<strong>em</strong>ent with the diffusion of<br />

a Rouse network mo<strong>de</strong>l with an initial constant diffusivity followed by an anomalous<br />

self-diffusive regime. We find that the transition time between these two regimes<br />

varies with the scattering vector as τ ∝ q −2 .<br />

vi


Índice<br />

1 Introdução 1<br />

1.1 Ferrofluidos e Ferrogéis.......................... 1<br />

1.2 Espalhamento-Teoria .......................... 7<br />

1.2.1 Sist<strong>em</strong>as Não-Interagentes .................... 12<br />

1.2.2 PartículasPequenas ....................... 14<br />

1.2.3 Técnicas<strong>de</strong>Espalhamento.................... 18<br />

1.2.4 Espalhamento por Géis Poliméricos............... 20<br />

2 Materiais e Métodos 23<br />

2.1 PreparaçãodasAmostras......................... 23<br />

2.2 TécnicasExperimentais-SANS..................... 26<br />

2.2.1 DescriçãodaLinha<strong>de</strong>SANS................... 26<br />

2.2.2 Tratamento ............................ 29<br />

2.3 TécnicasExperimentais-SAXS..................... 32<br />

2.3.1 DescriçãodaLinha<strong>de</strong>SAXS................... 32<br />

2.3.2 Tratamento - Calibração..................... 35<br />

2.3.3 MedidasComCampoExterno.................. 38<br />

3 Resultados 42<br />

3.1 Estrutura dos Ferrogéis-EMG408 ................... 42<br />

3.2 Estrutura dos Ferrogéis-M300 ..................... 46<br />

3.3 Resposta à Indução Magnética-SAXS ................. 53<br />

3.4 Resposta à Indução Magnética - Espalhamento <strong>de</strong> Luz . . . . . . . . 62<br />

3.5 Proprieda<strong>de</strong>s Dinâmicas - Espalhamento Dinâmico<strong>de</strong>Luz ...... 70<br />

3.5.1 Resultados............................. 76<br />

4 Conclusão 81<br />

A Raio <strong>de</strong> Giração <strong>de</strong> um Elipsói<strong>de</strong> 83<br />

B Artigos Publicados 88<br />

vii


Lista <strong>de</strong> Figuras<br />

1.1 Ferrofluido estabilizado com adsorção <strong>de</strong> surfatante. .............. 4<br />

1.2 Representação esqu<strong>em</strong>áticadoespalhamento<strong>de</strong>umconjunto<strong>de</strong>pontos. Adiferença<br />

<strong>de</strong> caminho óptico percorrido pela luz leva a uma diferença <strong>de</strong> fase das radiações<br />

espalhadas. ................................. 8<br />

1.3 (a) Fator <strong>de</strong> forma para esferas com distribuição log-normal <strong>de</strong> tamanho. (b)<br />

Distribuições correspon<strong>de</strong>ntes a diferentes larguras β. ............. 14<br />

1.4 Comprimento <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> nêutrons com o número atômico. . . . . . . . 19<br />

2.1 Representação esqu<strong>em</strong>ática da linha D11. ................... 27<br />

2.2 Monocromador <strong>de</strong> nêutrons: seletor <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s. .............. 27<br />

2.3 Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> captada num experimento <strong>de</strong> SANS. ............ 29<br />

2.4 Representação <strong>de</strong> um experimento <strong>de</strong> espalhamento. .............. 30<br />

2.5 Representação esqu<strong>em</strong>áticadalinhaD2AM. .................. 33<br />

2.6 Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> captada num experimento <strong>de</strong> SAXS. ............ 36<br />

2.7 Imag<strong>em</strong> captada pela câmaraCCDparaofeixes<strong>em</strong>amostran<strong>em</strong>campo. .... 37<br />

2.8 Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> uma imag<strong>em</strong> captada para um ferrogel com campo magnético. .... 39<br />

2.9 Reconstrução das curvas <strong>de</strong> iso-intensida<strong>de</strong> para o ferrogel M300-2.5-IV. .... 40<br />

2.10 Intensida<strong>de</strong> espalhada I k (q) parao<strong>de</strong>tectora320mme1819mmdaamostra. . 40<br />

3.1 Espalhamento para o ferrogel EMG408-4.0-0, I e II s<strong>em</strong> subtrair o sinal do gel puro. 43<br />

3.2 Espalhamento para o ferrogel EMG408-4.0-I e II usando nêutrons e raios X. . . . 44<br />

3.3 Espalhamento para o ferrogel EMG408-4.0-I e II. Intensida<strong>de</strong> multiplicada por q 2<br />

e q 4 . .................................... 44<br />

3.4 Intensida<strong>de</strong> espalhada para os géis M300-2.5-I, II e III com - lei <strong>de</strong> Guinier e lei<br />

<strong>de</strong> Porod. .................................. 46<br />

3.5 Intensida<strong>de</strong> espalhada para os géis M300-2.5-III e IV multiplicada por q 2 e q 4 -<br />

cálculo da invariante <strong>de</strong> espalhamento. .................... 48<br />

3.6 Ajuste da intensida<strong>de</strong> espalhada para os géis M300-2.5-II e III. . . . . . . . . . 50<br />

3.7 Intensida<strong>de</strong> espalhada para os ferrogéis M300-III variando a concentração do gel. 51<br />

3.8 Foto dos ferrogéis (a) M300-2.5-II; (b) M300-4.0-II e (c) M300-4.0-III <strong>de</strong>corridos<br />

um mês <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a preparação. V<strong>em</strong>os a fase gel na região inferior dos tubos e uma<br />

fase líquida na parte superior. Os pontos escuros entre as fases <strong>em</strong> (a) e (b) são<br />

agregados macroscópicos das partículas magnéticas. .............. 52<br />

3.9 Imag<strong>em</strong> do espalhamento <strong>de</strong> raios X para o ferrogel M300-2.5-III. ........ 53<br />

3.10 Intensida<strong>de</strong> espalhada nas direções (a) paralela e (b) perpendicular para o ferrogel<br />

M300-2.5-III <strong>em</strong> três valores <strong>de</strong> indução magnética. .............. 54<br />

viii


3.11 Intensida<strong>de</strong> espalhada nas direções (a) paralela e (b) perpendicular para o ferrogel<br />

M300-4.0-III <strong>em</strong> três valores <strong>de</strong> indução magnética. .............. 55<br />

3.12 Variação da intensida<strong>de</strong> espalhada I k e I ⊥ para o ferrogel M300-2.5-III e M300-<br />

4.0-III para q =0, 00506Å −1 ajustadas por uma variante da equação <strong>de</strong> Langevin. 59<br />

3.13 Relação dos vetores <strong>de</strong> espalhamento nas direções paralela e perpendicular <strong>em</strong><br />

relaçãoaindução magnética. ......................... 61<br />

3.14 Intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz espalhada pelos ferrogel EMG707-2.5-II com q ≈ 9×10 −4 Å −1 ao<br />

longo do t<strong>em</strong>po. Cada ponto correspon<strong>de</strong> à intensida<strong>de</strong> coletada durante 3 segundos. 62<br />

3.15 Intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz espalhada ao longo do t<strong>em</strong>po para o ferrogel EMG408-I para<br />

θ =90 ◦ . Cada ponto equivale a intensida<strong>de</strong> acumulada <strong>em</strong> 10 minutos . . . . . . 63<br />

3.16 Esqu<strong>em</strong>a da montag<strong>em</strong> <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> luz aplicando um campo magnético:<br />

um gerador <strong>de</strong> função controla a corrente enviada ao eletroímã (onda quadrada).<br />

É calculada a função correlação cruzada entre o sinal vindo do gerador <strong>de</strong> função<br />

A(t) com o sinal proveniente da fotomultiplicadora I(t). ............ 64<br />

3.17 Função <strong>de</strong> correlação cruzada para o ferrogel 707-2.5-IV. A escala <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po é<br />

retrógrada. O campo é ligado <strong>em</strong> t 0 =6s e se estabiliza <strong>em</strong> t ≈ 2 s. ...... 65<br />

3.18 Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> esferas magnetizadas ligadas por molas. .............. 67<br />

3.19 Posição das esferas magnetizadas ligadas por molas após relaxação. . . . . . . . 68<br />

3.20 Variação da intensida<strong>de</strong> espalhada e normalizada pela contração <strong>de</strong> ferrofluido para<br />

~q k ~B e ~q ⊥ ~B, que equivale ao coeficiente <strong>de</strong> virial magnético - eq. (3.30). .... 68<br />

3.21 Função correlação do campo elétrico e coeficiente <strong>de</strong> difusão para o ferrogel EMG408. 77<br />

3.22 Coeficiente <strong>de</strong> difusão para o ferrogel EMG408 nos ângulos 20 ◦ e 90 ◦ eajuste<br />

usando o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Rouse. .......................... 78<br />

3.23 Parâmetros <strong>de</strong> ajuste para o ferrogel EMG408. ................ 78<br />

3.24 Parâmetros <strong>de</strong> ajuste para o ferrogel M300. .................. 79<br />

3.25 Expoente anômalo para o ferrogel M300. A linha pontilhada mostra o valor esperado<br />

para re<strong>de</strong>s regulares <strong>de</strong> Rouse d/2 =3/2. Alinhacontínua foi traçada arbitrariamente.<br />

79<br />

A.1 Elipsói<strong>de</strong> com os eixos coincidindo com os eixos do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas. .. 83<br />

ix


Lista <strong>de</strong> Tabelas<br />

2.1 Amostras <strong>de</strong> ferrogéis. ............................ 25<br />

3.1 Superfície específicaeraio<strong>de</strong>giração para os ferrogéis M300-2.5. ........ 47<br />

3.2 Resultados do ajuste dos ferrogéis M300-2.5. .................. 51<br />

3.3 Raio <strong>de</strong> giração para os ferrogéis M300-III. .................. 52<br />

3.4 Resultados do ajuste dos ferrogéis M300-2.5-III e M300-4.0-III pela equação (3.10)<br />

para ~q k B. ~ ................................. 56<br />

x


Capítulo 1<br />

Introdução<br />

1.1 Ferrofluidos e Ferrogéis<br />

Devido às suas proprieda<strong>de</strong>s especiais e numerosas aplicações práticas, os ferrofluidos<br />

têm sido amplamente estudados recent<strong>em</strong>ente [1]. Ferrofluidos são soluções<br />

coloidais <strong>de</strong> partículas com diâmetro tipicamente por volta <strong>de</strong> 100 Åfeitas<strong>de</strong>um<br />

material ferromagnético. O resultado éumlíquido com proprieda<strong>de</strong>s magnéticas.<br />

As aplicações dos ferrofluidos são vastas.<br />

Eles são usados, por ex<strong>em</strong>plo, como<br />

selantes <strong>em</strong> discos rígidos <strong>de</strong> computadores: uma pequena quantida<strong>de</strong> do fluido é<br />

colocado entre o eixo <strong>em</strong> rotação e a parte externa fixa. Eles são usados também<br />

na dispersão <strong>de</strong> calor <strong>de</strong> bobinas <strong>em</strong> alto-falantes. Gran<strong>de</strong> parte das aplicações vêm<br />

do fato que a posição <strong>de</strong>sse líquido po<strong>de</strong> ser controlada por ação <strong>de</strong> um gradiente <strong>de</strong><br />

campo magnético. Essa proprieda<strong>de</strong> levou a pesquisas sobre o transporte <strong>de</strong> drogas<br />

<strong>de</strong>ntro do corpo por ferrofluido e ainda ao tratamento <strong>de</strong> câncer por hipertermia<br />

das células cancerígenas [2, 3]. Os ferrofluidos também são usados <strong>em</strong> processos <strong>de</strong><br />

separação <strong>de</strong> metais; <strong>em</strong> tintas <strong>de</strong> impressoras; <strong>de</strong>teção <strong>de</strong> domínios magnéticos <strong>em</strong><br />

metais; estabilizadores <strong>em</strong> leitos fluidizados, <strong>de</strong>ntre outros.<br />

Os ferrofluidos se distingu<strong>em</strong> das soluções coloidais usuais <strong>de</strong>vido ao dipolo magnético<br />

permanente associado àcadapartícula. A energia <strong>de</strong> interação entre duas partículas<br />

<strong>de</strong> momento <strong>de</strong> dipolo ~m 1 e ~m 2 édadapor:<br />

E dd =<br />

1<br />

4πµ 0 r 3 [~m 1.~m 2 − 3(~m 1 .ˆr)(~m 2 .ˆr)] , (1.1)<br />

on<strong>de</strong> ~r é o vetor que liga os dipolos, r = |~r| eˆr = ~r/r e µ 0 é a permeabilida<strong>de</strong><br />

magnética no vácuo (µ 0 =4π × 10 −7 N/A 2 ). A equação (1.1) mostra que a energia<br />

1


<strong>de</strong> interação entre as partículas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da orientação das partículas, sendo o estado<br />

<strong>de</strong> mínima energia atingido quando ~m 1 e ~m 2 têm o mesmo sentido e ambos têm a<br />

mesma direção <strong>de</strong> ~r. Issomostraatendência das partículas <strong>de</strong> formar<strong>em</strong> ca<strong>de</strong>ias.<br />

Há muitos estudos <strong>de</strong> simulações <strong>de</strong> partículas magnéticas <strong>em</strong> solução[4,5,6,7]<br />

on<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ra-se a energia dipolar e uma energia repulsiva para prevenir a superposição<br />

das partículas (mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> esfera dura ou esfera macia). As simulações mostram<br />

que a tendência <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias lineares <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da relação da energia<br />

dipolar e da energia térmica, e também da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Para sist<strong>em</strong>as diluídos e<br />

<strong>de</strong> baixa t<strong>em</strong>peratura há uma forte tendênciadosist<strong>em</strong>aformarca<strong>de</strong>iascomos<br />

dipolos orientados na direção da ca<strong>de</strong>ia. O número <strong>de</strong> partículas por ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da t<strong>em</strong>peratura com o tamanho médio diminuindo com a t<strong>em</strong>peratura até oponto<br />

on<strong>de</strong> o sist<strong>em</strong>a se comporta como um gás <strong>de</strong> partículas [6]. Uma vez que não há<br />

ligações químicasenvolvidasasca<strong>de</strong>ias<strong>de</strong>partículas têm um processo dinâmico <strong>de</strong><br />

dissociação e recombinação <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias. Como o cálculo do número <strong>de</strong> partículas<br />

por ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da i<strong>de</strong>ntificação se as partículas estão conectadas, o critério para<br />

afirmar se uma partícula está “ligada” a outra <strong>de</strong>ve ser cuidadosamente <strong>de</strong>finido [7].<br />

Para sist<strong>em</strong>as mais concentrados com baixas t<strong>em</strong>peraturas o conceito <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias<br />

não se torna mais aplicável. Se a concentração ésuficient<strong>em</strong>ente alta (ρσ 3 > 0, 6 on<strong>de</strong><br />

ρ é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> numérica e σ odiâmetro das partículas), espera-se uma transição para<br />

uma fase on<strong>de</strong> as partículas estão or<strong>de</strong>nadas e os dipolos orientados (fase n<strong>em</strong>ática)<br />

que é, portanto, ferromagnética [5, 6, 8, 9, 10]. A verificação experimental da fase<br />

n<strong>em</strong>ática ainda nãofoirealizada,poisomáximo da concentração conseguido experimentalmente<br />

é menor que o valor encontrado pelas simulações.<br />

Simulações consi<strong>de</strong>rando o potencial <strong>de</strong> Lennard-Jones mostraram que as partículas<br />

pod<strong>em</strong> se associar como ca<strong>de</strong>ias ou agregados, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da relação <strong>de</strong>sse potencial<br />

com a energia magnética [4, 10]. Esse sist<strong>em</strong>as apresentam transição líquido-gás com<br />

a t<strong>em</strong>peratura crítica sendo afetada pela aplicação <strong>de</strong> um campo externo.<br />

Ao aplicar um campo magnético externo homogêneo há ainda a interação entre os<br />

dipolos e o campo <strong>de</strong> modo que os dipolos tend<strong>em</strong> a se orientar na mesma direção do<br />

campo. O campo t<strong>em</strong> o efeito <strong>de</strong> diminuir a dimensão fractal <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias ramificadas<br />

formadas por agregação do tipo “cluster - cluster” que ten<strong>de</strong> para o valor assintótico<br />

2


1 [11, 12]. O alinhamento das partículas reduz a amplitu<strong>de</strong> dos graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong><br />

angulares das mesmas e favorece a interação dipolar. Processos <strong>de</strong> agregação [13,<br />

14]e,eventualmente,sedimentação [13] <strong>de</strong> ferrofluidos sobre campos externos foram<br />

estudados por espalhamento <strong>de</strong> luz. Os resultados suger<strong>em</strong> uma agregação do tipo<br />

limitada por difusão e as ca<strong>de</strong>ias resultantes são essencialmente lineares (dimensão<br />

fractal 1) chegando a ter centenas <strong>de</strong> partículas por agregado.<br />

Experimentalmente t<strong>em</strong>-se estudado soluções diluídas <strong>de</strong> ferrofluidos por técnicas<br />

<strong>de</strong> espalhamento, notadamente espalhamento <strong>de</strong> raios X a baixos ângulos (SAXS, do<br />

inglês small-angle X-ray scattering) e espalhamento <strong>de</strong> nêutrons (SANS, do inglês<br />

small-angle neutron scattering) [15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23]. Uma vez que esses<br />

líquidos absorv<strong>em</strong> fort<strong>em</strong>ente a radiação no visível, medidas usando luz limitam-se a<br />

concentrações extr<strong>em</strong>amente diluídas. Essa limitação émenosimportanteparaSAXS<br />

e SANS, tornando essas técnicas atraentes para o estudo <strong>de</strong> ferrofluidos. Recent<strong>em</strong>ente<br />

foram usadas técnicas <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> fótons com raios X (XPCS, do inglês X-<br />

ray photon correlation spectroscopy) para investigar a dinâmica <strong>de</strong>sse sist<strong>em</strong>a <strong>em</strong><br />

presença <strong>de</strong> um campo magnético [15].<br />

Resultados <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> ferrofluidos por SANS e por crio-microscopia eletrônica<br />

<strong>de</strong> transmissão mostraram que os ferrofluidos não formam ca<strong>de</strong>ias, mas agregados<br />

com algumas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> partículas [16]. A interação entre as partículas po<strong>de</strong> ser<br />

alterada mudando as condições do solvente e é observada uma transição gás-líquido<br />

nas soluções [17, 18].<br />

As partículas <strong>em</strong> solução sofr<strong>em</strong>, além das interações dipolares, ação <strong>de</strong> forças <strong>de</strong><br />

van <strong>de</strong>r Waals que atuam no sentido <strong>de</strong> agregar as partículas umas com as outras.<br />

Para prevenir a agregação irreversível e estabilizar a solução <strong>de</strong>ve-se evitar que as<br />

partículas aproxim<strong>em</strong>-se excessivamente umas das outras <strong>de</strong> modo que as forças <strong>de</strong><br />

van <strong>de</strong>r Waals prevaleçam. Dois métodos principais são usados para a estabilização da<br />

solução coloidal <strong>de</strong> ferrofluidos. O primeiro é através da adição <strong>de</strong> surfatantes, que são<br />

moléculas formadas por uma cabeça polar e uma cauda, normalmente uma pequena<br />

ca<strong>de</strong>ia orgânica. A cabeça é adsorvida pela superfície das partículas e a estabilização<br />

é conseguida por repulsão estérica da cauda dos surfatantes (fig. 1.1). Outro método<br />

<strong>de</strong> estabilizar a solução éconseguidofixando íons na superfície das partículas. A<br />

3


estabilização é conseguida por repulsão das cargas presentes nas superfícies.<br />

Figura 1.1: Ferrofluido estabilizado com adsorção <strong>de</strong> surfatante.<br />

Exist<strong>em</strong> dois métodos principais <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> ferrofluidos: por redução <strong>de</strong> tamanho<br />

(moag<strong>em</strong>) e precipitação química [1]. No primeiro caso parte-se do pó domaterial<br />

magnético (diâmetro da ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> alguns microns) e realiza-se a moag<strong>em</strong> até atingir<br />

o tamanho <strong>de</strong>sejado (normalmente da ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> 100 Å). A moag<strong>em</strong> éfeita<strong>em</strong>um<br />

moinho <strong>de</strong> bolas a úmidocomapresença do surfatante por um longo período <strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong>po, tipicamente s<strong>em</strong>anas. O segundo caso envolve uma reação química on<strong>de</strong> as<br />

espécies magnéticas inicialmente solúveis são precipitadas no produto final. Pod<strong>em</strong>os<br />

citar como ex<strong>em</strong>plo a co-precipitação da magnetita (Fe 3 O 4 )pelareação do cloreto<br />

ferroso e férrico <strong>em</strong> solução aquosa e na presença <strong>de</strong> um hidróxido [1]. Nesse caso,<br />

a estabilização do ferrofluido acontece quando os sólidos passam da fase aquosa para<br />

uma fase orgânica contendo o surfatante. Em seguida a fase orgânica é separada do<br />

resíduo na fase aquosa, filtrando-se e é adicionando-se mais solvente até atingira<br />

concentração <strong>de</strong>sejada.<br />

Adispersão das partículas magnéticas <strong>em</strong> géis poliméricos leva a outro tipo <strong>de</strong><br />

material ainda pouco estudado e conhecido como gel magnético ou ferrogel. Esse<br />

material é, assim como os ferrofluidos, sensível a estímulos magnéticos,e,umavez<br />

que as partículas magnéticas estão presas à re<strong>de</strong>, a aplicação <strong>de</strong> um campo não-<br />

4


homogêneoresultana<strong>de</strong>formação do gel. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> forma dos<br />

ferrogéis, po<strong>de</strong>ndo expandir-se e contrair-se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das características do campo<br />

aplicado po<strong>de</strong> ser usada para criar músculos artificiais. Pod<strong>em</strong>os especular outras<br />

aplicações dos ferrogéis envolvendo a mudança controlada do seu volume, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

na fabricação <strong>de</strong> filtros <strong>de</strong> géis poliméricos com a porosida<strong>de</strong> controlada pelo campo<br />

magnético.<br />

A mudança <strong>de</strong> volume <strong>em</strong> géis poliméricos é conhecida a muitos anos. Géis<br />

termossensíveis pod<strong>em</strong> sofrer uma transição no volume <strong>de</strong> equilíbrio variando o volume<br />

<strong>em</strong> até 200 vezes [24, 25]. A diferença principal dos dois sist<strong>em</strong>as está not<strong>em</strong>po<br />

envolvido no processo <strong>de</strong> expansão-contração: enquanto a transição <strong>de</strong> volume <strong>de</strong> géis<br />

termossensíveis é da ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> dias, a transição nos ferrogéis leva poucos segundos.<br />

Algumas medidas foram feitas nos últimos anos sobre a <strong>de</strong>formação macroscópica<br />

<strong>de</strong> ferrogéis [26, 27, 28]. Alguns estudos foram realizados sobre a dinâmica das<br />

partículas magnéticas envolvidas pelo gel [29] e sobre a or<strong>de</strong>nação das partículas<br />

sob a ação <strong>de</strong> um campo magnético [30], porém pouco se sabe sobre o arranjo<br />

espacial das partículas <strong>de</strong>ntro da matriz polimérica. Muitas das proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse<br />

tipo <strong>de</strong> material <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> como as partículas estão or<strong>de</strong>nadas e <strong>de</strong> que modo o<br />

meio influência nas interações das partículas e na resposta magnética.<br />

Apresentamos nesse estudo medidas <strong>de</strong> espalhamento usando raios X a baixos<br />

ângulos (SAXS), nêutrons a baixos ângulos (SANS) e espalhamento quasi-elástico <strong>de</strong><br />

luz (LS) com o objetivo <strong>de</strong> elucidar a questão da organização espacial das partículas<br />

magnéticas. Propomos também estudar o efeito da aplicação <strong>de</strong> um campo magnético<br />

externo uniforme nas partículaspresasnomeioelástico <strong>de</strong> um gel polimérico. Os<br />

sist<strong>em</strong>as investigados estão <strong>em</strong> concentração diluída, ou seja, a distância entre os<br />

objetos espalhadores é muito maior que o tamanho dos objetos <strong>em</strong> questão. Medidas<br />

dinâmicas <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> fótons (PCS) foram igualmente realizadas para estudar o<br />

sist<strong>em</strong>a <strong>em</strong> escalas maiores que as conseguidas por SAXS e SANS.<br />

Esse estudo foi dividido da seguinte forma: no capítulo 1 apresentamos os fundamentos<br />

da teoria <strong>de</strong> espalhamento e as particularieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada técnica. No capítulo<br />

2 apresentamos o processo <strong>de</strong> preparação das amostras <strong>de</strong> ferrofluidos e ferrogéis e as<br />

técnicas experimentais, <strong>de</strong>talhando as linhas <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> raios X e nêutrons e<br />

5


seus equipamentos. O tratamento dos resultados para obtenção das curvas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong><br />

espalhada <strong>em</strong> função do vetor <strong>de</strong> espalhamento I(q) é <strong>de</strong>scrito. No capítulo 3<br />

apresentamos os resultados e discussões dos resultados para três tipos <strong>de</strong> ferrogéis e a<br />

resposta a campos magnéticos. O trabalho é finalizado com conclusão e perspectivas.<br />

6


1.2 Espalhamento - Teoria<br />

Técnicas <strong>de</strong> espalhamento são muito importantes na <strong>de</strong>terminação da estrutura<br />

microscópica <strong>de</strong> colói<strong>de</strong>s e macromoléculas. Embora os processos físicos envolvidos<br />

no espalhamento sejam particulares ao tipo <strong>de</strong> radiação envolvida, uma base técnica<br />

comum envolve aspectos geométricos da interferência entre ondas espalhadas. Esta<br />

base comum permite enquadrar as diferentes técnicas <strong>de</strong> espalhamento como ferramentas<br />

<strong>de</strong> análise estrutural como ver<strong>em</strong>os a seguir. Lidamos com três tipos <strong>de</strong><br />

radiação, cada uma com suas características próprias, vantagens e <strong>de</strong>svantagens: raios<br />

X [31, 32, 33], nêutrons [33, 34] e luz [35, 36, 37].<br />

Seja um conjunto <strong>de</strong> pontos fixos no espaço e seja uma onda plana <strong>de</strong> luz monocromática<br />

incidindo sobre esses pontos ∗ . Cada ponto espalha a radiação inci<strong>de</strong>nte <strong>em</strong><br />

todasasdireções s<strong>em</strong> mudança n<strong>em</strong> no comprimento <strong>de</strong> onda n<strong>em</strong> nas fases relativas,<br />

que é o chamado espalhamento elástico. Nocaso<strong>de</strong>nêutrons exist<strong>em</strong> el<strong>em</strong>entos nos<br />

quais a radiação espalhada t<strong>em</strong> sua fase atrasada <strong>em</strong> meio comprimento <strong>de</strong> onda <strong>em</strong><br />

relação àradiação inci<strong>de</strong>nte. Em uma medida <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> luz éobservadoo<br />

campo elétrico total espalhado <strong>em</strong> uma direção específica. O campo total éoresultado<br />

da soma dos campos elétricos vindos dos pontos iluminados pela radiação inci<strong>de</strong>nte.<br />

A diferença <strong>de</strong> fase do campo elétrico vindo <strong>de</strong> dois pontos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> tanto da sua<br />

posição relativa quanto da direção <strong>de</strong> observação, e o campo elétrico total espalhado<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> como todos os pontos estão distribuídos no espaço.<br />

Se os objetos <strong>em</strong> questão são pequenos <strong>em</strong> relação ao comprimento <strong>de</strong> onda,<br />

então a luz espalhada contém informações sobre a disposição dos objetos e mesmo<br />

sobre o seu tamanho médio. Esse mesmo raciocínio éválido para objetos <strong>de</strong> tamanho<br />

comparáveis ao comprimento <strong>de</strong> onda, porém observa-se o resultado do espalhamento<br />

<strong>de</strong> vários pontos pertencentes ao mesmo objeto <strong>de</strong> modo que o espalhamento total<br />

contém informações sobre a forma dos objetos. Para partículas muito maiores que o<br />

comprimento <strong>de</strong> onda obtém-se informações sobre sua superfície.<br />

Para obtermos as expressões que relacionam a radiação espalhada com a disposição<br />

dos objetos imagin<strong>em</strong>os que o volume on<strong>de</strong> a luz inci<strong>de</strong> V sobre um conjunto <strong>de</strong><br />

∗ A <strong>de</strong>scrição aqui éválida tanto para luz, quanto para raios X ou nêutrons<br />

7


partículas <strong>de</strong> tamanho muito menor que o comprimento <strong>de</strong> onda da luz, e que elas<br />

espalham a luz inci<strong>de</strong>nte <strong>em</strong> todas as direções (fig. 1.2). Sendo ~ k 0 o vetor <strong>de</strong> onda<br />

das radiação inci<strong>de</strong>nte e ~ k s da radiação espalhada, calcul<strong>em</strong>os a diferença <strong>de</strong> fase do<br />

campo elétrico proveniente <strong>de</strong> duas partículas posicionados <strong>em</strong> ~r e ~r 0 . A diferença<br />

∆d <strong>de</strong> caminho óptico da luz percorrida édadapeladistância entre os pontos B e C<br />

mais a distância entre os pontos C e D na figura (1.2), ou:<br />

∆d = ˆk 0 .(~r 0 − ~r)+ˆk s .(~r − ~r 0 )=(ˆk s − ˆk 0 ).(~r − ~r 0 ), (1.2)<br />

Figura 1.2: Representação esqu<strong>em</strong>ática do espalhamento <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> pontos.<br />

Adiferença <strong>de</strong> caminho óptico percorrido pela luz leva a uma diferença <strong>de</strong> fase das<br />

radiações espalhadas.<br />

on<strong>de</strong> ˆk 0 e ˆk s são vetores unitários <strong>de</strong> mesmo sentido <strong>de</strong> ~ k 0 e ~ k s , respectivamente. A<br />

diferença <strong>de</strong> fase édadapor 2π∆d/λ, ou:<br />

∆Φ = 2π λ (ˆk s − ˆk 0 ).(~r − ~r 0 )=( ~ k s − ~ k 0 ).(~r − ~r 0 ), (1.3)<br />

uma vez que k 0 = k s =2π/λ. A equação (1.3) nos dá a diferença <strong>de</strong> fase <strong>de</strong> uma<br />

partícula localizada <strong>em</strong> ~r <strong>em</strong> relação àposição ~r 0 . Colocandoaorig<strong>em</strong><strong>em</strong>~r 0 pod<strong>em</strong>os<br />

associar uma fase ( ~ k s − ~ k 0 ).~r para cada partícula localizada <strong>em</strong> ~r <strong>em</strong> relação àposição<br />

~r 0 .<br />

8


Pod<strong>em</strong>os agora obter a expressão do campo espalhado por um conjunto <strong>de</strong> partículas<br />

espalhadas no espaço. Seja o campo elétrico da radiação inci<strong>de</strong>nte dado por:<br />

~E = ~ E 0 exp h i ³ ~ k0 .~r − ωt´i , (1.4)<br />

on<strong>de</strong> ω éafrequência da radiação e E 0 a amplitu<strong>de</strong> do campo elétrico.<br />

Para calcular o campo total espalhado, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os consi<strong>de</strong>rar, ainda, a capacida<strong>de</strong><br />

da partícula <strong>de</strong> espalhar a luz inci<strong>de</strong>nte, ou seja, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os incluir um fator no cálculo<br />

do campo elétrico espalhado que indica a fração da luz inci<strong>de</strong>nte que é espalhada. No<br />

caso da luz o processo <strong>de</strong> espalhamento se dá pela<strong>de</strong>formação da nuv<strong>em</strong> eletrônica<br />

das moléculas, provocadas pela ação do campo elétrico nos elétrons. Estes tend<strong>em</strong> a<br />

acompanhar o movimento do campo elétrico da luz, resultando no aparecimento <strong>de</strong><br />

um dipolo elétrico com módulo oscilando na mesma frequência da radiação inci<strong>de</strong>nte.<br />

