Distalizador âJones Jigâ: Um Método Alternativo para ... - Dental Press
Distalizador âJones Jigâ: Um Método Alternativo para ... - Dental Press
Distalizador âJones Jigâ: Um Método Alternativo para ... - Dental Press
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Artigo Inédito<br />
<strong>Distalizador</strong> “Jones Jig”: <strong>Um</strong> Método <strong>Alternativo</strong><br />
<strong>para</strong> a Distalização de Molares Superiores<br />
The “Jones Jig” Appliance:<br />
An Alternative to Distalize Upper Molars<br />
Omar Gabriel da<br />
Silva Filho<br />
Resumo<br />
Durante muitas décadas a distalização<br />
efetiva dos molares superiores permanentes<br />
foi praticada quase que exclusivamente<br />
por meio da utilização de força<br />
extrabucal. Hoje em dia, inúmeros<br />
dispositivos que colocam em cena a possibilidade<br />
de distalizar os molares com<br />
ancoragem intrabucal ganham relevância<br />
<strong>para</strong> driblar a falta de cooperação do<br />
paciente. <strong>Um</strong> deles é o distalizador<br />
“Jones Jig” – objeto de estudo do presente<br />
trabalho.<br />
O distalizador “Jones Jig” surgiu como<br />
alternativa <strong>para</strong> distalização de molares,<br />
e são nos casos de pequenas distalizações<br />
que ele encontra sua indicação<br />
mais precisa, principalmente com aplicação<br />
unilateral. Há sólidas razões <strong>para</strong><br />
acreditar que, pelas suas características<br />
mecânicas, ele não é capaz de superar<br />
os efeitos produzidos pelo aparelho extrabucal.<br />
Em situações onde se faz necessário<br />
alterações ortopédicas na maxila,<br />
grandes distalizações com movimento<br />
de translação dos molares e grande<br />
controle de ancoragem, torna-se imperativo<br />
recorrer ao aparelho extrabucal,<br />
cabendo ao ortodontista esgotar os recursos<br />
de motivação do paciente <strong>para</strong><br />
desfrutar de todos os efeitos deste aparelho,<br />
ainda insuperável na clínica ortodôntica.<br />
Por outro lado, o crescimento<br />
facial prega restrições ao uso da ancoragem<br />
extrabucal <strong>para</strong> distalização dos<br />
molares em padrão facial Classe I.<br />
Ciente das características mecânicas<br />
e efeitos tão distintos destes dois aparelhos,<br />
o aparelho extrabucal e o distalizador<br />
“Jones Jig”, o ortodontista deve<br />
guiar-se pelo bom senso <strong>para</strong> optar por<br />
aquele que melhor preencha os requisitos<br />
biomecânicos e de cooperação de<br />
cada paciente <strong>para</strong> a finalização idealizada.<br />
INTRODUÇÃO<br />
O aparelho extrabucal idealizado por<br />
Kloehn, nos idos de 1940, ainda constitui<br />
um dos recursos terapêuticos utilizados<br />
de rotina <strong>para</strong> ancoragem, distalização<br />
de molares e produção de altera-<br />
Unitermos:<br />
Má oclusão;<br />
Distalização dos<br />
molares superiores;<br />
Molas de Níquel e<br />
Titânio; Aparelho<br />
“Jones Jig”.<br />
Omar Gabriel da Silva Filho *<br />
Elaine Saltão Rufino Artuso **<br />
Arlete de Oliveira Cavassan *<br />
Leopoldino Capelozza Filho ***<br />
*<br />
Ortodontistas do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo<br />
(HRAC-USP), Bauru-SP.<br />
**<br />
Aluna do Curso de Especialização em Ortodontia da Fundação <strong>para</strong> o Estudo e Tratamento das Deformidades<br />
Craniofaciais - FUNCRAF, Bauru-SP.<br />
***<br />
Professor Assistente Doutor da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-<br />
USP) e Responsável pelo Setor de Ortodontia do HRAC-USP.<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 18-26, jul./ago. 2000<br />
