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N.R.P. BARTOLOMEU DIAS - Marinha de Guerra Portuguesa

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No passado mês <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong>correram na<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro as comemorações do<br />

Dia da <strong>Marinha</strong> <strong>de</strong> 2009.<br />

Na parte temática da Exposição <strong>de</strong> Activida<strong>de</strong>s<br />

da <strong>Marinha</strong>, privilegiou-se uma ligação <strong>de</strong><br />

vários anos – <strong>de</strong> 1918 a 1952 – da cida<strong>de</strong> com<br />

a Aviação Naval, ligação essa recordada num<br />

singelo monumento erigido num pequeno espaço<br />

ajardinado pare<strong>de</strong>s meias com a ponte<br />

do Canal das Pirâmi<strong>de</strong>s. Inaugurado em 26 <strong>de</strong><br />

Maio <strong>de</strong> 1984, quando a Câmara Municipal <strong>de</strong><br />

Aveiro <strong>de</strong>cidiu homenagear a Aviação Naval e<br />

em particular um dos seus elementos, na altura<br />

Contra-Almirante Médico Naval, que nela tinha<br />

prestado serviço por dois períodos distintos: o<br />

primeiro <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1931 a 19 <strong>de</strong><br />

Novembro <strong>de</strong> 1935, e um segundo <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong><br />

Maio <strong>de</strong> 1941 a 12 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1951. Ao<br />

todo 14 anos e meio.<br />

Luís Men<strong>de</strong>s Monteiro Ginja Brandão, o homenageado<br />

<strong>de</strong> 1984, nasceu em 27 <strong>de</strong> Fevereiro<br />

<strong>de</strong> 1902 em Lagos da Beira, concelho <strong>de</strong> Oliveira<br />

do Hospital, distrito <strong>de</strong> Coimbra. Licenciado<br />

em Medicina pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra em<br />

Janeiro <strong>de</strong> 1927, assentou praça na Armada em<br />

Maio <strong>de</strong> 1927, no posto <strong>de</strong> 2º tenente.<br />

O primeiro embarque, que durou dois<br />

anos, foi no cruzador “Carvalho Araújo”.<br />

Prestou igualmente serviço nas canhoneiras<br />

“Ibo” e “Zaire”. Entre 1936<br />

e 1939 alterna embarques no navio<br />

hidrográfico “Cinco <strong>de</strong> Outubro” e no<br />

aviso “Afonso <strong>de</strong> Albuquerque”e termina<br />

o serviço no mar a bordo do aviso<br />

“Gonçalves Zarco”, acompanhando a<br />

viagem <strong>de</strong> guardas-marinhas do curso<br />

“Príncipe Perfeito”. Este último embarque<br />

foi feito, por oferecimento, para<br />

<strong>de</strong>senrascar alguns dos seus colegas<br />

mais novos, que frequentavam os Internatos<br />

Médicos nos Hospitais Civis<br />

<strong>de</strong> Lisboa e aos quais aquela viagem<br />

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ECOS DO DIA DA MARINHA<br />

O DR. GINJA BRANDÃO<br />

Médico da Aviação Naval e do povo <strong>de</strong> S. Jacinto<br />

2TEN MN Ginja Brandão a bordo da canhoneira “Ibo”.<br />

O 1TEN MN Ginja Brandão e o 2TEN MN Veiga Rica no “Royal Naval<br />

Air Medical School”.<br />

Homenagem ao CALM Ginja Brandão em Aveiro em 1984.<br />

acarretaria um atraso <strong>de</strong> mais uma ano<br />

na sua formação. Saliente-se que nesta<br />

altura era já capitão -tenente, residindo<br />

na Base Naval <strong>de</strong> Lisboa, colocado<br />

como médico na Direcção do Serviço<br />

<strong>de</strong> Submersíveis acumulando funções<br />

<strong>de</strong> Director do Dispensário <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

do Alfeite, tinha 51 anos, pai <strong>de</strong> cinco<br />

filhos, o mais velho dos quais estava<br />

prestes a entrar para a Escola Naval.<br />

Esta atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstra bem o sólido espírito<br />