A facilida<strong>de</strong> da nuv<strong>em</strong> eletrônica se <strong>de</strong>formar com o campo é uma característica <strong>de</strong><br />

cada material e quanto maior essa <strong>de</strong>formação, maior a fração <strong>de</strong> luz espalhada.<br />

Se a partícula ocupa um volume d~r, a amplitu<strong>de</strong> do campo elétrico espalhado<br />

por ela é dado por E ~ 0 d~r b(~r) on<strong>de</strong> b(~r) é a chamada amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> espalhamento por<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume. Obt<strong>em</strong>os o campo elétrico total espalhado somando todos os<br />

el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> volume e consi<strong>de</strong>rando a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> espalhamento <strong>em</strong> cada ponto.<br />

Logo:<br />

~E s = ~ E 0<br />

Z<br />

V<br />

d~r b(~r)exp(i~q.~r), (1.5)<br />

on<strong>de</strong> <strong>de</strong>finimos o chamado vetor <strong>de</strong> espalhamento ~q = ~ k 0 − ~ k s .Omódulo do vetor <strong>de</strong><br />

espalhamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do comprimento <strong>de</strong> onda da radiação no meio (λ s )edoângulo<br />

entre os vetores <strong>de</strong> onda inci<strong>de</strong>nte e espalhado (θ) pelaequação q =4π/λ s sin(θ/2)<br />

(fig. 1.2). Na equação (1.5) mostramos apenas a <strong>de</strong>pendência espacial do campo<br />

espalhadoesuprimimosaparteenvolvendoot<strong>em</strong>po,umavezque<strong>em</strong>experimentos<strong>de</strong><br />

espalhamento medimos a intensida<strong>de</strong> espalhada (E s .Es ∗ ) <strong>de</strong> modo que a <strong>de</strong>pendência<br />

t<strong>em</strong>poral é eliminada.<br />

9


Sejaocasoespecial<strong>de</strong>umsist<strong>em</strong>acomN partículas homogêneas e feitas do mesmo<br />

material imersas no vácuo. Neste caso a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> espalhamento por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

volume éumaconstanteb para ~r apontando para pontos <strong>de</strong>ntro das partículas, e<br />

zero para as regiões fora das partículas. Pod<strong>em</strong>os, então, reescrever a equação (1.5)<br />

consi<strong>de</strong>rando b(~r) =b eovolume<strong>de</strong>integração contendo apenas as regiões ocupadas<br />

pelas partículas. Sendo ~r i o centro <strong>de</strong> massa da i-ésima partícula pod<strong>em</strong>os, ainda,<br />

reescrever a equação (1.5):<br />

~E s = ~E 0 b<br />

NX<br />

i=1<br />

Z<br />

V i<br />

d~r exp[i~q.(~r − ~r i )] exp(i~q.~r i ), (1.6)<br />

ou:<br />

~E s = ~E 0 N X<br />

i=1<br />

bA i exp(i~q.~r i ), (1.7)<br />

com:<br />

Z<br />

A i = d~r exp[i~q.(~r − ~r i )], (1.8)<br />

V i<br />

on<strong>de</strong> a integral é calculada no volume V i ocupado pela i-ésima partícula. V<strong>em</strong>os,<br />

portanto, que o campo elétrico total é a soma do campo espalhado pelas N partículas,<br />

e que a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> espalhamento bA i <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>donaturezadapartícula e do seu<br />

volume.<br />

Se as partículas são monodispersas então A i é igual para todas as partículas e<br />

pod<strong>em</strong>os fatorar a intensida<strong>de</strong> espalhada (ver, por ex<strong>em</strong>plo, [38]) <strong>em</strong> uma parte<br />

intramolecular e uma parte intermolecular. A primeira <strong>de</strong>screve as interferências<br />

<strong>de</strong>ntro da partícula e é chamada fator <strong>de</strong> forma:<br />

" 1<br />

Z # 2<br />

P (q) = d~r e i~q.~r , (1.9)<br />

V p V p<br />

on<strong>de</strong> a integral é calculada no volume V p da partícula. A segunda parte diz respeito<br />

10


às interferências intermoleculares, ou seja, do centro <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> uma partícula <strong>em</strong><br />

relação ao centro <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> outra, que é o chamado fator <strong>de</strong> estrutura:<br />

S(q) = 1 N<br />

NX<br />

i,j=1<br />

D<br />

exp [−i~q.(~ri − ~r j )] E , (1.10)<br />

on<strong>de</strong> o sinal h...i indica a média <strong>de</strong> ens<strong>em</strong>ble do sist<strong>em</strong>a.<br />

Para o espalhamento <strong>de</strong> luz <strong>de</strong>tectamos a intensida<strong>de</strong> espalhada ao invés do campo<br />

elétrico espalhado, que é dado pelo produto do campo com seu complexo conjugado<br />

E s .E ∗ s .<br />

Épossível mostrar que média <strong>de</strong> ens<strong>em</strong>ble da intensida<strong>de</strong> espalhada, I(q),<br />

normalizada pelo volume <strong>de</strong> espalhamento e pela intensida<strong>de</strong> inci<strong>de</strong>nte, relaciona-se<br />

com os fatores <strong>de</strong> forma e estrutura por:<br />

I(q) =b 2 P (q)S(q). (1.11)<br />

Até aqui consi<strong>de</strong>ramos que o sist<strong>em</strong>a é compostos por pontos (ou partículas)<br />

dispersas no vácuo.<br />

<strong>em</strong> um meio ou solvente.<br />

Normalmente lidamos com um ou mais compostos dispersos<br />

Para sist<strong>em</strong>as binários (dois componentes) t<strong>em</strong>os que<br />

consi<strong>de</strong>rar o espalhamento vindo do el<strong>em</strong>ento disperso (como as partículas que citamos<br />

acima, ou macromoléculas, ou uma outra fase líquida) que chamar<strong>em</strong>os <strong>de</strong> soluto<br />

e um el<strong>em</strong>ento dispersante - um solvente.<br />

Consi<strong>de</strong>rar o solvente nos cálculos é<br />

tão importante quanto o soluto (que normalmente é o objeto <strong>de</strong> estudo), pois se<br />

o solvente tiver a mesma capacida<strong>de</strong> do soluto <strong>de</strong> espalhar a luz inci<strong>de</strong>nte, então para<br />

oespalhamentonão há distinção entre as espécies e a intensida<strong>de</strong> espalhada ézero.<br />

Para consi<strong>de</strong>rarmos o solvente nas equações <strong>de</strong>senvolvidas, separamos a integral da<br />

equação (1.5), calculada <strong>em</strong> todo o volume iluminado pela radiação inci<strong>de</strong>nte <strong>em</strong> duas<br />

integrais, uma envolvendo apenas o volume ocupado pelo soluto V t com a amplitu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> espalhamento por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume b constante, e outra integral envolvendo o<br />

volume do solvente V v com amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> espalhamento por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume b 0 :<br />

~E s = E ~ 0 b d~r exp(i~q.~r)+<br />

ZV ~ Z<br />

E 0 b 0 d~r exp(i~q.~r). (1.12)<br />

t V v<br />

11


Integrarmos <strong>em</strong> V v é o mesmo que integrarmos <strong>em</strong> todo o volume e subtrairmos a<br />

parte ocupada pelo soluto:<br />

~E s = E ~ 0 b d~r exp(i~q.~r)+<br />

ZV ~ ∙Z<br />

Z<br />

¸<br />

E 0 b 0 d~r exp(i~q.~r) − d~r exp(i~q.~r) . (1.13)<br />

t V<br />

V t<br />

A segunda integral ten<strong>de</strong> a uma função <strong>de</strong>lta para V →∞e igual a zero para q 6= 0.<br />

O campo total espalhado para um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> dois componentes é:<br />

Z<br />

~E s = ~E 0 (b − b 0 ) d~r exp(i~q.~r); para q 6= 0.<br />

V t<br />

(1.14)<br />

e a intensida<strong>de</strong> espalhada para partículas idênticas é:<br />

I(q) =(b − b 0 ) 2 P (q)S(q). (1.15)<br />

Logo pod<strong>em</strong>os imaginar um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> partículas (ou um meio qualquer) dispersas<br />

<strong>em</strong> um outro meio como o mesmo sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> partículas dispersas no vácuo, mas com<br />

amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> espalhamento dada pela diferença das amplitu<strong>de</strong>s das duas fases, (b−b 0 ),<br />

que é conhecido também como fator <strong>de</strong> contraste. Éfácilveragoraqueseasduas<br />

fases têm a mesma amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> espalhamento, então o fator <strong>de</strong> contraste, e o campo<br />

espalhado, são nulos. A natureza da amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> espalhamento para os diferentes<br />

tipos <strong>de</strong> radiação será discutido mais adiante.<br />

Vamos analisar agora algumas situações especiais.<br />

1.2.1 Sist<strong>em</strong>as Não-Interagentes<br />

Se as interações entre as partículas <strong>em</strong> solução são fracas então pod<strong>em</strong>os consi<strong>de</strong>rar<br />

que as posições dos centros <strong>de</strong> massa estão <strong>de</strong>scorrelacionadas e S(q) =1. Aintensida<strong>de</strong><br />

espalhada <strong>em</strong> (1.15) reflete, portanto, apenas o fator <strong>de</strong> forma e é proporcional<br />

12


a P (q) (eq. 1.9). A intensida<strong>de</strong> espalhada refleteapenasofator<strong>de</strong>forma.Nolimite<br />

<strong>de</strong> q pequeno pod<strong>em</strong>os <strong>de</strong>senvolver (1.9) <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> q =0:<br />

"<br />

I(q) =(b − b 0 ) 2 1 − q2 hRGi<br />

2 #<br />

+ O(q 4 ) ≈ (b − b 0 ) 2<br />

6<br />

"<br />

exp − q2 hR 2 #<br />

Gi<br />

, (1.16)<br />

3<br />

on<strong>de</strong> hR 2 Gi é o chamado raio <strong>de</strong> giração quadrático médio (ver apêndice para a<br />

<strong>de</strong>finição). A média <strong>de</strong> ens<strong>em</strong>ble aqui refere-se àmédia consi<strong>de</strong>rando todas as orientações<br />

e configurações da partícula. A equação (1.16) é conhecida como lei <strong>de</strong> Guinier<br />

eelanosdizqueumgráfico do logaritmo da intensida<strong>de</strong> versus o vetor <strong>de</strong> espalhamento<br />

ao quadrado é uma reta <strong>de</strong> inclinação igual a um terço do raio <strong>de</strong> giração<br />

quadrático médio.<br />

Para a caso especial <strong>de</strong> termos esferas monodispersas <strong>de</strong> raio r, a integral (1.9) é<br />

facilmente calculada levando a:<br />

P (q) =<br />

"<br />

3<br />

(qr)cos(qr) − sin(qr)<br />

(qr) 3 # 2<br />

. (1.17)<br />

Essa função está representadanafigura (1.3). Para um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> partículas polidispersas<br />

o fator <strong>de</strong> forma écalculadopelamédia do fator <strong>de</strong> forma <strong>em</strong> todos os raios,<br />

pon<strong>de</strong>rado pela distribuição <strong>de</strong> tamanhos p(r). Assim, o fator <strong>de</strong> forma polidisperso<br />

P pol (q) édadopor:<br />

P pol (q) =<br />

Z ∞<br />

0<br />

drp(r)P (q,r), (1.18)<br />

on<strong>de</strong> P (q, r) édadopelaequação (1.17). A distribuição <strong>de</strong> tamanho <strong>de</strong> partículas é<br />

comumente representada por uma distribuição log-normal <strong>de</strong>finida como:<br />

p(r) =<br />

1<br />

q<br />

(2πβ 2 r0) exp −[ln(r/r 0)] 2<br />

, (1.19)<br />

2 2β 2<br />

on<strong>de</strong> r 0 éoraiomaisprovável e β é uma medida da largura da distribuição. Esse tipo<br />

13


<strong>de</strong> distribuição é normalmente utilizado para <strong>de</strong>screver as partículas <strong>de</strong> ferrofluidos<br />

[16, 17, 19, 35, 39] e concorda b<strong>em</strong> com medidas usando microscopia eletrônica [40].<br />

Figura 1.3: (a) Fator <strong>de</strong> forma para esferas com distribuição log-normal <strong>de</strong> tamanho.<br />

(b) Distribuições correspon<strong>de</strong>ntes a diferentes larguras β.<br />

Na figura(1.3)v<strong>em</strong>osoefeitodapolidispersão no fator <strong>de</strong> forma.Para distribuições<br />

polidispersas o fator <strong>de</strong> forma ten<strong>de</strong> a seguir uma lei <strong>de</strong> potência com expoente -4,<br />

sendo pouco sensível ao tipo <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> tamanhos. Esse resultado é conhecido<br />

como lei <strong>de</strong> Porod [41, 42] e éválido para qualquer sist<strong>em</strong>a no limite <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s valores<br />

<strong>de</strong> q on<strong>de</strong> existe uma superfície b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finida entre as duas fases, não importando<br />

otipo<strong>de</strong>sist<strong>em</strong>an<strong>em</strong>aformadaspartículas. No caso mais geral, a intensida<strong>de</strong><br />

espalhada por superfícies fractais segue uma lei <strong>de</strong> potência I(q) ∝ q −(6−Ds) on<strong>de</strong> D s<br />

é sua dimensão fractal. A lei <strong>de</strong> Porod é o caso especial on<strong>de</strong> a superfície élisae<br />

D s = 2 [43].<br />

1.2.2 Partículas Pequenas<br />

Vamos analisar o limite on<strong>de</strong> o fator <strong>de</strong> estrutura S(q) é dominante no espalhamento.<br />

Essa situação po<strong>de</strong> ser atingida marcando um ponto <strong>em</strong> cada partícula, <strong>de</strong><br />

modo que o contraste do resto das partículas é <strong>de</strong>sprezível. Da mesma maneira,<br />

14


pod<strong>em</strong>os esperar que no limite qr ¿ 1asinterferências intramoleculares são pouco<br />

importantes no espalhamento e o fator <strong>de</strong> forma é aproximadamente 1.<br />

Pod<strong>em</strong>os calcular a média <strong>de</strong> ens<strong>em</strong>ble do fator <strong>de</strong> estrutura <strong>em</strong> (1.10) com auxílio<br />

da função correlação <strong>de</strong> par g(r) que nos dá a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> duas<br />

partículas estar<strong>em</strong> a uma distância r uma da outra [35]:<br />

S(q) = 1 NX D<br />

exp [−i~q.(~ri − ~r j )] E<br />

N<br />

i,j=1<br />

Z<br />

= 1+ρ d~r [g(r) − 1] exp(−i~q.~r)<br />

Z ∞<br />

= 1+4πρ<br />

0<br />

dr r 2 [g(r) − 1] sin(qr) , (1.20)<br />

qr<br />

consi<strong>de</strong>rando partículas isotrópicas idênticas e notando que a média <strong>de</strong> ens<strong>em</strong>ble é<br />

calculada a partir <strong>de</strong> uma função p(r) que diz a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> duas<br />

partículas estar<strong>em</strong> a uma distância r:<br />

Z<br />

hf(r)i =<br />

d~r p(r)f(r); com: (1.21)<br />

p(r) = 1 [g(r) − 1]. (1.22)<br />

V<br />

Para sist<strong>em</strong>as fractais a função correlação <strong>de</strong> par segue uma lei <strong>de</strong> potência<br />

g(r) ∝ r (D−3) on<strong>de</strong> D é a dimensão fractal. T<strong>em</strong>os que o fator <strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> fractais<br />

tambémsegueumalei<strong>de</strong>potência com S(q) ∝ q −D . Mat<strong>em</strong>aticamente, fractais<br />

estão ligados ao conceito <strong>de</strong> auto-similarida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> a organização do fractal éidêntica<br />

para todas as escalas <strong>de</strong> comprimento observadas. Na prática a auto-similarida<strong>de</strong><br />

não é satisfeita quando a escala torna-se comparável à dos objetos espalhadores<br />

el<strong>em</strong>entares. Seja o ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> partículas <strong>de</strong> raio r formando fractais por um processo<br />

qualquer, como agregação, por ex<strong>em</strong>plo, e sejam os agregados <strong>de</strong> tamanho médio ξ.<br />

Esperamos que a intensida<strong>de</strong> espalhada siga os seguintes comportamentos:<br />

• q À r −1 : as interferências intramoleculares são dominantes e a intensida<strong>de</strong><br />

15


espalhada segue o fator <strong>de</strong> forma. Se as partículas são monodispersas ou com<br />

baixa polidispersão espera-se obter as oscilações como na figura (1.3a);<br />

• ξ −1 ¿ q ¿ r −1 : as características <strong>de</strong> forma e tamanho das partículas não<br />

são observadas e a intensida<strong>de</strong> espalhada é ditada pelo fator <strong>de</strong> estrutura com<br />

I(q) ∼ q −D ;<br />

• q ¿ ξ −1 : se os agregados são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes então cada agregado éconsi<strong>de</strong>rado<br />

como uma partícula pelo espalhamento e a intensida<strong>de</strong> segue a lei <strong>de</strong> Guinier<br />

(eq. 1.16). O raio <strong>de</strong> giração informa o tamanho dos agregados e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> ξ<br />

e D (o fator <strong>de</strong> estrutura completo para agregados fractais será mostrado mais<br />

adiante, ver equação 3.7).<br />

• q → 0: a radiação vinda <strong>de</strong> todas as partículas está <strong>em</strong> fase. A intensida<strong>de</strong><br />

<strong>em</strong> q =0não t<strong>em</strong>, portanto, nenhuma informação da estrutura do sist<strong>em</strong>a.<br />

Por outro lado, o fato <strong>de</strong> todas as partículas espalhar<strong>em</strong> <strong>em</strong> fase mostra que a<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>em</strong> q =0é proporcional ao número <strong>de</strong> partículas no sist<strong>em</strong>a, não<br />

importando o arranjo das mesmas.<br />

Pod<strong>em</strong>os ainda relacionar o fator <strong>de</strong> estrutura com a flutuação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.<br />

Definimos a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> microscópica como:<br />

ρ(~r) =<br />

NX<br />

i=1<br />

δ(~r i − ~r), (1.23)<br />

que consi<strong>de</strong>ra as partículascomopontosd<strong>em</strong>odoquea<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>éinfinita nos pontos<br />

on<strong>de</strong> há umapartícula e zero no resto do espaço. O número total <strong>de</strong> partículas no<br />

sist<strong>em</strong>a édadopelaintegralnovolumeda<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>ρ(~r).<br />

Calculando a transformada <strong>de</strong> Fourier da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> t<strong>em</strong>os:<br />

ρ(~q)<br />

≡<br />

=<br />

=<br />

Z<br />

d~rρ(~r)exp(i~q.~r )<br />

NX<br />

Z<br />

d~r δ(~r i − ~r)exp(i~q.~r )<br />

i=1<br />

NX<br />

i=1<br />

exp(i~q.~r i ), (1.24)<br />

16


e, usando (1.10), v<strong>em</strong>os que o módulo <strong>de</strong>ssa gran<strong>de</strong>za relaciona-se com o fator <strong>de</strong><br />

estrutura com<br />

S(q) ∝ |ρ(~q )| 2 . (1.25)<br />

A intensida<strong>de</strong> espalhada para um dado ~q nos informa sobre as flutuações da<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Assim, fixando um valor <strong>de</strong> q, a medida da intensida<strong>de</strong> espalhada (consi<strong>de</strong>rando<br />

que o fator <strong>de</strong> forma não t<strong>em</strong> influêncianoespalhamentototal)nosdáa<br />

componente <strong>de</strong> Fourier da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ρ(~r).<br />

Outra gran<strong>de</strong>za importante obtida pelas técnicas <strong>de</strong> espalhamento é a chamada<br />

invariante <strong>de</strong> espalhamento:<br />

Q ≡<br />

Z ∞<br />

0<br />

dq q 2 I(q), (1.26)<br />

que, como o próprio nome indica, t<strong>em</strong> a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se manter constante para<br />

um mesmo sist<strong>em</strong>a com configurações diferentes [42, 44]. Assim, se rearranjarmos os<br />

componentes <strong>de</strong> uma amostra <strong>de</strong>ntro do mesmo volume, o valor <strong>de</strong> Q não se altera.<br />

Isso mostra que os valores <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> para q gran<strong>de</strong> não é totalmente in<strong>de</strong>n<strong>de</strong>nte<br />

da intensida<strong>de</strong> <strong>em</strong> q’s pequenos. Épossível mostrar que a partir <strong>de</strong> Q e do limite<br />

I(q)q 4 para q →∞pod<strong>em</strong>os calcular a superfície específica das partículas, ou a<br />

superfície por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume:<br />

S<br />

V = π(1 − φ)lim q→∞ I(q)q 4<br />

, (1.27)<br />

Q<br />

on<strong>de</strong> φ é a concentração do soluto. Essa relação só éválida para sist<strong>em</strong>as com duas<br />

fases e uma superfície b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finida entre elas. Para esferas t<strong>em</strong>os que a superfície<br />

específica é3/r <strong>de</strong> modo que pela equação (1.27) pod<strong>em</strong>os extrair o raio das partículas.<br />

17


1.2.3 Técnicas <strong>de</strong> Espalhamento<br />

O fator <strong>de</strong> contraste éoúnico el<strong>em</strong>ento que distingue as técnicas <strong>de</strong> espalhamento<br />

<strong>de</strong> luz, nêutrons e raios X. No espalhamento <strong>de</strong> luz a interação da radiação com<br />

amatéria se dá pelainteração do campo elétrico da luz com as cargas presentes<br />

nos átomos e moléculas. O campo elétrico oscilante <strong>de</strong>forma a nuv<strong>em</strong> eletrônica dos<br />

átomos que oscila na mesma frequência da radiação ∗ .Osátomos pod<strong>em</strong>, portanto, ser<br />

vistos como dipolos elétricos oscilantes que atuam como fontes <strong>de</strong> radiação <strong>de</strong> mesma<br />

frequência da radiação inci<strong>de</strong>nte. No caso da luz, o fator <strong>de</strong> contraste relaciona-se<br />

com a constante dielétrica dos meios ou ainda com os seus índices <strong>de</strong> refração [35].<br />

Quando a radiação inci<strong>de</strong>nte trata-se <strong>de</strong> raios X a interação com a matéria segue<br />

omesmoprincípio que no caso da luz. Porém a energia dos fótons <strong>de</strong> raios X é<br />

maior que a energia <strong>de</strong> ionização dos átomos <strong>de</strong> modo que todos os elétrons passam<br />

a se comportar como se estivess<strong>em</strong> livres e todos eles são envolvidos no processo <strong>de</strong><br />

espalhamento. A capacida<strong>de</strong> do material <strong>de</strong> espalhar raios X édadapela<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

eletrônica <strong>de</strong>finido como o número total <strong>de</strong> elétrons dos átomos dividido pelo volume<br />

ocupado pelos mesmos.<br />

Nêutrons são usados <strong>em</strong> técnicas <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong>vido ao caráter dual ondapartícula:<br />

eles difratam como ondas, e são <strong>de</strong>tectados <strong>em</strong> um ponto do espaço como<br />

partículas. As equações <strong>de</strong> espalhamento para nêutrons são <strong>de</strong>senvolvidas usando a<br />

mecânica quântica. Os nêutrons interag<strong>em</strong> com os núcleos dos átomos e a energia<br />

que <strong>de</strong>screve a interação é chamada <strong>de</strong> pseudopotencial <strong>de</strong> Fermi [34] que, por ser<br />

importante <strong>em</strong> distâncias muito pequenas (10 −14 m) é tratada como uma função δ:<br />

V (~r) =− 2π¯h l δ(~r), (1.28)<br />

m<br />

on<strong>de</strong> h éaconstante<strong>de</strong>Planck,m a massa do nêutron e l é o chamado comprimento<br />

<strong>de</strong> espalhamento e seu valor po<strong>de</strong> ser positivo ou negativo.<br />

Para espalhamento<br />

<strong>de</strong> nêutrons a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> espalhamento é dada pela <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espalhamento<br />

calculada pela soma dos comprimentos <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> cada núcleodamolécula<br />

∗ Onúcleo também sofre a ação do campo elétrico, mas, uma vez que a massa do núcleo émuito<br />

maior que a dos elétrons, pod<strong>em</strong>os consi<strong>de</strong>rar que há apenas a agitação dos elétrons.<br />

18


divido pelo volume total. O valor <strong>de</strong> l éespecífico para cara isótopo <strong>de</strong> cada átomo.<br />

Na figura (1.4) v<strong>em</strong>os o comprimento <strong>de</strong> espalhamento <strong>em</strong> função do número atômico.<br />

Figura 1.4: Comprimento <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> nêutrons com o número atômico. Os<br />

pontos não in<strong>de</strong>xados indicam o valor médio <strong>de</strong> l para os isótopos existentes.<br />

Atécnica <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> nêutrons é especialmente atraente quando lidamos<br />

com sist<strong>em</strong>as complexos com muitos componentes. O fato <strong>de</strong> isótopos do mesmo<br />

el<strong>em</strong>ento possuir<strong>em</strong> comprimentos <strong>de</strong> espalhamento diferentes nos permite marcar<br />

um dos componentes <strong>de</strong> interesse sintetizando-os com um isótopo que tenha um<br />

contraste maior <strong>em</strong> relação ao meio. Dois isótopos são vistos distintamente pelos<br />

nêutrons, mas suas características químicas permanc<strong>em</strong> inalteradas. Pod<strong>em</strong>os mudar<br />

ocontrastedosolvente<strong>em</strong>relação ao resto do sist<strong>em</strong>a para o espalhamento <strong>de</strong> luz<br />

misturando um outro solvente com índice <strong>de</strong> refração diferente. Porém as interações<br />

fisico-químicas do sist<strong>em</strong>a pod<strong>em</strong> alterar-se drasticamente. No caso <strong>de</strong> nêutrons basta<br />

variar a proporção dos diferentes isótopos do solvente. Essa situação é particularmente<br />

favorável para amostras contendo hidrogênio uma vez que o hidrogênio e seu isótopo<br />

pesado (<strong>de</strong>utério) têm comprimentos <strong>de</strong> espalhamento com sinais opostos (l H =<br />

−0, 374 × 10 −12 cm; l D =+0, 667 × 10 −12 cm). Um valor negativo <strong>de</strong> l significa<br />

uma mudança <strong>de</strong> fase <strong>de</strong> meio comprimento <strong>de</strong> onda da onda espalhada <strong>em</strong> relação à<br />

onda inci<strong>de</strong>nte.<br />

19


Define-se a seção <strong>de</strong> choque como o número total <strong>de</strong> nêutrons espalhados por<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po dividido pelo número <strong>de</strong> nêutrons inci<strong>de</strong>ntes por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po<br />

e por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área. Em experimentos <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> nêutrons medimos a<br />

seção <strong>de</strong> choque macroscópica dΣ/dΩ que é<strong>de</strong>finida como a seção <strong>de</strong> choque por<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ângulo sólido e por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume do material. dΣ/dΩ é, portanto,<br />

dado <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s do inverso do comprimento.<br />

Técnicas <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> raios X e nêutrons varr<strong>em</strong> aproximadamente a<br />

mesma faixa <strong>de</strong> vetores <strong>de</strong> espalhamento, mas cada técnica com suas características<br />

próprias (ver, por ex<strong>em</strong>plo [45]). Os nêutrons, por interagir<strong>em</strong> fracamente com a<br />

matéria, têm um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> penetração muito superior que a luz e raios X. Outra<br />

vantag<strong>em</strong> é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> variar o fator <strong>de</strong> contraste s<strong>em</strong> afetar as amostras, e<br />

marcar parte do sist<strong>em</strong>a com isótopos <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> espalhamento diferentes.<br />

A principal <strong>de</strong>svantag<strong>em</strong> dos nêutrons éobaixofluxo do feixe inci<strong>de</strong>nte <strong>em</strong> relação<br />

ao <strong>de</strong> raios X.<br />

1.2.4 Espalhamento por Géis Poliméricos<br />

Um gel polimérico é formado por ca<strong>de</strong>ias poliméricas com as extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s conectadas,<br />

formando uma re<strong>de</strong>. Os géis são normalmente comparados àsoluções s<strong>em</strong>idiluídas<br />

<strong>de</strong> polímeros [44, 46], uma vez que, <strong>em</strong> ambos os casos, são caracterizados<br />

apenas por um tamanho característico, ξ. Emsoluções s<strong>em</strong>i-diluídas <strong>de</strong> polímeros a<br />

função correlação <strong>de</strong> par é dada por:<br />

g(r) ∼ 1 exp(−r/ξ) para r ¿ ξ. (1.29)<br />

r<br />

A partir <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>finição as flutuações da concentração do polímero pod<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>radas<br />

<strong>de</strong>scorrelacionadas para distâncias maiores que ξ. Emumsolventebom<br />

ocomprimentoξ é associado àdistância a partir da qual as ca<strong>de</strong>ias poliméricas<br />

começam a se intrelaçar ou, <strong>em</strong> outras palavras, esse comprimento característico é<br />

aproximadamente igual àdistância entre os pontos <strong>de</strong> contato entre as ca<strong>de</strong>ias.<br />

20


Para distâncias menores que ξ as partes <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia comportam-se essencialmentecomosenão<br />

interagiss<strong>em</strong> com as outras ca<strong>de</strong>ias, ou seja, a função correlação<br />

coinci<strong>de</strong> com a <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias isoladas [46], com:<br />

g(r) ∼ r (1−3ν)/ν . (1.30)<br />

Oexpoenteν (chamado expoente <strong>de</strong> volume excluído ou expoente <strong>de</strong> Kuhn) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

do tipo <strong>de</strong> solvente e vale, aproximadamente, 3/5 para ca<strong>de</strong>ias reais <strong>em</strong> solventes bons<br />

[47].<br />

Calculando o fator <strong>de</strong> estrutura pelas equações (1.20) e (1.29) t<strong>em</strong>os que o fator <strong>de</strong><br />

estrutura <strong>de</strong> géis poliméricos segue a lei <strong>de</strong> Ornstein-Zernicke (isto é, uma Lorentziana)<br />

[46], com:<br />

S(q) =<br />

S(0)<br />

1+q 2 ξ 2 para qξ < 1. (1.31)<br />

Da mesma forma, usando a equação (1.30) <strong>em</strong> (1.20) t<strong>em</strong>os:<br />

S(q) ∼ q −1/ν para qξ À 1. (1.32)<br />

Assimcomo<strong>em</strong>soluções s<strong>em</strong>i-diluídas <strong>de</strong> polímeros, os géis são formados por<br />

ca<strong>de</strong>ias que interag<strong>em</strong> entre si, porém com as extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s das ca<strong>de</strong>ias conectadas<br />

umas às outras por ligações químicas. Assim como <strong>em</strong> soluções s<strong>em</strong>i-diluídas <strong>de</strong><br />

polímeros, o tamanho característico ξ étambém associado, para géis, àdistância dos<br />

pontos <strong>de</strong> contato entre as ca<strong>de</strong>ias que reflete o tamanho médio dos poros da re<strong>de</strong>.<br />

Esse tamanho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da concentração <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> modo que, quanto maior a<br />

concentração <strong>de</strong> polímeros, menor o tamanho dos poros. Para ca<strong>de</strong>ias <strong>em</strong> solventes<br />

bons espera-se que o comprimento <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong>penda da concentração pela relação<br />

ξ ∝ φ −3/4 [46]. Essa relação foi comprovada experimentalmente para diversos tipos<br />

<strong>de</strong> géis - poli(acrilamida), poli(álcool-vinílico) e poli(acetato <strong>de</strong> vinila) [48, 49, 50].<br />

21


Comparando-se as curvas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> géis com as <strong>de</strong> soluções s<strong>em</strong>i-diluídas<br />

<strong>de</strong> polímeros observa-se que a intensida<strong>de</strong> espalhada para valores pequenos <strong>de</strong> q<br />

aumenta significativamente para os géis. A presença <strong>de</strong> um agente <strong>de</strong> ligação cruzada<br />

cria regiões <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> polímeros<strong>em</strong>tornodospontos<strong>de</strong>reticulação,<br />

eregiões menos concentradas entre esses pontos, aumentano a heterogeneida<strong>de</strong> do<br />

sist<strong>em</strong>a e também a intensida<strong>de</strong> espalhada.<br />