18
A<br />
B<br />
FIGURA 1 – Desenho esquemático do distalizador “Jones Jig”: A) unidade de ancoragem (botão de Nance adaptado aos segundos<br />
pré-molares) e B) elemento ativo (mola de níquel e titânio e cursor deslizante adaptados por vestibular).<br />
ções ortopédicas na maxila, com excelentes<br />
resultados há muito tempo<br />
enfatizados na literatura 1,2,22,30 . O aparelho<br />
extrabucal apresenta versatilidade<br />
suficiente, do ponto de vista clínico,<br />
<strong>para</strong> permitir a distalização unilateral<br />
ou bilateral dos molares permanentes,<br />
com total controle sobre o<br />
centro de rotação e sobre o componente<br />
vertical dos molares, através do<br />
ajuste da linha de ação da força e do<br />
tipo de tração aplicada, respectivamente<br />
1,19 . Além do efeito ortodôntico<br />
de distalização dos molares, o uso do<br />
aparelho extrabucal durante a fase<br />
ativa de crescimento facial traz alterações<br />
ortopédicas importantes de inibição<br />
parcial do deslocamento anterior<br />
da maxila 2 , o que pode ser desejável<br />
em um paciente com um padrão<br />
facial de Classe II, principalmente<br />
diante de um componente de prognatismo<br />
maxilar.<br />
No entanto, a eficiência do aparelho<br />
extrabucal está intimamente associada<br />
à persistente cooperação do<br />
paciente, em virtude deste aparelho<br />
ser removível, de impacto estético negativo,<br />
e por apresentar elementos<br />
externos. Ao mesmo tempo que a tração<br />
extrabucal desempenha um papel<br />
positivo sobre a mecanoterapia, por<br />
transferir a força reativa <strong>para</strong> fora da<br />
cavidade bucal, há o lado negativo<br />
da intolerância por alguns pacientes.<br />
Em virtude da total dependência da<br />
cooperação e aceitação do paciente,<br />
é que surgiram no mercado nestes últimos<br />
anos aparelhos alternativos<br />
com o objetivo de distalização dos<br />
molares superiores, priorizando a ancoragem<br />
intrabucal 3-7,9-18,20,21,23-26,28 .<br />
Os aparelhos de ancoragem intrabucal<br />
exibem um mecanismo de ação<br />
bem diferente do aparelho extrabucal<br />
até então usado à exaustão. Quase<br />
sempre são fixos, e usam forças suaves,<br />
porém contínuas, liberadas por<br />
molas super-elásticas de níquel e<br />
titânio 4,7,9,10,14,21 , fios super-elásticos de<br />
níquel e titânio 23 , magnetos 3, 4, 9, 13, 15, 18 ,<br />
e helicóides e alças confeccionados<br />
com fios de TMA 5, 6, 12, 17 ou de aço inoxidável<br />
20, 25, 26 . Observamos que estes<br />
aparelhos têm sido apresentados aos<br />
ortodontistas com o apelo de, pelo<br />
menos em tese, obter a movimentação<br />
desejada dos molares sem a necessidade<br />
de colaboração do paciente.<br />
Dentro deste princípio, o distalizador<br />
“Jones Jig” 10, 21 representa um<br />
dos benefícios que a contemporaneidade<br />
vem trazendo à distalização dos<br />
molares.<br />
O objetivo do presente estudo é<br />
dar contribuição ao debate das vantagens<br />
e desvantagens do distalizador<br />
“Jones Jig”, tomando como referência<br />
o aparelho extrabucal.<br />
Descrição do Aparelho “Jones<br />
Jig” e Considerações Mecânicas<br />
O distalizador “Jones Jig” foi projetado<br />
no intento de distalizar molares<br />
superiores com ancoragem intrabucal<br />
e intramaxilar. Consiste<br />
numa unidade de ancoragem<br />
dentomuco-suportada, apoiada nos<br />
pré-molares, e numa unidade ativa,<br />
contendo uma mola de Níquel e<br />
Titânio de secção aberta 21 (fig. 1).<br />
