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N.R.P. BARTOLOMEU DIAS - Marinha de Guerra Portuguesa

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PIRATARIA MARÍTIMA – UMA PERSPECTIVA ACTUAL<br />

conduzida pelo Allied Maritime Component<br />

Command em Nápoles – Itália.<br />

- A operação “Atalanta”<br />

Esta operação naval, levada a efeito pela<br />

União Europeia, é a primeira do género conduzida<br />

no âmbito da Política Europeia <strong>de</strong> Segurança<br />

e <strong>de</strong> Defesa. Com uma duração <strong>de</strong> 12 meses<br />

foi lançada formalmente no dia 9 <strong>de</strong> Dezembro<br />

<strong>de</strong> 2008, sendo a sua principal missão o combate<br />

à pirataria ao largo da costa da Somália.<br />

Tem como suporte legal as condições fixadas<br />

pelo direito internacional aplicável, nomeadamente<br />

a Convenção das Nações Unidas sobre<br />

o Direito do Mar e as Resoluções 1814(2008),<br />

1816(2008), 1838(2008) e 1846(2008) do Conselho<br />

<strong>de</strong> Segurança das Nações Unidas (CSNU).<br />

Os seus principais objectivos são:<br />

- a protecção dos navios do “Programa Alimentar<br />

Mundial” que asseguram a ajuda alimentar<br />

para as populações <strong>de</strong>slocadas da Somália;<br />

- a protecção <strong>de</strong> navios mercantes vulneráveis<br />

que navegam nas costas da Somália;<br />

- a dissuasão, a prevenção e a repressão <strong>de</strong><br />

actos <strong>de</strong> pirataria e dos assaltos à mão armada<br />

contra navios ao largo da costa da Somália.<br />

Está a ser empregue nesta operação a European<br />

Union Naval Force (EUNAVFOR), nomeadamente<br />

a Combined Task Force 465 (CTF 465).<br />

O seu comando operacional em terra está a ser<br />

assegurado pelo Contra-almirante Peter Hudson,<br />

da <strong>Marinha</strong> inglesa, no Quartel-General<br />

da NATO em Northwood, situado a noroeste <strong>de</strong><br />

Londres, no Reino Unido. O comando da força<br />

no mar, no período compreendido entre Dezembro<br />

<strong>de</strong> 2008 e 06 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2009, esteve<br />

a cargo do Comodoro Antonios Papaioannou,<br />

da <strong>Marinha</strong> grega. Actualmente é o Capitão<strong>de</strong>-Mar-e-<strong>Guerra</strong><br />

Juan Garat Caramé, da <strong>Marinha</strong><br />

espanhola, que <strong>de</strong>sempenha estas funções,<br />

perspectivando-se que no terceiro período <strong>de</strong>sta<br />

operação seja um oficial da <strong>Marinha</strong> holan<strong>de</strong>sa<br />

a assumir esta incumbência.<br />

Têm contribuído, ou irão ainda contribuir,<br />

para a CTF 465, navios e aeronaves <strong>de</strong> patrulha<br />

marítima <strong>de</strong> países como, o Reino Unido,<br />

a França, a Grécia, a Suécia, a Espanha, a Holanda,<br />

a Alemanha, a Bélgica entre outros. Em<br />

31 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2009 esta força era constituída<br />

pelos seguintes meios, ESPS “Numancia” (Navio<br />

chefe) e ESPS “Marques <strong>de</strong> la Ensenada”, <strong>de</strong><br />

Espanha, FGS “Rheinland Pfalz”, FGS “Em<strong>de</strong>n”<br />

e FGS “Berlim”, da Alemanha, FS “Nivose”, FS<br />

“Albatros” e FS “Cmt. Bouan”, da França, HS<br />

“Nikiforos Fokas”, da Grécia, ITS “Maestrale”,<br />

<strong>de</strong> Itália, HSwMS “Trossoe”, HSwMS “Stockholm”<br />

e HSwMS “Malmoe”, da Suécia. Esta<br />

força conta ainda com o apoio <strong>de</strong> 3 aviões <strong>de</strong><br />

patrulha marítima, um espanhol, um alemão e<br />

um francês. Ainda nesta data encontravam-se<br />

a operar com a CTF 465, as seguintes forças,<br />

CTF 410 (SNMG1 - NATO), CTF 150, CTF 151<br />

e CTF 53, assim como os navios “Sazanami”,<br />

“Samidari”, “Tokiwa” e “Akebono”, do Japão,<br />

INS “Talwar”, da Índia, “Admiral Panteleyev”, da<br />

Rússia, “Munmu The Great”, da Coreia do Sul,<br />

KD “Hang Tuah”, da Malásia, HMAS “Ballart”<br />

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e HMAS “Sydney”, da Austrália. A China também<br />

tem alguns navios na área.<br />

O iate francês “Le Ponant” (Foto: Flickr).<br />

O M/V “Faina” (Foto: Eric L. Beauregard).<br />

O M/T “Sirius Star” (Foto: Reuters).<br />

Os números da Pirataria<br />

Marítima em 2008<br />

Durante o último ano, segundo o IMB 4 , registaram-se<br />

293 actos <strong>de</strong> pirataria em todo o<br />

mundo, dos quais 200 (68,2%) resultaram em<br />

ataques consumados, enquanto 93 <strong>de</strong>sses actos<br />

ficaram-se apenas pela tentativa. Apesar do número<br />

<strong>de</strong> ilícitos do ano passado ter sido o mais<br />

elevado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005, este foi muito inferior aos<br />

valores registados em 2000 (469) e 2003 (445),<br />

anos em que houve o maior número <strong>de</strong> ocorrências<br />

nas últimas 2 décadas. Dos 293 ilícitos<br />

registados, 92 (31,4%) tiveram lugar no Golfo<br />

<strong>de</strong> A<strong>de</strong>m, 40 (13,6%) na Nigéria, 28 (9,5%) na<br />