Medidas <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> luz, nêutrons e raios X <strong>em</strong> géis <strong>de</strong> poli(acrilamida)<br />

[48] mostram que a intensida<strong>de</strong> espalhada segue uma função Lorentziana (eq. 1.33)<br />

na região <strong>de</strong> 3 × 10 −2


Capítulo 2<br />

Materiais e Métodos<br />

2.1 Preparação das Amostras<br />

Preparamos géis <strong>de</strong> poli(acrilamida) / metileno-bisacrilamida a partir do método<br />

usual <strong>de</strong> co-polimerização radicalar da acrilamida (AAm) CH 2 =CH—CO—NH 2 com o<br />

agente <strong>de</strong> ligação cruzada N,N 0 -metileno-bisacrilamida (BIS)<br />

CH 2 =CH–CO–NH–CH 2 –NH–CO–CH=CH 2<br />

Nesse processo, os radicais livres necessários para iniciar a reação vê<strong>em</strong> da oxidação<br />

dos monômeros com o persulfato <strong>de</strong> amônio (NH 4 ) 2 S 2 O 8 (ver, por ex<strong>em</strong>plo, [51]).<br />

Adiciona-se uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> N,N,N 0 ,N 0 -tetrametiletilenodiamina, ou<br />

TEMED que, juntamente com o persulfato <strong>de</strong> amônio, é um dos iniciadores da<br />

reação radicalar. Inicialmente, radicais livres são formados através da reação <strong>de</strong> íons<br />

persulfato os quais atacam uma molécula <strong>de</strong> TEMED, formando um sítio radicalar<br />

no carbono etilênicodoTEMED,<strong>de</strong>acordocomareação:<br />

CH 3<br />

@<br />

CH 3<br />

¡<br />

CH 3<br />

¡<br />

N CH 2 – CH 2 N<br />

S 2 O −2<br />

8<br />

−−−−−−−→<br />

@<br />

CH 3<br />

CH 3<br />

@<br />

CH 3<br />

¡<br />

N<br />

•<br />

CH 2 – CH<br />

¡<br />

N<br />

@<br />

CH 3<br />

CH 3<br />

Foram preparadas soluções aquosas <strong>de</strong> géis <strong>de</strong> poli(acrilamida)/metileno - bisacrilamida<br />

com concentração total <strong>de</strong> monômeros <strong>de</strong> 2,5 m/m(%) e 4,0 m/m(%) <strong>em</strong><br />

massa. A proporção das massas da acrilamida e metileno-bisacrilamida foi mantida<br />

constante m AAm /m BIS = 30 <strong>em</strong> todos os casos. Ferv<strong>em</strong>os a água usada nas soluções<br />

23


para eliminar o oxigênio dissolvido na água e minimizar a reação <strong>de</strong> terminação das<br />

ca<strong>de</strong>ias.<br />

Para cada amostra adicionamos, antes do início da reação <strong>de</strong> polimerização, uma<br />

solução aquosa <strong>de</strong> ferrofluido industrial. Usamos os ferrofluido EMG408 e EMG707<br />

(FerroTec Corp. — Estados Unidos) e o ferrofluido M300 (Sigma Hi-Ch<strong>em</strong>ical Inc. —<br />

Japão). Todas as amostras são constituídas <strong>de</strong> magnetita estabilizadas com surfatante.<br />

No ferrofluido M300 o surfatante é o do<strong>de</strong>cil-benzeno-sulfonato <strong>de</strong> sódio (ou SDBS,<br />

do ingês sodium-do<strong>de</strong>cyl-benezene-sulfate).<br />

" º " b b · SO− 3 Na<br />

""<br />

+<br />

"" b¹ b " " ¸<br />

CH 3 (CH 2 ) 11<br />

.<br />

A FerroTec não informou qual surfatante foi usado <strong>em</strong> seus ferrofluidos. Os ferrofluidos<br />

EMG408 e EMG707 foram usados 22 meses apósvencidaadata<strong>de</strong>valida<strong>de</strong><br />

enquanto o ferrofluido M300 foi adquirido recent<strong>em</strong>ente.<br />

Os ferrofluidos EMG408 e EMG707 difer<strong>em</strong> apenas na concentração <strong>de</strong> sólidos:<br />

1,1 m/v(%) e 1,8 m/v(%), e no pH: 7 e entre 8 e 9, respectivamente, ambos os<br />

dados fornecidos pelo fabricante. A magnetização <strong>de</strong> saturação das soluções é<strong>de</strong>6<br />

e 10 mT. O ferrofluido M300 t<strong>em</strong> uma magnetização <strong>de</strong> saturação maior (32 mT) e<br />

concentração <strong>de</strong> 11% <strong>em</strong> volume.<br />

As concentrações <strong>de</strong> ferrofluido foram: 0; 0,26 e 2,6 mg/mL para o ferrofluido<br />

EMG408;0,039a0,12mg/mLparaoferrofluido EMG707 e 0; 0,17; 0,35 e 3,5<br />

mg/mL para o ferrofluido M300. Todas as amostras foram <strong>de</strong>ixadas a cerca <strong>de</strong> 50 ◦ C<br />

durante um t<strong>em</strong>po suficiente para o término da reação (aproximadamente 12 horas).<br />

Preparamos, também, soluções diluidas <strong>de</strong> ferrofluido nas mesmas concentrações<br />

acima.<br />

Designamos as amostras <strong>de</strong> ferrogel M300 com dois números: o primeiro indicando<br />

a concentração <strong>de</strong> gel na solução (0 para solução <strong>de</strong> ferrofluido, e 2,5 e 4,0 para as<br />

soluções com estas concentrações <strong>de</strong> monômeros); o segundo indicando a concentração<br />

<strong>de</strong> ferrofluido (tabela 2.1).<br />

Para as medidas <strong>de</strong> SAXS usamos capilares <strong>de</strong> 1,5 mm <strong>de</strong> diâmetro (Lind<strong>em</strong>ann).<br />

24


Tabela 2.1: Amostras <strong>de</strong> ferrogéis.<br />

Nome Ferrofluido Conc. do gel Conc. <strong>de</strong> sólidos<br />

m/m(%) mg/mL(solução)<br />

M300-0-III M300 0 3,5<br />

M300-2.5-I M300 2,5 0,17<br />

M300-2.5-II M300 2,5 0,35<br />

M300-2.5-III M300 2,5 3,5<br />

M300-4.0-II M300 4,0 0,35<br />

M300-4.0-III M300 4,0 3,5<br />

EMG408-4.0-I EMG408 4,0 0,26<br />

EMG408-4.0-II EMG408 4,0 2,6<br />

EMG707-2.5-I EMG707 2,5 0,78<br />

EMG707-2.5-II EMG707 2,5 1,6<br />

EMG707-2.5-III EMG707 2,5 1,9<br />

EMG707-2.5-IV EMG707 2,5 2,3<br />

Nas medidas <strong>de</strong> SANS usamos porta-amostras planas <strong>de</strong> vidro com espaçamento<br />

<strong>de</strong> 2 mm. Para o espalhamento <strong>de</strong> luz as amostras foram sintetizadas <strong>em</strong> cubetas<br />

cilíndricas <strong>de</strong> 5 mm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

Para as medidas com SANS usamos uma mistura <strong>de</strong> 56 m/m(%) <strong>de</strong> água pesada<br />

(D 2 O)e44m/m(%)<strong>de</strong>água normal (H 2 O). Nessas proporções o fator <strong>de</strong> contraste<br />

entre o solvente e o gel <strong>de</strong> poli(acrilamida)/metileno-bisacrilamida énulo.<br />

25


2.2 Técnicas Experimentais - SANS<br />

2.2.1 Descrição da Linha <strong>de</strong> SANS<br />

As medidas <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> nêutrons a baixos ângulos (Small Angle Neutrons<br />

Scattering - SANS) foram realizadas no Institut Laue-Langevin - ILL, <strong>em</strong> Grenoble<br />

-França, na linha <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> nêutrons D11, representada na figura (2.1).<br />

Detalhes da linha pod<strong>em</strong> ser encontrados nas referências [52] e [53]. Uma <strong>de</strong>scrição<br />

geral da instrumentação <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> nêutrons po<strong>de</strong> ser encontrada<br />

<strong>em</strong> [34] e [54] .<br />

Os nêutrons usados no espalhamento são produzidos pela reação <strong>em</strong> ca<strong>de</strong>ia da<br />

fissão do urânio 235 U. Nessa reação um nêutron é absorvido pelo núcleodourânio e<br />

segue-se sua fragmentação <strong>em</strong> átomosmaislevesliberando<strong>de</strong>2a5nêutrons. Na<br />

média são produzidos 2,5 nêutrons por átomo <strong>de</strong> urânio dos quais 1,5 são usados na<br />

continuida<strong>de</strong> da reação. Logo cada fissão produz, <strong>em</strong> média, um nêutron utilizável.<br />

No núcleodoreatorsão produzidos nêutrons rápidos (1-2 MeV) <strong>em</strong> todas as direções.<br />

Para utilizar os nêutrons é preciso “resfriá-los”, ou seja, diminuir sua velocida<strong>de</strong><br />

média, guiá-los até as amostras, monocromatizá-los e colimar o feixe. Ao contrário dos<br />

raiosX,osnêutrons não têm um feixe b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finido <strong>de</strong> modo que utiliza-se a pequena<br />

fração que viaja na direção <strong>de</strong>sejada. Do fluxo original <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 10 15 nêutrons/cm 2 .s<br />

aproveita-se apenas 10 7 nêutrons/cm 2 .s.<br />

Ao sair<strong>em</strong> do núcleo do reator os nêutrons passam por mo<strong>de</strong>radores, normalmente<br />

D 2 OouH 2 O, grafite ou ainda D 2 líquido. Os nêutrons sofr<strong>em</strong> colisões com os átomos<br />

nos mo<strong>de</strong>radores transferindo parte <strong>de</strong> seu momento. Se o mo<strong>de</strong>rador for gran<strong>de</strong> o<br />

suficiente eles ating<strong>em</strong> aproximadamente um equilíbrio térmico, como um gás <strong>de</strong><br />

nêutrons, e sua velocida<strong>de</strong> média <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da t<strong>em</strong>peratura do mo<strong>de</strong>rador. Os<br />

mo<strong>de</strong>radores são usados <strong>de</strong> acordo com os valores <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong>sejados.<br />

Esse éummodo<strong>de</strong>aumentarofluxo <strong>de</strong> nêutrons nas condições <strong>de</strong>sejadas. A linha<br />

D11 utiliza um mo<strong>de</strong>rador com D 2 líquido a 25 K. A nova distribuição <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s<br />

t<strong>em</strong>umpico<strong>em</strong>λ ≈ 6 Å.<br />

26


Figura 2.1: Representação esqu<strong>em</strong>ática da linha D11.<br />

Aseleção do comprimento <strong>de</strong> onda associado aos nêutrons (pela relação <strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Broglie λ = h/mv) sedá por um seletor <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s. Uma vez que as velocida<strong>de</strong>s<br />

típicas são relativamente baixas (para um comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> 6 Å a velocida<strong>de</strong><br />

é por volta <strong>de</strong> 600 m/s) usa-se um seletor mecânico <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s. Esse dispositivo<br />

consist<strong>em</strong><strong>em</strong>pás <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> carbono <strong>de</strong> 400 mm <strong>de</strong> comprimento e 420 mm <strong>de</strong><br />

diâmetro externo e com velocida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> rotação <strong>de</strong> 10.300 rev/min (fig. 2.2).<br />

O seletor <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s funciona do seguinte modo: suas pás são curvadas <strong>de</strong> modo<br />

queapenasosnêutrons com uma velocida<strong>de</strong> específica consegu<strong>em</strong> passar nos espaços<br />

vazios à medida que ele roda. Os nêutrons <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s muito altas ou muito baixas<br />

são bloqueados.<br />

Figura 2.2: Monocromador <strong>de</strong> nêutrons: seletor <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s.<br />

Normalmente <strong>em</strong> instalações <strong>de</strong> pesquisas que usam nêutrons é interessante aproveitar<br />

o máximo a produção <strong>de</strong> nêutrons, ou instalar o máximo <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> pesquisa<br />

possível. Como o fluxo <strong>de</strong> nêutrons cai com o quadrado da distância éumavantag<strong>em</strong><br />

óbvia manter os equipamentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>teção o mais próximo possível da fonte. Esse<br />

probl<strong>em</strong>a é solucionado com o uso <strong>de</strong> guias <strong>de</strong> nêutrons. As guias são tubulações <strong>de</strong><br />

27


seção retangular (30 × 50 mm 2 ) que possibilitam o transporte dos nêutrons a gran<strong>de</strong>s<br />

distâncias do reator. As guias são revestidas <strong>de</strong> um material apropriado (por ex<strong>em</strong>plo,<br />

níquel) que reflet<strong>em</strong> totalmente os nêutrons. Na linha D11 a guia entre o reator e o<br />

monocromador t<strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> comprimento e um raio <strong>de</strong> curvatura <strong>de</strong> 2700<br />

m. A amostra ficaacerca<strong>de</strong>40mdomonocromador(fig. 2.1). Entre a amostra e o<br />

monocromador o feixe é colimado por um jogo <strong>de</strong> diafragmas <strong>de</strong> 50 × 30 mm 2 .<br />

A<strong>de</strong>teção <strong>de</strong> nêutrons se dá pelareação nuclear do nêutron com um átomo. A<br />

reação envolve a absorção do nêutron, quebra do átomo e liberação <strong>de</strong> energia. 3 He<br />

e 10 Bsão ex<strong>em</strong>plos das substâncias usadas. As reações nucleares envolvidas são:<br />

3 He + n → 3 H+ 1 H + 0,77 MeV,<br />

10 B+n→ 7 Li + 4 He + 2,3 MeV.<br />

Para <strong>de</strong>tecção dos nêutrons usa-se <strong>de</strong>tectores a gás, que são cilindros <strong>de</strong> alguns<br />

centímetros <strong>de</strong> diâmetro por algumas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> centímetros <strong>de</strong> comprimento. Os<br />

cilindros são preenchidos com hélio gasoso enriquecido com 3 He pressurizado ou BF 3<br />

enriquecido com 10 B. Na reação são produzidas partículas carregadas que ionizam o<br />

gás. Os elétrons produzidos são acelerados e ionizam mais partículas. Essa <strong>de</strong>scarga é<br />

<strong>de</strong>tectada por um eletrodo, um fio posicionado ao longo do eixo do <strong>de</strong>tector. Épossível<br />

conhecermos a posição <strong>de</strong> incidência do nêutron comparando os t<strong>em</strong>pos que o pulso<br />

leva para chegar a cada extr<strong>em</strong>o do eletrodo. Detectores 2D, ou multi<strong>de</strong>tectores são<br />

construídos usando uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores individuais montados juntos. A linha<br />

D11 usa um multi<strong>de</strong>tector <strong>de</strong> BF 3 enriquecido com 10 B. Ele éconstituído <strong>em</strong> dois<br />

conjuntos <strong>de</strong> fios mutuamente perpendiculares on<strong>de</strong> cada conjunto <strong>de</strong> fios paralelos<br />

são dispostos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma mesma câmara com o gás. A área do <strong>de</strong>tector é<strong>de</strong><br />

64 × 64 cm 2 com 3808 el<strong>em</strong>entos ativos <strong>de</strong> 10 × 10 mm 2 . O <strong>de</strong>tector é protegido<br />

do feixe inci<strong>de</strong>nte (que não é espalhado) por uma lâmina <strong>de</strong> 1 mm <strong>de</strong> espessura <strong>de</strong><br />

cádmio, e área <strong>de</strong> 80 × 60 mm 2 .<br />

Mudando a posição do <strong>de</strong>tector <strong>em</strong> relação às amostras po<strong>de</strong>-se ampliar a faixa<br />

<strong>de</strong> vetores <strong>de</strong> espalhamento. A posiçãoe<strong>de</strong>slocamentodo<strong>de</strong>tectoré controlado por<br />

28


computador e sua posição <strong>em</strong> relação àamostrapo<strong>de</strong>variar<strong>de</strong>1,1ma36,7m.Uma<br />

vez que a faixa limite <strong>de</strong> comprimentos <strong>de</strong> onda na linha D11 é<strong>de</strong>λ = 4, 5 − 12 Å,<br />

t<strong>em</strong>os que os valores acessíveis do vetor <strong>de</strong> espalhamento é<strong>de</strong>7, 4 × 10 −4 a0,44Å −1 .<br />

2.2.2 Tratamento<br />

Em nosso experimento a velocida<strong>de</strong> dos nêutrons foi selecionada para correspon<strong>de</strong>r<br />

a um comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> 8 Å pela relação <strong>de</strong> <strong>de</strong> Broglie λ = h/mv. Asdistâncias<br />

do <strong>de</strong>tector à amostra foram <strong>de</strong> 1,1; 3,0 e 10,0 metros, que correspon<strong>de</strong> aos valores<br />

<strong>de</strong> vetor <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 0,003 a 0,1 Å −1 .<br />

As amostras foram preparadas <strong>em</strong> cubetas <strong>de</strong> vidro planas com espaçamento <strong>de</strong><br />

2 mm entre as lâminas. O t<strong>em</strong>po característico para a medida <strong>de</strong> cada amostra foi <strong>de</strong><br />

90 a 120 minutos, constrastando com o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> aquisição do SAXS <strong>de</strong> 200 segundos.<br />

V<strong>em</strong>os na figura (2.3) um ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> obtida com SANS.<br />

Figura 2.3: Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> captada num experimento <strong>de</strong> SANS. Espalhamento<br />

da amostra <strong>de</strong> ferrogel EMG408-4.0-II com o <strong>de</strong>tector a 10 m da amostra.<br />

O vetor <strong>de</strong> espalhamento écalculadoapartirdadistância do <strong>de</strong>tector à amostra<br />

edaposição <strong>de</strong> cada el<strong>em</strong>ento do multi<strong>de</strong>tector <strong>em</strong> relação ao ponto <strong>de</strong> incidência do<br />

feixe transmitido. Usou-se o behenato <strong>de</strong> prata, CH 3 (CH 2 ) 20 COOAg, para verificação<br />

do comprimento <strong>de</strong> onda [55].<br />

29


As curvas <strong>de</strong> seção <strong>de</strong> choque dΣ/dΩ, <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s absolutas (cm −1 ), foram<br />

construídas usando o programa SPOLLY <strong>de</strong>senvolvido no ILL. O programa divi<strong>de</strong><br />

aimag<strong>em</strong><strong>em</strong>anéis com centro coincidindo nas coor<strong>de</strong>nadas do feixe inci<strong>de</strong>nte. Para<br />

cada anel calcula-se o valor médio da intensida<strong>de</strong> dos seus píxeis b<strong>em</strong> como a distância<br />

média p <strong>em</strong> relação à orig<strong>em</strong>. T<strong>em</strong>-se, então, a contag<strong>em</strong> <strong>de</strong> nêutrons <strong>em</strong> função da<br />

distância radial do ponto <strong>de</strong> incidência do feixe. O erro das contagens foi calculado<br />

comosendoo<strong>de</strong>sviopadrão dos valores dos píxeis <strong>de</strong> mesma distância da orig<strong>em</strong>. Para<br />

cada amostra é <strong>de</strong>scontado o valor do ruido <strong>de</strong> fundo. A relação entre a distância<br />

radial p nas imagens e o vetor <strong>de</strong> espalhamento q édadopelarelação:<br />

q = 4π λ sen ∙ 1<br />

2 tan−1 µ p<br />

D<br />

¸<br />

, (2.1)<br />

on<strong>de</strong> D éadistância <strong>de</strong>tector - amostra (fig. 2.4).<br />

Figura 2.4: Representação <strong>de</strong> um experimento <strong>de</strong> espalhamento.<br />

Aseção <strong>de</strong> choque <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s absolutas é calculada normalizando as contagens<br />

pela transmitância e subtraindo-as das contagens do porta-amostra:<br />

dΣ a (q)<br />

dΩ<br />

[cm]−1 = c a(q)/T a − c v (q)/T v<br />

· dw dΣ w<br />

c w (q)/T w − c v (q)/T v d a dΩ , (2.2)<br />

on<strong>de</strong> T é a transmitância e d a espessura da amostra. Os índices a, v e w refer<strong>em</strong>-se<br />

à amostra, ao porta-amostra vazio e àágua, respectivamente. A água éusadacomo<br />

referência para o cálculo absoluto da seção <strong>de</strong> espalhamento. O valor <strong>de</strong> dΣ/dΩ w é<br />

<strong>de</strong> 1 cm −1 . Correções <strong>de</strong>vido ao t<strong>em</strong>po morto do <strong>de</strong>tector <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>radas.<br />

30


As contagens são divididas por uma constante (1 − nτ) on<strong>de</strong>n é a contag<strong>em</strong> total<br />

medida e τ é o chamado t<strong>em</strong>po morto. Para o <strong>de</strong>tector na linha D11, τ =1.81µs [56].<br />

Obtiv<strong>em</strong>os o sinal proveniente apenas das partículas magnéticas subtraindo o sinal<br />

do ferrogel pelo do gel correspon<strong>de</strong>nte.<br />

31


2.3 Técnicas Experimentais - SAXS<br />

2.3.1 Descrição da Linha <strong>de</strong> SAXS<br />

As medidas <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> raios X a baixos ângulos (Small Angle X-Ray<br />

Scattering - SAXS) foram realizadas no European Synchrotron Radiation Facility -<br />

ESRF, <strong>em</strong> Grenoble - França, na linha D2AM localizada no final da linha CRG -<br />

Bending Magnet BM02. A linha é <strong>de</strong>dicada ao estudo <strong>de</strong> transições <strong>de</strong> fase, or<strong>de</strong>ns<br />

locais, <strong>de</strong>feitos e estrutura relacionados com: estado sólido, matériamolee<strong>de</strong>ord<strong>em</strong><br />

intermediária (cristais líquidos, etc). Espalhamento a baixos e gran<strong>de</strong>s ângulos, e<br />

espalhamento anômalo são as técnicas principais <strong>de</strong>ssa linha [57, 58].<br />

É chamada radiação síncrotron ou luz síncrotron aradiação liberada pela aceleração<br />

<strong>de</strong> um feixe <strong>de</strong> elétrons <strong>de</strong> alta energia. Na prática os elétrons são acelerados com a<br />

aplicação <strong>de</strong> uma indução magnética ~B perpendicular à trajetória da corrente havendo<br />

aatuação da força <strong>de</strong> Lorentz F ~ = e~v × B. ~ O uso <strong>de</strong> elétrons <strong>de</strong> alta energia<br />

(velocida<strong>de</strong>s relativísticas) éinteressanteumavezquearadiação produzida nessas<br />

condições é concentrada na direção <strong>de</strong> propagação [59]. Há três vantagens principais<br />

da radiação síncrotron: gran<strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> fótons, po<strong>de</strong>ndo exce<strong>de</strong>r 10 10 fótons/s; baixa<br />

divergência vertical da radiação (da ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> 0,1 mrad); e distribuição contínua <strong>de</strong><br />

comprimentos <strong>de</strong> onda.<br />

No ESRF os elétrons têm energia <strong>de</strong> 6 GeV e a indução aplicada na linha D2AM<br />

é<strong>de</strong>0,8T.Nasaída dos magnetos o feixe t<strong>em</strong> uma pequena divergência tanto no<br />

plano horizontal (∼ 3 mrad) quanto no plano vertical (∼ 0, 1 − 0, 2 mrad <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

do comprimento <strong>de</strong> onda) e para energias entre 5 e 40 keV a intensida<strong>de</strong> do feixe<br />

é praticamente constante. Antes da radiação ser usada, ou seja, antes <strong>de</strong> atingir a<br />

amostra, é necessário passar por dois processos: a focalização do feixe; e a seleção do<br />

comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong>sejado ou monocromatização do feixe eliminando a radiação<br />

<strong>de</strong> comprimentos <strong>de</strong> onda diferentes.<br />

A linha D2AM possui <strong>em</strong> um monocromador <strong>de</strong> dois cristais entre dois espelhos<br />

cilíndricos <strong>de</strong> focag<strong>em</strong> (fig. 2.5) [57]. A função dos espelhos é<strong>de</strong>prepararofeixeparaa<br />

monocromatizaçãoe<strong>de</strong>focalizá-lo verticalmente enquanto a função do monocromador<br />

é <strong>de</strong> selecionar o comprimento <strong>de</strong> onda e ainda <strong>de</strong> focalização horizontal. Todos os<br />

32


equipamentos estão <strong>em</strong> alto vácuo (< 10 −6 mbar) e o primeiro espelho <strong>em</strong> ultra alto<br />

vácuo (< 10 −8 mbar).<br />

Aradiação vinda dos magnetos após a <strong>de</strong>flexão da corrente <strong>de</strong> elétrons édivergente<br />

nos planos horizontal e vertical. Ela inci<strong>de</strong> sobre o primeiro espelho que absorve<br />

gran<strong>de</strong> parte da energia por absorção dos raios X <strong>de</strong> altas energia que não são<br />

refletidos. A potência do calor gerado édaord<strong>em</strong><strong>de</strong>100-200W.Oespelhoconsiste<br />

<strong>em</strong>umblocomonocristalinopolido<strong>de</strong>silício <strong>de</strong> 1,1 m <strong>de</strong> comprimento por 0,15 m <strong>de</strong><br />

largura, coberto com um filme <strong>de</strong> 400 Å <strong>de</strong> espessura <strong>de</strong> platina. A rugosida<strong>de</strong> dos<br />

espelho éestimada<strong>em</strong>cerca<strong>de</strong>2-4Å.<br />

Figura 2.5: Representação esqu<strong>em</strong>ática da linha D2AM.<br />

Outra função do primeiro espelho écancelaradivergência vertical para possibilitar<br />

aseleção do comprimento <strong>de</strong> onda pelo monocromador. O espelho é curvado cilindricamente<br />

com eixo horizontal e perpendicular ao feixe. A curvatura no espelho é<br />

produzida pela aplicação <strong>de</strong> torques iguais e opostos <strong>em</strong> ambas as extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s. Isso<br />

éconseguidoapoiandooespelho<strong>em</strong>suasextr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>seaplicandoumacarga<strong>em</strong><br />

33


cima do espelho num ponto mais interno <strong>em</strong> relação aos pontos <strong>de</strong> apoio. O raio<br />

<strong>de</strong> curvatura varia <strong>de</strong> 4 a 20 km, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do ângulo <strong>de</strong> incidência. O ângulo <strong>de</strong><br />

incidência é controlado por rotação <strong>de</strong> todo o sist<strong>em</strong>a <strong>em</strong> relação ao eixo horizontal e<br />

paralelo ao feixe. Todo o sist<strong>em</strong>a po<strong>de</strong> ainda ser <strong>de</strong>slocado verticalmente para ajustar<br />

o espelho <strong>em</strong> relação ao feixe inci<strong>de</strong>nte.<br />

O feixe com divergência apenas na horizontal, vai para o monocromador que<br />

consiste <strong>em</strong> dois cristais Si[111] <strong>de</strong> faces paralelas <strong>de</strong>slocados um <strong>em</strong> relação ao outro<br />

(fig. 2.5a). A seleção do comprimento <strong>de</strong> onda se dá porreflexão <strong>de</strong> Bragg ajustando<br />

oângulo <strong>de</strong> incidênciadofeixe.ParaoSi[111]adistância interplanar é<strong>de</strong>3,1355Å<br />

e os valores ótimos <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda estão entre 0,8 a 1,4 Å. Fora <strong>de</strong>ssa região<br />

a intensida<strong>de</strong> do feixe cai rapidamente. Assim como o primeiro espelho, o primeiro<br />

cristal éresfriadoaágua <strong>de</strong>vido àaltaabsorção térmica (da ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> 100W).<br />

O segundo cristal éidêntico ao primeiro, porém com curvatura sagital <strong>de</strong> modo<br />

a focalizar horizontalmente o feixe. A absorção térmica nesse caso é <strong>de</strong>sprezível. A<br />

curvatura sagital provoca uma outra curvatura longitudinal importante no espelho<br />

chamada curvatura anticlástica. Esse efeito é minimizado pela construção do cristal:<br />

aplaca<strong>de</strong>silício apresenta aletas na face oposta <strong>de</strong> 0,4 mm <strong>de</strong> espessura por 7 mm <strong>de</strong><br />

comprimento e espaçamento <strong>de</strong> 0,8 mm. Essa construção,noentanto,fazcomquea<br />

curvatura do cristal não seja uniforme, sendo maior nas regiões s<strong>em</strong> as aletas e menor<br />

nas regiões opostas às estrias. O efeito po<strong>de</strong> ser visto como uma sucessão <strong>de</strong> regiões<br />

mais e menos brilhantes na imag<strong>em</strong> do feixe não-localizado.<br />

Os cristais do monocromador pod<strong>em</strong> ser rodados <strong>em</strong> relação ao eixo horizontal e<br />

perpendicular ao feixe para ajustar o ângulo <strong>de</strong> incidênciadofeixevindodoprimeiro<br />

espelho. Há ainda a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação <strong>em</strong> relação ao eixo paralelo ao feixe e<br />

finalmente <strong>em</strong> relação ànormalàs superfícies.<br />

Saindo do monocromador o feixe passa pelo segundo espelho, análogo ao primeiro,<br />

quefocalizaverticalmenteofeixe. Opontofocalé ajustado para coincidir com a<br />

posição do “beam-stop”.<br />

Ofeixeé monitorado ao longo da linha entre todos os equipamentos, para controle<br />

da sua posição e para monitoramento durante a regulag<strong>em</strong> (para maiores <strong>de</strong>talhes, ver<br />

referência [57]). Fendas são dispostas ao longo da linha (4 jogos <strong>de</strong> fendas no total,<br />

34


horizontais e verticais) com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir o fluxo (primeiro jogo <strong>de</strong> fendas,<br />

antes do primeiro espelho) e <strong>de</strong> minimizar os efeitos <strong>de</strong> aberrações e <strong>de</strong> luz parasita<br />

[58].<br />

Finalmente posiciona-se duas fotomultiplicadoras antes e <strong>de</strong>pois da amostra para<br />

<strong>de</strong>terminação da transmitância<strong>de</strong>cadaamostraapartirdoespalhamento<strong>de</strong>filmes<br />

<strong>de</strong> Kapton <strong>de</strong> 8 µm <strong>de</strong> espessura posicionados a 45 ◦ <strong>em</strong> relação ao feixe.<br />

Como <strong>de</strong>tector usou-se uma placa fotossensível acoplada por fibras ópticas àuma<br />

câmera comercial CCD (Princeton Instruments) <strong>de</strong> 16 bits com 1152 × 1242 píxeis<br />

(42,5 × 42,5 µm 2 cada píxel). Antes <strong>de</strong> atingir o <strong>de</strong>tector, o feixe ébloqueadopor<br />

um “beam-stop” circular <strong>de</strong> 0,5 mm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

2.3.2 Tratamento - Calibração<br />

O valor da intensida<strong>de</strong> captada por cada píxel do <strong>de</strong>tector CCD é<strong>de</strong>scontadodo<br />

valor do ruído <strong>de</strong> fundo, o qual é obtido pela imag<strong>em</strong> captada obstruindo-se o feixe e<br />

medindo-se durante o mesmo t<strong>em</strong>po que o dos experimentos. Um ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> imag<strong>em</strong><br />

obtida nos experimentos <strong>de</strong> SAXS, b<strong>em</strong> como a imag<strong>em</strong> do ruído <strong>de</strong> fundo, e ainda do<br />

resultadodadiferença das duas está apresentado na figura (2.6). As regiões centrais<br />

correspond<strong>em</strong> às intensida<strong>de</strong>s mais fortes e o círculo no centro da imag<strong>em</strong> correspon<strong>de</strong><br />

ao “beam-stop” colocado para impedir que o feixe inci<strong>de</strong>nte atinja o <strong>de</strong>tector.<br />