A unidade de ancoragem, com finalidade<br />
de resistir à reação da força<br />
distalizadora ou mantê-la dentro<br />
de limites clínicos toleráveis, é<br />
formada por um botão de Nance<br />
unido preferencialmente aos segundos<br />
pré-molares. <strong>Um</strong> fio de aço<br />
.036’’ une as bandas e o apoio de<br />
resina acrílica.<br />
A unidade ativa compreende uma<br />
mola de Níquel e Titânio de secção<br />
aberta e um cursor deslizante, encaixados<br />
em um fio de aço de .030”. A<br />
extremidade distal deste fio de aço é<br />
bifurcada <strong>para</strong> ser adaptada simultaneamente<br />
nos acessórios retangular<br />
e redondo do tubo duplo do primeiro<br />
molar permanente. Esta particularidade<br />
tem a intenção de controlar<br />
o centro de rotação dos molares<br />
durante a sua distalização. O<br />
aparelho é ativado quando o cursor<br />
deslizante é puxado em direção ao<br />
molar por meio de um fio de<br />
amarrilho que parte do pré-molar de<br />
ancoragem (fig. 1). A distalização do<br />
cursor deslizante comprime a mola<br />
de Níquel e Titânio que passa, então,<br />
a liberar uma força de natureza<br />
contínua. Estima-se que a força necessária<br />
<strong>para</strong> distalização do molar<br />
deve aproximar-se de 50g. A ativação<br />
da mola deve ser feita em inter-<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 18-26, jul./ago. 2000<br />
19
A<br />
B<br />
C<br />
D<br />
E<br />
F<br />
FIGURA 2 – Má oclusão classe I com apinhamento na região do canino superior direito. A relação sagital de 1/4 de classe II do lado<br />
direito está contribuindo <strong>para</strong> a mesio-infra-vestibulo oclusão do dente 13.<br />
tro de resistência dos molares 1,19 . Isto<br />
significa que o movimento predominante<br />
do molar, produzido pelo “Jones<br />
Jig”, é de inclinação e não de<br />
translação, o que é indesejável por ser<br />
menos estável. Há também outro fator<br />
limitante de caráter mecânico: a<br />
ancoragem é intrabucal, ou seja, a reação<br />
da força liberada está dentro da<br />
boca, criando um efeito indesejávalos<br />
de 4 a 8 semanas.<br />
A principal vantagem deste aparelho<br />
é independer da colaboração do<br />
paciente <strong>para</strong> promover a distalização<br />
dos molares. As figuras 2 a 6 ilustram<br />
o efeito distalizador do “Jones<br />
Jig” <strong>para</strong> correção de uma má oclusão<br />
com relação dentária de Classe II<br />
unilateral. O aparelho libera força<br />
suave, de natureza contínua, e com<br />
ancoragem intrabucal e intramaxilar,<br />
e, principalmente por isto, é muito<br />
bem aceito pelos pacientes. Visto, porém,<br />
pela ótica da mecânica, ele não<br />
é capaz de controlar efetivamente o<br />
centro de rotação do molar durante a<br />
distalização, o que é facilmente<br />
contornável com a tração extrabucal,<br />
através da inclinação do braço externo<br />
do arco facial em relação ao cen-<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 18-26, jul./ago. 2000<br />
20
TABELA 1<br />
Síntese da ancoragem intrabucal disponível na literatura <strong>para</strong> distalização dos molares,<br />
abrindo novas perspectivas <strong>para</strong> a mecanoterapia.<br />
Autor Ano Aparelho Ancoragem Força Ativação Distalização<br />
x 1 mês<br />
GHAFARI 11 1985 Mola de niti Ap. de Nance Mensal 1.5 mm<br />
GIANELLY et al. 1988 Magnetos Ap. de Nance 220/225g 2/2 semanas 0.5 - 2.5mm<br />
(início)<br />
GIANELLY et al. 1989 Magnetos Ap. de Nance 2/2 semanas 0.5 - 2.5 mm<br />
GIANELLY et al. 1991 Mola de niti Ap. de Nance 100 g Mensal 1 - 1.5 mm<br />
