Revista Eletrônica n° 2 - Crefito
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<strong>Revista</strong> Científica do CREFITO5/RS<br />
Atualização<br />
Janeiro | Fevereiro | Março | Abril 2010<br />
Científica
DIRETORIA<br />
Presidente<br />
Dra. Maria Teresa Dresch da Silveira<br />
Vice-Presidente<br />
Dr. Jadir Camargo Lemos<br />
Diretora-Secretária<br />
Dra. Vera Elaine Marques Maciel<br />
Diretor-Tesoureiro<br />
Dr. Gerson Adriano Chequi Pinto<br />
CONSELHO EDITORIAL<br />
Comissão de Ensino CREFITO5/RS<br />
CONSULTORES<br />
Dr. Alexandre Simões<br />
Dra. Claudia Trevisan<br />
Dr. Fabricio Macagnan<br />
Dr. Luis Ulisses Signori<br />
Dra. Maria Salete Vogt<br />
Dra. Patrícia Viana da Rosa<br />
Dr. Pedro Dall’Ago<br />
Dra. Ulrika Arns<br />
Dra. Vera Rocha<br />
JORNALISTAS RESPONSÁVEIS<br />
Flávia Lima Moreira - MTB 12914<br />
Manuela Martini Colla - MTB 12449<br />
A revista eletrônica do CREFITO5/RS, publicação online quadrimestral<br />
de produção científica, tem como objetivo favorecer a<br />
divulgação científica a fim de subsidiar a prática profissional em<br />
Fisioterapia e contribuir para a atualização dos profissionais inscritos<br />
no CREFITO5/RS. A publicação recebe: artigos originais;<br />
relatos de experiências; resumos de dissertações de mestrado e<br />
de teses de doutorado; e resenhas. Os autores são responsáveis<br />
pelas informações contidas nos trabalhos e pela permissão<br />
do uso de figuras, tabelas e gráficos publicados. É proibida<br />
a reprodução parcial ou total sem prévia autorização. Para<br />
submeter os originais à apreciação do corpo editorial, o autor<br />
principal deve ser Fisioterapeuta e deve estar regularmente<br />
inscrito no CREFITO5/RS e com suas obrigações pecuniárias e<br />
eleitorais em dia, bem como estar livre de processos éticodisciplinares<br />
nesta autarquia. Esta norma vale também para<br />
os co-autores Fisioterapeutas.<br />
Editorial<br />
Colegas.<br />
Estamos entregando a vocês a segunda edição da <strong>Revista</strong> Eletrônica<br />
de Atualização Científica em Fisioterapia. Esta publicação, sonhada<br />
e idealizada num esforço conjunto entre a Diretoria do Conselho<br />
e profissionais que colaboram como editores, consultores e autores,<br />
está no seu segundo número, em cumprimento com a promessa de<br />
mantermos a regularidade da publicação, na busca de conseguirmos<br />
indexar nossa revista em breve.<br />
Convidamos a todos para que leiam os trabalhos dos colegas e<br />
solicitamos que divulguem em seus círculos sociais e profissionais a<br />
existência deste periódico produzido por fisioterapeutas.<br />
Contamos com vocês para o sucesso deste e dos próximos números<br />
da revista. Enviem seus artigos e socializem os resultados dos<br />
seus trabalhos.<br />
Índice<br />
Dr. Jadir Camargo Lemos<br />
Vice-presidente CREFITO5/RS<br />
A Autonomia Profissional dos Fisioterapeutas:<br />
uma Reflexão Bioética................... 03<br />
Corpo e Voz na Doença de Parkinson de Início<br />
Precoce – Relato de um Caso........ 08<br />
O Protagonismo da Fisioterapia na Estratégia<br />
Saúde da Família............................ 13<br />
Resenha: Essas fisioterapeutas maravilhosas<br />
e suas ideias movimentadas.......... 18<br />
Email: informacao@crefito5.org.br<br />
Site: www.crefito5.org.br
A Autonomia Profissional dos<br />
Fisioterapeutas: uma Reflexão<br />
Bioética<br />
Ana Fátima Viero BADARÓ *<br />
*<br />
Fisioterapeuta, Doutora em Ciências da Saúde (UnB), Área de<br />
concentração: Bioética<br />
Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de<br />
Santa Maria<br />
E-mail: badaroana@uol.com.br<br />
Resumo<br />
Esse artigo apresenta questões conceituais e legais sobre<br />
o exercício da autonomia do fisioterapeuta, evidenciado a<br />
partir de elementos éticos e bioéticos relacionados ao princípio<br />
da autonomia, na concepção da teoria principialista,<br />
em contraposição à posição da assistência paternalista.<br />
Levantam-se questões sobre o cumprimento de normas<br />
éticas da profissão, sobre as relações de trabalho e examina-se<br />
como elas impõem aos fisioterapeutas limitações<br />
ao pleno exercício de sua autonomia profissional, caracterizadas<br />
por dilemas nas relações intra e interprofissionais<br />
e terapeuta–paciente. Observa a necessidade de ampliar<br />
os estudos sobre esses temas, aumentando as discussões<br />
sobre a inserção da bioética na formação e capacitação<br />
dos fisioterapeutas, possibilitando-lhes o preparo para o<br />
enfrentamento de desafios éticos que permeiam a prática<br />
profissional.<br />
Palavra-chave: Bioética; Autonomia; Fisioterapia (Especialidade);<br />
Prática Profissional.<br />
Introdução<br />
A fisioterapia é um campo da área da saúde que emergiu<br />
no início do século XX e que, no Brasil, completou em<br />
2009 quarenta anos da sua regulamentação profissional.<br />
Nesse período, suas práticas intuitivas e empíricas foram<br />
transformadas pela cientificidade em ações específicas da<br />
área, em decorrência da evolução tecnológica em saúde e<br />
da demanda levantada pelo novo perfil epidemiológico da<br />
população. Paralelamente a essa evolução – da ciência, da<br />
tecnologia – e ao aumento das doenças crônicas, ocorreu<br />
como consequência a formação de equipes de saúde<br />
subordinadas aos médicos, nas quais o fisioterapeuta se<br />
inseriu, buscando demarcar a sua posição profissional.<br />
Dessa forma, a história da profissão, no país, foi marcada<br />
pela luta dos fisioterapeutas para firmar a identidade<br />
profissional, para garantir a sua autonomia com respeito<br />
e dignidade, e para conquistar o reconhecimento político e<br />
profissional da categoria 1,2 (BARROS, 2002; REBELATTO<br />
& BOTOMÉ, 2004). Apesar das conquistas alcançadas pela<br />
fisioterapia nessa sua trajetória, as discussões relacionadas<br />
às questões éticas da prática fisioterapêutica sempre<br />
estiveram presentes, mas limitadas aos aspectos legais e<br />
deontológicos da profissão; são poucos os estudos que<br />
relacionam fisioterapia e ética com os cuidados prestados,<br />
com o respeito pela autonomia do paciente e pelo próprio<br />
profissional como membro da equipe de saúde 3, 4 (BADA-<br />
RÓ, 2008; BADARÓ & GUILHEM, 2008).<br />
A autoridade dos profissionais da saúde e a condição de<br />
dependência dos pacientes geram muitos dilemas, os<br />
quais podem surgir tanto nas relações entre terapeuta e<br />
paciente, como nas relações intra e interprofissionais. Geralmente,<br />
a resolução dos conflitos está pautada em concepções<br />
advindas da formação moral, da deontologia, de<br />
teorias éticas e de reflexões efetuadas sobre as atividades<br />
práticas 5 (MOUREY, 2006).<br />
Como toda profissão da saúde, a fisioterapia enfrenta desafios<br />
de ordem moral, os quais são decorrentes de mudanças<br />
sociais e da utilização da tecnologia no cotidiano<br />
da profissão. A rápida evolução da profissão gerou maior<br />
autonomia dos profissionais no que se refere ao processo<br />
de tomada de decisões em saúde, mas também trouxe dilemas<br />
e responsabilidades éticas mais complexas 6 (SWI-<br />
SHER, 2002). A evolução da autonomia dos fisioterapeutas<br />
compreende a liberdade e a independência de realizar o<br />
exercício profissional, com competência e qualidade.<br />
Objetivo e Métodos<br />
O objetivo desse artigo é o de apresentar alguns elementos<br />
bioéticos, da teoria principialista, presentes no exercício<br />
profissional dos fisioterapeutas.<br />
03
Apresentam-se, de forma breve, a teoria principialista da<br />
bioética, a natureza conceitual da autonomia como princípio<br />
e o fundamento ético de rejeição ao modelo paternalista.<br />
Abordam-se, ainda, as questões que envolvem as<br />
ações que caracterizam a assistência paternalista e como<br />
a autonomia e o paternalismo estão inseridos no exercício<br />
profissional do fisioterapeuta.<br />
Para alcançar os objetivos propostos, esse artigo caracteriza-se<br />
em uma revisão de literatura, apoiada nas discussões<br />
apresentadas na tese de doutorado intitulada “Ética<br />
e bioética na práxis da fisioterapia: desvelando comportamentos”,<br />
em que foram entrevistados fisioterapeutas para<br />
se investigar os elementos bioéticos da teoria principialista,<br />
presentes na prática desses profissionais. Os resultados<br />
das entrevistas foram analisados de acordo com a técnica<br />
preconizada por Bardin, de análise de conteúdo, por meio<br />
de categorização temática 3 (BADARÓ, 2008).<br />
Para essa apresentação foram selecionados, dos estudos<br />
dessa tese, as categorias do eixo temático “princípio da autonomia<br />
na práxis dos fisioterapeutas”, que compreendem:<br />
a autonomia profissional do fisioterapeuta e autonomia<br />
do paciente; a autonomia nas relações interprofissionais<br />
e nas relações terapeuta–paciente; e a autonomia dos fisioterapeutas<br />
na assistência em clínicas/consultórios e na<br />
internação hospitalar.<br />
ELEMENTOS BIOÉTICOS E A PRÁXIS DA FISIOTERAPIA<br />
A teoria principialista da bioética<br />
A teoria principialista foi desenvolvida nos Estados Unidos<br />
a partir do Relatório Belmont (Belmont Report), publicado<br />
em 1978, para identificar princípios éticos básicos que<br />
norteassem a experimentação em seres humanos, nas<br />
ciências comportamentais e na biomedicina. Nesse documento<br />
foram propostos três princípios: o respeito pelas<br />
pessoas (autonomia), a beneficência e a justiça 7,8 (JUN-<br />
GES, 1999; PESSINI, 2002). A partir desses princípios,<br />
Tom Beauchamp e James Childress publicaram, em 1979,<br />
a obra intitulada Princípios de Ética Biomédica, acrescentando<br />
àqueles três, o princípio da não-maleficência,<br />
distinguindo-o do da beneficência. Enquanto o Relatório<br />
Belmont buscava nortear as pesquisas com seres humanos,<br />
os quatro princípios foram direcionados para a área<br />
clínico-assistencial, evitando o antigo enfoque ético característico<br />
dos códigos e juramentos profissionais 8,9,10 (PES-<br />
SINI, 2002; PEGORARO, 2002; DINIZ & GUILHEM, 2008).<br />
Esses princípios éticos básicos foram expressos em uma<br />
linguagem clara, simples e direta, favorecendo o seu entendimento<br />
pelos profissionais da saúde.<br />