As curvas da intensida<strong>de</strong> espalhada I <strong>em</strong> função do vetor <strong>de</strong> espalhamento q são<br />

construídas usando o programa BM2IMG <strong>de</strong>senvolvido na linha D2AM. A construção<br />

das curvas <strong>de</strong> espalhamento à partir da imag<strong>em</strong> colhida pelo <strong>de</strong>tector éanáloga a<br />

<strong>de</strong>scrita para SANS.<br />

Para as medidas com o ferrogel M300 selecionamos a energia do feixe para E =7, 0<br />

keV, que equivale a um comprimento <strong>de</strong> onda λ =1, 77 Åeé longe o suficiente da<br />

energia <strong>de</strong> absorção para o ferro. Para expandir a gama dos valores <strong>de</strong> q utilizamos<br />

duas configurações com o <strong>de</strong>tector a uma distância D =328mmeD = 1819 mm<br />

da amostra. Cada imag<strong>em</strong> éoresultadodaacumulação <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> espalhada<br />

durante 100 segundos.<br />

Nos ferrogéis EMG408, fixamos a energia do feixe <strong>em</strong> 7,89 keV (λ =1, 57 Å) e<br />

35


posicionamoso<strong>de</strong>tectora2105mmdaamostra.Paraaumentarmosaregião medida<br />

<strong>de</strong> q repetimos as medidas para todas as amostras fixando E =16keV(λ =0, 775<br />

Å) e posicionando o <strong>de</strong>tector a 1011 mm da amostra.<br />

Figura 2.6: Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> captada num experimento <strong>de</strong> SAXS: (a) espalhamento<br />

<strong>de</strong> uma amostra <strong>de</strong> ferrogel; (b) ruído <strong>de</strong> fundo; (c) espalhamento corrigido da<br />

amostra, subtraindo (b) <strong>de</strong> (a).<br />

Arelação entre o vetor <strong>de</strong> espalhamento q eadistância radial p na imag<strong>em</strong> é<br />

calculadaapartirdadistância <strong>de</strong>tector-amostra D,<br />

q = 4π " Ã 1 42, 5 × 10 −3 !#<br />

λ sen p[píxel]<br />

2 tan−1 . (2.3)<br />

D[mm]<br />

Esse cálculo éverificado pela curva <strong>de</strong> espalhamento do pó <strong>de</strong> behenato <strong>de</strong> prata<br />

CH 3 (CH 2 ) 20 COOAg. O behenato <strong>de</strong> prata éumdospadrõesusados<strong>em</strong>espalhamento<br />

<strong>de</strong> raios X, com um pico <strong>em</strong> q =0, 1076 Å −1 [60]. A faixa total varrida com as duas<br />

configurações do <strong>de</strong>tector foi <strong>de</strong> q =0, 002 − 0, 3 Å −1 .<br />

36


Figura 2.7: Imag<strong>em</strong> captada pela câmaraCCDparaofeixes<strong>em</strong>amostran<strong>em</strong>campo.<br />

Estamosinteressadosnoespalhamentoapenasdaspartículas magnéticas <strong>de</strong> modo<br />

que o sinal do meio <strong>de</strong>ve ser subtraído. Sendo I FG (q) a intensida<strong>de</strong> espalhada pelo<br />

ferrogel e I G (q) a intensida<strong>de</strong> espalhada pelo gel nas mesmas condições s<strong>em</strong> o ferrofluido,<br />

então a intensida<strong>de</strong> espalhada apenas pelas partículas e normalizada <strong>em</strong><br />

relação à intensida<strong>de</strong> inci<strong>de</strong>nte I 0 é:<br />

I(q) =I −1<br />

0<br />

"<br />

IFG (q)<br />

T FG<br />

− I #<br />

G(q)<br />

, (2.4)<br />

T G<br />

on<strong>de</strong> T FG e T G são as transmitâncias do ferrogel e do gel. Como dito anteriormente,<br />

a transmitância é obtida a partir das fotomultiplicadoras posicionadas antes e <strong>de</strong>pois<br />

da amostra. Para os ferrofluidos subtraímos a intensida<strong>de</strong> espalhada pelo sinal da<br />

água.<br />

37


2.3.3 Medidas Com Campo Externo<br />

Analisamos a influência <strong>de</strong> um campo magnético externo nas imagens <strong>de</strong> espalhamento<br />

dos ferrogéis. As amostras foram preparadas <strong>em</strong> capilares <strong>de</strong> vidro<br />

(Lind<strong>em</strong>ann) <strong>de</strong> 1,5 mm <strong>de</strong> diâmetro e colocadas entre dois ímãs permanentes. Variamos<br />

o valor da indução magnética B ~ mudando a distância entre os ímãs. A distância<br />

foi controlada por um sist<strong>em</strong>a automatizado do suporte dos ímãs construído no local.<br />

Os valores <strong>de</strong> B variaram <strong>de</strong> 0,0018 T a 1,27 T que correspond<strong>em</strong> a uma distância <strong>de</strong><br />

separação <strong>de</strong> 240 mm a 5,5 mm. A direção do campo foi fixada como horizontal e perpendicular<br />

ao feixe <strong>de</strong> raios X. O mapeamento do campo magnéticonoespaço entre<br />

os ímãs mostrou que o campo é razoavelmente homogêneo, havendo uma variação<br />

<strong>de</strong> 0,5% do valor da indução magnética <strong>de</strong>ntro da amostra para uma distância <strong>de</strong> 20<br />

mm entre os ímãs, com B =1, 07 T, e uma variação<strong>de</strong>cerca<strong>de</strong>1%paraadistância<br />

mínima <strong>de</strong> 5,5 mm (B =1, 27 T).<br />

Como será visto mais adiante, as imagens não são mais isotrópicas, mas na forma<br />

<strong>de</strong> elipses alongadas na direção vertical. Propomos verificar a influência da indução<br />

magnética para vetores <strong>de</strong> espalhamento na direção paralela e na direção perpendicular<br />

a B, ~ ou seja, calcular I(q) nos eixos horizontal e vertical das imagens coletadas pelo<br />

<strong>de</strong>tector <strong>em</strong> relação àposição do feixe inci<strong>de</strong>nte. Para melhorar a precisão dos dados,<br />

dividimos as imagens <strong>em</strong> 36 setores <strong>de</strong> 10 ◦ . A intensida<strong>de</strong> para o vetor <strong>de</strong> espalhamento<br />

na direção paralela à indução magnética, I k (q), éoresultadodoagrupamento<br />

dos setores a 0 ◦ e180 ◦ e a intensida<strong>de</strong> na direção perpendicular, I ⊥ (q), éoresultadodo<br />

agrupamento dos setores a 90 ◦ e270 ◦ . No entanto, as imagens captadas apresentaram<br />

linhas <strong>de</strong> maior intensida<strong>de</strong> nas direções horizontal e vertical passando pela orig<strong>em</strong>,<br />

exatamente na regiões<strong>de</strong>interesse.Esseefeitonão v<strong>em</strong> das amostras n<strong>em</strong> dos ímãs,<br />

pois aparece <strong>em</strong> imagens coletadas do feixe s<strong>em</strong> amostras (fig. 2.7). Atribuiu-se esse<br />

efeito anormal às reflexões do feixe nas fendas usadas na colimação, polidas poucos<br />

dias antes dos experimentos.<br />

Para obter as intensida<strong>de</strong>s I k e I ⊥ ao longo dos eixos principais foi preciso usar <strong>de</strong><br />

um tratamento especial <strong>de</strong> extrapolação das intensida<strong>de</strong>s. Para isso dividimos cada<br />

imag<strong>em</strong> <strong>em</strong> setores <strong>de</strong> 10 ◦ <strong>de</strong> abertura, com a bissetriz a um ângulo θ do eixo das<br />

abcissas. Fixamos, como antes, a orig<strong>em</strong> do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas no ponto <strong>de</strong><br />

38


incidência do feixe <strong>de</strong> raios X na câmara. Assim como nas imagens s<strong>em</strong> a aplicação<br />

<strong>de</strong> campo (isotrópicas), usamos o programa BM2IMG para calcular a intensida<strong>de</strong><br />

média <strong>em</strong> função da distância p da orig<strong>em</strong>, porém esse cálculo foi feito para cada<br />

setor. Os setores opostos <strong>em</strong> relação à orig<strong>em</strong> foram agrupados para o cálculos das<br />

intensida<strong>de</strong>s médias. Assim, a intensida<strong>de</strong> do setor a 0 ◦ consi<strong>de</strong>ra os setores a 0 ◦ e<br />

180 ◦ ; a intensida<strong>de</strong> do setor a 10 ◦ consi<strong>de</strong>ra os setores a 10 ◦ ,170 ◦ , 190 ◦ e350 ◦ eassim<br />

por diante. O resultado são curvas da intensida<strong>de</strong> média I θ (p) <strong>em</strong> função da distância<br />

p da orig<strong>em</strong> para setores num ângulo θ do eixo das abcissas.<br />

1) fixamos uma intensida<strong>de</strong><br />

2) dividimos a imag<strong>em</strong> <strong>em</strong> setores e<br />

<strong>de</strong>terminamos as coor<strong>de</strong>nadas (x, y)<br />

dos pontos <strong>de</strong> iso-intensida<strong>de</strong> para<br />

cada setor<br />

3) com as coor<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> cada ponto<br />

traçamos um gráfico x 2 × y 2 e, a partir<br />

da extrapolação linear obtiv<strong>em</strong>os a<br />

coor<strong>de</strong>nada a 0 ◦<br />

4) repetimos o mesmo procedimento<br />

para todas as intensida<strong>de</strong>s<br />

Figura 2.8: Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> uma imag<strong>em</strong> captada para um ferrogel com campo magnético:<br />

cálculo da intensida<strong>de</strong> espalhada I k e I ⊥ .<br />

Opróximo passo foi <strong>de</strong> fixar um valor <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>.<br />

Para cada setor <strong>de</strong>terminamos<br />

a distância da orig<strong>em</strong> para essa intensida<strong>de</strong>, ou seja, <strong>de</strong>terminamos as<br />

coor<strong>de</strong>nadas (p, θ) que correspond<strong>em</strong> a essa intensida<strong>de</strong>. Finalmente ajustamos esse<br />

pontos a uma elipse, um ajuste linear <strong>em</strong> um gráfico do tipo x 2 × y 2 . A interseção<br />

comoseixosnosdá o valor extrapolado da distância <strong>em</strong> relação ao centro para um<br />

39


valor fixo <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> nos setores a 0 ◦ e90 ◦ (figs. 2.8 e 2.9). Repetindo os mesmos<br />

passos para todas as intensida<strong>de</strong>s fomos capazes <strong>de</strong> obter I k e I ⊥ .<br />

Figura 2.9: (a) Reconstrução das curvas <strong>de</strong> iso-intensida<strong>de</strong> para o ferrogel<br />

M300-2.5-IV. (b) O mesmo gráfico linearizado.<br />

Figura 2.10: Intensida<strong>de</strong> espalhada I k (q) para o <strong>de</strong>tector a 320 mm e 1819 mm<br />

da amostra. Os triângulos vazios correspond<strong>em</strong> aos dados originais, e os triângulos<br />

preenchidos aos dados extrapolados a 0 ◦ . Os dados foram <strong>de</strong>slocados verticalmente para<br />

facilitar a visualização.<br />

V<strong>em</strong>os na figura (2.9) um ex<strong>em</strong>plo da reconstrução das curvas <strong>de</strong> iso-intensida<strong>de</strong><br />

para o ferrogel M300-2.5-IV. Os gráficos foram usados para <strong>de</strong>terminar os pontos<br />

40


usados para os ajustes lineares. No ex<strong>em</strong>plo dado os primeiros e últimos pontos,<br />

que correspond<strong>em</strong> aos setores a 90 ◦ e10 ◦ não foram consi<strong>de</strong>rados nos ajustes. Na<br />

figura (2.10) v<strong>em</strong>os as curvas <strong>de</strong> I k originais e usando a extrapolação proposta com<br />

D =328mmeD =1819mm. Verificamos que as curvas originais e extrapoladas <strong>de</strong><br />

I ⊥ não difer<strong>em</strong> significativamente, <strong>de</strong> modo que foram usados os dados originais. Em<br />

todasasamostrasascurvas<strong>de</strong>iso-intensida<strong>de</strong> ajustaram b<strong>em</strong> a elipses.<br />

41


Capítulo 3<br />

Resultados<br />

3.1 Estrutura dos Ferrogéis - EMG408<br />

Inicialmente utilizamos as técnicas <strong>de</strong> SANS e SAXS, medindo o espalhamento<br />

<strong>de</strong> mesmas amostras nas mesmas condições para verificar a reprodutibilida<strong>de</strong> dos<br />

resultados. Medimos a intensida<strong>de</strong> espalhada (ou a seção <strong>de</strong> choque para espalhamento<br />

<strong>de</strong> nêutrons, usar<strong>em</strong>os indistintamente o termo intensida<strong>de</strong> para ambos os<br />

experimentos) para duas amostras <strong>de</strong> ferrogel EMG408-4.0-I e EMG408-4.0-II, ambas<br />

com 4,0 m/m(%) <strong>de</strong> gel e com o ferrofluido EMG408. A concentração das partículas<br />

magnéticas é <strong>de</strong> 0,026 e 0,26 mg/mL, respectivamente.<br />

Para subtrair do sinal do gel (junto com o sinal do porta amostra e do solvente)<br />

usamos a equação (2.4). Porém, para q maior que 0,1 Å −1 adiferença das intensida<strong>de</strong>s<br />

espalhadas pelo gel e pelo ferrogel émuitopequena(fig. 3.1). Supomos que as<br />

intensida<strong>de</strong>s segu<strong>em</strong> a lei <strong>de</strong> Porod para valores elevados <strong>de</strong> q, quejustifica-se uma<br />

vez que a lei <strong>de</strong> Porod aplica-se a sist<strong>em</strong>as com superfícies b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finidas. Ajustamos a<br />

intensida<strong>de</strong> do gel multiplicando por uma constante até observarmos a lei <strong>de</strong> potência<br />

I(q) ∝ q −4 .<br />

Na figura (3.2) v<strong>em</strong>os a intensida<strong>de</strong> para os ferrogéis por SANS e SAXS. As<br />

intensida<strong>de</strong>s nos dois casos segu<strong>em</strong> o mesmo comportamento: uma lei <strong>de</strong> potência<br />

com expoente próximo <strong>de</strong> -1,7 e outra lei <strong>de</strong> potência com expoente -4 (lei <strong>de</strong> Porod).<br />

Os resultados por SANS têm a <strong>de</strong>svantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ravelmente mais<br />

imprecisos. Além disso o t<strong>em</strong>po total <strong>de</strong> medida é maior (4,5 horas para SANS<br />

contra 10 minutos para SAXS) e a faixa <strong>de</strong> vetores <strong>de</strong> espalhamento émaisestreita<br />

(0,003 - 0,1 Å −1 para SANS contra 0,002 - 0,2 Å −1 para SAXS). Com isso passamos<br />

a usar apenas o espalhamento <strong>de</strong> raios X no estudo dos ferrogéis.<br />

Observamos pela figura (3.2) que a intensida<strong>de</strong> espalhada é diretamente pro-<br />

42


porcional à concentração <strong>de</strong> ferrofluido, s<strong>em</strong> haver alteração significativa da forma<br />

das curvas. Isso mostra que as entida<strong>de</strong>s espalhadores (partículas ou aglomerados)<br />

não interag<strong>em</strong> significativamente entre si e as soluções estão <strong>em</strong> regime diluído <strong>de</strong><br />

concentração.<br />

O fato da intensida<strong>de</strong> não mostrar as oscilações características <strong>de</strong> esferas (fator <strong>de</strong><br />

formanaequação 1.17) mostra que o sist<strong>em</strong>a é polidisperso. O tamanho médio das<br />

partículas pô<strong>de</strong> ser obtido a partir da superfície específica S/V das partículas (eq.<br />

1.27):<br />

S<br />

V = π(1 − φ)lim q→∞ I(q)q 4<br />

Q<br />

= 3 r , (3.1)<br />

que, para esferas, éiguala3/r.<br />

Figura 3.1: Espalhamento para o ferrogel EMG408-4.0-0, I e II s<strong>em</strong> subtrair o sinal do gel puro.<br />

Como o sist<strong>em</strong>a édiluído aproximamos (1 − φ) ≈ 1. Para calcular a invariante<br />

<strong>de</strong> espalhamento Q nos limites extr<strong>em</strong>os <strong>de</strong> q usamos os ajustes por leis <strong>de</strong> potência<br />

a 1 .q −1,7 e a 2 .q −4 on<strong>de</strong> a 1 e a 2 são os parâmetros <strong>de</strong> ajuste. A integral <strong>de</strong> I(q)q 2 fora<br />

da região da medida não contribui significativamente para o cálculo do invariante <strong>de</strong><br />

espalhamento (cerca <strong>de</strong> 10% do valor total da integral). O limite <strong>de</strong> I(q)q 4 | q→∞<br />

édadopeloparâmetro <strong>de</strong> ajuste a 2 (fig. 3.3). Obtiv<strong>em</strong>os S/V = 0, 045 Å −1 e<br />

43


= 67(4) Å para os dois ferrogéis. O número entre parêntesis é o erro estimado no<br />

último algarismo significativo. Esse valor correspon<strong>de</strong>, aproximadamente, ao tamanho<br />

típico encontrado na literatura <strong>de</strong> 50Å (ver, por ex<strong>em</strong>plo, [1]).<br />

Figura 3.2: Espalhamento para o ferrogel EMG408-4.0-I e II usando nêutrons<br />

(esquerda) e raios X (direita).<br />

Figura 3.3: Espalhamento para o ferrogel EMG408-4.0-I e II. Intensida<strong>de</strong> multiplicada<br />

por q 2 e q 4 . Aslinhascontínuas mostram os ajustes das intensida<strong>de</strong>s por leis <strong>de</strong><br />

potência, também multiplicadas por q 2 e q 4 .<br />

De uma maneira geral, todos os ferrofluidos têmumadata<strong>de</strong>valida<strong>de</strong>apartirda<br />

qual o surfatante per<strong>de</strong> a eficácia e as partículas começam a se agregar e sedimentar.<br />

44


Fiz<strong>em</strong>os as medidas com os ferrogéis EMG408 após 22 meses da data <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> que<br />

mostra que os processos <strong>de</strong> envelhecimentos das amostras pod<strong>em</strong> ser importantes nos<br />

resultados.<br />

45


3.2 Estrutura dos Ferrogéis - M300<br />

Realizamos medidas <strong>de</strong> SAXS com ferrogéis preparados com o ferrolfuido M300,<br />

adquiridos poucas s<strong>em</strong>anas antes das medidas. As soluções com os monômeros foram<br />

colocadas diretamente <strong>em</strong> capilares <strong>de</strong> vidro (Lind<strong>em</strong>ann) <strong>de</strong> 1,5 mm <strong>de</strong> diâmetro. Os<br />

capilares foram <strong>de</strong>ixados a cerca <strong>de</strong> 50 ◦ durante um t<strong>em</strong>po suficiente para o término<br />

da reação <strong>de</strong> gelação.<br />

Na figura (3.4) v<strong>em</strong>os a influência da concentração do ferrofluido na intensida<strong>de</strong><br />

espalhada (ferrogéis M300-2.5-I, II e III, com concentração <strong>de</strong> sólidos <strong>de</strong> 0,0017; 0,035<br />

e 0,35 mg/mL, respectivamente).<br />

Figura 3.4: (a) Intensida<strong>de</strong> espalhada para os géis M300-2.5-I, II e III. As linhas<br />

contínuas representam os limites para q pequeno - lei <strong>de</strong> Guinier e para q gran<strong>de</strong> - lei<br />

<strong>de</strong> Porod; (b) Região <strong>de</strong> q on<strong>de</strong> se aplica a lei <strong>de</strong> Guinier.<br />

Assim com nos outros ferrogéis, v<strong>em</strong>os que as soluções estão <strong>em</strong> regime diluído<br />

com a relação das intensida<strong>de</strong> aproximadamente a mesma das concentrações. A lei<br />

<strong>de</strong> Porod é observada para q>0, 05 Å −1 .Porém, v<strong>em</strong>os que para este ferrogel, que<br />

foi adquirido recent<strong>em</strong>ente, a intensida<strong>de</strong> não segue uma lei <strong>de</strong> potência com q, o<br />

que mostra que os processos <strong>de</strong> envelhecimento das amostras pod<strong>em</strong> ser importantes<br />

nos resultados. Pela figura (3.4) v<strong>em</strong>os que a intensida<strong>de</strong> ten<strong>de</strong> a saturar para<br />

q → 0 Å −1 . Uma intensida<strong>de</strong> constante significa que o sist<strong>em</strong>a é homogêneo nas<br />

46


escalas <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> q −1 e seu valor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da massa dos objetos e da<br />

concentração. O primeiro termo <strong>de</strong> expansão da intensida<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação a q nos<br />

informa o tamanho das espécies <strong>em</strong> solução, que é a chamada lei <strong>de</strong> Guinier [61]:<br />

I(q) ∼ φM(1 − q 2 hR 2 gi/3) ≈ φM exp(−q 2 hR 2 gi/3) para qR g ¿ 1, (3.2)<br />

on<strong>de</strong> hRgi 2 é o raio <strong>de</strong> giração médio quadrático dos objetos. A média se refere a todas<br />

as orientações possíveis dos objetos.<br />

O raio <strong>de</strong> giração (R g = hRg 2i1/2 )po<strong>de</strong>ser<strong>de</strong>terminadoajustandoumaretanum<br />

gráfico ln I × q 2 (fig. 3.4b). O sinal espalhado pelo ferrogel M300-2.5-I não teve<br />

<strong>de</strong>finição suficiente para qualquer ajuste preciso. Calculamos a superfície específica<br />

dos ferrogéis usando os ajuste das leis <strong>de</strong> Guinier e Porod nas regiões não acessíveis<br />

<strong>de</strong> q (fig. 3.5). Os resultados estão apresentados na tabela (3.1).<br />

Tabela 3.1: Superfície específicaeraio<strong>de</strong>giração para os ferrogéis M300-2.5.<br />

Ferrogel S/V (Å −1 ) r 0 (Å) R g (Å)<br />

M300-2.5-II 0,073(2) 41(1) 226(2)<br />

M300-2.5-III 0,0635(8) 47,2(6) 228(2)<br />

Os resultados mostram que as partículas <strong>de</strong>ntro do gel formam aglomerados <strong>de</strong><br />

partículas magnéticas. As regiões intermediárias do vetor <strong>de</strong> espalhamento informam<br />

sobre a estrutura interna. Devido às interações anisotrópicas dos dipolos magnéticos,<br />

as partículas tend<strong>em</strong> a se alinhar e formar ca<strong>de</strong>ias. Simulações recentes <strong>de</strong> ferrofluidos<br />

[12, 11, 62] mostram que as partículas magnéticas <strong>em</strong> solução agregam-se como<br />

ca<strong>de</strong>ias lineares ramificadas com dimensão fractal <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 1,5 que épróxima<br />

da dimensão fractal <strong>de</strong> agregados formados por DLCA (diffusion limited cluster<br />

aggregation) [11]. Com o aumento do momento <strong>de</strong> dipolo das partículas [11], ou com<br />

aadição <strong>de</strong> um campo magnético externo [12] as ca<strong>de</strong>ias tornam-se mais retilíneas,<br />

com menos ramificações, e a dimensão fractal ten<strong>de</strong> para 1. Nas simulações são consi<strong>de</strong>radas<br />

apenas a energia entre dipolos e uma energia <strong>de</strong> repulsão para impedir a<br />

interpenetração das partículas (energia <strong>de</strong> interação <strong>de</strong> esfera dura ou esfera macia).<br />

47


Para os ferrofluidos reais a energia <strong>de</strong> interação magnética não é forte o suficiente para<br />

formar longas ca<strong>de</strong>ias, e sim pequenos agregados <strong>de</strong>vido às forças <strong>de</strong> van <strong>de</strong>r Waals<br />

[16]. Porém, com a aplicação <strong>de</strong> um campo externo há umadiminuição da amplitu<strong>de</strong><br />

dos graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> angulares, havendo a orientação dos dipolos e formação <strong>de</strong><br />

ca<strong>de</strong>ias [13].<br />

Figura 3.5: Intensida<strong>de</strong> espalhada para os géis M300-2.5-III e IV multiplicada por<br />

(a) q 2 e(b)q 4 . As linhas contínuas mostram as leis <strong>de</strong> Guinier e Porod a partir das<br />

quais calculamos o invariante <strong>de</strong> espalhamento nos valores extr<strong>em</strong>os <strong>de</strong> q.<br />

Estudos recentes <strong>de</strong> SANS <strong>em</strong> ferrofluidos mostram que as partículas magnéticas<br />

formam pequenos agregados compactos com dimensão fractal D =2, 52 [16]. Assim<br />

como <strong>em</strong> [16] ajustamos as curvas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rando o sist<strong>em</strong>a como partículas<br />

polidispersas com distribuição log-normal <strong>de</strong> tamanho, e que se agregam <strong>em</strong><br />

aglomerados com estrutura interna fractal <strong>de</strong> dimensão D.<br />

Vimos que a intensida<strong>de</strong> espalhada po<strong>de</strong> ser fatorada pelo fator <strong>de</strong> forma P (q) que<br />

consi<strong>de</strong>ra o espalhamento dos átomos integrantes da mesma partícula, e pelo fator <strong>de</strong><br />

estrutura S(q) que <strong>de</strong>screve a interferência entre os centros <strong>de</strong> partículas diferentes<br />

(equação 1.15).<br />

I(q) ∼ S(q).P(q). (3.3)<br />

48


Utilizamos o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> partículas esféricas com distribuição log-normal <strong>de</strong> tamanhos<br />

(equações 1.17, 1.18 e 1.19), ou seja:<br />

P (q) =<br />

Z ∞<br />

0<br />

dr p(r)P (q, r), (3.4)<br />

com:<br />

P (q, r) =<br />

"<br />

3<br />

(qr)cos(qr) − sin(qr)<br />

(qr) 3 # 2<br />

(3.5)<br />

e:<br />

p(r) =<br />

1<br />

q exp − [ln (r/r 0)] 2<br />

. (3.6)<br />

2πβ 2 r0<br />

2 2β 2<br />

Para <strong>de</strong>screver o fator <strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> agregados fractais <strong>de</strong> dimensão fractal D<br />

com uma distância <strong>de</strong> “cut-off” ξ, relacionado com o tamanho dos agregados, usamos<br />

aequação proposta por Chen e Teixeira [63]:<br />

S(q) =1+ 1<br />

(qR) D DΓ(D − 1)<br />

[1 + (qξ) −2 ] (D−1)/2 sin[(D − 1) tan−1 (ξq)], (3.7)<br />

on<strong>de</strong> Γ é a função gama. No limite <strong>de</strong> q → 0aequação aproxima-se da lei <strong>de</strong> Guinier:<br />

S(q → 0) → Γ(D +1)<br />

à ξ<br />

r 0<br />

! D "<br />

1 −<br />

#<br />

D(D +1)<br />

ξ 2 q 2 , (3.8)<br />

6<br />

que, comparando com a equação (3.3) e, notando que P (q → 0) → 1v<strong>em</strong>osqueo<br />

raio médio <strong>de</strong> giração e ξ se relacionam por:<br />

R 2 g<br />

D(D +1)<br />

= ξ 2 . (3.9)<br />

2<br />

A figura (3.6) mostra os ajustes usando as equações (3.3), (3.5) e (3.7), com os<br />

parâmetros <strong>de</strong> ajuste r 0 , D, ξ e o valor da intensida<strong>de</strong> para q = 0. Ajustamos os dados<br />

49


consi<strong>de</strong>rando o fator <strong>de</strong> forma <strong>de</strong> esferas monodispersas (eq. 3.5) até q ≈ 0, 06 Å −1 ,<br />

on<strong>de</strong> a polidispersão não afeta consi<strong>de</strong>ravelmente a forma <strong>de</strong> P (q). Com o valor <strong>de</strong> r 0<br />

obtido pelo ajuste, calculamos o fator <strong>de</strong> forma para esferas polidispersas (equações<br />

3.4 e 3.6) e multiplicamos por S(q) para obter as curvas mostradas na figura (3.6). Os<br />

resultados dos ajustes estão na tabela (3.2), b<strong>em</strong> como o raio <strong>de</strong> giração calculado por<br />

(3.9). Em todos os casos fixamos o parâmetro <strong>de</strong> largura da distribuição β =0, 25.<br />

Figura 3.6: Ajuste da intensida<strong>de</strong> espalhada para os géis M300-2.5-II e III. As linhas<br />

contínuas são os ajustes pelas equações (3.3), (3.4), (3.7). A seta indica o ponto até<br />

on<strong>de</strong> foi feito o ajuste.<br />

Pod<strong>em</strong>os estimar o número médio <strong>de</strong> partículas por N =(R g /r g0 ) D on<strong>de</strong> r g0<br />

é o raio <strong>de</strong> giração das partículas magnéticas. Para uma esfera <strong>de</strong> raio r 0 t<strong>em</strong>os<br />

r g0 = (3/5) 1/2 r 0 . Calculando N pelosresultadosdatabela(3.2)v<strong>em</strong>osqueos<br />

agregados têm cerca <strong>de</strong> 200-300 partículas. Apesar dos dados concordar<strong>em</strong> razoavelmentecomomo<strong>de</strong>lopropostotalnúmero<br />

<strong>de</strong> partículas é muito baixo para formar<br />

estruturas verda<strong>de</strong>iramente fractais.<br />

50


Tabela 3.2: Resultados do ajuste dos ferrogéis M300-2.5.<br />

Ferrogel r 0 (Å) D ξ (Å) R g (Å)<br />

M300-2.5-II 46(2) 2,9(8) 114(4) 270(40)<br />

M300-2.5-III 51(2) 2,8(8) 123(4) 280(40)<br />

Figura 3.7: Intensida<strong>de</strong> espalhada para os ferrogéis M300-III variando a concentração do gel.<br />

Em todas as amostras observamos um processo <strong>de</strong> envelhecimento havendo uma<br />

retração da fase gel com uma fase líquida sobrenadante, ambas as fases contendo<br />

ferrofluido. Após alguns dias o líquido sobrenadante apresentou sedimentação do<br />

ferrofluido e observamos também agregados macroscópicos <strong>de</strong> ferrofluido próximos à<br />

interface (figura 3.8), o que mostra que o surfatante está sendo r<strong>em</strong>ovido da superfície<br />

das partículas. É sabido que surfatantes pod<strong>em</strong> interagir com géis poliméricos [64], <strong>de</strong><br />

modo que pod<strong>em</strong>os imaginar que esse fenômeno v<strong>em</strong> da transferência do surfatante<br />

da superfície das partículas <strong>de</strong> ferrofluido para as moléculas do gel. Não t<strong>em</strong>os<br />

conhecimento <strong>de</strong> nenhum trabalho que estu<strong>de</strong> a influênciadoSDBSnaformação <strong>de</strong><br />

géis <strong>de</strong> poli(acrilamida) / metileno-bisacrilamida. S<strong>em</strong> o surfatante para estabilizar a<br />

suspensão <strong>de</strong> ferrofluido as partículas aglomeram-se irreversivelmente <strong>em</strong> agregados<br />

51


<strong>de</strong>nsos e maiores, e o raio efetivo <strong>de</strong> cada partícula diminui.<br />

Figura 3.8: Foto dos ferrogéis (a) M300-2.5-II; (b) M300-4.0-II e (c) M300-4.0-III<br />

