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1<br />

INSTITUITO MATERNO INFANTIL PROF. FERNANDO FIGUEIRA – IMIP<br />

MESTRADO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL<br />

TRANSMISSÃO VERTICAL DA MALÁRIA NA<br />

MATERNIDADE<br />

LUCRÉCIA PAIM LUANDA ANGOLA, NO PERIODO DE<br />

JUNHO A AGOSTO DE 2007, UM ESTUDO TRANSVERSAL<br />

ORIENTADORA: MARIA CYNTHIA BRAGA<br />

CO-ORIENTADOR: JAILSON DE BARROS CORREIA<br />

CO-ORIENTADOR: LUIZ CLAUDIO ARRAES DE ALENCAR<br />

RECIFE, 2008


2<br />

INSTITUTO MATERNO INFANTIL PROF. FERNANDO FIGUEIRA<br />

MESTRADO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL<br />

ELISA PEDRO GASPAR<br />

TRANSMISSÃO VERTICAL DA MALÁRIA NA MATERNIDADE<br />

LUCRÉCIA PAIM LUANDA, ANGOLA, NO PERÍODO DE<br />

JUNHO A AGOSTO DE 2007, UM ESTUDO TRANSVERSAL<br />

RECIFE<br />

2008


3<br />

ELISA PEDRO GASPAR<br />

TRANSMISSÃO VERTICAL DA MALÁRA NA MATERNIDADE<br />

LUCRÉCIA PAIM LUANDA, ANGOLA, NO PERÍODO DE JUNHO<br />

A AGOSTO DE 2007, ESTUDO TRANSVERSAL<br />

Área de concentração: Saúde da Criança<br />

Linha de pesquisa: Epid<strong>em</strong>iologia e Estudos Clínicos <strong>em</strong> Doenças<br />

Infecciosas na Infância e na Adolescência.<br />

Dissertação apresentada ao Colegiado do<br />

Mestrado <strong>em</strong> Saúde Materno Infantil do IMIP<br />

como parte dos requisitos para obtenção do grau<br />

de Mestre <strong>em</strong> Saúde Materno Infantil<br />

Orientadora: MARIA CYNTHIA BRAGA<br />

Co-orientador: JAILSON DE BARROS CORREIA<br />

Co-orientador: LUIZ CLAUDIO ARRAES DE ALENCAR<br />

Recife – 2008


4<br />

F i c h a ca t a l o g r á fi c a<br />

Preparada pela Biblioteca Ana Bove do Instituto Materno Infantil Profº Fernando Figueira.<br />

Gaspar, Elisa Pedro<br />

Estudo transversal da freqüência da Malária <strong>em</strong> gestantes e recém-nascidos na<br />

maternidade central de Luanda (MLP) Angola, no período de junho a agosto de 2007 /<br />

Elisa Pedro Gaspar. -- Recife: a autora, 2007.<br />

50 f. : il., tabelas + apêndices.<br />

Dissertação (mestrado) -- Colegiado do Curso de Mestrado <strong>em</strong> Saúde Materno<br />

Infantil do Instituto Materno Infantil Profº Fernando Figueira, IMIP.<br />

Área de concentração: Saúde da criança<br />

Orientadora: Maria Cynthia Braga<br />

Co-orientador: Jailson de Barros Correia<br />

Co-orientador: Luís Cláudio Arraes de Alencar<br />

1. Malária. 2. Plasmodium falciparum. 3. Gravidez. 4. Recém-nascido. I. Título.<br />

II. Braga, Maria Cynthia, orientadora. III. Correia, Jailson de Barros, co-orientador.<br />

IV. Alencar, Luís Cláudio Arraes de, co-orientador. V. Instituto Materno Infantil<br />

Profº Fernando Figueira. NLM WA 310


5<br />

DEDICATÓRIA<br />

Primeiramente a DEUS pela minha vida.<br />

Eterna Gratidão aos Meus pais<br />

Gaspar e Francisca<br />

Seus Valores, atenção, carinho, e Amor que s<strong>em</strong>pre me dedicaram<br />

E que t<strong>em</strong> enriquecido a minha vida de tantas maneiras.<br />

Afectivamente aos meus filhos YOROSCLAV e a IRINA<br />

Por entender<strong>em</strong> a minha ausência <strong>em</strong> alguns momentos, acreditar<strong>em</strong> que o que a mão<br />

de Deus nos envia, seja prazer ou dor; aceitamos s<strong>em</strong> titubear.<br />

A Amélia<br />

Por todo apoio.


6<br />

AGRADECIMENTOS<br />

As gestantes e seus (as) recém-nascidos (as) que diretamente participaram na<br />

realização deste trabalho científico.<br />

Os meus irmãos, cunhadas, as minhas irmãs, é impossível dizer com palavras<br />

quanto vocês têm representado ao longo da minha existência.<br />

Ao Instituto Materno Infantil de Pernambuco, a CONEP e todos os professores do<br />

meu mestrado por transferir<strong>em</strong> o que sab<strong>em</strong> e aprender<strong>em</strong> o que ensinam para<br />

amadurecer o espírito cientifico <strong>em</strong> mim.<br />

Ao Governo da República de Angola, A Direcção do Ministério da Saúde de<br />

Angola, e da Maternidade Lucrécia Paim, pelo apoio incondicional, s<strong>em</strong> o qual esse<br />

trabalho de investigação cientifica não seria possível.<br />

A minha orientadora Maria Cynthia Braga pela orientação de que é fazendo que se<br />

aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer, disponibilidade e crescimento<br />

científico que me proporcionou;<br />

Aos meus co-orientadores e colaboradores Jailson correira, Luiz Arraes, Filomeno<br />

Fortes, e Rosana Montenegro pelo incentivo e o apoio a investigação cientifica.<br />

A Natália E. Santo, e Othon Bastos, por acreditar<strong>em</strong> e me ter<strong>em</strong> feito crer que, Dar o<br />

ex<strong>em</strong>plo não é a melhor maneira de influenciar os outros – É a única.<br />

A Professora Haiana Schindler a Drª Tina Dibala e Drª Ducelina Serrano. Recebam<br />

meu agradecimento e reconhecimento por acreditar<strong>em</strong> <strong>em</strong> mim e pedir<strong>em</strong> que seja um<br />

ex<strong>em</strong>plo – assim tentarei fazer;<br />

A Minha cara e grande amiga Marisa Sampaio e sua família, pelo carinho,<br />

cumplicidade e o apoio s<strong>em</strong> reservas.<br />

A todas (os) colegas do meu mestrado, pelos momentos académicos inesquecíveis<br />

que passamos juntos.<br />

Ao Wilson Correia, amigo do outro lado do Atlântico, por ter feito com satisfação a<br />

revisão deste trabalho científico.<br />

Ao António CB, Gabriela A, Sevend T, Jóia T, Quim V-D, Lena P, Sónia Cristina,<br />

Cecília Magalhães, Luis Othon, Flavio F. Conselheiros (as) nos momentos difíceis.<br />

Ao Dr. Rub<strong>em</strong> Maggi, pela amizade dedicação e ajuda desde as primeiras horas.<br />

Ao Dr.Corado Silva, Dr. Fuquet Cuta, Drª Marilha Ceita, e Drª Yolanda Faria,<br />

pelo apoio incondicional no inicio da investigação.<br />

As técnicas (os) do laboratório da MLPaim, <strong>em</strong> especial Isabel Bravo, pela<br />

compreensão e incentivo as outras técnicas a fazer a colheita das amostras deste<br />

trabalho cientifico.


7<br />

A todas (os) colegas do berçário, banco de urgência, sala de partos, bloco<br />

operatório, farmácia, serviços de informática, serviços gerais, motoristas, da<br />

MLPaim, que directa ou indirectamente participaram deste estudo a todos que eu<br />

involuntariamente não tenha mencionado e que estiveram presentes na realização<br />

deste trabalho cientifico.<br />

Às secretárias da Pesquisa e do Mestrado do IMIP, Sra Zefinha, Daniele, Fabiana,<br />

Carolina, a Lucilvania, as secretárias da direcção do Ensino Gorette, Sheila e Sarah,<br />

ao Toinho, fiel zelador dos recursos acadêmicos, s<strong>em</strong>pre disponível e b<strong>em</strong> disposto. A<br />

Josi, Marivaldo, Alberto e Rafael (Informática) Muito obrigada.<br />

A Todos (as) Colegas da Multiperfil, centro médico da Samba e Viana pelo apoio.<br />

As colegas do LNSP pelo controle de qualidade das amostras.<br />

A toda minha família pelo quebrar constante da distância, e ter<strong>em</strong> mostrado que a<br />

distância pode ser suprimida com amor e dedicação.<br />

A Delfina Feliciano, Jesus Delegado da R. Luanda, a Maria de Lurdes da TPA, ao<br />

Belchior de Carvalho da R.N.A. Pela diss<strong>em</strong>inação da mensag<strong>em</strong> à população no<br />

sentido de evitar a malária.<br />

A Leila Martins, Rita, Welwitscha Neto, Dra Ana Elizabeth, Dra Socorro<br />

Ferreira, Dra Ana Falbo, Dra Ariani Impieri, Dr. Aurélio Costa, Dra Carminha<br />

Duarte, Dra Ozanil Cursino; aVirgínia, o meu muito obrigado.<br />

A todos que directa e indirectamente participaram na elaboração deste trabalho<br />

cientifico.


8<br />

Lista de Siglas<br />

OMS – Organização Mundial de Saúde<br />

MLP – Maternidade Lucrécia Paim<br />

UNICEF – United Nations Childrens Fund / Fundo das Nações Unidas para Infância<br />

USAID – United States of América International Development Agency / Agência<br />

Internacional dos Estados Unidos da América<br />

JICA – Japanese International Cooperation Agency / Agência Internacional de<br />

Cooperação Japonesa<br />

RBM/FRP – Roll Back Malária / Fazer Recuar o Paludismo<br />

PNUD – Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento<br />

ONGs – Organizações não Governamentais<br />

PNCM – Programa Nacional de Combate a Malária<br />

RN – Recém-nascido<br />

GE – Gota Espessa<br />

IMIP – Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira<br />

MINSA – Ministério da Saúde de Angola


9<br />

Lista de Figuras e Tabelas<br />

N o Título Página<br />

Figura 1 Modelo preditivo da associação entre condições socio-económicas<br />

e factores associados á malária congénita.<br />

10<br />

Figura 2 Fluxograma de capacitação dos participantes<br />

15<br />

Tabela 1<br />

Tabela 2<br />

Tabela 3<br />

Características sócio-d<strong>em</strong>ograficas das mães estudadas na<br />

Maternidade Lucrécia Paim (MLP), Angola, de Junho a Agosto de<br />

2007<br />

Frequência de transmissão materno-fetal de malária segundo<br />

características sócio-d<strong>em</strong>ograficas maternas na Maternidade<br />

Lucrécia Paim (MLP), Angola, de Junho a Agosto de 2007<br />

Frequência de transmissão materno-fetal de malária segundo<br />

características do parto e do recém-nascido Na Maternidade<br />

Lucrécia Paim (MLP), Angola, de Junho a Agosto de 2007<br />

27<br />

28<br />

29


10<br />

Nota de Esclarecimento<br />

Prezados (as) professores (as) da Banca,<br />

Este trabalho foi redigido segundo o Português utilizado <strong>em</strong> Angola, de onde sou<br />

natural. Poder-se-ão identificar determinados termos, acentos ou expressões diferentes<br />

dos utilizados no contexto do Português no Brasil.


11<br />

Resumo<br />

Introdução: São escassos os estudos sobre a transmissão materna da malária ao<br />

recém-nascido. Em Angola, apesar da ocorrência de malária <strong>em</strong> gestantes e recémnascidos<br />

ser frequente, não há estudos sobre a malária congénita.<br />

OBJECTIVOS: Determinar a frequência de malária nas mães e seus filhos e<br />

investigar factores associados à transmissão materno-fetal na Maternidade Lucrécia<br />

Paim (MLP).<br />

MÉTODOS: Realizou-se um estudo de corte transversal de base hospitalar, no período<br />

de Junho a Agosto de 2007. A gota espessa foi obtida através de amostras de sangue<br />

periférico da gestante, sangue da placenta, cordão umbilical e sangue periférico do<br />

recém-nascido. Foram colhidas também informações sobre os antecedentes maternos<br />

via questionário padronizado e dados clínicos do recém-nascido.<br />

RESULTADOS: Participaram do estudo 500 parturientes admitidas na Maternidade<br />

Central de Luanda e 507 recém-nascidos, observando-se que 22 (4,4%) das mães<br />

tiveram amostras do sangue periférico positivas para malária por P. falciparum. Entre<br />

as mães positivas, detectou-se parasit<strong>em</strong>ia <strong>em</strong> 100% das amostras da placenta, cordão<br />

umbilical e do concepto. Constatou-se que a malária materna estatisticamente esteve<br />

fort<strong>em</strong>ente associada ao acompanhamento pré-natal. Mulheres que não realizaram o<br />

pré-natal tiveram quase cinco vezes mais chances de transmitir malária ao concepto,<br />

comparada as que haviam realizado (p=0,018). A não realização da profilaxia durante a<br />

gestação esteve associada a uma ocorrência de malária congenita três vezes maior do<br />

que as que haviam sido submetidas a essa medida preventiva (p=0,021). Não houve<br />

associação estatisticamente significante da idade da mãe, o número de partos, número<br />

de consultas pré-natal e relato de malária durante a gravidez. Embora se tenha<br />

observado uma tendência descrescente da ocorrência de malária com o aumento do<br />

peso do recém-nascido, não houve associação estatisticamente significante com<br />

nenhuma das condições investigadas.<br />

CONCLUSÕES: Não foram identificadas características dos recém-nascidos<br />

associadas à malária congénita, denotando a importância de se realizar o diagnóstico<br />

laboratorial precoce nas crianças cujas mães apresent<strong>em</strong> gota espessa positiva para<br />

malária. Embora se tenha encontrado uma prevalência de 4,4% à transmissão por<br />

malaria foi de 100% o que denota alta transmissão da doença. O diagnostico é difícil,<br />

deve ter o apoio das novas técnicas de diagnostico. A infecção é durante a gestação,<br />

esta hipótese sustenta os achados do presente estudo. A malária congênita t<strong>em</strong> com<br />

poucos estudos de investigação para um probl<strong>em</strong>a sério de saúde publica. A ocorrência<br />

de transmissão materno-fetal <strong>em</strong> Angola, e a alta transmissão da doença ao RN é uma<br />

realidade. A variação de 1.000 a 64.000p/c é bastante elevada, apontando as<br />

características peculiares da população estudada e a elevada taxa de transmissão da<br />

doença.O diagnostico realizado nas primeiras 12 horas de vida obteve achados<br />

importantes para o diagnostico de malária congênita <strong>em</strong> Angola.<br />

PALAVRAS-CHAVE: malária; Plasmodium falciparum; gravidez; recém-nascido.


12<br />

9.<br />

Abstract<br />

Introduction: They are scarce the studies on the maternal transmission of the malaria<br />

to the newly born. In Angola, in spite of the malaria occurrence in pregnant women and<br />

newly born to be frequent, there are not studies on the congenital malaria.<br />

Objectives: To determine the malaria frequency in the mothers and their children and<br />

to investigate associated factors to the maternal-foetal transmission in the Maternities<br />

Lucrécia Paim (MLP).<br />

Methods: A data set derived from a cross-sectional study, of hospital base, in the<br />

period of June to August of 2007. The drop thickens it was obtained through samples<br />

of the pregnant woman peripheral blood, blood of the placenta, umbilical string and<br />

peripheral blood of the newly born. They were also gathered information on the<br />

maternal antecedents through standardized questionnaire and clinical data of the newly<br />

born.<br />

Results: 500 parturient admitted in the Central Maternity of Luanda participated in the<br />

study and 507 newly born, being observed that 22 (4,4%) of the mothers they had<br />

samples of the positive outlying blood for malaria for P. falciparum. Among the<br />

positive mothers, parasitism was detected in 100% of the samples of the placenta,<br />

umbilical string and of the concept. It was verified that the malaria maternal<br />

statistically was strongly associated to the prenatal accompaniment. Women that didn't<br />

accomplish the prenatal almost had five times more chances of transmitting malaria to<br />

the concept, compared the ones that they had accomplished (p=0,018). The non<br />

accomplishment of the prophylaxis during the gestation was associated a congenital<br />

malaria occurrence three times more than the ones that had been submitted to<br />

preventive measur<strong>em</strong>ents (p=0,021). There was no significant association statistically<br />

to the mother's age, the number of childbirths, number of consultations prenatal and<br />

malaria report during the pregnancy. Although it was observed a decreasing tendency<br />

of the malaria occurrence with the increase of the weight of the newly born, there was<br />

not association statistically significant with none of the investigated conditions.<br />

Conclusions: Characteristic of the newly born associated to the congenital malaria,<br />

denoting the importance of if carrying through the precocious laboratorial diagnosis in<br />

the children whose mothers’ present positive thick drop for malaria. Although if it has<br />

found a prevalence of 4,4% to the transmission for malaria was of 100% what it<br />

denotes high transmission of the illness. The diagnosis is difficult; it must have the<br />

support of the new techniques of the diagnosis. The infection is during the gestation,<br />

this hypothesis supports the findings of the present study. The congenital malaria has<br />

with few studies of inquiry for a serious probl<strong>em</strong> of health publishes. The maternalfetal<br />

occurrence of transmission in Angola and the high transmission of the illness to<br />

the RN is a reality. The variation of 1.000 64.000p/c sufficiently is raised, pointing the<br />

peculiar characteristics of the studied population and the high rate of transmission of<br />

the illness. The diagnosis accomplish through in the first 12 hours of life obtained<br />

important discoveries for the diagnosis of congenital malaria in Angola.<br />

KEYWORDS: malaria; Plasmodium falciparum; pregnancy; newborn.


13<br />

Sumário<br />

Página<br />

DEDICATÓRIA<br />

AGRADECIMENTOS<br />

LISTA DE SIGLAS<br />

LISTA DE FIGURA, E TABELAS.<br />

NOTA DE ESCLARECIMENTO<br />

RESUMO<br />

ABSTRACT<br />

i<br />

ii<br />

iv<br />

v<br />

vi<br />

vii<br />

viii<br />

I INTRODUÇÃO 1<br />

1.1 Magnitude do probl<strong>em</strong>a 1<br />

1.2 Biologia do plasmodio e ciclo de transmissão da malária 4<br />

1.3 Quadro clínico 6<br />

1.4 Transmissão da malária da gestante para o concepto 7<br />

10<br />

Figura1. modelo preditivo da associação entre condições socioeconómicas<br />

e factores associados á malária congénita<br />

II OBJECTIVOS 11<br />

2.1 Objectivo geral 11<br />

2.2 Objectivos específicos 11<br />

III MÉTODOS 12<br />

3.1 Desenho do estudo 12<br />

3.2 Local do estudo 12


14<br />

3.3 População do estudo 12<br />

3.4 Período do estudo 13<br />

3.5 Amostra 13<br />

3.6 Selecção de participantes 13<br />

3.6.1 Critérios de exclusão 14<br />

3.7 Fluxograma de captação de participantes<br />

3. 8 Definição operacional de termos e variáveis<br />

15<br />

16<br />

3.9 Procedimentos, testes, técnicas e exames 19<br />

3.9.1 Preparo de GE 19<br />

3.9.2 Preparo do esfregaço delgado<br />

3.9.3 Colheita de dados<br />

20<br />

20<br />

3.10 Limitações metodológicas 22<br />

3.11.Processamento e analise de dados 23<br />

3.11.1 Processamento dos dados 23<br />

IV ASPECTOS ÉTICOS 24<br />

V RESULTADOS 26<br />

VI DISCUSSÂO 31<br />

VII CONCLUSÕES 41<br />

VIII RECOMENDAÇÕES 42<br />

IX REFERÊNCIAS 43<br />

X APÊNDICES E ANEXOS 50<br />

Apêndice 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido<br />

Apêndice 2 Questionário padronizado da mãe e Formulário do RN<br />

Apêndice 3 – Critérios de inclusão e exclusão


15<br />

Apêndice 4 Manual de entrevista<br />

Apêndice 5 – Manual de diagnóstico laboratorial da malária<br />

Anexo 1 – Parecer de aprovação do Comitê de Ética <strong>em</strong> Pesquisa<br />

Envolvendo Seres Humanos do Instituto Materno Infantil Prof. Fernando<br />

Figueira (IMIP)<br />

Anexo 2 – Parecer de aprovação do Conselho Nacional de Saúde do<br />

Brasil (portaria 196/1996) para pesquisa <strong>em</strong> seres humanos<br />

Anexo 3 – Parecer de aprovação do Comité de Ética <strong>em</strong> Pesquisa <strong>em</strong><br />

seres humanos da Ord<strong>em</strong> dos Médicos de Angola (Conselho regional<br />

Norte)<br />

Anexo 4 – Declaração, Parecer de aprovação do médico responsável pela<br />

área clínica da Maternidade Lucrécia Paim (MLP)<br />

Anexo 5 – Declaração, Parecer de aprovação do médico responsável pela<br />

área clínica e o Director Geral da Maternidade Lucrécia Paim (MLP)


16<br />

I INTRODUÇÃO<br />

1.1 Magnitude do probl<strong>em</strong>a<br />

A malária é uma das três principais causas de morte <strong>em</strong> todo o mundo e é a<br />

principal causa de morbimortalidade <strong>em</strong> inúmeras regiões da África, Ásia, Pacifico Sul,<br />

América Central e América do Sul. 1,2<br />

Os continentes mais atingidos são a África Central (sub-Sahariana), Médio<br />

Oriente, sub-continente Indiano, América Central e México, América do Sul (centro e<br />

norte), Sudeste Asiático e Oceânia (Micronésia e Polinésia). 1,2<br />

Em África, <strong>em</strong> cinco mortes infantis, uma é causada pela malária. An<strong>em</strong>ia,<br />

baixo peso ao nascer, epilepsia e probl<strong>em</strong>as neurológicos, são consequências<br />

frequentes da doença e compromet<strong>em</strong> a saúde e o desenvolvimento de milhões de<br />

crianças nos países tropicais. 2-5 A malária é responsável por mais de um milhão de<br />

mortes por ano, sendo que 90 % dessas mortes verificam-se na África Subsariana,<br />

afectando principalmente as crianças menores de cinco anos e as mulheres grávidas. 1,2<br />

