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N.R.P. BARTOLOMEU DIAS - Marinha de Guerra Portuguesa

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VICE-ALMIRANTE MATTA OLIVEIRA<br />

Distinto Oficial <strong>de</strong> Estado-Maior e Major General da Armada<br />

O<br />

estudo da doutrina militar-naval,<br />

especialmente no âmbito da Estratégia,<br />

tem sido uma activida<strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

se evi<strong>de</strong>nciaram alguns oficiais da Armada.<br />

As teorias do notável estratega Almirante<br />

Alfred Mahn, quanto à relevância do po<strong>de</strong>r<br />

marítimo, tiveram <strong>de</strong>stacados <strong>de</strong>fensores e<br />

divulgadores na <strong>Marinha</strong> <strong>Portuguesa</strong>, um<br />

dos quais, talvez o mais significativo pioneiro,<br />

foi o Vice-Almirante Matta Oliveira.<br />

Nascido em Lisboa, a 5 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong><br />

1874, Joaquim Anselmo da Matta Oliveira,<br />

ingressou na Escola Naval em<br />

Outubro <strong>de</strong> 1892, tendo sido promovido<br />

a guarda-marinha em 95.<br />

Após um breve período a bordo <strong>de</strong><br />

navios em missões nas águas <strong>de</strong> Portugal<br />

Continental, presta serviço nas canhoneiras<br />

do Ultramar. Inicialmente na<br />

“Zambeze”, em Cabo Ver<strong>de</strong> e <strong>de</strong>pois,<br />

em mares da Índia, na “Tejo”, a que se<br />

segue a “Liberal” on<strong>de</strong> é promovido,<br />

em 1898, a 2º Tenente e viaja para Macau,<br />

visitando portos da China e do Japão.<br />

Regressa a Lisboa, no transporte<br />

“África”, em Junho <strong>de</strong> 1899.<br />

A sua estadia na Europa dura apenas<br />

três escassos meses pois em Outubro<br />

já está na canhoneira “Rio Lima”,<br />

da Divisão Naval do Índico, on<strong>de</strong> se<br />

mantém até Janeiro <strong>de</strong> 1900, mês em<br />

que assume o seu primeiro comando<br />

no mar, o do vapor “ Baptista <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>”,<br />

embarcação inicialmente construída<br />

para a balizagem do porto <strong>de</strong><br />

Lourenço Marques mas que irá, sob o<br />

comando do 2º tenente Matta Oliveira,<br />

efectuar missões nos portos <strong>de</strong> Angoche<br />

e <strong>de</strong> António Enes. Em Junho <strong>de</strong>sse<br />

primeiro ano do século XX passa a<br />

comandar a lancha-canhoneira “Obús”, integrada<br />

na Esquadrilha do Zambeze. Efectua<br />

então diversas missões <strong>de</strong> fiscalização e <strong>de</strong><br />

logística naquele rio <strong>de</strong> Moçambique e em<br />

Fevereiro <strong>de</strong> 1901 termina a sua segunda comissão<br />

no Ultramar.<br />

Em Maio tem os primeiros contactos com<br />

a Administração Central da <strong>Marinha</strong> ao<br />

prestar serviço na 2ª secção da Majoria General<br />

da Armada.<br />

Na época, os oficiais subalternos mantinham-se<br />

a maior parte do tempo embarcados<br />

e assim o 2º tenente Matta Oliveira, em<br />

Julho <strong>de</strong> 1903, é oficial da guarnição do transporte<br />

“África” que apoia logisticamente, em<br />

pessoal e material, o Ultramar. Naquele navio<br />

vai a Livorno levar a guarnição do cruzador<br />

“Vasco da Gama” e em Outubro navega<br />

para Macau, via Canal do Suez e regressa a<br />

Lisboa em Fevereiro <strong>de</strong> 1904, tendo escalado<br />

portos <strong>de</strong> Moçambique e Angola. Com base<br />

nos conhecimentos adquiridos nesta viagem<br />

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redige o seu primeiro trabalho, “Instruções<br />

Náuticas da Costa <strong>de</strong> Angola”, um roteiro<br />

que além <strong>de</strong> fornecer dados sobre a costa<br />

também disponibiliza informações práticas<br />

relativas aos portos angolanos.<br />

Depois <strong>de</strong> um breve período <strong>de</strong> embarque<br />

no vapor “Lidador”, em missões <strong>de</strong> fiscalização<br />

<strong>de</strong> pesca, volta em Novembro ao transporte<br />

“África”, efectuando uma primeira<br />

viagem ao Extremo-Oriente durante a qual<br />

2TEN Matta Oliveira.<br />

além <strong>de</strong> Macau visita Timor e uma segunda,<br />

transportando para Luanda os insurrectos<br />

da revolta <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1906 no cruzador<br />