ITOH et al. 1991 Magnetos Ap. de Nance 8 oz 2/2 semanas 3.5 mm<br />
JECKEL, RAKOSI 1991 Mola Splint Maxilar 2N (início) 1vez em 2 mm<br />
distalizadora Removível 5-6N 5 meses<br />
BONDEMARK, KUROL 1992 Magnetos Ap. de Nance 220g (início) 3/3 semanas 1 mm<br />
-60g<br />
HILGERS 1992 Pêndulo Ap. de Nance 3/3 semanas 1 mm<br />
JONES, WHITE 1992 Jones Jig Ap. de Nance 70-75g Mensal<br />
LOCATELLI et al. 1992 Fio niti Ap. de Nance 100g Constante 1 – 2 mm<br />
super elástico elástico cl II<br />
REINER 1992 Mola Espiral Ap. de Nance 150g 2/2 semanas 1 mm<br />
+ Bihélice + Bihélice<br />
MUSE et al. 1993 Wilson rapid Elástico de 2-6 ounce Mensal 0.5 mm<br />
molar distaliz. classe II<br />
BONDEMARK et al. 1994 Mola de niti Ap. de Nance 225g-100g Mensal 0.5 mm<br />
x magnetos 225g-100g Mensal 0.35 mm<br />
FREITAS et al. 1995 Jones Jig Ap. de Nance 70-75 g Mensal 0.5 - 1 mm<br />
GREENFIELD 1995 Pistão Ap. de Nance 1.5-2 oz 2/2 meses 1 mm<br />
CARANO, TESTA 1996 Distal Jet Ap. de Nance 150-200 g Mensal 0.5 - 1 mm<br />
GHOSH, NANDA 1996 Pêndulo Ap. de nance Mensal 0.5 mm<br />
BYLOFF, DARENDELIER 1997 Pêndulo Ap. de nance 200-250g 2/2meses 1 mm<br />
BYLOFF et al.<br />
EVERDI et al. 1997 Magnetos x Ap. de Nance 225 g Semanal 1 mm<br />
mola de niti Ap. de Nance 225 g Mensal 1.5 mm<br />
vel de inclinação <strong>para</strong> frente da<br />
unidade de ancoragem 28 . Em suma,<br />
a perda de ancoragem lhe é indissociável.<br />
Distalização dos Molares com<br />
Ancoragem Intrabucal: Revisão<br />
de Literatura<br />
Muitos ortodontistas têm explorado<br />
um método alternativo <strong>para</strong> a<br />
distalização dos molares no afã de<br />
eliminar a principal variável determinante<br />
da eficiência do aparelho<br />
extrabucal – a cooperação do paciente.<br />
A tabela 1 resume os dispositivos<br />
publicados na literatura com esta finalidade.<br />
A grande maioria desses<br />
aparelhos têm em comum a ancoragem<br />
intrabucal, intramaxilar, dentomuco-suportada<br />
e fixa – o botão de<br />
Nance. A exceção vai <strong>para</strong> os aparelhos<br />
removíveis com molas <strong>para</strong> distalização<br />
dos molares, preconizados<br />
por CETLIN, HOEVE (1983) 8 e<br />
JECKEL, RAKOSI (1991) 20 , com prescrição<br />
de pelo menos 18 horas diárias<br />
de uso, e no uso de elásticos de<br />
Classe II preconizado por MUSE et al.<br />
(1993) 25 <strong>para</strong> ativar a distalização<br />
dos molares com o aparelho de distalização<br />
de WILSON 31 (1978). Na<br />
nossa opinião, não existe nenhuma<br />
vantagem na indicação desses aparelhos<br />
removíveis já que mostram<br />
todas as desvantagens da ancoragem<br />
intrabucal, acrescidas da necessidade<br />
de colaboração do paciente,<br />
principal desvantagem da ancoragem<br />
extrabucal. Com relação ao uso<br />
do elástico de Classe II, a ancoragem<br />
intermaxilar ainda tem o inconveniente<br />
de acarretar compensações no<br />
arco dentário inferior.<br />
A ancoragem dentomuco-suportada<br />
difere pouco entre os vários dispositivos<br />
intrabucais fixos criados<br />
<strong>para</strong> a distalização dos molares. A<br />
parte ativa, com grande diversificação,<br />
é que caracteriza cada um destes<br />
aparelhos. Pela seqüência cronológica,<br />
os magnetos repelentes povoaram<br />
as primeiras publicações pertinentes<br />
3,4,9,13,15,18,24 , uma vez que os<br />
magnetos foram introduzidos como<br />
um sistema de força viável em ortodontia<br />
antes das molas super-elásticas.<br />
Sem sombra de dúvida, os magnetos<br />
