Documento Completo - Agência Portuguesa do Ambiente
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semelhante à Gestão Integrada Zonas Costeiras (GIZC) em conceito e é uma ferramenta de gestão que tem<br />
por objectivo manter o mar saudável, produtivo e resiliente.<br />
A gestão ecossistémica tanto foca no sistema quanto nos componentes, tanto foca no processo como nos<br />
resulta<strong>do</strong>s, tanto integra a participação espontânea assim como define modelos de participação, num<br />
processo verdadeiramente dinâmico e adaptativo. Quan<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong> adequadamente são vários os<br />
benefícios ecológicos e ambientais, económicos e sociais de se implementar um processo de Planeamento<br />
Espacial Marinho.<br />
Uma das inovações em matéria de ordenamento prende-se com a forma como o PEM faz uso da Terceira e<br />
da Quarta Dimensões para planificar usos e actividades no meio marinho:<br />
• A terceira dimensão surge por via <strong>do</strong> zonamento vertical, isto é, diferentes regras e actividades são<br />
definidas ao longo da coluna de água desde o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar até à superfície. Acautelan<strong>do</strong> as relações<br />
ecológicas entre as comunidades de fun<strong>do</strong> e as de superfície esta pode ser uma das formas apropriadas<br />
de proteger o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar e manter actividades de recreio à superfície;<br />
• A quarta dimensão surge por via <strong>do</strong> zonamento temporal, ten<strong>do</strong> em consideração que algumas áreas são<br />
particularmente sensíveis numa determinada época <strong>do</strong> ano (zonas de desova, rotas de migração, etc.) e,<br />
dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong>s factores envolvi<strong>do</strong>s, o ciclo temporal <strong>do</strong>s processos pode ser de longo prazo, sazonal,<br />
cíclico ou mesmo diário.<br />
Existe já alguma experiência acumulada em vários países, no desenvolvimento deste tipo de processos, de<br />
onde é possível extrair algumas lições:<br />
• O Planeamento Espacial Marinho requer a identificação clara <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is tipos de autoridade presente: a<br />
autoridade que planifica e a autoridade que implementa (existin<strong>do</strong> exemplos em que estas autoridades<br />
são distintas como é o caso <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong>, da Austrália e <strong>do</strong>s EUA e exemplos em que a mesma<br />
autoridade acumula as duas funções como é o caso de alguns países na Europa);<br />
• As equipas precisam de competências técnicas que normalmente não são incluídas (planeamento, gestão<br />
organizacional, pensamento estratégico, planeamento financeiro, comunicação estratégica, resolução de<br />
conflitos, etc.);<br />
• É muito comum os decisores anunciarem formas de envolvimento que indicam eleva<strong>do</strong>s níveis de<br />
influência que na prática se revelam muito limita<strong>do</strong>s, geran<strong>do</strong> frustração e condicionan<strong>do</strong> a participação<br />
efectiva das partes interessadas, por isso é prudente ser claro desde o início para que os participantes<br />
saibam o que podem esperar;<br />
• Definir e analisar condições futuras não é uma ciência exacta e nesse senti<strong>do</strong> em vez de localizações<br />
exactas devem indicar-se padrões, tendências e direcções. Este exercício permite revelar que a procura<br />
total de espaço no mar é maior <strong>do</strong> que aquele que está de facto disponível e ilustra que certos tipos de<br />
uso não podem continuar sem entrar em conflito com outros usos ou com o ambiente.<br />
OS PLANOS DE ORDENAMENTO DA ORLA COSTEIRA<br />
84|85 BALANÇO E REFLEXÕES