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Ano 14 – Nº 71 – 2011 – CIRCULAÇÃO DIRIGIDA – DIS TRI BUI ÇÃO GRA TUI TA<br />

Biblioteca Parque Manguinhos<br />

IM PRES SO<br />

www.appai.org.br


Ano 14 – Nº 71 – 2011 – CIRCULAÇÃO DIRIGIDA – DIS TRI BUI ÇÃO GRA TUI TA<br />

Biblioteca Parque Manguinhos<br />

www.appai.org.br


Opinião<br />

Professores em fuga<br />

Vera Lúcia Pereira dos Santos*<br />

Não constitui surpresa saber que caiu o número de formandos em cursos que<br />

preparam docentes. O desinteresse dos adolescentes pelo magistério não se revelou<br />

repentinamente. É reflexo de um processo que vem se corporificando há muito tempo<br />

no exercício do magistério, aliado à decadência do ensino público monitorado por<br />

políticas públicas equivocadas.<br />

Como professora de escola pública nas décadas de 1970, 80 e 90, fui<br />

testemunha da aplicação de leis, regimentos e normas pretensamente democráticas, inovadoras e lucionárias, impostas ao professor como panaceias solucionadoras de todos os problemas educacionais. A<br />

revoescola<br />

transformou-se em entidade predominantemente assistencialista e ao mestre era atribuída toda a<br />

responsabilidade pelo insucesso do aluno – a reprovação, se ultrapassada determinada porcentagem, era<br />

sinônimo de incompetência didática. O professor foi perdendo sua autonomia e, sem ela, sente-se desprestigiado,<br />

desmotivado e desestimulado, e seu aluno percebe esse desencanto.<br />

Para esse processo de desconstrução, vários outros fatores contribuíram. Entre eles, ainda da perspectiva<br />

do docente, destaco o tratamento dispensado aos cursos de formação de professores da Educação Básica.<br />

Aos docentes que atuavam nesses cursos recomendava-se, não oficialmente, agir com complacência e não<br />

exigir muito do aluno na atividade didática. Isso porque o perfil da clientela, segundo orientadores e diretores<br />

de escola, era formado por adolescentes menos favorecidos economicamente e com poucos subsídios<br />

culturais e que, muitas vezes, ignoravam o alcance de sua vocação.<br />

Não seria essa uma forte razão para se elevar o nível desses jovens, futuros mentores da fase mais<br />

importante e decisiva do ensino, a alfabetização? O que pensar de cursos de graduação em Pedagogia que<br />

serviram durante algum tempo de meio de aquisição de maior remuneração para docentes e acesso à classificação<br />

privilegiada na atribuição de aulas?<br />

Via e vejo nessa atitude facilitadora e desvirtuada uma contradição que só poderia resultar no quadro<br />

preocupante que hoje mobiliza institutos de pesquisas, educadores e especialistas em Educação na tentativa<br />

de revertê-lo. A ausência de atração pela carreira docente entre estudantes do Ensino Médio soma-se ao<br />

desalento do magistério e cria uma lacuna perigosa na formação de outros profissionais? Quem irá orientálos?<br />

Qual é a saída desse labirinto? É óbvio que há soluções e elas já foram apresentadas por pesquisadores<br />

abalizados como Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas. Agora falta aplicá-las. Os professores estão<br />

fugindo não por covardia, mas em busca da própria dignidade.<br />

* Vera Lúcia Pereira dos Santos é Doutora em Linguística e em Língua Portuguesa e suporte pedagógico<br />

de Português no Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br).<br />

Corpo e Movimento na Escola<br />

Tania Marta Costa Nhary*<br />

Em se tratando do contexto escolar, as questões que envolvem corpo e o movimento são<br />

muito complexas. Que lugar o corpo ocupa na escola? O que ele expressa ao moverse?<br />

Que atenção nós, professores, dedicamos ao corpo das crianças na escola? Essas<br />

questões são pouco debatidas nas propostas e projetos educativos, ficando muito mais<br />

a cargo da educação física, como disciplina escolar, tratar de uma pedagogia relacionada<br />

ao corpo. O que desejo alertar é que as atividades que envolvem a cultura corporal do<br />

movimento, manifestada sob a forma de ludicidade no cotidiano escolar, devem ser<br />

percebidas, apreendidas e compreendidas pelos educadores de diferentes áreas e de<br />

diferentes segmentos de ensino como proposta possível de ação na e para a educação.<br />

Os espaços de diferentes vivências corporais lúdicas como a dança, jogos, brincadeiras livres e esportes são<br />

representações das manifestações humanas em que a criança faz emergir sua noção de mundo. Transmitidas<br />

não simplesmente como instrumento metodológico do professor, as atividades lúdicas que envolvem<br />

o movimento corporal devem ser entendidas como atividades de uma prática pedagógica pertencente não<br />

apenas ao campo da educação física, mas que se entrelaça por diferentes conhecimentos escolares, pois se<br />

traduzem num saber-fazer simbólico e cultural. Daí a necessidade de se observar o que acontece no recreio,<br />

na movimentação livre das crianças em diferentes espaços, na expressividade dos corpos a se movimentar<br />

por toda a escola. Há muito a se descobrir sobre os modos da criança sentir, pensar e agir quando estão<br />

envolvidas em atividades que envolvem o movimento corporal. Esses são espaços-tempos propícios para<br />

conhecermos melhor nossos alunos, para nos aproximarmos de seu mundo, suas intenções, sentimentos,<br />

desejos e ações. Sendo assim, que tal brincar no recreio livremente com eles? Ouvir e ver a movimentação<br />

da rampa da escola, do pátio, da quadra? Levar para as salas de aula atividades lúdicas que envolvam o<br />

corpo em movimento? Nada mais renovador que descortinar a poética do corpo das crianças na escola. Essa<br />

prática pode levar você, professor, a descobertas interessantes sobre seus alunos.<br />

*Tania Marta Costa Nhary é Professora Assistente da Faculdade de Formação de Professores da Universidade<br />

do Estado do Rio de Janeiro; Coordenadora da disciplina Educação Infantil na Unirio Ensino EAD, Doutoranda<br />

em Educação; Mestre em Educação e Graduada em Educação Física.<br />

Expediente<br />

Conselho Editorial<br />

Julio Cesar da Costa<br />

Ednaldo Carvalho Silva<br />

Jornalismo<br />

Antônia Lúcia Figueiredo<br />

(M.T. RJ 22685JP)<br />

Colaboração<br />

Cláudia Sanches, Sandra Martins, Tony Carvalho,<br />

Marcela Figueiredo, Wellison Magalhães<br />

e Fábio Lacerda<br />

Fotografia<br />

Marcelo Ávila e Tony Carvalho<br />

Design Gráfico<br />

Luiz Cláudio de Oliveira<br />

Revisão<br />

Sandro Gomes<br />

Periodicidade e tiragem<br />

Bimestral – 70.000 (setenta mil)<br />

Impressão e distribuição<br />

Gráfica Ediouro – Correios<br />

Professores, enviem seus projetos para a<br />

redação do Jornal Educar:<br />

End.: Rua Senador Dantas, 117/222<br />

2º andar – Centro – Rio de Janeiro/RJ.<br />

CEP: 20031-911<br />

E-mail: jornaleducar@appai.org.br<br />

redacao@appai.org.br<br />

Endereço Eletrônico:<br />

www.appai.org.br<br />

Tel.: (21) 3983-3200<br />

• Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira res pon sabilidade dos autores.<br />

2 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Online<br />

Portal <strong>Appai</strong><br />

Da esq. p/ dir.: Instrutor Anderson<br />

Augusto, Presidente da <strong>Appai</strong> Julio<br />

Cesar da Costa, Atleta Cosme<br />

Ancelmo, Prof. Dr. Sérgio Moreira,<br />

Atleta Gisele Barros, Treinador Filé,<br />

Medalhista Márcia Narloch<br />

Medalhista de<br />

ouro no Panamericano<br />

Márcia Narloch<br />

da Equipe <strong>Appai</strong><br />

BemViver<br />

Equipe BemViver<br />

Atletas da Equipe BemViver<br />

falam sobre suas carreiras<br />

<strong>Appai</strong> reuniu atletas de nível internacional para<br />

um bate-papo informal com os seus funcionários<br />

sobre a importância da atividade física. Durante<br />

um pouco mais de 2 horas a medalhista de ouro<br />

Marcia Narloch, os maratonistas Gisele Barros,<br />

Juliana de Souza, Cosme Ancelmo, o treinador de<br />

atletas de alta performance Jorge Augustinis, o filé,<br />

falaram sobre suas carreiras e suas experiências<br />

no esporte e na vida. Uma das curiosidades dos<br />

convidados era saber o que é preciso fazer para ter<br />

um bom condicionamento físico.<br />

De acordo com o prof. Dr. Sérgio Bastos Moreira,<br />

autor de vários livros na área desportiva, e o treinador<br />

“filé”, é necessário um conjunto de ações, mas,<br />

sobretudo, o acompanhamento de um profissional<br />

da área do esporte e de outros profissionais da área<br />

da saúde.<br />

Ao final do evento, os três primeiros funcionários,<br />

nas categorias feminino e masculino, que obtiveram as<br />

melhores colocações no Circuito das Estações Adidas,<br />

receberam incentivos pelo desempenho e determinação.<br />

“O envolvimento e a satisfação dos funcionários<br />

que participam do evento, aliados à manifestação do<br />

quadro social nesse sentido, nos impulsionam a fazer<br />

dessa atividade esportiva – caminhadas e corridas – ,<br />

em breve, um novo benefício para os associados da<br />

<strong>Appai</strong>”, revela Julio Cesar da Costa, presidente da Associação.<br />

As atividades de caminhadas e corridas são<br />

realizadas três vezes na semana, na praça Paris, no<br />

Centro do Rio, sob a orientação de Anderson Augusto,<br />

instrutor da equipe <strong>Appai</strong> BemViver.<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 3