<strong>de</strong>corridos um mês <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a preparação. V<strong>em</strong>os a fase gel na região inferior dos tubos e<br />

uma fase líquida na parte superior. Os pontos escuros entre as fases <strong>em</strong> (a) e (b) são<br />

agregados macroscópicos das partículas magnéticas.<br />

Testamos a influência da concentração do gel nas curvas <strong>de</strong> espalhamento. Na<br />

figura (3.7) v<strong>em</strong>os as intensida<strong>de</strong>s para a solução <strong>de</strong> ferrofluido s<strong>em</strong> a presença<br />

do gel (M300-0-III) e para as soluções com 2,5 m/m(%) e 4,0 m/m(%) <strong>de</strong> gel,<br />

com a mesma concentração <strong>de</strong> sólidos (M300-2.5-II e M300-2.5-III). O tamanho<br />

das partículas primárias não éinfluenciado pelo gel uma vez que todas as curvas<br />

têm o mesmo comportamento para q’s gran<strong>de</strong>s. Porém os agregados são fort<strong>em</strong>ente<br />

influenciados com a presença do gel, aumentando ligeiramente o tamanho dos agregados<br />

(ver tabela 3.3 com os raios <strong>de</strong> giração) e consi<strong>de</strong>ravelmente o número <strong>de</strong> partículas<br />

por agregado que é proporcional ao limite <strong>de</strong> da intensida<strong>de</strong> para q → 0. Esse efeito<br />

concorda com a hipótese<strong>de</strong>r<strong>em</strong>oção do surfatante.<br />

Tabela 3.3: Raio <strong>de</strong> giração para os ferrogéis M300-III.<br />

Ferrogel R g (Å)<br />

M300-0-III 216(2)<br />

M300-2.5-III 228(2)<br />

M300-4.0-III 229(1)<br />

52


3.3 Resposta à Indução Magnética - SAXS<br />

Medimos a intensida<strong>de</strong> espalhada dos ferrogéis aplicando uma indução magnética<br />

externa B ~ variando <strong>de</strong> 0,00179 T a 1,27 T, mudando a distância <strong>de</strong> dois ímãs permanentes.<br />

Fixamos a direção <strong>de</strong> ~B como horizontal e perpendicular ao feixe inci<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> radiação.<br />

Figura 3.9: Imag<strong>em</strong> do espalhamento <strong>de</strong> raios X para o ferrogel M300-2.5-III.<br />

Na figura (3.9) v<strong>em</strong>os a imag<strong>em</strong> do espalhamento para o M300-2.5-III. Para o<br />

campo mínimoaimag<strong>em</strong>é praticamente isotrópica. Àmedidaqueocampoaumenta<br />

a energia <strong>de</strong> interação entre as partículas magnéticas e o campo externo torna-se<br />

comparável àenergiatérmica, e as imagens tornam-se mais alongadas na direção<br />

vertical e estreitas na direção horizontal. Esse resultado qualitativo mostra que há<br />

um aumento dos objetos na direção paralela a ~B e uma diminuição na direção perpendicular.<br />

Isso sugere que há um alinhamento ou alongamento dos objetos na direção<br />

53


do campo e uma redução na direção normal.<br />

O mesmo resultado qualitativo foi<br />

observadoparaomesmotipo<strong>de</strong>experimento<strong>em</strong>soluções <strong>de</strong> ferrofluidos [15].<br />

Figura 3.10: Intensida<strong>de</strong> espalhada nas direções (a) paralela e (b) perpendicular para<br />

o ferrogel M300-2.5-III <strong>em</strong> três valores <strong>de</strong> indução magnética. As setas indicam o<br />

valor do vetores <strong>de</strong> espalhamento q =0, 00506 Å −1 no qual analisamos a variação da<br />

intensida<strong>de</strong>.<br />

Resultados usando XPCS (X-ray photon correlation spectroscopy) [15] e LS [13]<br />

suger<strong>em</strong> que a anisotropia da imagens <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se a orientações dos<br />

agregados. Na figura (3.10) e (3.11) v<strong>em</strong>os as curvas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> para três valores<br />

<strong>de</strong> indução nas duas direções <strong>de</strong> ~q (paralela e perpendicular a B) ~ para os ferrogéis<br />

M300-2.5-III e M300-4.0-III. Uma vez que as partículas el<strong>em</strong>entares são, <strong>em</strong> média,<br />

esféricas e que sua orientação não afeta as curvas <strong>de</strong> espalhamento, o comportamento<br />

<strong>de</strong> I(q) para as partículas não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do campo aplicado. Pod<strong>em</strong>os ver que as<br />

curvas coincid<strong>em</strong> na região <strong>de</strong> Porod, o que mostra que as partículas orientadas têm<br />

a mesma geometria que com direção aleatória. Se o tamanho médio das partículas<br />

fosse diferente nas duas direções principais <strong>de</strong> q, observaríamos, <strong>em</strong> ambos os casos,<br />

a lei <strong>de</strong> Porod, porém as curvas estariam <strong>de</strong>slocadas uma <strong>em</strong> relação à outra.<br />

Observamos a variação da intensida<strong>de</strong> espalhada I B (q) aplicando uma indução<br />

magnética B para q =0, 00506 Å −1 , indicado por setas nas figuras (3.10) e (3.11).<br />

Nessa região espera-se que a intensida<strong>de</strong> siga a lei <strong>de</strong> Guinier. Calculamos a variação<br />

54


<strong>de</strong> I B (q) <strong>em</strong>relação à intensida<strong>de</strong> s<strong>em</strong> campo magnético I 0 (q) daseguinteforma:<br />

Para ~q k ~B :<br />

Para ~q ⊥ ~ B :<br />

I 0 (q) − I B (q)<br />

I 0 (q)<br />

I B (q) − I 0 (q)<br />

,<br />

I 0 (q)<br />

Como a intensida<strong>de</strong> cai no primeiro caso e aumenta no segundo, a variação calculada<br />

<strong>de</strong>ssa forma é s<strong>em</strong>pre positiva. Para melhorar a estatística dos resultados calculamos<br />

avariação da intensida<strong>de</strong> para 11 valores diferentes <strong>de</strong> q <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 0,00506 Å −1 e<br />

calculamos a média <strong>de</strong>sses 11 valores.<br />

Figura 3.11: Intensida<strong>de</strong> espalhada nas direções (a) paralela e (b) perpendicular para<br />

o ferrogel M300-4.0-III <strong>em</strong> três valores <strong>de</strong> indução magnética. As setas indicam o<br />

valor do vetor <strong>de</strong> espalhamento q =0, 00506 Å −1 ,noqualanalisamosavariação da<br />

intensida<strong>de</strong>.<br />

Ajustamos a variação relativa da intensida<strong>de</strong> espalhada |I B (q) − I 0 (q)|/I 0 (q) na<br />

direção do vetor <strong>de</strong> espalhamento paralela ao campo (figura 3.12a) usando uma<br />

variante da função <strong>de</strong> Langevin que exprime a magnetização quadrática média <strong>de</strong><br />

dipolos magnéticos sob a ação <strong>de</strong> um campo externo [65]:<br />

|I B (q) − I 0 (q)|<br />

I 0 (q)<br />

= A<br />

"<br />

1 − 3<br />

à ! µ <br />

kB T<br />

# mB<br />

L . (3.10)<br />

mB k B T<br />

55


Os resultados dos ajustes estão apresentados na tabela (3.4). Os valores <strong>de</strong> m<br />

estão expressos <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> magnetons <strong>de</strong> Bohr (µ B =9, 274 × 10 −24 A.m 2 ).<br />

Tabela 3.4: Resultados do ajuste dos ferrogéis M300-2.5-III e M300-4.0-III pela<br />

equação (3.10) para ~q k ~B.<br />

Amostra m(×10 5 µ B ) A<br />

M300-2.5-III 1,2(2) 0,083(3)<br />

M300-4.0-III 0,43(8) 0,083 (fixado)<br />

A função <strong>de</strong> Langevin <strong>de</strong>screve a magnetização média <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a diluído <strong>de</strong><br />

dipolos magnéticos, aplicando-se uma indução magnética B ~ [1]. A magnetização<br />

média hmi na mesma direção da indução édadapor:<br />

hmi<br />

m s<br />

= L(α) ≡ coth α − 1 α , (3.11)<br />

on<strong>de</strong> m s éamagnetização <strong>de</strong> saturação e α = mB/k B T .Amagnetização quadrática<br />

média é:<br />

hm 2 i<br />

m 2 s<br />

=1− 2 L(α)<br />

α = 1 3 + 2 "<br />

1 − 3 L(α) #<br />

. (3.12)<br />

3 α<br />

Interpretamos a variação da intensida<strong>de</strong> como um processo <strong>de</strong> orientação dos<br />

agregados com o campo magnético s<strong>em</strong> haver reor<strong>de</strong>nação das partículas internas.<br />

Sab<strong>em</strong>os por comparação das curvas <strong>de</strong> espalhamento dos ferrogéis com os ferrofluidos<br />

que o gel aumenta o grau <strong>de</strong> agregação das partículas. A separação parcial da fase gel<br />

para a fase líquidacomaformação <strong>de</strong> agregados macroscópicos sugere que a agregação<br />

das partículas <strong>de</strong>ntro do gel se dá pelar<strong>em</strong>oção total ou parcial do surfatante da<br />

superfície das partículas. Logo é razoável imaginar os agregados como estruturas on<strong>de</strong><br />

as partículas estão coladas umas às outras ou, pelo menos, que têm sua mobilida<strong>de</strong><br />

prejudicada. O fato <strong>de</strong> haver as interações dipolares nos leva a supor que os agregados<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser alongados na mesma direção do seu momento magnético resultante.<br />

56


Se imaginarmos os agregados como elipsói<strong>de</strong>s <strong>de</strong> revolução prolatos, com um<br />

momento magnéticototalnamesmadireção do maior eixo, pod<strong>em</strong>os avaliar a resposta<br />

do sist<strong>em</strong>a com a aplicação do campo magnético.<br />

Seja um elipsói<strong>de</strong> <strong>de</strong> eixos δa<br />

(principal) e a (menores) e com um momento magnético m. Oraiomédio <strong>de</strong> giração<br />

ao quadrado para esse elipói<strong>de</strong> <strong>de</strong> revolução é:<br />

hR 2 Gi = a 2 δ2 +2<br />

. (3.13)<br />

5<br />

Aplicando um campo magnéticonadireção do eixo z ter<strong>em</strong>os uma tendência do<br />

elipsói<strong>de</strong> alinhar nessa direção. Consi<strong>de</strong>rando a distribuição <strong>de</strong> Boltzmann para o<br />

cálculo <strong>de</strong>ssa média (ver apêndice) t<strong>em</strong>os que o raio <strong>de</strong> giração na direção on<strong>de</strong> foi<br />

aplicado o campo relaciona-se com a média do quadrado do seu momento magnético<br />

(eq. 3.12), ou:<br />

hR 2 Gzi = hR 2 Gzi 0 +2a 2 δ2 − 1<br />

15<br />

"<br />

1 − 3 L(α)<br />

α<br />

#<br />

, (3.14)<br />

on<strong>de</strong> o raio <strong>de</strong> giração para o elipsói<strong>de</strong> com campo zero é:<br />

hR 2 Gzi 0 = hR2 Gi<br />

3<br />

= a 2 δ2 +2<br />

15 . (3.15)<br />

Consi<strong>de</strong>rando que estamos na região on<strong>de</strong> a lei <strong>de</strong> Guinier é valida, a intensida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> luz espalhada segue e equação (1.16). Utilizando o primeiro termo da expansão<br />

<strong>em</strong> série da equação (1.16) <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> q = 0, t<strong>em</strong>os que a variação da intensida<strong>de</strong><br />

na direção z (paralela ao campo) é dada por:<br />

I 0 (q) − I B (q)<br />

I 0 (q)<br />

= q 2 h hR 2 Gz i − hR2 Gz i 0i<br />

, (3.16)<br />

que, juntamente com a equação (3.14) leva a:<br />

I 0 (q) − I B (q)<br />

I 0 (q)<br />

=2q 2 a 2 δ2 − 1<br />

15<br />

"<br />

1 − 3 L(α)<br />

α<br />

#<br />

, (3.17)<br />

57


que éigualà expressão ajustada (3.10). Realizando os mesmos cálculos para uma<br />

direção qualquer perpendicular ao campo, por ex<strong>em</strong>plo, no eixo x t<strong>em</strong>os que o raio<br />

<strong>de</strong> giração diminui com o campo com a variação do raio <strong>de</strong> giração igual àmeta<strong>de</strong>do<br />

observado na direção paralela (equação 3.14):<br />

hR 2 Gxi = hR 2 Gxi 0 − a 2 δ2 − 1<br />

15<br />

"<br />

1 − 3 L(α)<br />

α<br />

#<br />

. (3.18)<br />

Logoavariação da intensida<strong>de</strong> é:<br />

I B (q) − I 0 (q)<br />

I 0 (q)<br />

= q 2 a 2 δ2 − 1<br />

15<br />

"<br />

1 − 3 L(α)<br />

α<br />

#<br />

. (3.19)<br />

As equações (3.17) e (3.19) são idênticas àequação proposta para ajustar os dados<br />

(3.10) com os parâmetros<strong>de</strong>ajusteeassíntotas dadas por:<br />

A = 2q 2 a 2 δ2 − 1<br />

15 ; para ~q k ~B,<br />

A = q 2 a 2 δ2 − 1<br />

15 ; para ~q ⊥ ~B. (3.20)<br />

V<strong>em</strong>osportantoqueavariação relativa da intensida<strong>de</strong> está relacionada com a<br />

média do quadrado da magnetização dos agregados. Para os dados experimentais<br />

ajustamos a equação (3.10) para o gel M300-2.5-III. Para o ferrogel M300-4.0-III,<br />

fixamos o parâmetro A no mesmo valor que para o M300-2.5-III. Na figura (3.12)b<br />

v<strong>em</strong>os os resultados apenas para a amostra M300-2.5-III na geometria perpendicular<br />

eacurvateórica esperada, fixandoomomentomagnéticonomesmovalorencontrado<br />

58


na geometria paralela e amplitu<strong>de</strong> A/2.<br />

Figura 3.12: Variação da intensida<strong>de</strong> espalhada para os ferrogéis M300-2.5-III e<br />

M300-4.0-III para q =0, 00506Å −1 nas direções (a) paralela e (b) perpendicular ao<br />

campo magnético. As linhas contínuas mostram os ajuste pela equação (3.10).<br />

Pod<strong>em</strong>os estimar o valor do momento magnético supondo que a orientação das<br />

partículas primárias éaleatória e que o momento magnético total do agregado édado<br />

pela flutuação da soma dos momentos magnéticos individuais:<br />

m ≈ hm 2 i 1/2 = m 0 N 1/2 . (3.21)<br />

Conhecendo o momento magnético da magnetita (4, 46 × 10 5 A.m −1 )eovolume<br />

das partículas primárias (r 0 =50Å)t<strong>em</strong>osqueomometomagnético das partículas<br />

é m 0 =0, 252 × 10 5 µ B . Se os agregados têm estrutura fractal então o número <strong>de</strong><br />

partículas por agregado édadopelarazão do raio <strong>de</strong> giração do agregado pelo raio<br />

<strong>de</strong> giração da partícula:<br />

N =<br />

µ<br />

RG<br />

r G0<br />

D<br />

=<br />

⎛s ⎝ 5<br />

3<br />

⎞D<br />

R G<br />

⎠ , (3.22)<br />

r 0<br />

uma vez as partículas são esféricas e que o raio <strong>de</strong> giração <strong>de</strong> uma esfera é<br />

q<br />

3/5 do<br />

59


seu raio. Usando os valores da tabela (3.2) t<strong>em</strong>os que há aproximadamente cerca <strong>de</strong><br />

250 partículas por agregado. Pela equação (3.21) t<strong>em</strong>os, portanto:<br />

m ≈ 4 × 10 5 µ B . (3.23)<br />

É importante notar que a matriz poliméricat<strong>em</strong>oefeito<strong>de</strong>dificultar a orientação dos<br />

agregados, mas não afeta o limite assintótico <strong>de</strong> campos intensos. A influênciadogel<br />

no processo <strong>de</strong> orientação não foi calculada explicitamente <strong>de</strong> modo que adotamos a<br />

equação <strong>de</strong> agregados livres (equação 3.10) como função <strong>de</strong> ajuste <strong>em</strong>pírica. Os valores<br />

<strong>de</strong> m reflet<strong>em</strong> os efeitos elásticos do gel <strong>de</strong> modo que géismais<strong>de</strong>nsosdificultam a<br />

orientação e levam a valores maiores <strong>de</strong> m, como visto <strong>em</strong> nossos resultados. O valor<br />

calculado <strong>em</strong> (3.23) po<strong>de</strong> ser visto como o limite do momento magnético efetivo para<br />

diluição infinita do gel. Devido, porém às aproximações consi<strong>de</strong>radas <strong>em</strong> seu cálculo,<br />

o valor encontrado <strong>de</strong>ve ser encarado como uma estimativa <strong>de</strong> ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za<br />

para m.<br />

A partir do valor encontrado A =0, 083 e pelas equações (3.13) e (3.20) pod<strong>em</strong>os<br />

calcular o raio <strong>de</strong> giração dos agregados. No entanto é necessário conhecer a razão dos<br />

eixos do elipsói<strong>de</strong> dado por δ. Arazão dos vetores <strong>de</strong> espalhamento nas direções perpendicular<br />

e paralela ao campo (q ⊥ /q k ) para um mesmo valor <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> equivale<br />

ao inverso da relação dos tamanhos médios dos objetos espalhadores. Na região <strong>de</strong><br />

Guinier estando os objetos totalmente alinhados t<strong>em</strong>os, então:<br />

q ⊥<br />

q k<br />

= R Gz<br />

R Gx<br />

= δa a<br />

= δ, (3.24)<br />

umavezqueparaelipsói<strong>de</strong>s alinhados os raios <strong>de</strong> giração são iguais a δa/5 1/2 e a/5 1/2 ,<br />

respectivamente (ver apêndice, equação A.20).<br />

Na figura (3.13) v<strong>em</strong>os a relação q ⊥ /q k para o ferrogel M300-2.5-III <strong>em</strong> função<br />

<strong>de</strong> q k para vários valores <strong>de</strong> campo magnético. Mostramos as barras <strong>de</strong> erro apenas<br />

para duas curvas para facilitar a visualização. As barras <strong>de</strong> erro <strong>de</strong> todas as outras<br />

curvas segu<strong>em</strong> aproximadamente os mesmos tamanhos. As curvas foram construídas<br />

marcando os valores do vetor <strong>de</strong> espalhamento nas duas direções principais para cada<br />

valor <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> espalhada, como esqu<strong>em</strong>atizado na esquerda <strong>de</strong>ssa figura. V<strong>em</strong>os<br />

60


queparacamposfracosascurvas<strong>de</strong>iso-intensida<strong>de</strong>são praticamente circulares e a<br />

razão q ⊥ /q k é aproximadamente 1 para toda a faixa <strong>de</strong> q k . À medida que a indução<br />

aumenta as imagens <strong>de</strong> espalhamento alongam-se verticalmente e a excentricida<strong>de</strong><br />

aumenta. As curvas <strong>de</strong> iso-intensida<strong>de</strong> voltam a ser circulares, ou q ⊥ /q k ten<strong>de</strong> para<br />

1paraq’s maiores, uma vez que as partículas el<strong>em</strong>entares não têm uma anisotropia<br />

daformaligadaaoseumomentomagnético. Na região <strong>de</strong> q pequeno v<strong>em</strong>os que a<br />

relação <strong>de</strong> vetores <strong>de</strong> espalhamento é aproximadamente constante e, pela curva <strong>de</strong><br />

maior campo, estimamos o valor <strong>de</strong> δ =1, 2(1).<br />

Figura 3.13: Relação dos vetores <strong>de</strong> espalhamento nas direções paralela e perpendicular<br />

<strong>em</strong> relaçãoaindução magnética. Na esquerda uma representação <strong>de</strong> uma imag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> espalhamento. Para uma curva <strong>de</strong> mesma intensida<strong>de</strong>, obtiv<strong>em</strong>os os valores <strong>de</strong> q k<br />

e q ⊥ . Na direita o resultado para o ferrogel M300-2.5-III variando o campo.<br />

Pelos dados δ =1, 2(1); A =0, 083(3); q =0, 00506 Å −1 eusandoaequação<br />

(3.20) t<strong>em</strong>os que a = 235 Åe,pelaequação (3.13) t<strong>em</strong>os que R G =200(60)Å, que<br />

concorda, <strong>de</strong>ntro do erro experimental, com o valor encontrado para os ferrogéis s<strong>em</strong><br />

camponatabela(3.3)<br />

61


3.4 Resposta à Indução Magnética - Espalhamento<br />

<strong>de</strong> Luz<br />

Para os experimentos com luz observamos que a variação da intensida<strong>de</strong> espalhada<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do campo aplicado, porém a tendência é contrária àquela observada nos<br />

experimentos <strong>de</strong> SAXS, ou seja, a intensida<strong>de</strong> para I k (q) aumentaeI ⊥ (q) diminuisob<br />

induções mais fortes. Na figura (fig. 3.14) v<strong>em</strong>os um ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> como a intensida<strong>de</strong><br />

varia ao longo do t<strong>em</strong>po, ligando e <strong>de</strong>sligando o campo.<br />

Figura 3.14: Intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz espalhada pelos ferrogel EMG707-2.5-II com q ≈<br />

9 × 10 −4 Å −1 aolongodot<strong>em</strong>po. Cadapontocorrespon<strong>de</strong>à intensida<strong>de</strong> coletada<br />

durante 3 segundos.<br />

Para obter valores precisos da variação da intensida<strong>de</strong> pod<strong>em</strong>os medir a intensida<strong>de</strong><br />

total acumulada durante um longo período e medir durante o mesmo t<strong>em</strong>po a intensida<strong>de</strong><br />

com a aplicação da indução magnética. Porém, géis poliméricos apresentam<br />

relaxações estruturais lentas da ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> minutos ou horas (fig. 3.15). Deve-se,<br />

portanto, medir as intensida<strong>de</strong> poucos instantes antes e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> aplicar a indução<br />

externa.<br />

62


Figura 3.15: Intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz espalhada ao longo do t<strong>em</strong>po para o ferrogel EMG408-<br />

Iparaθ =90 ◦ . Cada ponto equivale a intensida<strong>de</strong> acumulada <strong>em</strong> 10 minutos .<br />

Obtiv<strong>em</strong>os a variação relativa da intensida<strong>de</strong> para os ferrogéis calculando a função<br />

correlação cruzada da intensida<strong>de</strong> com o pulso que liga o campo, conforme <strong>de</strong>scrito<br />

mais adiante (3.25). A montag<strong>em</strong> usada consiste <strong>em</strong> uma fonte <strong>de</strong> tensão, que<br />

alimenta o eletroímã, ligado a um gerador <strong>de</strong> função que gera um sinal na forma<br />

<strong>de</strong> uma onda quadrada. O campo magnético aplicado sobre a amostra t<strong>em</strong>, portanto,<br />

a forma <strong>de</strong> uma onda quadrada equivalente à produzida pelo gerador <strong>de</strong> função.<br />

Ligamos à entrada do correlacionador o sinal vindo do gerador <strong>de</strong> função e também<br />

vindo da fotomultiplicadora (fig. 3.16). Essa metodologia, até então inédita, nos<br />

permite calcular a variação da intensida<strong>de</strong> s<strong>em</strong> os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> flutuações lentas<br />

inerente aos géis, calculando a função correlação cruzada dos dois sinais (vindos do<br />

gerador <strong>de</strong> função e da fotomultiplicadora) [66, 67]. Obtiv<strong>em</strong>os a função <strong>de</strong> correlação<br />

cruzada <strong>em</strong> duas geometrias: com o vetor <strong>de</strong> espalhamento perpendicular à indução<br />

magnética - g ⊥ (t) - e com o vetor <strong>de</strong> espalhamento paralelo à indução - g k (t). Foram<br />

necessários cerca <strong>de</strong> 5 ciclos ligando e <strong>de</strong>sligando o eletroímã para os campos maiores<br />

e mais <strong>de</strong> 600 ciclos para os campo menores. Na figura (3.17) v<strong>em</strong>os a função g ⊥ (t)<br />

para o ferrogel EMG707-2.5-IV. As curvas foram normalizadas para a intensida<strong>de</strong> s<strong>em</strong><br />

campo. O transiente observado <strong>em</strong> todas as curvas entre t = 3 e 6 segundos v<strong>em</strong> da<br />

63


estabilização da corrente aplicada no eletroímã. A corrente atinge um valor máximo<br />

antes <strong>de</strong> estabilizar no valor <strong>de</strong>sejado.<br />

Figura 3.16: Esqu<strong>em</strong>a da montag<strong>em</strong> <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> luz aplicando um campo<br />

magnético: um gerador <strong>de</strong> função controla a corrente enviada ao eletroímã (onda<br />

quadrada). É calculada a função correlação cruzada entre o sinal vindo do gerador<br />

<strong>de</strong> função A(t) com o sinal proveniente da fotomultiplicadora I(t).<br />

As curvas nos mostram a intensida<strong>de</strong> média para um t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> retardo t <strong>em</strong> relação<br />

ao período T dos ciclos. Sendo o pulso que liga o campo A(t) = P N<br />

n=0 δ(t − nT )com<br />

N onúmero <strong>de</strong> ciclos, t<strong>em</strong>os:<br />

*<br />

+<br />

NX<br />

g(t) =hI(τ).A(t + τ)i = I(τ). δ(t + τ − nT ) . (3.25)<br />

n=1<br />

logo:<br />

Amédia <strong>de</strong> ens<strong>em</strong>ble éequivalenteàmédia t<strong>em</strong>poral para sist<strong>em</strong>as ergódicos [67],<br />

g(t) = 1<br />

NT<br />

= 1 NX<br />

T<br />

n=1<br />

Z NT<br />

0<br />

dτ I(τ)<br />

NX<br />

δ(t + τ − nT )<br />

n=1<br />

I(nT − t)<br />

, (3.26)<br />

N<br />

on<strong>de</strong> NT é o t<strong>em</strong>po total <strong>de</strong> medida. Como a intensida<strong>de</strong> espalhada éumafunção<br />

64


periódica <strong>de</strong> período T ,então as intensida<strong>de</strong>s I(T − t), I(2T − t) ... I(nT − t) são<br />

repetições da mesma medida e:<br />

NX<br />

n=1<br />

I(nT − t)<br />

N<br />

= I(T − t) (3.27)<br />

e:<br />

g(t) =<br />

I(T − t)<br />

. (3.28)<br />

T<br />

Figura 3.17: Função <strong>de</strong> correlação cruzada para o ferrogel 707-2.5-IV. A escala <strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong>po éretrógrada. O campo éligado<strong>em</strong>t 0 =6s e se estabiliza <strong>em</strong> t ≈ 2 s.<br />

Ográfico da figura (3.17) élido<strong>de</strong>trás para frente: o eletroímã, <strong>de</strong>sligado <strong>em</strong><br />

t>6séligado<strong>em</strong>t ≈ 6 s e a intensida<strong>de</strong> com campo estabiliza-se para t<strong>em</strong>pos<br />

menores que cerca <strong>de</strong> 2 segundos. Por (3.28) v<strong>em</strong>os que a variação das intensida<strong>de</strong>s<br />

|I B (q) − I 0 (q)|/I 0 (q) éigualàvariação das funções correlação |g(t B ) − g(t 0 )|/g(t 0 ),<br />

com t B e t 0 os t<strong>em</strong>pos correspon<strong>de</strong>ndo às condições estáveis com e s<strong>em</strong> campo.<br />

Uma vez que há umaimantação r<strong>em</strong>anente do núcleo <strong>de</strong> ferro dos eletroímãs os<br />

valores da intensida<strong>de</strong> espalhada para o campo <strong>de</strong>sligado correspon<strong>de</strong> ao valor <strong>de</strong><br />

65


I para o valor da indução r<strong>em</strong>anente. Para corrigir esse efeito traçamoscurvas<strong>de</strong><br />

g(t B )/g(t 0 ) × B 2 para cada ferrogel e obtiv<strong>em</strong>os, por um ajuste linear, os valores<br />

<strong>de</strong> g(t B )/g(t 0 )paraB =0Tqueé igual a razão da intensida<strong>de</strong> s<strong>em</strong> indução pela<br />

intensida<strong>de</strong> com a indução r<strong>em</strong>anente. As correções não alteraram significativamente<br />

os resultados.<br />

Observamos que a variação da intensida<strong>de</strong> é proporcional à concentração <strong>de</strong> ferrofluido,<br />

o que po<strong>de</strong>ria ser interpretado inicialmente como um resultado inesperado.<br />

A intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz espalhada relaciona-se com a expansão virial [37]:<br />

φ<br />

I B (q) =a<br />

1+A B φ + O(φ 2 ) , (3.29)<br />

on<strong>de</strong> a éumaconstante<strong>de</strong>proporcionalida<strong>de</strong> e o <strong>de</strong>nominador correspon<strong>de</strong> àexpansão<br />

<strong>de</strong> virial da pressão osmótica das partículas no gel. A B éocoeficiente virial que me<strong>de</strong><br />

as interações e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do campo aplicado. Calculando a variação <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong><br />

usando (3.29) t<strong>em</strong>os:<br />

I B (q) − I 0 (q)<br />

I 0 (q)<br />

= φ(A 0 − A B )<br />

1+A B φ ≈ φ(A 0 − A B ), (3.30)<br />

on<strong>de</strong> A 0 éocoeficiente virial das partículas na ausência <strong>de</strong> campo.<br />

Aequação (3.30) mostra que a variação da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz espalhada é resultado<br />

<strong>de</strong> mudanças relativas às interações entre os agregados magnéticos, o que constrasta<br />

com a interpretação dada àvariação da intensida<strong>de</strong> espalhada usando raios X. Uma<br />

vez que as interações dipolares <strong>de</strong>pend<strong>em</strong> da direção <strong>de</strong> observação, a variação da<br />

intensida<strong>de</strong> espalhada <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> igualmente <strong>de</strong>ssa direção. Assumindo que, <strong>em</strong> ~q k ~B,<br />

as interações entre dipolos orientados com B ~ são predominant<strong>em</strong>ente atrativas, ou<br />

seja, A B A B , v<strong>em</strong>os pela equação (3.30) que a intensida<strong>de</strong> aumenta na direção do vetor<br />

<strong>de</strong> espalhamento paralelo ao campo magnético e cai na direção perpendicular, assim<br />

como observado nos experimentos.<br />

Para testar a suposição da natureza das interações <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> dipolos<br />

orientados, simulamos um ferrogel usando, como mo<strong>de</strong>lo, uma re<strong>de</strong> cúbica <strong>de</strong> esferas<br />

66


duras magnetizadas e ligadas por molas - figura (3.18)a. Nesse mo<strong>de</strong>lo consi<strong>de</strong>ramos<br />

que os dipolos magnéticos estão totalmente orientados com o campo e que as molas<br />

não interag<strong>em</strong> entre si. Consi<strong>de</strong>ramos ainda que a distância <strong>de</strong> equilíbrio das molas<br />

éigualà zero. As interações <strong>de</strong> molas <strong>de</strong>sse tipo simulam as interações elásticas das<br />

ca<strong>de</strong>ias poliméricas do gel (mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Rouse [69]). Usando a técnica <strong>de</strong> simulação<br />

<strong>de</strong> Monte Carlo [70] <strong>de</strong>ixamos o sist<strong>em</strong>a relaxar partindo da configuração on<strong>de</strong> todas<br />

as esferas estão distribuidas regularmente, como mostrado na figura (3.18)a, até não<br />

ser<strong>em</strong> observadas variações significativas da energia total do sist<strong>em</strong>a. O resultado<br />

final - figura (3.18)b - mostra que a re<strong>de</strong> se <strong>de</strong>forma com as esferas se aproximando<br />

na direção paralela ao campo e se repelindo na direção perpendicular. Na figura<br />

(3.19)v<strong>em</strong>osasposições das esferas no plano central do sist<strong>em</strong>a <strong>em</strong> relação às suas<br />

posiçõesiniciais(linhaspontilhadas). Atendência <strong>de</strong> atração e repulsão das esferas<br />

nas duas direções principais é mais facilmente notada nessa figura.<br />

Figura 3.18: (a) Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> esferas ligadas por molas (linhas contínuas) s<strong>em</strong> campo<br />

magnético. (b) Mesmo sist<strong>em</strong>a com esferas magnetizadas após relaxar. Para facilitar<br />

avisualização, as linhas representando as molas foram suprimidas do <strong>de</strong>senho. As<br />

linhas pontilhadas mostram o plano com as esferas mostradas na figura (3.19).<br />

