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Sumário - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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no plano cronológico e geográfico” (1981: 10-11). O famoso antropólogo Clau<strong>de</strong><br />

Lévi-Strauss já in<strong>da</strong>gava sobre a questão, em outros termos: “on<strong>de</strong> acaba a<br />

mitologia e on<strong>de</strong> começa a História?” Para ele, ambas possuem estruturas<br />

semelhantes, apesar <strong>da</strong> primeira ser mais estática e a segun<strong>da</strong> um “sistema<br />

aberto” (Lévi-Strauss, 1985: 58, 55-64). Em outros teóricos a linguagem mítica<br />

seria indubitavelmente atrela<strong>da</strong> a uma fun<strong>da</strong>mentação histórica, sem o qual não<br />

po<strong>de</strong>ria se manifestar (Barthes, 1982: 132). Jean-Pierre Vernant <strong>de</strong>screve a<br />

diferença entre os mitos <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s ‘frias’, on<strong>de</strong> o tempo não é claramente<br />

marcado (com uma sincronia coerente e uma diacronia frágil), com as narrativas<br />

míticas <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s ‘quentes’, mobiliza<strong>da</strong>s pela História – nestas últimas, as<br />

variações míticas são efetua<strong>da</strong>s pela oposição entre versões novas e antigas. A<br />

pesquisa do mito, <strong>de</strong>sta maneira, <strong>de</strong>ve levar em conta a articulação entre a<br />

investigação sincrônica (ca<strong>da</strong> elemento é explicado pelo conjunto <strong>de</strong> suas<br />

relações num sistema) e a diacrônica (os elementos são inseridos em séries<br />

temporais, explicados pelas seqüências anteriores), ou seja, a articulação entre as<br />

estruturas, pela <strong>de</strong>cifração <strong>da</strong> polissemia dos diferentes códigos, enfim,<br />

<strong>de</strong>codificando uma lógica não binária, própria dos mitos (Vernant, 1992: 219-221).<br />

Apesar <strong>da</strong> importância dos gran<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>los teóricos dos mitos e <strong>da</strong><br />

religiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> escandinava (Georges Dumézil, Turville-Petre, Hil<strong>da</strong> Davidson), além<br />

dos pressupostos histórico-culturais (Graham-Campbell, Gwyn Jones entre outros),<br />

as problemáticas que <strong>de</strong>finimos ao longo do texto <strong>de</strong>monstram que as futuras<br />

investigações <strong>de</strong>vem concentrar seus focos <strong>de</strong> análise no específico, procurando<br />

encontrar as variações sociais e não somente alguma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> estrutural (que em<br />

alguns casos nunca existiu). Apesar dos escandinavos ain<strong>da</strong> serem incluídos em<br />

um mo<strong>de</strong>lo etno-linguístico que remeta a padrões germânicos (especialmente na<br />

linguagem e vários aspectos culturais), alguns resultados <strong>de</strong> pesquisa<br />

<strong>de</strong>monstram diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> reinterpretações regionais para facetas do imaginário<br />

religioso, rompendo com a idéia <strong>de</strong> uma ortodoxia ou pensamento unificado<br />

(Langer, 2005), e como frisamos anteriormente, acreditamos que a área<br />

escandinava medieval conheceu três sistemas <strong>de</strong> reinterpretação oral-imagética: o<br />

valholliano, o ragnarokiano e o nibelungiano (Langer, 2006). Assim, nossas futuras<br />

pesquisas não abandonarão os estudos diacrônicos que privilegiaram as<br />

permanências e a uni<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas enfatizaremos especialmente o sincrônico, o<br />

circunstancial, o regional, enfim, todo elemento que permitir vislumbrar porque<br />

existiram tantas variações (ou ausências) na produção <strong>de</strong> imagens e<br />

interpretações míticas na Escandinávia do período Viking.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

FONTES PRIMÁRIAS:<br />

ANÔNIMO. El<strong>de</strong>r Ed<strong>da</strong>, século XIII. Traduções para o inglês: The Poetic Ed<strong>da</strong>.<br />

Austin: The University of Texas, 1928, p. 121-126 (Tradução <strong>de</strong> Lee M.<br />

Hollan<strong>de</strong>r).<br />

The Poetic Ed<strong>da</strong>. New York: Dover, 2004, p. 174-182 (Tradução <strong>de</strong> Henry A<strong>da</strong>ms<br />

Bellows).<br />

STURLUSON, Snorri. Snorra Ed<strong>da</strong>, século XIII. Traduções: The Prose Ed<strong>da</strong>.<br />

London: Penguin Books, 2005 (Tradução para o inglês <strong>de</strong> Jesse L. Byock).<br />

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