Do Egito antigo ao Brasil contemporâneo: a representação da ...
Do Egito antigo ao Brasil contemporâneo: a representação da ...
Do Egito antigo ao Brasil contemporâneo: a representação da ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
História, imagem e narrativas<br />
N o 9, outubro/2009 – ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimagem.com.br<br />
caricatura política” (FONSECA, 1999, p. 45). Eram representações de imperadores e até<br />
críticas que o povo fazia quando não concor<strong>da</strong>va com alguma atitude política.<br />
Além do <strong>Egito</strong>, <strong>da</strong> Grécia e de Roma, a caricatura também apareceu entre os gauleses<br />
e tempo depois ressurgiu na I<strong>da</strong>de Média, através <strong>da</strong> religião. Geralmente as sátiras faziam<br />
referência <strong>ao</strong>s pecados e devaneios do homem, através <strong>da</strong> imagem do Diabo e <strong>da</strong> imagem de<br />
animais que eram utiliza<strong>da</strong>s para representar monges e pessoas liga<strong>da</strong>s à Igreja.<br />
O aparecimento <strong>da</strong> caricatura como obra artística se deu durante o Renascimento,<br />
quando o homem e não mais Deus passou a ser o centro de tudo. Nessa época houve maior<br />
liber<strong>da</strong>de artística, criando o cenário perfeito para a aparição de novos artistas, inclusive os<br />
caricaturistas.<br />
Entre essas manifestações artísticas, a charge ficou conheci<strong>da</strong> como uma <strong>da</strong>s formas<br />
de caricatura. A sua origem e o seu desenvolvimento aconteceram especificamente na França:<br />
O termo charge é francês, vem de charger, carregar, exagerar e até mesmo<br />
atacar violentamente (uma carga de cavalaria). Significa aqui uma<br />
representação pictórica de caráter burlesco e caricatural. É um cartum em que<br />
se satiriza um fato específico, tal como uma ideia, um acontecimento, situação<br />
ou pessoa, em geral de caráter político, que seja do conhecimento público. Seu<br />
caráter é temporal, pois trata do fato do dia (FONSECA, 1999, p. 26).<br />
A charge se diferencia <strong>da</strong> caricatura porque trabalha com uma situação que retrata o<br />
cotidiano <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des, sem se fixar apenas em um personagem específico. O que é<br />
específico na charge é o acontecimento, e não apenas a pessoa em si. A charge pertence <strong>ao</strong><br />
seu tempo e a caricatura pode ir e vir <strong>ao</strong> longo dos tempos, sem se preocupar em representar<br />
apenas o fato atual, no entanto, “não se considera a charge e a caricatura como excludentes,<br />
porque com frequência essa última aparece como um elemento constituinte <strong>da</strong>s charges”<br />
(PAGLIOSA, 2004, p. 135).<br />
A charge possui sempre uma intenção, ela nunca irá ser produzi<strong>da</strong> por um mero acaso.<br />
É por isso que podemos considerá-la como uma forte manipuladora e até mesmo formadora<br />
de opiniões, pois através dela iremos tirar conclusões acerca de um determinado assunto do<br />
qual está tratando, porém, devemos ter em mente que “observar o contexto do veículo onde<br />
são publica<strong>da</strong>s as charges é fun<strong>da</strong>mental para compreendermos o seu sentido” (NOGUEIRA,<br />
2004, p. 92), pois muitas vezes a charge atende a deman<strong>da</strong> dos interesses políticoempresariais<br />
do jornal/revista no qual está inseri<strong>da</strong>.<br />
A charge e a caricatura podem expressar sentimentos e opiniões, tanto pessoais – de<br />
6