30.12.2014 Views

Elogio fúnebre, do General Doutor Caetano Manoel de Faria e ...

Elogio fúnebre, do General Doutor Caetano Manoel de Faria e ...

Elogio fúnebre, do General Doutor Caetano Manoel de Faria e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Elogio</strong> Fúnebre - <strong>General</strong> <strong>Doutor</strong> <strong>Caetano</strong> <strong>Manoel</strong> <strong>de</strong> <strong>Faria</strong> e Albuquerque<br />

Pyrotechnico, (1891), e sobretu<strong>do</strong> na estrada <strong>de</strong> ferro<br />

Paraná−Matto-Grosso.<br />

Mereceu sempre as melhores referencias <strong>do</strong>s seus<br />

superiores, e, no antigo regime, o titulo <strong>de</strong> Cavalheiro <strong>de</strong><br />

Aviz, e, no novo, a medalha militar <strong>de</strong> ouro conferida aos<br />

que apresentem mais <strong>de</strong> 30 annos <strong>de</strong> bons serviços.<br />

São <strong>do</strong>cumentos valiosos <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong><br />

profissional os estu<strong>do</strong>s que nos legou, constantes da<br />

relação seguinte:<br />

-Estu<strong>do</strong>s e reconhecimentos da zona que me<strong>de</strong>ia<br />

entre Guarapuava e o rio Paraná, para construcção <strong>de</strong> uma<br />

estrada <strong>de</strong> ferro segun<strong>do</strong> o traça<strong>do</strong> <strong>de</strong> Rebouças<br />

-Estu<strong>do</strong>s para construcção <strong>de</strong> uma linha<br />

Telegraphica <strong>de</strong> Corumbá ao Forte <strong>de</strong> Coimbra<br />

-Estu<strong>do</strong>s relativos à <strong>de</strong>fesa das costas <strong>do</strong> Brasil.<br />

Esse homem, entretanto, cuja vida foi uma<br />

<strong>de</strong>dicação perenne ao seu paiz, morren<strong>do</strong> recusa as honras<br />

militares a que tinha incontestável direito.<br />

Gesto dicta<strong>do</strong> ou por um nobre sentimento <strong>de</strong><br />

modéstia ou pela amarga <strong>de</strong>sillusão <strong>do</strong>s annos,-quanto <strong>de</strong><br />

profun<strong>do</strong>s ensinamentos nos revela na sua muda, mas<br />

eloqüente superiorida<strong>de</strong> !<br />

A presidência<br />

Foi na presidência <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> que se me ensejou<br />

conhecer o <strong>General</strong> <strong>Caetano</strong>. Eleito em Março <strong>de</strong> 1915,<br />

assumia a 15 <strong>de</strong> Agosto a gestão <strong>do</strong>s negócios públicos.<br />

Não o ten<strong>do</strong> procura<strong>do</strong> sinão uma vez, em palácio, e isso<br />

mesmo em commissão da Escola Normal, <strong>de</strong> cujo corpo<br />

<strong>do</strong>cente fazia parte, sorprehen<strong>de</strong>-me, em Outubro, a<br />

nomeação para alto cargo <strong>de</strong> confiança que se vagara na<br />

administração esta<strong>do</strong>al.<br />

Sorprehen<strong>de</strong>-me, digo bem, pois, num meio em<br />

que, em gera, o servilismo se erige em pedra <strong>de</strong> togue por<br />

JOSÉ DE MESQUITA<br />

on<strong>de</strong> se aquilata a valia <strong>do</strong>s candidatos, aquella nomeação<br />

não pedida, nem insinuada siquer, me trazia perplexo.<br />

Fui-lhe agra<strong>de</strong>cer, <strong>de</strong>sta vez em sua casa e ouvi <strong>de</strong><br />

suas bocca estas palavras textuaes:<br />

-“Tenho informações <strong>do</strong> Sr. que me autorizam a<br />

conhecêl-o. Mal <strong>de</strong> mim se me visse obriga<strong>do</strong> a escolher<br />

os meus auxiliares entre os que se inculcam para os<br />

cargos... quasi sempre incompetentes.”<br />

Menos <strong>de</strong> um anno após pedia exoneração <strong>do</strong><br />

cargo, para não ser apanha<strong>do</strong> por uma lei personalíssima -<br />

uma <strong>de</strong>ssas rasteiras vinganças políticas - que o supprimia<br />

e guar<strong>do</strong> ciosamente no meu archivo a carta assaz<br />

generosa que pelo presi<strong>de</strong>nte me foi então dirigida.<br />

Este episodio relato-o apenas a título <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>cumentação <strong>do</strong> seu mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> agir no governo, pois, <strong>do</strong><br />

contrário, penoso me fôra metter mentes a caso em que me<br />

visse envolvi<strong>do</strong> e em cuja narrativa não faltarão malédicos<br />

a entrevêr immo<strong>de</strong>stia ou amor próprio.<br />

Innumeros outros se lhe po<strong>de</strong>riam juntar, como o<br />

da escôlha <strong>do</strong> nosso illustra<strong>do</strong> confra<strong>de</strong>, um <strong>do</strong>s nomes<br />

mais dignos da geração actual e <strong>de</strong>ste Instituto, Virgilio<br />

Corrêa Filho, escôlha feita fóra e até contra as injucções<br />

políticas e que, posto se não efectivasse, lhe valeu as<br />

primeiras <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> hostilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> parti<strong>do</strong> então<br />

<strong>do</strong>minante.<br />

O que foi o seu governo é muito cê<strong>do</strong> para<br />

analysal-o. Scenas <strong>de</strong> hontem, cujos personagens na mór<br />

parte ahi estão, fallece ainda a necessária serenida<strong>de</strong> a<br />

quem se proponha a julgal-as.<br />

O seu plano <strong>de</strong> governo tracejou-o no Manifesto <strong>de</strong><br />

10 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1915 (10) no qual esboçava “os<br />

principaes intuitos que servirão <strong>de</strong> directriz a minha acção<br />

administrativa, que toda ella será inspirada no bem <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>”.<br />

(10) Gazeta Official <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong>sse anno.<br />

19<br />

20

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!