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Revista <strong>Adusp</strong><br />

profissionais das escolas.<br />

Condições objetivas muito diferenciadas<br />

conflitam com o estabelecimento<br />

de padrões externos e<br />

supostos patamares de qualidade.<br />

Mas, ao que parece, não se pretende<br />

que todas as escolas da rede<br />

estadual de São Paulo atinjam patamares<br />

iguais de qualidade. A Nota<br />

Técnica do Idesp esclarece:<br />

“(...) cada escola possui uma meta<br />

própria, ou seja, as metas anuais<br />

consideram as peculiaridades da escola<br />

e estabelecem passos para a<br />

melhoria da qualidade de acordo<br />

com aquilo que é possível a escola<br />

atingir e do esforço que precisam realizar.<br />

Por um lado, escolas com baixos<br />

IDESPs têm um caminho mais<br />

longo a percorrer em relação àquelas<br />

escolas com IDESPs mais elevados.<br />

Por outro lado, pequenas iniciativas<br />

ou mudanças na rotina das<br />

escolas com baixos IDESPs geram<br />

avanços muito maiores do que para<br />

escolas que já têm IDESPs elevados.<br />

Desta forma, todas as escolas têm<br />

as mesmas condições de cumprir as<br />

metas que foram estabelecidas” (in:<br />

http://idesp.edunet.sp.gov.br/Arquivos/NotaTecnicaPQE2008.pdf).<br />

Um elemento importante a ser<br />

considerado em qualquer competição<br />

que envolve um grupo é o potencial<br />

que seus membros têm de<br />

“vestir a camisa”. No caso da rede<br />

estadual de São Paulo, muito precisa<br />

ser feito, uma vez que a rotatividade<br />

de profissionais tem sido<br />

uma marca indelével. Além disso,<br />

jogam-se para dentro das escolas e<br />

para o seu grupo de profissionais<br />

as cobranças, as desconfianças, as<br />

inseguranças. Essa não parece ser<br />

uma boa aposta.<br />

“A qualidade que se tem<br />

na educação pública está<br />

profundamente ancorada<br />

nas condições de vida<br />

das pessoas e a escola<br />

precisa criar novos canais<br />

de diálogo, de difusão e<br />

construção de conhecimento,<br />

contando com condições<br />

objetivas de realização”<br />

Assim, retoma-se, aqui, a questão<br />

da qualidade. Se é certo que as políticas<br />

públicas vêm buscando mecanismos<br />

de superação da baixa qualidade,<br />

com estratégias de indução,<br />

como é o caso da avaliação externa,<br />

parece óbvio que o envolvimento<br />

Janeiro 2010<br />

dos professores e dos demais profissionais<br />

das escolas na elaboração e<br />

na implementação de ações é urgente.<br />

A defesa da qualidade é bandeira<br />

comum, o problema está em saber<br />

de qual qualidade se trata. Porque,<br />

insistimos, estamos falando da inclusão<br />

e inserção das novas gerações<br />

— papel extremamente importante.<br />

O debate sobre o que é, afinal,<br />

a qualidade que se espera alcançar<br />

não pode se restringir à constatação<br />

da qualidade que se tem. Precisa<br />

avançar. É preciso encarar que a<br />

qualidade que se tem na educação<br />

pública está profundamente ancorada<br />

nas condições de vida das pessoas<br />

e que a escola — que muitas vezes<br />

é a única oportunidade de contato<br />

com a cultura sistematizada — precisa<br />

criar novos canais de diálogo,<br />

de difusão e construção de conhecimento,<br />

contando para isso com condições<br />

objetivas de realização.<br />

Neste momento, acolhem-se,<br />

nas políticas de avaliação educacional,<br />

princípios de desigualdade<br />

e competição. Vamos ver, em breve,<br />

mais uma onda da avaliação.<br />

Serão punidos aqueles que não<br />

contribuem para a melhoria Se<br />

forem, quem primeiro será atingido:<br />

professores ou estudantes A<br />

história da educação no Brasil faz<br />

supor que serão os estudantes.<br />

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2009 (no prelo).<br />

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