É a principal doença transmissível que mais caso de morbimortalidade<br />

causa à população 1,2<br />

Em Angola, a malária constitui um grave probl<strong>em</strong>a de saúde pública,<br />

actualmente, representando a primeira causa de mobimortalidade, absentismo laboral e<br />

escolar. 6 No país, mais de três milhões de habitantes estão sob risco de contrair a<br />

doença, a qual lidera a lista de doenças endémicas nas 18 províncias, com possibilidade<br />

de surtos epidémicos <strong>em</strong> algumas delas. O crescimento preocupante da resistência do<br />

plasmódio aos antimaláricos faz desta enfermidade um autêntico flagelo. 1,2,6


17<br />

A infecção por malária durante a gravidez é um probl<strong>em</strong>a importante de<br />

saúde pública <strong>em</strong> regiões tropicais e subtropicais <strong>em</strong> todo o mundo. Todos os anos há<br />

pelo menos 30 milhões de mulheres grávidas <strong>em</strong> zonas maláricas da África, a maioria<br />

das quais reside <strong>em</strong> zonas de transmissão. 1,2 Nas zonas mais endémicas, as mulheres<br />

7,8, 9,10,11<br />

grávidas são o principal grupo de adultos <strong>em</strong> risco por factores imunológicos.<br />

A infecção materna pode resultar numa série de consequências graves, incluindo aborto<br />

espontâneo, morte do neonato, baixo peso ao nascer, partos pr<strong>em</strong>aturos, atraso do<br />

desenvolvimento cognitivo. 5,10-13,<br />

Em zonas de transmissão baixa ou instável, as mulheres grávidas corr<strong>em</strong><br />

risco duplo ou triplo de desenvolver doença grave como resultado de infecção malárica<br />

do que as mulheres não-grávidas vivendo na mesma zona 2,13-16, Nestas zonas, a<br />

mortalidade materna pode resultar quer directamente de malária grave, quer<br />

indirectamente de an<strong>em</strong>ia grave relacionada à malária. 1,14-16 Em áreas endémicas, a<br />

maioria das mulheres desenvolveu imunidade suficiente e por isso, mesmo durante a<br />

gravidez, a infecção por P. falciparum não resulta normalmente <strong>em</strong> febre ou outros<br />

sintomas clínicos. Portanto, o principal impacto da infecção por malária nessas áreas<br />

está associado à an<strong>em</strong>ia materna e à presença de parasitas na placenta. 11,17-19 Apesar de<br />

se conhecer os efeitos, sobre o concepto, da malária durante a gestação e da magnitude<br />

do probl<strong>em</strong>a da malária <strong>em</strong> Angola, ainda não se t<strong>em</strong> conhecimento sobre a ocorrência<br />

de transmissão vertical da doença <strong>em</strong> Angola.<br />

A malária custa à África até 12 milhões de dólares americanos por ano.<br />

Uma família pobre pode gastar até 25% ou mais do seu rendimento anual na prevenção<br />

e no tratamento desta doença. Em consequência deste fardo, estima-se que a malária<br />

atrasa <strong>em</strong> cerca de 1,3% ao ano o crescimento económico dos países Africanos. 1,2


18<br />

Em Angola, actualmente a re<strong>em</strong>ergencia desta doença <strong>em</strong> zonas já<br />

controladas e o crescimento preocupante da resistência do plasmódio aos antimaláricos<br />

faz<strong>em</strong> desta enfermidade um autentico flagelo 6 . No país, mais de três milhões de<br />

habitantes estão sob risco de contrair a doença, a qual lidera a lista de end<strong>em</strong>ias nas 18<br />

províncias, com possibilidades de surtos epidémicos <strong>em</strong> algumas delas. Observando-se<br />

um aumento da transmissão durante a estação de chuva com picos entre os meses de<br />

Janeiro e Maio 6 . Por ord<strong>em</strong> decrescente, as taxas de mortalidade são elevadas nas<br />

províncias de Luanda (55%), Benguela (55%), Bié (55%), Zaire (55%), Cabinda<br />

(28%), Malanje (28%), Moxico (17%) e Kuando Kubango (17%) 6 .<br />

A Organização Mundial de Saúde (OMS) 1 a partir de 1992, t<strong>em</strong> desenvolvido<br />

uma estratégia que culminou, <strong>em</strong> Abril de 2000, com a assinatura da Declaração de<br />

Chefes de Estado <strong>em</strong> Abudja, que orienta para o desenvolvimento de uma iniciativa de<br />

“Fazer Recuar o paludismo no Continente Africano” até ao ano 2030. 1,2 A estratégia<br />

t<strong>em</strong> por meta fazer com que a malária nos próximos 25 anos deixe de ser um probl<strong>em</strong>a<br />

de saúde pública para a África. Os países que subscreveram a declaração já<br />

impl<strong>em</strong>entaram e estão a desenvolver a estratégia com diversas formas de prevenção e<br />

tratamento para diminuir <strong>em</strong> metade o número de óbitos por malária até o ano 2010. 1,2<br />

Em Angola, o desenvolvimento dessa estratégia consiste na informação, educação,<br />

comunicação, combate as águas estagnadas e luta anti larva, uso de mosquiteiros<br />

impregnados por todas as famílias e principalmente para as mulheres grávidas e<br />

crianças, uso de insecticidas nas residências, saneamento básico ao meio, água potável<br />

na comunidade, recolha do lixo e queima e identificação de áreas de risco 6 .<br />

Em Angola foram identificados vários vectores da malária, sendo os mais<br />

agressivos os Anopheles gambiae, o Anopheles funestus e o Anopheles melas. 6 Nas<br />

regiões de maior transmissão (Cabinda, Uíge, Malange, Kuanza Norte, Lunda Norte e


19<br />

Lunda Sul), predominam o A. funestus e A. gambiae, que apresentam maior<br />

agressividade, tanto <strong>em</strong> termos de picada, como quanto à adaptação às condições do<br />

meio ambiente 6 . O A. melas predomina, sobretudo nas regiões litorais e t<strong>em</strong> menor<br />

agressividade. 6<br />

O parasita responsável pela malária ou paludismo é designado por<br />

Plasmodium e <strong>em</strong> Angola estão identificadas três espécies implicadas na transmissão<br />

da malária: Plasmodium falciparum (92%), Plasmodium vivax (7%), Plasmodium<br />

malariae (1%). Considerando a heterogeneidade das características de transmissão da<br />

malária no país, exist<strong>em</strong> estratos populacionais com variados índices de população<br />

infectada. 6 O fardo da infecção por malária durante a gravidez é causado<br />

principalmente por Plasmodium falciparum, a espécie mais grave e corrente <strong>em</strong> África.<br />

O impacto dos outros três parasitas do paludismo humano (P. vivax, P. malariae e P.<br />

ovale) é menos evidente 6 , na literatura revisada na sua maioria, os casos de transmissão<br />

vertical é por P.falciparum. 7,20-23<br />

1.2 Biologia do plasmodio ciclo de transmissão da malária e quadro clinico<br />

A malária é uma doença parasitária, causada por protozoário do género<br />

Plasmodium, caracterizada por calafrios e febre intermitente. 12,13,24<br />

A fêmea do<br />

mosquito Anopheles é a responsável pela transmissão da doença através da inoculação<br />

do parasita (plasmódio) no sangue do hom<strong>em</strong>. 18-20,24<br />

A transmissão dos microrganismos responsáveis pela malária humana<br />

ocorre pela picada do mosquito, muito <strong>em</strong>bora possa ser transmitido por via<br />

transplacentária, por uso de sangue ou h<strong>em</strong>oderivados contaminados e o uso de<br />

9,10,11, 25,26<br />

seringas e agulhas contaminadas


20<br />

Não exist<strong>em</strong> evidências de que a infecção no feto ocorra na forma de<br />

esporozoítos. Os parasitas, na forma de esporozoítos, ao ser<strong>em</strong> inoculados juntos com a<br />

saliva do vector (hospedeiro definitivo) alcançam a corrente sanguínea do ser humano<br />

(hospedeiro intermediário) e <strong>em</strong> menos de uma hora ader<strong>em</strong> e invad<strong>em</strong> o hepatócito<br />

(fase exoeritrocítica). Durante o período de incubação, que é de sete dias, os<br />

protozoários cresc<strong>em</strong> dentro das células hepáticas e potencialmente invad<strong>em</strong> as<br />

h<strong>em</strong>ácias, que são destruídas durante o processo de desenvolvimento do plasmódio,<br />

provocando as crises febris típicas da moléstia. A febre se apresenta sob a forma terça<br />

maligna (causada pelo Plasmodium falciparum), terça benigna (causada pelo P. vivax),<br />

quartã (causada pelo P. malariae) e oval (causada pelo P. ovale), podendo levar à<br />

morte. 20,21,27,28<br />

No caso do P. falciparum, cada esporozoíto dará orig<strong>em</strong> a até 40 mil<br />

merozoítos. 19,20,21 Nas infecções por P. vivax e P. ovale, a relação<br />

esporozoíto/merozoíto tissular é de 1:15.000 e nas infecções pelo P.maláriae<br />

1:12.000 19,20-27, No interior do hepatócito ocorre o processo de multiplicação por<br />

esquizogonia, e num período de 12 à 30 dias sa<strong>em</strong> dos mesmos (na forma de<br />

merozoítos tissulares) para aderir e invadir as h<strong>em</strong>ácias (fase eritrocítica). 20-22 Passando<br />

por um período de crescimento (trofozoíto) e multiplicação (esquizonte) no interior da<br />

h<strong>em</strong>ácia, eles dão orig<strong>em</strong> à esquizogonia eritrocítica, s<strong>em</strong>elhante à anterior. Nesta fase,<br />

porém, o processo consome de 28 à 72 horas e origina de oito a 32 merozoítos<br />

eritrocitários, números que variam de acordo com a espécie de plasmódio envolvido.<br />

Estes merozoítos vão infectar novos glóbulos vermelhos, prosseguido com o ciclo<br />

biológico. 19-21<br />

Após a ocorrência de algumas fases eritrocíticas, alguns parasitas<br />

diferenciam-se no interior da h<strong>em</strong>ácia <strong>em</strong> formas sexuadas (gametócitos) macho e


21<br />

fêmea. Estas formas sexuadas, por sua vez, pod<strong>em</strong> ser aspiradas com o sangue no<br />

momento da picada pelo mosquito, infectando-o. Em seu tubo digestivo os gametócitos<br />

dão orig<strong>em</strong> aos gametas macho e fêmea, que após a fecundação dão orig<strong>em</strong> ao oocineto<br />

que irá migrar através da parede do estômago do mosquito, dando orig<strong>em</strong> ao oocisto<br />

que se posiciona entre esta camada de células e sua m<strong>em</strong>brana basal. Quando o oocisto<br />

se rompe, os esporozoítos têm acesso à h<strong>em</strong>ocele, migrando para as glândulas salivares<br />

através da h<strong>em</strong>olinfa. Algumas espécies de parasitas, entre elas P. vivax e P. ovale.<br />

apresentam formas que ficam latentes na célula hepática (hipnozoíto) 20,21,27<br />

O t<strong>em</strong>po e o mecanismo exacto responsável pela transmissão vertical da<br />

malária, não esta b<strong>em</strong> esclarecido, admitindo-se que são vários os factores que ag<strong>em</strong><br />

dependendo do estado imune da mãe, tais como a separação pr<strong>em</strong>atura da placenta, a<br />

possível transfusão de sangue da mãe para a circulação fetal, também se diz que os<br />

parasitas pod<strong>em</strong> passar directamente ao liquido amniótico durante a gravidez, ou<br />

quando a barreira placentar esta lesionada. 10,28-32<br />

A principal característica clínica das quatro formas de malária é a febre, à<br />

qual se associam frequent<strong>em</strong>ente arrepios de frio, cefaleias, náuseas, vómitos, diarreia,<br />

tosse, mialgias, lombalgias e hipersudorese, a forma mais grave da malária é a terça<br />

maligna 20,21,27,33<br />

As outras formas de malária humana vivax ou “febre terça benigna”,<br />

malariae ou “febre quartã” e ovale geralmente não são letais, excepto <strong>em</strong> latentes,<br />

crianças jovens, idosos e imunodeprimidos. Essas formas têm maior tendência para a<br />

cronicidade, sobretudo as infecções por Plasmodium malariae. O quadro clínico<br />

caracteriza-se por ciclos de febre, calafrios e hipersudorese, que se repet<strong>em</strong><br />

diariamente, <strong>em</strong> dias alternados ou com intervalos de três dias. 20,21,28,34


22<br />

Nas gestantes, os principais sinais de sintomas são a presença de febres,<br />

arrepios de frio, queixas de cefaléias, náuseas, vómitos, diarreia, tosse, mialgias,<br />

lombalgias e hipersudorese. 4,7,10,26,35 nos casos mais graves as pacientes apresentam-se<br />

<strong>em</strong> coma com convulsões, choque ou colapso circulatório, pressão sistólica baixa<br />

(


23<br />

Em zonas de epid<strong>em</strong>ia ou transmissão fraca (instável) da malária as gestantes não<br />

adquiriram níveis importantes de imunidade e normalmente ficam doentes quando<br />

infectadas com malária por P. Falciparum. 7,9,11,40,41<br />

Os principais sinais de sintomas de malária nas gestantes são a presença de<br />

febres, arrepios de frio, queixas de cefaleias, náuseas, vómitos, diarreia, tosse, mialgias,<br />

lombalgias e hipersudorese. 4,7,10,26 nos casos mais graves as pacientes apresentam-se<br />

<strong>em</strong> coma com convulsões, choque ou colapso circulatório, pressão sistólica baixa<br />

(


24<br />

Num estudo de comparação de trabalhos de vários países para determinar a<br />

prevalência da parasit<strong>em</strong>ia na infecção congénita por malária Fischer, 13 observou uma<br />

variação de 29% na Zambia, 8% na Papua New Guinea e 11% no Zaire.<br />

Muito se t<strong>em</strong> investido para o controle da malária <strong>em</strong> Angola com acções<br />

de controlo da doença, como educação comunitária, prevenção com o uso de<br />

mosquiteiros, luta anti vectorial. Organismos internacionais como a Organização<br />

Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), Fundo<br />

Global, Agência Internacional dos Estados Unidos da América (USAID), Agência<br />

Internacional de Cooperação Japonesa (JICA), Banco Mundial, Programa das Nações<br />

Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD), Roll Back Malária/Fazer Recuar o<br />

Paludismo (RBM/FRP), Organizações não Governamentais (ONG) nacionais e<br />

internacionais, têm tomado iniciativas, com apoio técnico e financeiro para o controlo<br />

visando que a malária nos próximos 25 anos deixe de ser um probl<strong>em</strong>a de saúde<br />

pública. A despeito de inquéritos realizados <strong>em</strong> países desse continente atestar<strong>em</strong> a<br />

transmissão materno-fetal, a ocorrência do probl<strong>em</strong>a <strong>em</strong> Angola ainda é desconhecida.<br />

Sendo assim, torna-se imperativo investigar a presença de malária congénita, assim<br />

como, conhecer a frequência; e as características clínicas de gestantes e recém-nascidos<br />

para abordagens que melhor<strong>em</strong> a prevenção, precocidade de diagnóstico e o seu<br />

prognóstico <strong>em</strong> curto e longo prazo, minimizando a frequência de sequelas.<br />

Por outro lado, a identificação de factores associados com o risco de<br />

transmissão materno-fetal pode permitir o reconhecimento precoce de gestantes e<br />

recém-nascidos que careçam de cuidados médicos diferenciados, b<strong>em</strong> como o<br />

desenvolvimento de estratégias adequadas para o grupo materno infantil pelo Programa<br />

Nacional de Combate à Malária (PNCM) <strong>em</strong> Angola.


25<br />

Este estudo é, portanto, pioneiro para o conhecimento da magnitude do probl<strong>em</strong>a,<br />

assim como os factores associados à transmissão vertical da doença, podendo auxiliar<br />

na definição de políticas voltadas ao grupo materno infantil <strong>em</strong> Angola.<br />

Segue-se o modelo teórico explicativo da Associação entre Condições Socioeconómicas<br />

e Factores Associados a transmissão vertical da malária (Figura1).


26<br />

Figura 1. Modelo Preditivo da Associação entre Condições Socio-económicas e Factores Associados à Malária<br />

Congénita<br />

Condições Socio-económicas Adversas<br />

Acesso Limitado aos Serviços de Educação e<br />

Saúde, devido aos 30 anos de guerra civil <strong>em</strong><br />

Angola<br />

Recursos Humanos e<br />

Materiais Ineficientes<br />

Deficiência Assistencial dos<br />

Serviços de Saúde Utilização de<br />

Fármacos Inadequados e Falta de<br />

Fármacos<br />

Condições Ambientais Desfavoráveis<br />

Moradia precária, carência de saneamento básico e<br />

colecta de lixo deficiente, aglomerados de lixos e<br />

pessoas, falta de água potável<br />

Baixa<br />

escolaridade<br />

materna<br />

Conhecimento sobre<br />

Malária<br />

Falta de acesso aos<br />

serviços de saúde<br />

Pobreza das<br />

famílias<br />

Variáveis Biológicas<br />

Maternas<br />

Idade da Mãe e<br />

Paridade<br />

Carga parasitária,<br />

Tipo de plasmódio<br />

Resposta<br />

imune<br />

Desnutrição<br />

Materna<br />

Altos níveis de<br />

prevalência de<br />

malária<br />

Malária Materna<br />

Malária Congénita<br />

Pr<strong>em</strong>aturidade, baixo peso,<br />

outras complicações do RN


1<br />

II OBJECTIVOS<br />

2.1 Objectivo geral<br />

Determinar a frequência da transmissão vertical da malária congênita e<br />

investigar fatores associados à transmissão materno-fetal na MLP, <strong>em</strong> Angola, no<br />

período de Junho a Agosto de 2007.<br />

2.2 Objectivo específicos<br />

1-Descrever as principais características sócio-d<strong>em</strong>ográficas das mães<br />

estudadas;<br />

2-Determinar a frequência de transmissão materno-fetal e a carga parasitária<br />

(média e mediana) <strong>em</strong> amostras de sangue da mãe, da placenta, do cordão umbilical e<br />

do recém-nascido;<br />

3-Investigar fatores maternos e dos recém-nascidos associados à ocorrência<br />

de malária congênita.


2<br />

III MÉTODOS<br />

3.1 Desenho do estudo<br />

O desenho de estudo foi de corte transversal de base hospitalar.<br />

3.2 Local do estudo<br />

O estudo foi realizado na MLP, <strong>em</strong> Angola, que está localizada no<br />

município das Ingombotas, bairro do Maculusso Sagrada Família. A República de<br />

Angola situa-se na Costa Ocidental da África Austral, possui uma superfície de<br />

1.246.700 Km 2 e uma população estimada <strong>em</strong> 15.116.000 de habitantes, 46 É banhada a<br />

oeste pelo Oceano Atlântico, confina a Norte com a República do Congo e República<br />

D<strong>em</strong>ocrática do Congo, a Leste faz fronteira com República D<strong>em</strong>ocrática do Congo e<br />

República da Zâmbia, a sul República da Namíbia. Luanda é a cidade capital do país<br />

onde está concentrada a maior parte da população devido à insegurança e instabilidade<br />

que reinou durante os trinta anos de guerra civil.<br />

A MLP é um hospital escola da Faculdade de Medicina da Universidade Dr.<br />

António Agostinho Neto da República de Angola. A MLP atende parturientes de todos<br />

os estratos sociais, na sua maioria de raça negra e provenientes de todas as províncias<br />

do país. Em 2007, este serviço realizou 21.035 partos e atendeu 19.855 recém-nascidos<br />

(RNs) de diferentes patologias (registo do livro de protocolo do hospital).<br />

3.3 População do estudo<br />

Gestantes parturientes e seus RN (vivos) com peso ao nascer ≥500g,<br />

admitidas no serviço no período do estudo.<br />

3.4 Período do estudo


3<br />

O estudo foi realizado de 2006 à 2007, a colheita foi feita de Junho a Agosto<br />

de 2007.<br />

3.5 Amostra<br />

O tamanho da amostra foi calculado com base nos seguintes parâmetros:<br />

prevalência de malária no recém-nascido de 5%, de acordo com estudo prévio realizado<br />

<strong>em</strong> cinco países da África, 13 Intervalo de Confiança de 95% e erro padrão de 3%,<br />

obtendo-se um n=500 pares de gestantes e seus recém-nascidos. Para tal utilizou-se o<br />

módulo STATCALC do programa EpiINFO, versão 6.04d.<br />

3.6 Selecção de participantes<br />

Realizou-se selecção sequencial das parturientes na triag<strong>em</strong> do Banco de<br />

Urgência da MPL, no período referente ao estudo. As participantes foram seleccionadas<br />

segundo os critérios elegíveis das parturientes na triag<strong>em</strong> do Banco de Urgência por<br />

ocasião do parto na MLP. A partir da identificação, as mesmas foram informadas acerca<br />

dos objectivos, do carácter confidencial das informações obtidas para o estudo e só<br />

então convidadas a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido<br />

(APÊNDECE 1). A (figura 2) resume esse processo.


4<br />

3.6.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO<br />

Critério de inclusão: gestantes parturientes e seus respectivos recém-nascidos (vivos)<br />

com peso ao nascer> /500g que nascess<strong>em</strong> na M.L.Paim durante o período do estudo.<br />

Assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice 3).<br />

Critério de exclusão: gestantes impossibilitadas de responder ao questionário por<br />

doença do fórum psiquiátrico, <strong>em</strong> coma e/ ou outra cognitivos visíveis que<br />

impossibilitass<strong>em</strong> seu discurso durante a realização da entrevista. (Apêndice3).