Divindo a variação da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz espalhada pela concentração pod<strong>em</strong>os<br />

isolar a contribuição magnéticaparaocoeficiente <strong>de</strong> virial A B<br />

− A 0 conforme a<br />

67


equação (3.30). Na figura (3.20) v<strong>em</strong>os a variação da intensida<strong>de</strong> espalhada com<br />

a indução magnética para as duas geometrias, normalizadas pela concentração <strong>de</strong><br />

ferrofluido φ, queé igual a variação do coeficiente <strong>de</strong> virial magnético.<br />

Figura 3.19: Posição das esferas magnetizadas ligadas por molas após relaxação.<br />

Comparando as ligações das esferas (linhas contínuas) <strong>em</strong> relação às ligações para a<br />

situação s<strong>em</strong> campo (linhas pontilhadas) v<strong>em</strong>os que as interações na direção paralela ao<br />

campo são preferencialmente atrativas enquanto elas são preferencialmente repulsivas<br />

na direção perpendicular.<br />

Figura 3.20: Variação da intensida<strong>de</strong> espalhada e normalizada pela contração <strong>de</strong><br />

ferrofluido para ~q k ~B e ~q ⊥ ~B, que equivale ao coeficiente <strong>de</strong> virial magnético - eq.<br />

(3.30).<br />

68


Asuperposiçãodascurvasparadiferentesconcentrações mostra que uma expansão<br />

<strong>de</strong> Virial <strong>em</strong> 1 a. ord<strong>em</strong> ésuficiente para <strong>de</strong>screver as interações na faixa <strong>de</strong> concentrações<br />

investigada (interações <strong>de</strong> dois corpos).<br />

Em ambos os casos obt<strong>em</strong>os uma lei <strong>de</strong> potência B 2 para induções pequenas.<br />

Porém observamos que os dados segu<strong>em</strong> outra lei <strong>de</strong> potência <strong>de</strong> aproximadamente<br />

B 1/2 para B > 0, 03 T ou satura, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da geometria. Ainda não t<strong>em</strong>os<br />

explicação para esse comportamento, mas os resultados parec<strong>em</strong> sugerir que a anisotropia<br />

das interações levam a comportamentos diferentes na direções perpendicular e<br />

paralela à indução magnética.<br />

69


3.5 Proprieda<strong>de</strong>s Dinâmicas - Espalhamento Dinâmico<br />

<strong>de</strong> Luz<br />

O comportamento da dinâmica dos agregados presos às re<strong>de</strong>s poliméricas foi<br />

estudada pela técnica <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> fótons (PCS) ou espalhamento dinâmico <strong>de</strong><br />

luz. As medidas foram feitas no Laboratório <strong>de</strong> Fluidos Complexos (UFMG) on<strong>de</strong><br />

usamos um correlacionador BI9000 (Brookhaven) com 256 canais; e no Laboratoire<br />

<strong>de</strong> Spectrometrie Physique (UJF) com um correlacionador Malkon <strong>de</strong> 128 canais. Em<br />

ambos os casos usamos um laser com λ =6328Å.<br />

Partimos da hipótese que o campo elétrico espalhado pelos géis poliméricos, E,éa<br />

soma <strong>de</strong> uma parte chamada flutuante E f e outra estática E s . Dividindo o espaço <strong>em</strong><br />

subregiões muito menores que o comprimento <strong>de</strong> onda da luz e gran<strong>de</strong>s o suficiente<br />

para conter um número significativo <strong>de</strong> pontos espalhadores, v<strong>em</strong>os que E f segue<br />

uma distribuição gaussiana, uma vez que éoresultadodasomadocampoelétrico<br />

proveniente<strong>de</strong>cadasub-região, estatisticamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

Épossível mostrar<br />

que a correlação da intensida<strong>de</strong> g (2) (t) edocampoelétrico g (1) (t) relacionam-se do<br />

seguinte modo [67]:<br />

g (2) (t) =1+|g (1) (t)| 2 , (3.31)<br />

on<strong>de</strong>:<br />

g (1) (t) ≡ hE f(0).Ef ∗(t)i<br />

, (3.32)<br />

hI f i<br />

g (2) (t) ≡ hI(0).I(t)i<br />

hIi 2 , (3.33)<br />

e I é a intensida<strong>de</strong> total espalhada. Quando toda a luz espalhada da amostra é<br />

flutuante, I = I f ediz<strong>em</strong>osqueoespalhamentoé homodino.<br />

A equação (3.31) é exata se todos os átomos e moléculas <strong>de</strong>ntro do volume<br />

observado espalham a luz inci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> modo coerente. O valor da área <strong>de</strong> abertura<br />

do <strong>de</strong>tector àpartirdaqualessacondição ésatisfeitaé chamada área <strong>de</strong> coerência.<br />

70


Para várias áreas <strong>de</strong> coerênciaaamplitu<strong>de</strong>daflutuação da luz espalhada diminui e<br />

adiciona-se um parâmetro geométrico experimental β, talque0 < β < 1narelação<br />

entre as funções <strong>de</strong> correlação [67]:<br />

g (2) (t) =1+β|g (1) (t)| 2 . (3.34)<br />

As excursões das partes <strong>de</strong> géis poliméricos são limitadas <strong>de</strong>vido às ligações químicas<br />

do mesmo, ou seja, cada unida<strong>de</strong> do gel se <strong>de</strong>sloca <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma região finita<br />

do espaço. Para o espalhamento <strong>de</strong> luz chamado heterodino, uma porção da luz<br />

espalhada é constante. Para relacionarmos a correlação da intensida<strong>de</strong> com a do<br />

campo, calculamos a expressão hI(0).I(t)i com I(t) =E(t).E ∗ (t) eocampoelétrico<br />

é a soma <strong>de</strong> uma contribuição estática e outra flutuante: E(t) =E f (t)+E s (t). Logo:<br />

hI(0).I(t)i = h[E f (0) + E s (0)] h Ef(0) ∗ + Es(0) i ∗ [E f (t)+E s (t)] h Ef(t)+E ∗ s(t) i ∗ i<br />

= hE f (0).Ef(0).E ∗ f (t).Es(t)i ∗ + hE f (0).Ef(0).E ∗ s (t).Ef(t)i<br />

∗<br />

+ hE f (0).Es ∗(0).E f(t).Ef ∗(t)i + hE f(0).Es ∗(0).E s(t).Es ∗(t)i<br />

+ hE s (0).Ef(0).E ∗ f (t).Ef(t)i ∗ + hE s (0).Ef(0).E ∗ s (t).Es ∗ (t)i<br />

+ hE s (0).Es ∗ (0).E f (t).Es(t)i ∗ + hE s (0).Es ∗ (0).E s (t).Ef(t)i<br />

∗<br />

+ hE f (0).Ef ∗(0).E f(t).Ef ∗(t)i + hE f(0).Ef ∗(0).E s(t).Es ∗(t)i<br />

+ hE f (0).Es ∗ (0).E f (t).Es(t)i ∗ + hE f (0).Es(0).E ∗ s (t).Ef(t)i<br />

∗<br />

+ hE s (0).Ef(0).E ∗ f (t).Es(t)i ∗ + hE s (0).Ef(0).E ∗ s (t).Ef(t)i<br />

∗<br />

+ hE s (0).Es ∗ (0).E f (t).Ef(t)i ∗ + hE s (0).Es ∗ (0).E s (t).Es ∗ (t)i. (3.35)<br />

Se consi<strong>de</strong>rarmos o campo flutuante e estático estatisticamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />

então pod<strong>em</strong>os separar a médiadoscamposelétricos com subscrito s dos campos<br />

elétricos com subscrito f. Notando que a média do campo elétrico é zero t<strong>em</strong>os que<br />

todosostermosnaequação anterior com apenas um termo do tipo E s ou E f é igual<br />

a zero. Por ex<strong>em</strong>plo, o primeiro termo <strong>em</strong> (3.35):<br />

71


hE f (0).Ef ∗(0).E f(t).Es ∗(t)i = hE f(0).Ef ∗(0).E f(t)i hEs ∗ (t)i =0, (3.36)<br />

pois hE ∗ s (t)i = 0. Com isso os oito primeiros termos <strong>em</strong> (3.35) são iguais a zero.<br />

Separando as médias das contribuições estáticas e flutuantes t<strong>em</strong>os:<br />

hI(0).I(t)i = hE f (0).Ef(0).E ∗ f (t).Ef(t)i ∗ + hE s (0).Es ∗ (0).E s (t).Es(t)i<br />

∗<br />

+ hE f (0).E f (t)i.hEs ∗ (0).Es(t)i ∗ + hE f (0).Ef(t)i.hE ∗ s ∗ (0).E s (t)i<br />

+ hEf ∗(0).E f(t)i.hE s (0).Es ∗(t)i + hE∗ f (0).E∗ f (t)i.hE s(0).E s (t)i<br />

+ hE f (t).Ef(t)i.hE ∗ s (0).Es(0)i ∗ + hE f (0).Ef(0)i.hE ∗ s (t).Es ∗ (t)i(3.37)<br />

Umavezqueocampoelétrico po<strong>de</strong> ser escrito como E(t) =E 0 e −i[ωt−φ(t)] on<strong>de</strong> E 0<br />

é a amplitu<strong>de</strong> do campo e φ é a fase, v<strong>em</strong>os que a correlação <strong>de</strong> hE f (0).E f (t)i é proporcional<br />

a he −iωt e i[φ(0)+φ(t)] i.Comoaflutuação <strong>de</strong>vido à oscilação da luz (e −iωt )émuito<br />

mais rápida que as flutuações <strong>de</strong>vido àmovimentação do gel (e i[φ(0)+φ(t)] )pod<strong>em</strong>os<br />

consi<strong>de</strong>rar que a correlação do campo elétrico é proporcional à he −iωt i e, portanto,<br />

igual a zero. O mesmo raciocínio vale para os termos hE s (0).E s (t)i, hEf(0).E ∗ f(t)i ∗ e<br />

hEs ∗ (0).Es ∗ (t)i. Excluindo os termos iguais a zero <strong>em</strong> (3.37) t<strong>em</strong>os:<br />

hI(0).I(t)i = hE f (0).E ∗ f(0).E f (t).E ∗ f(t)i + hE s (0).E ∗ s (0).E s (t).E ∗ s(t)i<br />

+ hE f (0).E ∗ f(t)i.hE ∗ s (0).E s (t)i + hE ∗ f(0).E f (t)i.hE s (0).E ∗ s (t)i<br />

+ hE f (t).E ∗ f (t)i.hE s(0).E ∗ s (0)i + hE f(0).E ∗ f (0)i.hE s(t).E ∗ s (t)i(3.38)<br />

Finalmente notando a partir das equações (3.32), (3.33) e (3.34):<br />

hI(0).I(t)i = hIi 2 g (2) (t),<br />

hE f (0).E ∗ f (0).E f(t).E ∗ f (t)i = hI f(0).I f (t)i = hI f i 2 h 1+|g (1) (t)| 2i , (3.39)<br />

72


e:<br />

hE s (0).E ∗ s (0).E s(t).E ∗ s (t)i = hI si 2<br />

hE f (0).E ∗ f(t)i.hE ∗ s (0).E s (t)i + hE ∗ f(0).E f (t)i.hE s (0).E ∗ s (t)i =2hI s ihI f i|g (1) (t)|<br />

hE f (t).E ∗ f(t)i.hE s (0).E ∗ s(0)i = hE f (0).E ∗ f(0)i.hE s (t).E ∗ s (t)i = hI f ihI s i, (3.40)<br />

pod<strong>em</strong>os obter a relação entre g (2) (t) eg (1) (t) para o espalhamento heterodino, substituindo<br />

as equações (3.39) e (3.40) <strong>em</strong> (3.38), e inserindo o parâmetro β:<br />

g (2) (t) = hI fi 2<br />

hIi 2<br />

+2hI fi<br />

hIi<br />

hI s i<br />

hIi + hI si 2<br />

hIi 2 + β " hIf i 2<br />

hIi 2 |g(1) (t)| 2 +2 hI fi<br />

hIi<br />

#<br />

hI s i<br />

hIi |g(1) (t)| . (3.41)<br />

Sabendo que hIi = hI f i+hI s i e<strong>de</strong>finindo Y como a fração da intensida<strong>de</strong> espalhada<br />

relativa à parte flutuante Y ≡ hI f i/hIi t<strong>em</strong>os:<br />

g (2) (t) =1+β h Y 2 |g (1) (t)| 2 +2Y (1 − Y )|g (1) (t)| i , (3.42)<br />

on<strong>de</strong> hIi éaintensidad<strong>em</strong>édia espalhada; hI s i éamédia da intensida<strong>de</strong> estática<br />

espalhada e hI f i amédia da intensida<strong>de</strong> flutuante.<br />

No<strong>de</strong>senvolvimentodaequação para espalhamento heterodino consi<strong>de</strong>ramos que<br />

afunção correlação g (1) (t) envolve apenas a parte flutuante da luz espalhada. No<br />

caso <strong>de</strong> géis as restrições às excursões<strong>de</strong>cadasegmentodogel<strong>em</strong>todoovolumedo<br />

sist<strong>em</strong>a levam a um espalhamento estático proveniente do próprio gel. É razoável,<br />

portanto, consi<strong>de</strong>rar a parte estáticadaluzespalhadanocálculo <strong>de</strong> g (1) (t). Para<br />

tanto renormalizamos a função correlação g (1) (t) e<strong>de</strong>finimos a função correlação do<br />

campo elétrico para o gel:<br />

g (1)<br />

gel(t) = hI si + hI f ig (1) (t)<br />

hIi<br />

=(1− Y )+Yg (1) (t). (3.43)<br />

73


V<strong>em</strong>os que <strong>em</strong> g (1)<br />

gel (t) o termo estáticodoespalhamento<strong>de</strong>luzé consi<strong>de</strong>rado como<br />

integrante do sist<strong>em</strong>a e não como um sinal externo adicionado.<br />

Inserindo (3.43) <strong>em</strong> (3.42) t<strong>em</strong>os a relação das funções <strong>de</strong> correlação da intensida<strong>de</strong><br />

edocampoelétrico para o gel:<br />

g (2) (t) =1+β|g (1)<br />

gel (t)|2 − β(1 − Y ) 2 . (3.44)<br />

O valor <strong>de</strong> Y é obtido pelo valor assintótico g (2) (0) notando que g (1)<br />

gel (0) = 1:<br />

Y =1−<br />

"<br />

1 − g(2) (0) − 1<br />

β<br />

# 1/2<br />

. (3.45)<br />

Pelas equações (3.44) e (3.45) pod<strong>em</strong>os obter a função correlação do campo a<br />

partir da função correlação da intensida<strong>de</strong> normalizada, que émedidapelatécnica <strong>de</strong><br />

correlação <strong>de</strong> fótons.<br />

Para processos on<strong>de</strong> a flutuação na luz espalhada provém <strong>de</strong> fenômenos <strong>de</strong> difusivos<br />

pod<strong>em</strong>os relacionar a função correlação g (1) (t) com o <strong>de</strong>slocamento quadrático médio<br />

hr 2 (t)i:<br />

g (1) (t) =exp<br />

"<br />

− q2 hr 2 (t)i<br />

6<br />

#<br />

. (3.46)<br />

Da mesma forma, o <strong>de</strong>slocamento quadrático médio para um segmento do gel é:<br />

"<br />

g (1)<br />

gel (t) =exp − q2 hr 2 #<br />

(t)i<br />

, (3.47)<br />

6<br />

eocoeficiente <strong>de</strong> auto-difusão D(t):<br />

D(t) ≡ 1 6<br />

∂hr 2 (t)i<br />

. (3.48)<br />

∂t<br />

74


Um mo<strong>de</strong>lo simples usado para representar a difusão <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s poliméricas éo<br />

chamado mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Rouse [68]. Nesse mo<strong>de</strong>lo consi<strong>de</strong>ra-se que o sist<strong>em</strong>a éformado<br />

por unida<strong>de</strong>s imersas <strong>em</strong> um meio viscoso ligados por molas “fantasmas”, ou seja,<br />

as molas não sent<strong>em</strong> o meio viscoso e toda a fricção é concentrada nas unida<strong>de</strong>s da<br />

re<strong>de</strong>. Esse mo<strong>de</strong>lo dita ainda que o meio éimóvel, ou seja, os pontos ao se <strong>de</strong>slocar<strong>em</strong><br />

sent<strong>em</strong> o atrito do meio, mas este não se movimenta. Essa simplificação éequivalente<br />

a <strong>de</strong>sprezar as interações hidrodinâmicas entre as unida<strong>de</strong>s.<br />

Sabe-se que para t<strong>em</strong>pos suficient<strong>em</strong>ente longos, o coeficiente <strong>de</strong> difusão das<br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Rouse segue uma lei <strong>de</strong> potência no t<strong>em</strong>po [68, 69,<br />

71, 72, 73, 74]. Esse tipo <strong>de</strong> difusão é chamado anômala eéobservadatambém <strong>em</strong><br />

sist<strong>em</strong>as com restrições geométricas ou topológicas àdifusão [75, 76]. O coeficiente<br />

<strong>de</strong> difusão no regime anômalo para re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Rouse é dado por [69, 71].<br />

à ! −d/2<br />

12πD0<br />

D(t) =D 0 t , (3.49)<br />

ξ 2<br />

on<strong>de</strong> D 0 éocoeficiente <strong>de</strong> difusão das unida<strong>de</strong>s na condição livre; ξ 2 éotamanho<br />

quadrático médio das molas e d é a dimensão que <strong>de</strong>screve a topologia das re<strong>de</strong>s<br />

(d = 1 para ca<strong>de</strong>ias lineares; 2 para m<strong>em</strong>branas e 3 para re<strong>de</strong>s espaciais).<br />

Esse resultado junto com a equação (3.48) mostra que o <strong>de</strong>slocamento quadrático<br />

médio das unida<strong>de</strong>s segu<strong>em</strong> três regimes difusivos distintos <strong>em</strong> relação à topologia:<br />

um regime <strong>de</strong> difusão irrestrita para d2 on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>slocamento quadrático médio ten<strong>de</strong> para um<br />

assíntota hr∞i 2 para t<strong>em</strong>pos gran<strong>de</strong>s; e uma difusão crítica para d = 2 [69, 72] com<br />

hr 2 (t)i ∼ ln t.<br />

Para re<strong>de</strong>s fractais o regime anômalo também é observado, porém o expoente<br />

anômalo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da dimensão espectral da re<strong>de</strong> d s [73, 74]:<br />

D(t) =D 0<br />

µ t<br />

τ<br />

−ds/2<br />

. (3.50)<br />

Aequação (3.50) éumageneralização da equação (3.49) que éválida apenas para<br />

estruturas regulares com d s inteiro.<br />

75


3.5.1 Resultados<br />

Sintetizamos ferrogéis <strong>de</strong> poli(acrilamida) / metileno-bisacrilamida seguindo o<br />

mesmo procedimento <strong>de</strong>scrito no capítulo “Preparação <strong>de</strong> Amostras” com os ferrofluidos<br />

M300 e EMG408. As concentrações <strong>de</strong> ferrofluido foram <strong>de</strong> 0,017 mg/ml<br />

para a amostra M300 e 0,026 mg/ml para o EMG408. A função correlação g (1) (t)<br />

paraoferrogelEMG408eocoeficiente <strong>de</strong> difusão estão apresentados na figura (3.21).<br />

Medimos a luz espalhada variando o ângulo <strong>de</strong> espalhamento θ entre o feixe inci<strong>de</strong>nte<br />

e o <strong>de</strong>tector.<br />

A intensida<strong>de</strong> espalhada pelas partículas magnéticas é cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z vezes maior<br />

que a do meio <strong>de</strong> modo que pod<strong>em</strong>os <strong>de</strong>sprezar o sinal vindo do gel e do solvente. Uma<br />

vez que os agregados <strong>de</strong> partículas magnéticas estão presos àre<strong>de</strong>dogelsuadinâmica<br />

reflete a dinâmicadare<strong>de</strong><strong>em</strong>si,ouseja,oferrofluido age como um traçador. Por estar<br />

num regime extr<strong>em</strong>amente diluído pod<strong>em</strong>os consi<strong>de</strong>rar também que a dinâmica <strong>de</strong><br />

uma partícula não altera a dinâmica das outras partículas e os efeitos observados<br />

são <strong>de</strong> auto-difusão. Pod<strong>em</strong>os ver pela figura (3.21b) que a re<strong>de</strong> polimérica <strong>de</strong><br />

poli(acrilamida) metileno-bisacrilamida t<strong>em</strong> um regime difusivo livre para t<strong>em</strong>pos<br />

curtos e anômala para t<strong>em</strong>pos mais longos com o t<strong>em</strong>po característicodapassag<strong>em</strong><br />

dos dois regimes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do ângulo <strong>de</strong> espalhamento. Usamos o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Rouse<br />

como mo<strong>de</strong>lo para <strong>de</strong>screver a dinâmica <strong>de</strong>sse gel e ajustamos as curvas <strong>de</strong> D(t) <strong>em</strong><br />

toda a faixa <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po. O coeficiente <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> Rouse para uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> dimensão<br />

inteira d com N d unida<strong>de</strong>s é dado por [71]:<br />

D(t) = D 0<br />

N d h<br />

1+x(t)+x(t) 2 + ···+ x(t) di , (3.51)<br />

com:<br />

NX<br />

x(t) = e −tp2 /τ . (3.52)<br />

p=1<br />

76


Figura 3.21: (a) Função correlação do campo elétrico para o ferrogel EMG408. (b)<br />

Coeficiente <strong>de</strong> difusão para a mesma amostra, calculado usando (3.47) e (3.48).<br />

Aequação (3.51) mostra três regimes principais: difusão livre com D(t) → D 0<br />

para t<strong>em</strong>pos curtos (t ¿ τ/dN 2 ); difusão anômala D(t) =D 0 /N d (4t/πτ) −d/2 para<br />

t<strong>em</strong>pos intermediários (τ/dN 2 ¿ t ¿ τ) edifusão do centro <strong>de</strong> massa D(t) =D 0 /N d<br />

para t<strong>em</strong>pos longos (t À τ). D 0 éocoeficiente <strong>de</strong> difusão das unida<strong>de</strong>s da re<strong>de</strong><br />

na situação livre (s<strong>em</strong> ligações) e τ caracteriza a passag<strong>em</strong> do regime <strong>de</strong> difusão<br />

livre para o regime <strong>de</strong> difusão anômala. Uma vez que o regime <strong>de</strong> difusão do centro<br />

<strong>de</strong> massa não éacessível experimentalmente pod<strong>em</strong>os aproximar a expressão (3.51)<br />

consi<strong>de</strong>rando apenas o último termo entre colchetes se N ésuficient<strong>em</strong>ente gran<strong>de</strong>:<br />

" # d<br />

x(t)<br />

D(t) =D 0 . (3.53)<br />

N<br />

Aequação (3.53) éválida também para valores não inteiros <strong>de</strong> d. Ajustamos<br />

ocoeficiente <strong>de</strong> difusão usando a equação (3.53) usando um programa <strong>de</strong> mínimos<br />

quadrados e <strong>de</strong>ixando D 0 e τ como parâmetros <strong>de</strong> ajuste. O expoente d foi ajustado<br />

manualmente e <strong>de</strong>ixado constante durante o ajuste. Na figura (3.22) v<strong>em</strong>os um<br />

ex<strong>em</strong>plo dos ajustes do coeficiente <strong>de</strong> difusão para os ângulos <strong>de</strong> espalhamento a<br />

20 ◦ e90 ◦ .<br />

77


Figura 3.22: Coeficiente <strong>de</strong> difusão para o ferrogel EMG408 nos ângulos 20 ◦ e 90 ◦ .<br />

As linhas contínuas são as curvas ajustadas usando (3.53).<br />

Figura 3.23: Parâmetros <strong>de</strong> ajuste para o ferrogel EMG408.<br />

Os parâmetros D 0 e τ obtidos pelos ajustes estão apresentados na figura (3.23).<br />

Observamos que D 0 parece não sofrer uma <strong>de</strong>pendência com o vetor <strong>de</strong> espalhamento q<br />

enquanto observamos a relação τ ∼ q −2 . As medidas para o ferrogel M300 mostraram<br />

resultados análogos, porém o parâmetro D 0 parece aumentar com q, enquanto a lei<br />

78


τ ∼ q −2 também foi encontrada (fig. 3.24). Na figura (3.25) v<strong>em</strong>os os valores dos<br />

expoentes anômalos para o ferrogel M300.<br />

Figura 3.24: Parâmetros <strong>de</strong> ajuste para o ferrogel M300.<br />

Figura 3.25: Expoente anômalo para o ferrogel M300. A linha pontilhada mostra o<br />

valor esperado para re<strong>de</strong>s regulares <strong>de</strong> Rouse d/2 =3/2. A linha contínua foi traçada<br />

arbitrariamente.<br />

Observamos que o expoente anômalo aproxima-se do valor para re<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong><br />

Rouse (d/2 =3/2) para q’s pequenos. Essa tendência po<strong>de</strong> ser interpretada pelo efeito<br />

79


queamatrizpolimérica t<strong>em</strong> <strong>de</strong> blindar parcialmente as interações hidrodinâmicas.<br />

Para escalas maiores que o alcance das interações hidrodinâmicas estas se tornam<br />

pouco importantes e os géis aproximam-se da situação i<strong>de</strong>al.<br />

Através da técnica <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> fótons fomos capazes <strong>de</strong> estudar a dinâmica<br />

dos géis <strong>de</strong> poli(acrilamida) metileno-bisacrilamida usando os agregados <strong>de</strong> partículas<br />

magnéticas como traçadores. Uma vez que as partículas espalham fort<strong>em</strong>ente a luz<br />

<strong>em</strong> comparação ao meio (gel + solvente) e que o regime édiluído, então os efeitos <strong>de</strong><br />

auto-correlação são predominantes. Verificamos que o coeficiente <strong>de</strong> difusão das re<strong>de</strong>s<br />

poliméricas é constante para t<strong>em</strong>pos pequenos e anômalo para t<strong>em</strong>pos gran<strong>de</strong>s. O<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Rouse ésatisfatório para <strong>de</strong>screver os resultados para q pequeno<br />

on<strong>de</strong> os efeitos hidrodinâmicos são menos importantes.<br />

80


Capítulo 4<br />

Conclusão<br />

Apresentamos nesse trabalho o estudo da estrutura <strong>de</strong> dispersões <strong>de</strong> partículas<br />

nanométricas magnéticas <strong>em</strong> géis poliméricos <strong>de</strong> poli(acrilamida) / metileno - bisacrilamida.<br />

Estudamos três tipo <strong>de</strong> ferrofluidos <strong>de</strong> magnetita surfatadas: EMG408,<br />

EMG707 e M300.<br />

Os resultados <strong>de</strong> SAXS e SANS mostraram que as partículas do ferrofluido EMG408<br />

<strong>de</strong>ntro do gel têm or<strong>de</strong>nação fractal com expoente 1,7; enquanto as partículas do ferrofluido<br />

M300 or<strong>de</strong>nam-se <strong>em</strong> agregados isolados com algumas centenas <strong>de</strong> partículas,<br />

mostrando que sua organização <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fort<strong>em</strong>ente da interação surfatante - polímero.<br />

Em todos os sist<strong>em</strong>as comprovou-se a existência <strong>de</strong> uma interface b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finida das<br />

partículas primárias com a vizinhança, explicitada pela lei <strong>de</strong> Porod.<br />

Pelo cálculo da superfície específica vimos que as partículas dos ferrofluidos EMG408<br />

e M300 têm aproximadamente o mesmo raio (50 Å).<br />

As curvas <strong>de</strong> espalhamento dos ferrogéis M300 ajustaram consi<strong>de</strong>ravelmente b<strong>em</strong><br />

ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> agregados finitos fractais com dimensão fractal próxima <strong>de</strong> 3. No<br />

entanto, a afirmação que os agregados têm estrutura interna fractal é duvidosa.<br />

Observações da contraçãoparcialdafasegeleformação <strong>de</strong> agregados macroscópicos<br />

na interface das fases suger<strong>em</strong> que há um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sestabilização do ferrofluido<br />

<strong>de</strong>ntro do gel com r<strong>em</strong>oção do surfatante. A comparação das curvas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong><br />

para as soluções com gel e s<strong>em</strong> gel confirmam qualitativamente essa hipótese.<br />

Quando um campo magnético externo é aplicado, os agregados, cuja amplitu<strong>de</strong><br />

dos graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> rotacionais é reduzida, tend<strong>em</strong> a se alinhar com o campo. Pela<br />

anisotropia nas imagens <strong>de</strong> espalhamento obtiv<strong>em</strong>os a anisotropia dos agregados. A<br />

análise da variação relativa da intensida<strong>de</strong> para vários valores do campo magnético nos<br />

mostrou que o sist<strong>em</strong>a po<strong>de</strong> ser analisado com um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elipsói<strong>de</strong>s <strong>de</strong> revolução<br />

81


prolatos com um momento magnéticonadireção do eixo maior. Os valores dos<br />

momentos magnéticos efetivos, obtidos pelo ajuste com uma variante da equação<br />

<strong>de</strong> Langevin, concordam com o valor calculado consi<strong>de</strong>rando as partículas primárias<br />

orientadas aleatoriamente.<br />

Mostramos também nesse trabalho que a variação da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz espalhada<br />

com a aplicação do campo po<strong>de</strong> ser estudada pelo cálculo da função correlação<br />

cruzada da intensida<strong>de</strong> espalhada com o campo aplicado. Essa metodologia inédita<br />

contorna os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> flutuaçõeslentasda<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>local,intrínsicas <strong>em</strong> géis<br />

poliméricos macios. Vimos que a técnica <strong>de</strong> espalhamento <strong>de</strong> luz nos informa sobre<br />

as flutuações <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ou interações entre as partículas. Esta informação (relativa<br />

às interações) é compl<strong>em</strong>entar àquela obtida por espalhamento <strong>de</strong> raios X (relativa<br />

à forma). Assim, a tendência <strong>de</strong> variação da intensida<strong>de</strong> espalhada éinversaàquela<br />

da observada com espalhamento <strong>de</strong> raios X. Nas situações <strong>de</strong> ~q ⊥ ~B e ~q k ~B vimos<br />

uma <strong>de</strong>pendênciadavariação da intensida<strong>de</strong> com o quadrado do campo para campos<br />

fracos. O comportamento das curvas <strong>de</strong> variação da intensida<strong>de</strong> difer<strong>em</strong> nos dois<br />

casos para campos intensos, saturando para ~q ⊥ B ~ e seguindo uma lei <strong>de</strong> potência<br />

com a raiz quadrada do campo para ~q k B. ~<br />

82


Apêndice A<br />

Raio <strong>de</strong> Giração <strong>de</strong> um Elipsói<strong>de</strong><br />

Para objetos não-interagentes <strong>em</strong> solução diluída, a forma <strong>de</strong> I(q) nosinforma<br />

sobre o tamanho médio dos objetos pela lei <strong>de</strong> Guinier (1.16) e nos possibilita obter<br />

oraio<strong>de</strong>giração quadrático médio. Para um objeto formado por N el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong><br />

massa m, o raio <strong>de</strong> giração é dado por (ver, por ex<strong>em</strong>plo, [35]):<br />

hR 2 Gi ≡ hP N<br />

i=1 m i(~r i − ~R) 2 i<br />

P N<br />

i=1 m i<br />

(A.1)<br />

on<strong>de</strong> a média indicada refere-se a todas as orientações possíveis. R ~ é o centro <strong>de</strong><br />

massa.<br />

Para uma partícula sólida <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> constante, volume V <strong>em</strong>assaM pod<strong>em</strong>os<br />

expressar o raio <strong>de</strong> giração por:<br />

Z<br />

Z<br />

r 2 dm<br />

RG 2 = M<br />

=<br />

V<br />

ρ r 2 dV<br />

M . (A.2)<br />

sendo o raio <strong>de</strong> giração médio dado pela média configuracional <strong>de</strong>sse valor.<br />