têm se mostrado efetivos na<br />
distalização dos molares, inclusive<br />
com relatos de distalização simultâ-<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 18-26, jul./ago. 2000<br />
21
A<br />
B<br />
C<br />
D<br />
FIGURA 3 – <strong>Distalizador</strong> “Jones Jig” instalado <strong>para</strong> distalizar o dente 16. As fotografias reiteram que distalização do molar e<br />
ancoragem intrabucal não são incompatíveis e reforça a convicção de que a distalização unilateral é o efeito mais eficaz do aparelho<br />
“Jones Jig”.<br />
nea dos primeiros e segundos molares<br />
3, 4 . Mas o fato é que a movimenta-<br />
BYLOFF et al. (1997) 6 usa também<br />
e BYLOFF, DARENDELILER (1997) 5 ;<br />
ção não ocorre com a mesma eficiência<br />
alcançada com a ancoragem ex-<br />
modificado, de onde parte o elemento<br />
como ancoragem um botão de Nance<br />
trabucal. GIANELLY et al. (1989) 15 , por ativo. A parte responsável pela distalização<br />
dos molares consiste em alças<br />
exemplo, atribuiram 80% do efeito do<br />
aparelho em distalização dos molares, e helicóides confeccionados em fio<br />
com apenas 20% de perda de ancoragem.<br />
Já ITOH et al. (1991) 18 encontra-<br />
e contínua quando adaptados ao tubo<br />
TMA de .032’’, que libera força suave<br />
ram de 30% a 50% de perda de ancoragem.<br />
Afora todas as desvantagens ponto de vista teórico, é um aparelho<br />
palatino dos molares. Pelo menos do<br />
mecânicas encontradas em todos os mecanicamente mais versátil do que<br />
aparelhos intrabucais <strong>para</strong> distalização<br />
de molares, como a comprovada permite um melhor controle do centro<br />
os demais da mesma categoria, já que<br />
ausência de controle do centro de rotação<br />
durante a distalização dos mo-<br />
do molar, além do controle vertical e<br />
de rotação durante a movimentação<br />
lares 3,4 , os magnetos exibem alguns ajustes rotacionais.<br />
inconvenientes inerentes: alto custo, Embora o distalizador “Jones Jig”<br />
dificuldade de obtenção, volume use uma mola de Níquel e Titânio<br />
intrabucal aumentado.<br />
como elemento gerador da força <strong>para</strong><br />
O aparelho tipo pêndulo, descrito a distalização do molar, como bem<br />
inicialmente por HILGERS (1992) 17 , e mostrado nas figuras 1 e 3, essas molas<br />
super elásticas também podem seguido por GHOSH, NANDA (1996) 12 ser<br />
aplicadas com o mesmo objetivo sem,<br />
no entanto, fazerem parte do aparelho<br />
Jones Jig. Como exemplo na literatura<br />
temos a mola de Níquel e Titânio<br />
usada por GIANELLY et al. (1991) 14 ;<br />
LOCATELLI et al. (1992) 23 ;<br />
BONDEMARK et al. (1994) 4 e EVERDI<br />
et al. (1997) 9 .<br />
<strong>Um</strong>a versão do distalizador “Jones<br />
Jig”, com a parte ativa ajustada por<br />
lingual, no tubo palatino do molar,<br />
recebeu o nome de “Distal Jet” 7 . <strong>Um</strong>a<br />
suposta vantagem clínica em relação<br />
ao aparelho “Jones Jig” refere-se à possibilidade<br />
de mecânica vestibular simultânea.<br />
E por falar em mecânica<br />
distalizadora por vestibular e lingual,<br />
GREENFIELD (1995) 16 adaptou molas<br />
por vestibular e lingual, num dispositivo<br />
especialmente elaborado<br />
<strong>para</strong> tal, recebendo o nome de “aparelho<br />
pistão fixo”, <strong>para</strong> corrigir a relação<br />
dentária de Classe II com maior<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 18-26, jul./ago. 2000<br />
22
A<br />
B<br />
C<br />
D<br />
E<br />
F<br />
FIGURA 4 – <strong>Um</strong>a vez distalizado o molar, a ancoragem torna-se fundamental <strong>para</strong> preservar o ganho de espaço durante a distalização<br />
