24.12.2014 Views

Efeito da hidroterapia na qualidade de vida de mulheres ...

Efeito da hidroterapia na qualidade de vida de mulheres ...

Efeito da hidroterapia na qualidade de vida de mulheres ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

complicações instala<strong>da</strong>s, o que diminui as chances <strong>de</strong> uma<br />

completa recuperação físico-funcio<strong>na</strong>l.<br />

Em geral, os achados sugerem que médicos ten<strong>de</strong>m a subestimar<br />

a incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> funcio<strong>na</strong>l, a gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos sintomas, as aflições<br />

psicológicas e morbi<strong>da</strong><strong>de</strong>s psiquiátricas entre seus pacientes 17 .<br />

O uso <strong>de</strong> questionários que avaliam a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, como<br />

o SF 36, é uma maneira <strong>de</strong> mensurar o problema para aju<strong>da</strong>r<br />

profissio<strong>na</strong>is <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> a conhecerem as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

funcio<strong>na</strong>is, psicológicas e sociais <strong>de</strong> seus pacientes 18 . Além<br />

disso, os escores <strong>de</strong>sses questionários avaliam <strong>de</strong> maneira<br />

paralela a progressão <strong>da</strong> doença e a resposta ao tratamento,<br />

sendo fun<strong>da</strong>mental <strong>na</strong> escolha <strong>de</strong> diferentes tratamentos que<br />

permitam sobrevi<strong>da</strong>s similares.<br />

Dentre os componentes avaliados pelo questionário SF-36,<br />

quatro obtiveram melhora após as sessões <strong>de</strong> <strong>hidroterapia</strong>:<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> funcio<strong>na</strong>l, aspecto físico, vitali<strong>da</strong><strong>de</strong> e aspecto<br />

emocio<strong>na</strong>l.<br />

A capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> funcio<strong>na</strong>l avalia a presença e a extensão <strong>de</strong><br />

limitações relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s à capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> física. Segundo Campion 9 ,<br />

a melhora <strong>de</strong>sse componente <strong>de</strong>ve-se aos efeitos <strong>da</strong> água, os<br />

quais estão relacio<strong>na</strong>dos ao alívio <strong>da</strong> dor e espasmos musculares,<br />

manutenção ou aumento <strong>da</strong> amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento <strong>da</strong>s<br />

articulações, fortalecimento dos músculos enfraquecidos e<br />

aumento <strong>na</strong> sua tolerância aos exercícios, encorajamento <strong>da</strong>s<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s funcio<strong>na</strong>is, etc.<br />

As principais complicações que surgem durante o tratamento<br />

<strong>da</strong> paciente pós mastectomiza<strong>da</strong>s incluem incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

funcio<strong>na</strong>l, limitação articular, contratura <strong>da</strong> musculatura <strong>da</strong> região<br />

escapular, (principalmente <strong>de</strong> trapézio e adutores), medo <strong>da</strong> dor,<br />

<strong>de</strong>iscência e possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do membro<br />

superior 19 .<br />

O objetivo <strong>da</strong> reabilitação física <strong>de</strong>ve ser a restauração <strong>da</strong> faixa<br />

pré-mórbi<strong>da</strong> <strong>de</strong> movimento do ombro, manutenção <strong>da</strong> função<br />

<strong>da</strong> extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> comprometi<strong>da</strong> e retorno à postura préoperatória<br />

20 .<br />

O aspecto físico avalia as limitações quanto ao tipo e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> trabalho, bem como quanto essas limitações dificultam a<br />

realização do trabalho e <strong>da</strong>s AVDs. Muitas vezes, a realização<br />

<strong>de</strong> AVDs é dificulta<strong>da</strong> pela presença <strong>de</strong> dor ou simplesmente<br />

por receio que as pacientes tenham em <strong>de</strong>senvolver<br />

complicações em <strong>de</strong>corrência do esforço empregado em<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s domésticas e do trabalho.<br />

Em estudo realizado por Sales 21 , verificou-se que quase a<br />

totali<strong>da</strong><strong>de</strong> (98%) <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> realizava ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s domésticas<br />

antes do tratamento, sendo que meta<strong>de</strong> (50%) as reduziu ou as<br />

a<strong>da</strong>ptou após o tratamento. As razões aponta<strong>da</strong>s para isso<br />

foram: dor (22%), orientação <strong>de</strong> não pegar peso (20%), menor<br />

agili<strong>da</strong><strong>de</strong> (14%), preocupação (8%), e<strong>de</strong>ma do braço (6%), maior<br />

cui<strong>da</strong>do consigo mesma (6%), cirurgia (4%), discrimi<strong>na</strong>ção (4%),<br />

filhos não <strong>de</strong>ixaram trabalhar (2%) e i<strong>da</strong><strong>de</strong> (2%).<br />