“D. Carlos”, missões em que foi louvado pela<br />

forma como contribuiu para a maneira rápida,<br />

zelosa e inteligente <strong>de</strong>sempenhada na importante<br />

comissão <strong>de</strong> serviço do “África, na sua recente<br />

viagem às colónias portuguesas.<br />

Termina então mais um período <strong>de</strong> embarque<br />

e <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1906 a igual mês<br />

<strong>de</strong> 1908 será sucessivamente Ajudante <strong>de</strong><br />

Or<strong>de</strong>ns do Inspector Geral <strong>de</strong> <strong>Marinha</strong>, do<br />

Director Geral <strong>de</strong> <strong>Marinha</strong> e Ajudante <strong>de</strong><br />

Campo do Ministro da <strong>Marinha</strong>, situação<br />

em que é louvado no Real Nome <strong>de</strong> Sua Majesta<strong>de</strong><br />

El-Rei pelo zelo e inteligência como <strong>de</strong>sempenhou<br />

o cargo.<br />

Entretanto, em Dezembro <strong>de</strong> 1907, é promovido<br />

a 1º tenente.<br />

Foi a partir <strong>de</strong> 1906 que <strong>de</strong>u início à colaboração<br />

com a “Revista Militar” tratando <strong>de</strong><br />

temas <strong>de</strong> Política e História Naval. Citem-<br />

‐se: “As Nossas Ilhas Atlânticas e os Portos<br />

<strong>de</strong> Apoio da Esquadra”; “Preparação para a<br />

<strong>Guerra</strong> Naval”; “A <strong>Marinha</strong> Austríaca”; “O<br />

Recrutamento <strong>de</strong> Praças da Armada” e “Preparação<br />

Moral para a <strong>Guerra</strong> Marítima”, talvez<br />

a mais interessante obra <strong>de</strong>sta colaboração,<br />

on<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntifica e caracteriza as qualida<strong>de</strong>s<br />

indispensáveis ao marinheiro e consi<strong>de</strong>ra que a<br />

preparação moral, é uma condição indispensável<br />

para alcançar a vitória no mar.<br />

No “Boletim Marítimo” da Liga Naval<br />

<strong>Portuguesa</strong> foi encarregado da Secção<br />

da <strong>Marinha</strong> <strong>de</strong> <strong>Guerra</strong> e da Defesa<br />

Nacional, tendo publicado vários artigos,<br />

um dos quais, <strong>de</strong> 1909, intitulado<br />

“As Linhas <strong>de</strong> Torres”, <strong>de</strong>staca a importância<br />

do po<strong>de</strong>r marítimo na <strong>de</strong>fesa<br />

<strong>de</strong> Lisboa, em 1810, quando da 3ª<br />

invasão francesa.<br />

Após ter estado adjunto <strong>de</strong> Majoria<br />

General da Armada, durante o primeiro<br />

semestre <strong>de</strong> 1909, volta ao Extremo-<br />

‐Oriente para comandar a recém adquirida<br />

lancha-canhoneira “Macau”<br />

(1909-1943), navio que até à II <strong>Guerra</strong><br />

Mundial irá prestar inestimáveis serviços<br />

na China. Sob seu comando o<br />

navio cumpre especialmente missões<br />

<strong>de</strong> protecção da frente marítima <strong>de</strong><br />

Macau, <strong>de</strong> dissuasão a eventuais acções<br />

<strong>de</strong> pirataria e contrabando e <strong>de</strong><br />

apoio às colónias portuguesas instaladas<br />

nas costas chinesas e às missões<br />

católicas do Rio do Oeste e do Delta <strong>de</strong><br />

Cantão. A acção da “Macau” em Julho<br />

<strong>de</strong> 1910, ao bloquear a Ilha <strong>de</strong> Coloane<br />

isolando os piratas que nela se tinham<br />

instalado e evitando potenciais actos<br />

<strong>de</strong> violação <strong>de</strong> soberania por parte da<br />

China e ao proteger com a sua artilharia<br />

o <strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong> forças, das quais faziam<br />

parte marinheiros da canhoneira “Pátria”<br />

e do cruzador “Raínha D. Amélia”, foi<br />

<strong>de</strong>cisiva para a eliminação da pirataria em<br />

águas macaenses. Amplamente documentadas<br />

em pormenorizados relatórios, estas<br />

missões evi<strong>de</strong>nciam as elevadas qualida<strong>de</strong>s<br />

e aptidões do 1º tenente Matta Oliveira,<br />

igualmente patentes numa série <strong>de</strong> viagens<br />

para obter informações acerca da região em<br />

que se pensava estabelecer na linha férrea<br />

ligando Macau a Cantão e quando do tufão<br />

<strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1909, durante o qual a<br />

lancha esteve prestes a per<strong>de</strong>r-se. Em Junho<br />

<strong>de</strong> 1911 termina o comando da “Macau”. Tinha<br />

sido um dos poucos comandantes que<br />

foi mantido no seu cargo após a implantação<br />

da República.<br />

Nos 13 anos <strong>de</strong> oficial já tinha conhecido<br />

todo o Ultramar, comandado dois navios<br />

em Moçambique e um em Macau., provado<br />

ser um experimentado marinheiro e por<br />

Revista da Armada • JULHo 2009 25

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