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N.R.P. BARTOLOMEU DIAS - Marinha de Guerra Portuguesa

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A<br />

NATO (Organização do Tratado do<br />

Atlântico Norte) acaba <strong>de</strong> celebrar 60<br />

anos. As comemorações tiveram lugar<br />

nos dias 3 e 4 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2009, durante<br />

a cimeira da NATO, que se realizou nas<br />

cida<strong>de</strong>s vizinhas <strong>de</strong> Estrasburgo (França) e<br />

Kehl (Alemanha).<br />

O seu propósito fundador, em 1949, foi<br />

a salvaguarda da liberda<strong>de</strong> e da segurança<br />

dos 12 países que se uniram na aliança transatlântica,<br />

por meios políticos e militares,<br />

segundo os princípios da Carta das Nações<br />

Unidas e com um objectivo comum, que era<br />

estabelecer uma paz duradoura na Europa.<br />

Dos 14 artigos do Tratado, o que lhe <strong>de</strong>u<br />

sentido foi o 5.º, on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> ler que “As<br />

Partes concordam em que um ataque armado<br />

contra uma ou várias <strong>de</strong>las na Europa ou<br />

na América do Norte será consi<strong>de</strong>rado um<br />

ataque a todas ...”.<br />

O valor estratégico <strong>de</strong> Portugal<br />

foi suficiente para entrar,<br />

como membro fundador,<br />

numa Aliança <strong>de</strong> países <strong>de</strong>mocráticos.<br />

Seis anos mais tar<strong>de</strong>, com<br />

a assinatura do Pacto <strong>de</strong> Varsóvia,<br />

a NATO passou a ter<br />

como bloco opositor a União<br />

Soviética.<br />

Os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> hoje são<br />

bem diferentes dos que fundamentaram<br />

a criação da<br />

aliança, pelo que <strong>de</strong>vemos<br />

reflectir sobre o seu futuro.<br />

Isto é extremamente oportuno numa altura<br />

em que se prepara um novo Conceito Estratégico,<br />

que <strong>de</strong>verá ser assinado em Lisboa,<br />

em 2010 ou 2011. Como país anfitrião <strong>de</strong>sta<br />

cimeira <strong>de</strong> chefes <strong>de</strong> Estado e <strong>de</strong> Governo,<br />

Portugal <strong>de</strong>verá acompanhar <strong>de</strong> perto a elaboração<br />

do documento.<br />

Hoje, tal como há <strong>de</strong>z anos, por ocasião<br />

dos 50 anos da NATO, a Revista da Armada<br />

<strong>de</strong>dica uma reflexão ao futuro da Aliança.<br />

EVOLUÇÃO DO CONCEITO<br />

ESTRATÉGICO<br />

Depois da Segunda Gran<strong>de</strong> <strong>Guerra</strong> o elo<br />

transatlântico assumiu, no plano político, a<br />

<strong>de</strong>fesa dos valores oci<strong>de</strong>ntais e, no plano militar,<br />

a posição <strong>de</strong>fensiva contra uma eventual<br />

agressão do Pacto <strong>de</strong> Varsóvia.<br />

No final dos anos 80 caiu o muro <strong>de</strong> Berlim,<br />

terminou a <strong>Guerra</strong> Fria e reunificou-se a<br />

Alemanha. A União Soviética <strong>de</strong>smembrou-<br />

‐se emergindo uma Rússia fragilizada e vários<br />

novos Estados livres.<br />

As preocupações oci<strong>de</strong>ntais centraram-<br />

‐se na segurança e controlo do armamento<br />

nuclear espalhado pelas ex‐repúblicas<br />

sovié ticas. Ao mesmo tempo assistiu-se à<br />

proliferação <strong>de</strong> conflitos locais <strong>de</strong> origem étnica,<br />

religiosa e/ou nacionalista, bem como<br />

12 JULHO 2009 • Revista da Armada<br />

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Nos 60 anos da NATO<br />

a gran<strong>de</strong>s fluxos migratórios. Apareceram<br />

novas formas <strong>de</strong> terrorismo, mais tráfico <strong>de</strong><br />

drogas e crime organizado. Este ambiente <strong>de</strong><br />

enorme complexida<strong>de</strong> levou a NATO à primeira<br />

revisão do Conceito Estratégico, que<br />

viria a ser aprovada na cimeira <strong>de</strong> Roma <strong>de</strong><br />

Novembro <strong>de</strong> 1991.<br />

O pensamento geopolítico centrado em<br />

dois blocos geográficos claramente antagónicos<br />

<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> fazer sentido e <strong>de</strong>u lugar a<br />

um pensamento global vago, que conduziu<br />

a Aliança para fora das suas fronteiras tradicionais.<br />

Apareceu um novo conceito para<br />

enquadrar as novas operações militares que<br />

não visavam a retaliação a um ataque directo<br />

à Aliança, ou a um dos seus membros,<br />

previsto pelo artigo 5.º do Tratado do Atlântico<br />

Norte. A estas operações passou a dar‐se<br />

o nome <strong>de</strong> operações “não artigo 5.º”.<br />

Na cimeira da NATO <strong>de</strong> 1994, que <strong>de</strong>correu<br />

em Bruxelas, foi reafirmado que a <strong>de</strong>fesa<br />

colectiva se mantinha como objectivo principal<br />

da Aliança. Aproveitou-se, no entanto,<br />

para salientar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se adaptarem<br />

as estruturas e os procedimentos para<br />

o cumprimento <strong>de</strong> novas missões.<br />

Foram adoptadas medidas para permitir<br />

a reestruturação da estrutura <strong>de</strong> comandos<br />

(Long Term Study – LTS), o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do “European Security and Defense I<strong>de</strong>ntity”<br />