Cabe lembrar que os princípios estão fundamentados em<br />
diferentes teorias filosóficas. A autonomia, no principialismo,<br />
está apoiada em Kant. A beneficência vem das reflexões<br />
gregas sobre o bem como princípio da metafísica de<br />
Platão e da ética de Aristóteles. Já a justiça tem sua origem<br />
filosófica na ética e na política desde Aristóteles até John<br />
Rawls, na modernidade 9 (PEGORARO, 2002) .<br />
Autonomia como princípio da teoria principialista da bioética<br />
A autonomia, como princípio da teoria principialista, parte<br />
do entendimento de que a liberdade – compreendida como<br />
independência de influências controladoras – e a capacidade<br />
de agir das pessoas são condições essenciais para<br />
o processo de tomada de decisão no cuidado em saúde.<br />
A decisão autônoma deve ser assegurada pelos profissionais,<br />
por meio de informações esclarecedoras e do estímulo<br />
à voluntariedade dos indivíduos. O acesso a informações<br />
e o estabelecimento do diálogo em um contexto democrático<br />
têm como objetivo capacitar o paciente para adotar<br />
posição ativa, superar seu senso de dependência e obter<br />
o maior controle possível sobre o procedimento ao qual<br />
deseja se submeter 7,11 (JUNGES, 1999; BEAUCHAMP &<br />
CHILDRESS, 2002) .<br />
Por sua vez, a autonomia deve ser compreendida como o<br />
dever absoluto de respeitar a livre determinação das pessoas,<br />
contrapondo-se ao paternalismo sedimentado no<br />
campo da atenção em saúde. Está investida de grande legitimidade<br />
moral, pois, para serem autônomas, as pessoas<br />
devem possuir capacidade de compreensão, de raciocínio,<br />
de deliberação e de escolha independente. O entendimento<br />
sobre autonomia compreende os direitos individuais, a<br />
liberdade de eleição, a privacidade e a independência de<br />
interferências externas 11,12 (BEAUCHAMP & CHILDRESS,<br />
2002; KOTTOW, 2007).<br />
Tom Beauchamp e James Childress (2002) 11 assinalam<br />
ainda que a autonomia das pessoas pode estar limitada por<br />
diferentes fatores, como a presença de doenças, a ignorância,<br />
a coerção ou por outras restrições às suas opções<br />
pessoais. No campo da saúde, a autoridade do profissional<br />
é uma forma de restrição à autonomia dos pacientes, em<br />
razão da condição de dependência destes aos cuidados<br />
requeridos. Os autores afirmam que “respeitar um agente<br />
autônomo é no mínimo reconhecer o direito dessa pessoa<br />
04
de ter as suas opiniões, fazer suas escolhas e agir com<br />
base em valores e crenças pessoais 11:142 (BEAUCHAMP &<br />
CHILDRESS, 2002, p. 142). Esse princípio tem a sua expressão<br />
máxima no consentimento livre e esclarecido (Informed<br />
Consent, em inglês), que assegura os direitos do<br />
paciente e protegem e promovem sua autonomia. Respeitar<br />
o outro inclui o esforço em encorajá-lo e capacitá-lo para<br />
emitir sua opinião no que se refere aos próprios interesses.<br />
A comunicação entre profissionais de saúde e pacientes<br />
deve evitar a ignorância, que leva a escolhas realizadas por<br />
intimidação, e deve suprir a falta de informação e compreensão.<br />
Esse princípio aponta para o fato de que o ser<br />
humano é sujeito e protagonista de suas relações e de seus<br />
atos. As ações devem ser autônomas e frutos de decisões<br />
tomadas em um contexto de liberdade 7 (JUNGES, 1999).<br />
O modelo paternalista<br />
O modelo paternalista na assistência à saúde foi predominante<br />
nas relações entre os profissionais da área - representados<br />
principalmente pela figura do médico - e os pacientes.<br />
A atenção paternalista implica certas obrigações e<br />
expectativas, pelas que, por um lado, o profissional se vê<br />
obrigado a cumprir os deveres profissionais e, por outro, o<br />
paciente se sente no dever de obedecer, a confiar e a sentir<br />
gratidão pela assistência recebida 13 (GONZÁLES, 2007).<br />
Nesse modelo, as opiniões e preferências do paciente são<br />
desconsideras. A essência do paternalismo está na busca<br />
do bem de outra pessoa, em um nível que permite prescindir<br />
da opinião dessa pessoa, prevalecendo, porém, a<br />
tendência de evitar danos ao indivíduo, atendendo critérios<br />
e valores do médico, sem ouvir os desejos ou opções do<br />
enfermo, seja ele capaz ou não de decidir. O paternalismo<br />
médico tradicional tem sua máxima em: favorecer e não<br />
prejudicar. Esses princípios continuam válidos e, hoje, são<br />
o que denominamos de beneficência e não-maleficência.<br />
A diferença agora é que o paciente é quem deve decidir<br />
o que constitui seu próprio bem 13,14 (GONZÁLES, 2007;<br />
CORTINA,2005). Ao garantir informação ao paciente e respeitar<br />
sua opinião, para tomar decisões em saúde, está-se<br />
rompendo com o modelo paternalista e adotando o modelo<br />
da autonomia.<br />
O princípio da autonomia na práxis dos fisioterapeutas<br />
No estudo intitulado “Ética e Bioética na Práxis da Fisioterapia:<br />
desvelando comportamentos”, de Badaró (2008), 3<br />
foram investigados, entre outros temas, os elementos bio-<br />
éticos caracterizados pelo princípio da autonomia, da teoria<br />
principialista, apontados em entrevistas realizadas com<br />
fisioterapeutas. Destacam-se aqui as seguintes categorias<br />
do eixo temático “princípio da autonomia na práxis dos fisioterapeutas”:<br />
1 - autonomia profissional do fisioterapeuta<br />
e autonomia do paciente; 2 - autonomia nas relações<br />
interprofissionais e nas relações terapeuta–paciente; 3 -<br />
autonomia dos fisioterapeutas na assistência em clínicas/<br />
consultórios e na internação hospitalar.<br />
Na primeira categoria, apontada nos estudos de Badaró<br />
(2008) 3 , “autonomia do profissional fisioterapeuta e autonomia<br />
do paciente”, observou-se o respeito dos fisioterapeutas<br />
ao Código de Ética Profissional, na forma de obediência<br />
estrita às normas e regras morais estabelecidas.<br />
Os fisioterapeutas condicionam o exercício da autonomia<br />
profissional ao domínio de conhecimento específico, o que<br />
lhes dá garantias de poder de decisão, desconsiderando,<br />
muitas vezes, a posição do paciente. Não houve destaque<br />
para o compromisso com o fornecimento de informações<br />
e esclarecimentos direcionados aos pacientes para subsidiar<br />
o processo de tomada de decisão terapêutica. Porém,<br />
houve consenso entre os entrevistados, de que a decisão<br />
sobre o tratamento requer a autonomia do paciente, porque,<br />
na falta de um acordo, não é possível realizá-lo.<br />
Alguns participantes fizeram ressalvas quanto a essa liberdade,<br />
pois consideraram que há situações em que não<br />
é possível a manifestação da pessoa, não havendo como<br />
questioná-la, como é o caso de pacientes internados nas<br />
unidades hospitalares e nos Centros de Terapia Intensiva<br />
(CTIs). Houve os que referiram que os pacientes não podem<br />
assumir riscos, que o direito de decisão só pode ser<br />
permitido se não envolver possíveis danos. Caso contrário,<br />
cabe à equipe o poder de decisão, e o que for decidido<br />
é apenas comunicado ao paciente. Também foi apontado<br />
que o paciente, muitas vezes, nada sabe sobre a existência<br />
de outras possibilidades terapêuticas e por isso participa<br />
pouco do processo decisório.<br />
Podemos observar que os fisioterapeutas ainda mantêm<br />
uma postura profissional caracterizada pelo modelo paternalista,<br />
o que os leva a considerar que fazem o melhor para<br />
o paciente em nome da formação e conhecimento adquiridos.<br />
Na legislação vigente no país, os fisioterapeutas são<br />
profissionais habilitados para avaliar, prescrever e executar<br />
o tratamento fisioterapêutico 15, 16 (COFFITO; BATTISTI<br />
& QUIRINO, 2006), o que não dever ser entendido como<br />
ausência de informação esclarecida ao paciente, para que<br />
tome a decisão sobre a escolha do tratamento a ser sub-<br />
05
metido.<br />
Na segunda categoria, “autonomia nas relações interprofissionais<br />
e nas relações entre o terapeuta e o paciente” 3 (BA-<br />
DARÓ, 2008) foi evidenciada, no que se refere às relações<br />
interprofissionais, a desconsideração de alguns médicos<br />
com o trabalho da fisioterapia. Além de não conhecerem<br />
realmente as competências e atividades da profissão, assumem<br />
condutas fisioterapêuticas equivocadas ou, ainda<br />
pior, não permitem que o paciente receba esses cuidados,<br />
trazendo sérios prejuízos para sua assistência. Essa posição<br />
é altamente conflituosa tanto para os fisioterapeutas<br />
como para os pacientes, que muitas vezes não sabem em<br />
quem acreditar, e a indecisão gerada os impede de assumir<br />
o controle de seu tratamento.<br />
Os fisioterapeutas apontaram, ainda, que existe maior resistência<br />
à interação profissional entre os médicos que<br />
possuem mais tempo na profissão, no que diz respeito ao<br />
encaminhamento de pacientes para a fisioterapia. Estes,<br />
dificilmente se propõem a discutir casos, mantêm uma<br />
postura impositiva, desconsideram as atribuições dos fisioterapeutas<br />
e insistem em prescrever o tratamento fisioterapêutico,<br />
sem fornecer o diagnóstico clínico completo,<br />
desvalorizando o trabalho da fisioterapia e desrespeitando<br />
a autonomia desses profissionais. Com médicos mais jovens,<br />
já é possível estabelecer maior interação e discutir<br />
acerca da melhor conduta para a indicação/solicitação de<br />
fisioterapia.<br />
Essa problemática não é verificada na relação com os<br />
outros profissionais da saúde. Pelo contrário, o relacionamento<br />
entre eles, segundo os dados das entrevistas, é harmonioso,<br />
cooperativo e respeitoso. Entre os profissionais<br />
citados, encontram-se os enfermeiros, os nutricionistas,<br />
os farmacêuticos e o professor de educação física 3 (BA-<br />
DARÓ, 2008).<br />
Os fisioterapeutas entendem que é de sua responsabilidade<br />
a tomada de decisão sobre qual o melhor procedimento fisioterapêutico<br />
para o paciente, em dada situação, em dado<br />
momento. Alguns participantes mencionaram que fazem o<br />
que os médicos determinam para não perderem o paciente<br />
ou ainda para não se indisporem com esses profissionais.<br />
Com essa atitude, os fisioterapeutas demonstram que têm<br />
conhecimento sobre a sua autonomia profissional, mas<br />
