PlanMob Mobilidade Urbana - ANTP

PlanMob Mobilidade Urbana - ANTP PlanMob Mobilidade Urbana - ANTP

sedhab.df.gov.br
from sedhab.df.gov.br More from this publisher
01.12.2014 Views

6. APRESENTANDO OS COMPONENTES DO PLANEJAMENTO DA MOBILIDADE 60 Traçados viários ortogonais propiciam opções de trajetos e facilitam a organização de binários e vias especializadas para o transporte coletivo; ao contrário, vias sinuosas, limitadas por um sítio acidentado, podem ser adequadas para áreas de baixa densidade de tráfego e até são recomendáveis para a implantação de medidas de moderação de tráfego. A presença de barreiras naturais (serras, rios de grande porte, por exemplo) também afeta a morfologia e a mobilidade urbana. Cidades localizadas junto à orla marítima, rios e cursos navegáveis, nasceram fortemente influenciadas por esta condição e, normalmente, contam com o seu centro histórico junto à orla e um crescimento irradiado segundo um meio circulo para o interior. Nas cidades ribeirinhas, a transposição do rio sempre é um problema; a construção de pontes exige obras caras e elas se tornam pontos de estrangulamento da circulação. Em compensação, esta condição oferece um potencial paisagístico e uma condição adequada para a implantação de calçadões e ciclovias. Outro aspecto interessante das cidades ribeirinhas ou situadas na orla marítima é a possibilidade de exploração do transporte hidroviário e a sua articulação com os outros meios de transporte terrestre. Nos municípios localizados em áreas ambientalmente sensíveis ou com parte significativa de seu território englobando áreas de interesse ou de proteção ambiental (reservas naturais, região de mananciais, áreas de preservação permanente, Unidades de Conservação), a construção de infra-estrutura e a expansão dos serviços de transporte motorizados devem sofrer restrições ou, pelo menos, exigir estudos de impacto ambiental. Um último tipo de barreira urbana são as construídas pelo homem: cidades cortadas por rodovias ou ferrovias também sofrem conseqüências nas suas condições de mobilidade. A ocupação pode ter se dado originalmente em função da infra-estrutura instalada, ou esta pode ter sido construída em um espaço com um tipo de ocupação já consolidada; em ambos os casos, o tecido urbano é seccionado de forma traumática por uma barreira física que impede a sua expansão de forma continua e natural e dificulta a integração intra-urbana. Especificamente nos casos de rodovias, elas normalmente trazem um problema adicional, atraindo atividades relacionadas ao transporte de carga e gerando um elevado tráfego de passagem, com veículos de grande porte, com impactos ambientais e na segurança. Em todas essas situações, os Planos Diretores de Mobilidade devem considerar as particularidades locais, explorar as potencialidades de cada situação e desenvolver medidas para minimizar os seus impactos negativos. 6.1.3.3 Cidades com características específicas Muitas cidades apresentam uma condição particular que determina comportamentos e padrões específicos para a mobilidade urbana. Cidades industriais, municípios dormitório, cidades litorâneas com atratividade turística, cidades históricas, são situações em parte determinadas pelas condições naturais, mas derivam, principalmente, da forma como as atividades humanas se distribuíram no território. As possibilidades de combinação destas características urbanas com os demais condicionantes dos deslocamentos de pessoas e de bens são tantas que não é prudente estabelecer uma tipologia rígida para classificálas, porém, algumas características básicas podem ser apontadas para as principais situações, conforme destacado a seguir. a) Cidades industriais Cidades ou regiões com expressiva localização industrial, principalmente de empreendimentos de grande porte, geram tráfego pesado, rodoviário ou ferroviário, com forte impacto ambiental, na qualidade de vida e na segurança da circulação. O planejamento da mobilidade deve procurar organizar estes fluxos por

Caderno para Elaboração de Plano Diretor de Transporte e da Mobilidade - PlanMob meio de construção de infra-estrutura adequada e de regulamentação da circulação. Restrições de vias ou de horários para a circulação de veículos pesados, regulamentação da circulação de produtos perigosos, adequação da legislação de zoneamento e de uso do solo, são algumas medidas que podem contribuir para minimizar os impactos indesejados desta condição. O planejamento municipal normalmente sofre de limitações de competência ou de recursos, humanos e financeiros, para tratar destes problemas, sendo necessário portanto o envolvimento das demais esferas de governo. b) Cidades dormitório Normalmente inseridos em regiões metropolitanas ou outra áreas com elevado grau de conurbação, alguns municípios apresentam característica de cidades-dormitório, concentram quase que exclusivamente uso residencial e de pequenos serviços de influência local. A gestão da mobilidade precisa atender às necessidades de deslocamento da população que, nestes casos, dependem por definição de serviços intermunicipais, fora da competência de gestão da prefeitura. Da melhor forma possível, a Administração Municipal precisa intervir no planejamento regional, na busca de soluções para as suas demandas. No âmbito municipal, o desenvolvimento dos meios não motorizados e sua integração aos sistemas de transporte local e a integração física, operacional e tarifária destes aos intermunicipais, pode melhorar as condições de oferta e o custo dos deslocamentos. Sob uma perspectiva mais geral, o município deve elaborar estratégias de desenvolvimento que mudem essa condição, procurando atrair empreendimentos geradores de emprego e ampliar a oferta de serviços, sempre com objetivo de reduzir a dependência da população de longos e onerosos deslocamentos regionais. c) Cidades turísticas Cidades turísticas apresentam comportamentos muito distintos em períodos específicos do ano, quando recebem uma população flutuante muito superior a dos seus moradores permanentes. Essa demanda adicional sobre toda a infra-estrutura urbana cria problemas que precisam ser eliminados ou pelo menos minimizados por meio de políticas específicas para os sistemas de transporte público e de circulação. Investimentos em ampliação de infra-estrutura podem ser previstos dentro de um plano de investimentos, mas nem sempre são viáveis frente à capacidade de investimento do município, até porque podem ser necessárias apenas em períodos muito curtos e, se construídas, permaneceriam ociosas durante a maior parte do tempo. Nessa condição, são necessárias medidas de regulamentação, operação e fiscalização que permitam minimizar os problemas mais relevantes. Por outro lado, o desenvolvimento econômico e social do município depende destas atividades, então o planejamento da mobilidade precisa, simultaneamente, organizar a circulação, até com a adoção de medidas restritivas, e manter a sua atratividade. Do mesmo modo, a sustentabilidade ambiental ganha uma importância adicional com a necessidade de preservação das condições de atratividade turística do município. d) Cidades históricas O patrimônio histórico agrega à questão turística um problema adicional do ponto de vista da mobilidade. A formação urbana normalmente não apresenta condições de suportar altos volumes de circulação motorizada característicos do atual modelo de mobilidade. Ruas estreitas e estrutura urbana antiga não comportam a circulação de veículos pesados que, ao contrário, representam riscos para a conservação daquele patrimônio construído. Por outro lado, essas áreas demandam projetos adequados para a circulação de pe- 61