dos pré-molares e caninos. A ancoragem aqui foi garantida pela barra transpalatina e pela inclusão do dente 17.<br />
controle rotacional durante a movimentação.<br />
Paralelo Acadêmico entre o<br />
Aparelho Extrabucal e o <strong>Distalizador</strong><br />
“Jones Jig”<br />
- Vantagens do Aparelho<br />
Extrabucal<br />
1 - Simplicidade na instalação pelo<br />
profissional e no manuseio pelo paciente;<br />
2 - Número reduzido de bandas e<br />
de procedimentos clínicos operacionais;<br />
3 - Ancoragem extrabucal. A reação<br />
à força está fora da boca;<br />
4 - Controle do centro de rotação<br />
durante a distalização dos molares, relacionando<br />
a linha de ação de força<br />
ao centro de resistência do molar, através<br />
da inclinação do braço externo do<br />
arco facial;<br />
5 - Controle vertical da movimentação<br />
do molar através da seleção do<br />
tipo de tração, se alta, média ou baixa;<br />
6 - Controle transversal da movimentação<br />
do molar através dos ajustes<br />
do arco interno;<br />
7 - Versatilidade <strong>para</strong> distalização<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 18-26, jul./ago. 2000<br />
23
A<br />
B<br />
C<br />
D<br />
FIGURA 5 – Nivelamento superior após a distalização do segmento superior direito.<br />
unilateral e bilateral;<br />
8 - Versatilidade <strong>para</strong> distalização<br />
de pré-molares na ausência dos<br />
molares 27, 29 ;<br />
9 - Possibilidade de efeito ortopédico<br />
se aplicado em fase de crescimento<br />
facial, com restrição parcial do deslocamento<br />
anterior da maxila.<br />
- Desvantagens do Aparelho<br />
Extrabucal<br />
1 - Impacto anti-social;<br />
2 - Depende exclusivamente da<br />
colaboração do paciente;<br />
3 - Efeito ortopédico. Ele passa a<br />
ser desvantagem nos padrões faciais<br />
Classe I, quando aplicado em fase de<br />
crescimento.<br />
- Vantagens do <strong>Distalizador</strong><br />
“Jones Jig”<br />
1 - Por ser fixo, independe totalmente<br />
da colaboração do paciente,<br />
no tocante ao número de horas de<br />
uso;<br />
2 - Por ser intrabucal, é estético,<br />
não trazendo impacto anti-social;<br />
3 - Boa aceitação do paciente;<br />
4 - Distaliza molares com força suave,<br />
de natureza contínua – características<br />
das ligas de Níquel e Titânio;<br />
5 - Força compatível com custos<br />
biológicos reduzidos: forças de magnitude<br />
suave;<br />
6 - Menor sensibilidade e mobilidade<br />
dos molares durante a distalização;<br />
7 - Eficiência nas pequenas distalizações,<br />
sobretudo nas unilaterais.<br />
Desvantagens do <strong>Distalizador</strong><br />
“Jones Jig”<br />
1 - Número maior de procedimentos<br />
clínicos <strong>para</strong> a sua instalação,<br />
na confecção da unidade de<br />
ancoragem;<br />
2 - Usa bandas de pré-molares;<br />
bandas, estas, menos freqüentes em<br />
estoques convencionais;<br />
3 - Ancoragem insuficiente <strong>para</strong><br />
distalizações simétricas. É possível<br />
usar um recurso clínico <strong>para</strong> superar<br />
este inconveniente: a distalização<br />
unilateral de cada vez;<br />
4 - Impossibilidade de controle do<br />
centro de rotação durante a distalização<br />
dos molares. Embora o dispositivo<br />
de furca da unidade ativa tenha<br />
a intenção de favorecer o movimento<br />
de corpo, isto só acontece no<br />
início da distalização. Por isso, é<br />
mais fácil conseguir movimento de<br />
translação nas pequenas distalizações.<br />
5 - Não promove efeito ortopédico.<br />