Artigo<br />

A distância entre<br />

intenção e gesto<br />

Leia este artigo na<br />

íntegra na edição 71<br />

online no sítio:<br />

www.appai.org.br/<br />

revistaappaieducar<br />

Andrea Gouvêa Vieira<br />

Um dos méritos da atuação<br />

da Prefeitura do Rio de<br />

Janeiro é ter colocado a<br />

Educação como notícia.<br />

Saber o que anda acontecendo<br />

na rede de ensino virou pauta dos<br />

jornais e TVs. O problema é que a<br />

abordagem está, a meu ver, chapa<br />

branca, ou seja, oficialista demais.<br />

Não que os avanços não tenham<br />

acontecido. Só o reconhecimento<br />

do elevado número de analfabetos<br />

funcionais e o cuidado em reverter a<br />

situação já merecem aplausos. Mas<br />

é aquela velha história que se repete:<br />

o que é bom a gente mostra; o<br />

que é ruim a gente esconde.<br />

É preciso, com muita transparência,<br />

mostrar que nem tudo o que se<br />

tenta fazer está alcançando resultados<br />

e que a vasta rede municipal de<br />

ensino tem ainda grandes problemas,<br />

tanto na área acadêmica como<br />

na sua infraestrutura física. Só com<br />

o reconhecimento desses problemas,<br />

publicamente, é que o Governo terá<br />

sucesso no resultado final.<br />

Vou dar o exemplo do programa Escolas<br />

do Amanhã. São 150 escolas em<br />

áreas de risco, que ganharam tratamento<br />

especial (R$ 54 milhões em<br />

2011). Entre outras particularidades,<br />

deveriam funcionar em tempo integral,<br />

ou seja, os alunos ficariam sob<br />

cuidados da instituição em projetos<br />

culturais, esportivos e de reforço escolar<br />

no contraturno. Apesar de não<br />

ter atingido nem 30% dos alunos, a<br />

Prefeitura, quando fala do programa,<br />

não menciona esse fato, o que leva<br />

a opinião pública a acreditar que<br />

os alunos das Escolas do Amanhã<br />

estudam em tempo integral.<br />

Dei esse exemplo porque acredito<br />

que o sistema de permanência<br />

das crianças pelo menos sete horas<br />

diárias sob a supervisão da escola é<br />

fundamental na nossa cidade. Não<br />

significa ficar dentro de uma sala<br />

de aula estudando o tempo todo. O<br />

importante é poder realizar as atividades<br />

esportivas, de lazer, culturais,<br />

com atendimento à saúde, sob o<br />

olhar pedagógico. E, se tivesse sido<br />

realmente efetivado nas 150 Escolas<br />

do Amanhã, o programa seria um<br />

bom teste para a ampliação do tempo<br />

integral para outras escolas.<br />

Atualmente, a rede municipal tem<br />

apenas 170 escolas funcionando em<br />

horário integral. Os alunos permanecem<br />

o dia todo no colégio. Têm<br />

aulas e oficinas de manhã e à tarde.<br />

Funcionam neste sistema 131 escolas<br />

regulares e de Educação Infantil<br />

e mais 39 Escolas do Amanhã, to-<br />

talizando 43.327 alunos. Ou seja,<br />

apenas 5% das 700 mil crianças<br />

matriculadas na rede.<br />

Se quisermos melhorar o ensino<br />

na nossa cidade, é preciso<br />

aumentar muito este número. Há<br />

no Plano Diretor, sancionado em<br />

janeiro, a determinação de que,<br />

em dez anos, toda a rede funcione<br />

em horário integral, o que, segundo<br />

a SME, deverá ser estendido a<br />

mais 12 escolas, ainda este ano.<br />

Para que professores e alunos<br />

permaneçam durante sete horas<br />

juntos, com o conforto necessário,<br />

terão que ser construídas muitas<br />

escolas e outras tantas deverão ser<br />

adaptadas. Falta de dinheiro não é<br />

desculpa. Como tenho dito e repetido,<br />

os recursos que são carimbados<br />

para a Educação continuam sendo<br />

desviados para outras áreas. Só<br />

em 2011, cerca de R$ 500 milhões<br />

deixarão de ir para a sala de aula.<br />

Quantas escolas poderiam ser<br />

construídas com o dinheiro que a<br />

Prefeitura deixa de aplicar no ensino?<br />

É só fazer as contas. Se uma<br />

escola-padrão custa em torno de<br />

R$ 5 milhões, em cinco anos teríamos<br />

500 novas escolas. Fica claro<br />

que existem recursos, sim.<br />

A seguir, falarei rapidamente sobre<br />

cada um dos outros programas<br />

que contam do orçamento de 2011:<br />

O Programa Espaço de Desenvolvimento<br />

Infantil tem dotação<br />

prevista de R$ 150.752.563,00.<br />

Deste total, R$ 62.164.276,00 serão<br />

destinados a obras e equipamentos.<br />

Os outros R$ 88.588.287,00 vão<br />

para manutenção e revitalização<br />

na atividade educativa e para aprimoramento<br />

curricular. Também<br />

em 2011, haverá 55.987 vagas em<br />

creches públicas e conveniadas. São<br />

11 mil a mais, porém ainda é muito<br />

pouco, pois dados do Ipea demonstram<br />

que o município do Rio tem<br />

340 mil crianças com idade entre 0<br />

e 3 anos e 11 meses. Logo, a rede<br />

atual tem capacidade para atender<br />

a apenas 16,5% desta população.<br />

Segundo estudo do Instituto<br />

Pereira Passos, o Rio tem 137 mil<br />

crianças entre 4 e 5 anos e 11<br />

meses. E apenas 68.203 estão matriculadas<br />

na pré-escola. Portanto,<br />

a rede pública atende a cerca de<br />

50% da demanda. Está prevista a<br />

expansão do atendimento, com 74<br />

obras em EDIs e creches em andamento,<br />

23 em fase de licitação e<br />

49 projetos em desenvolvimento.<br />

Também há previsão de melhoria<br />

dos espaços existentes e o aumento<br />

do pagamento per capita para<br />

alunos matriculados em creches<br />

conveniadas – de R$ 130,00 para<br />

R$ 160,00 por mês.<br />

No programa Reforço Escolar,<br />

há previsão orçamentária de R$<br />

22,3 milhões, que serão gastos<br />

para a realfabetização de quatro<br />

mil alunos do primeiro segmento<br />

e outros quatro mil analfabetos<br />

funcionais ou com defasagem de<br />

idade/série, no sexto ano. Já o<br />

Projeto de Aceleração pretende<br />

atender a 42 mil alunos do segundo<br />

segmento, com defasagem de<br />

idade/série.<br />

Estão previstos, ainda, investimentos<br />

na formação de alfabetizadores,<br />

produção de material<br />

pedagógico e o desenvolvimento<br />

da Educopédia – uma plataforma<br />

online, com aulas digitais, onde<br />

alunos e professores podem ter<br />

acesso a atividades autoexplicativas.<br />

Outro projeto é o Nenhuma<br />

Criança a Menos, com avaliação de<br />

gestão, plano de melhoria, visitas<br />

técnicas e curso para coordenadores<br />

pedagógicos das 116 escolas<br />

com os piores resultados na Prova<br />

Rio.<br />

A Prefeitura anuncia também<br />

contrato de gestão com cada escola,<br />

com metas de desempenho e<br />

combate à evasão escolar, dentro<br />

da ação Melhoria da Aprendizagem,<br />

Gestão e Reconhecimento.<br />

As escolas que atingirem as metas<br />

serão premiadas. A dotação inicial<br />

do Programa Saúde nas Escolas é<br />

de R$ 21,3 milhões. Estes recursos<br />

serão gastos em ações de promoção<br />

e prevenção à saúde, para<br />

estudantes da Educação Básica,<br />

gestores e profissionais da rede. O<br />

orçamento da Secretaria Municipal<br />

de Educação para 2011 é de R$ 3,5<br />

bilhões, e deveria ser de R$ 4 bilhões,<br />

caso o município respeitasse<br />

o mínimo constitucional de gastos<br />

na Manutenção e Desenvolvimento<br />

do Ensino.<br />

Para cobrar resultados efetivos,<br />

é preciso ter estes dados<br />

em mãos. No papel e no discurso,<br />

tudo parece estar resolvido,<br />

mas, na prática, sabemos que é<br />

diferente: professores continuam<br />

sem boas condições de trabalho,<br />

falta pessoal de apoio e as crianças<br />

continuam sem um ensino público<br />

de qualidade. Vamos avaliar bem a<br />

execução desse orçamento e descobrir<br />

a diferença entre a intenção<br />

e o gesto.<br />

Andrea Gouvêa Vieira<br />

Vereadora da Cidade do Rio de Janeiro<br />

E-mail: falecomigo@andreagouveavieira.com.br<br />

4 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Profissão Mestre<br />

Desvende os enigmas<br />

com seus alunos<br />

Nível Fácil<br />

A raposa e a galinha<br />

Um fazendeiro está levando uma raposa, uma galinha<br />

e um saco de grãos para casa. Para chegar lá, ele precisa<br />

atravessar um rio, mas ele pode apenas levar um<br />

item consigo de cada vez. Se a raposa for deixada<br />

sozinha com a galinha, ela a comerá. Se a galinha<br />

for deixada sozinha com os grãos, ela os comerá.<br />

Como o fazendeiro poderá atravessar o rio sem<br />

que nada seja comido?<br />

Nível Normal<br />

Três homens e três macacos<br />

Três humanos e três macacos (um grande e dois pequenos)<br />

precisam atravessar um rio. Porém, só está à disposição<br />

um barco, que comporta dois corpos (independentemente<br />

do tamanho), e apenas os humanos (ou o macaco maior)<br />

são fortes o suficiente para remá-lo. Além disso, o número<br />

de macacos nunca poderá ser maior do que o número de<br />

humanos em uma mesma margem do rio, ou os macacos<br />

irão atacar os humanos. Como atravessar o rio sem que<br />

nenhum dos seis se machuque?<br />

Nível Difícil<br />

A idade da menina<br />

Dois dias atrás, Suzana tinha 8 anos. Ano que vem ela<br />

terá 11! Como isso é possível?<br />

Resposta:<br />

Suzana deve ter nascido no dia 31 de dezembro de algum ano. Suponha que ela<br />

tenha nascido no dia 31 de dezembro de 2000. Isso significa que Suzana fará 9<br />

anos no dia 31 de dezembro de 2009. Suponha também que “hoje” seja dia 1º de<br />

janeiro de 2010. Caso suponhamos tais fatos, dois dias atrás seria 30 de dezembro<br />

de 2009, ou seja, ela ainda teria 8 anos. Voltando a 1º de janeiro de 2010, “ano<br />

que vem” será 2011. Logo, em 31 de dezembro de 2011 ela terá 11 anos.<br />

Resposta:<br />

O macaco grande leva um macaco pequeno para a outra margem e volta.<br />

Leva novamente um macaquinho pequeno para o outro lado e volta. Dois<br />

humanos vão para o lado de lá e um humano e um macaquinho voltam.<br />

Agora, dois humanos, o macaco grande e um macaquinho estão do lado<br />

inicial do rio e um humano e um macaquinho estão já do outro lado. Um<br />

humano e o macaco grande vão para o outro lado e o humano e um<br />

macaquinho voltam. Dois humanos vão para o outro lado e o macaco<br />

grande volta para buscar um dos macaquinhos, já que ambos estão do<br />

lado inicial do rio. O macaco grande traz o primeiro macaquinho, volta<br />

e traz o segundo, finalizando, assim, a travessia.<br />

Resposta:<br />

Ele pode levar a galinha para o outro lado, primeiramente. Depois, leva<br />

a raposa e a deixa lá, voltando para a outra margem com a galinha. Posteriormente,<br />

