PlanMob Mobilidade Urbana - ANTP
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5. CONHECENDO OS FUNDAMENTOS PARA O PLANEJAMENTO DA MOBILIDADE<br />
40<br />
deterioração, causando redução dos índices<br />
de mobilidade e acessibilidade, degradação<br />
das condições ambientais, desperdício de tempo<br />
em congestionamentos crônicos, elevada<br />
mortalidade devido a acidentes de trânsito e<br />
outros problemas, já presentes até mesmo em<br />
cidades de pequeno e médio portes.<br />
Esta situação tem raízes em fatores sociais,<br />
políticos e econômicos mas, fundamentalmente,<br />
é produto de decisões passadas nas políticas<br />
urbanas. Nossas cidades foram, ao longo de<br />
décadas, construídas, reformadas e adaptadas<br />
para um modelo de circulação, hoje percebido<br />
como insustentável, fundado no transporte motorizado,<br />
rodoviário e individual: o automóvel.<br />
Poucos são os investimentos nos sistemas<br />
de transporte público, relegados ao delicado<br />
(des)equilíbrio entre custos operacionais, tarifas<br />
e receitas. O resultado é uma apropriação<br />
diferenciada do espaço público com “uma clara<br />
separação entre aqueles que têm acesso ao automóvel<br />
e aqueles que dependem do transporte<br />
coletivo, refletindo, na prática, as grandes disparidades<br />
sociais e econômicas da nossa sociedade;<br />
enquanto uma parcela reduzida desfruta<br />
de melhores condições de transporte, a maioria<br />
continua limitada nos seus direitos de deslocamento<br />
e acessibilidade”. (<strong>ANTP</strong>, 1997, p. 18-19)<br />
À falta de uma infra-estrutura urbana adequada,<br />
deve ser acrescida a frágil atuação dos<br />
poderes públicos na gestão dos serviços de<br />
transporte coletivo urbano. Em muitos casos,<br />
a subordinação aos interesses econômicos<br />
privados dos operadores, e não ao interesse<br />
público, impediu um planejamento adequado<br />
das redes de transporte coletivo, já prejudicadas<br />
pela falta de prioridade no uso do sistema<br />
viário, moldando-a de forma insuficiente, desarticulada,<br />
inadequada aos desejos e necessidades<br />
da população e ineficiente operacional<br />
e economicamente.<br />
A combinação destes dois movimentos:<br />
investimentos em infra-estrutura direcionados<br />
para o transporte individual e subordinação da<br />
organização da rede aos interesses privados,<br />
produz um ciclo vicioso que está conduzindo<br />
as cidades à imobilidade.<br />
“Esta situação permanece e tende a se<br />
agravar: a falta de transporte público de<br />
qualidade estimula o uso do transporte individual,<br />
que aumenta os níveis de congestionamento<br />
e poluição. Esse uso ampliado<br />
do automóvel estimula no médio prazo a<br />
expansão urbana e a dispersão das atividades,<br />
elevando o consumo de energia e<br />
criando grandes diferenças de acessibilidade<br />
às atividades.” (<strong>ANTP</strong>, 1997, p. 19)<br />
O desafio que se apresenta para o planejamento,<br />
objeto dos Planos Diretores e dos Planos<br />
de <strong>Mobilidade</strong> está em alterar as condições<br />
que produziram esse quadro. Serão necessárias<br />
medidas no âmbito estrito das políticas de<br />
mobilidade, acompanhadas de outras, relacionadas<br />
aos instrumentos de controle urbano,<br />
parcelamento e uso e ocupação do solo, controle<br />
ambiental, desenvolvimento econômico e<br />
inclusão social.<br />
5.2 Conceitos básicos para formulação<br />
dos Planos Diretores de Transporte e da<br />
<strong>Mobilidade</strong><br />
Tradicionalmente, as questões de transporte,<br />
circulação e mobilidade têm sido tratadas<br />
de maneira isolada: planejamento urbano,<br />
gestão do uso do solo, implantação de sistema<br />
viário, gestão do sistema viário, gestão dos<br />
serviços de transporte coletivo, gestão do trânsito,<br />
gestão do uso das calçadas, e outras atividades<br />
inter-relacionadas com as condições de<br />
circulação são comumente administradas pelo<br />
poder público, dentro das estruturas administrativas,<br />
de forma estanque. Esta abordagem<br />
é, em si, um dos problemas para a construção<br />
de um novo modelo de mobilidade urbana.<br />
Naturalmente, a estrutura da Administração<br />
Pública deve considerar aspectos característicos<br />
de cada local - técnicos, políticos ou culturais,<br />
além de refletir concepções e prioridades<br />
também particulares. Além disto, nas cidades<br />
maiores, a complexidade dos problemas, as<br />
diversidades regionais e o tamanho da própria<br />
estrutura gestora exigem divisão de atribuições<br />
e especialização das equipes. Porém, é necessário<br />
que haja a máxima articulação e coordenação<br />
entre as diversas unidades.