5<br />

3.7.FLUXOGRAMA DE CAPTAÇÃO DE PARTICIPANTES<br />

SALA DE TRIAGEM DO<br />

BANCO DE URGENCIA<br />

(MLP)<br />

Não elegíveis N= 1<br />

Elegíveis N= 500<br />

• Avaliação da situação da<br />

mãe e recém-nascido<br />

• Enfermeira do sector<br />

realiza a entrevista<br />

• Técnico de laboratório<br />

colhe a amostra de sangue<br />

• Termo de Consentimento<br />

Livre e Esclarecido<br />

SALA DE PARTO<br />

• Enfermeira parteira faz o parto<br />

e mede o Apgar (1º minuto)<br />

• Técnico do laboratório: faz a<br />

colheita de sangue, placenta,<br />

cordão umbilical<br />

BERÇÁRIOS<br />

• Técnica de laboratório faz a<br />

colheita de sangue periférico do<br />

recém-nascido<br />

• Pesquisadora observação nas<br />

primeiras 12 horas


6<br />

3.8 Definição operacional de termos e variáveis<br />

Variáveis dependentes<br />

Malária materna: variável nominal dicotómica (positivo ou negativo). Definida pela<br />

detecção de formas assexuadas do parasito <strong>em</strong> lâminas de sangue periférico (gota<br />

espessa - GE) e esfregaço da mãe.<br />

Malária no recém-nascido: variável nominal dicotómica (sim ou não). Definida pela<br />

detecção de formas assexuadas do parasito <strong>em</strong> lâminas no sangue periférico (gota<br />

espessa) e esfregaço do recém-nascido.<br />

Parasitária: variável numérica defendida pela detecção de formas assexuadas no<br />

esfregaço de sangue por 10 campos.<br />

Variáveis independentes<br />

Variáveis maternas<br />

Idade – variável numérica, continua, expressa <strong>em</strong> anos <strong>completo</strong>s no dia da entrevista.<br />

Procedência – variável nominal, policôtomática expressa pelo município de residência<br />

da paciente no último mês (vide questionário de avaliação).<br />

Escolaridade – variável numérica, expressa <strong>em</strong> número de anos <strong>completo</strong>s de<br />

estudados e aprovados, conforme informação da paciente.<br />

Situação conjugal – variável policôtomica caracterizada pelo estado civil segundo as<br />

normas do código civil vigente <strong>em</strong> Angola (casada, solteira, divorciada, viúva, união<br />

estável).<br />

Idade gestacional – variável numérica, continua <strong>em</strong> número de s<strong>em</strong>anas de gestação,<br />

calculada pela data da última menstruação ou por ultra-sonografia.


7<br />

Variáveis relacionadas ao pré-natal e parto<br />

Pré-natal – variável numérica discreta caracterizada pelo número de consultas ou<br />

assistência recebida durante a gestação num serviço público ou privado (nenhuma<br />

consulta).<br />

Variáveis do parto<br />

Tipo de parto – variável categórica, dicotómica referente a via do parto (parto<br />

vaginal/cesariana).<br />

Número de partos – Variável numérica discreta caracterizada pela paridade, conforme<br />

informação da gestante ou informação no cartão, no caso das gestantes analfabetas.<br />

Variáveis do Recém-Nascido<br />

Sexo – variável nominal dicotómica (masculino/f<strong>em</strong>inino).<br />

Peso ao nascer – variável numérica, continua expressa <strong>em</strong> gramas (g), obtida pela<br />

pesag<strong>em</strong> do recém-nascido (R/N) <strong>em</strong> gramas <strong>em</strong> sala de partos <strong>em</strong> balança apropriada.<br />

Escores de Apgar – variável numérica ordinal, pontuação obtida pela avaliação de<br />

acordo com a escala de Apgar, variando entre 0 a 10.<br />

Variáveis Clínicas<br />

Icterícia – variável numérica ordinal, categorizada pelos RN apresentar<strong>em</strong> coloração<br />

amarela da pele, de acordo com avaliação clínica utilizando as zonas de Kramer: I –<br />

cabeça e pescoço, II – até ao umbigo, III – até a raiz da coxa, IV – pernas e braços, V –<br />

mãos e pés.<br />

An<strong>em</strong>ia – variável categórica caracterizada pelos RN apresentar<strong>em</strong> níveis de<br />

h<strong>em</strong>oglobina abaixo do normal dependendo do peso a nascer do RN conforme gráfico<br />

da curva normal. (pauta do IMIP)


8<br />

Pr<strong>em</strong>aturidade – variável moninal continua definida pela idade gestacional inferior<br />


9<br />

3.9 Procedimentos, testes, técnicas e exames<br />

A Gota Espessa (GE) foi o método de eleição para o diagnostico de malária, e foi obtida<br />

através de amostras de sangue periférico da gestante, sangue da placenta, cordão<br />

umbilical e sangue periférico do recém-nascido. A colheita de sangue periférico foi<br />

realizada por punção digital cerca de (50µ) de sangue da gestante e cerca (75µ) de<br />

sangue do recém-nascido, (2ml) de sangue da placenta e cordão umbilical <strong>em</strong> seringa<br />

descartável. Fez-se a confecção de gota espessa de sangue corada com corante de<br />

Gi<strong>em</strong>sa e examinada <strong>em</strong> aumento de mil vezes (<strong>em</strong> óleo de imersão), <strong>em</strong> microscópio<br />

universal. A espécie do plasmódio foi observada no esfregaço do sangue de todas as<br />

amostras. Para a realização da colheita do sangue da placenta e do cordão umbilical as<br />

técnicas de laboratório foram orientadas e treinadas, por um especialista <strong>em</strong><br />

Ginecologia e obstetrícia da MLP, acto realizado imediatamente após o nascimento do<br />

bebé, (parto normal ou por cesariana) o cordão umbilical foi pinçado e cortado. O bebé<br />

foi r<strong>em</strong>ovido da área para dar início a colheita; o cordão foi devidamente limpo com o<br />

auxílio de uma solução anticéptica, e <strong>em</strong> seguida foi inserida a agulha com a seringa<br />

descartável para a colheita dentro da veia umbilical e aspirou-se (2ml) de sangue, para a<br />

colheita na placenta inseriu-se uma agulha com seringa descartável numa veia b<strong>em</strong><br />

calibrada da placenta e aspirou-se (2ml) de sangue. Este procedimento durou<br />

aproximadamente de 2 à 4 minutos.<br />

É importante dizer, que para a realização desta pesquisa esteve um grupo específico de<br />

trabalho, de trinta e dois técnicos de saúde da MLP, entre médicas (os), enfermeiras,<br />

técnicas (os) de laboratório, vigilantes, catalogadoras, motoristas e <strong>em</strong>pregadas de<br />

limpeza, e não houve alteração na rotina hospitalar.<br />

3.9.1 Preparo da GE<br />

Separaram-se duas lâminas limpas, deixando-as <strong>em</strong> superfície plana e<br />

horizontal, escreveu-se na área fosca da lâmina o mesmo número de identificação da<br />

ficha de notificação. (Usou-se lápis grafite)<br />

Segurou-se a lâmina pelas bordas e colocou-se uma pequena gota de sangue <strong>em</strong> uma<br />

das extr<strong>em</strong>idades, espalhou-se o sangue <strong>em</strong> uma área, usando a extr<strong>em</strong>idade lateral<br />

de outra lâmina, deixou-se secar á t<strong>em</strong>peratura ambiente, colocou-se o corante de


10<br />

Gi<strong>em</strong>sa sobre a gota de sangue e deixou-se agir por aproximadamente 30 minutos<br />

Lavou-se a lâmina gentilmente com água corrente para retirar o excesso do corante.<br />

3.9.2 Preparo do esfregaço Delgado<br />

Para auxiliar o diagnostico da gota espessa, utilizou-se o esfregaço. Trabalhou-se sobre<br />

superfície plana e horizontal, escrevendo-se na área fosca de cada lâmina o mesmo<br />

número de identificação da ficha de notificação (com lápis grafite), colocamos<br />

aproximadamente cerca 10µL de sangue próximo a uma das extr<strong>em</strong>idades da lâmina,<br />

colocamos outra lâmina apoiada sobre a primeira, na frente da gota de sangue,<br />

formando um ângulo de 35º a 45º, fazendo com que o sangue se espalha-se por<br />

capilaridade na borda da lâmina inclinada, despendeu-se o sangue deslocando<br />

rapidamente a segunda lâmina sobre a primeira de modo a afasta-la da posição inicial<br />

até esgotar-se o volume de sangue (delgado), secamos o esfregaço imediatamente,<br />

segurou-se a lâmina pela borda onde foi feita a distensão sanguínea e agitou-se<br />

vigorosamente com a mão, fixou-se com metanol por 5 minutos, colocou-se o corante<br />

de Gi<strong>em</strong>sa sobre a gota de sangue e deixou-se agir por aproximadamente 20 minutos<br />

por fim lavou-se as lâminas gentilmente com água corrente para retirar o excesso do<br />

corante.<br />

3.9. 3 Colheita de dados<br />

A duração de colheita de dados foi de três meses. Os dados foram colhidos<br />

por enfermeiras parteiras da triag<strong>em</strong> do Banco de Urgência da MLP, previamente<br />

treinadas para o estudo.<br />

Informações sobre os antecedentes maternos foram obtidas por meio de um<br />

questionário padronizado (APÊNDICE 2) que foi aplicado no momento da admissão ou<br />

nas primeiras 12 horas após o parto, dependendo das condições clínicas da gestante


11<br />

(estágio do trabalho de parto, nível de consciência, etc.). Ainda no Banco de Urgência,<br />

foi colhido o sangue periférico das gestantes por punção digital para a gota espessa e<br />

esfregaço por técnicas do laboratório interno da MLP, previamente treinados para o<br />

estudo.<br />

Imediatamente após o parto, as condições de nascimento do RN foram<br />

avaliadas pela parteira utilizando (escore de Apgar no 1º e 5º minutos, peso) e do parto<br />

(tipo de parto e número de partos, gravidez única, gravidez g<strong>em</strong>elar) foram avaliadas e<br />

registradas <strong>em</strong> um formulário. Ao mesmo t<strong>em</strong>po, (2ml) de sangue da placenta foi<br />

aspirado <strong>em</strong> seringa descartável, e (2ml) de sangue foi aspirado da veia umbilical, O<br />

cordão umbilical foi limpo com álcool a 70% para evitar a mistura com sangue materno,<br />

segundo. 11<br />

As lâminas de gota espessa e esfregaço sanguíneo foram preparadas<br />

imediatamente após a colheita por técnico previamente treinado de acordo com método<br />

padronizado segundo. 47 Cada lâmina foi identificada e após secag<strong>em</strong> foi corada com<br />

Gi<strong>em</strong>sa segundo (anexo 2) Foi feita análise qualitativa das lâminas, sendo cada uma<br />

delas lida por microscopista experiente, que examinou um mínimo de 200campos antes<br />

de considerar o resultado negativo (ausência de trofozoítos ou formas assexuadas) e o<br />

controle de qualidade foi feito pelo laboratório nacional de saúde pública. Seguiram-se<br />

as técnicas laboratoriais padronizadas e validadas internacionalmente. Uma amostra<br />

aleatória foi reavaliada por um biologista experiente <strong>em</strong> malária, do centro de pesquisa<br />

Aggeu Magalhães da Fiocruz/Recife-PE<br />

Os dados clínicos do RN (presença de an<strong>em</strong>ia, icterícia, pr<strong>em</strong>aturidade, febre e<br />

necessidade transfusão sanguínea) foram obtidos nas primeiras 12 horas de vida por um<br />

profissional capacitado (Médico) e foram registados <strong>em</strong> formulário apropriado no<br />

serviço de urgência e registados <strong>em</strong> formulário, pré-codificado para entrada de dados<br />

(APÊNDICE 2). A pesquisadora esteve diariamente na sala de partos e no berçário para<br />

controlo da qualidade das informações, e examinar os recém-nascidos.


12<br />

Todos recém-nascidos foram pesados <strong>em</strong> balança digital Baby Table-<br />

50000K, graduada <strong>em</strong> gramas (g). Foi-lhes aplicado o escore somático.<br />

Antes do início do estudo, foi realizada a apresentação do projecto para<br />

todos os m<strong>em</strong>bros envolvidos na pesquisa, a fim de detectar e resolver potenciais<br />

dificuldades práticas. Foi realizada uma sessão de refinamento da entrevista,<br />

consentimento informado, acesso ao processo clínico/prontuário e exame físico do RN.<br />

Realizou-se dois estudos pilotos, e as falhas de técnicas laboratoriais, foram corrigidas<br />

com o refinamento dado por professoras de imunologia do centro de pesquisa Aggeu<br />

Magalhães/Fiocruz Recife-PE,<br />

Para este estudo também foram elaborados, um manual de entrevista e um<br />

manual laboratorial de diagnostico. (APÊNDICES 3 e 4).<br />

O questionário foi inicialmente testado sob supervisão da pesquisadora e a<br />

qualidade das entrevistas foi periodicamente avaliada pela pesquisadora.<br />

3.10 Limitações metodológicas<br />

A principal limitação metodológica se refere ao desenho do estudo de base<br />

hospitalar. A população que procura os serviços t<strong>em</strong> chances de ter nuances diferentes<br />

da população geral quanto às características clínicas do evento de saúde que motivou o<br />

internamento, às características socio-económicas, ao acesso aos serviços de saúde e,<br />

igualmente, quanto ao risco de doença.<br />

O segundo possível probl<strong>em</strong>a consiste no fato da população do estudo não se<br />

tratar de uma amostra aleatória daquela atendida no período, podendo ter gerado um<br />

viés de selecção.<br />

Sendo assim, não será possível inferir os resultados à população de gestantes<br />

de Luanda.


13<br />

3.11 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE DADOS<br />

4.11.1. Processamento dos dados<br />

Os dados foram colhidos <strong>em</strong> um formulário preestabelecido (APÊNDICE 2), onde<br />

constaram as variáveis estudadas de cada participante para alimentação do banco de<br />

dados no computador, e foram digitados <strong>em</strong> duplicado no programa Epi-Info 3.3.2.<strong>em</strong><br />

dupla entrada, por pessoas diferentes. No final foi obtida uma listag<strong>em</strong> dos dois bancos<br />

para comparação e correlação de possíveis erros de digitação, formulário por<br />

formulário, sob supervisão da pesquisadora.<br />

Para a descrição da frequência da malária <strong>em</strong> gestantes e seus RNs, foram calculadas<br />

prevalência e o intervalo de confiança de 95%. Em seguida foram construídas tabelas de<br />

distribuição de frequência, calculadas as medidas de tendência central: média ou<br />

mediana, e de dispersão, desvio-padrão e distância interquartil, conforme a distribuição<br />

gaussiana para as variáveis contínuas.<br />

A significância das associações entre as variáveis dicotómicas ou<br />

categóricas foi testada pelo teste do Qui-quadrado. As associações entre a variável<br />

resposta (malária no RN) e os factores investigados (variáveis independentes) foram<br />

estimadas pelo cálculo do Odds ratio, o Intervalo de Confiança de 95% e o valor de p, a<br />

um nível de 5%. A entrada e análise dos dados foi realizada por meio do programa Epi-<br />

Info 3.3.2. e o módulo Epitable do programa Epi-Info 6.04d.


14<br />

IV ASPECTOS ÉTICOS<br />

Esta pesquisa atendeu aos postulados internacionais e nacionais da<br />

declaração de Helsínquia, <strong>em</strong>endada <strong>em</strong> Hong-Kong, <strong>em</strong> 1989 e seguiu os termos<br />

preconizados pelo Conselho Nacional de Saúde do Brasil (portaria 196/1996) para<br />

pesquisa <strong>em</strong> seres humanos.<br />

Obteve aprovação do Comité de Ética <strong>em</strong> Pesquisa <strong>em</strong> seres humanos da<br />

Ord<strong>em</strong> dos Médicos de Angola (Conselho regional Norte), do médico responsável pela<br />

área clínica da MLP, aprovação do Comité de Ética <strong>em</strong> Pesquisa <strong>em</strong> seres humanos do<br />

Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP), b<strong>em</strong> como do Conselho<br />

Nacional de Saúde do Brasil (portaria 196/1996) para pesquisa <strong>em</strong> seres humanos<br />

(ANEXOS 1, 2, 3,4 e 5).<br />

A colheita de dados só iniciou após a aprovação do estudo por todas essas<br />

instâncias, b<strong>em</strong> como após obtenção por escrito do Termo de Consentimento Livre e<br />

Esclarecido junto às participantes (APÊNDICE 1). Não foram introduzidas quaisquer<br />

alterações da rotina hospitalar.<br />

As participantes foram entrevistadas na triag<strong>em</strong> do Banco de Urgência, <strong>em</strong><br />

local onde se assegurou confidencialidade. Entretanto, as questões que foram feitas não<br />

foram constrangedoras às participantes. As informações colhidas entram codificadas no<br />

banco de dados a fim de evitar identificação dos nomes das pacientes e não se tornarão<br />

de domínio público. Acesso aos questionários e ao banco de dados são restritos a<br />

pesquisadora principal e às supervisoras da pesquisa. Os dados laboratoriais foram<br />

preservados no que se refere à confidencialidade e tiveram acesso restrito.<br />

Todos os RNs cujos resultados dos exames de gota espessa foi positivo<br />

tiveram o diagnóstico confirmado de malária. Dependendo do estado geral, alguns


15<br />

foram internados no berçário da MLP para tratamento segundo o protocolo do PNCM /<br />

OMS e utilizado no serviço, enquanto outros foram tratados <strong>em</strong> ambulatório.


16<br />

V RESULTADOS<br />

No período de estudo, foram admitidas no serviço aproximadamente 3.250<br />

parturientes. Destas, 500 gestantes (2,37%) e seus 507 RNs (2,5%) participaram do<br />

estudo e nenhuma das díades foi excluída. Quanto ao tipo de gestação, 499 foram<br />

únicas, 8 pares de g<strong>em</strong>elares. Um dos pares de g<strong>em</strong>elare foi natimorto e foi excluído do<br />

estudo. A Tabela 1 apresenta as principais características sócio-d<strong>em</strong>ográficas da<br />

população de estudo. A média de idade <strong>em</strong> anos das gestantes foi 25,4 ± 6,4, variando<br />

entre 15 e 45 anos. A maioria da população era da raça negra, tinha cinco a oito anos de<br />

escolaridade e era procedente de Luanda. Quanto à situação conjugal, mais de 50% era<br />

solteira e 42% era casada ou tinha união estável.


17<br />

Tabela 1: Características sócio-d<strong>em</strong>ográficas das mães estudadas. Maternidade Lucrécia Piam,<br />

Angola, Junho a Agosto de 2007<br />

Características (n=500)<br />

Média de idade <strong>em</strong> anos (desvio padrão) 25, 4± 6,4<br />

Escolaridade<br />

Nunca estudou 71 (14,2%)<br />

Alfabetização 7 (1,4%)<br />

1 a 4 anos de estudo 22 (4,4%)<br />

5 a 8 anos 296 (24,6%)<br />

9-12 anos 94 (18,8%)<br />

> de 12 anos 10 (2,0%)<br />

Procedência<br />

Luanda 498 (99,2%)<br />

Outras províncias 2 (0,4%)<br />

Raça<br />

Negra 480 (96,2%)<br />

Mista 19 (3,8%)<br />

Situação conjugal<br />

Casada/união estável 208 (41,6%)<br />

Solteira 218 (56,2%)<br />

Divorciada 4 (0,8%)<br />

Não informou 7 (1,4%)<br />

Gravidez<br />

Única 492 (98,4%)<br />

G<strong>em</strong>elar 8 (0,6%)<br />

Das 500 mulheres estudadas, 22 (4,4%) tiveram amostras do sangue periférico positivas<br />

para malária por Plasmodium. falciparum. Entre as positivas, detectou-se parasit<strong>em</strong>ia<br />

<strong>em</strong> 100% das amostras da placenta, do cordão umbilical e do recém-nascido. Entre as<br />

negativas, não foi constatada parasit<strong>em</strong>ia <strong>em</strong> nenhuma das amostras da placenta, cordão<br />

e dos recém-nascidos. Das 22 gestantes com parasit<strong>em</strong>ia, 17 informaram na entrevista<br />

que não tinham tido malária durante essa gravidez.<br />

A Tabela 2 apresenta os resultados referentes à malária no recém-nascido, segundo as<br />

características sócio-d<strong>em</strong>ográficas maternas. Com relação às características maternas<br />

relacionadas à transmissão materno-fetal da malária, observou-se que as mulheres que<br />

não realizaram o pré-natal tiveram quase cinco vezes mais chances de transmitir malária


18<br />

ao concepto comparadas às que haviam realizado (p=0,018). Igualmente, a não<br />

realização da profilaxia durante a gestação constituiu um risco de malária no concepto<br />

três vezes mais elevado quando comparadas às que informaram não ter se submetido ao<br />

tratamento (p=0,021). Não houve associação estatisticamente significante entre malária<br />

congénita e idade da mãe, número de consultas de pré-natal e relato de malária durante a<br />

gravidez. Constatou-se uma tendência de redução das chances de malária no recémnascido<br />

com o aumento da paridade da gestante (χ2 de tendência=5,028; p=0,024)<br />

(Tabela 2).<br />

Tabela 2. Frequência de transmissão materno-fetal de malária segundo características<br />

sócio-d<strong>em</strong>ográficas maternas. Maternidade Central de Luanda, Angola, 2007.<br />

Malária no Recém-nascido<br />

Características<br />

Sim Não<br />

Maternas N % n %<br />

Idade (anos)<br />

OR IC 95% valor<br />

de p<br />

15 – 19 14 5,8 228 94,2 1,00<br />

≥20 8 3,1 253 96,9 0,51 0,21-1,25 0,142<br />

Número de Partos<br />

Primípara 10 6,9 135 93,1 1,00<br />

2-3 11 4,2 249 95,8 0,60 0,23-1,56 0,246<br />

>3 Partos 1 1,0 101 99,0 0,13 0,01-1,04 0,056<br />

Pré-natal<br />

Sim 19 3,9 470 96,1 1,00<br />

Não 3 16,7 15 83,3 4,95 1,31-18,6 0,018<br />

Número de consultas de pré-natal<br />

1-3 3 3.2 92 96.8 1,00<br />

4-6 5 2.5 194 97.5 0,79 0,18-3,38 0,751<br />

>6 14 6.6 199 93.4 2,15 0,60-7,79 0,236<br />

Profilaxia para malária<br />

Sim 15 3,4 420 96,6 1,00<br />

Não 7 9,7 65 90,3 3,01 1,18-7,67 0,021<br />

Malária na gravidez<br />

Não 6 3,5 166 96,5 1,00<br />

Sim 16 4,8 318 95,2 1,18 0,60-2,31 0,631<br />

Quanto às características do parto e do recém-nascido associadas à ocorrência de<br />

transmissão materno-fetal, não se constatou associação estatisticamente significante<br />

com nenhuma das variáveis investigadas (Tabela 3). Da mesma forma, não foram


19<br />

identificadas características dos recém-nascidos, estatisticamente associadas à malária<br />

congénita.<br />

Tabela 3. Frequência de transmissão materno-fetal de malária segundo características<br />

do parto e do recém-nascido. Maternidade Lucrécia Paim, Angola, 2007.<br />

Malária no recém-nascido<br />

Características<br />

Sim<br />

Não<br />

do recém-nascido N % N %<br />

OR IC de 95% Valor<br />

de p<br />

Gravidez<br />

Única 21 4,3 469 95,7 1,00<br />

G<strong>em</strong>elar 1 5,9 16 94,1 1,40 0,17-11,03 0,752<br />

Tipo de parto<br />

Normal 21 4,9 403 95,1 1,00<br />

Cesareana 1 98,8 82 98,8 0,23 0,16-0,031 0,159<br />

Idade gestacional<br />

(<strong>em</strong> s<strong>em</strong>anas)<br />

≤37 2 8,0 23 92,0 1,00<br />

> 37 20 4,2 462 95,8 0,50 0,37-0,11 0,366<br />

Peso ao nascer (g)<br />

3.500 3 3,4 86 96,7 0,54 0,12-2,50 0,432<br />

Sexo<br />

Masculino 13 5,6 219 94,4 1,00<br />

F<strong>em</strong>inino 9 3,3 266 96,7 0,57 0,24-1,36 0,205<br />

Apgar 1<br />

≤ 7 10 3,51 275 96,5 1,00<br />

>7 12 5,41 210 94,6 1,57 0,67-3,71 0,302<br />

Apgar 5´<br />

≤ 7 6 4,3 133 95,7 1,00<br />

> 7 16 4,3 352 95,6 1,00 0,39-2,63 0,988<br />

Quanto às manifestações clínicas observadas nas primeiras 12 horas de vida, entre os 22<br />

recém-nascidos que apresentaram parasit<strong>em</strong>ia positiva, constatou-se que seis deles<br />