Caderno para Elaboração de Plano Diretor de Transporte e da <strong>Mobilidade</strong> - <strong>PlanMob</strong><br />

meio de construção de infra-estrutura adequada<br />

e de regulamentação da circulação.<br />

Restrições de vias ou de horários para a<br />

circulação de veículos pesados, regulamentação<br />

da circulação de produtos perigosos, adequação<br />

da legislação de zoneamento e de uso<br />

do solo, são algumas medidas que podem contribuir<br />

para minimizar os impactos indesejados<br />

desta condição.<br />

O planejamento municipal normalmente<br />

sofre de limitações de competência ou de<br />

recursos, humanos e financeiros, para tratar<br />

destes problemas, sendo necessário portanto<br />

o envolvimento das demais esferas de<br />

governo.<br />

b)<br />

Cidades dormitório<br />

Normalmente inseridos em regiões metropolitanas<br />

ou outra áreas com elevado grau<br />

de conurbação, alguns municípios apresentam<br />

característica de cidades-dormitório,<br />

concentram quase que exclusivamente uso<br />

residencial e de pequenos serviços de influência<br />

local.<br />

A gestão da mobilidade precisa atender<br />

às necessidades de deslocamento da população<br />

que, nestes casos, dependem por definição<br />

de serviços intermunicipais, fora da competência<br />

de gestão da prefeitura. Da melhor<br />

forma possível, a Administração Municipal<br />

precisa intervir no planejamento regional, na<br />

busca de soluções para as suas demandas.<br />

No âmbito municipal, o desenvolvimento dos<br />

meios não motorizados e sua integração aos<br />

sistemas de transporte local e a integração física,<br />

operacional e tarifária destes aos intermunicipais,<br />

pode melhorar as condições de<br />

oferta e o custo dos deslocamentos.<br />

Sob uma perspectiva mais geral, o município<br />

deve elaborar estratégias de desenvolvimento<br />

que mudem essa condição, procurando<br />

atrair empreendimentos geradores<br />

de emprego e ampliar a oferta de serviços,<br />

sempre com objetivo de reduzir a dependência<br />

da população de longos e onerosos deslocamentos<br />

regionais.<br />

c)<br />

Cidades turísticas<br />

Cidades turísticas apresentam comportamentos<br />

muito distintos em períodos específicos<br />

do ano, quando recebem uma população<br />

flutuante muito superior a dos seus moradores<br />

permanentes. Essa demanda adicional sobre<br />

toda a infra-estrutura urbana cria problemas que<br />

precisam ser eliminados ou pelo menos minimizados<br />

por meio de políticas específicas para os<br />

sistemas de transporte público e de circulação.<br />

Investimentos em ampliação de infra-estrutura<br />

podem ser previstos dentro de um plano<br />

de investimentos, mas nem sempre são viáveis<br />

frente à capacidade de investimento do município,<br />

até porque podem ser necessárias apenas<br />

em períodos muito curtos e, se construídas,<br />

permaneceriam ociosas durante a maior parte<br />

do tempo. Nessa condição, são necessárias<br />

medidas de regulamentação, operação e fiscalização<br />

que permitam minimizar os problemas<br />

mais relevantes.<br />

Por outro lado, o desenvolvimento econômico<br />

e social do município depende destas atividades,<br />

então o planejamento da mobilidade<br />

precisa, simultaneamente, organizar a circulação,<br />

até com a adoção de medidas restritivas,<br />

e manter a sua atratividade.<br />

Do mesmo modo, a sustentabilidade ambiental<br />

ganha uma importância adicional com a<br />

necessidade de preservação das condições de<br />

atratividade turística do município.<br />

d)<br />

Cidades históricas<br />

O patrimônio histórico agrega à questão<br />

turística um problema adicional do ponto de<br />

vista da mobilidade. A formação urbana normalmente<br />

não apresenta condições de suportar<br />

altos volumes de circulação motorizada característicos<br />

do atual modelo de mobilidade.<br />

Ruas estreitas e estrutura urbana antiga<br />

não comportam a circulação de veículos pesados<br />

que, ao contrário, representam riscos<br />

para a conservação daquele patrimônio construído.<br />

Por outro lado, essas áreas demandam<br />

projetos adequados para a circulação de pe-<br />

61

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!