Esta característica só é desvantagem<br />
nas más oclusões com padrões<br />
faciais de Classe II;<br />
6 - Dificulta a higienização.<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 18-26, jul./ago. 2000<br />
24
A<br />
B<br />
C<br />
D<br />
FIGURA 6 - Oclusão normal pós-tratamento.<br />
E<br />
Abstract<br />
For many years, distalization of<br />
the upper molars has been possible<br />
only with the extraoral appliance.<br />
Nowadays, new devices that need no<br />
patient cooperation are available,<br />
such as the “Jones Jig”.<br />
The “Jones Jig” is indicated for<br />
small distalizations, mainly unilateral.<br />
It is clear that this device is not<br />
capable of overcoming the effect of<br />
the extraoral appliance. In situations<br />
where maxillary orthopedic alterations,<br />
great molar distalization and<br />
great anchorage control are needed,<br />
it is imperative that the extraoral appliance<br />
should be the first choice. On<br />
the other hand, there are some restrictions<br />
as for the use of the<br />
extraoral appliance in Class I patients,<br />
as far as craniofacial growth<br />
is concerned.<br />
Therefore, orthodontists should<br />
always be aware of the effects of different<br />
appliances so that their indication<br />
is as adequate as possible.<br />
Key-words: Malloclusion; Maxillary<br />
molar distal movement; “Jones<br />
Jig” appliance.<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 18-26, jul./ago. 2000<br />
25
REFERÊNCIAS<br />
1 - ARMSTRONG, M. M. Controlling the magnitude,<br />
direction and duration of<br />
extraoral force. Am J Orthod, v.59,<br />
n.3, p.217-243, Mar. 1971.<br />
2 - BAUMRIND, S. et al. Quantitative analysis<br />
of the orthodontic and orthopedic<br />
effects of maxillary traction. Am J<br />
Orthod, v.84, n.5, p.384-398, Nov.<br />
1983.<br />
3 - BONDEMARK, L.; KUROL, J. Distalization<br />
of maxillary first and second molars<br />
simultaneously with repelling<br />
magnets. Eur J Orthod, v.14, n.4,<br />
p.264-272, Aug. 1992.<br />
4 - __________ BERNHOLD, M. Repelling<br />
magnets versus superelastic nickeltitanium<br />
coils in simultaneous distal<br />
movement of maxillary first and<br />
second molars. Angle Orthod, v.64,<br />
n.3, p.189-198, June 1994.<br />
5 - BYLOFF, F. K.; DARENDELILER, M. A.<br />
Distal molar movement using the<br />
pendulum appliance. Part 1. Clinical<br />
and radiological evaluation. Angle<br />
Orthod, v.67, n.4, p.249-260, Aug.<br />
1997.<br />
6 - __________ et al. Distal molar movement<br />
using the pendulum appliance.<br />
Part 2: The effects of maxillary molar<br />
root uprighting bends. Angle<br />
Orthod, v.67, n.4, p.261-270, Aug.<br />
1997.<br />
7 - CARANO, A.; TESTA, M. The distal jet for<br />
upper molar distalization. J Clin Orthod,<br />
v.30, n.7, p.374-380, July 1996.<br />
8 - CETLIN, N. M.; HOEVE, A. T.<br />
Nonextraction treatment. J Clin Orthod,<br />
v.17, n.6, p.396-413, June<br />
1983.<br />
9 - EVERDI, N.; KOYUTÜRK, O.;<br />
KÜÇÜKKELES, N. Nickel-titanium coil<br />
springs and repelling magnets: a<br />
comparison of two different intra-oral<br />
molar distalization techniques. Br J<br />
Orthod, v.24, n.1, p.47-53, Feb.<br />
1997.<br />
10 - FREITAS, B. V. et al. Distalização unilateral<br />
de primeiros molares superiores com<br />
o aparelho Jones Jig. Apresentação de<br />
dois casos clínicos. Ortodontia, v.28,<br />
n.3, p.31-40, set./dez. 1995.<br />
11 - GHAFARI, J. Modified Nance and lingual<br />
appliances for unilateral tooth movement.<br />
J Clin Orthod, v.19, n.1, p.30-<br />
