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N.R.P. BARTOLOMEU DIAS - Marinha de Guerra Portuguesa

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O N.R.P. “Corte-Real” na Standing Nato<br />

Maritime Group 1<br />

10 Sudan, Sudão, após embarcar uma<br />

<strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2009. O navio mercante<br />

<strong>de</strong> nome “Fi<strong>de</strong>l” largou <strong>de</strong> Port<br />

carga valiosíssima, tendo como <strong>de</strong>stino Berbera,<br />

cida<strong>de</strong> portuária no norte da Somália. Esta carga,<br />

chegando ao seu <strong>de</strong>stino no coração da Somália,<br />

servirá para alimentar uma população<br />

<strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> refugiados, durante vários<br />

meses. A “United Nations World Food Program”<br />

(UN WFP) em resposta à grave crise<br />

humanitária que grassa na Somália, vem<br />

respon<strong>de</strong>ndo a esta urgente necessida<strong>de</strong><br />

através do envio <strong>de</strong> navios, requisitados<br />

para o efeito, <strong>de</strong> modo a transportar toneladas<br />

<strong>de</strong> alimentos que irão servir para alimentar<br />

milhões <strong>de</strong> Somalis, durante o ano<br />

<strong>de</strong> 2009. Por mês, a WFP, na Somália, vem<br />

abastecendo uma população <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

2.4 milhões <strong>de</strong> pessoas que urgentemente<br />

necessitam <strong>de</strong> ajuda alimentar. Durante<br />

o mês <strong>de</strong> Abril, a WFP distribuiu 46,200<br />

toneladas <strong>de</strong> alimentos, o suficiente para<br />

alimentar 2.8 milhões <strong>de</strong> pessoas carenciadas,<br />

<strong>de</strong> acordo com fontes da UN WFP<br />

Organization. Contudo, o número <strong>de</strong> pessoas<br />

a necessitarem <strong>de</strong> ajuda alimentar<br />

continua a aumentar.<br />

Para se ter uma i<strong>de</strong>ia concreta da situação<br />

na Somália, uma em cada seis crianças<br />

com ida<strong>de</strong> inferior a seis anos, sofre <strong>de</strong><br />

graves problemas <strong>de</strong> subnutrição. Esta crise<br />

alimentar é agravada pela situação <strong>de</strong> guerra<br />

civil, que ao longo <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 20 anos,<br />

vem fustigando a débil população Somali.<br />

Mas, por outro lado, também a falta <strong>de</strong><br />

água e fraca pluviosida<strong>de</strong> ocorrida nos últimos<br />

anos no Norte e Centro da Somália,<br />

em conjunto com as cheias e inundações<br />

no rio Juba, a Sul, tem contribuído significativamente<br />

para a escassez <strong>de</strong> alimentos<br />

neste paupérrimo país do corno <strong>de</strong> África.<br />

A Somália apresenta dos piores indicadores<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> a nível mundial. A esperança<br />

<strong>de</strong> vida à nascença é <strong>de</strong> 46,2 anos, e um<br />

quarto das crianças morre antes <strong>de</strong> atingir<br />

a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5 anos!<br />

Face a este cenário <strong>de</strong> profunda crise<br />

humanitária, a WFP vem respon<strong>de</strong>ndo<br />

através do envio <strong>de</strong> alimentos, 90 por<br />

cento dos quais transportados por via marítima.<br />

Com a ameaça constante <strong>de</strong> pirataria nas águas<br />

da Somália, com 27 hijacks registados até à data<br />

apenas durante o ano <strong>de</strong> 2009, a UN WFP vem<br />

solicitando às forças navais na região a escolta<br />

a navios por si contratados, garantindo assim a<br />

segurança e a entrega <strong>de</strong> alimentos que servirão<br />

para sustentar milhões <strong>de</strong> refugiados.<br />

Na madrugada do dia 13 <strong>de</strong> Maio, a fragata<br />

“Corte-Real”, em resposta ao apelo solicitado<br />

pela UN WFP e após receber instruções para o<br />

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Na Zona <strong>de</strong> Acção 3 …<br />

Escolta ao MV Fi<strong>de</strong>l transportando ajuda alimentar do WFP para<br />

a Somália - 13MAI09.<br />

Visita oficial do COM MCC NWD ao Navio Almirante da SNMG1<br />

- 23MAI09.<br />

Visita <strong>de</strong> elementos da comunida<strong>de</strong> portuguesa em Muscat ao<br />

navio - 21MAI09.<br />

efeito do Comando da SNMG1 (Standing NATO<br />

Maritime Group 1), iniciou a escolta ao MV “Fi<strong>de</strong>l”<br />

fora das turbulentas águas do Golfo <strong>de</strong> A<strong>de</strong>n,<br />

ainda no Mar Vermelho, junto ao estreito <strong>de</strong> Bab<br />

El Man<strong>de</strong>b. Durante as 200 milhas <strong>de</strong> escolta que<br />