(27,3%) apresentaram febre e um (4,5%) apresentou an<strong>em</strong>ia grave (Hb


20<br />

com diagnóstico de infecção por malária congénita, o peso variou de 1.650 à<br />

3.600gramas, e entre eles somente quatro tinham peso inferior 2500gramas, e eram de<br />

partos pr<strong>em</strong>aturos de trinta e quatro s<strong>em</strong>anas.<br />

Treze recém-nascidos eram do sexo masculino e nove do sexo f<strong>em</strong>inino.<br />

Apenas um dos casos foi de parto por cesariana.<br />

O exame físico feito nas primeiras 12 horas de vida constatou que, cinco RN<br />

apresentaram febre, e uma an<strong>em</strong>ia grave (Hb


21<br />

VI DISCUSSÃO<br />

Os resultados desse estudo suger<strong>em</strong> fort<strong>em</strong>ente a existência de transmissão<br />

materno-fetal da malária, <strong>em</strong> Angola, pois o desenho <strong>em</strong>pregado, que incluiu a coleta<br />

concomitante de amostras de sangue da placenta, do cordão e do recém-nascido logo<br />

após o nascimento, permitiu verificar a presença dos parasitos no pós-parto imediato. A<br />

prevalência encontrada, de 4,3% no cordão umbilical, reforça os achados encontrados<br />

por outros pesquisadores 26,48-53, Questiona-se se o feto é infectado intra-útero ou durante<br />

o trabalho de parto via transfusão materno-fetal. Considerando o período entre a<br />

infecção pelo parasito até o seu surgimento na corrente circulatória que é <strong>em</strong> torno de<br />

sete dias para o Plasmodium falciparum, e o fato da parasit<strong>em</strong>ia nos recém-nascidos ter<br />

sido detectada nas primeiras 12 horas de vida, é r<strong>em</strong>ota a possibilidade da infecção por<br />

malária ter ocorrido durante o parto. A malária congénita, apesar de incomum, apresenta<br />

taxa de ocorrência variável, 0,3 à 33%, a qual v<strong>em</strong> aumentando tanto <strong>em</strong> áreas<br />

endémicas como não endémicas. 3,7,22,54-55<br />

A prevalência de 4,4% de parasit<strong>em</strong>ia nas<br />

gestantes encontrada foi s<strong>em</strong>elhante a observada por Fisher, 13 na Nigéria .Mais porém<br />

considera-se uma baixa prevalência <strong>em</strong> relação a prevalência encontrada por Richard et,<br />

el 5 num estudo de revisão de vários países no Kenya num estudo a prevalência foi de<br />

10% e no outro estudo a prevalência foi de 23%, nos Camarões a prevalência foi de<br />

57,8%, no Malawi um estudo a prevalência foi de 39% e noutros estudos a prevalência<br />

foi de 37%, 22% e 19,0%, <strong>em</strong> Burkina Faso a prevalência foi de19%, e <strong>em</strong><br />

Moçambique a prevalência foi de 6%. – Estas diferenças que ocorr<strong>em</strong> são ainda pouco<br />

esclarecidas, porém pod<strong>em</strong> estar relacionadas com diversos factores como:<br />

características de cada grupo populacional; meio ambiente uso rotineiro de<br />

quimioprofilaxia no pré-natal; aumento da resistência do P. falciparum as


22<br />

drogas antimaláricas; condições do parto; factores imunológicos da gestante e do RN,<br />

paridade; HIV e outros factores que pod<strong>em</strong> influenciar a transmissão dos parasitas da<br />

mãe para o feto. 3,8,10,39<br />

A escassez <strong>em</strong> Angola de estudos sobre malária congénita levou a realização desta<br />

pesquisa que teve como um dos principais objectivos determinar melhor a situação da<br />

transmissão da parasit<strong>em</strong>ia da mãe para o concepto.<br />

A baixa ocorrência de malária nas gestantes que participaram do estudo<br />

pode estar possivelmente relacionada à a elevada a cobertura de profilaxia antimalárica<br />

observada no grupo, além da utilização do mosquiteiro impregnado, que é uma das<br />

medidas recomendadas pela OMS 1<br />

e que nos últimos anos com o apoio do<br />

PNCM/MINSA, t<strong>em</strong> sido extensivamente utilizado pela população do pais<br />

Apesar da alta parasit<strong>em</strong>ia encontrada nas parturientes e nos RN neste<br />

estudo, houve baixa frequência de sinais e sintimas da doença. Esse achado esta de<br />

acordo com outros estudos anterior<strong>em</strong>ente realizados 2,11,28,29 e suportam a hipótese de<br />

que pessoas que viv<strong>em</strong> nas zonas endémicas, desenvolv<strong>em</strong> imunidade e por isso,<br />

mesmo durante a gravidez, a infecção por P. falciparum não resulta normalmente <strong>em</strong><br />

febre ou outros sintomas clínicos maternos como no recém nascido. Diante disso,<br />

conclui-se que <strong>em</strong> áreas de alta end<strong>em</strong>icidade, como Angola, o exame clinico, devido a<br />

sua baixa sensibilidade, não se apresenta com o método diagnostico adequado para o<br />

diagnostico precoce da malária no recém-nascido e ressalta-se a importancia do<br />

diagnostico laboratorial (gota espessa) na detecção precoce da infecção nessa<br />

população.<br />

A análise revelou que a realização de pré-natal e a profilaxia para malária<br />

na gestação foram factores de protecção para a transmissão de malária para o recém-


23<br />

nascido, sugerindo a importância dessas medidas para a prevenção da doença nesse<br />

grupo. Nos recém-nascidos, a ocorrência de malária congénita não esteve associada a<br />

nenhuma das características investigadas. Facto esse não encontrado na literatura<br />

consultada.<br />

Neste estudo, os vinte e dois casos de infecção por malária nos RN foram<br />

causados por P. falciparum com 4,3% de prevalência e o diagnóstico feito nas primeiras<br />

12 horas de vida, no controle de qualidade todas as amostras positivas se confirmaram<br />

positivas. Desta forma, pode-se confirmar não só a hipótese da existência de malária<br />

congénita <strong>em</strong> Angola, como também se mostrou a alta parasit<strong>em</strong>ia e transmissão da<br />

doença ao concepto, o que sugere-se que os níveis de transmissão possam ser altos <strong>em</strong><br />

Luanda cidade onde a maioria das gestantes foi proveniente.<br />

O principal impacto da infecção por malária nas áreas endémicas está<br />

associado à presença de parasitas na placenta. 16,36,48,49 Outro sim, nos serviços de<br />

neonatologia da MLP já se acompanhavam recém-nascidos com infecção por malária<br />

com confirmação de gota espessa positiva, mas como não havia estudos que atestass<strong>em</strong><br />

a existência de transmissão vertical ou seja malária congénita especificamente <strong>em</strong><br />

Angola, havia dúvidas quanto à confirmação desse diagnóstico.<br />

Quanto aos factores maternos relacionados à malária congénita, suger<strong>em</strong> a efectividade<br />

da atenção no pré-natal, factor discutido na prevenção dos casos de malária congénita,<br />

reafirmando a política de prevenção da malária na gestação proposta pela OMS e<br />

impl<strong>em</strong>entada pelo programa de combate a malária do Ministério da Saúde de Angola.<br />

A maioria das gestantes da presente pesquisa foi proveniente dos diversos<br />

municípios da capital do país, <strong>em</strong> resultado das dificuldades de deslocação das<br />

populações das regiões do interior para a capital e <strong>em</strong> decorrência da situação de renda<br />

incompatível com a deslocação por via aérea. Todavia, apenas 0,2% das gestantes foram


24<br />

provenientes de outras províncias, o que sugere que talvez se tratasse de gestantes com<br />

alguma outra patologia mais especifica, necessitando de cuidados médicos mais<br />

diferenciado e de qualidade, o que só poderia ser obtido na capital do país, na MLP, a<br />

qual é uma unidade de referência. A associação encontrada entre a fraca proveniência<br />

das gestantes de outras províncias t<strong>em</strong> provavelmente relação com a situação<br />

socioeconómica precária das populações no interior do país – menor renda, escassez de<br />

meios de comunicação, assim como acessibilidade.<br />

No que concerne à idade das gestantes como factor prognóstico associado à<br />

infecção por malária, o presente estudo revelou não existir diferença estatisticamente<br />

significante entre gestantes dos 15 os 19 anos, e gestantes com ≥20 anos para a infecção<br />

da malária. O perfil das gestantes estudadas foi predominado com uma mediana de 25,0<br />

anos. Jarude R, et el 2003 40 , no seu estudo encontrou uma mediana de idade de 23,1<br />

anos, e também refer<strong>em</strong> que depende de vários factores tais como paridade e imunidade<br />

materna.<br />

O presente estudo encontrou uma prevalência de 4,3% na placenta. A<br />

literatura refere que a placenta de mulheres infectadas por malária pode conter um<br />

grande número de parasitas; sabe-se, no entanto, que a malária congénita é possível s<strong>em</strong><br />

a presença de infecção activa durante a gestação <strong>em</strong> gestantes que viv<strong>em</strong> <strong>em</strong> zonas<br />

end<strong>em</strong>icas. 31,42,50-53 A malária materna leva a distúrbios da função placentar, devido ao<br />

acumulo maciço de parasitas de células mononucleares de defesa e devido a diminuição<br />

de transferência de oxigénio e nutrientes para o feto. 4,7,10,45,49,<br />

Obioajunwa, 11 Okoko et el 15 refer<strong>em</strong> que a malária na placenta ocorre provavelmente<br />

por uma falha da resposta imunológica específica local ou sistémica permitindo que os<br />

parasitos se aloj<strong>em</strong> e podendo resultar <strong>em</strong> sérias consequências, incluindo aborto<br />

espontâneo, morte neonatal, baixo peso ao nascer, partos pr<strong>em</strong>aturos, e atraso do<br />

desenvolvimento cognitivo.<br />

A passag<strong>em</strong> transplantaria de plasmódios t<strong>em</strong> sido cada vez melhor documentada<br />

Larkin e Thuma 30 . Os parasitas identificados no sangue fetal pod<strong>em</strong> indicar falha na


25<br />

barreira planetária. Os principais mecanismos descritos para explicar esta passag<strong>em</strong> são:<br />

dano da placenta no momento do parto; febre na gestante levando a uma maior<br />

fragilidade da placenta e separação pr<strong>em</strong>atura da placenta 26,32,47,55<br />

Há estudos de prevalência de malária na placenta com valores aproximados e<br />

superiores as encontrados neste estudo. O estudo realizado <strong>em</strong> Maputo por Bergstrom et<br />

al, 18 observou 17,3% das mães com parasitémia no sangue da placenta. Nos Camarões,<br />

na cidade de Ebolowa, Le Hesran et al 32 encontraram uma prevalência de 27.9%. o<br />

achado de parasit<strong>em</strong>ia na placenta sugere uma forte associação com a transmissão<br />

vertical da malária congénita.<br />

O presente estudo encontrou uma prevalência de 4,3% no cordão umbilical,<br />

reforçando os achados encontrados na literatura. Dominguez, Gómez & Jústiz, 23 na<br />

Guiné-Bissau, 7% dos recém-nascidos continham plasmódios na amostra sanguínea do<br />

cordão umbilical. Obiajunwa 11 descreve uma parasit<strong>em</strong>ia de 54,2%.<br />

Na pesquisa actual, a baixa frequência de casos de malária nas gestantes pode ter<br />

contribuído para a ausência de associação estatística com as características investigadas.<br />

O mesmo fato parece explicar o escasso percentual de gestantes e recém-nascidos<br />

diagnosticados com malária e malária congénita no período neonatal, revelado nas<br />

estatísticas encontradas na literatura pesquisada. 14,28,29,34 No que concerne à passag<strong>em</strong><br />

transplacentar dos parasitas para as h<strong>em</strong>ácias, a prevalência varia de país para país e<br />

entre estudos, 7,23,42,47, sendo um diagnóstico que deve ser considerado no neonato febril,<br />

cuja mãe tenha estado <strong>em</strong> zonas de risco para adquirir malária, incluso anos antes da<br />

gestação 8-10,14,40<br />

Nenhumas das características dos recém-nascidos investigadas<br />

estiveram associadas à ocorrência de malária congénita. A falta de associação indica<br />

que o diagnóstico clínico da malária congénita é difícil, porque não houve nenhuma<br />

característica clínica que diferenciasse os recém-nascidos afectados pela doença dos


26<br />

d<strong>em</strong>ais. Reforça-se, portanto, o necessário apoio do diagnóstico laboratorial com as<br />

novas técnicas de diagnostico.<br />

Djibo, 34 <strong>em</strong> Niamey, capital do Niger, destaca 13,3% de parasit<strong>em</strong>ia nas<br />

amostras sanguíneas dos recém-nascidos. Larkin, 30<br />

<strong>em</strong> recente estudo na Zâmbia,<br />

identifica parasit<strong>em</strong>ia <strong>em</strong> 29% de 65 recém-nascidos de mães infectadas, sugerindo<br />

importância de que a malária congénita t<strong>em</strong> uma prevalência variável, dependendo de<br />

vários factores, como a paridade e a imunidade materna.<br />

Menéndez 52 e White 56 refer<strong>em</strong> uma prevalência encontrada <strong>em</strong> suas<br />

pesquisas <strong>em</strong> bebés de mães que viv<strong>em</strong> <strong>em</strong> zonas de alta end<strong>em</strong>icidade (0,3 à 3,6%),<br />

com até 10% <strong>em</strong> zonas menos endémicas. Mukhatar 26 destaca que a forma de aquisição<br />

da infecção por malária é durante a gestação, sobretudo <strong>em</strong> determinadas regiões<br />

endémicas.<br />

A febre foi o sinal físico mais frequente, encontrado <strong>em</strong> seis RN. Nas<br />

primeiras 12h após do nascimento, a t<strong>em</strong>peratura foi mensurada duas vezes e aos RN<br />

foram observados por duas vezes pela pesquisadora. É importante referir o facto de que<br />

aos recém-nascidos que apresentaram febres no domicílio, a t<strong>em</strong>peratura não foi<br />

mensurada pela mesma pessoa e não se têm garantias se aferidas nas mesmas condições<br />

técnicas, pelo que o viés de mensuração não pode ser afastadas neste parâmetro.<br />

Em África, as circunstâncias do diagnóstico de malária <strong>em</strong> recém-nascidos<br />

(malária congénita) como doença é difícil pela escassez de estudos de investigação. Na<br />

maior parte do território Angolano, a malária é responsável pelos menores indicadores<br />

de saúde, apesar de ser muito frequente entre a população infantil e as gestantes. 1,6 A<br />

maioria dos casos de malária congénita <strong>em</strong> África é causada por P. falciparum e P.<br />

vivax, no entanto, todas as quatro espécies que infectam o hom<strong>em</strong> pod<strong>em</strong> acometer os<br />

recém-nascidos. 1-2


27<br />

Embora se considere que malária congénita é um evento raro, vários são os<br />

estudos que atestam uma prevalência variável, Ricard 5 <strong>em</strong> seu estudo observou uma<br />

prevalencia de 15,3%, Ishag Adam etel 16 (sudão) observou 13,7%, Bergstrom et el 18 <strong>em</strong><br />

Maputo observou 26,6% <strong>em</strong> área rural, 19,3% <strong>em</strong> área suburbana e 7,3% <strong>em</strong> área<br />

urbana. Para que ocorra a transmissão dos merozoítos para a circulação fetal é<br />

necessário que haja a infecção placentar. 7,18,20,57 O diagnóstico faz-se mediante a<br />

realização da gota espessa usualmente até os sete dias de vida. A gota espessa aumenta<br />

a probabilidade de se encontrar parasitas, o que torna o método de eleição para o<br />

diagnóstico de malária, pode-se avaliar a parasit<strong>em</strong>ia contando-se o número de parasitas<br />

<strong>em</strong> relação a um determinado número de leucócitos. 7-9,13,<br />

O esfregaço permite a determinação percentual da parasit<strong>em</strong>ia, mediante a contag<strong>em</strong> de<br />

eritricitos parasitados <strong>em</strong> 100 h<strong>em</strong>acias.<br />

No presente estudo, cerca de 22 RNs (4,3 %) foram positivos para malária P.<br />

Falciparum, confirmando o diagnóstico de malária congénita. Valores aproximados a<br />

22% foram encontrados por Bergstrom et al 18 e Akindele, Sowunmi & Abohweyere. 29<br />

Larkin, 30 na Zâmbia, obteve prevalência de 29% de neonatos com parasiténia positiva.<br />

As principais manifestações clínicas observadas no estudo actual foram<br />

febre, baixo peso, pr<strong>em</strong>aturidade e an<strong>em</strong>ia. Outros achados inespecíficos tais como<br />

letargia, regurgitação, diarreia não foram observados, mesmo após as 12 horas de<br />

acompanhamento aos participantes que não é consensual com a literatura que diz que<br />

causa morte neonatal, baixo peso ao nascer, partos pr<strong>em</strong>aturos e febres. 29,31,51,54<br />

Observaram-se quarenta e quatro lâminas de recém-nascidos positivas com infecção por<br />

malária falciparum, pelo que foi necessário tratamento ambulatório aos recém-nascidos<br />

que já se encontravam <strong>em</strong> casa após as doze horas do nascimento, é que devido ao<br />

elevado número de partos diários e a escassez de leitos, e desde que a parturiente e


28<br />

recém-nascido estejam com bom estado geral, receb<strong>em</strong> alta para suas residências.<br />

Alguns dos recém-nascidos com diagnostico positivo de malária diferiram da<br />

apresentação clínica clássica, <strong>em</strong> função da ausência de febre ou outro sintoma durante<br />

as primeiras doze horas. Outro sim que pode ter sido o motivador da d<strong>em</strong>ora na suspeita<br />

clínica e consequent<strong>em</strong>ente na introdução da terapêutica, uma vez que houve<br />

parturientes que receberam alta após as doze horas de nascimento, e só depois de<br />

estar<strong>em</strong> no domicilio telefonaram referindo que o recém-nascido apresentava febre,<br />

vómitos e ou diarreia.<br />

Questiona-se se o feto é infectado intra-útero ou durante o trabalho de parto via<br />

transfusão materno-fetal. Contudo, o período de incubação da doença varia de sete dias,<br />

no caso do Plasmodium falciparum, o que torna r<strong>em</strong>ota a possibilidade da infecção por<br />

malária ter ocorrido, já que os recém-nascidos apresentavam parasit<strong>em</strong>ia nas primeiras<br />

12 horas de vida. O presente estudo constatou 100% de transmissão vertical de infecção<br />

congénita de malária, o que sugere 100% da doença, aspecto não referido na literatura<br />

pesquisada. 3,14,26,53,57<br />

Há relatos de casos com descrição de início dos sintomas poucas horas<br />

depois do nascimento. 35 Este foi um dos achados do presente estudo, onde cerca de seis<br />

recém-nascidos apresentaram febre> 37,5ºC, um caso com an<strong>em</strong>ia severa (Hb


29<br />

Os únicos factores associados à malária na gestante foram o pré-natal e a<br />

quimioprofilaxia na gestação. As gestantes que não fizeram o pré-natal tiveram mais<br />

chance de transmitir malária ao RN do que as gestantes que fizeram o pré-natal, assim<br />

como as gestantes que não fizeram a profilaxia tiveram mais chances de transmitir<br />

malária aos RN do que as gestantes que fizeram a profilaxia da malária No presente<br />

estudo, a maioria das gestantes fez profilaxia e dos 22 casos positivos, 15 (3%) fizeram<br />

profilaxia com Fansidar, Richard 5 refere <strong>em</strong> seu estudo que tinha havido baixa cobertura<br />

com a profilaxia nos diferentes países. Mas já um estudo feito <strong>em</strong> Librevil (Gabão) por<br />

Mbov, 33 refere que apesar de todas as gestantes ter<strong>em</strong> feito profilaxia, 5% dos recémnascidos<br />

(dos 103 do estudo) a gota espessa foi positiva P.falciparum. Ibhanesebhor &<br />

Okolo 10,37,38,42 também refer<strong>em</strong> que as mães de RN infectados por malária tinham <strong>em</strong><br />

sua história clínica profilaxia da malária durante a gestação.<br />

Surge a necessidade de que os países <strong>em</strong> desenvolvimento onde a doença é<br />

prevalente dev<strong>em</strong> fazer com que os programas de triag<strong>em</strong> sejam mais eficazes e<br />

enfatizados. Esta constatação pode ser resultante de que algumas gestantes deste estudo<br />

não ter<strong>em</strong> feito consulta de pré-natal, e vieram à maternidade só na hora do parto. Em<br />

Angola a malária é uma doença com importância clínico-epid<strong>em</strong>iologica<br />

particularmente <strong>em</strong> gestantes e recém-nascidos, pela mobilidade e mortalidade neste<br />

grupo populacional. Apesar das limitações deste estudo, que teve como população<br />

gestantes atendidas na maternidade de maior nível de complexidade e, portanto, sujeito<br />

a viés de selecção, porque n<strong>em</strong> todas as gestantes dos diferentes municípios de Luanda<br />

pariram os seus bebés nesta unidade hospitalar, os achados do estudo são de grande<br />

importância para o conhecimento da transmissão vertical da malária no país e <strong>em</strong><br />

especial do diagnostico da malária congénita. Destaca-se o carácter de pioneirismo


30<br />

deste estudo no que concerne à investigação da transmissão vertical da doença ou seja<br />

da malária congénita.