deixa a galinha nessa margem e leva os grãos para junto da<br />

raposa, na outra margem. Por fim, volta e busca a galinha que ficou do<br />

outro lado.<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 5


Livros<br />

Coleção ABC – Meus primeiros passos<br />

na leitura e na aprendizagem<br />

Salvat Editora – Tel.: (11) 3034-2226<br />

A coleção ABC – Meus primeiros passos<br />

na leitura e na aprendizagem foi<br />

concebida para crianças de 3 a 7 anos,<br />

com livros para ler e para aprender a ler. Em versos e<br />

ricamente ilustradas, as históras ensinam ao pequeno<br />

leitor o alfabeto, os números, as cores, as formas,<br />

as horas do dia, as estações do ano etc. Além disso,<br />

estimulam a observação e a descoberta de tudo que<br />

nos rodeia, da família à cidade...do mundo inteiro.<br />

Verbos em Espanhol – Desmitificando a<br />

conjugação de verbos em espanhol<br />

Fábio Ramos<br />

Viena Gráfica e Editora – Tel.: (24) 3355-<br />

2511)<br />

Excelente ferramenta de estudo e pesquisa sobre<br />

os verbos em espanhol, sua conjugação (com áudio),<br />

procedimento de como conjugar cada tempo verbal em<br />

espanhol com analogia aos tempos verbais em português,<br />

além de tradução e pronúncia figurada, facilitando o estudo<br />

e a aprendizagem do idioma através dos verbos.<br />

Formação permanente do professorado<br />

– Novas tendências<br />

Francisco Imbernón<br />

Cortez editora – Tel.: (11) 3864-0111<br />

O livro busca desenvolver o conceito<br />

de uma nova formação permanente do<br />

professorado, baseado num clima de colaboração,<br />

numa organização escolar minimamente estável, capaz<br />

de apoiar a formação, e na aceitação da diversidade<br />

entre os professores, característica que exige uma<br />

contextualização.<br />

Inclusão escolar<br />

Organizadores: Rejane Ramos Klein e<br />

Morgana Domênica Hattge<br />

Editora Paulinas – Tel.: (21) 2232-<br />

5486<br />

Este livro traz uma série de artigos de<br />

professores e pesquisadores que atuam na educação<br />

básica e no ensino superior e buscam abordar<br />

a questão da inclusão escolar na sua relação com a<br />

formação de professores e as políticas educacionais,<br />

que têm exigido processos cada vez mais contínuos<br />

e permanentes.<br />

A Língua como expressão e criação<br />

Rosana Morais Weg e Virgínia Antunes de<br />

Jesus<br />

Editora Contexto – Tel.: (11) 3832-5838<br />

Escrever com clareza e correção é mais<br />

importante quando se tem à disposição um<br />

guia rico em exemplos e dicas. A coleção Português<br />

na Prática, composta por dois volumes, reúne tópicos<br />

que ajudam a solucionar aquela dúvida impertinente<br />

que surge na última hora. A coleção funciona como<br />

excelente material para disciplinas de Língua Portuguesa<br />

dos mais diversos cursos universitários.<br />

Manual antibullying – Para alunos,<br />

pais e professores<br />

Dr. Gustavo Teixeira<br />

Editora BestSelller – Tel.: (21) 2585-<br />

2091<br />

O Manual antibullying oferece informações<br />

básicas e métodos efi cientes para prevenir e<br />

enfrentar a violência sofrida/praticada entre crianças<br />

e adolescentes. Segundo o autor é muito difícil,<br />

especialmente para pais e educadores, diferenciar<br />

o bullying de uma agressividade que faz parte da<br />

infância e da adolescência.<br />

Ciência no treinamento – Modelização<br />

matemática da performance<br />

Sérgio Bastos Moreira<br />

Shape Editora – Tel.: (21) 2532-0638<br />

Fazendo uma interface entre o treinamento<br />

desportivo e a fisiologia, a obra oferece importantes orientações<br />

para quem trabalha com a preparação de atletas<br />

de alto nível. O autor, de sólida formação acadêmica, mas<br />

também de muita vivência no mundo desportivo, ensina<br />

como realizar um treinamento equivalente ao praticado<br />

nos mais desenvolvidos centros do mundo.<br />

As competências para ensinar no<br />

século XXI<br />

Philippe Perrenoud e Monica Gather<br />

Thurler<br />

Editora Artmed – Tel.: (51) 3027-<br />

7000<br />

Os assuntos abordados são de alta relevância e possibilitam<br />

tomadas de decisão importantes, se quisermos<br />

que nossa escola fundamental trabalhe de um modo<br />

diferenciado e construtivo, apresentando, segundo<br />

o modo de pensar de cada autor, uma importante<br />

contribuição para o aprimoramento do ensino.<br />

6 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Guia Histórico<br />

Museu<br />

da Maré<br />

Marcela Figueiredo<br />

Inaugurado no dia 8 de maio de 2006, o Museu<br />

da Maré é o primeiro do país localizado dentro de<br />

uma comunidade. A instituição é o resultado de<br />

um conjunto de ações voltadas para o registro,<br />

preservação e divulgação da história das localidades<br />

da Maré em seus diversos aspectos, sejam eles culturais,<br />

sociais ou econômicos.<br />

Seu acervo, em construção permanente, é composto<br />

por mapas, vídeos, fotografias, recortes de<br />

jornais, brinquedos, apetrechos do cotidiano dos moradores<br />

e por documentos e objetos históricos sobre a<br />

Maré. A exposição é dividida em doze “tempos” nãocronológicos,<br />

onde os espaços contam a história dos<br />

moradores, imigrantes do Nordeste em sua maioria,<br />

e episódios da resistência social dos habitantes.<br />

Hoje, o Museu da Maré é uma das principais<br />

fontes de estudos sobre a memória e a história da<br />

comunidade. É um lugar de vida, intercâmbio entre<br />

gerações, que pretende tanto conscientizar seus moradores<br />

acerca do passado que os envolve, quanto<br />

mostrar para a sociedade em geral a riqueza histórica<br />

e cultural que reside nos subúrbios cariocas.<br />

Nascido a partir de uma iniciativa pioneira, a intenção<br />

com a criação do Museu da Maré é romper com<br />

a tradição e os paradigmas que permeiam a visão<br />

de que os espaços culturais são redutos de grupos<br />

intelectualizados. Com sua ousadia e releitura social,<br />

a instituição se propõe a ampliar o conceito museológico<br />

para que este não fique restrito aos grupos<br />

sociais mais favorecidos culturalmente e a espaços<br />

ainda pouco acessíveis à população em geral. A comunidade<br />

é lugar de memória e por isso nada mais<br />

significativo do que se fazer uma leitura museográfica<br />

a partir de tal percepção.<br />

Visitas guiadas: agendar através do telefone<br />

(21) 3868-6748<br />

Funcionamento: de terça a sexta, das 9 às 18h,<br />

e aos sábados, das 9 às 14h<br />

Museu da Maré: Av. Guilherme Maxwell, 26 –<br />

Bonsucesso – Rio de Janeiro/RJ<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 7


Meio Ambiente<br />

Um caminho para a<br />

Biodiversidade<br />

Projeto escolar conscientiza sobre a importância da preservação do meio ambiente<br />

Marcela Figueiredo<br />

O<br />

Centro Educacional André Luiz existe<br />

há 18 anos e desde a fundação sempre<br />

trabalhou para formar alunos conscientes<br />

de seu papel como cidadãos. Este ano,<br />

o corpo docente fez um investimento ainda maior<br />

buscando orientar os jovens sobre os cuidados necessários<br />

à preservação do meio ambiente. O projeto<br />

Biodiversidade – Um Caminho para a Longevidade foi<br />

um dos momentos que os estudantes tiveram para<br />

colocar em prática tudo o que aprenderam durante<br />

todo o ano letivo.<br />

O objetivo do projeto foi despertar e conscientizar<br />

os alunos, através da Educação Ambiental, sobre a<br />

importância da conservação das espécies e a busca<br />

de uma melhor qualidade de vida. Direção, coordenadores<br />

e professores trabalharam diversos temas<br />

relacionados à preservação do meio ambiente, como,<br />

por exemplo, reciclagem, melhor aproveitamento<br />

dos alimentos, utilização consciente da água, uso de<br />

plantas medicinais e reflorestamento. Cada turma<br />

ficou responsável por um assunto.<br />

No dia da exposição dos trabalhos uma representante<br />

da Secretaria do Meio Ambiente, além<br />

de técnicos da Cedae e do Corpo de Bombeiros,<br />

estiveram na escola para reforçar os ensinamentos<br />

anteriormente trabalhados em sala de aula. Houve<br />

exposição de equipamentos, simulações de resgate<br />

e palestra sobre a importância do reflorestamento.<br />

Em um momento em que as palavras “desenvolvimento”<br />

e “progresso” fazem parte do cotidiano de<br />

todas as pessoas, o Centro Educacional André Luiz se<br />

preocupa em formar cidadãos capazes de perceber a<br />

importância da natureza na manutenção da vida na<br />

Terra. “Não adianta investirmos tanto em progresso,<br />

pois, se não tivermos cuidado com o Planeta, nós<br />

não viveremos esse avanço”, alerta a coordenadora<br />

Janaína Jesus.<br />

A ideia é atravessar os muros da escola e levar para<br />

fora dela os conhecimentos adquiridos. Uma das<br />

experiências propostas em sala de aula teve reflexo<br />

direto na conta de luz da casa de uma das alunas.<br />

Thayná Santos propôs aos pais que eles adotassem<br />

hábitos diferentes durante um mês para que ela<br />

concluísse o trabalho escolar. A tarefa era reduzir o<br />

valor da conta de luz. “Eu diminuí o tempo no banho,<br />

desliguei todas as TVs e tirei o computador da tomada”,<br />

explica a aluna depois de conseguir economizar<br />

em mais de cinquenta reais o valor dos gastos com<br />

8 Revista <strong>Appai</strong> Educar


luz. “Nossa preocupação é essa:<br />

informar os alunos para que eles<br />

repassem para os pais”, destaca a<br />

coordenadora Eli da Silveira.<br />

Outro conhecimento para ser<br />

aplicado em casa é o melhor aproveitamento<br />

dos alimentos. Pudim<br />

de pão velho é uma delícia! Isso<br />

muitas pessoas já sabem. Mas que<br />

a sobra de diversos alimentos pode<br />

resultar em deliciosas receitas é<br />

uma novidade. Pois os alunos do<br />

primeiro ano fizeram um livro inteiro<br />

de receitas com cascas e talos de<br />

frutas e verduras que teriam o lixo<br />

como destino. Mateus Luis deu a<br />

dica do doce de casca de banana; já<br />

Bernardo sugere bolinhos de talos<br />

de brócolis, enquanto João investiu<br />

as suas fichas no bolo de casca de<br />

abacaxi. Teve ainda doce de casca<br />

de maracujá, torta salgada de talos<br />

e folhas, bolinho de casca de batata<br />

e suco de casca de maçã. Alguém<br />

duvida que ficou uma delícia?<br />

O ano de 2010 foi considerado<br />

pela Organização das Nações Unidas<br />

como o ano da biodiversidade.<br />

A escola está fazendo sua parte:<br />

capacita os alunos para que eles<br />

difundam os conhecimentos sobre<br />

a importância de se preservar a<br />

vida na Terra. Natalia Azevedo,<br />

de apenas 11 anos, já entendeu<br />

a lição. “Temos que preservar o<br />

meio ambiente porque, se a Terra<br />

se transformar em lixo, nós não<br />

vamos conseguir sobreviver”. A<br />

semente está sendo plantada.<br />

Centro Educacional André Luiz<br />

Rua Miguel Rangel, 306 – Cascadura<br />

– Rio de Janeiro/RJ<br />

CEP: 21350-200<br />

Tel.: (21) 3390-6930<br />

Fotos: Marcelo Ávila<br />

Escola proporciona<br />

o contato com<br />

diferentes animais e<br />

estimula nos alunos<br />

o desejo de preservar<br />

todas as espécies<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 9


Orientação Pedagógica<br />

Como utilizar os<br />

quadrinhos<br />

em sala de aula<br />

Paulo Ramos<br />

A<br />

tira de Adão Iturrusgarai foi tema de uma<br />

das questões do Exame Nacional do Ensino<br />

Médio (Enem), aplicado no fim de 2009. Os<br />

organizadores da prova propunham este<br />

enunciado aos estudantes: “Os quadrinhos exem-<br />

plificam que as Histórias em Quadrinhos constituem<br />

um gênero textual...”. Cabia aos<br />

alunos indicar uma das cinco<br />

alternativas seguintes. A correta<br />

era a letra d, “que possui em seu<br />

texto características próximas a<br />

uma conversação face a face,<br />

como pode ser percebido no<br />

segundo quadrinho”.<br />

O teste do Enem traz<br />

uma série de pressupostos:<br />

1) quadrinhos configurariam<br />

um gênero textual; 2) tal gênero<br />

teria na representação do diálogo<br />

face a face uma de suas características;<br />

3) Há necessidade de familiaridade, mesmo que<br />

mínima, com os elementos desse gênero para poder<br />

compreendê-lo. Há ainda um quarto pressuposto, não<br />

menos relevante: os quadrinhos integram o conteúdo<br />

programático da prova e, por consequência, também<br />

do Ensino Médio, alvo de quem resolve o exame.<br />

Pode-se questionar se os quadrinhos constituem<br />

mesmo um gênero ou se compõem algo maior, uma<br />

linguagem, da qual haveria um conjunto autônomo<br />

de gêneros, como a tira cômica usada no enunciado<br />

da prova do Enem. Pode-se ponderar também se<br />

tal linguagem não abarcaria outros elementos além<br />

da interação face a face, como<br />

sugere a questão. Mas se pode<br />

concordar quanto à presença<br />

dos quadrinhos no âmbito<br />

escolar, comportamento<br />

que não é novo, mas que<br />

tem caminhado a passos<br />

largos no Brasil na primeira<br />

década deste século.<br />

Livros escolares das décadas<br />

de 1970 e 80 já pautavam parte<br />

do conteúdo com histórias em quadrinhos.<br />

A tendência ganhou corpo<br />

nas décadas seguintes e migrou também<br />

para os exames vestibulares, do qual<br />

o da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) é<br />

o exemplo mais eloquente. O Enem usa tiras e charges<br />

em suas questões desde os primeiros exames.<br />

A presença dos quadrinhos no Ensino Médio<br />

tornou-se oficial com o surgimento dos Parâmetros<br />

10 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Ilustrações: Luiz Cláudio de Oliveira<br />