que, em virtude da situação social em que se encontram,<br />
acabam por assumir uma postura submissa, a qual traz<br />
sérios prejuízos para a qualidade assistencial, bem como<br />
para a evolução da categoria profissional.<br />
Com referência à última categoria, “autonomia dos fisioterapeutas<br />
na assistência em clínicas/consultórios e na<br />
internação hospitalar” 3 (BADARÓ, 2008), foi observado<br />
que a autonomia profissional dos fisioterapeutas é exercida<br />
de acordo com as áreas de atuação e os locais de trabalho.<br />
Nas clínicas e nos consultórios, segundo os dados<br />
das entrevistas, há maior liberdade de desenvolver as atividades<br />
profissionais, apesar de os convênios e as indicações<br />
médicas limitarem os procedimentos e a freqüência<br />
do trabalho. A falta de acesso às informações clínicas dos<br />
pacientes também foi um fator mencionado como prejudicial<br />
para a qualidade do trabalho realizado. Nos hospitais,<br />
apesar do maior acesso a esse tipo de dados clínicos dos<br />
pacientes, os fisioterapeutas apontaram que a limitação é<br />
maior, em decorrência da prescrição médica, da estrutura<br />
organizacional dos serviços, da restrição de sessões permitidas<br />
pelos convênios e da carência de fisioterapeutas<br />
nas unidades 3 (BADARÓ, 2008).<br />
Conclusão<br />
Os resultados do estudo levam à confirmação de que o<br />
trabalho dos fisioterapeutas ainda não é totalmente reconhecido,<br />
como é o da medicina. A profissão tem legitimidade<br />
para o exercício profissional autônomo, mas as<br />
representações sobre a profissão não absorveram, ainda,<br />
esse conhecimento. Dessa forma, por mais qualidade que<br />
possa ter o trabalho desses profissionais, a determinação<br />
médica prevalece, gerando conflitos na relação terapeuta–<br />
paciente. Contudo, quando o paciente adquire confiança<br />
no profissional, o que leva tempo, a situação se modifica,<br />
mas essa não é uma situação muito comum. Geralmente, o<br />
médico tem forte influência sobre o paciente, ou o próprio<br />
sistema de saúde limita as ações dos fisioterapeutas. Ainda,<br />
segundo Laura Swisher (2002) 6 , a contenção de custos<br />
adotada pelos convênios, ao limitar o número de sessões<br />
fisioterapêuticas, gera dilemas para os profissionais, por<br />
afetar o exercício de suas obrigações, pois a assistência ao<br />
paciente é inviabilizada, trazendo-lhes prejuízos.<br />
Considerações Finais<br />
A abordagem do tema apresentado, tomando como foco a<br />
autonomia em sua concepção na teoria principialista, reflete<br />
a preocupação com a ausência de discussões entre os<br />
fisioterapeutas sobre as questões éticas que envolvem sua<br />
prática profissional. Os fisioterapeutas enfrentam, no exercício<br />
da profissão, situações de conflitos que ferem a sua<br />
autonomia, a qual vem sendo seriamente comprometida<br />
06
em virtude das limitações impostas pela estrutura do sistema<br />
de saúde, pelas relações de trabalho, pela cultura popular<br />
centrada no poder da medicina e, também, por uma<br />
formação acadêmica que perpetua esse sistema. Também<br />
se observa a desvalorização dos profissionais, cujo salário<br />
não condiz com sua formação e capacitação.<br />
É necessário que os estudos acerca desses temas sejam<br />
ampliados, de modo a fomentar discussões sobre a inserção<br />
da bioética na fisioterapia. Desta forma tornar-seá<br />
possível capacitar os fisioterapeutas a enfrentarem os<br />
problemas decorrentes da prática profissional com consciência<br />
e segurança para tomarem decisões adequadas e<br />
exercitar a sua autonomia profissional, bem como respeitar<br />
a autonomia dos pacientes.<br />
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The Professional Autonomy<br />
of Physical Therapists: a<br />
Bioethical Reflection<br />
This article presents conceptual and legal issues about the<br />
exercise of the autonomy of the physiotherapist, as evidenced<br />
from ethical and bio-ethical elements related to<br />
autonomy principle in the design of the principlist theory<br />
contrasting with the position of paternalistic assistance. It<br />
raises questions about compliance with ethical standards<br />
of the profession, labor relations and how they impose limitations<br />
to physical therapists fully exercise their professional<br />
autonomy, characterized by dilemmas in the intra- and<br />
inter-professional and patient-therapist relationships. The<br />
need to expand the studies on these subjects, increasing<br />
discussions about the inclusion of bioethics in the training<br />
and qualification of these professionals, enabling them to<br />
face ethical challenges that permeate their professional<br />
practice is observed.<br />
Key-words: Bioethics; Autonomy; Physical Therapy (Specialty);<br />
Professional Practice.<br />
07
Corpo e Voz na Doença de Parkinson<br />
de Início Precoce – Relato de um<br />
Caso<br />
Fernanda Vargas FERREIRA 1 , Ana Lucia Cervi PRADO 2 , Carla Aparecida<br />
CIELO 3<br />
1<br />
Fisioterapeuta; Professora Assistente do Curso de Fisioterapia<br />
do Centro Universitário Franciscano/RS; Mestre em Distúrbios<br />
da Comunicação Humana pela Universidade Federal de Santa<br />
Maria/RS, Brasil<br />
2<br />
Fisioterapeuta; Professora Adjunta do Departamento de Fisioterapia<br />
e Reabilitação da Universidade Federal de Santa Maria/RS;<br />
Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília/<br />
DF, Brasil<br />
3<br />
Fonoaudióloga; Professora Adjunta do Departamento de Fonoaudiologia<br />
da Universidade Federal de Santa Maria/RS; Doutora<br />
em Linguística Aplicada pela Pontifícia Universidade Católica do<br />
Rio Grande do Sul/RS, Brasil<br />
Correspondência: Fernanda Vargas Ferreira, Rua Visconde de<br />
Pelotas, 517, CEP 97010-440, Santa Maria, RS, Brasil;<br />
Email: fernandavf@unifra.br<br />
Resumo<br />
Objetivo: Averiguar a possível associação entre a postura<br />
corporal e a prosódia em indivíduo com Doença de Parkinson<br />
de Início Precoce (DPIP). Métodos: Avaliou-se a<br />
postura corporal e a prosódia linguística e emocional em<br />
um parkinsoniano da cidade de Santa Maria, Rio Grande<br />
do Sul. Utilizou-se a estatística descritiva correlacional. Resultados:<br />
O sujeito do estudo é do gênero masculino, 37<br />
anos, com diagnóstico de DPIP há quatro anos. Apresentou<br />
sintomatologia unilateral à esquerda, rigidez, tremor de repouso,<br />
bradicinesia, dificuldades para iniciar movimentos,<br />
depressão, alterações na postura corporal e na prosódia<br />
emocional. Conclusão: Não se evidenciou associação entre<br />
o estágio da enfermidade, alterações na postura corporal e<br />
a prosódia, o que pode instigar mais pesquisas interdisciplinares<br />
com um maior número de voluntários, resultando,<br />
consequentemente, em evidências científicas.<br />
Palavra-chave: Doença de Parkinson. Doença de Parkinson<br />
de Início Precoce. Postura Corporal. Prosódia.<br />
Introdução<br />
A Doença de Parkinson (DPI) é uma enfermidade neurológica<br />
progressiva, idiopática resultante de uma perda progressiva<br />
e irreversível de células da substância negra do<br />
mesencéfalo que resultará na depleção de dopamina 1,2 .<br />
Uma variação da DPI relaciona-se ao “parkinsonismo de<br />
início precoce” (DPIP), cujas manifestações clínicas ocorrem<br />
antes dos 40 anos, representando 5 a 10% do total 3,4 .<br />
As principais características são tremor de repouso, rigidez,<br />
bradicinesia, alterações posturais, marcha “festinada”<br />
e alterações da qualidade vocal 1,5 . A postura característica<br />
é a de flexão da cabeça, tronco inclinado para frente, semiflexão<br />
das articulações de joelhos, quadris e cotovelos 1,2,4,6 .<br />
Os dois principais fatores interferentes nos órgãos fonoarticulatórios<br />
são a rigidez e a bradicinesia resultando em<br />
alterações na emissão de fonemas e incoordenação nos<br />
movimentos da cavidade oral 5,6,7 . Além desses, acreditase<br />
que a postura em flexão, especialmente da cabeça e<br />
da coluna cervical, que apresentam uma intrínseca relação<br />
com o sistema estomatognático, interfiram na interrelação<br />
corpo-voz. Distúrbios da comunicação na DPI e suas variações,<br />
denominados de disartrofonia hipocinética, caracterizam-se<br />
por redução da intensidade vocal, alterações na<br />
prosódia, monotonia e tremor vocal 1,6 .<br />
Baseado nessas premissas, este estudo procurou averiguar<br />
a possível relação entre a postura corporal em flexão e<br />
a prosódia, as quais repercutem na habilidade de comunicação<br />
verbal e não-verbal do indivíduo com DPIP.<br />
Metodologia<br />
A pesquisa foi previamente aprovada pelo Comitê de Ética<br />
em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria / RS<br />
(n° 016722), sendo não-experimental, de análise quantiqualitativa,<br />
transversal, por meio do levantamento dos dados<br />
em campo, realizado na cidade de Santa Maria, RS.<br />
Divulgou-se a pesquisa na mídia eletrônica e impressa,<br />
sendo voluntários 10 indivíduos de ambos os sexos com<br />
diagnóstico neurológico de DPI e variações com idade entre<br />
37 e 80 anos, falantes do português brasileiro e submetidos<br />
à avaliação laringológica (a fim de verificar a presença<br />
de possíveis lesões laríngeas), audiológica (com o intuito<br />
de eliminar perdas auditivas significativas), do sistema es-<br />
08
tomatognático (cujo fim foi excluir aqueles que apresentassem<br />
alterações nos órgãos fonoarticulatórios além das<br />
características da DPI), entrevista semi-estruturada que<br />
contemplava dados pessoais e informações acerca da<br />
evolução clínica.<br />
A partir dos critérios de inclusão, idade até 40 anos, ausência<br />
de gripe, alergias respiratórias ou outra doença que limitasse<br />
o desempenho do indivíduo no dia das avaliações;<br />
não ser fumante e/ou consumir álcool em excesso; sem<br />
perda auditiva significativa, não ter realizado tratamento<br />
fonoaudiológico e/ou otorrinolaringológico prévios, um sujeito<br />
constituiu-se no estudo de caso.<br />
Posteriormente, realizou-se a coleta de dados por meio da<br />
avaliação da prosódia, realizada individualmente em uma<br />
sala acusticamente isolada, por fonoaudióloga colaboradora.<br />