31<br />

VII CONCLUSÕES<br />

Em conclusão, não foram identificadas características dos recémnascidos<br />

associadas à malária congénita, denotando a importância de se realizar o<br />

diagnóstico laboratorial precoce nas crianças cujas mães apresent<strong>em</strong> gota espessa<br />

positiva para malária.<br />

Embora se tenha encontrado uma prevalência de 4,4% à transmissão<br />

por malaria foi de 100% o que denota alta transmissão da doença; considera-se um<br />

diagnostico difícil, que deve ter o apoio das novas técnicas de diagnóstico.<br />

A infecção por malária é durante a gestação, esta hipótese sustenta os<br />

achados do presente estudo.<br />

A malária congénita t<strong>em</strong> poucos estudos de investigação para um<br />

probl<strong>em</strong>a sério de saúde publica.<br />

A ocorrência de transmissão materno-fetal <strong>em</strong> Angola, e a alta<br />

transmissão da doença ao RN é uma realidade.<br />

A variação de 1.000 a 64.000p/c é bastante elevada, apontando as<br />

características peculiares da população estudada e a elevada taxa de transmissão da<br />

doença.<br />

O diagnostico realizado nas primeiras 12 horas de vida obteve achados<br />

importantes para o diagnostico de malária congénita <strong>em</strong> Angola.


32<br />

VIII RECOMENDAÇÕES<br />

Alerta para o diagnóstico de malária congénita, quando apresentação<br />

clinica é atípica.<br />

A importância de se investigar esta hipótese etiológica frente aos<br />

antecedentes epid<strong>em</strong>iológicos pertinentes.<br />

mostre na sua real ocorrência.<br />

Métodos mais sensíveis de diagnostico, a malária congénita para que se<br />

Seguimento regular, das gestantes no ambulatório do pré-natal, para<br />

melhor prestação de cuidados de saúde para esse grupo vulnerável da população.<br />

Reconhecer precoc<strong>em</strong>ente gestantes e RN carentes de cuidados médicos diferenciados<br />

A ampliação da cobertura de pré-natal no país para a prevenção e<br />

tratamento da malária congénita.<br />

A necessidade de um adequado diagnóstico e tratamento de malária <strong>em</strong><br />

mulheres durante a gestação, além da rápida actualização acerca da estratégia da<br />

terapêutica contra a malária no período neonatal.<br />

A incorporação da gota espessa e esfregaço de rotina para gestantes<br />

admitidas para o parto, visando o diagnóstico, clínico e laboratorial precoce de malária<br />

congénita o tratamento e a detecção precoce da malária no recém-nascido.<br />

Seguimento dos RN com parasitémia até 28 dias, sobretudo aos<br />

assintomáticos.<br />

Mais estudos de investigação sobre a prevalência da malária congénita<br />

<strong>em</strong> recém-nascidos.


33<br />

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X. Apêndices e Anexos<br />

Apêndice 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido<br />

Apêndice 2 – Questionário padronizado da mãe e Formulário do RN<br />

Apêndice 3 – Critérios de inclusão e exclusão<br />

Apêndice 4 – Manual da entrevista<br />

Apêndice 5 – Manual de diagnóstico laboratorial da malária<br />

Anexo 1 – Parecer de aprovação do Comité de Ética <strong>em</strong> Pesquisa Envolvendo Seres Humanos do<br />

Instituto Materno Infantil Prof. Fernando Figueira (IMIP)<br />

Anexo 2 – Parecer de aprovação do Conselho Nacional de Saúde do Brasil (portaria 196/1996) para<br />

pesquisa <strong>em</strong> seres humanos<br />

Anexo 3 – Parecer de aprovação do Comité de Ética <strong>em</strong> Pesquisa <strong>em</strong> seres humanos da Ord<strong>em</strong> dos<br />

Médicos de Angola (Conselho regional Norte)<br />

Anexo 4 – Declaração Parecer de aprovação do médico responsável pela área clínica da Maternidade<br />

Lucrécia Paim. Angola<br />

Anexo 5 – Declaração Parecer de aprovação do médico responsável pela área clínica e o Director geral<br />

da Maternidade Lucrécia Paim. Angola


40<br />

APÊNDICE 1<br />

REPÚBLICA DE ANGOLA<br />

MINISTÉRIO DA SAÚDE<br />

MATERNIDADE LUCRÉCIA PAIM<br />

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO<br />

Eu, ________________________________________________________, gestante<br />

durante internamento na MLP, declaro que fui devidamente informada pela Dr.ª. ELISA<br />

PEDRO GASPAR, pesquisadora, sobre as finalidades da pesquisa “ESTUDO<br />

TRANSVERSAL DA MALÁRIA EM GESTANTES E RECÉM-NASCIDOS NA<br />

MATERNIDADE CENTRAL DE LUANDA (MLP) ANGOLA” e que estou consciente<br />

de que:<br />

1. Esta pesquisa será realizada com o objectivo de descobrir quantas gestantes e<br />

seus recém-nascidos têm malária e quais os factores que estão associados com a<br />

ocorrência de malária.<br />

2. Concordei <strong>em</strong> participar da pesquisa, juntamente com meu (a) recém-nascido<br />

(a), s<strong>em</strong> que recebesse nenhuma pressão dos médicos ou das enfermeiras que<br />

trabalham na triag<strong>em</strong> do Banco de Urgência.<br />

3. Para esta pesquisa serão realizados dois testes, um que já é realizado de rotina no<br />

hospital e outro que será realizado especialmente para a pesquisa, para o que<br />

será necessária a 2ml de sangue do RN e da mãe colecta de sangue, já realizada<br />

costumeiramente nas pacientes aqui internadas, s<strong>em</strong> necessidade de colecta de<br />

sangue adicional.<br />

4. Participando do estudo eu e meu (a) recém-nascido (a) ficar<strong>em</strong>os submetidos a<br />

um regime terapêutico e a atitudes de diagnóstico, rotineiramente usadas neste<br />

hospital, com eficácia e segurança comprovadas.<br />

5. Assumi o cumprimento integral das indicações médicas nomeadamente no que<br />

se refere à terapêutica ambulatórial e a comparecer às consultas programadas de<br />

seguimento<br />

6. Comprometi-me a comunicar à pesquisadora, caso ocorra mudança de residência<br />

ou ausência por mais de 15 dias da cidade onde se realiza a pesquisa.


41<br />

7. Eu e meu (a) recém-nascido (a) poder<strong>em</strong>os abandonar a qualquer momento a<br />

pesquisa caso não me sinta satisfeita, s<strong>em</strong> que isso venha a prejudicar meu<br />

atendimento na MLP.<br />

8. Qualquer dúvida <strong>em</strong> relação à pesquisa poderei me comunicar a qualquer<br />

momento com Dra. Elisa Pedro Gaspar.<br />

Telefone-movel: 00244-923-329-208.<br />

00244-912-506-557.<br />

00244-917-997-620.<br />

LUANDA, ________ de ________________ de __________.<br />

_______________________________<br />

Assinatura da Gestante ou impressão digital<br />

______________________________<br />

Assinatura da Pesquisadora


42<br />

APÊNDICE 2<br />

REPÚBLICA DE ANGOLA<br />

MINISTÉRIO DA SAÚDE<br />

Maternidade Lucrécia Paim<br />

FORMULÁRIO DA MÃE<br />

1. Data da entrevista<br />

2. Número do registo<br />

____ / _____ / _______<br />

3. Número de registo para a colheita de sangue (Colar etiqueta) 4. Hora da admissão<br />

5. Nome<br />

6. Qual a sua idade? 7. Qual a data do seu nascimento?<br />

____ / _____ / _______<br />

DADOS DO DOMICÍLIO<br />

8. Rua 9. Número 10. Apto<br />

11. Cidade 12. Bairro 13. Município<br />

14. Província 15. Área<br />

1. Rural<br />

2. Urbana<br />

17. Telefone para contacto<br />

16. Ponto de referência<br />

18. Raça<br />

1. Negra<br />

2. Branca<br />

3. Mista<br />

DADOS SOCIO-ECONÔMICOS E DOMOGRÁFICOS<br />

19. Situação conjugal<br />

1. Casada<br />

2. Solteira<br />

3. Divorciada<br />

4. União estável<br />

5. Viúva<br />

88. Não informou<br />

20. Frequenta escola?<br />

1. Sim<br />

2. Não (siga para a questão 23)


43<br />

PARA A PESSOA QUE FREQUENTA ESCOLA<br />

21. Qual é o curso que frequenta?<br />

6. Ensino Médio<br />

1. Alfabetização de adultos<br />

7. Superior<br />

2. Primeiro Nível<br />

8. Não informou<br />

3. Segundo Nível<br />

99. Não se aplica<br />

4. Terceiro Nível<br />

5. Pré-universitário<br />

PARA A PESSOA QUE NÃO FREQUENTA ESCOLA MAIS JÁ FREQUENTOU<br />

22. Qual é a espécie do curso mais elevado concluído? 6. Pré-universitário<br />

1. Nenhum<br />

7. Ensino Médio<br />

2. Alfabetização de adultos<br />

8. Superior<br />

3. Primeiro Nível<br />

88. Não informou<br />

4. Segundo Nível<br />

99. Não se aplica<br />

5. Terceiro Nível<br />

CARACTERISTICAS DO PRÉ-NATAL (verificar no cartão da grávida, se tiver)<br />

24. Se sim, quanta vez engravidou?<br />

23. Já teve alguma gravidez antes da<br />

actual?<br />

1. Sim<br />

2. Não (siga para a questão 25)<br />

88. Não informou<br />

25. A senhora fez pré-natal?<br />

1. Sim<br />

2. Não (siga para a questão 28)<br />

3. Não informou<br />

88. Não t<strong>em</strong> cartão<br />

99. Não se aplica<br />

26. Quantas consultas de pré-natal fez? (verificar no cartão)<br />

88. Não informou<br />

99. Não se aplica<br />

27. Durante a gravidez<br />

actual a Sr.ª teve<br />

Malária?<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

8. Não sabe<br />

88. Não informou<br />

28. Em que<br />

mês de<br />

gravidez<br />

estava quando<br />

teve malária?<br />

88. Não sabe<br />

29. Quando teve malária, fez<br />

alguma GE?<br />

1. Sim<br />

2. Não (siga para questão 48)<br />

3. Não se l<strong>em</strong>bra<br />

88. Não informou<br />

99. Não se aplica<br />

30. Em que mês de<br />

gravidez estava quando<br />

teve malária?<br />

88. Não informou<br />

99. Não se aplica<br />

99. Não se<br />

aplica<br />

31. Quando teve malária fez alguma GE?<br />

1. Sim<br />

2. Não (siga par questão 48)<br />

88. Não informou<br />

32. Se realizou GE, quantos exames realizou?<br />

88. Não informou<br />

99. Não se aplica


44<br />

33. Qual foi o<br />

resultado?<br />

1. Positivo<br />

2. Negativo<br />

88. Não informou<br />

99. Não se aplica<br />

34. Tipo de malária?<br />

1. p.fapciparum<br />

2. p. vivax.<br />

3. Não sabe<br />

88. Não informou<br />

99. Não se aplica<br />

35. Fez<br />

Tratamento?<br />

1. Sim<br />

2. Não (siga para<br />

questão 48)<br />

3. Não se l<strong>em</strong>bra<br />

88. Não informou<br />

99. Não se aplica<br />

36. Quais os medicamentos que tomou?<br />

1. Cloroquina: Sim Não<br />

2. Quinino: Sim Não<br />

3. Amodiaquina: Sim Não<br />

4. Fansidar: Sim Não<br />

5. Artesunate: Sim Não<br />

6. Lumefantrina: Sim Não<br />

7. Art<strong>em</strong>etter (Coart<strong>em</strong>): Sim Não<br />

37. Colheita de sangue<br />

venoso<br />

1. Realizada<br />

2. Não Realizou<br />

41. PCR<br />

1. Positiva<br />

2. Negativa<br />

3. Não realizada<br />

RESULTADOS DOS EXAMES DA PESQUISA<br />

38. Resultado de GE 39. Tipo<br />

(sangue periférico) 1. Vivax<br />

1. Positivo<br />

2. Falciparum<br />

2. Negativo<br />

3. Malariae<br />

3. Não realizou<br />

4. Ovale<br />

5. Misto<br />

6. Não identificado<br />

42. Tipo<br />

1. Vivax<br />

2. Falciparum<br />

3. Malariae<br />

4. Ovale<br />

5. Misto<br />

6. Não identificado<br />

40. Parasit<strong>em</strong>ia<br />

p/C<br />

43. Parasit<strong>em</strong>ia<br />

p/C<br />

44. Colheita de sangue<br />

da placenta<br />

1. Realizada<br />

2. Não realizada<br />

43. Resultado GE<br />

(placenta).<br />

1. Positivo<br />

2. Negativo<br />

3. Não realizou<br />

44. Tipo<br />

1. Vivax<br />

2. Falciparum<br />

3. Malariae<br />

4. Ovale<br />

5. Misto<br />

6. Não identificado<br />

45. Parasit<strong>em</strong>ia<br />

p/C<br />

46. Tipo de parto<br />

1. Normal<br />

2. Cesariana<br />

3. Fórceps<br />

48.T<strong>em</strong>po de bolsa rota (<strong>em</strong> horas)<br />

88. S<strong>em</strong> informação<br />

RESULTADOS RELATIVOS AO PARTO<br />

47. Gravidez<br />

1. Única<br />

2. G<strong>em</strong>elar<br />

3. Mais de duas


45<br />

1. Data do nascimento<br />

/ /<br />

4. Apegar no 1 min<br />

BERÇÁRIO<br />

8. Data do exame físico<br />

/ / /<br />

FORMULARIO DO RECÉM – NASCIDO<br />

SALA DE PARTO<br />

2. Hora 3. Numero do registo<br />

Apegar no 5 m<br />

9. Idade (<strong>em</strong> horas)<br />

Horas<br />

6. Sexo<br />

1. F<strong>em</strong>inino<br />

2. Masculino<br />

10. Peso <strong>em</strong> gramas<br />

grs<br />

Peso ao nascer<br />

mgs<br />

11. Comprimento<br />

Cm<br />

12.Idade gestacional (Capurro)<br />

S<strong>em</strong>anas<br />

14.Icterícia<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

16. Realizou transfusão<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

19. Colheita de sangue Venoso<br />

1. Realizada<br />

2. Não realizada<br />

23. PCR<br />

1. Positivo<br />

2. Negativo<br />

3. Não realizou<br />

26. Colheita de sangue do cordão<br />

umbilical<br />

1. Realizada<br />

2. Não realizada<br />

30. H<strong>em</strong>atocrito<br />

g/dl<br />

17. Teve convulsão<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

13. T<strong>em</strong>peratura (axilar)<br />

Graus Celsius<br />

15. Palidez<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

RESULTADOS DOS EXAMES<br />

20. Resultado de GE 21. Tipo<br />

(sangue periférico) 1. Vivax<br />

1. Positivo<br />

2. Falciparum<br />

2. Negativo<br />

3. Maláriae<br />

3. Não realizou<br />

4. Ovale<br />

5. Misto<br />

24. Tipo<br />

1. Vivax<br />

2. Falciparum<br />

3. Maláriae<br />

4. Ovale<br />

5. Misto<br />

6. Não identificado<br />

27. Resultado GE<br />

(placenta)<br />

1. Positivo<br />

2. Negativo<br />

3. Não realizou<br />

18.Outra doença<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

6. Não identificado<br />

25. Parasit<strong>em</strong>ia<br />

p/C<br />

28. Tipo<br />

1. Vivax<br />

2. Falciparum<br />

3. Maláriae<br />

4. Ovale<br />

5. Misto<br />

6. Não identificado<br />

22. Parasit<strong>em</strong>ia<br />

p/C<br />

29. Parasit<strong>em</strong>ia<br />

p/C


46<br />

Entrevistador<br />

Data da primeira revisão<br />

Entrevistador<br />

Data da segunda revisão<br />

Entrevistador<br />

Data da terceira revisão<br />

Entrevistador<br />

Data da quarta revisão<br />

Assinatura<br />

Assinatura<br />

Assinatura<br />

Assinatura


47<br />

APÊNDICE 3<br />

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO<br />

Critério de inclusão: gestantes parturientes e seus respectivos recém-nascidos (vivos)<br />

com peso ao nascer> /500g que nascess<strong>em</strong> na MLPaim durante o período do estudo.<br />

Assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice 3).<br />

Critério de exclusão: gestantes impossibilitadas de responder ao questionário por<br />

doença do fórum psiquiátrico, <strong>em</strong> coma e/ ou outra cognitivos visíveis que<br />

impossibilitass<strong>em</strong> seu discurso durante a realização da entrevista. (Apêndice3).


48<br />

REPÚBLICA DE ANGOLA<br />

MINISTÉRIO DA SAÚDE<br />

MATERNIDADE LUCRÉCIA PAIM<br />

TRANSMISSÃO VERTICAL DA MALÁRIA NA<br />

MATERNIDADE LUCRÉCIA PAIM, LUANDA<br />

ANGOLA, NO PERIODO DE JUNHO DE A AGOSTO<br />

DE 2007, UM ESTUDO TRANSVERSAL<br />

MANUAL DE PESQUISA DA ENTREVISTA<br />

Autora: ELISA PEDRO GASPAR<br />

LUANDA – 2006/2007


49<br />

MANUAL DE PESQUISA DA ENTREVISTA<br />

I. APRESENTAÇÃO 1<br />

II. JUSTIFICAÇÃO 2<br />

III. INSTRUÇÕES BÁSICAS 4<br />

3.1 A EQUIPE DE TRABALHO 4<br />

3.2 EQUIPE DE REGISTO E ENTREVISTADORAS 5<br />

3.3 ATRIBUIÇÕES DA COORDENADORA DA EQUIPE DE REGISTO E<br />

ENTREVISTADORAS<br />

5<br />

3.4 ATRIBUIÇÕES DAS ENTREVISTADORAS 5<br />

3.5 O QUE SE ESPERA DAS ENTREVISTADORAS NO BANCO DE URGÊNCIA 6<br />

4. PONTOS BÁSICOS DA INVESTIGAÇÃO 7<br />

5. GENERALIDADES 8<br />

6. CÓDIGO DO FORMULÁRIO 8<br />

7. COLHEITA DAS INFORMAÇÕES 9<br />

8. ESTRATIFICAÇÃO EPIDEMIOLODICA DA MALARIA EM ANGOLA 10<br />

9. FICHA TÉCNICA 11


50<br />

I. APRESENTAÇÃO<br />

Em todo mundo, a malária continua a ser um dos mais relevantes probl<strong>em</strong>as de<br />

saúde pública e <strong>em</strong> nosso pais também persiste como uma das principais questões, que<br />

regista cerca de 55% no contesto das doenças transmissíveis e onde a transmissão da<br />

doença está directamente relacionada ás condições ambientais e socioculturais, e<br />

apresenta maior letalidade, seja devido ao diagnostico tardio, seja por manejo clínico<br />

inadequado dos casos <strong>em</strong> áreas endémicas.<br />

Em Angola, a malária tornou-se num grande pesadelo para a população, cria sofrimento<br />

entre as pessoas e consequent<strong>em</strong>ente, muitas perdas de vida. É um factor que inibe o<br />

desenvolvimento socio-económico do país, devido a redução da produtividade por<br />

absentismo laboral e escolar, que <strong>em</strong> média é estimada <strong>em</strong> 25-27 dias úteis por ano que<br />

cada Angolano perde. É a principal doença transmissível, que mais casos de doença e de<br />

morte há entre a população. Actualmente, a doença representa a primeira causa de<br />

morbilidade, e mortalidade, de absentismo laboral e escolar, liderando assim a lista de<br />

doenças endémica nas 18 províncias do pais, com possibilidade de surtos epidémicos<br />

<strong>em</strong> algumas delas.


51<br />

II. JUSTIFICAÇÃO<br />

A malária é uma doença grave e é responsável por mais de um milhão de<br />

mortes por ano <strong>em</strong> África. A frequência da transmissão vertical da malária na<br />

Maternidade Lucrécia paim (MLP), Angola, é desconhecida, justificando assim a<br />

importância do estudo do probl<strong>em</strong>a.<br />

O conhecimento da frequência e das características clínicas destas gestantes e<br />

recém-nascidos pode ser oportuno para abordagens que melhor<strong>em</strong> a prevenção e<br />

precocidade de diagnóstico e o seu prognóstico <strong>em</strong> curto e longo prazo, minimizando a<br />

frequência de sequelas. Por outro lado, a identificação de factores associados com o<br />

risco de transmissão materno-fetal pode permitir o reconhecimento precoce de gestantes<br />

e recém-nascidos que careçam de cuidados médicos diferenciados e o desenvolvimento<br />

de estratégias adequadas para o grupo materno infantil, definidas pelo Programa<br />

Nacional de Combate a Malária.