Curriculares Nacionais (PCNs),<br />

elaborados no fim do século passado<br />

para os ensinos Fundamental<br />

e Médio. No caso de Língua Portuguesa,<br />

a proposta era apresentar<br />

aos professores conteúdos de leitura<br />

e escrita baseados em textos<br />

e gêneros textuais. Os quadrinhos<br />

estavam entre as possíveis modalidades<br />

a serem utilizadas em sala<br />

de aula.<br />

Como movimento oficial, se<br />

deu a partir de 2006, quando passaram<br />

a ser incluídos na lista do<br />

Programa Nacional Biblioteca<br />

da Escola (PNBE), do Governo<br />

Federal.<br />

O programa compra lotes de<br />

obras para formar bibliotecas<br />

escolares em todo o país. Até<br />

aquele ano, os romances e outras<br />

obras literárias predominavam<br />

quase que isoladamente entre<br />

os trabalhos selecionados. Pôr<br />

quadrinhos na relação significa<br />

enxergar tais produções como<br />

formas autônomas de leitura.<br />

Parece algo óbvio. Mas só então<br />

foi formalmente reconhecido no<br />

âmbito escolar.<br />

Tais políticas colocaram os quadrinhos<br />

na pauta dos conteúdos a<br />

serem trabalhados pelos professores<br />

na sala de aula e trouxeram<br />

ao menos um novo desafio: como<br />

trabalhar com tais gêneros? Temos<br />

postulado em mais de uma oportunidade<br />

que não há uma regra. Vai<br />

depender muito da criatividade do<br />

docente e do interesse dele em se<br />

valer da linguagem para aplicá-la<br />

em suas práticas de ensino. Mas se<br />

pode dizer que é possível ensinar<br />

de tudo com histórias em quadrinhos,<br />

nos mais variados compassos<br />

do saber. Cada aula traz um<br />

desafio a ser superado. Apesar<br />

de não haver regras para isso, há<br />

alguns pontos que merecem ser<br />

observados. De modo nenhum se<br />

está sugerindo que os gêneros dos<br />

quadrinhos contenham um recurso<br />

que substitua ou supere outras<br />

linguagens e formas de leitura. É<br />

preciso discernimento. Vale estimular<br />

a leitura dos quadrinhos<br />

e do domínio das peculiaridades<br />

do meio, que se diferencia pela<br />

mescla dos elementos verbais escritos<br />

e visuais. Deve-se, porém,<br />

oferecer e estimular um repertório<br />

amplo de leituras, de romances a<br />

poemas, de produções virtuais a<br />

jornais e revistas informativas.<br />

Outro ponto que merece menção<br />

é que somente o domínio da<br />

linguagem dos quadrinhos não<br />

resolve a leitura de seus gêneros.<br />

Como a tira utilizada no Enem bem<br />

ilustra, há outras informações que<br />

devem ser acionadas pelo leitor<br />

para construir sentido. Todo esse<br />

processo, e não apenas as questões<br />

ligadas à linguagem, deve<br />

ser alvo das práticas escolares,<br />

em qualquer disciplina – domínio<br />

de leitura não é responsabilidade<br />

apenas dos professores de Língua<br />

Portuguesa.<br />

Por fim, vale registar que o bom<br />

uso dos quadrinhos no ensino está<br />

diretamente ligado ao domínio<br />

de um repertório sobre a área.<br />

As produções vão muito além da<br />

Turma da Mônica e das publicadas<br />

diariamente nos jornais. Saber<br />

quais são as outras possibilidades<br />

amplia o repertório e também os<br />

recursos para uso no ensino. Como<br />

se vê, não existem fórmulas. Mas<br />

há um caminho promissor a ser<br />

percorrido. Basta querer.<br />

*Paulo Ramos é jornalista e<br />

professor do curso de Letras<br />

da Universidade Federal de São<br />

Paulo. É autor de A Leitura dos<br />

Quadrinhos (Contexto, 2009),<br />

coorganizador de Muito Além dos<br />

Quadrinhos (Contexto, 2009) e<br />

coautor de Como Usar as Histórias<br />

de Quadrinhos na Sala de<br />

Aula (Contexto, 2004).<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 11


Ciências<br />

Hábitos saudáveis<br />

Preocupados com a qualidade de vida dos discentes, professores promovem mostra<br />

interdisciplinar com vários temas transversais ligados à saúde<br />

Claudia Sanches<br />

A<br />

prevenção de doenças através da educação<br />

alimentar e hábitos saudáveis também é um<br />

problema da escola. Prova disso é o projeto<br />

Saúde, direito de todos, desenvolvido com<br />

as turmas da Educação Infantil ao 9º ano, no Colégio<br />

Ricardense, localizado em Ricardo de Albuquerque. O<br />

trabalho surgiu de uma necessidade real dos moradores<br />

do entorno da escola, carentes de informações<br />

sobre saúde.<br />

Segundo o coordenador pedagógico Guilherme Xavier<br />

Jorge, o projeto foi desenvolvido com o objetivo<br />

de capacitar os estudantes para que eles também<br />

possam disseminar para a comunidade conhecimento<br />

em relação a higiene, saúde mental, epidemias<br />

e doenças infecto-contagiosas, cardiovasculares e<br />

diabetes. “Como funciona o programa Feliz viver<br />

da prefeitura aqui ao lado, que oferece atividades<br />

físicas para a terceira idade, e o bairro é carente de<br />

hospitais, a escola acabou se tornando referência.<br />

Resolvemos nos preparar melhor”, explica o coordenador<br />

pedagógico.<br />

Interdisciplinar, o trabalho explorou todas as matérias<br />

do currículo da melhor forma possível. Com esse tema<br />

os professores puderam trabalhar Língua Portuguesa,<br />

com textos e redações envolvendo saúde e, em<br />

Matemática, os cálculos das calorias e do Índice de<br />

Massa Corpórea (IMC). A proposta era provocar o<br />

aluno para essa questão tão importante através de<br />

todas as áreas do conhecimento.<br />

As palestras com médicos, dentistas, terapeutas<br />

ocupacionais e alternativos e nutricionistas foram um<br />

modo de abordagem dos estudantes. O professor de<br />

Educação Física Wellington Sauviano teve a ideia de<br />

desenvolver um trabalho com seus próprios alunos:<br />

medir altura e IMC. Na sequência uma nutricionista<br />

fez palestras para os estudantes e para os responsáveis.<br />

A profissional falou sobre a pirâmide alimentar<br />

e a mudança para cardápios de mais qualidade.<br />

Para colocar as teorias em prática, a nutricionista<br />

criou o “Dia da Merenda Saudável”: “A especialista<br />

olhou as lancheiras dos estudantes e fez algumas<br />

orientações, como trocas mais proveitosas para a<br />

saúde, como levar frutas duas vezes na semana e<br />

evitar doces todos os dias”, conta Guilherme. Depois<br />

de avaliar o valor nutricional das merendas, os<br />

professores realizaram a “Tarde da caminhada” na<br />

12<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar


“Cidade das Crianças”, em Santa Cruz, para estimular<br />

a atividade física.<br />

O incentivo à pesquisa e à postura científica foi um<br />

dos aspectos de destaque durante o ano letivo. Para<br />

Guilherme nos dias de hoje o estudante tem muito acesso<br />

à informação, mas nem toda fonte é segura e construtiva:<br />

“A Feira de Ciências leva o aluno a buscar referências mais<br />

sólidas, porque há muitos dados na Internet, mas muita<br />

coisa não confiável. E eles aprenderam a ter esse olhar mais<br />

apurado”, ressalta o educador.<br />

Na opinião da coordenadora Marilda Jorge, o sucesso do<br />

projeto está no fato de os jovens gostarem de atividades<br />

práticas, onde eles aplicam o conhecimento, experimentam<br />

e entendem os fenômenos científicos. A mobilização dos<br />

alunos também promove a integração entre os grupos e<br />

os responsáveis e agrega valor no contexto social em que<br />

vivem. “Desde a participação nas palestras, passando pelo<br />

desenvolvimento das tarefas, quando os professores pedem<br />

para os alunos pesquisarem e trazerem um alimento rico em<br />

ferro ou vitamina A até o dia da Feira de Ciências: o projeto<br />

sempre será um assunto dentro de casa”, garante Marilda.<br />

Cada tema ficou com uma turma. Dessa forma, vários<br />

tópicos foram explorados de diferentes modos. O estande<br />

sobre saúde mental e estresse fez um questionário com a comunidade:<br />

“Você vive tenso? Tem insônia? Se sente exausto?<br />

Com um teste interativo, a turma do 6º ano avaliou o nível<br />

de estresse e ansiedade e deu dicas para reduzir a tensão.<br />

Com a chamada “Tá na moda viver bem”, Natália apresentou<br />

os valores nutricionais segundo suas cores. Samuel,<br />

do 8º ano, mostrava a diferença entre os produtos diet<br />

e light.<br />

A partir do tema “Conhecendo seu coração” os estudantes<br />

do 9º ano apresentavam o funcionamento desse<br />

órgão vital e mediam a pressão dos visitantes. Para<br />

complementar a pesquisa, a turma mostrou como<br />

acontecem os infartos e a importância de se praticar<br />

uma medicina preventiva. No estande “Qual<br />

é o seu tipo”, abordaram os tipos sanguíneos e a<br />

doação de órgãos. A pequena Stephane resolveu<br />

participar do grupo porque viveu na pele esse drama:<br />

“Meu irmão teve dengue hemorrágica e precisou de<br />

sangue. Quando tiver 18 anos quero ser uma doadora”,<br />

adianta a aluna.<br />

Dentro do tema alimentação equipes do 8º e 9º<br />

anos expuseram a questão da obesidade e outra<br />

turma do 8º apresentou propostas de cardápios<br />

saudáveis e variados. Para a professora de Ciências<br />

Claudia Caputo, os jovens se tornaram multiplicadores<br />

de conhecimento: “Eles se dedicaram bastante nas<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 13


