Documento Completo - Agência Portuguesa do Ambiente
Documento Completo - Agência Portuguesa do Ambiente
Documento Completo - Agência Portuguesa do Ambiente
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A faixa de risco junto ao sopé foi definida utilizan<strong>do</strong> como base o percurso <strong>do</strong>s detritos de instabilidades<br />
incluídas no inventário, consideran<strong>do</strong> ainda a tipologia das instabilidades <strong>do</strong>minantes em cada troço costeiro.<br />
Em termos de balanço global, a inclusão das faixas de risco e protecção em vigor nos <strong>do</strong>is POOC tiveram<br />
aspectos positivos e negativos, que importa analisar. Nos aspectos positivos, salienta-se o facto de as faixas<br />
terem ti<strong>do</strong> reflexos no ordenamento <strong>do</strong> território, impedin<strong>do</strong> a ocupação de zonas instáveis ou susceptíveis<br />
de facilitar a instabilização das arribas próximas. Por estarem apoiadas em inventários de ocorrências<br />
passadas, o seu ajustamento à intensidade <strong>do</strong>s processos erosivos foi razoável, não cain<strong>do</strong> em excessos não<br />
justificáveis por critérios científicos ou técnicos.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, a definição da extensão das faixas baseou-se excessivamente em critérios não objectivos,<br />
carecen<strong>do</strong> na sua definição de meto<strong>do</strong>logias quantitativas testadas e de resulta<strong>do</strong>s independentes da<br />
experiência de quem as elabora. Tal facto deveu-se à inexistência de modelos para a determinação da<br />
componente espacial da perigosidade associada à evolução das arribas. Outra limitação diz respeito à<br />
extensão <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s de monitorização utiliza<strong>do</strong>s (entre 1947, data das fotografias aéreas mais antigas<br />
bem datadas, e o início <strong>do</strong>s anos 90), da ordem de 40 anos, susceptível de melhoramento por incorporação<br />
de voos ainda mais antigos entretanto descobertos, e por outros mais recentes, o que permite alargar a<br />
janela temporal de monitorização por perío<strong>do</strong>s superiores a 60 anos. Para além <strong>do</strong> alargamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />
de monitorização, a disponibilidade de maior número de voos ou de outros elementos de monitorização<br />
permite maior precisão na datação das instabilidades, o que permite melhor correlação com os factores<br />
externos desencadeantes das mesmas.<br />
PERSPECTIVAS<br />
A análise crítica das disposições previstas nos POOC em vigor relativamente à problemática da redução<br />
<strong>do</strong>s riscos naturais, sugere um conjunto de perspectivas e oportunidades de desenvolvimento de<br />
investigação específica, que potencie uso mais seguro e sustentável da orla costeira:<br />
1. A inexistência, na literatura nacional e internacional, de modelos calibra<strong>do</strong>s e susceptíveis de validação<br />
através de técnicas padrão objectivas, aplicáveis à determinação da susceptibilidade à ocorrência de<br />
instabilidades de arribas à escala regional (componente espacial) constitui oportunidade e desafio<br />
extraordinário, ten<strong>do</strong> em atenção to<strong>do</strong> o trabalho que já foi desenvolvi<strong>do</strong> em termos de monitorização<br />
<strong>do</strong>s processos, mas que carece naturalmente de actualização e refinamento. Neste contexto, a<br />
implementação de sistemas de monitorização com carácter sistemático e continua<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> tempo,<br />
é imprescindível para que possam ser consolida<strong>do</strong>s avanços nesta matéria, visto que estes só poderão<br />
ocorrer apoia<strong>do</strong>s em inventários de instabilidades extensos, rigorosos e substancialmente completos.<br />
2. A inexistência de méto<strong>do</strong>s que permitam prever com segurança a ocorrência de instabilidades a curto<br />
prazo e à escala local, problema este com importância inequivocamente demonstrada pelo infeliz<br />
acidente ocorri<strong>do</strong> em 21/08/2009 na Praia Maria Luísa, no Algarve, que provocou 5 mortos, ou mais<br />
recentemente por acidente <strong>do</strong> mesmo tipo ocorri<strong>do</strong> em Tenerife (3/11/2009), que provocou 2 mortos,<br />
torna crucial o investimento em investigação que permita obter avanços substanciais neste <strong>do</strong>mínio,<br />
de forma a evitar mais perdas de vidas, que de outra forma serão inevitáveis face ao crescente uso e<br />
ocupação da orla costeira.<br />
136|137<br />
OS PLANOS DE ORDENAMENTO DA ORLA COSTEIRA<br />
BALANÇO E REFLEXÕES