Sumário - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
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existe realmente, <strong>de</strong> que existem valores absolutos capazes <strong>de</strong> guiar o homem e<br />
<strong>de</strong> conferir uma significação à existência humana.<br />
O conjunto <strong>de</strong> narrativas <strong>de</strong>sse tipo e o estudo <strong>da</strong>s concepções mitológicas<br />
encarados como um dos elementos integrantes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social é <strong>de</strong>nominado<br />
mitologia. Os principais tipos <strong>de</strong> mitos referem-se à origem dos <strong>de</strong>uses, do mundo<br />
e ao fim <strong>da</strong>s coisas. Também há mitos que procuram explicar a origem <strong>da</strong><br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, a posição <strong>de</strong> um povo em relação aos <strong>de</strong>mais, o pecado original etc.<br />
De acordo com Edith Hamilton, a mitologia retrata a maneira <strong>de</strong> pensar e sentir <strong>da</strong><br />
raça humana <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos primordiais.<br />
III - UM PAINEL SOBRE A VIDA DOS GERMANOS<br />
Todo sistema mitológico pren<strong>de</strong>-se a uma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> ou comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
específicas. Nosso caso <strong>de</strong> estudo tratará dos aspectos <strong>de</strong>sse mundo <strong>de</strong> mitos<br />
presentes nas tribos germânicas <strong>da</strong> Alta I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média. Para tanto são necessárias<br />
algumas palavras à guisa <strong>de</strong> introdução.<br />
O vocábulo germanus foi cunhado pelos romanos e significa homem com<br />
lança, <strong>de</strong>vido a uma espécie <strong>de</strong> lança, <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> pelos germanos geer.<br />
As fontes <strong>de</strong> pesquisa para estudos dos germanos são um pouco escassas<br />
e, <strong>de</strong> uma certa forma, um pouco influencia<strong>da</strong>s pelo olhar não científico <strong>de</strong> alguns<br />
curiosos <strong>da</strong> época. Segundo Perroy,<br />
“o que tem falseado a atitu<strong>de</strong> <strong>da</strong> maior parte dos historiadores, quando abor<strong>da</strong>m<br />
esse temível assunto, é que, em face <strong>da</strong> pobreza <strong>da</strong>s informações que foi possível<br />
recolher sobre a situação dos povos germânicos à véspera <strong>da</strong>s invasões, não<br />
pu<strong>de</strong>ram resistir à tentação, para preencher as lacunas <strong>de</strong> sua documentação, <strong>de</strong><br />
remontar ao alto império e <strong>de</strong> utilizar o testemunho precioso, inteligente e<br />
irrefutável <strong>de</strong> Tácito.” (apud GIORDANI, 1997,16)<br />
Assim como os textos <strong>de</strong> Tácito, César, Ptolomeu, Plínio e Estrabão<br />
po<strong>de</strong>mos recorrer também às fontes lingüísticas, arqueológicas e ao conjunto <strong>de</strong><br />
topônimos <strong>da</strong>s regiões habita<strong>da</strong>s pelos povos germânicos.<br />
De acordo como o autor, a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira uni<strong>da</strong><strong>de</strong> germânica é <strong>de</strong> origem<br />
lingüística. Assim estabeleceu-se o início <strong>da</strong> chama<strong>da</strong> gramática compara<strong>da</strong>.<br />
Entre as línguas mais importantes <strong>da</strong> família germânica po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar o<br />
nórdico ou escandinavo, o gótico, o alto-alemão, o antigo saxão e o anglo-frísio,<br />
que posteriormente se uniu ao nórdico.<br />
A toponomástica revela-nos que os nomes <strong>de</strong> rios, montanhas e florestas<br />
<strong>de</strong>ssas regiões não são <strong>de</strong> origem germânica, mas <strong>de</strong> origem céltica. Portanto, é<br />
possível afirmar que a região oci<strong>de</strong>ntal <strong>da</strong> Alemanha (à direita do Reno) e a média<br />
Alemanha foram habita<strong>da</strong>s pelos celtas antes dos germanos.<br />
Através <strong>de</strong> escavações arqueológicas, acredita-se que o provável berço dos<br />
germanos é a Escandinávia, pois esta região está em posse <strong>de</strong>ste povo <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
tempos imemoriais.<br />
A origem dos germanos é muito discuti<strong>da</strong> e existem duas correntes<br />
principais: a primeira acredita que eles <strong>de</strong>ram origem ao indo-europeu, sendo o<br />
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