52<br />

ESTE MANUAL É SEU<br />

COMPANHEIRO DE TODOS OS<br />

DIAS<br />

CONSULTE-O SEMPRE QUE<br />

TIVER DÚVIDAS


53<br />

III. INSTRUÇÕES BÁSICAS<br />

O objetivo deste manual é fornecer orientações básicas à equipe da pesquisa<br />

“ESTUDO TRANSVERSAL DA FREQUÊNCIA DA MALÁRIA EM<br />

GESTANTES E RECÉM-NASCIDOS NA MATERNIDADE CENTRAL DE<br />

LUANDA (MLP) ANGOLA, NO PERIODO DE DEZEMBRO DE 2006 A ABRIL<br />

DE 2007” Com esse manual todas as entrevistadoras seguirão um critério único para as<br />

definições dos termos e preenchimento dos formulários. Todas as vezes que surgir<strong>em</strong><br />

dúvidas a respeito de quaisquer das questões do formulário consulte-o.<br />

A negligência das observações e orientações aqui definidas resultarão na<br />

modificação de conceitos e operações afetando os resultados, portanto comprometendo<br />

a qualidade do estudo, invalidando-o. Este manual é composto de duas partes: a<br />

primeira engloba as orientações sobre os aspectos gerais do estudo, a segunda é<br />

composta de orientações e a condução sobre o preenchimento dos formulários, e o<br />

registo das informações referentes as participantes ao estudo (pesquisa).<br />

Espera-se que sua utilização, por meio da educação continuada dos profissionais da rede<br />

de saúde pública e privada do país, efectivamente contribua para a redução da<br />

morbimortalidade da malária <strong>em</strong> Angola.<br />

3.1 A EQUIPE DE TRABALHO<br />

A estrutura organizacional do estudo está assim definida:<br />

1 Coordenador geral (Pesquisadora principal)<br />

1 Coordenadora da equipe de registo ( Banco de urgência)<br />

2 Supervisoras ( Médicas, os)<br />

5 Entrevistadoras (enfermeiras do Banco de urgência)


54<br />

Cada m<strong>em</strong>bro da equipe t<strong>em</strong> suas atribuições<br />

Passamos a destacar:<br />

3.2 EQUIPES DE REGISTO<br />

3.3 ATRIBUIÇÕES DA COORDENADORA DA EQUIPE DE<br />

REGISTO (com apoio da coordenadora geral)<br />

a)Coordenar os registos no banco de urgência<br />

b) treinar a equipe de entrevistadora<br />

c) Acompanhar o des<strong>em</strong>penho da equipe de trabalho no banco de urgência.<br />

d) Assistir a equipe <strong>em</strong> suas dúvidas.<br />

e) Convocar e realizar reunião com a equipe de trabalho (uma vez por s<strong>em</strong>ana).<br />

f) Desenvolver atividades de validação dos formulários<br />

g) Receber formulários e proceder à revisão junto à entrevistadora<br />

h) controlar entrada e saída de formulários.<br />

i) proceder à codificação dos formulários do banco de urgência. J)fazer o controle das<br />

recusas e informar diariamente ao Coordenador geral<br />

3.4 ATRIBUIÇÕES DAS ENTREVISTADORAS<br />

Colher as informações necessárias à realização do estudo<br />

Observar e seguir as normas contidas no manual de instrução<br />

Observar e cumprir os prazos previamente definidos para a etapa de colheita de<br />

dados<br />

Cumprir com o acordo definido para o número de preenchimento formulários/<br />

dia


55<br />

3.5 O QUE SE ESPERA DAS ENTREVISTADORAS NO BANCO DE<br />

URGÊNCIA<br />

A entrevistadora deverá se apresentar a gestante devidamente identificada com<br />

um crachá, fornecido pelo órgão responsável pela pesquisa, expor a entrevistada<br />

os objetivos do estudo.<br />

A entrevistadora usará o seu uniforme habitual<br />

A entrevistadora deverá esclarecer a entrevistada que as informações por ela<br />

prestadas serão estreitamente confidenciais.<br />

A entrevistadora não deve <strong>em</strong>itir qualquer juízo sobre as entrevistadas.<br />

A entrevistadora não deve estar acompanhada por pessoas estranhas ao quadro<br />

da pesquisa por ocasião da realização das entrevistas, exceto por um m<strong>em</strong>bro da<br />

família, quando assim estiver definido.<br />

A entrevistadora não deve induzir respostas, as perguntas dev<strong>em</strong> ser<br />

formuladas da maneira exata como ela está escrita no formulário, caso a<br />

entrevistada não entenda o seu conteúdo, a entrevistadora deve explicá-las s<strong>em</strong>,<br />

contudo levar a entrevistada a responder o que ela (entrevistadora) gostaria de<br />

ouvir como resposta. Em alguns casos as alternativas deverão ser lidas para a<br />

entrevistada, esta informação estará definida no próprio formulário.<br />

A entrevistadora, no momento <strong>em</strong> que é selecionado e aceita participar desse<br />

trabalho assume um compromisso profissional. Portanto espera-se<br />

comportamento ético <strong>em</strong> toda a condução das tarefas que lhe são atribuídas.<br />

A entrevistadora não deve realizar codificação n<strong>em</strong> realizar cálculos<br />

mat<strong>em</strong>áticos no banco de urgência, essas atividades serão realizadas <strong>em</strong>


56<br />

momento posterior, quando os formulários for<strong>em</strong> revisados pelo (a) supervisor<br />

(a).<br />

S<strong>em</strong>pre que a entrevistadora tiver dúvida sobre a resposta, deverá anotá-la por<br />

extenso e discutir com seu (sua) supervisor (a).<br />

A entrevistadora nunca deve deixar perguntas s<strong>em</strong> respostas ou <strong>em</strong> branco,<br />

caso a pergunta não se aplique, ou seja, negativa deve ser registrado no campo<br />

apropriado.<br />

Uma característica fundamental da entrevistadora é ser calma e paciente, e<br />

desconhecer as provocações que por ventura sejam feitas.<br />

A entrevistadora deve ter equilíbrio <strong>em</strong>ocional para vivenciar as mais variadas<br />

situações que decorr<strong>em</strong> do contato com pessoas de diferentes níveis sociais e<br />

personalidade.<br />

A entrevistadora deve tentar conseguir a entrevista com a colaboração da<br />

entrevistada para o estudo, s<strong>em</strong>, contudo tomar atitude agressiva e impositiva.<br />

A entrevistadora deverá procurar a coordenadora ou supervisor (a) caso tenha<br />

dúvidas ou probl<strong>em</strong>as.<br />

4. PONTOS BÁSICOS DA INVESTIGAÇÃO<br />

Formulário: (APÊNDICE 3) refere-se a informações individuais da gestante, contendo<br />

questões como sua idade, dados domiciliares, dados socio-económicos e d<strong>em</strong>ográficos,<br />

escolaridade, perguntas referentes a sua história reprodutiva, pré-natal, doença de<br />

malária, resultados de exames para diagnostico da malária e tratamento.<br />

Formulário do recém-nascido: refere-se a informações do recém-nascido na sala de<br />

partos e no berçário, exame físico, achados clínicos assim como resultados de exames<br />

laboratoriais para o diagnóstico da malária.


57<br />

5. GENERALIDADES<br />

PARA ASSEGURAR QUE AS INFORMAÇÕES COLHIDAS NÃO SOFRÃO<br />

DISTORÇÕES NAS FASES DE TRABALHO SUBSEQUENTES À DE<br />

ENTREVISTA, É IMPORTANTE QUE OS REGISTOS EFETUADOS NOS<br />

FORMULÁRIOS SEJAM LEGÍVEIS E NÃO CAUSEM DÚVIDAS DE<br />

INTERPRETAÇÃO.<br />

a) Use somente lápis para preencher os formulários<br />

b) Não deixe respostas <strong>em</strong> branco<br />

c) NÃO PREENCHA OS CÓDIGOS DO QUESTIONÁRIO NO MOMENTO<br />

DA ENTREVISTA<br />

d) S<strong>em</strong>pre que houver dúvida sobre a resposta dada pelo informante, escreva a<br />

resposta por extenso e deixe que o (a) supervisor (a) classifique-a, conforme as opções<br />

enunciadas no formulário.<br />

6. CÓDIGO DO FORMULÁRIO<br />

CÓDIGO DO FORMULÁRIO<br />

1 SIM<br />

2 NÃO<br />

88 NÃO INFORMOU<br />

99 NÃO SE APLICA


58<br />

7. COLHEITA DAS INFORMAÇÕES<br />

LEMBRE-SE: TUDO COMEÇA COM A COLHEITA<br />

ADEQUADA DAS INFORMAÇÕES<br />

O PROFISSIONAL DE SAÚDE E O PACIENTE<br />

Como receber o paciente e que informações fornecer?<br />

Receba o paciente com cortesia e cordialidade.<br />

A cada etapa, explique os procedimentos aos quais<br />

ele vai ser submetido, de modo a transmitir-lhe<br />

tranquilidade e segurança.


59<br />

8. ESTRATIFICAÇÃO EPIDEMIOLOGICA DA MALÁRIA EM<br />

ANGOLA<br />

ESTRATIFICAÇÃO EPIDEMIOLOGICA DA MALÁRIA EM ANGOLA<br />

HIPERENDEMICA MESOENDEMICA ESTÁVEL MESOENDEMICA INSTÁVEL<br />

Cabinda Zaire Moxico<br />

Uige Luanda K.Kubango<br />

K.Norte Bengo Kunene<br />

Malange Benguela Huila<br />

L.Norte K.Sul Namibe<br />

L.Sul<br />

HUAMBO E BIÉ


60<br />

9. FICHA TÉCNICA<br />

TITULO: MANUAL DE PESQUISA DA ENTRE<br />

TRANSMISSÃO VERTICAL DA MALÁRIA NA<br />

MATERNIDADE LUCRÉCIA PAIM, LUANDA<br />

ANGOLA, NO PERIODO DE JUNHO A AGOSTO DE<br />

2007 UM ESTUDO TRANSVERSAL<br />

AUTORA: ELISA PEDRO GASPAR (médica pediatra - pesquisadora)<br />

REVISÃO TÉCNICA: CYNTHIA BRAGA (PROFESSORA-ORIENTADORA)<br />

G. E. P. RECIFE / PE – 2006/2007


61<br />

REPÚBLICA DE ANGOLA<br />

MINISTÉRIO DA SAÚDE<br />

MATERNIDADE LUCRÉCIA PAIM<br />

TRANSMISSÃO VERTICAL DA MALÁRIA NA<br />

MATERNIDADE LUCRÉCIA PAIM, LUANDA<br />

ANGOLA, NO<br />

PERIODO DE JUNHO A AGOSTO DE 2007,UM<br />

ESTUDO TRANSVERSAL<br />

MANUAL DE PESQUISA DE DIAGNÓSTICO<br />

LABORATORIAL DA MALÁRIA<br />

Autora: ELISA PEDRO GASPAR<br />

LUANDA – 2006/2007


62<br />

MANUAL DE PESQUISA DE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA<br />

MALÁRIA<br />

I. APRESENTAÇÃO 1<br />

II. JUSTIFICAÇÃO 2<br />

III. INSTRUÇÕES BÁSICAS 4<br />

3.1 A EQUIPE DE TRABALHO 4<br />

3.2 EQUIPE DE LABORATÓRIO 5<br />

3.3 ATRIBUIÇÕES DA COORDENAÇÃO DE LABORATÓRIO 5<br />

3.4 ATRIBUIÇÕES AOS (AS) TÉCNICOS (AS) DE LABORATÓRIO 6<br />

3.5 O QUE SE ESPERA DOS (AS) TÉCNICOS (AS) DE<br />

6<br />

LABORATÓRIO NA PESQUISA<br />

4. PONTOS BÁSICOS DA INVESTIGAÇÃO 7<br />

5. GENERALIDADES 7<br />

6. COLHEITA DAS AMOSTRAS 8<br />

7. MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA 9<br />

8. MATERIAL PARA A COLHEITA 9<br />

9. O QUE DEVE SER FEITO ANTES DA COLHEITA DA AMOSTRA DE<br />

10<br />

SANGUE?<br />

9.1 LÂMINAS NOVAS 11<br />

9.2 LÂMINAS USADAS 11<br />

10. PREPARO DA GOTA ESPESSA E DO ESFREGAÇO PROCEDIMENTO 15<br />

11. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA GOTA ESPESSA PARA A 17


63<br />

PESQUISA DE PLASMÓDIO<br />

11.1 VANTAGENS 17<br />

11.2 DESVANTAGENS 17<br />

12. PREPARO DO ESFREGAÇO DELGADO 19<br />

13. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO ESFREGAÇO DELGADO<br />

20<br />

PARA A PESQUISA DE PLASMÓDIO<br />

13.1 VANTAGENS 20<br />

13.2 DESVANTAGENS 21<br />

14. DESCARTE DE REJEITOS PRODUZIDOS NA COLHEITA 23<br />

15. PREPARAÇÃO DE ÁGUA TAMPONADA pH 7 24<br />

16. PREPARAÇÃO DO CORANTE DE GIEMSA 25<br />

16.1 PROCEDIMENTOS 25<br />

17. LAVAGEM DAS LÂMINAS 27<br />

18. EXAME MICROSCÓPIO 28<br />

18.1 A PORÇÃO MECÂNICA 29<br />

18.2 A PARTE OPTICA 30<br />

18.3 CARACTERÍSTICA DA IMAGEM DO MICROSCÓPIO ÓPTICO 32<br />

18.4 PROFUNDIDADE DE CAMPO DO M.O.C. 34<br />

18.5 TÉCNICAS DE UTILIZAÇÃO DO MICROSCÓPIO 36<br />

18.6 CUIDADOS COM O MICROSCÓPIO 38<br />

19. RESULTADOS DOS EXAMES 40<br />

19.1 RESULTADOS POSITIVOS 40<br />

19.2 RESULTADOS NEGATIVOS 40


64<br />

20. FOTOS DE DIFERENTES ESPÉCIES DE PLASMÓDIOS 41<br />

21. QUANTIFICAÇÃO DA PARASITEMIA<br />

22. IMAGENS DAS DIFERENTES ESPÉCIES DE PLASMÓDIOS EM<br />

45<br />

47<br />

ESFREGAÇO E GOTA ESPESSA<br />

IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53<br />

ANEXO 1 – CICLO DE VIDA DO PLASMODIO 55<br />

FICHA TÉCNICA 56<br />

FOTO DO GRUPO DE TRABALHO LABORATORIAL NO CENTRO DE<br />

57<br />

PESQUISA AGGEU MAGALHÃES/ FIOCRUZ-PE


65<br />

I. APRESENTAÇÃO<br />

Em todo mundo, a malária continua a ser um dos mais relevantes<br />

probl<strong>em</strong>as de saúde pública e <strong>em</strong> nosso país também persiste como uma das principais<br />

questões, que regista cerca de 55% no contesto das doenças transmissíveis e onde a<br />

transmissão da doença está directamente relacionada as condições ambientais e<br />

socioculturais, e apresenta maior letalidade, seja devido ao diagnostico tardio, seja por<br />

manejo clínico inadequado dos casos <strong>em</strong> áreas endémicas.<br />

Em Angola, a malária tornou-se num grande pesadelo para a população, cria<br />

sofrimento entre as pessoas e consequent<strong>em</strong>ente, muitas perdas de vida. É um factor que<br />

inibe o desenvolvimento socio-económico do país, devido a redução da produtividade<br />

por absentismo laboral e escolar, que <strong>em</strong> média é estimada <strong>em</strong> 25-27 dias úteis por ano<br />

que cada Angolano perde. É a principal doença transmissível, que mais casos de doença<br />

e de morte gera entre a população. Actualmente, a doença representa a primeira causa de<br />

morbilidade, de mortalidade, de absentismo laboral e escolar, liderando assim a lista de<br />

doenças endémica nas 18 províncias do país, com possibilidade de surtos epidémicos<br />

<strong>em</strong> algumas delas.


66<br />

II. JUSTIFICAÇÃO<br />

A malária é uma doença grave e é responsável por mais de um milhão de<br />

mortes por ano <strong>em</strong> África. A frequência da transmissão vertical de malária<br />

na<br />

Maternidade Lucrécia Paim (MLP), Angola, é desconhecida, justificando assim a<br />

importância do estudo do probl<strong>em</strong>a.<br />

O conhecimento da frequência e das características clínicas destas gestantes<br />

e recém-nascidos pode ser oportuno para abordagens que melhor<strong>em</strong> a prevenção e<br />

precocidade de diagnóstico e o seu prognóstico <strong>em</strong> curto e longo prazo, minimizando a<br />

frequência de sequelas. Por outro lado, a identificação de factores associados com o<br />

risco de transmissão materno-fetal pode permitir o reconhecimento precoce de gestantes<br />

e recém-nascidos que careçam de cuidados médicos diferenciados e o desenvolvimento<br />

de estratégias adequadas para o grupo materno infantil, definidas pelo Programa<br />

Nacional de Combate a Malária.


67<br />

ESTE MANUAL É SEU<br />

COMPANHEIRO DE TODOS OS DIAS<br />

CONSULTE-O SEMPRE QUE<br />

TIVER DÚVIDAS


68<br />

III. INSTRUÇÕES BÁSICAS<br />

O objectivo deste manual é fornecer orientações básicas à equipe da<br />

pesquisa “ESTUDO TRANSVERSAL DA TRANSMISSÃO VERTICAL DA<br />

MALÁRIA NA MATERNIDADE LUCRÉCIA PAIM (MLP) ANGOLA, NO<br />

PERIODO DE JUNHO DE 2006 A AGOSTO DE 2007”.<br />

Esse manual visa contribuir na capacitação dos novos profissionais para o<br />

diagnóstico da malária b<strong>em</strong> como actualizar os técnicos de laboratório da rede de saúde<br />

já envolvida com o seu diagnóstico. Em sua leitura, os profissionais encontraram<br />

informações técnicas sobre a colheita e processamento das amostras para o diagnóstico<br />

da malária, além de um acervo de fotografias e figuras.<br />

Espera-se que sua utilização, por meio da educação continuada dos<br />

profissionais da rede de saúde pública e privada do país, efectivamente contribua para a<br />

redução da morbimortalidade da malária.<br />

Todas as vezes que surgir<strong>em</strong> dúvidas a respeito de quaisquer das questões consulte-o.<br />

A negligência das observações e orientações aqui definidas resultarão na<br />

modificação de conceitos e operações afectando os resultados, portanto comprometendo<br />

a qualidade do estudo, invalidando-o.<br />

3.1 A EQUIPE DE TRABALHO<br />

A estrutura organizacional do estudo está assim definida:<br />

1 Coordenador geral (Pesquisadora principal)<br />

2 Coordenador de Laboratório (1-MLP / 1-LNSP)<br />

2 Supervisoras ( Médica)<br />

10 Técnicos (Laboratório)


69<br />

Cada m<strong>em</strong>bro da equipe t<strong>em</strong> suas atribuições<br />

3.2 EQUIPE DE LABORATÓRIO<br />

2 Coordenador de Laboratório (1-MLP / 1-LNSP)<br />

10 Técnicos (as) de laboratório (5 - da MLP / 5 - do LNSP)<br />

MLP-MATERNIDADE LUCRÉCIA PAIM<br />

LNSP-LABORATÓRIO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA<br />

3.3 ATRIBUIÇÕES DA COORDENAÇÃO DE LABORATÓRIO (com apoio da<br />

coordenadora geral)<br />

a) Receber as listas com o nome das gestantes e seus (as) recém-nascidos (as) e o<br />

material de colheita<br />

b) Coordenar as colheitas diárias<br />

c) Treinar a equipe de técnicos (as) para colheita de sangue<br />

d) Acompanhar o des<strong>em</strong>penho da equipe de trabalho<br />

e) Assistir a equipe <strong>em</strong> suas dúvidas<br />

f) Convocar e realizar reunião com a equipe de trabalho (uma vez por s<strong>em</strong>ana)<br />

g) Receber o material e as listas com os registos da (s) colheita (s) diariamente junto aos<br />

técnicos de laboratório<br />

h) Controlar entrada e saída de listas e material


70<br />

i) Controlar entrada e saída de equipamentos<br />

j) Deixar o material, <strong>em</strong> local previamente combinado, para envio ao Laboratório<br />

Nacional de Saúde Pública e retorno dos resultados a MLP.<br />

3.4 ATRIBUIÇÕES DOS (AS) TÉCNICOS (AS) DE LABORATÓRIO<br />

a) colher a (s) amostra (s) de sangue necessária (s) à realização do estudo (pesquisa).<br />

b) observar e seguir as normas contidas no manual de instrução<br />

c) observar e cumprir os prazos previamente definidos para a etapa de colheita de<br />

sangue.<br />

d) cumprir com o acordo definido para o número de colheitas/ dia<br />

3.5 O QUE SE ESPERA DOS (AS) TÉCNICOS (AS) DE LABORATÓRIO NA<br />

PESQUISA<br />

O (A) técnico (a) de laboratório deverá se apresentar devidamente identificado<br />

com um crachá, fornecido pelo órgão responsável pela pesquisa. Deverá expor,<br />

caso seja solicitado pela gestante, os objetivos do estudo.<br />

O (A) técnico (a) usará o seu uniforme habitual de laboratório.<br />

O (A) técnico (a) deverá esclarecer à gestante que o resultado do seu exame será<br />

estritamente confidencial e que será fornecido o resultado e tratamento, caso<br />

tenha malária.<br />

O (A) técnico (a) não deve estar acompanhado por pessoas estranhas ao quadro<br />

da pesquisa por ocasião da realização das entrevistas, exceto por um m<strong>em</strong>bro da<br />

família, quando assim estiver definido.


71<br />

O (A) técnico (a), no momento <strong>em</strong> que é selecionado (a) e aceita participar desse<br />

trabalho assume um compromisso profissional. Portanto espera-se<br />

comportamento ético <strong>em</strong> toda a condução das tarefas que lhe são atribuídas.<br />

S<strong>em</strong>pre que o (a) técnico (a) tiver alguma dúvida, deverá discutir com o (a) seu<br />

(a) supervisor (a).<br />

O (A) técnico (a) nunca deve deixar de identificar os tubos e as lâminas das<br />

amostras de colheita para o estudo (pesquisa).<br />

Uma característica fundamental do (a) técnico (a) de laboratório é ser calma (a)<br />

e paciente e desconhecer as provocações que por ventura sejam feitas.<br />

O (A) técnico (a) deve ter equilíbrio <strong>em</strong>ocional para vivenciar as mais variadas<br />

situações que decorr<strong>em</strong> do contato com pessoas de diferentes níveis sociais e<br />

personalidade.<br />

O A técnico (a) deve tentar conseguir colher a amostra de sangue para o estudo<br />

s<strong>em</strong>, contudo tomar atitude agressiva e impositiva.<br />

O (A) técnico (a) deverá procurar o (a) coordenador (a)/supervisor (a) caso tenha<br />

dúvidas ou probl<strong>em</strong>as<br />

4. PONTOS BÁSICOS DA INVESTIGAÇÃO<br />

Formulário: (APÊNDICE 3) refere-se a informações individuais da gestante, contendo<br />

questões como sua idade, dados domiciliares, dados socio-económicos e d<strong>em</strong>ográficos,<br />

escolaridade, perguntas referentes a sua história reprodutiva, pré-natal, doença de<br />

malária, resultados de exames para diagnostico da malária e tratamento.<br />

Formulário do recém-nascido: refere-se a informações do recém-nascido na sala de<br />

partos e no berçário, exame físico, achados clínicos assim como resultados de exames<br />

laboratoriais para o diagnóstico da malária.


72<br />

5. GENERALIDADES<br />

PARA ASSEGURAR QUE AS AMOSTRAS COLHIDAS ESTAM TODAS<br />

IDENTIFICADAS E NÃO HAJA DUVIDAS NAS FASES DE TRABALHO<br />

SUBSEQUENTES, É IMPORTANTE QUE A IDENTIFICAÇÃO EFETUADA NAS<br />

LÂMINAS E TUBOS SEJA LEGÍVEL E NÃO CAUSE DÚVIDAS DE LEITURA.<br />

e) Use lápis ou caneta para identificar as lâminas e tubos das amostras<br />

f) Não deixe lâminas ou tubos s<strong>em</strong> identificação<br />

g) S<strong>em</strong>pre que houver dúvidas sobre alguma informação, consulte o supervisor<br />

6. COLHEITA DAS AMOSTRAS<br />

LEMBRE-SE: TUDO COMEÇA COM A COLHEITA<br />

ADEQUADA DAS AMOSTRAS<br />

O PROFISSIONAL DE SAÚDE E O PACIENTE<br />

Como receber o paciente e que informações fornecer?<br />

Receba o paciente com cortesia e cordialidade. A cada etapa, explique os procedimentos<br />

aos quais ele vai ser submetido, de modo a transmitir-lhe tranquilidade e segurança.<br />

O paciente deve estar <strong>em</strong> jejum para a colheita de sangue?<br />

Nos testes para o diagnóstico da malária o fato do paciente ter se alimentado, não<br />

impede a colheita de sangue.