<strong>de</strong> camaradagem que sempre foi<br />

apanágio do Dr. Ginja Brandão.<br />

S. Jacinto, on<strong>de</strong> a Aviação Naval se<br />

instalou, como já citado, em 1918,<br />

era, nas primeiras décadas do século<br />

XX, uma pequena e humil<strong>de</strong> póvoa<br />

piscatória, com os seus habitantes limitados<br />

em recursos, inclusivé uma quase inexistente<br />

assistência médica e vivendo um período<br />

já <strong>de</strong> si difícil, especialmente quando da<br />

II <strong>Guerra</strong> Mundial. Assim, o Centro <strong>de</strong> Aveiro<br />

da Aviação Naval, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>nominado Escola<br />

<strong>de</strong> Aviação Naval “Almirante Gago Coutinho”,<br />

trouxe apreciáveis benefícios, entre os quais ressalta<br />

a notável acção do Dr. Ginja Brandão que,<br />

com o seu saber, disposição natural para o bem<br />

e total <strong>de</strong>dicação, salvou vidas, curou doenças<br />

e distribuiu conforto moral por aquela tão carente<br />

população.<br />

No meio da sua segunda comissão em<br />

S. Ja cinto, Chefe do Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, em 1948<br />

vai tirar um curso <strong>de</strong> especialização em Medicina<br />

Aeronáutica na “Royal Naval Air Medical<br />

Schoo l” no Reino Unido. Habilitado com esta<br />

competência, utilizou -a <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo no tratamento<br />

hipobárico a crianças com tosse convulsa, então<br />

muito frequente em Portugal, levando-as a<br />

voar a altitu<strong>de</strong>s escalonadas e com assinalável<br />

êxito, chegando a <strong>de</strong>slocarem-se pessoas fora<br />

da área <strong>de</strong> Aveiro a solicitar o novo tratamento<br />

para seus filhos. Este pioneirismo como outros<br />

nos campos académico e científico, que muito<br />

orgulham a classe <strong>de</strong> Médicos Navais,<br />

fazem parte da História <strong>de</strong> Medicina<br />

Naval <strong>Portuguesa</strong>. O Dr. Ginja Brandão,<br />

pioneiro em Portugal num tipo<br />

<strong>de</strong> tratamento hipobárico, foi um clínico<br />

geral, um bom médico, homem<br />

íntegro e corajoso.<br />

Depois do atentado a Salazar, em<br />

4 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1937 na Av. Barbosa<br />

du Bocage, foram <strong>de</strong>tidos vários indivíduos.<br />

De entre eles, figurava um<br />

enfermeiro <strong>de</strong> <strong>Marinha</strong>. Dos vários<br />

presos, ninguém conseguiu uma testemunha<br />

abonatória, salvo o enfermeiro.<br />

A testemunha foi o então ainda<br />

2º tenente Ginja Brandão, que imune<br />

às circunstâncias e eventuais consequências<br />

<strong>de</strong>u o seu apoio atestando<br />

o bom carácter do arguido.<br />

E para os que se lamentam da lenta<br />

progressão na carreira o Dr. Ginja<br />

Brandão foi oficial subalterno... quase<br />

26 anos!<br />

Em 1961 já com condições <strong>de</strong> promoção<br />

a capitão-<strong>de</strong>-mar-e-guerra ainda<br />

frequentou nos Estados Unidos,<br />

na US Naval School, em Bethesda, o<br />

“Naval Medical Management Course”.<br />

Habilitado com o Curso Superior<br />

Naval <strong>de</strong> <strong>Guerra</strong> em 1961, veio a ser<br />

promovido o comodoro em Dezembro<br />

<strong>de</strong> 1963, tendo sido professor<br />

do ISNG <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 61 a Agosto <strong>de</strong><br />

1965. Passou à reserva em 1965 e em<br />

1972 à reforma.<br />

Revista da Armada • JULHo 2009 17

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