consumo excessivo de<br />

fast food, , alimentação em<br />

frente à televisão e computador e sedentarismo.<br />

Os costumes foram comparados a cenas de família<br />

fazendo a refeição, crianças praticando esportes e<br />

comendo legumes e verduras.<br />

Guilherme acredita que o trabalho, além de pre-<br />

parar o alunado para a vida, confirmou que conhecimento<br />

e informação são aliados da qualidade de<br />

vida. “Nós vemos que hoje saúde e educação somam<br />

forças. Quem tem noção de higiene e pratica uma<br />

alimentação balanceada está menos propenso a ter<br />

pesquisas, mas se empenharam muito em passar os<br />

conceitos de uma forma interessante e acessível para<br />

as pessoas”.<br />

Carolina, do 8º ano, mostrou que a garotada se<br />

esforçou para falar sobre Ciências de forma ao mesmo<br />

tempo divertida e séria. Com o tema “Verdades<br />

e mitos sobre alimentação” os alunos fizeram uma<br />

charada com os expectadores sobre informações<br />

que as pessoas ouvem no seu dia a dia. “’Ficar sem<br />

comer emagrece’ não é verdade, é um mito, porque<br />

o metabolismo se torna mais lento”, informava Ca-<br />

rolina. Para explorar o reaproveitamento, Yasmin,<br />

do mesmo ano, falou sobre alimentação alternativa:<br />

“Nossa proposta é provar que uma dieta saudável não<br />

deve ser necessariamente cara”, explicava a menina<br />

enquanto expunha o cardápio de receitas com cascas<br />

de frutas e legumes, além de talos de vegetais.<br />

A prevenção de doenças ficou com a turma de Gilberto,<br />

também do 8º ano, que deu dicas de atitudes<br />

para evitar algumas das principais doenças da modernidade,<br />

como obesidade, diabetes e hipertensão.<br />

Os cartazes com hábitos nada saudáveis retratavam<br />

doenças. O conhecimento também é aliado nesse<br />

processo, e a saúde também deve começar na escola”,<br />

completou Guilherme.<br />

Colégio Ricardense<br />

Av. Nazaret, s/nº, Ricardo de Albuquerque – Rio de<br />

Janeiro/RJ<br />

CEP: 21640-030<br />

Tel.: (21) 3012-5524<br />

Fotos: Marcelo Ávila<br />

14 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Agenda<br />

<strong>Appai</strong><br />

Tel.: (21) 3983-3200<br />

Contato<br />

e-mail: treinamento@appai.org.br<br />

Sitio <strong>Appai</strong>: www.appai.org.br<br />

Abril e Maio<br />

1 – Cultura, Representações e Educação<br />

Ambiental: Confluências e Práticas<br />

Educativas<br />

Data: 16/04/2011<br />

Horário: 9 às 13h – sábado<br />

Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />

Tipo de evento: Palestra<br />

Palestrante: Lincoln Tavares Silva<br />

2 – O Estresse do Professor<br />

Data: 30/04/2011<br />

Horário: 9 às 13h – sábado<br />

Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />

Tipo de evento: Palestra<br />

Palestrante: Lucia Novaes<br />

3 – Educação & Gênero – O Feminino e o<br />

Masculino na Escola<br />

Data: 04/05/2011<br />

Horário: 8h30 às 12h30 – quarta-feira<br />

Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />

Tipo de evento: Palestra<br />

Palestrante: Eduardo Costa<br />

4 – Palestra Introdutória de Libras<br />

Data: 05/05/2011<br />

Horário: 8h30 às 12h30 – quinta-feira<br />

Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />

Tipo de evento: Palestra<br />

Palestrante: equipe da Associação dos Profissionais<br />

Tradutores/Intérpretes de Língua<br />

Brasileira de Sinais do Estado do Rio de<br />

Janeiro – Apilrj / Instrutoras: Clarise Luna<br />

Borges Fonseca Gueretta, juntamente<br />

com a intérprete e Presidente da Apilrj Gildete<br />

Amorim da Silva.<br />

5 – TDAH – Déficit de Atenção/Hiperatividade<br />

na Escola<br />

Data: 07/05/2011<br />

Horário: 8h30 às 12h30 – sábado<br />

Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />

Tipo de evento: Palestra<br />

Palestrante: Gustavo Teixeira<br />

6 – Corpo e Movimento na Escola<br />

Data: 10/05/2011<br />

Horário: 8h30 às 12h30 – terça-feira<br />

Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />

Tipo de evento: Oficina<br />

Palestrante: Tania Marta Costa Nhary<br />

OBS.: Para esta oficina cada participante<br />

deverá levar uma canga de praia e trajar<br />

roupas apropriadas para atividades<br />

práticas.<br />

7 – Tecnologia de Informação e Comunicação<br />

na Educação<br />

Data: 14/05/2011<br />

Horário: 8h30 às 12h30 – sábado<br />

Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />

Tipo de evento: Palestra<br />

Palestrante: Fernando Cesar M. Souza<br />

8 – Ressignificando a Alfabetização<br />

Data: 19/05/2011<br />

Horário: 8h30 às 12h30 – quinta-feira<br />

Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />

Tipo de evento: Palestra<br />

Palestrante: Patrícia Lorena<br />

9 – Redação: Prática e Teoria<br />

Data: 24/05/2011<br />

Horário: 8h30 às 12h30 – terça-feira<br />

Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />

Tipo de evento: Oficina<br />

Palestrante: Fernanda Lessa<br />

Casa da Ciência<br />

Tel.: (21) 2542-7494<br />

1 – O tempo presente: o surgimento do<br />

homem<br />

Tipo de evento: Palestra<br />

UERJ<br />

Tel.: (21) 2334-2511<br />

1 – III Encontro Nacional “O Insólito<br />

como Questão na Narrativa Ficcional”<br />

Data: de 18 a 20 de abril de 2011<br />

Local: Instituto de Letras da Uerj<br />

Temática Central: O insólito e a Literatura<br />

Infanto-juvenil.<br />

2 – A Física na Música<br />

Data: 04/04 a 18/07/2011 – 32h – às segundas-feiras,<br />

de 12h30 às 14h30<br />

Local: Auditório 33 – 3º andar – bloco F<br />

Objetivo: Aproximar o público do binônimo<br />

música-física, através da experiência da<br />

acústica, da prática de instrumentos musicais<br />

e do canto coral.<br />

3 – A Física e a Matemática do Canto Coral<br />

Data: 06/04 a 30/11/2011 – 32h – às quartasfeiras<br />

de 12h30 às 13h30<br />

Local: Auditório 33 – 3º andar – bloco F<br />

Objetivo: Chamar a atenção das pessoas<br />

sobre a necessidade de um estudo aprofundado<br />

de Acústica e Música, para que possam<br />

cantar bem.<br />

Estação das Letras<br />

Tel.: (21) 3237-3947<br />

1 – Oficina de Revisão e Copidesque<br />

Objetivo: O curso objetiva formar profissionais<br />

habilitados a trabalhar na área de editoração<br />

como editores de texto, copidesques e<br />

revisores de provas. Exercícios diversos.<br />

Professor: Alvanísio Damasceno - Jornalista;<br />

desde os anos 80 é revisor, preparador de<br />

originais, redator e divulgador em editoras<br />

como a Record e Ediouro.<br />

Período e horários: De 28/04 a 16/06 quintasfeiras<br />

das 18h30 às 20h30<br />

De 03/05 a 21/06 terças-feiras das 10 às 12h<br />

2 – Curso teórico e prático de editoração<br />

e preparação de originais<br />

Objetivo: A editoração e suas etapas, o livro<br />

e seus elementos: normalização, estética<br />

e padronização. Exercícios de preparação<br />

de originais com correção comentada pelo<br />

professor. Estudos das relações entre editor<br />

e texto, editora e autor na negociação dos<br />

contratos.<br />

Professor: Alvanísio Damasceno - Jornalista;<br />

desde os anos 80 é revisor, preparador de<br />

originais, redator e divulgador em editoras<br />

como a Record e Ediouro.<br />

Período e horários:<br />

1 a turma: De 25/04 a 13/06 segundas-feiras<br />

das 18h20 às 20h30<br />

2 a turma: De 28/04 a 16/06 quintas-feiras<br />

das 10 às 12h<br />

3 – Oficina do Conto (avançada)<br />

Objetivo: Mergulho no processo criativo da<br />

ficção, considerando que os alunos já adquiriram<br />

anteriormente uma relação próxima<br />

com a palavra e as principais referências<br />

literárias. A busca da voz narrativa pessoal<br />

é o principal objetivo do curso.<br />

Pré-requisito: envio de um conto de no<br />

máximo 3 laudas.<br />

Professor: Claudia Lage - Formada em Letras<br />

e em Teatro. Mestre em Estudos de Literatura.<br />

Publicou A pequena morte e outros contos<br />

e Mundos de Eufrásia.<br />

Período e horários:<br />

De 12/04 a 28/06 terças-feiras das 18h30<br />

às 20h30<br />

4 – Processos Criativos<br />

Objetivo: O curso é oferecido em módulos independentes<br />

e complementares. O propósito<br />

é familiarizar o aluno com as diversas técnicas<br />

da escrita, tendo seu foco voltado para o processo<br />

criativo e ficcional. Cada um dos cursos<br />

tem duração de quatro aulas (12hs).<br />

Programa<br />

As matérias que abrangem o curso de Processos<br />

Criativos acompanham a seguinte<br />

ordenação:<br />

O conto e suas técnicas - De: 07/05 a 28/05<br />

A narrativa longa ou Romance - De: 04/06<br />

a 25/06<br />

A Crônica e seus processos - De: 02/07<br />

a 23/07<br />

A Poesia e suas técnicas - De: 06/08 a<br />

27/08<br />

Caminhos da biografia - De: 03/09 a 24/09<br />

Escrevendo para crianças - De: 01/10 a<br />

22/10<br />

Autoficção: escrita e memória pessoal - De:<br />

06/11 a 26/11<br />

Período e horários: Sábados 10 às 13h<br />

5 – Escrita Criativa – desbloqueando sua<br />

capacidade de escrever<br />

Objetivo: Leitura de textos lúdicos. Exercícios<br />

a cada aula, com estímulos à criação. Desbloqueio<br />

da espontaneidade ao redigir.<br />

Professor: Silvia Carvão<br />

Período e horários: De 02/05 a 20/06<br />

Segundas-feiras das 18h30 às 20h30<br />

6 – Soneto: História, Leitura e Produção<br />

Objetivo: A oficina busca, inicialmente, traçar<br />

um panorama do soneto – forma poética que<br />

fascina leitores desde que foi inventada no<br />

século XIII.<br />

Professor: Henrique Rodrigues - É doutorando<br />

em Letras e Mestre em Estudos de<br />

Literatura pela PUC-RJ.<br />

Período e horários: De 12/05 a 16/06<br />

quintas-feiras das 18h às 20h<br />

7 – Leitura Crítica de Poesia – Oficina<br />

Objetivo: Este é um curso de indagações e<br />

dúvidas. Ao invés de textos teóricos sobre<br />

o que é poesia, alunos trarão textos seus<br />

ou de outros autores para serem lidos e<br />

analisados. Interessante mostrar poemas<br />

sem o nome dos autores para serem lidos<br />

à primeira vista. Há muito mal-entendido<br />

sobre o que é e não é poesia. Vamos zerar<br />

os pré-conceitos.<br />

Professor: Affonso Romano de Sant’Anna -<br />

Poeta, ensaísta, cronista e professor.<br />

Período e horários: De 05 a 26/05 quintasfeiras<br />

das 18h30 às 20h30<br />

História de Niterói<br />

Tel.: (21) 2719-6779<br />

1 – XIV Curso de História de Niterói<br />

30 de abril – Niterói – Perfil de uma cidade<br />

07 e 14 de maio – Bairros de São Domingos<br />

e São Lourenço<br />

21 e 28 de maio – Bairros Centro e Fonseca<br />

04, 11 e 18 de junho – Bairros Santa Rosa,<br />

Gragoatá, Boa Viagem, São Francisco e<br />

Cachoeira<br />

t02, 09, 16 e 23 de julho – Bairros Itaipu e<br />

sua região, Engenho do Mato, Ponta d’Areia<br />

e Icaraí<br />

Encerramento – 28/07/2011<br />

Local – Câmara Municipal<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 15


Saúde Bucal<br />

A Saúde Bucal<br />

dos Idosos<br />

Como posso manter uma boa saúde<br />

bucal na terceira idade?<br />

Fazendo consultas periódicas ao seu dentista, você<br />

estará cuidando bem dos seus dentes e eles podem<br />

durar a vida inteira. Independentemente da idade,<br />

você pode ter dentes e gengivas saudáveis se praticar<br />

a escovação pelo menos três vezes ao dia com creme<br />

dental com flúor, usar fio dental pelo menos uma vez<br />

ao dia e comparecer regularmente ao dentista para<br />

exames completos e limpeza.<br />

Que informações sobre a saúde bucal um<br />

indivíduo da terceira idade deve ter?<br />

Até mesmo quem escova e usa fio dental regularmente<br />

pode ter alguns problemas específicos. Muitas<br />

pessoas na terceira idade usam dentaduras, tomam<br />

remédios e apresentam problemas de saúde geral.<br />

Felizmente, seu dentista pode ajudar você a encarar<br />

estes desafios com êxito quase que garantido.<br />

As cáries e os problemas com a raiz dos dentes<br />

são mais comuns em pessoas da terceira idade. Por<br />

isso, é importante escovar com um creme dental que<br />

contenha flúor, usar fio dental todos os dias e não<br />

deixar de ir ao dentista.<br />

A sensibilidade pode se agravar com a idade.<br />

Com o passar do tempo é normal haver retração<br />

gengival que expõe áreas do dente que não estão<br />

protegidas pelo esmalte dental. Estas áreas podem<br />

ser particularmente doloridas quando atingidas por<br />

alimentos e bebidas quentes ou frias. Se seus dentes<br />

estiverem muito sensíveis, tente usar um creme<br />

dental apropriado. Se o problema persistir, consulte<br />

o dentista.<br />

As pessoas mais velhas se queixam com frequência<br />

de boca seca. Este problema pode ser causado<br />

por medicamentos ou por distúrbios da saúde. Se não<br />

tratado, pode prejudicar seus dentes. Seu dentista<br />

pode recomendar vários métodos para manter sua<br />

boca mais úmida.<br />

Enfermidades preexistentes (diabetes, problemas<br />

cardíacos, câncer) podem afetar a saúde da sua<br />

boca. Converse com seu dentista sobre quaisquer<br />

problemas de saúde existentes para que ele possa ter<br />

uma visão completa da situação<br />

e para que possa ajudar você de<br />

forma mais específica.<br />

As dentaduras tornam mais fácil a vida de<br />

muitas pessoas da terceira idade, mas exigem cuidados<br />

especiais. Siga rigorosamente as instruções<br />

do seu dentista e, caso ocorra qualquer problema,<br />

marque uma consulta. Os portadores de dentaduras<br />

definitivas devem fazer um exame bucal geral pelo<br />

menos uma vez por ano.<br />

A gengivite é um problema que afeta pessoas de<br />

todas as idades e pode se tornar muito sério, especialmente<br />

em pessoas de mais de 40 anos. Vários<br />

fatores podem agravar a gengivite, inclusive:<br />

Má alimentação; higiene bucal inadequada; doenças<br />

sistêmicas, como a diabetes, enfermidades cardíacas<br />

e câncer; fatores ambientais, tais como o estresse e<br />

o fumo; certos medicamentos que podem influenciar<br />

os problemas gengivais. Como as doenças gengivais<br />

são reversíveis em seus primeiros estágios, é importante<br />

diagnosticá-las o mais cedo possível.<br />

Fonte: http://www.colgate.com.br/app/Colgate/<br />

BR/OC/Information/OralHealthAtAnyAge/Seniors/Seniors/OralHealthforSeniors.cvsp<br />