73<br />

7. MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA<br />

POR SER UMA MEDIDA QUE ENVOLVE SANGUE, O DIAGNÓSTICO<br />

LABORATORIAL DA MALÁRIA REQUER MUITA ATENÇÃO ÁS REGRAS DE BIOSSEGURANÇA.<br />

ASSIM, NO ACTO DA COLHEITA DE SANGUE, PREPARAÇÃO/COLORAÇÃO DAS LÂMINAS E<br />

DESCARTE DE MATERIAL CONTAMINADO DEVE-SE OBSERVAR ATENTAMENTE TODAS AS<br />

MEDIDAS DE PREVENÇÃO INDIVIDUAL E COLECTIVA, A SABER:<br />

a) Lavar as mãos antes e após o contacto com o paciente;<br />

b) Usar luvas de látex descartáveis;<br />

c) Usar batas de mangas compridas, com punho elástico;<br />

d) Usar recipientes duros para descartáveis perfurantes (lancetas e agulhas usadas) e<br />

lâminas desprezadas;<br />

e) Usar sacos apropriados para o lixo sanitário.<br />

8. MATERIAL PARA A COLHEITA<br />

− Ficha para identificação da paciente<br />

− Garrote<br />

− Lâminas com extr<strong>em</strong>idade fosca, previamente limpa<br />

− Algodão hidrófilo ou gaze<br />

− Álcool iodado a 1% ou álcool etílico a 70%<br />

− Lancetas<br />

− Luvas cirúrgicas<br />

− Seringa descartável<br />

− Agulha descartável<br />

− Suporte, tubo<br />

− Bases para tubos e tubos de ensaio com tampa<br />

− Material para identificação da amostra (etiqueta ou lápis grafite)


74<br />

− Pipetas de precisão com capacidade para 20µL<br />

− Caixas de papelão específicas para descarte de material biológico<br />

− Luvas descartáveis<br />

− Estantes para tubos<br />

9. O QUE DEVE SER FEITO ANTES DA COLHEITA DA AMOSTRA DE<br />

SANGUE?<br />

LIMPEZA E CUIDADO DE LÂMINAS DE MICROSCOPIA (foto 1)<br />

Foto 1 – LIMPEZA DE LÂMINAS


75<br />

9.1 LÂMINAS NOVAS<br />

Retirar as lâminas da caixa e coloca-las uma a uma <strong>em</strong> um recipiente contendo<br />

uma solução apropriada para limpeza de vidro, pelo período de 12 horas.<br />

Também pod<strong>em</strong> ser <strong>em</strong>ersas, pelo mesmo número de horas, <strong>em</strong> álcool à 70%.<br />

Bicarbonato de potássio<br />

60ml<br />

Ácido Sulfúrico ( H2 SO4 concentrado a 95-98%) 300ml<br />

H 2 O destilada<br />

400ml<br />

Enxaguar as lâminas um a uma com um tecido de algodão esfregando b<strong>em</strong> toda<br />

superfície.<br />

Fazer pacotes com 10 unidades, identificar as lâminas novas e colocar a data<br />

A limpeza correcta reduz, também o número de artefactos que pod<strong>em</strong> dificultar<br />

o diagnóstico.<br />

Portanto, as lâminas que serão usadas para preparação de esfregaços e gotas<br />

espessa dev<strong>em</strong> ser previamente limpas e secas.<br />

OBS: Nunca utilizar lâminas que após ter sido seca apresente vestígios de oxidação.<br />

9.2 LÂMINAS USADAS<br />

Preparar solução contendo 4 colheres de (sopa) de água sanitária comercial<br />

(Lixívia) para cada litro de água<br />

Adicionar cerca de 50g (1 colher de sopa, cheia) de sabão <strong>em</strong> pó a cada litro da<br />

solução acima – onde ceram mergulhadas as lâminas usadas<br />

Deixar <strong>em</strong> repouso por 48 horas<br />

Limpar uma a uma as lâminas usadas, utilizando esponja, e coloca-las numa<br />

bacia com água<br />

Enxaguar bastante <strong>em</strong> água corrente<br />

Enxugar com toalha limpa


76<br />

Fazer a selecção: desprezar as partidas, arranhadas, oxidadas e as azuladas pelo<br />

uso contínuo de corantes<br />

Fazer pacotes de 10 unidades, identificar os pacotes como lâminas recuperadas e<br />

colocar a data<br />

IDENTIFIQUE OS TUBOS E AS LÂMINAS PARA COLOCAÇÃO DA<br />

AMOSTRA. COLE A ETIQUETA FORNECIDA PELO COORDENADOR<br />

LOCAL COM A IDENTIFICAÇÃO DA GESTANTE E OU DO (A) RECÉM-<br />

NASCIDO (A)<br />

A COLHEITA DE SANGUE E PREPARO DE LÂMINA PARA O EXAME DE GOTA ESPESSA E<br />

ESFREGAÇO COM SERINGA E AGULHA DESCARTÁVEIS<br />

PROCEDIMENTOS: separar duas lâminas previamente limpas e secas (foto2). As<br />

lâminas dev<strong>em</strong> ser seguras pelas bordas, com o dedo indicador e polegar, para evitar<br />

qualquer contacto com o suor e /ou gordura das mãos.<br />

Limpar a área a ser puncionada com um algodão <strong>em</strong>bebido <strong>em</strong> álcool a 70% ou iodo.<br />

Antes da punção a área escolhida deve ser enxugada com um chumaço de algodão seco<br />

ou um pedaço de gaze.<br />

Foto 2 - LÂMINAS LIMPAS EM SUPERFÍCIE PLANA E HORIZONTAL


77<br />

Foto 3 - PARTE LATERAL DO SEGUNDO OU TERCEIRO DEDO DA MÃO<br />

Foto 4 – PUNÇÃO DIGITAL PARA COLHEITA DE GOTA ESPESSA OU<br />

ESFREGAÇO


78<br />

Foto 5 – PUNÇÃO DIGITAL PARA COLHEITA DE GOTA ESPESSA OU<br />

ESFREGAÇO<br />

Como fazer colheita de sangue com seringa e agulhas descartável?<br />

O sangue pode ser colhido de duas maneiras:<br />

Na parte lateral do dedo indicador, (fotos 3, 4 e 5) usando lanceta estéril<br />

descartável. Aperte a ponta do dedo e puncione. R<strong>em</strong>ova a primeira gota com<br />

gaze ou algodão.<br />

Punção venosa na dobra do cotovelo (foto 6). Colher o sangue com agulha e<br />

seringa descartável.<br />

1) Coloque a agulha na seringa s<strong>em</strong> retirar a capa protectora. Não toque na parte<br />

inferior da agulha;<br />

2) Movimente o êmbolo e pressione-o para retirar o ar;<br />

3) Ajuste o garrote e escolha a veia;<br />

4) Faça a anti-sepsia do local da colecta com algodão humedecido <strong>em</strong> álcool a 70%<br />

ou álcool iodado a 1%. Não toque mais no local desinfectado;<br />

5) Retire a capa do escalpe e faça a punção;


79<br />

6) Solte o garrote assim que o sangue começar a fluir na seringa;<br />

7) Colha aproximadamente 2 ml de sangue. Nos (as) R/N, colha de 1 a 2 ml;<br />

8) Descarte a seringa s<strong>em</strong> retirar o escalpe directo na caixa de papelão;<br />

9) Oriente a paciente a pressionar com algodão a parte puncionada, mantendo o<br />

braço estendido, s<strong>em</strong> dobrá-lo. Coloque o adesivo no local da punção;<br />

10) Colha aproximadamente 2 ml de sangue da gestante. Nos (as) R/N, Colha de 1 a<br />

2 ml;<br />

11) Transfira o sangue para um tubo de ensaio s<strong>em</strong> anticoagulante. Escorra<br />

delicadamente o sangue pela parede do tubo. Este procedimento evita a h<strong>em</strong>ólise da<br />

amostra. Descarte a seringa num recipiente de descarte<br />

Foto 6 - PUNÇÃO VENOSA NA DOBRA DO COTOVELO<br />

10. PREPARO DA GOTA ESPESSA E DO ESFREGAÇO<br />

PROCEDIMENTO (fotos 7, 8, 9,10 e 11) (fig.1)<br />

GOTA ESPESSA<br />

Separar duas lâminas limpas, deixando-as <strong>em</strong> superfície plana e horizontal.<br />

Escreva na área fosca da lâmina o mesmo número ou nome de identificação da<br />

ficha de notificação. (Usar lápis grafite)


80<br />

Segurar a lâmina pelas bordas e colocar uma pequena gota de sangue <strong>em</strong> uma<br />

das extr<strong>em</strong>idades<br />

Espalhar o sangue <strong>em</strong> uma área, usando a extr<strong>em</strong>idade lateral de outra lâmina.<br />

Deixa secar á t<strong>em</strong>peratura ambiente ou estufa de 39º ou lâmpada de 25-40 watts<br />

sob placa de vidro. Na pratica, a secag<strong>em</strong> pode ser verificada pelo<br />

desaparecimento do brilho da amostra úmida.<br />

Colocar o corante de Gi<strong>em</strong>sa sobre a gota de sangue e deixar agir por<br />

aproximadamente 30 minutos<br />

Lavar a lâmina gentilmente com água corrente para retirar o excesso do corante<br />

OBS. A deseh<strong>em</strong>oglobinação previa é dispensável quando a coloração será<br />

realizada <strong>em</strong> poucas horas, especialmente quando o Gi<strong>em</strong>sa é diluído <strong>em</strong> uma<br />

solução tampão.<br />

Foto 7 - VANTAGENS E DESVANTAGENS DA GOTA ESPESSA PARA A<br />

PESQUISA DE PLASMÓDIO


81<br />

Foto 8 - PREPARO DE GOTA ESPESSA<br />

11. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA GOTA ESPESSA PARA A<br />

PESQUISA DE PLASMÓDIO<br />

11.1 VANTAGENS:<br />

⇒ Por concentrar maior quantidade de sangue des<strong>em</strong>oglobinizado numa<br />

área relativamente pequena, a gota espessa aumenta a probabilidade de<br />

se encontrar parasitas, o que torna o método de eleição para o<br />

diagnóstico de malária;<br />

⇒ Por ser des<strong>em</strong>oglobinizada, o processo de coloração é mais rápido,<br />

permitindo o processamento de grandes números de amostras;<br />

⇒ A distribuição dos parasitas e leucócitos se dá ao acaso <strong>em</strong> toda a<br />

amostra. Portando, pode-se avaliar a parasit<strong>em</strong>ia contando-se o número<br />

de parasitas <strong>em</strong> relação a um determinado número de leucócitos.<br />

11.2 DESVANTAGENS:<br />

⇒ Requer experiência para a identificação de espécies, uma vez que a<br />

morfologia do parasita altera-se durante o processo de des<strong>em</strong>oglobinização;


82<br />

⇒ Requer processamento parcial ou total relativamente rápido depois da<br />

colheita da amostra, para evitar a fixação de h<strong>em</strong>oglobina, a super coloração<br />

e a descoloração.<br />

Foto 9 – PREPARO DO ESFREGAÇO DELGADO (distendido)<br />

Figura 1 – ESFREGAÇO DELGADO


83<br />

Foto 10 – PREPARO DO ESFREGAÇO DELGADO<br />

Foto 11 - PREPARO DO ESFREGAÇO DELGADO<br />

12. PREPARO DO ESFREGAÇO DELGADO<br />

Trabalhar sobre superfície plana e horizontal<br />

Escreva na área fosca da lâmina o mesmo número ou nome de identificação<br />

da ficha de notificação. (Usar lápis grafite)<br />

Colocar aproximadamente 10µL de sangue próximo a uma das extr<strong>em</strong>idades<br />

da lâmina<br />

Colocar outra lâmina apoiada sobre a primeira, na frente da gota de sangue,<br />

formando um ângulo de 35º a 45º.(Fig.)


84<br />

Fazer com que o sangue se espalhe por capilaridade na borda da lâmina<br />

inclinada<br />

Distender o sangue deslocando rapidamente a segunda lâmina sobre a<br />

primeira de modo a afastá-la da posição inicial até esgotar-se o volume de<br />

sangue (delgado)<br />

Secar o esfregaço imediatamente. Segure a lâmina pela borda onde foi feita<br />

a distensão sanguínea e agite vigorosamente com a mão<br />

Fixar com metanol PA por 5 minutos (foto12 e 13)<br />

Colocar o corante de Gi<strong>em</strong>sa sobre a gota de sangue e deixar agir por<br />

aproximadamente 20 minutos<br />

Lavar a lâmina gentilmente com água corrente para retirar o excesso do<br />

corante (foto)<br />

OBS. No esfregaço é possível observar detalhes da morfologia das células sanguíneas<br />

que ajudam a distinguir uma espécie plasmodical da outra. Quando a lâmina é b<strong>em</strong><br />

corada pod<strong>em</strong>-se visualizar granulações no interior da h<strong>em</strong>ácia, principalmente,<br />

modificações na morfologia da célula parasitada, que são de grande importância para<br />

um diagnostico correcto. Para que os glóbulos vermelhos não percam seu formato é<br />

necessário que o esfregaço seja fino e seco imediatamente.<br />

13. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO ESFREGAÇO DELGADO PARA A<br />

PESQUISA DE PLASMÓDIO<br />

13.1 VANTAGENS:<br />

⇒ Por fixar as h<strong>em</strong>ácias, permite melhor estudo da morfologia do parasita e das<br />

alterações características do eritrócito parasitado, viabilizando conferir o<br />

diagnóstico da gota espessa, <strong>em</strong> situação de duvida.<br />

⇒ Por ser fixado e não submetido á des<strong>em</strong>oglobinação, a perda de parasitas é b<strong>em</strong><br />

menor que na gota espessa. Essas amostras resist<strong>em</strong> mais ao atrito quando da<br />

r<strong>em</strong>oção de óleo de <strong>em</strong>ersão são mais duráveis e conservam por muito t<strong>em</strong>po a<br />

coloração original (enquanto que a gota espessa pode facilmente apresentar<br />

alteração tintorial).


85<br />

⇒ Permite a determinação percentual da parasit<strong>em</strong>ia, mediante a contag<strong>em</strong> de<br />

eritrócitos parasitados <strong>em</strong> 100 h<strong>em</strong>ácias.<br />

13.2 DESVANTAGENS:<br />

⇒ Por ter menos quantidade de sangue, espalhado <strong>em</strong> uma única camada, o<br />

esfregaço delgado oucupa maior área da lâmina, dificultando o encontro às<br />

h<strong>em</strong>ácias parasitadas. Assim, não é indicado para diagnóstico inicial,<br />

especialmente <strong>em</strong> pacientes com parasit<strong>em</strong>ia baixa.<br />

⇒ A distribuição de leucócitos e parasitas não se dá ao acaso (leucócitos maiores e<br />

estágios mais avançados dos parasitas localizam-se nas bordas e final de<br />

esfregaço). Portanto, precisa-se examinar uma área extensa para detectar todas<br />

as formas parasitárias, não estabelecendo uma boa correlação entre o número de<br />

parasitos e o de leucócitos.<br />

⇒ A t<strong>em</strong>peratura e humidade afectam a coloração da gota espessa prejudicando a<br />

des<strong>em</strong>oglobinização da h<strong>em</strong>ácia durante a coloração. Caso não seja possível<br />

corar as lâminas logo após a colheita de sangue, recomenda-se envolver cada<br />

uma <strong>em</strong> papel absorvente Após este procedimento deve-se cobrir as lâminas<br />

com papel laminado e acondicionar <strong>em</strong> uma caixa contendo sílica gel.


86<br />

Foto 12 - ACONDICIONAMENTO DAS LÂMINAS DE SANGUE COM METANOL<br />

Foto 13 - ACONDICIONAMENTO DAS LÂMINAS DE SANGUE COM METANOL


87<br />

14. DESCARTE DE REJEITOS PRODUZIDOS NA COLHEITA<br />

COMO É FEITO O DESCARTE DE AGULHAS, SERINGAS, ALGODÃO E<br />

COÁGULOS?<br />

O descarte do lixo produzido deve ser feito de acordo com<br />

as normas estabelecidas para o trato do lixo hospitalar. Todas os<br />

objectos perfuro cortantes dev<strong>em</strong> ser descartados <strong>em</strong> caixa de<br />

papelão específicas para descarte de material biológico. O<br />

algodão e os coágulos dev<strong>em</strong> ser colocados <strong>em</strong> sacos plásticos e<br />

identificados como material potencialmente infectante. Todo<br />

esse material deve ser encaminhado ao lixo hospitalar da MLP.<br />

Atenção<br />

Jamais readapte agulhas<br />

Nunca descarte material<br />

contaminado s<strong>em</strong> a prévia<br />

descontaminação


88<br />

15. PREPARAÇÃO DE ÁGUA TAMPONADA pH 7<br />

Foto 14 - SOLUÇÕES DIVERSAS<br />

Fosfato de Sódio Dibásico NA2HPO4. 7H24g<br />

Fosfato de potássio Monobásico – KHPO 6g<br />

Triturar e misturar os sais <strong>em</strong> cadinho de porcelana<br />

Retirar 1g e diluir <strong>em</strong> 1000ml de H2O Destilada, ou recolhida da chuva.<br />

Ajustar o pH, preferencialmente com solução saturada de carbonato de lítio.<br />

OBS. Na impossibilidade de preparar a água tamponada usar solução fisiológica


89<br />

16. PREPARAÇÃO DO CORANTE DE GIEMSA<br />

GIEMSA<br />

Corante Gi<strong>em</strong>sa <strong>em</strong> pó<br />

3,8 g<br />

Álcool Metílico (p.a) (s<strong>em</strong> acetona) 125 ml<br />

Glicerol P.A.<br />

375 ml<br />

16.1 PROCEDIMENTOS<br />

Colocar o corante <strong>em</strong> um recipiente de porcelana. Mistura álcool e glicerol e<br />

adiciona, pouco a pouco, ao Gi<strong>em</strong>sa <strong>em</strong> pó. Triturar os grãos com a ajuda de um<br />

pistilo, até que o corante tenha sido completamente absorvido pela mistura álcoolglicerol.<br />

Transferir a solução-matriz para uma garrafa âmbar, com tampa<br />

esmerilhada. Colocar uma porção de pérolas de vidro, fechar b<strong>em</strong> e agitar a solução<br />

6 a 10 vezes por dia, até que os componentes estejam b<strong>em</strong> misturados.<br />

PREPARO DE CORANTES E DILUENTES<br />

Foto 15 - PREPARO DA MISTURA DE AZUL DE METILENO FOSFATO


90<br />

Foto 16 – COLORAÇÃO DAS LÂMINAS E TEMPO<br />

Foto 17 – COLORAÇÃO DAS LÂMINAS E TEMPO


91<br />

17. LAVAGEM DAS LÂMINAS<br />

Foto 18 – LAVAGEM DAS LÂMINAS<br />

Foto 19 – LAVAGEM DAS LÂMINAS


92<br />

18. EXAME MICROSCÓPIO<br />

Figura 2 – MICROSCÓPIO ÓPTICO<br />

Microscópio óptico é um instrumento usado para ampliar, com uma série de lentes,<br />

para visualização de estruturas pequenas impossíveis de visualizar a olho nu.<br />

Exist<strong>em</strong> diversos tipos de microscópicos, dependendo da função para o<br />

qual se destinam. Nos programas de controlo das end<strong>em</strong>ias o mais utilizado é o tipo<br />

bacteriológico, binocular, com sist<strong>em</strong>a de iluminação incorporada e regulável.


93<br />

Actualmente, o microscópio óptico composto (M.O.C.) é constituído por<br />

duas partes – uma parte mecânica e uma parte óptica que amplia as imagens. Cada parte<br />

engloba uma série de componentes constituintes do microscópio (fig. 2).<br />

18.1 A PORÇÃO MECÂNICA<br />

É composta por:<br />

Pé ou base que serve de apoio para os restantes componentes do microscópio.<br />

Braço ou Coluna – peça fixa à base, na qual estão aplicadas todas as outras partes<br />

constituintes do microscópio.<br />

Tubo ou Canhão – cilindro que suporta os sist<strong>em</strong>as de lentes, localizando-se na<br />

extr<strong>em</strong>idade superior a ocular e na inferior o revólver com objectivas.<br />

Platina – peça circular, quadrada ou rectangular, paralela à base, onde se coloca a<br />

preparação a observar, possuindo no centro um orifício circular ou alongado que<br />

possibilita a passag<strong>em</strong> dos raios luminosos concentrados pelo condensador.<br />

Parafuso Macrométrico – engrenag<strong>em</strong> que suporta o tubo e permite a sua<br />

deslocação a da platina. É indispensável para fazer a focag<strong>em</strong>.<br />

Parafuso Micrométrico – imprime ao tubo ou à platina movimentos de amplitude<br />

muito reduzida, completando a focag<strong>em</strong>. Permite explorara a profundidade de<br />

campo do microscópio.<br />

Revólver – disco adaptado à zona inferior do tubo, que suporta duas a quatro<br />

objectivas de diferentes ampliações: por rotação é possível trocar rápida e<br />

comodamente de objectiva.