(ESDI) e para a implementação do conceito<br />

“Combined Joint Task Force” (CJTF).<br />

Neste período a NATO promoveu o “Diálogo<br />

do Mediterrâneo” ao mesmo tempo<br />

que foi avançando para Leste, cativando novos<br />

membros para a Aliança e estabelecendo<br />

um relacionamento <strong>de</strong> cooperação com<br />

outros países <strong>de</strong> Leste através do conceito<br />

“Partnership for Peace” (PfP).<br />

Nos anos 90, a NATO envolveu-se nos<br />

conflitos nos Balcãs e o confronto com a<br />

Jugoslávia revelou que as capacida<strong>de</strong>s dos<br />

membros da Aliança eram bastante díspares,<br />

em especial na capacida<strong>de</strong> aérea. Os EUA<br />

mostraram o seu gran<strong>de</strong> avanço tecnológico<br />

em relação aos países do lado <strong>de</strong> cá do Atlântico.<br />

Além disso, foi evi<strong>de</strong>nte a dificulda<strong>de</strong><br />

em projectar, sustentar e ren<strong>de</strong>r as forças em<br />

teatros <strong>de</strong> operações “não Artigo 5.º”.<br />

Há 10 anos, em Abril <strong>de</strong> 1999, comemoraram-se<br />

os 50 anos da NATO na Cimeira <strong>de</strong><br />

Washington. Aí foi aprovado o actual Conceito<br />

Estratégico da NATO, que levou 18<br />

meses a <strong>de</strong>senvolver. Lançou-se a iniciativa<br />

“Defence Capabilities Iniciative – DCI” com<br />

o objectivo <strong>de</strong> melhorar a interoperabilida<strong>de</strong><br />

entre forças NATO, <strong>de</strong> forma a permitir<br />

o empenho em missões multinacionais,<br />

em todo o espectro <strong>de</strong> operações. Entraram<br />

para a aliança a Polónia, a República Checa<br />

e a Hungria. Países <strong>de</strong> quem se tem falado<br />

actualmente a propósito da iniciativa<br />

norte-americana para instalar um sistema <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fesa antimíssil balístico, que irrita profundamente<br />

os russos.<br />

O propósito fundador da Aliança, o empenho<br />

<strong>de</strong> todos na <strong>de</strong>fesa e segurança colectiva,<br />

foi invocado pela primeira vez em 2001,<br />

após os atentados do 11 <strong>de</strong><br />

Setembro. A onda <strong>de</strong> choque<br />

fez com que os norte-americanos<br />

sentissem a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> rever toda a sua política<br />

e doutrina <strong>de</strong> segurança, organizando<br />

a <strong>de</strong>fesa e a segurança<br />

do seu território para fazer<br />

face a ameaças externas e<br />

internas. A NATO também se<br />

viu conduzida no sentido <strong>de</strong><br />

iniciar estudos para enfrentar<br />

o terrorismo, o que implicava<br />

um novo tipo <strong>de</strong> forças, novas<br />

estruturas, nova organização,<br />

novos conceitos doutrinários<br />

e treino a<strong>de</strong>quado.<br />

Na cimeira <strong>de</strong> Riga <strong>de</strong> 2006, em que se<br />

procurou a adaptação do planeamento <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fesa NATO, não havia ainda condições<br />

para o necessário consenso em torno da <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> um novo conceito estratégico. Actualmente,<br />

parecem estar reunidas as condições,<br />

porque os aliados bem sabem que<br />

o futuro da Aliança <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do consenso<br />

que reunirem em torno do novo documento<br />

estratégico, que <strong>de</strong>fine o que a NATO vai<br />

fazer no futuro e como o vai fazer.<br />

A NATO ACTUAL<br />

A NATO está actualmente envolvida em<br />

5 operações <strong>de</strong> diversas tipologias: estabilização<br />

no Afeganistão; manutenção da paz<br />

no Kosovo; assistência na reforma do sector<br />

<strong>de</strong> segurança na Bósnia-Herzegovina; patrulhamento<br />

no Mediterrâneo e Índico; e treino<br />

no Iraque. A Aliança participou também<br />

em operações humanitárias no Paquistão,<br />

transporte estratégico na região sudanesa<br />

do Darfur, apoiou os EUA na altura do furacão<br />

Katrina. Os seus AWACS apoiaram a<br />

segurança no euro 2004 e nos últimos jogos<br />

Olímpicos.<br />

Dada a sua actualida<strong>de</strong>, salienta-se a<br />

Operação “Allied Protector”, conduzida

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