Indonésia e 19 (6,5%) na bacia da Somália,<br />

ou seja apenas 4 locais representaram cerca<br />

<strong>de</strong> 61% do total <strong>de</strong>stes actos. Ao contrário do<br />

que muitos possam pensar, os ataques <strong>de</strong> pirataria<br />

não se dão apenas com os navios a navegar,<br />

pois dos 200 que foram consumados, 95<br />

(47,5%) tiveram lugar com os navios atracados<br />

e 17 (8,5%) com eles fun<strong>de</strong>ados, o que perfaz<br />

112 (56%) ataques nestas 2 últimas condições.<br />

Os portos e fun<strong>de</strong>adouros com mais inci<strong>de</strong>ntes<br />

reportados estão situados nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Lagos,<br />

na Nigéria, <strong>de</strong> Dar es Salaam, na Tanzânia e <strong>de</strong><br />

Chittagong, no Bangla<strong>de</strong>sh, tendo ocorrido nestes,<br />

respectivamente 22, 12 e 11 ataques.<br />

Em 2008 houve também um aumento muito<br />

significativo do uso da força durante os ataques,<br />

pois enquanto em 2007, dos 263 inci<strong>de</strong>ntes registados,<br />

só em 72 se tinham utilizado armas <strong>de</strong><br />

fogo, no ano passado esse número subiu para<br />

193 (65,8%), o que vem mostrar como os piratas<br />

se estão a tornar cada vez mais violentos na<br />

abordagem dos navios. Como consequência directa,<br />

o número <strong>de</strong> sequestros conseguidos, quer<br />

<strong>de</strong> navios (49), quer dos seus tripulantes (889) foi<br />

o maior <strong>de</strong> sempre dos últimos 20 anos. Só os piratas<br />

somalis contribuíram para os sequestros <strong>de</strong><br />

42 (85,7%) navios e 815 (91,6%) tripulantes.<br />

No que respeita ao tipo <strong>de</strong> navios mais atacados,<br />

são os porta contentores os mais procurados,<br />

com 16,7% (49) do total, seguidos dos graneleiros<br />

com 16,4% (48) e dos navios-tanque <strong>de</strong><br />

transporte <strong>de</strong> químicos com 13,3% (39). O facto<br />

<strong>de</strong>stes 3 tipos <strong>de</strong> navio serem os mais atacados<br />

está directamente relacionado com as suas velocida<strong>de</strong>s<br />

e/ ou com as alturas das obras mortas,<br />

pois normalmente os piratas só escolhem navios<br />

com velocida<strong>de</strong>s inferiores a 16 nós e/ ou obras<br />

mortas inferiores a 8m.<br />

Em relação aos países <strong>de</strong> registo dos navios, os<br />

mais afectados foram o Panamá com 52 (17,7%)<br />

navios atacados, Singapura com 25 (8,5%) e a Libéria<br />

com 19 (6,4%). Um dado digno <strong>de</strong> registo<br />

é o facto <strong>de</strong> que, dos 52 navios <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ira panamiana<br />

atacados apenas 2 são <strong>de</strong> armadores<br />

panamianos, utilizando todos os restantes este<br />

país como ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> conveniência.<br />

Os casos mais mediáticos<br />

<strong>de</strong> 2008<br />

- O iate “Le Ponant”<br />

Em 04 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2008 o iate <strong>de</strong> luxo francês<br />

“Le Ponant”, <strong>de</strong> 88 metros <strong>de</strong> comprimento,<br />

quando se encontrava a cruzar o Golfo <strong>de</strong><br />

A<strong>de</strong>m, na posição 13:12N e 050:14E, foi abordado<br />

por piratas somalis armados, que se faziam<br />

<strong>de</strong>slocar em 2 embarcações <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong>.<br />

Estes atacaram e sequestraram o navio e tornaram<br />

reféns os 30 membros da sua tripulação. O<br />

navio foi levado para a costa da Somália, on<strong>de</strong><br />

se seguiu uma semana <strong>de</strong> intensas negociações,<br />

que terminaram, sem inci<strong>de</strong>ntes, com a entrega<br />

dos reféns em 11 <strong>de</strong> Abril, a militares franceses,<br />

em troca <strong>de</strong> um resgate, não divulgado. Após a<br />

libertação dos reféns, uma equipa <strong>de</strong> comandos<br />

franceses seguiu os piratas em terra, utilizando<br />

um helicóptero, até um local remoto em Puntland,<br />

no nor<strong>de</strong>ste da Somália, conseguindo aí<br />

capturar seis piratas.<br />

- O M/V “Faina”<br />

No dia 25 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2008, pelas 16:00<br />

locais, foi sequestrado o navio <strong>de</strong> carga ucraniano<br />

M/V “Faina”, <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ira do Belize, na posição<br />

02:10N-050:40E, a cerca <strong>de</strong> 280 milhas náuticas<br />

a leste da capital da Somália, Mogadishu, com<br />

uma tripulação <strong>de</strong> 20 elementos (17 ucranianos,<br />

2 russos e 1 letão). Este navio, do tipo RO-RO<br />

(Roll-On/Roll-Off), com 162,1m <strong>de</strong> comprimento,<br />

transportava 5 na altura, entre outro material,<br />

33 tanques T-72, lançadores <strong>de</strong> granadas e mu-<br />

Revista da Armada • JULHO 2009 21

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