Seja um elipsói<strong>de</strong> <strong>de</strong> raios a, b, c:<br />

Figura A.1: Elipsói<strong>de</strong> com os eixos coincidindo com os eixos do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas.<br />

83


Pela <strong>de</strong>finição do momento <strong>de</strong> inércia, I = R r 2 dm v<strong>em</strong>os que I = MR 2 G.Sejao<br />

tensor <strong>de</strong> inércia:<br />

com:<br />

I =<br />

⎡<br />

⎢<br />

⎣<br />

⎤<br />

I xx I xy I xz<br />

⎥<br />

I yx I yy I yz ⎦<br />

I zx I zy I zz<br />

(A.3)<br />

I xi x i<br />

=<br />

Z hxj<br />

x j − (x i ) 2i ρ dV<br />

Z<br />

I xi x j<br />

= − x i x j ρ dV ;parai 6= j<br />

(A.4)<br />

<strong>de</strong>finindo x 1 = x; x 2 = y; x 3 = z e seguindo a notação on<strong>de</strong> índicesiguais(ex.x j x j )<br />

implicitam um somatório <strong>em</strong> j =1a3. Comooelipsói<strong>de</strong> ésimétrico <strong>em</strong> relação à<br />

todososeixos,ostermosI xi x j<br />

são iguais àzeroparai 6= j. Osoutrostermosda<br />

diagonal são facilmente calculados:<br />

I xx = M 5<br />

h<br />

b 2 + c 2i ; I yy = M 5<br />

h<br />

a 2 + c 2i ; I zz = M 5<br />

h<br />

a 2 + b 2i<br />

(A.5)<br />

Logootensor<strong>de</strong>inérciaparaumelipsói<strong>de</strong> é:<br />

I = M 5<br />

⎡<br />

⎢<br />

⎣<br />

b 2 + c 2 ⎤<br />

0 0<br />

0 a 2 + c 2 ⎥<br />

0 ⎦<br />

0 0 a 2 + b 2<br />

(A.6)<br />

Omomento<strong>de</strong>inércia I, observando (A.4) e o raio <strong>de</strong> giração <strong>de</strong> um elipsói<strong>de</strong> são,<br />

portanto:<br />

Z<br />

I ≡ r 2 ρ dV = I xx + I yy + I zz<br />

2<br />

R 2 G = I M = [a2 + b 2 + c 2 ]<br />

5<br />

= M 5<br />

h<br />

a 2 + b 2 + c 2i<br />

(A.7)<br />

Oraio<strong>de</strong>giração na direção dos eixos é:<br />

R 2 Gx = 1 M<br />

Z<br />

x 2 ρdV = [(I yy + I zz ) − I xx ]<br />

2M<br />

= a2<br />

5<br />

84


R 2 Gy = 1 Z<br />

M<br />

R 2 Gz = 1 Z<br />

M<br />

y 2 ρdV = [(I xx + I zz ) − I yy ]<br />

2M<br />

z 2 ρdV = [(I xx + I yy ) − I zz ]<br />

2M<br />

= b2<br />

5<br />

= c2<br />

5<br />

(A.8)<br />

Para calcular o raio <strong>de</strong> giração, digamos, na direção z após uma rotação do objeto<br />

<strong>em</strong> relação a algum eixo, basta aplicar a matriz <strong>de</strong> rotação ao tensor <strong>de</strong> inércia:<br />

I 0 = T i .I.T t i<br />

(A.9)<br />

com:<br />

⎡<br />

⎤<br />

1 0 0<br />

T x = ⎢ 0 cosψ − sin ψ ⎥<br />

⎣<br />

⎦<br />

0 sinψ cos ψ<br />

⎡<br />

⎤<br />

cos θ 0 sinθ<br />

T y = ⎢ 0 1 0 ⎥<br />

⎣<br />

⎦<br />

− sin θ 0 cosθ<br />

⎡<br />

⎤<br />

cos φ − sin φ 0<br />

T z = ⎢ sin φ cos φ 0 ⎥<br />

⎣<br />

⎦<br />

0 0 1<br />

(A.10)<br />

on<strong>de</strong> ψ, θ e φ são os ângulos <strong>de</strong> rotação <strong>em</strong> relação aos eixos x, y e z, respectivamente.<br />

Paraocasoespecial<strong>de</strong>umelipsói<strong>de</strong> <strong>de</strong> revolução prolato (c >a= b), <strong>de</strong>finindo<br />

δ = c/a, o tensor <strong>de</strong> inércia é:<br />

I = M 5<br />

⎡<br />

⎢<br />

⎣<br />

a 2 + c 2 ⎤<br />

0 0<br />

0 a 2 + c 2 0<br />

0 0 2a 2<br />

⎥<br />

⎦ = Ma2<br />

5<br />

⎡<br />

⎢<br />

⎣<br />

1+δ 2 0 0<br />

0 1+δ 2 0<br />

0 0 2<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎦<br />

(A.11)<br />

Para calcular o raio <strong>de</strong> giração médio do elipsói<strong>de</strong> na direção z <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os consi<strong>de</strong>rar<br />

a distribuição <strong>de</strong> Boltzmann:<br />

hR 2 Gz i = R dΩ R<br />

2<br />

Gz exp(−E/k B T )<br />

R dΩ exp(−E/kB T )<br />

(A.12)<br />

85


Notandoqueoraio<strong>de</strong>giração é R 2 Gz = h Ixx 00 + I00 yy − I i<br />

zz<br />

00 /2M, on<strong>de</strong> I<br />

00<br />

x i x i<br />

éa<br />

componente (i, i)dotensord<strong>em</strong>omento<strong>de</strong>inércia orientando o eixo maior do elipsói<strong>de</strong><br />

nas direção dada por (θ, φ)comθ oângulo polar e φ oazimutal,ouseja,ascomponentes<br />

do tensor:<br />

I 00 = T z .T y . I .T t y .Tt z<br />

(A.13)<br />

que, junto com (A.10) e (A.11), leva a:<br />

h<br />

I<br />

00<br />

R 2 Gz = xx + I00 yy − i<br />

I00 zz<br />

= a2 h<br />

(δ 2 − 1) cos 2 θ +1 i<br />

(A.14)<br />

2M 5<br />

Se o elipsói<strong>de</strong> t<strong>em</strong> um momento magnético ~m na mesma direção que o maior eixo<br />

do elipsói<strong>de</strong>, então, para uma indução magnética externa ~B = Bẑ, t<strong>em</strong>os: E/k B T =<br />

−(mB/k B T )cosθ = −α cos θ. ComodΩ = dθ sin θ dφ, então:<br />

hR 2 Gz i = a2<br />

5<br />

= a2<br />

5<br />

Z 2π<br />

0<br />

⎡<br />

Z π<br />

dφ<br />

0<br />

dθ sin θ h (δ 2 − 1) cos 2 θ +1 i −α cos θ<br />

e<br />

Z 2π<br />

0<br />

⎢<br />

⎣ 1+(δ2 − 1)<br />

dφ<br />

Z π<br />

0<br />

Z α<br />

Z π<br />

dx x 2 e x<br />

= a2<br />

5 + a2<br />

5 (δ2 −α<br />

− 1) Z α<br />

α 2 dx e x<br />

0<br />

−α cos θ<br />

dθ sin θe<br />

dθ sin θ cos 2 θe α cos θ<br />

Z π<br />

dθ sin θe α cos θ<br />

0<br />

−α<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎦<br />

(A.15)<br />

Oúltimo termo da equação acima é igual ao momento magnético quadrático médio<br />

<strong>de</strong> um dipolo no eixo do campo. Calculando as integrais t<strong>em</strong>os:<br />

hR 2 Gzi = hR 2 Gzi B=0 +2a 2 δ2 − 1<br />

15<br />

"<br />

1 − 3 L(α)<br />

α<br />

#<br />

(A.16)<br />

on<strong>de</strong> hR 2 Gzi B=0 é o raio <strong>de</strong> giração quadrático médio do elipsói<strong>de</strong> para campo nulo na<br />

direção z eé igual a a 2 (δ 2 +1)/15.<br />

Para uma direção perpendicular ao eixo z, digamos, <strong>em</strong> x, o raio <strong>de</strong> giração é<br />

calculado <strong>de</strong> forma análoga:<br />

86


e:<br />

h i<br />

I<br />

00<br />

R 2 Gx = yy + Izz 00 − Ixx<br />

00<br />

= a2<br />

2M 5<br />

h<br />

(δ 2 − 1) cos 2 φ(1 − cos 2 θ)+1 i<br />

(A.17)<br />

hR 2 Gx i = a2<br />

5<br />

Z 2π<br />

0<br />

Z π<br />

dφ<br />

0<br />

dθ sin θ h (δ 2 − 1) cos 2 φ(1 − cos 2 θ)+1 i exp(α cos θ)<br />

Z 2π<br />

0<br />

dφ<br />

Z π<br />

0<br />

dθ sin θ exp(α cos θ)<br />

(A.18)<br />

Finalmente:<br />

hR 2 Gx i = hR2 Gx i B=0 − 2a 2 δ2 − 1<br />

30<br />

"<br />

1 − 3 L(α)<br />

α<br />

#<br />

(A.19)<br />

O raio <strong>de</strong> giração quadrático médio nas direções x e z para campo nulo são iguais.<br />

No limite <strong>de</strong> campos intensos (α →∞)aequação <strong>de</strong> Langevin ten<strong>de</strong> a 1 logo:<br />

B →∞ ⇒ hRGzi 2 = δ2 a 2<br />

5<br />

hR 2 Gxi = a2<br />

5 . (A.20)<br />

87


Ap^endice B<br />

Artigos Publicados<br />

Primeiro artigo : submetido <strong>em</strong> 20 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1998, a ceito <strong>em</strong> 12 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />

1998, publicado <strong>em</strong> 15 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1999.<br />

EUROPHYSICS LETTERS 15 January 1999<br />

Europhys. Lett., 45 (2), pp. 162-168 (1999)<br />

Dynamics of swollen fractal networks<br />

A. V. Teixeira( ∗ )andP. Licinio( ∗∗ )<br />

Departamento <strong>de</strong> Física - ICEx, <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais<br />

CP 702, 30161-970, Belo Horizonte/MG - Brasil<br />

(received 20 July 1998; accepted in final form 12 Nov<strong>em</strong>ber 1998)<br />

PACS. 36.20Ey – Conformation (statistics and dynamics).<br />

PACS. 83.20Jp – Computer simulation.<br />

PACS. 83.10Nn – Polymer dynamics.<br />

Abstract. – The dynamics of swollen fractal networks (Rouse mo<strong>de</strong>l) has been studied through<br />

computer simulations. The fluctuation-relaxation theor<strong>em</strong> was used instead of the usual<br />

Langevin approach to Brownian dynamics. We measured the equivalent of the mean square<br />

displac<strong>em</strong>ent 〈r 2 〉 and the coefficient of self-diffusion D of two- and three-dimensional Sierpinski<br />

networks and of the two-dimensional percolation network. The results showed an anomalous<br />

diffusion, i.e., a power law for D, <strong>de</strong>creasing with time with an exponent proportional to the<br />

spectral dimension of the network.<br />

Free particles in solution present random trajectories that <strong>de</strong>fine their Brownian mov<strong>em</strong>ent.<br />

This behavior is caused by the multiple collisions with the solvent molecules. The dynamics<br />

of this motion is well known and the diffusion law for these particles is given by<br />

( ∗ ) E-mail: alvarot@fisica.ufmg.br<br />

( ∗∗ ) E-mail: pedro@fisica.ufmg.br<br />

c○ EDP Sciences 88<br />

〈r 2 〉=2d e Dt, (1)<br />

where 〈r 2 〉 is the mean square displac<strong>em</strong>ent of a particle, D its diffusion coefficient and d e<br />

is the <strong>em</strong>bedding space dimension. This asymptotic or Brownian regime is valid for times<br />

greater than the characteristic time of the collisions. For very short times (smaller than a few<br />

picoseconds) the particles move ballistically.<br />

Otherwise, when the particles interact or have their motion restricted by a distribution of<br />

barriers, their dynamics becomes altered at larger times so that the law of diffusion is not linear<br />

over the whole Brownian time range. The situations when the mean square displac<strong>em</strong>ents are<br />

ruled by a power law in time have been called anomalous diffusion. We can mention, as an<br />

example of anomalous diffusion, the random walk in a fractal substrate [1] with<br />

〈r 2 〉∼t ds/d , (2)


a. v. teixeira et al.: dynamics of swollen fractal networks 163<br />

where d s is the spectral dimension and d is the fractal dimension of the substrate. Anomalousdiffusion<br />

regimes, as well as logarithmic regimes, appear in random walks in bundled structures<br />

[2]. It can be also observed for particles whose mov<strong>em</strong>ent is restricted by a static gel<br />

network [3].<br />

It is interesting to note that this phenomenon is also seen in the self-diffusion of linear<br />

polymer units [4,5] and we have recently shown that any i<strong>de</strong>al regular polymer network displays<br />

anomalous regimes [6, 7]. For these structures the diffusion coefficient<br />

D ≡ 1 ∂〈r 2 〉<br />

2d e ∂t<br />

(3)<br />

is given by<br />

D = D 0<br />

( t<br />

τ<br />

) −α<br />

, (4)<br />

where D 0 is the free diffusion coefficient of the units for a disconnected structure; τ is a<br />

characteristic time constant and α is the anomalous exponent which <strong>de</strong>pends only upon the<br />

topological or graph dimension d t according to<br />

α = d t<br />

2 . (5)<br />

This result (also obtained analytically by mo<strong>de</strong> analysis [7]) shows that each dimension contributes<br />

with 1/2 in the anomalous exponent and the diffusion in each direction is in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<br />

of the others.<br />

As a result of the integration of (4), we have the diffusion regimes for structures with d t =1<br />

(linear chains—unboun<strong>de</strong>d or nontrapped diffusion), d t = 2 (two-dimensional networks—<br />

critical diffusion) and d t = 3 (three-dimensional networks—boun<strong>de</strong>d or trapped diffusion),<br />

respectively:<br />

〈r 2 〉∼t 1/2 , (6)<br />

〈r 2 〉∼ln(t/τ) , (7)<br />

〈r 2 ∞ 〉−〈r2 〉∼t −1/2 , (8)<br />

where 〈r 2 ∞ 〉 is the asymptotic trapping mean square displac<strong>em</strong>ent.<br />

In this letter we obtain generalized relations for the self-diffusion behavior of swollen fractal<br />

networks. To do this, we simulated two- and three-dimensional Sierpinski networks (fig. 1a<br />

and b) as well as a two-dimensional percolation network (fig. 1c), all of th<strong>em</strong> following Rouse’s<br />

mo<strong>de</strong>l, i. e., with units (network no<strong>de</strong>s) immersed in a viscous immobile solvent and boun<strong>de</strong>d<br />

to their nearest neighbors by phantom springs. In this mo<strong>de</strong>l the exclu<strong>de</strong>d volume and<br />

hydrodynamic interactions are neglected. The motivation of this work is un<strong>de</strong>rstanding the<br />

dynamics of swollen networks as polymeric gels. Until now the studies concern only the<br />

diffusion of free particles in a static network, neglecting the network’s own dynamics.<br />

The percolation network was constructed by cutting the bonds of an initially regular twodimensional<br />

network with a probability of 50%. Only the biggest cluster was consi<strong>de</strong>red and the<br />

smaller ones were exclu<strong>de</strong>d. In fig. 1c we represent the resulting relaxed percolation network.<br />

Just like our previous work [6], the network no<strong>de</strong>s are bound by springs with elastic constant<br />

k which represents linear polymers connecting the no<strong>de</strong>s in a gel, for example. This constant<br />

89


164 EUROPHYSICS LETTERS<br />

Fig. 1. – Sch<strong>em</strong>atic diagram of: (a) two- and (b) three-dimensional Sierpinski networks and (c) relaxed<br />

two-dimensional percolation network. The continuous lines show the bounds relative to the periodic<br />

boundary conditions.<br />

is given by<br />

k= 3k BT<br />

2ξ 2 . (9)<br />

where ξ is the Flory radius of a polymer filament and k B T has the usual meaning.<br />

In or<strong>de</strong>r to study network dynamics, we <strong>de</strong>veloped an alternative method based on the<br />

fluctuation-relaxation theor<strong>em</strong>. This theor<strong>em</strong> tells us that both the microscopical spontaneous<br />

fluctuations and the relaxation due to an external force follow the same rule. This means that,<br />

in our case, if we push one specific no<strong>de</strong> of the network with force f, we can obtain information<br />

about their Brownian mov<strong>em</strong>ent.<br />

Thus, the simulations consist in pushing the i-th unit (or no<strong>de</strong>) of the relaxed network with<br />

a constant force f. The equation of motion for the i-th unit is<br />

ζ ∂r i(t)<br />

∂t<br />

= −k ∑ j<br />

[r i (t) − r j (t)] + f . (10)<br />

The left term is the viscous drag on the i-th no<strong>de</strong> which corresponds to a mean drag of all<br />

half-segments connecting to this no<strong>de</strong> and the hydrodynamic drag ζ is<br />

ζ = k BT<br />

D 0<br />

. (11)<br />

The first term to the right of (10) represents the spring interactions and the summation<br />

of j is related to all immediate topological neighbors of the i-th particle. As in the method<br />

of Brownian dynamic simulations, or the Langevin equation, the inertial term was neglected.<br />

For the other units with no external force, eq. (10) is still used, but setting f =0.<br />

It can be easily shown with the fluctuation-relaxation theor<strong>em</strong> that the displac<strong>em</strong>ent of the<br />

i-th no<strong>de</strong> [r i (t) − r i (0)] and the mean square displac<strong>em</strong>ent 〈ri 2 〉, as well as the velocity of the<br />

i-th no<strong>de</strong> v i (t) and the diffusion coefficient D i (t), are intimately related [7] with<br />

[r i (t) − r i (0)] =<br />

90<br />

f<br />

2d e k B T 〈r 2 i 〉 (12)


a. v. teixeira et al.: dynamics of swollen fractal networks 165<br />

Fig. 2 Fig. 3<br />

Fig. 2. – Mean square displac<strong>em</strong>ent per <strong>de</strong>gree of freedom for: (a) two-dimensional Sierpinski network<br />

(N = 2187 particles); (b) three-dimensional (N = 4096); (c) two-dimensional percolation network<br />

(N = 4984). The dashed line is the free diffusion regime (〈r 2 〉/2d e = t) and the diffusion of center of<br />

mass (〈r 2 〉/2d e = t/N). The continuous line is the fit by (16).<br />

Fig. 3. – Normalized diffusion coefficient for: (a) two- and (b) three-dimensional Sierpinski network<br />

and (c) two-dimensional percolation network. The continuous line is the fit by (4). The dashed line<br />

is the free diffusion regime and the diffusion of center of mass.<br />

and<br />

v i (t) =<br />

f<br />

k B T D i(t). (13)<br />

The advantages of this method upon the traditional one is immediate: since there is no need<br />

for the calculation of mean values (the position in (12) is measured at once) and the generation<br />

of random numbers (to simulate the random forces), the computer m<strong>em</strong>ory and time nee<strong>de</strong>d<br />

are drastically reduced. On the other hand, if the network has an irregular structure (as the<br />

percolation network) then the mean square displac<strong>em</strong>ent has to be calculated by a mean of<br />

the displac<strong>em</strong>ents of each no<strong>de</strong> with f applied to it.<br />

As a result of the simulations, we see that the mean square displac<strong>em</strong>ent per <strong>de</strong>gree of<br />

freedom 〈r 2 〉/2d e calculated by (12) shows a normal behavior (∼ t) at short and long times<br />

(fig. 2—in our simulations we use time units of ξ 2 /D 0 ). The intermediate regime is anomalous<br />

(power law) and can be better observed in the normalized diffusion coefficient D/D 0 (fig. 3)<br />

calculated by (13). The constant diffusion limits are: free diffusion for short times (D = D 0 )<br />

91


166 EUROPHYSICS LETTERS<br />

Table I. – Parameters resulting from fit of (4) to D values. Also shown the values of half spectral<br />

dimension.<br />

Network Sierpinski-2D Sierpinski-3D Percolation-2D<br />

τ 0.02492(1) 0.0218(2) 0.05527(8)<br />

α 0.6895(2) 0.7912(9) 0.6753(3)<br />

d s/2 0.6826 0.7737 0.6667<br />

and center-of-mass diffusion for long times (D = D 0 /N ).<br />

These results, including power law scaling, were similar to the ones found for regular<br />

networks—eq. (4) [6]. The anomalous exponent α was found to be related not to the graph<br />

dimension d t , but to the spectral dimension d s by<br />

α = d s<br />

2<br />

with <strong>de</strong>viations less than 3% (the values of τ and α obtained by fit of (4) are shown in table<br />

I). Since d s = d t for regular networks, eq. (5) is a special case of (14). This general result<br />

indicates that the spectral dimension, originally used to <strong>de</strong>scribe the spectral <strong>de</strong>nsity [8] of<br />

material with fractal structure, is also related with the self-diffusion of Rouse fractal networks.<br />

Unlike the probl<strong>em</strong> of random walks in statical fractal substrates, eq. (2), relation (14) is yet<br />

to be proven.<br />

For Sierpinski networks the spectral dimension is given by [1]<br />

(14)<br />

d s = 2log(d e +1)<br />

log(d e +3) . (15)<br />

For percolation networks the spectral dimension is given in terms of critical exponents [1] and<br />

is estimated as ≃ 4/3 for any d e ≥ 2 according to the Alexan<strong>de</strong>r-Orbach conjecture [9].<br />

Integrating (4) we have the mean square displac<strong>em</strong>ent of the structures with d e differing<br />

from the critical dimension 2:<br />

〈r 2 〉<br />

2d e<br />

= ∆<br />

2d e<br />

+ D 0τ<br />

1 − α<br />

( t<br />

τ<br />

) 1−α<br />

. (16)<br />

Table II. – Parameters resulting from fit of (16) to 〈r 2 〉 values. Also shown the values of half spectral<br />

dimension.<br />

Network Sierpinski-2D Sierpinski-3D Percolation-2D<br />

τ 0.02510(1) 0.0219(1) 0.0520(2)<br />

∆ −0.1395(4) −0.418(7) −0.450(7)<br />

α 0.6904(3) 0.7922(6) 0.6697(3)<br />

d s/2 0.6826 0.7737 0.6667<br />

92


a. v. teixeira et al.: dynamics of swollen fractal networks 167<br />

Fig. 4. – Diagram of the self-diffusive regimes for Rouse networks. The fractal networks are in the<br />

unboun<strong>de</strong>d region with the graph dimension equivalent to the Hausdorff dimension (1.59 and 2.00 for<br />

Sierpinski-2D and 3D, respectively, and 1.9 for percolation-2D). The regular networks (linear, square<br />

and cubic) lie in a line with inclination 1/2.<br />

The values of τ, ∆andαobtained by fit of (16) are given in table II. Note that in this table<br />

the negative values of the parameter ∆ do not have any physical meaning outsi<strong>de</strong> the fitting<br />

range, which corresponds to the intermediate or anomalous diffusion regime (τ ≪ t ≪ τN 1/α ).<br />

The dynamic self-structure factor can be easily obtained since the probability of displac<strong>em</strong>ent<br />

of particles in a given time follows a Gaussian statistics even in the anomalous regime<br />

(not shown here). So S s (q, t) = exp[−q 2 〈r 2 〉/2d e ] and, using (16) and (14), we have<br />

S s (q, t) ∼ exp [ −(Γt) 1−α] , (17)<br />

Γ= [ (1 − α)τ α q 2] 1<br />

1−α<br />

. (18)<br />

With all these results we can plot a diagram of the Rouse network self-diffusive regimes<br />

(fig.4). The constant diffusion appears for α =0foralld t . The unboun<strong>de</strong>d diffusion regime<br />

corresponds to region 0


168 EUROPHYSICS LETTERS<br />

longer fluid, or its viscosity diverges, the polymeric network reaches the percolation threshold<br />

or gel point [11]. In this condition the network is fractal with d s ≃ 0.67.<br />

One severe limitation of our approach is the neglect of exclu<strong>de</strong>d volume and hydrodynamic<br />

interactions. We expect that these effects change results only in a quantitative way. Yet,<br />

the Rouse mo<strong>de</strong>l could be approached with theta solvents and at high concentrations, where<br />

hydrodynamic interactions are well screened [12]. The effect of these interactions is to accelerate<br />

the diffusion by increasing the anomalous exponent. It is probable that the anomalous<br />

exponent found in experiments is higher than the ones calculated here due to the presence<br />

of hydrodynamic interactions that cause an effect of increasing the diffusion. In this case the<br />

value of the exponent in (14) should be seen as an upper bound.<br />

***<br />

This work was supported by the Brazilian agency FAPEMIG.<br />

REFERENCES<br />

[1] Takayasu H., inFractals in the Physical Sciences (Manchester University Press, Manchester<br />

and New York) (1990).<br />

[2] Cassi D. and Regina S., Phys. Rev. Lett., 76 (1996) 2914.<br />

[3] Netz P. A. and Dorfmüller T., J. Ch<strong>em</strong>. Phys., 103 (1995) 9074.<br />

[4] Doi M. and Edwards S. F., inThe Theory of Polymer Dynamics (Oxford Sci. Publishing, New<br />

York) (1986).<br />

[5] Grosberg A. Y. and Khokhlov A. R., inStatistical Physics of Macromolecules (AIP Press,<br />

New York) (1994).<br />

[6] Licinio P. and Teixeira A. V., Phys. Rev. E, 56 (1997) 631.<br />

[7] Licinio P. and Teixeira A. V., Philos. Mag. B, 78 (1998) 171.<br />

[8] Courtens E., Vacher R. and Stoll E., Physica D, 38 (1989) 41.<br />

[9] Alexan<strong>de</strong>r S. and Orbach R., J. Phys. (Paris), 43 (1982) 625.<br />

[10] Weissman M. B., J. Ch<strong>em</strong>. Phys., 72 (1980) 231.<br />

[11] Stauffer D., inIntroduction to Percolation Theory (Taylor & Francis) (1985).<br />

[12] A<strong>de</strong>lman S. A., J. Ch<strong>em</strong>. Phys., 68 (1978) 49.<br />

94


Segundo artigo: submetido <strong>em</strong> 18 <strong>de</strong> mar»co <strong>de</strong> 2002. Revista: Physical Review E.<br />

Scattering from Dilute Ferro°uid Suspensions in Soft Polymer Gels<br />

A. V. Teixeira 1;2¤ and I. Mor¯n, F. Ehrburger-Dolle, C. Rochas, E. Geissler<br />

1 Laboratoire <strong>de</strong> Spectrometrie Physique UMR CNRS 5588,<br />

Universite Joseph Fourier <strong>de</strong> Grenoble, BP 87, 38402 St Martin d'Hµeres, France<br />

P. Licinio<br />

2 <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais, Departamento <strong>de</strong> F³sica,<br />

ICEx, C.P.702, 30123-970 Belo Horizonte - <strong>Minas</strong> Gerais - Brazil.<br />

P. Panine<br />

European Synchrotron Radiation Facility, BP 220, 38043 Grenoble Ce<strong>de</strong>x, France<br />

(Dated: May 23, 2002)<br />

Small angle neutron and X-ray scattering methods are used to investigate the structure of dilute<br />

suspensions of two di®erent ferro°uid syst<strong>em</strong>s dispersed in soft polyacrylami<strong>de</strong> hydrogels. It is found<br />

that the particles in the °uid are fractal aggregates composed of smaller particles of radius ca. 5<br />

nm. The fractal dimension is strongly <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt on sample history, taking the value 1.7 in the<br />

ol<strong>de</strong>r sample and 2.9 in the fresh sample. In presence of a magnetic ¯eld the aggregates orient, but<br />

are restricted in both their translational and rotational freedom. The e®ect of the gel elasticity is<br />

treated as a hindrance to the orientation process.<br />

PACS numbers: 47.54.+r, 75.50.Mm<br />

I. INTRODUCTION<br />

Because of their striking physical properties and numerous<br />

practical applications, ferro°uids have been the<br />

subject of many investigations over the past two <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>s<br />

[1]. While the surface structure of these liquids in the<br />

presence of a magnetic ¯eld can be <strong>de</strong>tected straightforwardly<br />

using optical methods, their strong absorption<br />

of light in the visible region makes it necessary to use<br />

either thin ¯lms or small angle neutron or X-ray scattering<br />

(SANS or SAXS) for investigations of their internal<br />

structure [2{6]. More recently, X-ray photon correlation<br />

spectroscopy has been used to investigate the dynamics<br />

of one of these syst<strong>em</strong>s in the presence of a magnetic<br />

¯eld [7]. Some applications of these °uids involve dispersion<br />

insi<strong>de</strong> a soft rubber: introduction of a magnetic<br />

¯eld produces a macroscopic <strong>de</strong>formation of the rubber,<br />

which can then be used as a mechanical actuator in various<br />

<strong>de</strong>vices [8]. This paper reports scattering measur<strong>em</strong>ents<br />

using SANS and SAXS on ferro°uids dispersed in<br />

soft gels. The syst<strong>em</strong>s investigated in the present paper<br />

are dilute, i.e. the distance between magnetic particles<br />

is much greater than their size. This condition yields<br />

gels that are su±ciently transparent for light scattering<br />

experiments to be performed on samples of macroscopic<br />

size. To investigate the properties of these syst<strong>em</strong>s at a<br />

¯ner spatial scale, however, SANS or SAXS techniques<br />

become necessary.<br />

The aim of the present measur<strong>em</strong>ents is to <strong>de</strong>termine<br />

the properties of the aggregates present in these suspensions<br />

and to study the e®ect of an applied magnetic ¯eld<br />

¤ Electronic address: alvarot@fisica.ufmg.br<br />

when the particles are trapped in the elastic medium of<br />

a soft polymer gel. This change in the environment of<br />

the ferro°uid also implies investigating the e®ects of the<br />

surrounding polymer matrix upon the magnetic particles.<br />

II.<br />

EXPERIMENTAL SECTION<br />

The polyacrylami<strong>de</strong> gels were prepared from aqueous<br />

solutions of acrylami<strong>de</strong> (Acros) into which was mixed<br />

1/30 by weight of N-N' methylene bisacrylami<strong>de</strong>. Polymerisation<br />

was carried out at 50 ± C with ammonium persulfate<br />

and TEMED according to standard recipes [9].<br />

Two samples of ferro°uid were used in these experiments,<br />

purchased from two di®erent sources: Sample 1<br />

was ferro°uid EMG-408 from Ferrotec, USA; sample 2<br />

was M300 from Sigma Hi Ch<strong>em</strong>ical, Japan. The original<br />

concentration of ferro°uid EMG-408 was 1.1 % by<br />

vol., with a saturation magnetization of 6 mT; that of<br />

the M300 was 11 % by vol., having saturation magnetization<br />

32 mT. Both samples are composed of magnetite<br />

and stabilized with a surfactant layer (sodium do<strong>de</strong>cylbenzene<br />

sulfate for the M300 samples). No information<br />

on the surfactant in the EMG-408 samples was supplied<br />

by the manufacturer. When the measur<strong>em</strong>ents reported<br />

here were un<strong>de</strong>rtaken, sample 1 had outlived its recommen<strong>de</strong>d<br />

shelf life by two years. Sample 2 was freshly purchased.<br />

These samples were diluted and measured both<br />

in the liquid state and suspen<strong>de</strong>d insi<strong>de</strong> polyacrylami<strong>de</strong><br />

gels.<br />

Ferro°uid from sample 1 was dispersed into the gel precursor<br />

liquid at two concentrations to yield 2.5 % polyacrylami<strong>de</strong><br />

gels containing respectively 2:6 £10 ¡4 g/cm 3<br />

and 2:6£10 ¡3 g/cm 3 magnetic particles. Ferro°uid sample<br />

2 was dispersed into 2.5 % polyacrylami<strong>de</strong> gels con-<br />

95


2<br />

taining respectively 3:5 £ 10 ¡4 g/cm 3 and 3:5 £ 10 ¡3<br />

g/cm 3 magnetic particles (samples 2a). A further specimen<br />

of sample 2 (<strong>de</strong>signated sample 2b) was prepared<br />

at the higher of these two concentrations in a polyacrylami<strong>de</strong><br />

gel of polymer concentration 4 %.<br />

A notable feature of these samples containing ferro°uids<br />

is that they exhibit syneresis upon gelation. The release<br />

of surfactant into the polymer generates a ternary<br />

syst<strong>em</strong> that reduces the solvent quality in the polymer/surfactant<br />

concentration range explored. The syst<strong>em</strong>s<br />

<strong>de</strong>scribed here un<strong>de</strong>rwent a contraction of about<br />