Para a prosódia linguística – linguagem espontânea<br />
solicitou-se que o indivíduo formulasse frases interrogativas,<br />
exclamativas e afirmativas mediante a apresentação<br />
de desenhos. Foram realizadas três sequências com a<br />
mesma ordem destas frases para evitar o acerto ou o erro<br />
nas formulações ao acaso.<br />
Já para a prosódia linguística – linguagem automática foi<br />
solicitado ao indivíduo que repetisse sentenças interrogativas,<br />
exclamativas e afirmativas, também em três sequências<br />
fixas, com a mesma finalidade das tarefas anteriores<br />
(“eu fui ao cinema ontem”; “eu não quero comer bolo”;<br />
“você foi ao cinema ontem?”; “saia já de minha casa!”).<br />
Na avaliação da prosódia emocional – linguagem espontânea,<br />
utilizaram-se gravuras eliciadoras de emoções referentes<br />
à alegria, indignação, tristeza e raiva, que eram<br />
denominadas pelo sujeito conforme o sentimento que lhe<br />
era despertado. Nesta tarefa, também foram realizadas três<br />
sequências com a mesma ordem destas frases para evitar<br />
o acerto ou o erro nas formulações ao acaso.<br />
Os resultados da avaliação prosódica foram categorizados<br />
em: prosódia linguística (adequada ou inadequada, conforme<br />
o desempenho nas tarefas de imitação e de eliciação<br />
com desenhos), prosódia emocional (adequada ou inadequada,<br />
segundo as respostas dos sentimentos despertados<br />
pelas gravuras), acentuação (adequada ou inadequada,<br />
conforme a observação das tarefas solicitadas e da<br />
possível diferença entre a fala espontânea e automática),<br />
entonação (adequada ou inadequada, conforme as frases<br />
interrogativas, exclamativa e afirmativa e da possível diferença<br />
entre a fala espontânea e automática), velocidade da<br />
fala (normal, aumentada, diminuída, muito variada, e da diferença<br />
entre a fala espontânea e a automática), fluência da<br />
fala (tipo adequado ou inadequado e possível diferença na<br />
fala espontânea e automática) 8,9 .<br />
Os dados foram coletados uma hora após administração<br />
da medicação antiparkinsoniana (período ON) e registrados<br />
em um gravador de voz.<br />
A avaliação postural foi realizada com o sujeito em trajes de<br />
banho, em bipedestação, diante de uma parede, de frente<br />
e de perfil, sendo traçada uma linha vertical da cabeça aos<br />
pés, e linhas horizontais na altura dos segmentos corporais<br />
(linha do nariz, dos ombros, dos mamilos, dos quadris e<br />
dos joelhos), a fim de se conseguir um alinhamento desses<br />
segmentos. Os dados foram registrados por uma câmera<br />
fotográfica digital. Consideraram-se a posição cérvicoescapular,<br />
as curvaturas da coluna vertebral, o posicionamento<br />
dos quadris, joelhos e pés, conforme os critérios de<br />
Kendall, Creary 10 .<br />
Relato de Caso<br />
O estudo de caso constituiu-se de um indivíduo, sexo masculino,<br />
profissional liberal, 37 anos, diagnosticado com<br />
DPIP há quatro anos, classificado no Estágio Hoehn, Yahr 11<br />
= 1. Como achados, encontraram-se comprometimento<br />
no hemicorpo esquerdo, rigidez, tremor, bradicinesia, dificuldades<br />
para realizar movimentos, marcha festinada e<br />
depressão. Na postura corporal, observou-se hiperlordose<br />
cervical, anteriorização da cabeça e hipercifose dorsal.<br />
Quanto à prosódia linguística, na fala espontânea, observou-se<br />
monotonia na sentença exclamativa e adequação<br />
nas sentenças interrogativa e afirmativa. Ainda em relação<br />
à prosódia linguística, porém na fala automática, o sujeito<br />
apresentou adequação.<br />
A velocidade e a fluência da fala mostraram-se adequadas.<br />
Em relação à prosódia emocional, nos sentimentos de alegria<br />
e indignação, o indivíduo apresentou alteração. A entonação<br />
mostrou-se monótona nas sentenças interrogativas<br />
e exclamativas.<br />
Discussão<br />
A DPI é uma patologia degenerativa que acomete homens<br />
e mulheres 1,2,7 , sendo que, a incidência de DPIP é aproximadamente<br />
de três em 100.000 por ano 4 , cuja ocorrência<br />
09
ocorre antes dos 40 anos 3 ; em concordância com o achado<br />
acerca do estudo de caso, que apresentou sinais e sintomas<br />
antes desse ponto de corte. Em relação ao gênero,<br />
autores afirmam que existe uma discreta predominância de<br />
ocorrência da DPI e da DPIP nos homens 2,6,7 o que está em<br />
consonância com os dados desta pesquisa.<br />
Em relação à evolução dos sinais e sintomas, observou-se<br />
que na DPIP esses se iniciam unilateralmente, o que ocorreu<br />
com o estudo de caso, podendo progredir para o outro<br />
hemicorpo ou ambos 2,7,12,13 .<br />
No que concerne ao quadro clínico, o parkinsoniano deste<br />
estudo apresentou uma combinação característica de rigidez,<br />
bradicinesia e tremor, o que está em consonância<br />
com a literatura 1,2,6,12,14 . Alterações posturais também são<br />
frequentes na DPIP 3,4,14 . Ademais, o estudo de caso relatou<br />
dificuldade em realizar movimentos, considerado fator interferente<br />
nas atividades de vida diária (AVD´s) 2,15 .<br />
A frequência da depressão na DPIP é maior que nos indivíduos<br />
com DP de inicio tardio 16 , provavelmente pelo impacto<br />
gerado pelo diagnóstico e efeitos progressivos que tendem<br />
a gerar sofrimento e desgaste 2,17 . Tais considerações vão<br />
ao encontro do achado deste estudo de caso, uma vez que<br />
apresentou essa comorbidade.<br />
Em relação à postura corporal, a postura clássica é a de<br />
flexão da cabeça, cifose torácica, protração e abdução de<br />
ombro, e flexão do braços 2,18 . Nesta pesquisa, as alterações<br />
encontradas no estudo de caso, referentes ao quadrante<br />
superior do corpo - hiperlordose cervical, anteriorização<br />
da cabeça e hipercifose dorsal repercutem na produção<br />
vocal. Em virtude especialmente das alterações posturais<br />
de cabeça, especificamente anteriorização, que interferem<br />
negativamente na funcionalidade da articulação temporomandibular<br />
(ATM), resultando, por conseguinte, em déficit<br />
biomecânico da ATM e das estruturas envolvidas no sistema<br />
estomatognático 9,12,13 . Ainda, pode-se teorizar que as<br />
intrincadas e complexas conexões neuromusculares relativas<br />
a esse sistema e ao musculoesquelético, ilustrado por<br />
meio da região cervical e cintura escapular 9,19,20 e ainda a<br />
rigidez combinada à postura em flexão do tronco, presente<br />
na DPIP, pode provocar prejuízo funcional nos músculos<br />
respiratórios, e assim, deteriorar a produção vocal 5,18 .<br />
Aproximadamente 75% dos indivíduos com DPI apresentam<br />
distúrbios de comunicação 1,6,12 , caracterizando-se<br />
por intensidade reduzida, alterações na prosódia, frases<br />
curtas, instabilidade na velocidade de fala, disfluência e<br />
articulação imprecisa 21,22,23 . Neste estudo, tanto a velocidade<br />
quanto a fluência apresentaram-se adequadas, provavelmente,<br />
pelo estágio inicial do estudo de caso, já que,<br />
as alterações fonoaudiológicas aumentam sua intensidade<br />
e frequência de ocorrência com a duração e evolução da<br />
doença 1,7,12,18 . Também é importante contextualizar que a<br />
fluência é uma informação processada em ambos os hemisférios,<br />
entretanto, é interpretada de forma distinta, sendo<br />
que, indivíduos com lesão à direita, tendem a ter maior<br />
comprometimento nesta função.<br />
Neste estudo, quanto à prosódia linguística, na fala espontânea,<br />
observou-se que o estudo de caso apresentou<br />
monotonia na sentença exclamativa, o que vai ao encontro<br />
da literatura que sinaliza diminuição da acentuação no<br />
contexto da fala e redução na entonação na DPIP 1,7,13,23,24 ,<br />
porém, nesta pesquisa, na imitação, o sujeito apresentou<br />
adequação.<br />
No que concerne à sentença afirmativa, não houve alteração,<br />
provavelmente em virtude da linearidade apresentada<br />
neste tipo de sentença, que demanda menor diferenciação<br />
na prosódia, e por consequência, um padrão neutro 21,23,25 .<br />
Na DPIP, a monotonia vocal prejudica os sentidos referencial<br />
e semântico 1,13,19,24 . Nesta pesquisa, ao se comparar<br />
prosódia linguística espontânea e automática, verificou-se<br />
que o estudo de caso exibiu melhor resultado na automática,<br />
provavelmente pela auto-percepção e atenção dispensadas<br />
à sua fala 12,22,24 .<br />
A prosódia emocional adequada possibilita ao indivíduo<br />
a expressão do conteúdo emocional, no entanto, na DPIP,<br />
há redução na tessitura da voz falada, o que transmite ao<br />
ouvinte monotonia, deteriorando-se assim, a expressão<br />
emocional 1,6,12,21 . Neste estudo, o indivíduo pesquisado<br />
apresentou desempenho inadequado na eliciação dos<br />
sentimentos de alegria e indignação, e monotonia nas sentenças<br />
interrogativa e exclamativa, em consonância com<br />
autores que sinalizam, na DPIP, decréscimo na tonalidade<br />
afetiva e emocional da voz 7,9,13 . Outro viés importante<br />
relaciona-se ao fato de que as características fonoaudiológicas<br />
não possuem demarcações em relação aos estágios<br />
da doença, sendo assim, os estudos devem ser analisados<br />
de forma qualitativa 1,19,24 .<br />
A Teoria Dicotômica da Entonação categoriza a prosódia<br />
emocional ou afetiva (que expressa alegria, tristeza, raiva)<br />
sob responsabilidade do hemisfério direito e a prosódia linguística<br />
ou proposicional (i.e, a prosódia responsável pela<br />
10
estruturação interna das sentenças), sendo essa relacionada<br />
ao esquerdo 26 . Contudo, autores referem que o hemisfério<br />
direito também está envolvido na prosódia linguística,<br />
já que a prosódia em si não é controlada apenas por um<br />
único hemisfério 1,21,24 . Baseado nos resultados da pesquisa,<br />
sugere-se que o estudo de caso apresentou distinção<br />
na performance linguística e emocional, o que denota que<br />
a prosódia é um processo complexo.<br />
Na relação entre o estágio, hemicorpo afetado e prosódia,<br />
o estudo de caso, no Estágio 1, apresentou distinção no<br />
desempenho da prosódia. Seus piores resultados ocorreram<br />
na avaliação da prosódia emocional, possivelmente,<br />
em decorrência do chamado “parkinsonismo de início precoce”<br />
3,4,16 , que tende a gerar sintomatologia mais severa.<br />
