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GT 2011 - Semana de Letras - UFSC

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Página37<br />

ANA PAULA PIZZI:<br />

Refúgio <strong>de</strong> onça: a escrita selvagem em “Meu Tio o Iauaretê”, <strong>de</strong> Guimarães Rosa<br />

Ao abandonar sua roupa humana e <strong>de</strong>finir-se como animal, o onceiro do conto “Meu Tio O Iauaretê”, <strong>de</strong> João<br />

Guimarães Rosa, não mata mais onças, mas humanos. Um processo que se realiza na linguagem, pois é pela língua<br />

que ele po<strong>de</strong> ser onça, é na oncização e na tupinização <strong>de</strong> sua fala (e consequentemente do texto) que ele se torna<br />

‘bicho do mato’. A partir da sua linguagem, ele po<strong>de</strong> ver a si mesmo e ao outro <strong>de</strong> outra perspectiva, da perspectiva<br />

do animal. O conto <strong>de</strong> Rosa rasga a história para revelar as vozes selvagens que a literatura é capaz <strong>de</strong> abrigar, único<br />

lugar possível para que essas vozes sejam retomadas, recompondo, <strong>de</strong>ssa maneira, uma cosmogonia que<br />

compreen<strong>de</strong> hibridismo, alterida<strong>de</strong>, ficção e história. A literatura que abre-se a essas vozes faz mais que oferecer sua<br />

vida e suas histórias, ela oferece seus olhos para que vejamos o mundo com a alma do animal.

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