separavam o MV “Fi<strong>de</strong>l” do seu <strong>de</strong>stino na Somália,<br />

o NRP “Corte-Real” marcou presença constante<br />

na protecção <strong>de</strong>ste navio, acompanhando-<br />

‐o <strong>de</strong> muito perto, a cerca <strong>de</strong> 1000 jardas nos seus<br />

sectores <strong>de</strong> popa, sempre sob observação atenta<br />

da equipa <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> bordo.<br />

14 <strong>de</strong> Maio. Debaixo da escuridão da noite,<br />

com vento fraco e mar calmo, a escolta chegou<br />

à invisível fronteira das águas territoriais da Somália,<br />

sem registo <strong>de</strong> qualquer inci<strong>de</strong>nte. O dia<br />

nasceu entretanto, e pelas 08h00 locais iniciou-<br />

‐se a aproximação ao porto <strong>de</strong> Berbera, com<br />

5ª PARTE<br />

inúmeras skiffs visíveis no horizonte, perto <strong>de</strong><br />

terra, aparentemente em faina <strong>de</strong> pesca e sem<br />

comportamento suspeito. Às 09h00 o MV “Fi<strong>de</strong>l”<br />

<strong>de</strong>u entrada no porto e atracou. A escolta<br />

foi um êxito. Os preciosos bens transportados<br />

serão agora distribuídos por muitos somalis <strong>de</strong>les<br />

necessitados. Esta foi, porventura, das mais<br />

dignas tarefas atribuídas à “Corte-Real” no<br />

cumprimento da corrente missão, que muito<br />

honrou a humil<strong>de</strong>, mas nobre alma marinheira<br />

lusitana.<br />

Maio foi fulcral para aferir os indícios que<br />

apontavam para que a pirataria ao largo da<br />

Somália estivesse agora a tomar um novo<br />

rumo. A bonança do mar já conheceu melhores<br />

dias, e a Monção faz-se agora sentir!<br />

Durante a última semana <strong>de</strong>ste mês, os ataques<br />

piratas cessaram por completo junto<br />

da costa leste da Somália. E mesmo o leste<br />

do Golfo <strong>de</strong> A<strong>de</strong>n começou, também, a ser<br />

fustigado pelo estado <strong>de</strong> mar grosso e ventos<br />

fortes <strong>de</strong> sudoeste, o que levou à <strong>de</strong>slocação<br />

da suposta activida<strong>de</strong> pirata mais<br />

para o interior <strong>de</strong>ste golfo.<br />

Com a mudança <strong>de</strong> comportamento dos<br />

piratas Somalis, as forças navais presentes<br />

na área começaram a concentrar esforços<br />

ao longo das quase 500 milhas <strong>de</strong> extensão<br />

do IRTC (International Recommen<strong>de</strong>d<br />

Transit Corridor). Com cerca <strong>de</strong> 36 navios<br />

<strong>de</strong> guerra presentes, divididos pelas forças<br />

navais da NATO (SNMG1), TF 465 (EUNA-<br />

VFOR), TF 151 (USA, Turquia, Arábia Saudita,<br />

Coreia do Sul, Malásia, e Austrália),<br />

assim como das marinhas da China, Japão,<br />

Índia, Irão e Rússia, não foi <strong>de</strong> estranhar<br />

que, apesar das constantes e quase diárias<br />

tentativas <strong>de</strong> ataques, a eficácia das acções<br />

dos navios militares no combate à pirataria<br />

tenha aumentado significativamente. O<br />

último ataque pirata, com sucesso, <strong>de</strong>u-se<br />

a 07 <strong>de</strong> Maio. Muitas das skiffs <strong>de</strong>tectadas<br />

em activida<strong>de</strong> suspeita, foram <strong>de</strong>tidas ainda<br />

antes <strong>de</strong> qualquer ataque, em gran<strong>de</strong> parte<br />

<strong>de</strong>vido à intervenção dos helicópteros militares<br />

que rapidamente se colocaram na<br />

cena-<strong>de</strong>-acção.<br />

Contudo, os piratas têm vindo a adaptar-se<br />

à concentração das forças militares,<br />

apostando agora na camuflagem das suas acções.<br />

A pesca e a imigração ilegal da Somália<br />

para o Iémen têm evi<strong>de</strong>nciado, amiú<strong>de</strong>, serem<br />

activida<strong>de</strong>s utilizadas para iludir a vigilância e<br />

tornar mais rápidas e acutilantes as acções dos<br />

ataques aos navios em trânsito na área. Assim<br />

sendo, a concentração e atenção terão que estar<br />

sempre presentes, também por parte da navegação<br />

mercante, o alvo a abater neste combate<br />

<strong>de</strong>sigual. De facto, só a forte colaboração dos navios<br />

mercantes com os navios militares, através<br />

Revista da Armada • JULHO 2009 9

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