Pode-se sugerir, ainda, que se o hemicorpo esquerdo encontrou-se<br />
comprometido, possivelmente, houve déficit no<br />
hemisfério direito, que historicamente se correlaciona com<br />
a prosódia emocional 26 . Ainda, é importante considerar que<br />
os prejuízos funcionais decorrentes da DPIP dependem<br />
da idade do surgimento e da área neuroanatômica afetada<br />
2,4,14,16,19 , além disso, pode-se considerar que atividades<br />
profissionais que requerem comando verbal constante podem<br />
interferir no desempenho na prosódia linguística, em<br />
concordância com o achado deste estudo de caso.<br />
Conclusão<br />
Neste estudo não se verificou uma interrelação absoluta<br />
entre a postura corporal e a prosódia, provavelmente, em<br />
decorrência da complexidade fisiopatológica e do número<br />
reduzido de indivíduos com DPIP, sendo assim, sugeremse<br />
novos estudos entre Fisioterapia e Fonoaudiologia, sob<br />
um viés interdisciplinar.<br />
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Body and Voice in Early-<br />
Onset Parkinson’s Disease<br />
– A Case Report<br />
Objective: The aim of the present work was to investigate<br />
the possible relationship between the body posture and the<br />
prosody in a patient with Early-Onset Parkinson’s Disease<br />
(EOPD). Methods: Avaliations of linguistic and emotional<br />
prosody as well as analysis of body posture were performed<br />
in a parkinsonian from Santa Maria, Rio Grande do<br />
Sul. The statistical analysis used was correlation descriptive.<br />
Results: Person chosen was a voluntary man of 37 years<br />
old diagnosed at EOPD 4 years ago. He presented leftsided<br />
symptoms, rigidity, tremor, bradykinesia, difficulty to<br />
initiate movements, depression and changes in emotional<br />
prosody. Conclusion: there is no evidence of an association<br />
among stage, changes in body posture and prosody,<br />
which may instigate more interdisciplinary research with<br />
a larger number of volunteers, consequently, resulting in<br />
scientific evidence.<br />
Key-words: Parkinson Disease. Early-onset Parkinson’s Disease.<br />
Body Posture. Prosody.<br />
12
O Protagonismo da Fisioterapia na<br />
Estratégia Saúde da Família<br />
Jonas Aléxis Skupien *<br />
*<br />
Fisioterapeuta - Centro Universitário Franciscano – UNIFRA<br />
(Santa Maria)<br />
Especialista em Ortopedia e Traumatologia – CBES (Porto Alegre);<br />
Mestrando em Biociências e Reabilitação - Centro Universitário<br />
Metodista – IPA (Porto Alegre)<br />
E-mail: jonas_skupien@hotmail.com<br />
Fone: (51) 9989 - 8759 | (55) 9989 - 0009<br />
Resumo<br />
Uma infinidade de outras questões trazem usuários aos serviços<br />
de fisioterapia, além da necessidade de reabilitação a<br />
cerca da patologia já diagnosticada. A afirmação da Fisioterapia,<br />
como profissão da área da saúde, e não da doença,<br />
passa, inevitavelmente pelo entendimento e o exercício<br />
da conscientização por parte dos próprios fisioterapeutas.<br />
A busca da ruptura desse paradigma deve possuir como<br />
ponto de partida a própria categoria, seja ela enquanto docente,<br />
profissional autônomo ou gestor. Essa foi a abordagem<br />
trabalhada enquanto fisioterapeuta na única equipe de<br />
Estratégia Saúde da Família (ESF) do município de Mato<br />
Queimado, localizado na região noroeste do estado do Rio<br />
Grande do Sul. A metodologia desse relato de experiência<br />
de ruptura com o paradigma reabilitador associado à categoria<br />
foi permeada por práticas que sugeriam a inserção<br />
de condutas coletivas pelos Grupos de Saúde, a prevenção<br />
no Projeto Saúde Escolar e a enfatização em aspectos educativos<br />
e de promoção à saúde, nas Visitas Domiciliares<br />
(VDs). Portanto, notou-se que a facilitação por parte da<br />
equipe, o entendimento pelos usuários e re-construção das<br />
idéias desse profissional foram fatores decisivos no processo<br />
para a excelência dos resultados alcançados.<br />
Palavra-chave: Estratégia Saúde da Família, Fisioterapia,<br />
Integralidade.<br />
Introdução<br />
O profissional fisioterapeuta ainda é compreendido, por vezes,<br />
inclusive dentro de uma equipe de saúde multiprofissional<br />
de atenção primária à saúde como um profissional capaz<br />
de desenvolver competências unicamente recuperativas.<br />
Entende-se saúde não como o avesso da doença, mas<br />
como a busca do equilíbrio do ser humano, devendo, portanto<br />
romper os estreitos limites da assistência curativa. ¹<br />
A maioria dos currículos formadores de fisioterapia existentes<br />
no Brasil, dão conta de sustentarem essa errônea<br />
idéia e dificultam sua inclusão nesse nível de atenção em<br />
Saúde Pública, mesmo quando de sua necessidade. ²<br />
A formação é discutida também indagando sobre o caráter<br />
preventivo pouco explorado pelas instituições durante a<br />
formação:<br />
Qual a relevância social em formar profissionais de<br />
nível universitário no campo da saúde, que sejam<br />
capazes exclusivamente de agir em relação aos<br />
problemas de saúde após estes terem ocorrido e<br />
por meio apenas de técnicas já produzidas e conhecidas?<br />
Não seria mais relevante dar condições para<br />
que esses profissionais, além de enfrentarem os<br />
problemas quando eles já estão presentes, agissem<br />
antes que os problemas ocorressem e no sentido<br />
de impedi-los de ocorrer? ³<br />
A associação histórica nos remete a uma necessidade<br />
mundial, quando aduz que<br />
No século passado, mais precisamente em 1945,<br />
após o fim da II Grande Guerra, além da tão sonhada<br />
paz, surgiu um mar de mutilados dessocializados e,<br />
funcionalmente, reprimidos. A necessidade de reabilitar,<br />
física e psicologicamente, esses indivíduos<br />
ao convívio social, promovendo-lhes uma nova funcionalidade<br />
adaptada a suas condições pós-guerra,<br />
fez surgir uma nova profissão, a FISIOTERAPIA.<br />
(p.137) (4)<br />
A partir disso, o presente relato busca apresentar de maneira<br />
inovadora o percurso gradual de ruptura desse paradigma<br />
reabilitador associado à categoria, através da experiência de<br />
18 meses de um fisioterapeuta atuando na Estratégia Saúde<br />
da Família (ESF) com vistas à integralidade, através de<br />
práticas de promoção, prevenção, educação e recuperação,<br />
realizadas individual e coletivamente com os munícipes de<br />
Mato Queimado – RS, denotando a importância de inserção<br />
desse profissional, principalmente em períodos de criação,<br />
mas ainda não de execução no Rio Grande do Sul, dos Nú-<br />
13
cleos de Apoio à Saúde da Família (NASF).<br />
Assim, os objetivos deste estudo são os de apresentar<br />
uma experiência vivenciada, na qual a fisioterapia, inserida<br />
dentro da única equipe de ESF do município, passou a<br />
desenvolver além da intervenções recuperativas, ações de<br />
promoção e prevenção em saúde, através de Visitas Domiciliares<br />
(VDs), atendimentos ambulatoriais, grupos de<br />
saúde e projetos como “Saúde Escolar”.<br />
O município<br />
Mato Queimado localiza-se na região noroeste do estado<br />
do Rio Grande do Sul, no coração das Missões. É um<br />
município com apenas dez anos de emancipação políticoadministrativa.<br />
Possui uma equipe de ESF no município,<br />
no entanto, em três pontos estratégicos no interior dele,<br />
localizam-se unidades de referência para o deslocamento<br />
semanal de alguns profissionais da equipe, dentro do processo<br />
de descentralização.<br />
Atualmente, o município apresenta cerca de 1800 habitantes,<br />
sendo que 650 localizam-se na cidade e 1150 em zona<br />
rural. A cobertura por parte da saúde ocorre com 100%<br />
dos munícipes.<br />
No que diz respeito à situação sócio-econômica, a população<br />
economicamente ativa é de aproximadamente 1300<br />
habitantes, realizando atividades no setor primário (soja,<br />
milho, produção de leite, suínos e trigo), secundário (comércio)<br />
e terciário [olaria (duas), fábrica de sabão, marcenaria<br />
(duas) e ferrarias (duas)].<br />
Quanto ao nível de renda, como a maioria da população<br />
vive do setor primário, não possuem renda fixa e nem salário<br />
mensal.<br />
A maior parte dos agricultores tem rendimentos em determinadas<br />
épocas do ano (geralmente, após as colheitas),<br />
sendo que esta situação propicia necessidade de mão-deobra<br />
informal, ocasionando situações de desemprego para<br />
grande número de famílias, acarretando com isto, risco de<br />
agravos à saúde.<br />
Uma pequena parcela da população é assalariada, como<br />
professores e funcionários públicos municipais.<br />
As práticas em saúde<br />
Durante um período de práticas de 18 meses, a partir de<br />
uma carga horária semanal de 20 horas, algumas atividades<br />
realizadas e que serão aqui melhor descritas foram as<br />
Visitas Domiciliares (VDs), os Grupos de Saúde e Saúde<br />
Escolar.<br />
Além disso, é interessante enfatizar que outras atividades<br />
também foram realizadas no período, programadas em<br />
conjunto com a equipe de saúde e realizadas de maneira<br />
interdisciplinar, com temáticas adaptáveis às necessidades<br />
dos usuários e aos objetivos da equipe.<br />
Da mesma forma, vale a ressalva de que desde a inserção<br />
do fisioterapeuta como profissional integrante na equipe de<br />
saúde, ocorreram atendimentos ambulatoriais. No entanto,<br />
com o transcorrer das atividades, essa que acabava sendo<br />
a única modalidade de conduta fisioterapêutica passou<br />
a ser realizada em menor carga horária, sendo gradativamente,<br />
substituída por atividades outras que buscassem<br />
um equilíbrio entre a atenção à demanda existente e uma<br />
melhor programação da oferta.<br />
Visitas domiciliares<br />
A ESF adotada pelo Ministério da Saúde, objetiva reorganizar<br />
a prática de atenção em saúde (5) . A inserção do<br />
fisioterapeuta nesse nível de atenção é justificado pelo desenvolvimento<br />
de ações que priorizem a prevenção e a promoção<br />
de saúde, dentre elas as Visitas Domiciliares (VDs),<br />
denotando assim a importância da interpretação do e no<br />
contexto familiar.<br />
A prática fisioterapêutica em nível primário de saúde objetivou<br />
delinear as situações de risco da família, através da<br />
construção de uma mobilização familiar frente às interpéries<br />