Cartoon: Luiz Cláudio de Oliveira<br />

16 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Política Educacional<br />

Casas Legislativas<br />

Dia Estadual da Educação Fiscal<br />

A Lei Estadual do RJ nº 5.900/11, de autoria do<br />

deputado Estadual Comte Bittencourt, Presidente<br />

da Comissão de Educação da Alerj, institui o Dia<br />

Estadual da Educação Fiscal.<br />

Assistência médica e odontológica aos alunos,<br />

em todas as escolas da rede pública estadual<br />

A Lei Estadual do RJ nº 3.353/00, de autoria do<br />

deputado Dica, institui assistência médica e odontológica<br />

aos alunos, em todas as escolas da rede<br />

pública estadual, que deverão oferecer, além de<br />

médicos e dentistas, psicólogos e fonoaudiólogos<br />

para prestar assistência ao corpo discente.<br />

Veiculação de mensagens educativas destinadas<br />

à prevenção de DST/aids em livros e<br />

cadernos escolares<br />

A Lei Estadual do RJ nº 3.719/01, de autoria do<br />

deputado Eraldo Macedo, dispõe sobre a obrigatoriedade<br />

da veiculação de mensagens educativas,<br />

destinadas à prevenção de doenças sexualmente<br />

transmissíveis/aids e ao uso de drogas, em livros e<br />

cadernos escolares.<br />

Concessão de bolsas de estudo e de pesquisa<br />

a participantes de programas da fundação<br />

Cecierj<br />

A Lei Estadual do RJ nº 5.805/10, de autoria do<br />

deputado Alessandro Molon, autoriza a concessão<br />

de bolsas de estudo e de pesquisa a participantes de<br />

programas da fundação Cecierj, com a finalidade de<br />

cumprir seus objetivos sociais.<br />

Campanha sobre os malefícios do consumo de<br />

gorduras transgênicas<br />

A Lei Estadual nº 5.688/10, de autoria do Poder<br />

Executivo, institui campanha de esclarecimentos<br />

para a população sobre os malefícios do consumo<br />

de gordura transgênica. A distribuição nas redes<br />

públicas de saúde e de educação terá caráter permanente.<br />

Implantação de turno único no ensino público<br />

nas escolas da rede pública municipal<br />

A Lei Municipal do Rio de Janeiro nº 5.225/10, de<br />

autoria dos vereadores Jorge Felippe e outros, dispõe<br />

sobre a implantação de turno único no ensino público<br />

nas escolas da rede pública municipal, com o turno<br />

único de sete horas em toda a rede de ensino.<br />

Combate ao bullying escolar no projeto pedagógico<br />

A Lei Municipal do Rio de Janeiro nº 5.089/2009<br />

dispõe sobre a inclusão de medidas de conscientização,<br />

prevenção e combate ao bullying escolar no<br />

projeto pedagógico elaborado pelas escolas públicas<br />

do município do Rio de Janeiro e dá outras providências.<br />

Divulgação do tempo natural de degradação<br />

nas embalagens<br />

A Lei Estadual do RJ nº 5.928/11, de autoria dos<br />

deputados Cidinha Campos e Paulo Melo, obriga os<br />

produtos comercializados a conter, em suas embalagens,<br />

informações claras e adequadas relativas ao<br />

seu tempo natural de decomposição e às formas de<br />

descarte ambientalmente adequadas.<br />

Identificação e tratamento da dislexia na rede<br />

estadual de educação<br />

A Lei Estadual do RJ nº 5.848/10, de autoria<br />

do deputado Alessandro Molon, adota medidas<br />

para identificação e tratamento da dislexia na rede<br />

estadual de educação, objetivando a detecção precoce<br />

e o acompanhamento dos estudantes com o<br />

distúrbio.<br />

Vendas online de passagens deverão divulgar<br />

benefícios para idosos<br />

A Lei Estadual do Rio de Janeiro nº 5.915/17, de<br />

autoria do ex-deputado Mário Marques, determina<br />

que as vendas online de passagens deverão anunciar<br />

os benefícios resguardados para idosos, tais como<br />

gratuidade ou descontos.<br />

*Conheça a legislação vigente e acompanhe as diretrizes traçadas na área da educação.<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 17


Educação Física<br />

Atividades<br />

Esportivas na<br />

corrida por<br />

qualidade de vida<br />

Disposição física e psíquica são partes integrantes da evolução da Educação Física<br />