15%. This syneresis, however, became visible only several<br />

weeks after the completion of the measur<strong>em</strong>ents.<br />

Small angle neutron scattering measur<strong>em</strong>ents were<br />

ma<strong>de</strong> on the D11 instrument at the Institut Laue<br />

Langevin, Grenoble, France, working with an inci<strong>de</strong>nt<br />

wavelength of 8 ºA at three sample-<strong>de</strong>tector distances,<br />

1.1 m, 3 m and 10 m. In these measur<strong>em</strong>ents the ferro°uid<br />

was suspen<strong>de</strong>d in a polyacrylami<strong>de</strong> gel prepared<br />

in an H 2 O/D 2 O mixture (45/55 by volume), at which<br />

the signal from the polyacrylami<strong>de</strong> vanishes. Exposure<br />

times were between 30 minutes and one hour. Corrections<br />

for incoherent scattering were applied using the signal<br />

from an i<strong>de</strong>ntically prepared gel sample containing no<br />

ferro°uid, following the subtraction procedure <strong>de</strong>scribed<br />

in [10].<br />

The SAXS measur<strong>em</strong>ents were ma<strong>de</strong> on the small angle<br />

scattering instrument on beamline BM2 at the ESRF,<br />

Grenoble. Two inci<strong>de</strong>nt energies were used, 16 keV and<br />

7.9 keV, with sample to <strong>de</strong>tector distances of 2.10 m and<br />

0.32 m. The <strong>de</strong>tector was a 2-dimensional CCD array<br />

(Princeton), colled by a Peltier e®ect <strong>de</strong>vice and equipped<br />

with a phosphor screen, with a ¯bre optic connecting taper.<br />

Measur<strong>em</strong>ents were ma<strong>de</strong> at room t<strong>em</strong>perature (ca.<br />

20 ± C), with typical exposure times of 100 s. The blank<br />

sample used for background subtraction was a polyacrylami<strong>de</strong><br />

gel of the same composition, not containing ferro°uid.<br />

For the SAXS measur<strong>em</strong>ents in a magnetic ¯eld, the<br />

samples were prepared in 1.5 mm Lind<strong>em</strong>ann capillaries<br />

and placed between the poles of a permanent magnet,<br />

the gap of which can be continuously varied between 24<br />

cm and 3 mm, giving a maximum ¯eld strength of 1.6 T.<br />

The el<strong>em</strong>ents of this magnet can be arranged so that the<br />

magnetic ¯eld is either parallel or perpendicular to the<br />

inci<strong>de</strong>nt beam [11].<br />

III.<br />

RESULTS AND DISCUSSION<br />

A. Zero Field Behaviour<br />

The results of the SANS measur<strong>em</strong>ents, shown in Figure<br />

1a, display two di®erent characteristic scattering regions<br />

each having approximately linear behaviour in a<br />

double logarithmic representation. The two curves have<br />

i<strong>de</strong>ntical shapes, but the data from the more concentrated<br />

sample is one or<strong>de</strong>r of magnitu<strong>de</strong> more intense:<br />

FIG. 1: (a) Neutron and (b) X-ray scattering curves from<br />

sample 1 at two ferro°uid concentrations.<br />

the intensity is thus proportional to the concentration,<br />

as expected in the dilute regime. The low q region has a<br />

slope of approximately -1.7; this behaviour is charateristic<br />

of aggregates built up from smaller units by di®usion<br />

limited cluster aggregation [12, 13]. In the high q region<br />

the slope is close to -4, characteristic of Porod scattering<br />

from the smooth surfaces of the el<strong>em</strong>entary particles.<br />

In these spectra, the signal from the surrounding polyacrylami<strong>de</strong><br />

matrix is absent, owing to the contrast match<br />

between solvent and polymer. These measur<strong>em</strong>ents allow<br />

the speci¯c surface area of the magnetite aggregates<br />

to be calculated, using the Porod relationship [14, 15]:<br />

§<br />

V = ¼(1 ¡ Á) lim q!1 I(q)q<br />

Z<br />

4<br />

; (1)<br />

q 2 I(q)dq<br />

in which the integral is taken from 0 to 1 and Á is the<br />

volume fraction of magnetite particles in the gel. In the<br />

present case the upper limit of the integral was taken as<br />

the extrapolation to in¯nity of the Porod q ¡4 behaviour.<br />

Owing to the high <strong>de</strong>gree of dilution, the factor (1 ¡ Á)<br />

96


3<br />

can be taken as unity. Using the assumption that the<br />

el<strong>em</strong>entary particles are spheres of radius r 0 , we have<br />

From the data of Figure 1a<br />

§<br />

V = 3 r 0<br />

: (2)<br />

r 0 ¼ 5 nm: (3)<br />

Figure 1b shows the scattering results from SAXS measur<strong>em</strong>ents<br />

on the same syst<strong>em</strong>. The signal to noise ratio<br />

in this case is higher for three reasons. First, the electron<br />

<strong>de</strong>nsity contrast in SAXS between ferro°uid and the<br />

polymer matrix is strongly favorable; second, the matching<br />

condition in the SANS experiment reduces the contrast<br />

between ferro°uid and surroundings; third, the inci<strong>de</strong>nt<br />

°ux of X-ray photons is greater than that of neutrons.<br />

In the high q region the SAXS spectra display<br />

the same Porod scattering feature as in the SANS data,<br />

thus showing that the signal from the polymer gel does<br />

not contribute signi¯cantly. As can be seen from the results<br />

listed in Table I, the numerical values found for r 0<br />

from SAXS are close to those found from SANS, with,<br />

however, a slight excess in the SAXS value over that obtained<br />

by SANS. This discrepancy may be due in part to<br />

the scattering contribution from the surfactant layer surrounding<br />

the particles, which is expected to be masked<br />

in the contrast matched condition of the SANS observation.<br />

The similarity in shape of Figures 1a and b show<br />

that the two scattering techniques yield essentially the<br />

same results in the q range explored. It can be seen,<br />

moreover, that a shoul<strong>de</strong>r tending towards plateau behaviour<br />

becomes discernable only at the lowest q values.<br />

Fitting these data to a Guinier plot yields for the radius<br />

of gyration R G = 100 nm. It follows that the aggregation<br />

number in this ferro°uid, given by n = (R G =r G0 ) 1:7 ,<br />

is about 250, where r G0 (= (3=5) 1=2 r 0 ) is the radius of<br />

gyration of the primary particles, assumed to be uniform<br />

spheres of radius r 0 .<br />

For sample 2a (also dispersed in 2.5% gel and with<br />

ferro°uid concentrations shown in Table I), the SAXS<br />

results are displayed in Figure 2, where the spectrum for<br />

the ferro°uid diluted in water is shown together with that<br />

for the same sample suspen<strong>de</strong>d in a polyacrylami<strong>de</strong> gel.<br />

In neither of these responses is an exten<strong>de</strong>d fractal regime<br />

clearly apparent, unlike the case of sample 1. The probable<br />

cause of the di®erent responses of these samples is<br />

their di®erence in age: sample 1, which was measured two<br />

years after expiry of its validity, had more time for aggregations<br />

to <strong>de</strong>velop, while sample 2 had been purchased<br />

recently. It is also apparent that the two curves, in solution<br />

and in the gel, have di®erent shapes. To analyse<br />

these results in a consistent manner a mo<strong>de</strong>l is required.<br />

To this end we adopt the expression of Chen and Teixeira<br />

[16, 17], which <strong>de</strong>scribes the structure factor S(q)<br />

of fractal aggregates composed of el<strong>em</strong>entary particles of<br />

radius r 0 ,<br />

FIG. 2: X-ray scattering curves from sample 2a at the higher<br />

ferro°uid concentration and the corresponding ferro°uid solution.<br />

The continuous curves are the ¯ts to Eq. (4) multiplied<br />

by the form factor.<br />

S(q) = 1 + 1<br />

(qr 0 ) D D¡(D ¡ 1)<br />

[1 + (q») ¡2 ] (D¡1)=2<br />

£ sin[(D ¡ 1) arctan(q»)]: (4)<br />

Here ¡(x) is the gamma function, D is the fractal dimension<br />

of the aggregates, and » is the upper cut-o® size in<br />

the distribution. The radius of gyration is related to the<br />

cut-o® size by<br />

R 2 G = D(D + 1) »2<br />

2 : (5)<br />

To obtain the total scattering function, the structure<br />

factor S (q ) is multiplied by th e for m factor of a sphere,<br />

P(q) =<br />

"<br />

¸2<br />

sin(q r 0 ) ¡ (q r 0 ) cos(q r 0 )<br />

3<br />

(qr 0 ) 3<br />

: (6)<br />

In the ¯tting procedure to the above expression, a distribution<br />

of el<strong>em</strong>entary particle sizes is required in or<strong>de</strong>r<br />

to damp the oscillations that would arise from the form<br />

factor of the el<strong>em</strong>entary spheres if their radius r 0 were<br />

monodisperse. For this purpose a lognormal distribution<br />

was assumed having the form<br />

p(r) =<br />

1<br />

p<br />

2¼¯r0<br />

exp<br />

"¡ (ln(r=r 0)) 2<br />

2¯2<br />

¸<br />

; (7)<br />

in which the characteristic width of the distribution<br />

(polydispersity factor) is taken to be ¯ = 0:25. Nonlinear<br />

least squares ¯tting of the resulting scattering function<br />

to the data from sample 2 (continuous curves in Figure<br />

2) yield values of D between 2.8 and 2.95, indicating<br />

97


4<br />

TABLE I: Speci¯c surface area of ferro°uid particles, calculated from Eq. (1).<br />

§ f<br />

V<br />

r 0<br />

Sample gel conc. ferro°uid conc.<br />

(g cm ¡3 ) (g cm ¡3 ) (nm ¡1 ) (nm)<br />

SANS Sample 1 0.025 2:6 £ 10 ¡4 0:52 § 0:05 5:8 § 0:5<br />

Sample 1 0.025 2:6 £ 10 ¡3 0:55 § 0:01 5:5 § 0:1<br />

SAXS Sample 1 0.025 2:6 £ 10 ¡4 0:44 § 0:01 6:9 § 0:1<br />

Sample 1 0.025 2:6 £ 10 ¡3 0:45 § 0:01 6:6 § 0:1<br />

Sample 2a 0.025 3:5 £ 10 ¡4 0:66 § 0:03 4:6 § 0:2<br />

Sample 2a 0.025 3:5 £ 10 ¡3 0:64 § 0:03 4:7 § 0:2<br />

Sample 2b 0.040 3:5 £ 10 ¡3 0:66 § 0:03 4:6 § 0:2<br />

TABLE II: Parameters of ¯t to Eq. (4) of SAXS curves for<br />

ferro°uid M300 in water and in gel.<br />

Medium D » R G r 0<br />

(nm) (nm) (nm)<br />

water 2.8 9.5 22 6.7<br />

2.5 % polyacrylami<strong>de</strong> gel 2.95 12 29 5.1<br />

that the aggregate structure in this sample is much more<br />

compact than sample 1. In this ¯tting procedure, the<br />

parameters D, » and r 0 are taken as free variables. The<br />

numerical results, listed in Table II, are in good agre<strong>em</strong>ent<br />

with those found directly from the ¯nal slope using<br />

Eq. (1), while the ¯ts of Eq. (4) are in acceptable agre<strong>em</strong>ent<br />

with the data.<br />

In Table II it can be seen that the cluster size » is larger<br />

in the gel than in solution, while the reverse is true for<br />

the el<strong>em</strong>entary particle radius r 0 . This behaviour can be<br />

un<strong>de</strong>rstood in terms of the surfactant layer around the<br />

particles that ensures steric repulsion. During polymerization<br />

of the gel some of this surfactant is r<strong>em</strong>oved by<br />

the polymer, thus favoring partial coalescence of the clusters,<br />

with a comcomitant increase in their size [18, 19].<br />

At the same time, r<strong>em</strong>oval of the surfactant reduces the<br />

apparent radius of the primary particles seen by SAXS,<br />

as well as causing syneresis in the gel.<br />

B. Behaviour in a Magnetic Field<br />

When an uncon¯ned ferro°uid is placed in a magnetic<br />

¯eld, the aggregates group th<strong>em</strong>selves into strings<br />

stretched along the direction of the magnetic ¯eld [20].<br />

The scattering pattern from this arrang<strong>em</strong>ent consists of<br />

an intense band directed at right angles to the ¯eld. The<br />

same pattern is also seen to <strong>de</strong>velop when the ferro°uid<br />

is mixed into a gel precursor °uid and placed in a magnetic<br />

¯eld. After gelation has taken place, the resulting<br />

scattering pattern r<strong>em</strong>ains permanently anisotropic, even<br />

when the sample is r<strong>em</strong>oved from the ¯eld. When, however,<br />

a gel containing a dilute ferro°uid is prepared in the<br />

absence of magnetic ¯eld and is then placed in an external<br />

magnetic ¯eld B, it is expected that the aggregates<br />

will tend to orient along the ¯eld, but that they will not<br />

be able to migrate to form the same superstructures as in<br />

the free liquid. Furthermore, in the gel matrix, alignment<br />

of the clusters will be also hin<strong>de</strong>red by elastic constraints.<br />

This implies that magnetization of this syst<strong>em</strong> requires<br />

higher ¯elds, or in other words, that the magnetic susceptibility<br />

will be reduced by the gel elasticity.<br />

In Figure 3 two-dimensional SAXS patterns from a gel<br />

containing ferro°uid sample 2 are shown at di®erent values<br />

of B between zero and 1.2 T. When the applied ¯eld<br />

is in the horizontal direction, a scattering pattern is generated<br />

that is elongated vertically. To a good approximation<br />

the shape of the isointensity curves is elliptical<br />

with approximately the same value of aspect ratio<br />

± = 1:2 throughout the region 0:003 ºA ¡1 < q < 0:015<br />

ºA ¡1 . Figure 4 shows the ratio of the intensities in the<br />

perpendicular (I ) and parallel (I k ) directions as a function<br />

of wave vector q. It can be seen that I (q)=I k (q)<br />

displays a broad maximum whose peak is located just<br />

below q = 2¼=R G (vertical line), where the largest dimension<br />

of the aggregates is the diameter, 2R G ¼ 58<br />

nm. At the lowest values of q the scattering becomes<br />

isotropic in the thermodynamic limit, while at higher q<br />

isotropy is recovered because the primary particles in the<br />

aggregates are spherical. Such behaviour suggests that<br />

the aggregates are non spherical ass<strong>em</strong>blies of primary<br />

particles that become oriented in the magnetic ¯eld: as<br />

B increases the radius of gyration in the parallel direction<br />

increases, while that in the perpendicular direction<br />

<strong>de</strong>creases. Un<strong>de</strong>r these conditions, in the intermediate q<br />

range, the intensity scattered in the perpendicular direction<br />

exceeds that in the parallel direction. At high q, the<br />

scattering comes from the surface of the primary particles,<br />

which are isotropic. Figure 5 shows the regrouped<br />

data from these ¯gures, where the radial average is taken<br />

over a 10 ± angular sector as a function of B. The arrow<br />

in this ¯gure indicates the value of q = 0:00506 ºA ¡1 that<br />

was selected to study the e®ect of the magnetic ¯eld on<br />

the scattering response.<br />

To analyse the shapes of the curves, we ¯rst note that<br />

the scattered intensity must be an even function of q: this<br />

is illustrated in the Guinier approximation, according to<br />

which the intensity varies as<br />

98


5<br />

FIG. 3: SAXS patterns from sample 2a.<br />

FIG. 4: Eccentricity of SAXS images for sample 2a. Ratio of<br />

intensities I =I k as a function of wave vector q. The vertical<br />

line indicates the scattering vector q = 2¼=R G.<br />

I(q) = I(0) exp[¡(qR G ) 2 =3]; (8)<br />

where R G is the mean radius of gyration of the clusters<br />

and I(0) is the scattering intensity at zero wavevector.<br />

I(q) is thus a function of RG<br />

2 while its magnetic ¯eld<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nce must also be a quadratic function of B.<br />

Figure 6 shows the e®ect of magnetic ¯eld on the relative<br />

variation of the scattered intensity for sample 2 in<br />

the polymer gels of concentration 2.5% and 4.0% (samples<br />

2a and 2b).<br />

I 0 (q) ¡ I B (q)<br />

I 0 (q)<br />

I B (q) ¡ I 0 (q)<br />

I 0 (q)<br />

: in the direction parallel to the<br />

applied ¯eld<br />

: in the direction perpendicular to the<br />

applied ¯eld,<br />

both measured at q = 0:00506 ºA ¡1 , i.e., in the Guinier<br />

region. Here I 0 (q) and I B (q) are the intensities without<br />

FIG. 5: Scattered intensity in the axis parallel to the magnetic<br />

¯eld: the intensity <strong>de</strong>creases with B.<br />

and with the magnetic ¯eld. At intermediate q, the intensity<br />

in the parallel direction <strong>de</strong>creases with increasing<br />

B (q k B) and increases in the perpendicular direction<br />

(q B). According to the mo<strong>de</strong>l suggested above, we<br />

therefore assume that the el<strong>em</strong>entary particles form rigid<br />

aggregates in the shape of prolate ellipsoids with principal<br />

axes of length 2a; 2a and 2±a. (Such a mo<strong>de</strong>l is<br />

qualitatively consistent with the shift to lower values of<br />

q in the position of the maximum of I (q)=I k (q) with<br />

increasing B that is visible in Figure 4.) We also assume<br />

that the net magnetic dipole moment is oriented along<br />

the major axis. The scattering from a free agregate in<br />

the Guinier region (qR G < 1 in Eq. (8)), according to<br />

the requir<strong>em</strong>ent of quadratic symmetry, is then given by:<br />

jI B (q) ¡ I 0 (q)j<br />

I 0 (q)<br />

" µ µ ¸<br />

kB T mB<br />

= A 1 ¡ 3 L ; (9)<br />

mB k B T<br />

in which L(x) is the Langevin function, m is the total<br />

magnetization of the aggregate and k B is the Boltzmann<br />

constant. Equation (9) is the expected form for<br />

the square of the magnetization of a free magnetic di-<br />

99


6<br />

TABLE III: Parameters of ¯t to Eq. (9) of variation of scattering<br />

intensity.<br />

Medium m eff (£10 5 ¹ B) A<br />

2.5% gel 1:2 § 0:2 0:083 § 0:003<br />

4.0% gel 0:43 § 0:08 0.083 (¯xed)<br />

pole [21]. The parameter A <strong>de</strong>pends on the size a and<br />

eccentricity ± of the aggregate. In the parallel direction:<br />

A = q 2 2a2 (± 2 ¡ 1)<br />

: (10)<br />

15<br />

The analytical calculation of corrections to Eq. (9) due<br />

to the elastic constraints of the gel is quite involved and,<br />

here, for simplicity, we adopt the free particle equation as<br />

an <strong>em</strong>pirical ¯tting function. An e®ective reduced magnetization<br />

m eff is introduced to inclu<strong>de</strong> elastic e®ects.<br />

Equation (9) is ¯tted by a non linear least squares procedure<br />

(continuous line in ¯gure 6a). The ratio of the<br />

parameter A in the parallel and perpendicular direction<br />

is 2, since the variation of the square of the radius of<br />

gyration in the parallel direction is twice that in the perpendicular<br />

direction, to conserve the volume. The results<br />

of the ¯ts are listed in Table III. The values of m ef f are<br />

expressed in units of Bohr magneton (¹ B = 9:274£10 ¡24<br />

J T ¡1 ).<br />

On setting the eccentricity equal to ± = 1:2, the value<br />

of the parameter A yields an ellipsoid having a = 24 nm<br />

and a radius of gyration (= a(± 2 + 2) 1=2 =5 1=2 )of 20 § 6<br />

nm, which is close to the value found in Table II. Figure<br />

6b shows the equivalent variation of the intensity in the<br />

perpendicular direction and the continuous line is the<br />

theoretical curve using the same value of m ef f as already<br />

found, with half of the amplitu<strong>de</strong> in ¯gure 6a.<br />

From the known magnetization of magnetite (4:46£10 5<br />

J T ¡1 ) and the volume of the el<strong>em</strong>entary particles<br />

(r 0 = 5 nm), it follows that their magnetic moment is<br />

0:25£10 5 ¹ B . Moreover, the aggregation number for sample<br />

2, given by n = (R G =r G0 ) D , where r G0 is the radius<br />

of gyration of a sphere with radius of 5 nm, is found from<br />

Table II to be approximately 250. With this estimate an<br />

evaluation can be ma<strong>de</strong> of the magnetic moment of the<br />

aggregates. On the assumption that the mutual orientation<br />

of the primary particles is random, i.e., proportional<br />

to n 1=2 , we obtain for the magnetic moment of the aggregates,<br />

FIG. 6: Relative variation of the scattered intensity in the<br />

directions: (a) q k B; (b) q B for samples 2a and 2b.<br />

The di®erence between samples 2a and 2b in Figure<br />

6 shows that the elasticity of the gel does in<strong>de</strong>ed exert<br />

an appreciable e®ect on the magnetic response, since the<br />

elastic modulus G is higher in the more concentrated gel.<br />

However, from a knowledge of the value of G in these<br />

gels an estimate can be ma<strong>de</strong> of this e®ect. The energy<br />

required to rotate an aggregate of radius R G <strong>em</strong>bed<strong>de</strong>d in<br />

an in¯nite elastic medium (the surrounding gel) through<br />

a signi¯cant angle (e.g., 1 radian) is given approximately<br />

by E e ¼ G £ R 3 G . This quantity may be consi<strong>de</strong>red as<br />

a typical potential that must be overcome in or<strong>de</strong>r to<br />

saturate the sample magnetization. A saturation ¯eld<br />

can then be estimated from<br />

m = 4:0 £ 10 5 ¹ B ; (11)<br />

in fair agre<strong>em</strong>ent with the e®ective values obtained from<br />

the ¯t to Eq. (9). It should be pointed out that while the<br />

elastic modulus G of the polymer network acts to hin<strong>de</strong>r<br />

the orientation, it will have no e®ect on the asymptotic<br />

limit. The value found in Eq. (11) is an estimated upper<br />

bound and should correspond to the limit of zero gel<br />

concentration.<br />

E G = mB = G £ R 3 G : (12)<br />

By <strong>em</strong>pirically ¯tting the Langevin equation to the<br />

¯eld response, elastic e®ects are incorporated as a diminished<br />

e®ective free dipole moment. In this case, the<br />

saturation ¯eld is estimated from<br />

E T = m eff B = k B T: (13)<br />

100


7<br />

Equating saturation ¯elds from the above estimations<br />

allows one to obtain the relation between the e®ective<br />

moment and gel elastic modulus. In the limit of strong<br />

elasticity one would then expect<br />

m ef f / G ¡1 : (14)<br />

In reference [22] it was found that for a 4 % polyacrylami<strong>de</strong><br />

gel similar to that used here, the value of G is<br />

approximately 7 kPa, while for the 2.5 % sample, it is<br />

about 2 kPa. These values of G yield B = 0:05 T and<br />

B = 0:015 T for the 4% and the 2.5% gel respectively,<br />

in reasonable agre<strong>em</strong>ent with the observed points of in-<br />

°ection in the two curves in Figure 6a and also with the<br />

values reported in Table III, according to Eq. (14).<br />

IV.<br />

CONCLUSIONS<br />

Small angle neutron and X-ray scattering measur<strong>em</strong>ents<br />

on dilute ferro°uid suspensions in polyacrylami<strong>de</strong><br />

gels show that the particles have a fractal character, the<br />

dimensionality of which <strong>de</strong>pends on the history of the<br />

ferro°uid un<strong>de</strong>r investigation. The scattering curves of<br />

the fresh samples are found to be well <strong>de</strong>scribed by the<br />

Chen-Teixeira expression for scattering by fractal aggregates.<br />

Comparison with the ferro°uid in liquid suspension<br />

shows that during the polymerization process in the<br />

gel, a further ten<strong>de</strong>ncy of the aggregates to coagulate is<br />

observed. This is explained by the stripping of the protective<br />

layer of surfactant from the magnetic particles by<br />

the interaction with the polymer, thus reducing their mutual<br />

repulsion during the period that the syst<strong>em</strong> is still<br />

in the sol state.<br />

When an external magnetic ¯eld is applied to these<br />

ferrogels, the aggregates, which are constrained in both<br />

their translational and rotational <strong>de</strong>grees of freedom,<br />

tend to align by rotating along the direction of the magnetic<br />

¯eld. The aggregate anisotropy can be thus <strong>de</strong>duced.<br />

An e®ective magnetization m eff is introduced<br />

to take into account the elastic e®ects of the surrounding<br />

gel. The values of m eff calculated from the ¯t to a<br />

Langevin type equation are in acceptable agre<strong>em</strong>ent with<br />

that calculated from the primary particle radius and the<br />

aggregation number, obtained from the wave vector <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nce<br />

of the scattering intensity. Furthermore, the<br />

estimated elastic contribution to m ef f is in agre<strong>em</strong>ent<br />

with the observed di®erence between samples of di®erent<br />

polymer concentration.<br />

Acknowledgments<br />

We are grateful to the Insitut Laue langevin, Grenoble,<br />

for access to the D11 instrument and to the European<br />

Synchrotron Radiation Facility, Grenoble, for beam time<br />

on the BM2 beam line. We particularly wish to thank J.<br />

Chavanne of the ESRF for <strong>de</strong>signing and supplying the<br />

permanent magnet arrays used in the variable magnetic<br />

¯eld <strong>de</strong>vice. AVT expresses his gratitu<strong>de</strong> to CAPES,<br />

Brazil, for a study grant.<br />

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RESUME - DIFFUSION PAR DISPERSIONS DILUEES DE FERROFLUIDES<br />

DANS DES GELS POLYMERIQUES.<br />

Les ferro°ui<strong>de</strong>s sont <strong>de</strong>s solutions colloijdales <strong>de</strong> particules nanometriques associees µa un dip^ole<br />

magnetique permanent. La dispersion <strong>de</strong>s ferro°ui<strong>de</strong>s dans un gel polymµere produit un autre type<br />

<strong>de</strong> materiau connu sous le nom <strong>de</strong> gel magnetique ou ferrogel. Nous presentons, dans ce travail,<br />

les resultats experimentaux <strong>de</strong> di®usion <strong>de</strong> rayonn<strong>em</strong>ent par <strong>de</strong>s solutions diluees <strong>de</strong> ferro°ui<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

magnetite dispersees dans <strong>de</strong>s gels <strong>de</strong> poly(acrylami<strong>de</strong>) / methylµene-bisacrylami<strong>de</strong> en utilisant <strong>de</strong>s<br />

techniques <strong>de</strong> di®usion <strong>de</strong> la lumiµere, di®usion <strong>de</strong>s rayons X aux petits angles (SAXS) et di®usion <strong>de</strong>s<br />

neutrons aux petits angles (SANS). Les resultats <strong>de</strong> l'intensite di®usee I(q), en fonction du vecteur <strong>de</strong><br />

di®usion, q, montrent que les particules magnetiques forment <strong>de</strong>s amas fractales <strong>de</strong>nses avec environ<br />

200 µa 300 particules par amas et dont la dimension fractale D est approximativ<strong>em</strong>ent 2,9. Selon<br />

nous, ces resultats sont une consequence <strong>de</strong> la disparition du surfactant <strong>de</strong> la surface <strong>de</strong>s particules<br />

par le gel conduisant ainsi µa l'agregation irreversible <strong>de</strong>s particules. Nous avons egal<strong>em</strong>ent etudie<br />

l'e®et sur l'intensite di®usee <strong>de</strong> l'application d'un champ magnetique perpendiculaire au faisceau<br />

inci<strong>de</strong>nt. Les resultats experimentaux par SAXS coijnci<strong>de</strong>nt avec le modµele <strong>de</strong>s amas ellipsoijdaux<br />

dans lequel le moment magnetique e®ectif est une fonction <strong>de</strong> la concentration du gel. Pour la<br />

di®usion <strong>de</strong> la lumiµere les e®ets <strong>de</strong>s interactions entre les particules sont importants et l'anisotropie<br />

<strong>de</strong> l'intensite di®usee est inversee par rapport µa celle mesuree par SAXS. Final<strong>em</strong>ent nous avons<br />

etudie la dynamique <strong>de</strong>s ferrogels en utilisant la technique <strong>de</strong> correlation <strong>de</strong> photons oµu les particules<br />

agissent comme <strong>de</strong>s traceurs. Les resultats coijnci<strong>de</strong>nt avec le modµele <strong>de</strong> di®usion <strong>de</strong>s reseaux <strong>de</strong><br />

Rouse avec une di®usion initial<strong>em</strong>ent libre suivie d'un regime anomal. Le t<strong>em</strong>ps caracteristique du<br />

passage d'un regime µa l'autre <strong>de</strong>pend du vecteur <strong>de</strong> di®usion comme ¿ / q ¡2 .<br />

MOTS CLES: Liqui<strong>de</strong>s magnetiques; di®usion <strong>de</strong>s rayons X, <strong>de</strong>s neutrons et <strong>de</strong> la lumiµere;<br />

nanoparticules; °ui<strong>de</strong>s complexes; polymµeres et gels; dynamique <strong>de</strong>s gels.<br />

ABSTRACT - SCATTERING FROM DILUTES DISPERSIONS OF FERROFLUIDS<br />

IN POLYMERIC GELS.<br />

Ferro°uids are colloidal solutions of nanometric particles with an associated permanent magnetic<br />

dipole, resulting in a liquid that responds to magnetic stimuli. The dispersion of ferro°uids in<br />

polymer gels leads to another kind of material known as magnetic gels or ferrogels. We present<br />

in this study measur<strong>em</strong>ents of scattering by dilute solutions of ferro°uids of magnetite in gels of<br />

poly(acrylami<strong>de</strong>) / methylene-bisacrylami<strong>de</strong> using light scattering, small angle X-ray scattering<br />

(SAXS) and small angle neutron scattering (SANS). The variation of the scattering intensity I(q)<br />

with the scattering vector q shows that the magnetic particles form small fractal aggregates with<br />

approximately 200 to 300 particles per aggregate and fractal dimension D ¼ 2:9. We interpret these<br />

results as a consequence of the transfer of the surfactant molecules from the surface of the particles<br />

to the gel, leading to an irreversible aggregation of the magnetite particles. We also investigate<br />

the e®ect on the scattering intensity of applying a magnetic ¯eld perpendicular to the inci<strong>de</strong>nt<br />

beam. The experimental data using SAXS are in acceptable agre<strong>em</strong>ent with a magnetic ellipsoid<br />

aggregate mo<strong>de</strong>l where the e®ective magnetic moment is a function of the gel concentration. Using<br />

light scattering the interaction e®ects are predominant and the scattering intensity anisotropy is<br />

the opposite of that observed with SAXS. In a second part we investigate the dynamics of ferrogels<br />

by photon correlation spectroscopy, where the magnetic particles act as tracers. The results are in<br />

acceptable agre<strong>em</strong>ent with the di®usion of a Rouse network mo<strong>de</strong>l with an initial constant di®usivity<br />

followed by an anomalous self-di®usive regime. We ¯nd that the transition time between these two<br />

regimes varies with the scattering vector as ¿ / q ¡2 .<br />

KEY-WORDS: Magnetic liquids; X-ray, neutron and light scattering; nanoparticles; complex<br />

°uids; polymers and gels; dynamics of gels.

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