produzidas por algum processo patológico estabelecido.<br />
Além disso, o caráter familiar atribuído a esse tipo<br />
de atuação, possibilita a interação com os profissionais da<br />
equipe, a fim de aproximar e serem realizados os devidos<br />
cuidados com uma visão integral na busca de soluções<br />
adequadas para cada situação.<br />
A realização das VDs surgiram a partir da necessidade de<br />
serem atendidos usuários que residem na zona rural do<br />
município e que possuem dificuldades de deslocamento<br />
até a unidade, como por exemplo a disponibilidade de<br />
transporte.<br />
Após serem elencadas as prioridades familiares nas reuniões<br />
de equipe, as visitas eram semanalmente agendadas<br />
em equipe, uma vez que as mesmas eram realizadas com<br />
14
transporte disponível pela Diretoria de Saúde e que seguia<br />
um cronograma prévio para as necessidades dos demais<br />
membros da equipe.<br />
Através do uso de tecnologias leves, agregado aos conhecimentos<br />
prévios dos usuários e indispensáveis do contexto,<br />
buscou-se um respeito da história de vida e de saúde<br />
dos usuários adscritos, tornando essa prática uma maneira<br />
oportuna para elaborar de maneira conjunta planos de tratamento<br />
que pudessem ser resolutivos. Fez-se também, o<br />
uso de recursos disponíveis no local complementado por<br />
ações de educação em saúde, capazes de orientar acerca<br />
do quadro patológico que acometia os usuários, e certamente,<br />
sugerir alterações de rotina e de vida da família, provocadas<br />
pelo quadro de mudança a partir do desequilíbio<br />
no processo saúde-doença.<br />
Focado, indispensavelmente, no conceito ampliado de saúde,<br />
e almejando uma melhora na qualidade de vida dos<br />
assistidos, é papel fundamental do fisioterapeuta a análise<br />
complexa do ambiente para realização de adequações e o<br />
uso de tecnologias pertinentes para o processo terapêutico.<br />
A construção é conjunta e as atividades a serem realizadas<br />
pelos usuários em momentos de ausência do terapeuta,<br />
tem por objetivo respeitar a cultura e a realidade de vida<br />
dos mesmos proporcionando o máximo de autonomia no<br />
processo de auto-cuidado.<br />
As informações obtidas nas VDs, eram também apresentadas<br />
a equipe durante as reuniões semanais, nas quais de<br />
forma interdisciplinar, buscava-se trazer a tona o sentimento<br />
de co-responsabilidade da equipe com o usuários e viceversa.<br />
Por vezes, deslocamentos de outros profissionais da<br />
equipe aos assistidos pela fisioterapeuta eram sugeridos<br />
por este, bem como, o de outros profissionais que realizavam<br />
VD (como por exemplo, o médico e a enfermeira) para<br />
a fisioterapia.<br />
A necessidade de aplicabilidade de cada atividade, no entanto,<br />
deve ser adequado às características locais. No entanto,<br />
o nível de resolutividade a ser buscado deve ser o<br />
máximo, e possuir relação com a aproximação entre o tipo<br />
de atuação que se realiza e a expectativa dos assistidos<br />
pelo serviço.<br />
Dessa forma, a realização de VD mediante a agregação de<br />
características familiares é de vital importância para o processo<br />
de manutenção ou recuperação do quadro e, portanto,<br />
torna-se necessário, não sua reprodução, mas sua<br />
adequação.<br />
Grupos de Saúde<br />
A afirmação da fisioterapia, como profissão da área da<br />
saúde, e não da doença, passa, inevitavelmente pelo entendimento<br />
e o exercício da conscientização por parte dos<br />
próprios fisioterapeutas. Portanto, a busca da ruptura desse<br />
paradigma deve possuir como ponto de partida a própria<br />
categoria, seja ela enquanto docente, profissional da saúde<br />
ou gestor.<br />
No que tange à prática fisioterapêutica, a atenção primária<br />
prevê a resolutividade das necessidades de saúde que extrapolam<br />
a esfera de intervenção curativa e reabilitadora individual,<br />
através da promoção da saúde, prevenção de doenças<br />
e educação continuada (PAIN; ALVES FILHO, 1998).<br />
Com essa premissa, os Grupos de Saúde foram espaços<br />
criados com o intuito de possibilitar, num primeiro momento,<br />
práticas de saúde para um Grupo da Terceira Idade (GTI)<br />
já existente no município. Com o passar das semanas, a<br />
participação de outros usuários, que não os pertencentes<br />
ao GTI era perceptível.<br />
As atividades foram realizadas semanalmente no município.<br />
Geralmente, ocorriam em dois momentos, sendo realizado<br />
inicialmente um encontro na zona urbana e, após<br />
o deslocamento para o interior, realizado com outro grupo.<br />
A realização do grupo no interior era alterada semana pós<br />
semana, uma vez que, a distribuição geográfica dos munícipes<br />
era dispersa, e dessa forma, buscou-se contemplar<br />
em determinados espaços, a possibilidade da proximidades<br />
dos usuários ao local de realização da atividade.<br />
Os encontros ocorriam em locais próximos à comunidade,<br />
de conhecimento de todos e de encontros esporádicos<br />
para outros fins, como residências de moradores, galpões,<br />
escolas ou em um clube.<br />
Vale a ressalva de que as Agentes Comunitárias de Saúde<br />
(ACS) receberam o cronograma de realização dos Grupos<br />
de Saúde e para tal receberam a incumbência de avisarem<br />
os mesmos das datas das atividades, uma vez que no<br />
interior do município, por vezes, a realização ocorria em<br />
residências de moradores, galpões ou escolas.<br />
Os Grupos de Saúde tornaram-se um espaço para interação<br />
acerca de questões objetivas e subjetivas.<br />
A metodologia adotada iniciava pela mensuração da pres-<br />
15
são arterial no início e ao final dos encontros, que possuíam<br />
duração aproximada de sessenta minutos.<br />
Embora os encontros fossem realizados semanalmente,<br />
quinzenalmente era feita a discussão com a participação<br />
de todos, sentados, constituindo um formato de círculo<br />
acerca de um determinado assunto, que tivesse relação<br />
com o contexto em que estavam inseridos. A temática da<br />
discussão era proposta ora por parte do profissional, ora<br />
por parte dos usuários, percebendo-se com isso, a visível<br />
diferença de que os usuários fazem associação com<br />
temáticas de doença, enquanto o profissional tentava contemplar<br />
assuntos de saúde, com enfoque preventivo e educativo.<br />
Além disso, realizavam-se exercícios físicos, com alongamentos,<br />
exercícios de fortalecimento muscular, bem como<br />
dinâmicas para desinibição, coordenação motora, memória<br />
e equilíbrio almejando dentre tantos objetivos, a melhora<br />
da relação inter-pessoal.<br />
Por fim, realizava-se o relaxamento físico e mental, fazendo<br />
uso de música apropriada, com a leitura de alguma fábula,<br />
e com um tom de voz brando orientações para uma respiração<br />
calma e diafragmática.<br />
É importante salientar de que em ambos os espaços (no<br />
município e no interior) se faz o uso de tecnologias leves,<br />
adequando às atividades ao dia-a-dia dos participantes, realizando<br />
exercícios em duplas, grupos, utilizando apenas<br />
bolas, colchonetes, fios de lã ou de varal de roupa, cadeiras<br />
pertencentes ao local de realização, cabos de vassoura,<br />
mas acima de tudo, a criatividade.<br />
Saúde Escolar<br />
Saúde Escolar – coletivizando saberes individuais foi uma<br />
das atividades propostas e construídas entre as Diretorias<br />
de Educação e de Saúde do Município, ressaltando assim,<br />
o caráter e a importância intersetorial do mesmo.<br />
O mesmo teve enfoque educativo, coletivo e de promoção<br />
da saúde, objetivando ampliar e promover os conhecimentos<br />
acerca dos cuidados posturais em escolares, através<br />
de interação coletiva. Além disso, a importância da abordagem<br />
com escolares buscava prevenir a incidência de<br />
patologias de maneira precoce.<br />
Da mesma forma, serviu para orientar quanto à atitudes<br />
posturais saudáveis em ambiente extra-escolar, já que percebeu-se<br />
que os índices de procura pelo serviço de fisioterapia,<br />
em ambiente ambulatorial estava ascendendo, de<br />
maneira cada vez mais precoce.<br />
Inicialmente foi planejado e desenvolvido com escolares<br />
das quatro séries finais do ensino fundamental. Como a<br />
receptividade do projeto foi boa, durante o ano, todos os<br />
alunos do ensino fundamental e médio do município participaram.<br />
Foram utilizadas as dependências internas das escolas do<br />
município, sendo duas municipais (uma de zona rural e outra<br />
de urbana) e uma estadual (zona rural).<br />
A realização ocorreu em um primeiro momento, no mês de<br />
abril de 2008, e em um segundo momento, em outubro de<br />
2008, em horário de aula, em turnos adequados às aulas<br />
dos estudantes. Ocorreram encontros nas escolas, sendo<br />
que as atividades foram realizadas, na maioria, com a participação<br />
de escolares de várias turmas.<br />
Com duração de 90 minutos, a metodologia adotada ocorreu<br />
através de uma apresentação oral do fisioterapeuta, intercalada<br />
com exposições de imagens e dinâmicas de interação<br />
entre os estudantes com a finalidade de assimilarem<br />
os cuidados posturais orientados.<br />
Foram trabalhados aspectos relacionados à saúde escolar,<br />
como posturas inadequadas, possíveis efeitos da má postura,<br />
peso da mochila, entre outros.<br />
A participação dos professores e diretores das escolas durante<br />
os encontros, conferiu-os a condição de colaboradores<br />
de uma prática diária quanto aos cuidados posturais.<br />
Além disso, algo que não foi utilizado, mas que poderá ser<br />
proposto em outras etapas de desenvolvimento desse, é a<br />
extensão do convite de participação aos pais, de modo que<br />
as orientações poderiam contribuir bastante para as suas<br />
atividades laborais.<br />
Encerradas as atividades nas três escolas, realizou-se um<br />
total de cinco avaliações específicas. Dessas, duas por<br />
suspeita de desvios posturais a partir de sugestão das<br />
professoras e três por indicação do fisioterapeuta. Desses,<br />
quatro continuaram sendo acompanhados individualmente<br />
pelo fisioterapeuta e um último recebeu encaminhamento<br />
para tratamento especializado.<br />
Assim, mesmo o município sendo composto por maioria<br />
adulto-idoso foi interessante perceber a atribuir atividades<br />