No século XIX Rui Barbosa já defendia a<br />

importância de se ter um corpo saudável<br />

a fim de sustentar a atividade intelectual.<br />

Mas a propagação dessa ideia<br />

esbarrou em muitos obstáculos até que,<br />

de fato, a atividade de Educação Física fosse incluída,<br />

sob o codinome de ginástica, nas escolas públicas e<br />

houvesse a equiparação dos professores da disciplina<br />

aos das outras. Para compreender melhor a respeito<br />

dessa resistência, é necessário que se conheça um<br />

pouco da história dessa técnica corporal milenar.<br />

De acordo com os PCNs, no século passado, tanto<br />

a finalidade no que confere ao seu campo de atuação,<br />

bem como a percepção da disciplina enquanto linguagem,<br />

estavam atreladas às instituições militares<br />

e às classes médicas, cujo objetivo era melhorar a<br />

condição de vida da população através de práticas<br />

higienistas. Dentro dessa linha de pensamento, a<br />

Educação Física era uma ferramenta perfeita para<br />

a harmonização do corpo, cuja proposta era ter um<br />

físico saudável e equilibrado organicamente, isto é,<br />

menos suscetível às doenças.<br />

Fora isso, havia naquela época uma preocupação<br />

no âmbito político-social brasileiro com a eugenia –<br />

ação que visava o melhoramento genético da raça<br />

humana, utilizando-se para tanto de esterilização de<br />

deficientes, exames pré-nupciais e proibição de casamentos<br />

consanguíneos. Essa preocupação ganhava<br />

mais expressividade, entre a elite intelectual, visto<br />

que o contingente de escravos negros era bastante<br />

significativo, fazendo crescer o temor de uma miscigenação<br />

que rareasse a raça branca.<br />

Dessa forma, a Educação Sexual associada à<br />

Educação Física deveria suscitar nos homens e<br />

Antônia Lúcia<br />

mulheres a responsabilidade de manter a primazia<br />

da raça branca. Contudo, mesmo a elite imperial<br />

estando de acordo com os fins higiênicos e eugênicos,<br />

a representatividade da atividade física ainda<br />

estava muito associada ao trabalho realizado pelos<br />

escravos. Esse simbolismo gerava certa resistência<br />

ao exercício prático da atividade entre os nobres do<br />

Império, haja vista que, naquele tempo, qualquer<br />

trabalho que implicasse esforço físico era visto com<br />

depreciação. Essa postura era um dos entraves para<br />

que a Educação Física passasse a compor os currículos<br />

escolares enquanto disciplina.<br />

Com a chegada da Reforma Couto Ferraz, em 1851,<br />

a modalidade de ginástica passou a ser obrigatória<br />

nas escolas da Corte, causando grande desconforto<br />

por parte dos pais em ver seus herdeiros participando<br />

de um estudo extracurricular que não contribuía<br />

diretamente para o seu crescimento intelectual. Com<br />

a publicação da Lei de Diretrizes e Bases, em dezembro<br />

de 1996, a Educação Física passa a integrar<br />

definitivamente a proposta pedagógica da escola e<br />

a figurar como componente curricular da Educação<br />

Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições<br />

da população escolar, sendo facultativa também nos<br />

cursos noturnos.<br />

Esporte como<br />

viés social<br />

N a E s c o l a<br />

Municipal Silveira<br />

Sampaio, em Curicica,<br />

Jacarepaguá, Zona<br />

Oeste do Rio,<br />

18 Revista <strong>Appai</strong> Educar


as aulas de todas<br />

as disciplinas<br />

ocupam um lugar<br />

mais que especial na<br />

formação e na vida<br />

dos alunos. Entretanto,<br />

quando o assunto é<br />

Educação Física a turma da<br />

Municipal Silveira Sampaio<br />

ganha um “gás” a mais. E razão<br />

não falta para essa galera<br />

se orgulhar de fazer parte da<br />

equipe de atletismo da escola.<br />

Coordenados pelo Professor<br />

de Educação Física Paulo Servo, o<br />

projeto, que visa a inclusão social<br />

através da prática esportiva, começou<br />

sem grandes intenções.<br />

Com o passar do tempo, a<br />

atividade tornou-se referência internacional<br />

na iniciação esportiva.<br />

Mesmo tendo em seu rol de atletas,<br />

segundo Paulo, os melhores<br />

do país, o treinador faz questão de<br />

enfatizar que o mais importante é<br />

oferecer ao jovem a oportunidade<br />

de praticar uma atividade esportiva.<br />

“Não só o atletismo, mas<br />

tudo,” comenta.<br />

Um desses talentos, descoberto<br />

pelo Professor Paulo na municipal<br />

Silveira Sampaio, hoje já faz parte<br />

da lista dos grandes nomes do atletismo<br />

brasileiro, como a primeira<br />

brasileira a conquistar medalha de<br />

ouro em um campeonato mundial<br />

– venceu os 200 metros no Mundial<br />

de Atletismo para Menores, em<br />

2007, na República Tcheca –, além<br />

de representar os jovens atletas na<br />

candidatura do Rio para 2016. O<br />

nome da fera das pistas é Bárbara<br />

Leôncio, de 20 anos.<br />

Para a velocista, 2016 vai ser<br />

o ano da consagração do esporte<br />

brasileiro. Mas antes a atleta pensa<br />

em participar de sua primeira<br />

olimpíada, a de Londres em 2012.<br />

Seguindo os mesmos passos da<br />

colega campeã, o jovem Jackson<br />

César da Silva, 17 anos, especialista<br />

nos 200 metros rasos, já contabiliza<br />

em seu currículo mais de<br />

40 medalhas e o sonho de se tonar<br />

mais um campeão olímpico oriundo<br />

da Escola Silveira Sampaio.<br />

Educação Física como<br />

prática de qualidade<br />

de vida<br />

Validando também a importância<br />

da Educação Física nos âmbitos<br />

sociais e culturais, os professores<br />

Márcia Andréa e Hércules buscam<br />

estimular e ensinar aos educandos<br />

teorias, práticas de jogos,<br />

habilidades, espírito de integração,<br />

competição e equilíbrio. “O<br />

principal é fazê-los compreender<br />

que, além de tudo isso, a Educação<br />

Física como prática de esportes é<br />

uma qualidade de vida que todos<br />

devem buscar”, adverte Márcia,<br />

responsável pelas classes do Fundamental<br />

II (6º ao 9º anos), cujas<br />

turmas fazem parte das olimpíadas<br />

realizadas todo ano no Centro<br />

Educacional Portugal, em Campo<br />

Grande.<br />

Para o professor Hércules, o<br />

esporte está muito além da sua<br />

dimensão prática. “Na escola ele<br />

deve ser considerado como uma<br />

forma de linguagem que reflete<br />

os códigos sociais, e que por isso<br />

precisa e deve ser conhecido e<br />

interpretado em suas várias dimensões.<br />

É essa a perspectiva de<br />

estudo do esporte que se coloca<br />

como desafio à Educação Física<br />

como componente curricular<br />

integrante da área<br />

do conhecimento<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 19


das Linguagens, Códigos<br />

e suas Tecnologias”, afirma<br />

o professor, enfatizando a excelência<br />

do esporte como fenômeno<br />

histórico, cultural e social, que<br />

mobiliza milhares de pessoas em<br />

todo o mundo.<br />

No decorrer das olimpíadas<br />

internas realizadas no colégio, as<br />

modalidades esportivas e não oficiais,<br />

como xadrez e o totó, fazem<br />

a alegria das torcidas e das equipes.<br />

Outras atividades ligadas ao<br />

tema permeiam e contribuem para<br />

o aprimoramento e integração do<br />

projeto na escola. Ano passado, os<br />

alunos do 8º e 9º anos foram convidados<br />

por uma rede de ensino a<br />

participarem de um debate muito<br />

especial chamado “O Esporte é<br />

mais! – Atitude e aprendizado,”<br />

mediado pela apresentadora de TV<br />

Dani Monteiro.<br />

“Fomos recebidos por ela, que<br />

também é esportista, no Tijuca<br />

Tênis Clube, e nossos alunos puderam<br />

entrevistar Gustavo Borges<br />

(nadador e campeão olímpico),<br />

Ademar Luquinhas (esqueitista),<br />

Jacqueline Silva (campeã olímpica<br />

de vôlei de praia), Davi Marangon<br />

(acessor pedagógico da Editora<br />

Positivo). Foi um dia de muito enriquecimento<br />

pessoal, pois temos<br />

alguns alunos interessados nesta<br />

área e assim eles puderam fazer<br />

perguntas e foram prontamente<br />

respondidos”, relata orgulhoso o<br />

professor Hércules.<br />

de saúde, alegria e motivação.<br />

São cerca de 40 atletas da terceira<br />

idade, que participam das aulas de<br />

ginástica localizada e caminhada<br />

acompanhadas de especialistas.<br />

De acordo com especialistas da<br />

área da saúde, um programa regular<br />

de exercícios traz benefícios<br />

em qualquer idade. Mas para idosos<br />

eles se multiplicam. O simples<br />

fato de se praticar algum tipo de<br />

atividade física já melhora e muito<br />

a qualidade de vida de pessoas da<br />

terceira idade, aumentando a resistência<br />

e a força muscular necessárias<br />

para a realização de tarefas<br />

comuns, como pegar um neto no<br />

colo ou ir ao supermercado.<br />

O exercício da saúde na<br />

melhor idade<br />

Saindo das quadras escolares<br />

para as oficinas esportivas realizadas<br />

na Vila Olímpica Municipal Clara<br />

Nunes, em Acari, no Rio, uma<br />

turma pra lá de especial dá show<br />

20 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Desde 1996, a<br />

Educação Física passou<br />

a figurar em todas as<br />

séries da Educação<br />

Básica, inclusive no<br />

turno da noite<br />

Segundo a professora da Vila<br />

Olímpica de Acari, Sheila Cristina<br />

de Moura Carvalho, o momento<br />

não poderia ser melhor, tanto para<br />

aqueles que praticam atividade<br />

física apenas visando o bem-estar<br />

e melhor qualidade de vida, como<br />

para os que pretendem competir<br />

e, sobretudo, garantir bons resultados<br />

nas futuras competições<br />

olímpicas, afirma a professora de<br />

natação e hidroginástica confiante<br />

em ver um dos seus alunos dando<br />

braçadas em direção ao pódio.<br />

Professor, venha<br />

caminhar!<br />

A caminho do maior evento esportivo<br />

mundial, as Olimpíadas de<br />

2016, brasileiros de todas as faixas<br />

etárias não apenas torcem pelos<br />

nossos representantes olímpicos,<br />

como iniciam um movimento pela<br />

busca de atividades físicas que<br />

propaguem mais benefícios não<br />

somente para o corpo, mas, sobretudo,<br />

para a mente. Trilhando<br />

esse percurso a <strong>Appai</strong> montou uma<br />

equipe de Caminhadas e Corridas,<br />

cujo objetivo é ajudar na prevenção<br />

da saúde.<br />

Nesse cenário, a Associação<br />

conta com o apoio do programa<br />

Saúde 10 e dos profissionais da<br />

equipe – nutricionista, auxiliar de<br />

enfermagem, fisioterapeuta –,<br />

que atuam nos bastidores fazendo<br />

a aferição de pressão arterial,<br />

glicose, colesterol, circunferência<br />

abdominal, além de palestras<br />

sobre doenças periodontais, diabetes<br />

e alimentação funcional. A<br />

atividade, que vem sendo realizada<br />

todas as segundas, quartas<br />

e quintas-feiras, a partir das<br />

17h30, na Praça Paris, Centro do<br />

Rio, brevemente terá seus polos<br />

espalhados por diversas regiões<br />

do Rio e de Niterói.<br />

Professores associados, venham<br />

fazer parte desse movimento<br />

de prevenção à saúde. Acesse o<br />

portal da <strong>Appai</strong>, conheça as atividades<br />

que estão sendo promovidas<br />

e deixe sua opinião e sugestões. E<br />

leia na íntegra, na versão online,<br />

as reportagens sobre os primeiros<br />

resultados das caminhadas e corridas<br />

da equipe BemViver.<br />

Fontes:<br />

Centro Educacional Portugal<br />

Escola Municipal Silveira Sampaio<br />

Vila Olímpica Municipal<br />

Clara Nunes<br />

Equipe BemViver <strong>Appai</strong><br />

Fotos: Marcelo Ávila<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 21


Multidisciplinaridade<br />

Sons e ritmos da Cultura<br />

Brasileira<br />

Sandra Martins<br />

Ilustrações: http-www.grupoescolar.com-a-b-D5292, http=jornale.<br />

com.br=zebeto=zebeto=wp-content=uploads=2011=02=soldaPi<br />

xinguinha-Clube-do-Choro-1024x899<br />

Personagens da Jovem Guarda, Tropicália,<br />

griots do Samba e vários representantes da<br />

música popular brasileira se reúnem em Itaipu,<br />

município de Niterói, para mostrar aos jovens<br />

os entrelaçamentos da MPB com a cultura afro­brasileira.<br />

Da manhã até a noite, o Colégio Estadual Professora<br />

Alcina Rodrigues Lima abriu suas portas à comunidade<br />

para mostrar a extensa e diversificada programação da<br />

Feira Multidisciplinar: teatro, dança, banda de música,<br />

canto solo e dueto, mostra de artes (pintura, HQ, caricaturas)<br />

e exposição dos trabalhos com a síntese das<br />

pesquisas desenvolvidas ao longo do ano.<br />

A agitação tomou conta de todos. Afinal, o encontro<br />

da arte de Pixinguinha, de Noel Rosa, de Zé<br />

Ketti, entre outros, com as batidas do hip-hop e do<br />

funk, mostrou a riqueza sonora da música popular<br />

brasileira tendo como berço a cultura afro­brasileira.<br />

Como música também é coisa séria, palestrantes foram<br />

convidados a falar sobre um pouco da história da<br />

MPB, como fez o professor Paulo Cesar de Araújo.<br />

Atividade tradicional da escola, a feira multidisciplinar<br />

tem como objetivo trazer para atividades<br />

práticas o conteúdo do ano letivo introduzindo<br />

novos temas e novas apresentações. A descoberta<br />

de talentos, segundo Sheila Taouil, diretora geral,<br />

torna­se uma consequência natural devido ao fato<br />

de a escola investir tanto na cultura, em especial<br />

na música, como no campo esportivo. Orgulhosa, a<br />

diretora mostra os títulos da escola, entre os quais<br />

está o de campeã dos jogos escolares de Niterói. “Já<br />

estamos preparando alunos para as Olimpíadas de<br />

2016, e uma de nossas promessas é Adriele, 12 anos,<br />

artilheira”.<br />

Entre uma apresentação musical e outra, os docentes<br />

comentavam, com orgulho, sobre o trabalho<br />

bem feito de seus alunos nas pesquisas ao longo do<br />

ano. Tarefas não faltaram para a equipe pedagógica,<br />

que atuou de forma integrada dentro da interdisciplinaridade,<br />

com momentos em que os conteúdos foram<br />

unidos e algumas aulas aconteceram como um dueto<br />

afinadíssimo. As atividades envolveram todos os três<br />

turnos: segundo segmento do Ensino Fundamental<br />

– 6º ao 9º anos –, Ensino Médio e programas Mais<br />

Educação e Ensino Médio Inovador.<br />

Escolhido o tema, os docentes definiram linhas de<br />

atuação e levaram a proposta para os alunos, que serão<br />

orientados pelos docentes. O projeto dividiu­se em dois<br />

momentos: em sala de aula, com pesquisa, síntese e<br />

elaboração de gráficos; e a produção de apresentação<br />

pública referente a um aspecto pinçado da pesquisa.<br />

Para tratar da música popular brasileira os docentes<br />

levaram seus alunos a reconhecerem a importância<br />

das culturas negras na formação da sociedade,<br />

conforme definido na Lei nº 10.639/2003, que trata<br />

da afrobrasilidade e da historicidade do negro, que<br />

passam a vigorar no currículo escolar. Assim, várias<br />

fontes de pesquisas pautaram as reflexões sobre<br />

temas como literatura, religiosidade, preconceito e<br />

discriminação raciais, historiografia inclusiva dos povos<br />

subalternizados – como o episódio dos Lanceiros<br />

Negros no Rio Grande do Sul, a criação do feriado do<br />

Dia da Consciência Negra, heróis e heroínas negros,<br />

22 Revista <strong>Appai</strong> Educar


entre outros. Tudo isso visa descortinar<br />

o continente africano: seu<br />

papel no passado e sua relação com<br />

o mundo na contemporaneidade.<br />

Um pout-pourri (palavra de origem<br />

francesa significando mistura<br />

de música) da MPB, desenvolvido<br />

pela professora Elizabete, resgatava<br />

a música e o nome de grandes<br />

cantores e compositores, como<br />

Uma combinação<br />

harmoniosa e expressiva<br />

de sons e valores marcou<br />

a feira multidisciplinar do<br />

Estadual Alcina Rodrigues<br />

afirmou que só tivera dois dias de<br />

ensaios com a professora Lucinha<br />

Vossa, de Educação Física. Débora<br />

e Jonatas (7º ano) fizeram um dueto<br />

que também levou o público ao<br />

delírio com seus acordes vocais.<br />

Com o projeto Vamos Contar, os<br />

alunos usaram a Matemática para<br />

fazer um censo na escola e produzir<br />

os resultados em forma de gráficos<br />

que ilustraram os painéis distribuídos<br />

do caminho trilhado pela equipe de<br />

Sheila Maria Taouil: “A aprendizagem<br />

se dá de maneira lúdica. Eles<br />

acabam conhecendo sem sentir.<br />

Aprenderam sobre doenças do<br />

cotidiano que mataram um renomado<br />

compositor e conheceram<br />

outros estilos. Dessa forma, os<br />

alunos saem da mesmice do funk”,<br />

ou reatualizam, de forma criativa,<br />

este ritmo dançante mesclando-o<br />

com outras expressões musicais,<br />

como aconteceu com a banda de<br />

Pixinguinha, Vinícius de Moraes,<br />

Cartola, Roberto Carlos, assim como<br />

alguns apagados da memória social<br />

como Agostinho Santos. Compositores<br />

como Noel Rosa serviram de<br />

inspiração para exames em variadas<br />

áreas, como nas Ciências, onde se<br />

analisou a doença que o vitimou: a<br />

tuberculose. Nas disciplinas de Geografia<br />

e História, os alunos tiveram<br />

a oportunidade de travar conhecimentos<br />

sobre o bairro em que o<br />

músico nasceu e sua historicidade.<br />

Ainda no campo da música,<br />

Nilton Menezes de Souza, 7º ano,<br />

mexeu com corações e mentes da<br />

plateia. Emocionado com a receptividade<br />

de sua apresentação, ele<br />

nas salas de aula. Michelle Souza,<br />

13 anos, ilustra, com sua pesquisa,<br />

o sucesso do empenho da mostra de<br />

trabalhos Brasil e África: de mãos<br />

dadas com a Biodiversidade. A aluna,<br />

incentivada pela professora Meire,<br />

construiu a maquete de uma casa totalmente<br />

ecológica, com a utilização<br />

de cálculos matemáticos precisos. A<br />

casa tem 87 m 2 . “É uma casa que eu<br />

gostaria de ter. Nela uso as fontes<br />

energéticas com responsabilidade.<br />

Demorei três horas para fazer os<br />

cálculos e montá-la; mas valeu a<br />

pena. Amei fazer o trabalho”.<br />

O prazer demonstrado pela<br />

aluna sinaliza o acerto na escolha<br />

tambores do professor Short na<br />

mistura das batidas do funk com<br />

a MPB.<br />

Colégio Estadual Professora Alcina<br />

Rodrigues Lima<br />

Estrada Francisco da Cruz Nunes,<br />

s/nº – Itaipu – Niterói/RJ<br />

CEP: 24340-000<br />

Tels.: (21) 3701-2423 / 3701-2425<br />

Diretora Geral: Sheila Taouil Siqueira<br />

Fotos cedidas pela escola<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 23