33, Jan. 1985.<br />
12 - GHOSH, J.; NANDA, R. S. Evaluation of<br />
an intraoral maxillary molar distalization<br />
technique. Am J Orthod Dentofacial<br />
Orthop, v.110, n.6, p.639-<br />
646, Dec. 1996.<br />
13 - GIANELLY, A. A. et al. Distalization of<br />
molars with repelling magnets. J Clin<br />
Orthod, v.22, n.1, p.40-44, Jan. 1988.<br />
14 - __________ BEDNAR, J.; DIETZ, V. S.<br />
Japonese NiTi coils used to move<br />
molars distally. Am J Orthod Dentofacial<br />
Orthop, v.99, n.6, p.564-566,<br />
June 1991.<br />
15 - ___________ VAITAS, A. S.; THOMAS,<br />
W. M. The use of magnets to move<br />
molars distally. Am J Orthod Dentofacial<br />
Orthop, v.96, n.2, p.161-167,<br />
Aug. 1989.<br />
16 - GREENFIELD, R. L. Fixed piston<br />
appliance for rapid class II<br />
correction. J Clin Orthod, v.29, n.3,<br />
p.174-183, Mar. 1995.<br />
17 - HILGERS, J. J. The pendulum appliance<br />
for class II non-compliance therapy. J<br />
Clin Orthod, v.26, n.11, p.706-714,<br />
Nov. 1992.<br />
18 - ITOH, T. et al. Molar distalization with<br />
repelling magnets. J Clin Orthod,<br />
v.25, n.10, p.611-617, Oct. 1991.<br />
19 - JACOBSON, A. A key to the<br />
understanding of extraoral forces.<br />
Am J Orthod, v.75, n.4, p.361-386,<br />
Apr. 1979.<br />
20 - JECKEL, N.; RAKOSI, T. Molar distalization<br />
by intra-oral force application.<br />
Eur J Orthod, v.13, n.1, p.43-46,<br />
Feb. 1991.<br />
21 - JONES, R. D.; WHITE, J. M. Rapid class II<br />
molar correction with an open-coil<br />
jig. J Clin Orthod, v.26, n.10, p.661-<br />
664, Oct. 1992.<br />
22 - KLOEHN, S. J. Evaluation of cervical<br />
anchorage force in treatment. Angle<br />
Orthod, v.31, n.2, p.91-104, Apr. 1961.<br />
23 - LOCATELLI, R. et al. Molar distalization with<br />
superelastic niti wire. J Clin Orthod,<br />
v.26, n.5, p.277-279, May 1992.<br />
24 - MORO, A. et al. Distalização unilateral<br />
do molar superior com a utilização<br />
de forças magnéticas. Ortodontia,<br />
v.28, n.2, p.34-47, maio/ago. 1995.<br />
25 - MUSE, D. S. et al. Molar and incisor<br />
changes with Wilson rapid molar<br />
distalization. Am J Orthod Dentofacial<br />
Orthop, v.104, n.6, p.556-565,<br />
Dec. 1993.<br />
26 - REINER, T. J. Modified Nance appliance<br />
for unilateral molar distalization. J<br />
Clin Orthod, v.26, n.7, p.402-404,<br />
July 1992.<br />
27 - ROSSATO, C.; MARTINS, D. R.; ALMEIDA,<br />
R. R. Aplicação do aparelho extrabucal<br />
em pré-molares: relato de um<br />
caso clínico. Ortodontia, v.23, n.3,<br />
p.61-65, set./dez. 1990.<br />
28 - RUNGE, M. E.; MARTIN, J. T.; BUKAI, F.<br />
Analysis of rapid maxillary molar<br />
distal movement without patient<br />
cooperation. Am J Orthod Dentofacial<br />
Orthopd, v.115, n.2, p.153-157, Feb.<br />
1999.<br />
29 - SILVA FILHO, O. G. et al. Aplicação do aparelho<br />
extrabucal na ausência dos primeiros<br />
molares superiores. Ortodontia,<br />
v.30, n.3, p.69-73, set./dez. 1997.<br />
30 - VIGORITO, J. W. Alguns efeitos do emprego<br />
da força extrabucal no tratamento<br />
das más oclusões dentárias. Ortodontia,<br />
v.13, n.2, p.118-132, maio/<br />
ago. 1980.<br />
31 - WILSON, W.L. Modular orthodontic<br />
systems. Part 1. J Clin Orthod, v.12,<br />
n.4, p.259-278, Apr. 1978.<br />
Endereço <strong>para</strong> correspondência<br />
Omar Gabriel da Silva Filho<br />
Setor de Ortodontia do HRAC-USP<br />
Rua Silvio Marchione, 3-20<br />
17043-900 - Bauru - SP<br />
e-mail: ortoface@travelnet.com.br<br />
R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 18-26, jul./ago. 2000<br />
26