16
com escolares, buscando proporcionar assim também atividades<br />
de cunho preventiva e educativa a escolares que<br />
direta ou indiretamente influenciam na realização das atividades<br />
laborais dos pais.<br />
Conclusão<br />
Estando a sociedade em constante processo de evolução,<br />
seja através de aspectos físicos, tecnológicos e/ou pessoais,<br />
o profissional fisioterapeuta possui muitas outras<br />
competências e habilidades que não devem se manter restritas<br />
ao caráter recuperativo historicamente associado à<br />
sua origem. Os fisioterapeutas devem expressar sua criativa<br />
variabilidade, direcionando suas práticas na busca de<br />
alternativas capazes de promover a qualidade de vida.<br />
Assim, quanto maior a aproximação entre usuários e profissionais<br />
da saúde, mais freqüentes serão os questionamentos<br />
individuais e coletivos, podendo também facilitar<br />
um viés comum capaz de elencar prioridades realmente<br />
palpáveis para a equipe e resolutivos para a população assistida,<br />
promovendo assim um construir coletivo.<br />
Dessa forma, o caminho está em promover práticas de<br />
saúde que não sejam somente fisiológicas, mas humanizadas,<br />
interpessoais e/ou sociais. Buscar transformar saberes<br />
individuais em coletivos, atuando de maneira preventiva<br />
e educativa deve ser realizados nos mais distintos cenários<br />
de aprendizagem e de prática desses profissionais.<br />
Sendo assim, e mesmo tendo muito a se comemorar, é<br />
de vital importância e significativa responsabilidade refletirmos<br />
sobre os processos de cuidado, ampliando cada vez<br />
mais esses espaços, nesses que são cada vez mais exigidos<br />
pela saúde da população.<br />
Referências Bibliográficas<br />
Oliveira Barros. Fisioterapia na comunidade. O fisioterapeuta<br />
na saúde da População – Atuação transformadora. Rio<br />
de Janeiro, RS: Editora Fisio Brasil, 2002.<br />
5. Brasil, Secretaria de Políticas de Saúde, Departamento<br />
de Atenção Básica. Programa Saúde da Família – Informes<br />
Técnicos Institucionais. <strong>Revista</strong> de Saúde Publica. 2000;<br />
34(3): 361-9.<br />
The Role of Physiotherapy<br />
in the Family Health<br />
Strategies<br />
A infinity of other questions brings users to services of phisioterapy,<br />
beyond of necessity of rehabilitation around the<br />
pathology diagnosed. The affirmation of the phisioterapy,<br />
as profession of health area, not illness, pass, inevitably for<br />
the agreement and exercise of awareness from the proper<br />
physiotherapists. The search of the rupture of this paradigm<br />
must possess as starting point the proper category,<br />
either it while professor, independent or managing professional.<br />
This was the approach worked while physiotherapist<br />
in the only team of Family Health Strategy (FHS) in Mato<br />
Queimado, located in the northwest region in state of the<br />
Rio Grande do Sul. The methodology of this experience of<br />
rupture with the rehabilitation paradigm associated to the<br />
category was permeated by practical that suggested the<br />
insertion of collective behaviors for the health groups, the<br />
prevention in the school health project and emphasizes in<br />
educative aspects and health promotion in domiciliary visits<br />
(DVs). Therefore, the facilitation from team, the agreement<br />
from the users and reconstruction ideas from this<br />
professional had been decisive factors in the process for<br />
the excellency in reached results.<br />
Key-words: Family Health Strategy, Physiotherapy, Integrality.<br />
1. CHAMMÉ, S. J. Saúde e organização social. Marília:<br />
UNESP, faculdade de Educação, Filosofia, Ciências Sociais<br />
e da Documentação. 1988.<br />
2. PAIN, J. S.; ALVES FILHO, NAOMAR, A. Saúde Coletiva:<br />
uma nova saúde pública ou campo aberto a novos paradigmas?<br />
<strong>Revista</strong> de Saúde Pública. São Paulo, v. 32, n.4,<br />
p. 299-316, 1998.<br />
3. REBELATTO, José Rubens; BOTOMÉ, Silvio Paulo. Fisioterapia<br />
no Brasil: Fundamentos para uma ação preventiva e<br />
perspectivas profissionais. 2ª ed. São Paulo: Manole, 1999.<br />
4. BARROS, Fábio Batalha (organizador), SILVA, Gilmar de<br />
17
Resenha: Essas fisioterapeutas<br />
maravilhosas e suas ideias<br />
movimentadas<br />
Ana Clara Bonini-Rocha *<br />
*<br />
Fisioterapeuta Neurofuncional (IPA/COFFITO)<br />
Especialista em Administração e Planejamento para Docentes<br />
(ULBRA)<br />
Mestre em Educação (UFRGS)<br />
Doutora em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)<br />
Professora Adjunta do Centro Universitário Franciscano (UNI-<br />
FRA)<br />
Coordenadora de Pesquisa e Extensão (UNIFRA)<br />
Membro do Grupo de Estudos em Bioética (UNIFRA)<br />
Conselheira da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional<br />
(ABRAFIN)<br />
Fones: (51) 9209-0057 (55) 91125309<br />
E-mail: anaclaraboninirocha@gmail.com<br />
As ideias que são apresentadas nesse livro do professor<br />
Arnaldo Luiz Seixas Valentim intitulado Essas fisioterapeutas<br />
maravilhosas e suas ideias movimentadas podem ser<br />
consideradas como uma iniciação às mudanças na maneira<br />
de compreender o ensino e a prática da Fisioterapia<br />
Neurofuncional.<br />
Segundo o Professor Arnaldo, o nome do livro é um reconhecimento<br />
à inegável característica instintiva de cuidado<br />
da mulher com o seu semelhante. Além disso, seu texto foi<br />
idealizado para oferecer um instrumental intelectual ao raciocínio<br />
basal sobre o estado de desequilíbrio corpóreo em<br />
relação às posturas que formam a base motora automática<br />
de qualquer comportamento motor humano. É um livro de<br />
fundamentos sobre a real função dos músculos isolados<br />
em contraponto com uma ação que é multimuscular.<br />
O Professor dedica sua vida ao ensino da teoria e da prática<br />
de uma disciplina que já teve vários nomes nestes 40 anos<br />
de Fisioterapia. De Fisioterapia Neurológica à Fisioterapia<br />
Aplicada à Neurologia e depois como Fisioterapia Neurofuncional.<br />
De acordo com a Resolução COFFITO 198 de<br />
1998, a disciplina foi crescendo e adquirindo uma identidade<br />
própria de especialidade.<br />
Portanto, baseando-se no seu empírico, o texto é pedagógico<br />
porque tem como objetivo confrontar os alunos<br />
com o entendimento da função do movimento normal para<br />
mais facilmente entenderem o anormal. Ou seja, em lugar<br />
do pensamento de uma lógica baseada na doença, na semiologia<br />
médica, levá-los a cogitar sobre aquilo que sempre<br />
existiu e que nunca foi falado nem mostrado, do que a<br />
maioria conhece e que não soube montar ou compor para<br />
uma Fisioterapia Neurofuncional realmente direcionada<br />
para a função humana em bipedestação e contra a gravidade<br />
terrestre.<br />
Apesar de ter sido muito criticado pela comunidade acadêmica<br />
na época do lançamento, em 1999, por não apresentar<br />
nenhuma referencia bibliográfica ou análises de dados<br />
ou experimentos, o corajoso e criativo professor não se<br />
abalou, pois o livro não teve este fim. Seu objetivo foi acadêmico<br />
antes de tudo. Seu livro teve o desígnio de retirar<br />
os alunos do universo do mecanicismo e do tecnicismo.<br />
De proporcionar um instrumental intelectual basal que pudesse<br />
induzir aos estados de desequilíbrio corpóreo em relação<br />
às posturas que o ser humano deseja adquirir e que<br />
formam a base neuro-motora para agir no meio ambiente.<br />
Essas Fisioterapeutas Maravilhosas e suas ideias movimentadas<br />
veio para mostrar as diversas possibilidades do<br />
raciocínio neurofuncional.<br />
O texto é uma viagem pelo mundo de ações de múltiplos<br />
músculos, que possibilitam uma função, que sustentam<br />
ou facilitam, por meio de inibições, facilitações e desequilíbrios,<br />
que vai levando o leitor a construir suas próprias<br />
idéias, questionando-se profundamente sobre as estruturas<br />
anatômicas e os conceitos da Biomecânica e da Cinesiologia<br />
que ele conhece. É sabido que o aluno de Fisioterapia<br />
sempre foi influenciado pelo estudo separado<br />
do músculo, e só do músculo, e tende a ficar arraigado<br />
em partes isoladas do todo, afastado do entendimento das<br />
sinergias, co-contrações e padrões de movimentos. O professor<br />
procurou ratificar esta questão mostrando como se<br />
desenvolve a manifestação da postura do ser humano bípede<br />
na superfície terrestre e, então, possibilitando reflexão<br />
crítica sobre a participação de cada músculo isoladamente.<br />
Normalmente, o aprendizado inicial do músculo, como parte<br />
do entendimento do movimento humano, não coloca em<br />
evidência suas dependências de sincronismos e automatismos<br />
que garantem os movimentos das partes do corpo.<br />
A proposta de uma atividade multimuscular perturbada<br />
18
pela gravidade é oferecida como uma opção de abordagem<br />
que oferece o entendimento das partes depois de passar<br />
pelo entendimento do todo.<br />
Aqui vai um pensamento particular que, como sua ex-aluna,<br />
admiradora e estudiosa, fui construindo com o tempo:<br />
é necessário um amadurecimento pessoal para o saber<br />
neurofuncional e para o entendimento da noção da integridade<br />
dos sistemas no organismo vivo. Particularmente,<br />
já li e reli o livro muitas vezes e continuo utilizando seus<br />
conceitos básicos nas disciplinas que eu ministro por ainda<br />
apresentar ideias atuais e transformadoras. A cada leitura,<br />
novos engramas fortalecem os antigos que, nestes meus<br />
20 anos de docência, foram se desenvolvendo.<br />
O estudo da Neurologia, nesta área específica de recuperação<br />
chamada de Neurofunção, carece da compreensão<br />
do movimento normal perturbado pela gravidade para uma<br />
abordagem adequada em Exercícios Terapêuticos e Cinesioterapia.<br />
Ou seja, se um corpo cai no chão é porque ele<br />
não se sustentou contra a gravidade, o que se faz supor<br />
que esse corpo caiu porque ficou a favor dela. Se ele se<br />
sustentasse, não teria caído. Se ele caiu, foi porque não estava<br />
mantendo a modulação de desequilíbrios, multimusculares,<br />
em 360 graus, necessária para a postura.<br />
A base para desenvolver e aperfeiçoar sua forma didática<br />
para tentar explicar que o equilíbrio não é estático e que<br />
