3. As vias de investigação acima referidas poderão fornecer resulta<strong>do</strong>s e méto<strong>do</strong>s inova<strong>do</strong>res não só à escala nacional como internacional, da<strong>do</strong> que se trata de temática que tem si<strong>do</strong> pouco tratada. 4. É necessário criar um quadro sustentável para as intervenções de correcção ou estabilização de arribas em situação crítica, de forma a implementar soluções que compatibilizem a preservação ambiental e paisagística com a segurança, durabilidade e economia das intervenções. Para atingir este objectivo é necessário conceber e testar a eficácia de soluções de tratamento com reduzi<strong>do</strong> impacto ambiental, adapta<strong>do</strong>s aos processos activos e às condições geotécnicas e geomorfológicas das arribas. Este tipo de estu<strong>do</strong>s, que incluem necessariamente a caracterização pormenorizada de cada situação, dificilmente se enquadram no espírito de concursos ou empreitadas promovidas para tentar resolver as situações de perigo, por não caberem no âmbito <strong>do</strong>s projectos correntes de estabilização de taludes e escarpas. Estes, tendem a preconizar soluções pesadas, ambiental e economicamente pouco aceitáveis, ou, pelo contrário, a não actuação, por a dimensão ou complexidade <strong>do</strong>s problemas exceder a capacidade de intervenção razoável em obras deste tipo. Este problema é particularmente evidente em situações críticas que incluem arribas de grande altura, compostas por materiais com comportamento geotécnico deficiente, ou com contexto geomorfológico particularmente desfavorável. Nestes casos, a elaboração de projectos de intervenção recorren<strong>do</strong> a concurso público, sem que tenha si<strong>do</strong> efectuada caracterização exaustiva das situações e ponderadas várias hipóteses de soluções, dificilmente poderá dar lugar a soluções eficazes e economicamente viáveis. Como resultante final destas observações, parece fortemente recomendável promover a monitorização continuada <strong>do</strong>s processos e a caracterização pormenorizada das situações problemáticas, de forma a criar suporte sóli<strong>do</strong> para as decisões em termos de ordenamento <strong>do</strong> território e da minimização <strong>do</strong>s efeitos de desastres naturais. BIBLIOGRAFIA: Marques, F.M.S.F. (1991) - Importância <strong>do</strong>s movimentos de massa na evolução de arribas litorais <strong>do</strong> Algarve. III Cong. Nac. Geologia, 22-25 Out., Univ. Coimbra. Memórias e Notícias, Publ. Mus. Lab. Min. Geol., Univ. Coimbra, nº 112, p. 395-411. Marques, F.M.S.F. (1994) Sea cliff evolution and related hazards in miocene terranes of Algarve (Portugal). 7th. Int. Cong of the I.A.E.G., 5-9 Sept. 1994, Lisbon. Proc., v. 4, p. 3109-3118, A. A. Balkema. Marques, F.M.S.F. (1997a) As arribas <strong>do</strong> litoral <strong>do</strong> Algarve. Dinâmica, processos e mecanismos. Dissertação de Doutoramento, Universidade de Lisboa, 560 pp.. Marques, F.M.S.F. (1997b) Evolução de arribas litorais: Importância de estu<strong>do</strong>s quantitativos na previsão de riscos e ordenamento da faixa costeira. "Colectânea de Ideias sobre a Zona Costeira de Portugal", pp. 67-86. Associação EUROCOAST-PORTUGAL, Porto. Marques, F.M.S.F. (1998) Sea cliff retreat in Portugal: overview of existing quantitative data. V Cong. Nacional Geologia, 18-20 Nov. 1998, Lisboa. Comunicações <strong>do</strong> IGM, T. 84 (1), C-75-78.
Marques, F.M.S.F. (2003) Landslide activity in Upper Paleozoic shale sea cliffs: a case study along the western coast of the Algarve (Portugal). Bulletin of Engineering Geology and the Environment, v. 62 (4), 299-313. Marques, F.M.S.F. (2006) Rates, patterns, timing and magnitude-frequency of cliff retreat phenomena. A case study on the west coast of Portugal. Zeitschrift für Geomorphologie - Supplementbände, 144, p. 231-257. Marques, F.M.S.F. (2008) Magnitude-frequency of sea cliff instabilities. Nat. Hazards Earth Syst. Sci., 8, 1161-1171. Marques, F.M.S.F. (2009) Sea cliff instability hazard prevention and planning: examples of practice in Portugal. Journal of Coastal Research, SI 56, 856-860. Sunamura, T. (1992) Geomorphology of Rocky Coasts. John Wiley & Sons, 302 pp.. Teixeira, S.B.(2006) Slope mass movements on rocky sea-cliffs: A power-law distributed natural hazard on the Barlavento Coast, Algarve, Portugal. Cont. Shelf. Res. 26, 1077–1091. Trenhaile, A.S. (1987) Geomorphology of Rock Coasts. Claren<strong>do</strong>n Press, Oxford, 384 pp.. 138|139 OS PLANOS DE ORDENAMENTO DA ORLA COSTEIRA BALANÇO E REFLEXÕES