94<br />

18.2 A PARTE ÓPTICA<br />

É composta por:<br />

Sist<strong>em</strong>a de Oculares e Sist<strong>em</strong>a de Objectivas – o conjunto de lentes que<br />

permit<strong>em</strong> a ampliação do objecto. Para ampliação de 10 vezes (10x) e/ou 7x. O<br />

binocular possui prismas que, após realizar o ajuste da distância interpupilar, levam<br />

a imag<strong>em</strong> ao observador. O aumento total obtido com o microscópio binocular,<br />

quando do uso da objectiva de imersão de 100x, pode variar de 500x a 1.500x,<br />

dependendo das lentes oculares <strong>em</strong>pregadas e do factor do aumento do corpo<br />

binocular, multiplicando-se o produto acima por esse número; não existindo,<br />

considera-se como sendo de 1x. A experiência t<strong>em</strong> de mostrado que a clareza de<br />

detalhes ou nitidez da microscopia pode diminuir quando se ultrapassa o ponto<br />

óptimo de aumento com á oculta, razão pela qual os programas de diagnóstico e<br />

controle da malária vêm utilizando a lente ocular de 7x para a pesquisa de<br />

plasmódio.<br />

O aumento obtido com oculares de 10x, objectiva de 100x e factor de 1x<br />

(resultando <strong>em</strong> ampliação de 100x) é o mais utilizado na rotina dos laboratórios nas<br />

unidades de saúde: - apesar de não ser o mais adequado para o diagnostico da<br />

malária.<br />

A utilização de imersão de 60x é recomendável pois permite observar maior<br />

número de el<strong>em</strong>entos do sangue e de parasitas por campo microscópico, sendo<br />

muito útil para a revisão do diagnóstico microscópico.<br />

Fonte Luminosa – exist<strong>em</strong> vários tipos de fontes luminosas (fig. 3). Podendo ser<br />

uma lâmpada (iluminação artificial), ou um espelho que reflicta a luz solar


95<br />

(iluminação natural), com a luz do dia – variável útil para os locais que não<br />

possu<strong>em</strong> luz eléctrica. Os dois tipos de iluminação t<strong>em</strong> virtudes e defeitos, mas<br />

destinam-se os dois tipos à iluminação da preparação, possibilitando assim a sua<br />

visualização.<br />

A pesquisa de plasmódio exige alto grau de claridade e nitidez para o<br />

reconhecimento dos pequenos parasitas da malária numa gota espessa<br />

des<strong>em</strong>oglobinizada. Geralmente pequenas estruturas e outros microrganismos, após<br />

coradas, são facilmente identificados num fundo de cor contrastante. Para o<br />

diagnostico da malária, a iluminação deve produzir um fundo de preparação tão claro e<br />

limpo quanto possível, para que contra o mesmo sejam realçados os minúsculos corpos<br />

de 0,5 a 2,0 micros de diâmetro, corados de vermelho (núcleo) e azul (citoplasma).<br />

Figura 3 – FONTE LUMINOSA


96<br />

Devido a que estes componentes são de alta precisão e porque o<br />

microscópio é um instrumento caro, requer cuidados especiais de transporte, utilização<br />

e manutenção.<br />

O campo microscópico ou campo de imersão deve estar uniform<strong>em</strong>ente<br />

iluminado com luz branca, ligeiramente azulada. O microscópio, a lâmpada e os filtros<br />

dev<strong>em</strong> ser dispostos de modo a obter o máximo de luz possível, que pode ser<br />

diminuído á vontade do microscópio, com o auxílio do reóstato, diafragma-íris ou<br />

levantando-se ou abaixando-se o condensador.<br />

Para se obter o máximo de eficiência do condensador quando da utilização<br />

de microscópio de iluminação com espelho, usar somente a fase plana do mesmo.<br />

18.3 CARACTERÍSTICAS DA IMAGEM DO MICROSCÓPIO ÓPTICO<br />

O objecto a ser observado deve ser colocado muito perto do foco objecto do<br />

sist<strong>em</strong>a da objectiva, para que se forme uma imag<strong>em</strong> real, invertida, de maiores<br />

dimensões, que vai servir de objecto <strong>em</strong> relação à ocular. Esta dá uma imag<strong>em</strong> virtual,<br />

invertida (nos dois sentidos) <strong>em</strong> relação ao objecto a ser observado, que deve formar-se<br />

entre o ponto próximo e o ponto r<strong>em</strong>oto do olho do observador, ou seja, virtual.


97<br />

Figura 4 – CARACTERÍSTICAS DA IMAGEM DO M.O.<br />

A partir da observação de uma qualquer imag<strong>em</strong> ao microscópio, pode-se<br />

reparar que como <strong>em</strong> sequência desta ser invertida, a imag<strong>em</strong> para se deslocar num<br />

determinado sentido, a preparação t<strong>em</strong> que se deslocar <strong>em</strong> sentido oposto.<br />

Se a objectiva fornecer uma imag<strong>em</strong> defeituosa – com aberrações<br />

cromáticas, esféricas eu com cortadura do campo – a ocular vai ampliar as imperfeições<br />

dessa imag<strong>em</strong>. Estes defeitos do sist<strong>em</strong>a óptico combat<strong>em</strong>-se com sist<strong>em</strong>as de lentes,<br />

algumas das quais com papel corrector, de modo que, as imagens sejam nítidas, planas e<br />

com pormenores b<strong>em</strong> separados.<br />

No M.O.C., a ampliação e o campo de visualização são inversamente<br />

proporcionais, ou seja, quanto maior for a ampliação, menos a área da preparação<br />

observada. O contrário também se verifica.


98<br />

18.4 PROFUNDIDADE DE CAMPO DO M.O.C.<br />

Quando se utiliza o microscópio, pode-se observar preparações com três<br />

dimensões, ou seja, com largura, comprimento e profundidade.<br />

Quando se observa nitidamente um certo plano, aqueles que se encontrar<strong>em</strong><br />

acima ou abaixo plano focado ficam desfocados (fig. 5), apenas se conseguindo ver de<br />

modo pouco nítido. Isto significa que o campo do microscópio t<strong>em</strong>, também, uma certa<br />

profundidade, não sendo possível focar simultaneamente dois<br />

Planos diferentes.<br />

Figura 5 – PROFUNDIDADE DE CAMPO DO M.O.C.<br />

Como se sabe, a profundidade de campo do microscópio é muito pequena, o<br />

que implica que os objectos examinados ao microscópio dev<strong>em</strong> ser de muito pequena<br />

espessura.<br />

A operação de focag<strong>em</strong> é tanto mais delicada quanto menor for a distância<br />

focal do sist<strong>em</strong>a, ou seja, quanto maior for a ampliação, mais delicada será a focag<strong>em</strong> e<br />

menos nítido ficará o plano que não estiver focado. Devido a isto, é importante que,<br />

durante a observação, se proceda a uma manobra constante do parafuso micrométrico de


99<br />

modo a poder-se visualizar nitidamente pormenores nos diferentes planos, visualizando<br />

todos os campos existentes, um de cada vez.<br />

RELAÇÃO ENTRE A ÁREA OBSERVADA E A AMPLIAÇÃO UTILIZADA<br />

A medida do campo do microscópio pode ser feita com a ajuda de<br />

micrómetros de objectiva ou de ocular. Na sua falta, o papel milimétrico permite medir,<br />

aproximadamente, o campo do microscópio nas diferentes ampliações realizadas pelas<br />

lentes incorporadas <strong>em</strong> alguns componentes (fig. 6).<br />

A área da superfície observada através do microscópio composto é s<strong>em</strong>pre<br />

relativamente restrita e depende da ampliação utilizada. A área do material observado<br />

varia na razão inversa da ampliação que se utiliza. Deste modo, pode-se relacionar a<br />

área da superfície com as ampliações através da relação:<br />

A 1 – ampliação mínima A 2 – ampliação média<br />

Para ampliações maiores, a área observada é apenas de uma fracção do<br />

milímetro. A redução progressiva da área observada é, no entanto, acompanhada de um<br />

aumento de detalhes.


100<br />

Figura 6 – OPTICAS<br />

Pode-se então concluir que se deve iniciar a observação microscópica<br />

utilizando pequenas ampliações, que permitam captar uma ideia de conjunto. A<br />

preparação deve ser percorrida nos vários sentidos a fim de se localizar a zona de maior<br />

interesse. Dessa zona selecciona-se os el<strong>em</strong>entos de maior importância, centrando-os, e<br />

só depois se deve passar a objectivas de poder ampliador maior. Estas permitirão<br />

observar detalhadamente os pormenores desejados da preparação <strong>em</strong> causa.<br />

18.5 TÉCNICAS DE UTILIZAÇÃO DO MICROSCÓPIO<br />

Colocar a lâmina entre as presilhas de platina mecânica, verificando se ficou<br />

firm<strong>em</strong>ente presa á barra móvel da mesma.<br />

Ajustar a posição da lâmina de modo que uma área do material coincida com o<br />

orifício de iluminação da platina.


101<br />

Regular o sist<strong>em</strong>a de iluminação do microscópio, fechando um pouco o<br />

diafragma-íris ou abaixando o condensador. Regular a intensidade da luz através<br />

do reóstato ou do botão de vidro, se for o caso.<br />

Colocar a objectiva de 10x na posição e fazer a focalização com o botão<br />

micrométrico até que surjam os leucócitos. Ajustar o foco com o botão<br />

micrométrico.<br />

Examinar com a objectiva até encontrar uma área com maior número de<br />

leucócitos, b<strong>em</strong> corados.<br />

Uma vez localizada a área adequada, colocar uma gota de óleo de imersão no<br />

centro da área iluminada.<br />

Girar o revólver, colocando a objectiva de imersão (100x) <strong>em</strong> posição. Levantar<br />

o condensador e abrir o diafragma-íris.<br />

Inclinar a cabeça para um lado, para melhor visualização das objectivas, e usar o<br />

botão micrométrico para levantar a platina até que a objectiva toque no óleo de<br />

imersão.<br />

Aproximar os olhos das lentes oculares e, com o auxílio do botão macrométrico,<br />

focalizar o material até o aparecimento dos leucócitos, completando a<br />

focalização com o botão microscópico.<br />

Examinar os campos microscópicos mais corados, movimentando os parafusos<br />

de avanço frontal e lateral do carro (charriot) com a mão direita e o botão<br />

micrométrico com a esquerda (Obs.: alguns microscópios são fabricados com<br />

esses dispositivos <strong>em</strong> posição invertida).<br />

Rever os aspectos morfológicos dos el<strong>em</strong>entos figurados do sangue (leucócitos e<br />

plaquetas na gota espessa ou leucócitos, h<strong>em</strong>ácias e plaquetas no esfregaço


102<br />

delgado), para avaliar a qualidade de coloração. Os aspectos ente os leucócitos<br />

dev<strong>em</strong> ser claros, com ligeiro tom azulado.<br />

Proceder o exame microscópico do material para detenção dos parasitas da<br />

malária.<br />

Quando completar o exame, baixar a platina, retirar a lâmina e registar o<br />

resultado.<br />

Colocar a lâmina invertida sobre o papel absorvente, para posterior limpeza s<strong>em</strong><br />

atrito do material. Não usar xilol n<strong>em</strong> tolueno para r<strong>em</strong>oção do óleo de imersão.<br />

Após a limpeza do óleo de imersão, acondicionar as lâminas <strong>em</strong> papel adequado<br />

e arquiva-las <strong>em</strong> local próprio, para futuras revisões.<br />

18.6 CUIDADOS COM O MICROSCÓPIO<br />

Ao iniciar o trabalho, limpar as superfícies superiores das lentes oculares e<br />

inferiores das objectivas, condensador e espelho (caso seja necessário) com<br />

papel macio e absorvente. O pó depositado na parte interna dos tubos do corpo<br />

binocular pode ser r<strong>em</strong>ovido com jactos de ar produzidos por uma pêra de<br />

borracha.<br />

Não usar solvente com álcool, xilol ou tolueno para a limpeza dos componentes<br />

do equipamento. O óleo mineral é facilmente r<strong>em</strong>ovido por papel absorvente,<br />

passado sobre a lente de imersão.<br />

A parte mecânica pode ser limpa com uma flanela. A lubrificação dos sist<strong>em</strong>as<br />

mecânicos (cr<strong>em</strong>alheiras) é feita com vaselina, não sendo recomendável usar<br />

óleo.<br />

Não desmontar as objectivas, oculares, corpo binocular e o sist<strong>em</strong>a<br />

macro/micrométrico de focalização, para não desregular o equipamento.


103<br />

Manter o microscópio s<strong>em</strong>pre limpo e, após o uso conserva-lo sob uma capa<br />

plástica e/ou <strong>em</strong> caixa original, s<strong>em</strong>pre com um saco de sílica -gel para a<br />

protecção contra a humidade.<br />

Em áreas de elevada humidade, a utilização de estufas de madeira, dotando uma<br />

lâmpada de 25watts constant<strong>em</strong>ente acesa (que garante uma t<strong>em</strong>peratura entre<br />

30º-60ºC), é mais eficiente que da sílica e ideal par impedir o desenvolvimento<br />

de fungos no sist<strong>em</strong>a óptico do microscópio.<br />

Transportar, s<strong>em</strong>pre, o microscópio pela estática (braço), com o apoio da mão na<br />

base, e nunca pelos parafusos.<br />

EXAME MICROSCÓPICO<br />

Foto 19 - OBSERVAÇÃO DAS LÂMINAS AO MICROSCOPIO


104<br />

19. RESULTADOS DOS EXAMES<br />

19.1 RESULTADOS POSITIVOS<br />

Os resultados do exame parasitológico da gota espessa para as diferentes<br />

espécies de plasmódios serão registados nos formulários preparados para o estudo<br />

(pesquisa) (Apêndece3) pelos respectivos nomes p.vivax, p. falciparum, p.malárae, p.<br />

ovale, mista.<br />

OBS: Em caso de infecção mista, registar <strong>em</strong> primeiro lugar inicial da espécie<br />

dominante.<br />

Na rotina, uma infecção mista F + V é aquela na qual encontramos a<br />

presença simultânea de anéis (trofozítos jovens), formas irregulares (trofozoítos<br />

maduros) de p. vivax e gametócitos (forma de banana) de p. falciparum. Se o exame da<br />

lâmina de gota espessa revelar grande quantidade de formas <strong>em</strong> anel (trofozoítos<br />

jovens), associadas a formas irregulares (trofozoítos maduros de p.vivax) <strong>em</strong> quantidade<br />

b<strong>em</strong> menor, por ex<strong>em</strong>plo, 20.000 anéis para 2.000 formas irregulares, mesmo na<br />

ausência de gametócitos <strong>em</strong> forma de banana (p.falciparum), deve-se suspeitar de uma<br />

infecção mista F+V e comunicar o facto ao terapeuta, utilizando o formulário de<br />

resultados do estudo (pesquisa).<br />

19.2 RESULTADOS NEGATIVOS<br />

Resultado negativo deve ser <strong>em</strong>itido somente após minucioso exame da<br />

lâmina, assim como <strong>em</strong> qualquer exame microscópico.<br />

No caso da gota espessa, para não deixar de detectar baixas parasit<strong>em</strong>ias,<br />

b<strong>em</strong> como para garantir o diagnóstico das infecções mistas, torna-se necessário


105<br />

examinar mais de 100 campos microscópicos (500 campos seria o ideal),<br />

sobretudo se existir fortes suspeitas de malária (clínica e epid<strong>em</strong>iológica<br />

favoráveis).<br />

O exame de uma gota espessa “padrão” durante 10 minutos é o suficiente<br />

para se chegar aproximadamente 500 campos, possibilitando o registo de um<br />

resultado negativo com maior segurança.<br />

A conclusão diagnostica pelo encontro de um único parasita na preparação<br />

deve ser feita com cautela. Recomenda-se concluir o diagnóstico somente<br />

após o encontro de dois ou três parasitas, b<strong>em</strong> como repetir o exame <strong>em</strong><br />

diferentes horários, para aumentar sua sensibilidade.<br />

Foto 20 – Plasmodium falciparum


Foto 21 – Plasmodium vivax<br />

106


Foto 22 – Plasmodium ovale<br />

107


Foto 23 – Plasmodium malariae<br />

108


109<br />

21. QUANTIFICAÇÃO DA PARASITEMIA<br />

Parasitas por micrólitos de sangue<br />

Mesmo com variações do número de leucócitos de um indivíduo saudável e<br />

um doente, este método é pratico e com uma marg<strong>em</strong> de erro aceitável.<br />

Relaciona-se o número de parasitas por micrólitos de sangue, contidos<br />

<strong>em</strong> uma gota espessa, com um número standard de leucócitos. (8.000)<br />

Presentes <strong>em</strong> um indivíduo sadio.<br />

Contar 200 leucócitos. Se ao final da contag<strong>em</strong> for<strong>em</strong> encontrados e<br />

identificados 10 ou mais parasitas, o número de parasitas por 200<br />

leucócitos.<br />

Se após a contag<strong>em</strong> de 200 leucócitos for menor do que 9, continuar até ao<br />

total de 500 leucócitos. O resultado deve ser expresso como número de<br />

parasitas por 500 leucócitos.<br />

Nos dois casos, o número de parasitas por leucócitos pode ser convertido<br />

<strong>em</strong> número de parasitas por micrólito de sangue, usando a seguinte<br />

fórmula:<br />

Nº de parasitas x 8.000 = parasitas/µl de sangue<br />

Nº. de leucócitos<br />

O número de parasitas também pode ser obtido da seguinte forma:<br />

Número de parasitas <strong>em</strong> 200 leucócitos x 40 (factor)<br />

Número de parasitas <strong>em</strong> 500 leucócitos x 16 (factor)


110<br />

Obs: O resultado deve ser expresso como número de parasitas por micrólito de<br />

sangue. È importante anotar<strong>em</strong> separadamente o número de formas sexuadas<br />

(gametócitos) encontrado <strong>em</strong> cada lâmina.<br />

SISTEMA DE AVALIAÇÃO POR CRUZES<br />

Este é um método simples de avaliação da parasitémia. Este sist<strong>em</strong>a é<br />

menos preciso e só deve ser usado na impossibilidade do método acima referido.<br />

+ = 1 a 10 Parasitas <strong>em</strong> 100 campos examinados<br />

+ + = 11 a 100 Parasitas <strong>em</strong> 100 campos examinados<br />

+ + + = 1 a 10 Parasitas <strong>em</strong> um único campo examinado<br />

+ + + + = 1 mais de 10 Parasitas <strong>em</strong> um único campo examinado.<br />

OUTRAS TÉCNICAS<br />

Vectest Malária panel Assay (vectest)<br />

Técnica immunocromatográfica capaz de detectar e identificar a forma<br />

infectante do parasita no hospedeiro invertebrado. O vecTest utiliza anticorpos<br />

monoclonais desenvolvidos contra a proteína CS (circumsporozoite) dos Plasmodium<br />

falciparum, Plasmodium vivax 210 e Plasmodium vivax 247<br />

Vantagens: Fácil de realizar e interpretar; identifica três espécies de plasmódios <strong>em</strong><br />

uma única amostra de macerado de mosquito; leitura visual <strong>em</strong> 15 m´; dispensa<br />

equipamentos; reagente estável a t<strong>em</strong>peratura ambiente.<br />

Desvantagens: custo elevado; não identifica o Plasmodium malariae.<br />

Sensibilidade: 100% Especificidade: 98%


111<br />

22. IMAGENS DAS DIFERENTES ESPÉCIES DE PLASMÓDIOS EM<br />

ESFREGAÇO E GOTA ESPESSA<br />

Foto 24 – ESFREGAÇO DE P. falciparum


Foto 25 – ESFREGAÇO DE P. falciparum<br />

112


Foto 26 – Plasmodium vivax<br />

113


Foto 27 – Plasmodium ovale<br />

114


Fotos 28 e 29 – Plasmodium falciparum (GAMETOCYTES)<br />

115


Foto 30 – Plasmodium falciparum (GAMETOCYTES)<br />

116


117<br />

IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1. Arruda M. Manual de praticas VII curso internacional de doenças tropicais 2002.<br />

2. Manual de diagnóstico laboratorial da malária. www. Saúde. Gov.br/svs.<br />

3. http://compus.fortumecity.com/Yale/757/microscópio.htn<br />

4. Schindler, Haiana Charifker; Montenegro, Lilian Maria Lapa; Montenegro, R.A.;<br />

Carvalho, Alexandre Bezerra de; Abath, Frederico Guilherme Coutinho;<br />

JAUREGUIBERRY, Ginette. Development and Optimization of Polimerase Chain<br />

Reaction-Based Malaria Diagnostic Methods and Their Comparison With<br />

Quantitative Buffy Coat Assay. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene,<br />

65(4), 2001, pp. 335-361.<br />

5. Montenegro, L M; Montenegro, R A; Lima, A S; Carvalho, A B; Schindler, H C;<br />

Abath, F G. Development of a single tube h<strong>em</strong>i-nested PCR genus-specific detection of<br />

Plasmodium in oligoparasit<strong>em</strong>ic patients. Transactions of the Royal Society of<br />

Tropical Medicine and Hygiene, 2004 Oct; 98(10):619-25.<br />

6. TIRASOPHON, W.; PONGLIKITMONGKOL, M.; WILAIRAT, P.; BOONSAENG,<br />

V.; PANYIM, S. A novel detection of a single Plasmodium falciparum in infected<br />

blood. Bioch<strong>em</strong>ical and Biophysical Research Communications, Orlando, v.175,<br />

p.179-184, 1991.


118<br />

7. McCUTCHAN. T.F. The Ribosomal Genes of Plasmodium. International Review of<br />

Citology, New York, v.99, p.295-309, 1986.<br />

8. BARKER JR, R.H., BANCHONGAKSORN, T., COURVAL, J.M., SUWONKERD,<br />

W., RIMWUNGTRAGOON, K., WIRTH, D.F. A simple method to detect Plasmodium<br />

falciparum directly from blood samples using the polymerase chain reaction. American<br />

Journal Tropical Medicine and Hygiene, Baltimore, v.46, p.416-426, 1992.<br />

9. George Snounou, Suganya Viriyakosol, Xin Ping Zhu, Willina Jarra, Lucilia<br />

Pinheiro, Virgilio E. do Rosário, Sodsri Thaithong and K. Neil Brown. Hight sensitivity<br />

of detection of human malaria parasites by the use of nested polymerase chain reaction.<br />

Molecular and Bioch<strong>em</strong>ical Parasitology, 1993 Oct; 61(2): 315-20.


119<br />

56<br />

ANEXO 1. CICLO DE VIDA DO PLASMÓDIO


120<br />

FICHA TÉCNICA<br />

TITULO: MANUAL DE PESQUISA DE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA<br />

MALÁRIA, DA TRANSMISSÃO VERTICAL DA MALÁRIA NA MATERNIDADE<br />

LUCRÉCIA PAIM ,LUANDA, ANGOLA, NO PERÍODO DE JUNHO DE 2006 A<br />

AGOSTO DE 2007<br />

AUTORA: ELISA PEDRO GASPAR (médica pediatra - pesquisadora)<br />

REVISÃO TÉCNICA: CYNTHIA BRAGA (PROFESSORA-ORIENTADORA)<br />

HAIANA CHARIFKER SDHINDLER (CO-ORIENTADORA E<br />

COORDENADORA DO LABORATORIO)<br />

ROSSANA MONTENEGRO (CO-ORIENTADORA E<br />

ASSESSORA PARA TÉCNICAS DE LABORATÓRIO)<br />

FOTOGRAFIAS: ELISA GASPAR<br />

ROSSANA MONTENEGRO<br />

YOROSCLAV GASPAR<br />

IRINA GASPAR<br />

G. E. P. RECIFE / PE-2006


121<br />

FOTO DO GRUPO DE TRABALHO LABORATORIAL NO CENTRO DE<br />

PESQUISA AGGEU MAGALHÃES/ FIOCRUZ RECIFE-PE

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