O componente vitali<strong>da</strong><strong>de</strong> avalia o nível <strong>de</strong> energia e <strong>de</strong> fadiga, e<br />

o fato <strong>de</strong> não ter atingido uma melhora significativa talvez se<br />

justifique pelo fato <strong>da</strong>s pacientes ain<strong>da</strong> sentirem dor ou ain<strong>da</strong><br />

por apresentarem limitação <strong>na</strong> amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento.<br />

O item aspecto emocio<strong>na</strong>l avalia o impacto dos aspectos<br />

psicológicos no bem-estar do paciente. Esse componente<br />

obteve melhora significativa no estudo, o que po<strong>de</strong> ter relação<br />

com o fato <strong>de</strong> o tratamento ter sido aplicado em grupo.<br />

As terapias realiza<strong>da</strong>s em grupo são extremamente benéficas<br />

aos pacientes por proporcio<strong>na</strong>rem trocas <strong>de</strong> experiências.<br />

Venâncio 22 afirma que reunir pacientes com a mesma doença<br />

num grupo só traz vantagens, já que permite ao paciente<br />

perceber e aceitar melhor seus problemas vendo esses nos<br />

outros, apren<strong>de</strong>ndo a tolerar o que repudiam em si, melhorando<br />

assim a resolução <strong>da</strong> doença.<br />

Três componentes avaliados permaneceram sem alterações após<br />

o tratamento hidroterapêutico: a dor, os aspectos sociais e a<br />

saú<strong>de</strong> mental.<br />

O componente dor avalia a presença <strong>de</strong> dor, sua intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

sua interferência <strong>na</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> diária. De acordo com<br />

Silva 23 , a dor po<strong>de</strong> ocorrer em um período pós-operatório mais<br />

tardio, <strong>da</strong>ndo ao paciente um <strong>de</strong>sconforto muito gran<strong>de</strong>. Sua<br />

principal causa é a limitação <strong>de</strong> movimento do membro superior<br />

acometido, provavelmente por retrações músculoaponeuróticas,<br />

as quais po<strong>de</strong>m levar a fibrose e à inflamação local.<br />

Os aspectos sociais a<strong>na</strong>lisam a integração do indivíduo em<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sociais. Sales 21 verificou em seu estudo que o<br />

relacio<strong>na</strong>mento familiar e social não mudou em 60% <strong>da</strong>s<br />

pacientes após o diagnóstico e tratamento do câncer <strong>de</strong> mama,<br />

o que vem <strong>de</strong> encontro com este estudo, o qual não mostrou<br />

diferença nesse aspecto antes e após o tratamento<br />

hidroterapêutico.<br />

Saú<strong>de</strong> mental inclui questões sobre ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>pressão,<br />

alterações no comportamento ou <strong>de</strong>scontrole emocio<strong>na</strong>l e bemestar<br />

psicológico. Em um estudo semelhante a este, o autor<br />

indica a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem interdiscipli<strong>na</strong>r no<br />

tratamento <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> mastectomiza<strong>da</strong>s, pois somente assim<br />

será possível obter o ajustamento psicológico e aceitação <strong>da</strong><br />

enfermi<strong>da</strong><strong>de</strong> pelos familiares 24 .<br />

O aspecto geral <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> avalia como o paciente se sente em<br />

relação a sua saú<strong>de</strong> global, sendo que este aspecto apresentou<br />

piora neste estudo. Acredita-se que isto possa estar ligado a<br />

alguns fatores como a persistência <strong>da</strong> dor, o sentimento <strong>de</strong><br />

mutilação e as limitações funcio<strong>na</strong>is causa<strong>da</strong>s pelo tratamento<br />

cirúrgico.<br />

Conclusão<br />

Comparando-se os resultados antes e após o tratamento<br />

hidroterapêutico, verificou-se que esse procedimento<br />

fisioterapêutico proporcionou melhora <strong>na</strong> maioria dos aspectos<br />

a<strong>na</strong>lisados no questionário.<br />

Assim, po<strong>de</strong>-se concluir que a <strong>hidroterapia</strong> é uma proposta<br />

interessante para a reabilitação <strong>de</strong> pacientes mastectomiza<strong>da</strong>s,<br />

pois além <strong>de</strong> proporcio<strong>na</strong>r benefícios físicos e funcio<strong>na</strong>is, auxilia<br />

<strong>na</strong> melhora do estado emocio<strong>na</strong>l, e consequentemente, <strong>na</strong><br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong>.<br />

Referências bibliográficas<br />

1. Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. WHO <strong>de</strong>finition of health.<br />

Genebra; 2002 [citado 2002 Mar 10]. Disponível em: http://<br />

www.who.int/about/<strong>de</strong>finition/en/<br />

2. Camargo MC, Marx AG. Reabilitação física no câncer <strong>de</strong> mama.<br />

70<br />

Arq Ciênc Saú<strong>de</strong> 2009 abr/jun; 16(2):67-71

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!