dinâmicos são os desequilíbrios, que dinâmicos são os<br />
muitos movimentos simultâneos, foi uma analogia com um<br />
brinquedo chamado de pião. Um pião sem movimento cai.<br />
Um pião com movimento fica sustentado. Portanto, a única<br />
maneira de não cair seria dando-lhe movimento. Este raciocínio<br />
explica o movimento normal maduro baseado nas<br />
perturbações causadas pela ação da gravidade na face da<br />
Terra; e este movimento é automático.<br />
O denominado ato dito voluntário, intencionado, não é desvirtuado<br />
da manifestação dos movimentos automáticos.<br />
Pelo contrário, é absolutamente relacionado a eles. Do ponto<br />
de vista funcional, essa assertiva leva o leitor a pensar<br />
que também é de seu domínio a inibição das contrações<br />
musculares.<br />
Porque há necessidade do processo inibitório? Para que<br />
serve? Por que existe? Só pode ser um processo determinante<br />
que necessita de oposição e/ou freio e/ou modulação<br />
para contrariar algum atavismo. Mas, qual seria este<br />
atavismo, esta manifestação basal que reage sempre num<br />
favorecer (num facilitatório)?<br />
Os primeiros movimentos que existiram na face da Terra<br />
(com sinápses simples) só podiam responder com expansão<br />
e/ou com contração feitas através de padrões totais de<br />
flexão ou extensão, atávicos, e só existiam com uma finalidade:<br />
locomoção no meio aquático. Não havia possibilidade<br />
de inibição, pois não existia um neurônio intercorrente<br />
(ou interneurônio) que pudesse modificar ou distribuir, ou<br />
ainda e melhor, inibir aquele atavismo basal, que já era automático.<br />
Esses seres não possuíam intelecto, nem mesmo<br />
primitivo nem mesmo instintivo, e apenas respondiam<br />
ao estímulo do meio, de uma só maneira caminhante para<br />
a totalidade de sua contração em flexão ou em extensão.<br />
Quando saíram da água, como anfíbio e réptil, trouxeram<br />
inatos padrões totais de movimento flexores e extensores,<br />
mas possuíam uma capacidade inibitória a serviço de suas<br />
manifestações motoras em necessidade de sobrevivência.<br />
Nós somos esta herança sentida. Instinto ou intelecto, de<br />
qualquer maneira, a manifestação motora que está em<br />
questão é automática, muito antes de ideada.<br />
Os animais terrestres, de forma instintiva ou ideada, utilizam-se<br />
da mesma manifestação multimuscular a seu serviço,<br />
o que pode ser observado na espetacular corrida de<br />
um leopardo atrás de sua presa, por exemplo. O Leopardo<br />
se comporta de forma muito veloz à serviço de sua ideação<br />
instintiva em busca da presa, motivo de sua sobrevivência<br />
e da sua prole. Com o mesmo raciocínio, pode-se entender<br />
uma atividade cotidiana, esportiva ou de dança, em situações<br />
de coordenação, controle, treinamento e aprendizagem<br />
através de experiências vivenciadas e percebidas.<br />
Paralelamente a apresentação de sua conjectura, o professor,<br />
utilizando-se de toda sua criatividade, imaginação,<br />
bom humor, inteligência e experiência, descreve uma estória<br />
misteriosa e envolvente, em que um grupo de pessoas,<br />
utilizando-se dos conhecimentos da Fisioterapia Neurofuncional<br />
conseguem roubar um submarino nuclear. A estória<br />
se desenvolve enquanto o protagonista, o meio-oficial<br />
eletro-mecânico da Marinha de Guerra, Dinar Septauer de<br />
Salby e Silva, planeja o roubo do submarino Consair a partir<br />
das idéias de postura, equilíbrio, atividades reflexas e<br />
automatismos, extraídas das conversas com sua fisioterapeuta,<br />
Dra. Carla. O roubo foi um sucesso! E o mistério só<br />
é desvendado no final.<br />
Penso que esse livro do Professor Arnaldo oferece aos<br />
alunos de Fisioterapia, e também aos profissionais e professores<br />
de qualquer área da recuperação motora, uma<br />
possibilidade para compreenderem exercícios terapêuticos<br />
19
e cinesioterapia além de partes do corpo isoladas do comportamento<br />
humano: simultaneamente automático, voluntário,<br />
reflexo, emocional, físico, visceral.<br />
Não é um livro de receitas, é um livro de raciocínio que pode<br />
ajudar no amadurecimento em relação ao entendimento da<br />
função de motricidade humana. Inspirado nos cinco livros<br />
publicados pelos Bobath, o texto, nas entrelinhas, como<br />
os de Berta Bobath, estimula o puro raciocínio funcional<br />
sobre a manifestação motora causada pela perturbação da<br />
gravidade.<br />
Essas Fisioterapeutas Maravilhosas e suas Ideias Movimentadas<br />
oferecem um olhar inteligente e ousado sobre<br />
um sistema que é neuromusculoesquelético, sobre o reconhecimento<br />
de suas partes ou estruturas, das trações e<br />
pressões articulares causadas por contrações simultâneas<br />
facilitatórias e inibitórias, que conduz o leitor a construção<br />
de sua própria lógica sobre conceitos fragmentados e descontextualizados.<br />
A moral da estória é que, para se obter sucesso no programa<br />
fisioterapêutico, com a prescrição correta dos recursos,<br />
deve-se estabelecer um planejamento sobre a melhor<br />
abordagem para atingir um determinado objetivo de função.<br />
Ler mais em:<br />
Bonini-Rocha, A. C.; Valentim, A. L. S. Professores de Fisioterapia<br />
e a Terminologia Equilíbrio/Desequilíbrio. <strong>Revista</strong><br />
Vydia, v. 28, n. 2, p. 89-95, jul/dez. 2008 - Santa Maria,<br />
2009.<br />
http://sites.unifra.br/vidya/Ar tigos/2008/Volume2/tabid/1438/language/pt-BR/Default.aspx<br />
20
Normas<br />
PREPARAÇÃO DO TEXTO:<br />
Apresentação do original: digitado em formato A4, espaço<br />
duplo, fonte Arial tamanho 12, margem de 3 cm, máximo de 20<br />
páginas, mais as referências. Notas de rodapé devem ser evitadas.<br />
Cada seção ou componente deve iniciar-se no princípio<br />
da página. As ilustrações e provas não montadas não devem<br />
exceder 203-254 mm. Encaminhar por email, para o endereço<br />
informacao@crefito5.org.br.<br />
Uma cópia impressa e um CD ou DVD (que não serão<br />
devolvidos) devem ser expedidos, pelo correio, em correspondência<br />
registrada, num envelope de papel espesso,<br />
protegendo-se, se necessário, o manuscrito e as ilustrações<br />
com placas de cartão, de modo a impedir que as fotografias<br />
se dobrem. O manuscrito deve ser acompanhado de carta<br />
assinada por todos os co-autores, a qual deve incluir: informação<br />
acerca de publicação prévia ou repetida, ou sobre<br />
envio para apreciação, como definido acima; nome, endereço,<br />
email e telefone do autor principal para contato, o qual<br />
ficará responsável pelos contatos com os demais autores<br />
acerca de revisões e aprovação final das provas; autorizações<br />
para reproduzir material já publicado, utilizar figuras ou<br />
relatar informação sobre pessoas identificáveis, referir os<br />
nomes de pessoas a quem agradecem; reproduzir material<br />
publicado anteriormente, ou usar ilustrações que podem<br />
identificar pessoas, bem como transferência de direitos de<br />
autor e outros documentos. Serão aceitas produções com,<br />
no máximo, seis autores. A participação de cada autor deve<br />
ser descrita nessa carta.<br />
Os trabalhos envolvendo pesquisa direta ou indireta com<br />
seres humanos ou comunidade, devem declarar o número da<br />
carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, segundo<br />
a Resolução CNS 196/96, cuja cópia deve ser anexada aos<br />
originais impressos.<br />
Todas as páginas deverão estar numeradas consecutivamente,<br />
sendo a primeira a página de rosto. Serão recebidos<br />
originais em português.<br />
Tabelas, gráficos e figuras, com as respectivas legendas,<br />
devem vir apresentados em separado, no final do texto, depois<br />
das referências. Ao longo do texto, os autores devem indicar<br />
com destaque a sua localização, devidamente numerados.<br />
PÁGINA DE ROSTO:<br />
Deverá conter título completo do artigo, com versão para o<br />
inglês. Nome de todos os autores por extenso, titulação profissional<br />
e acadêmica, e respectivas instituições. Indicar o autor<br />
principal e email para contato. Se o trabalho foi subvencionado,<br />
indicar o agente financiador e respectivo número de processo.<br />
Devem ser utilizadas apenas abreviaturas e símbolos<br />
padronizados.<br />
RESUMO EM PORTUGUÊS E ABSTRACT EM INGLÊS:<br />
Os artigos deverão ter resumo e abstract, que não deverão<br />
conter abreviaturas nem ultrapassar 200 palavras, sendo redigidos<br />
em folhas separadas, sequenciais à página inicial (esta<br />
norma não se aplica à resenha).<br />
PALAVRAS-CHAVE:<br />
Indicar, no mínimo, três e, no máximo, seis palavras-chave<br />
descritoras do conteúdo do trabalho, utilizando-se os Descritores<br />
em Ciências da Saúde (Decs) da BIREME, em português<br />
e em inglês. Devem suceder os resumos por idioma.<br />
REFERÊNCIAS:<br />
As referências devem restringir-se às citações no texto,<br />
sendo numeradas consecutivamente, pela ordem de aparição<br />
no texto (em algarismos arábicos e entre parênteses).<br />
Comunicações pessoais não são aceitas como referências,<br />
podendo, porém, ser inscritas no texto, entre parênteses, com<br />
o nome da pessoa e data. As referências citadas apenas em<br />
quadros ou legendas de figuras devem ser de acordo com<br />
a sequência estabelecida pela primeira identificação no texto<br />
desse quadro ou figura.<br />
As referências seguirão as normas propostas pelo Comitê<br />
Internacional de <strong>Revista</strong>s - Vancouver Style. Tradução portuguesa.<br />
Comissão Internacional de Editores de <strong>Revista</strong>s (ver<br />
Port Clin Geral 1997; 14:159-74).<br />
AGRADECIMENTOS:<br />
Podem ser registrados agradecimentos a instituições ou indivíduos<br />
que prestaram efetiva colaboração para o trabalho, em<br />
parágrafo com até três linhas.<br />
PROCEDIMENTO DE ANÁLISE:<br />
Revisão por pares: os trabalhos que atenderem à normalização<br />
conforme “Instruções aos Autores” serão submetidos<br />
à avaliação de pelo menos dois Consultores integrantes da<br />
equipe de colaboradores da <strong>Revista</strong>, para revisão e aprovação.<br />
O procedimento de revisão pelos pares é sigiloso quanto<br />
à identidade dos autores e revisores. Cópias dos pareceres<br />
serão encaminhadas aos autores.<br />
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