Empreendedorismo<br />

Empreendedores<br />

do<br />

futuro<br />

Palestrante mostra como trabalhar talentos na escola<br />

Claudia Sanches<br />

Ousadia, pioneirismo, inovações, visão e iniciativa são<br />

atributos peculiares a uma pessoa empreendedora. A<br />

pergunta feita fora e dentro dos muros escolares é: seria<br />

possível desenvolver essas qualidades em sala de aula?<br />

Como o professor pode despertar nos alunos uma postura empreendedora?<br />

No seminário “Pioneirismo e atitude empreendedora”, projeto<br />

educativo da exposição Pioneiros e empreendedores – a saga do desenvolvimento<br />

do Brasil, no Museu Histórico Nacional, os educadores<br />

tiveram a oportunidade de conhecer formas de estimular nos jovens<br />

qualidades que despertam o potencial para ousar, pensar no futuro<br />

e construir um projeto de vida. A palestra foi ministrada por Regina<br />

Jardim, Mestre em Psicologia Clínica da PUC-Rio e terapeuta familiar,<br />

que aplicou e adaptou alguns conceitos à educação.<br />

Ela recorda que a princípio alguns profissionais acharam estranho<br />

a Psicologia Clínica aplicada no setor organizacional. Mas<br />

a profissional vem trabalhando com sucesso: começou a atuar na<br />

área de qualidade na década de 1990, quando um professor da engenharia<br />

me propôs o projeto. As pessoas estranhavam: Psicologia<br />

Clínica em gestão? “As ciências são muito fechadas, a ponto de<br />

alguns profissionais usarem jargões que a gente não compreende<br />

ao participar de conversas de certas<br />

categorias. Ninguém se entende! Mas<br />

a interação entre as diferentes áreas do<br />

conhecimento é muito enriquecedora,<br />

elas se completam”, afirmou.<br />

Regina acredita que o professor deve<br />

chegar até os jovens, elevar-lhes a autoestima<br />

e fazer com que busquem seus<br />

talentos. Para rever algumas práticas<br />

nos colégios, fez algumas oficinas com<br />

os expectadores. No primeiro exercício<br />

pediu que a plateia se sentasse na posição<br />

mais confortável possível e ficasse<br />

assim por um minuto. Todos concluíram<br />

que era muito desconfortável ficar parado.<br />

“Isso significa ficar imutável, no<br />

mesmo lugar. Na posição incômoda está<br />

a possibilidade de mudança”, concluíram<br />

os professores. Outra sugestão é perguntar<br />

o que se faz de melhor que os<br />

outros, em que valores se acredita. São<br />

exercícios que ampliam a capacidade de<br />

ver as realidades.<br />

Numa outra atividade Regina sugeriu<br />

que cada professor lembrasse<br />

24 www.appai.org.br/Jornal_Educar – Revista <strong>Appai</strong> Educar


da pessoa mais empreendedora<br />

que conhece do seu círculo de<br />

amizades e analisasse as suas<br />

qualidades. Essa é uma forma de<br />

conectar o sujeito com aqueles<br />

que o influenciam, os valores, e<br />

mostrar que é possível. Para trabalhar<br />

as diversas possibilidades e<br />

visões, a psicóloga levou imagens<br />

que suscitam várias leituras: “O<br />

trabalho em equipe é mais rico.<br />

Façam sua network, não se trabalha<br />

isolado porque são muitas<br />

as interpretações”.<br />

Segundo a psicóloga, é a primeira<br />

vez na história que dinheiro<br />

e ética podem caminhar juntos.<br />

O banco que apoia um estudante<br />

carente ou uma causa ecológica<br />

fica mais humano, e os educadores<br />

precisam treinar a capacidade<br />

de ver. “O mundo está cheio de<br />

oportunidades. Entrem nos sites<br />

de bancos e empresas; estão<br />

cheios de concursos e projetos que<br />

apoiam várias causas”, sugeriu.<br />

“Sua vida é horrorosa? A realidade<br />

pode não mudar mas você<br />

pode se transformar, assumir as<br />

rédeas de sua vida”, de acordo<br />

com Regina. Para a especialista, o<br />

sujeito deve realizar a conexão com<br />

aquilo que ele gosta e quer. Assim<br />

modificamos nossas vidas para fazer<br />

a diferença no mundo. “Todos<br />

temos conhecimentos e sonhos<br />

dentro de nós, é preciso descobrir<br />

as habilidades e desenvolvê-las,<br />

com ajuda de todas as ciências”.<br />

Os professores Jaime Matos<br />

e Júlia de Souza, de Biologia, e<br />

Maria Angélica Rayol, de Química,<br />

trabalham no Ensino Médio do Caic<br />

– Colégio Teófilo Pinto, na Comunidade<br />

Nova Brasília, Complexo<br />

do Alemão. A escola foi escolhida<br />

para ser o modelo de instituição<br />

pelo seu ensino inovador.<br />

Segundo Jaime, eles estão buscando<br />

estratégias de chegar até a<br />

sua clientela. “Estamos procurando<br />

formas de atingir esse público. O<br />

objetivo é estimular a autonomia.<br />

Não acredito em trabalhar só com<br />

conteúdo. Eles já fizeram sabão e<br />

perfume com experiências de Física e<br />

Química e tiveram pela primeira vez<br />

a ideia de vender na comunidade”,<br />

conta o professor. Maria Angélica<br />

lembra que os alunos já participaram<br />

de projetos de limpeza de praias, e a<br />

escola já foi premiada com trabalho<br />

de produção de móveis com garrafas<br />

pet. “Queremos mais subsídio,<br />

chegar até eles”, diz.<br />

Para finalizar o encontro, Regina<br />

deu um recado a partir das necessidades<br />

dos professores do Caic:<br />

“Mudança de atitude na educação é<br />

muito difícil. Esses exercícios levam<br />

os professores a quebrarem seus<br />

paradigmas. Descubram os sonhos<br />

das pessoas. Perguntem: garoto,<br />

qual é o seu sonho? O que você<br />

quer ‘fazer’ quando crescer, e não<br />

o que você quer ser. Empreender<br />

significa sair da zona de conforto,<br />

ter que ir pra chuva”.<br />

Após o seminário os palestrantes<br />

puderam ver a mostra Pioneiros<br />

e Empreendedores, com a história<br />

pessoal de brasileiros que viam à<br />

frente de seu tempo, desde a época<br />

do Império até o século XXI. Uma<br />

viagem pela história do Brasil e<br />

referências de ousadia e iniciativa<br />

para educadores e estudantes.<br />

Seminário Pioneirismo e Atitude<br />

Empreendedora<br />

Local: Museu Histórico Nacional<br />

Fotos: Assessoria de imprensa<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar – www.appai.org.br/Jornal_Educar 25


Educação Ambiental<br />

Uma viagem através da<br />

biodiversidade<br />

Escola aborda<br />

Efeito estufa e<br />

suas consequências<br />

nos diversos<br />

continentes<br />

Claudia Sanches<br />

sabia que os pelos do<br />

urso polar não são brancos?<br />

São transparentes. Você sabia<br />

que no Polo Sul a vida é “Você<br />

inviável? Ele é habitado apenas por pinguins<br />

e leões-marinhos”. Essas são algumas das inúmeras<br />

descobertas dos alunos do 5º ao 9º anos<br />

do Centro Educacional Itauá, localizado em Campo<br />

Grande, através do projeto Biodiversidade em todos<br />

os continentes.<br />

Lorenna, do 8º ano, está ansiosa na fila para visitar<br />

a exposição: “Eu quero saber em qual dos polos os<br />

pinguins vivem”, diz a aluna. “No Polo Sul”, responde<br />

Gabriel. Para falar sobre o lugar, os adolescentes<br />

fizeram uma ambientação na sala de Informática,<br />

com ar condicionado, gorros e neve de isopor. “A<br />

sensação é de que estamos mesmo no frio”, afirma<br />

Lorenna, enquanto o grupo mostrava uma maquete<br />

que representava uma base de estudos brasileira na<br />

extremidade sul do globo.<br />

A feira cultural acontece todos os anos, com uma<br />

“causa” diferente. Cada professor é orientador de<br />

uma equipe e desenvolveu o assunto em conjunto<br />

com os conteúdos programáticos. Durante<br />

a culminância, os grupos apresentaram<br />

os subtemas de formas bem<br />

diferentes. “O maior desafio teórico<br />

do trabalho é entender os fatores<br />

que influenciam no efeito estufa e<br />

essas consequências nos diversos<br />

continentes de maneira dinâmica e atraente”,<br />

afirma a coordenadora pedagógica<br />

Nilcéia dos Santos.<br />

O 2º ano da professora Nívea Maria Rodrigues<br />

explorou a “Biodiversidade das plantas”. A<br />

turma levou várias espécies de plantas ornamentais<br />

e medicinais, e os alunos estudaram o ambiente<br />

natural e o modificado. O pequeno Vinícius oferecia um<br />

chá de camomila enquanto falava das propriedades de<br />

algumas ervas e dos folclores em torno de algumas<br />

espécies: “Camomila é um bom tranquilizante e diz<br />

a lenda que a pimenteira é ótima para espantar mau<br />

olhado”. A professora escolheu a Botânica para enfatizar<br />

o valor das plantas e árvores.<br />

Na turma do 7º ano o enfoque foi a variação da<br />

temperatura na Europa. Com um gráfico, as crianças<br />

explicavam como a temperatura do continente aumentou<br />

desde 1880, da média de -4º Celsius para 6º em<br />

2000. Com ajuda de uma maquete, Gabriel explica por<br />

que alguns países, ilhas e regiões litorâneas correm<br />

risco de submergir: “O planeta está aquecendo e as<br />

geleiras estão derretendo”, alertou.<br />

Luciana Vasconcellos, mãe de Sidney do 7º ano, aproveitou<br />

o momento para conhecer outros países<br />

e culturas: “Adoro as feiras pedagógicas<br />

porque aprendo bastante, e esse<br />

ano temos oportunidade de conhecer<br />

um pouquinho da fauna e da flora do<br />

mundo inteiro. A maioria das pessoas<br />

não tem essas informações. A feira é um<br />

26 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Um dos temas mais<br />

debatidos no século XXI<br />

colabora para que alunos<br />

repensem suas práticas junto<br />

ao meio ambiente<br />

e peles, além<br />

de trabalhar<br />

com bambu e material reciclado.<br />

“Os alunos e visitantes vivenciam<br />

aquilo que pesquisaram. E o local<br />

aqui ficou realmente quente”, destacou<br />

Ana Rosa Rosário, coordenadora<br />

da turma. Na saída do túnel,<br />

os jovens produziram um vídeo<br />

para levar as pessoas a refletirem<br />

sobre a exploração do planeta e, em<br />

especial, do continente africano.<br />

A professora Arlene Lucena, que<br />

coordenou a equipe do 7º ano, com<br />

a Oceania, acredita que o projeto<br />

leva os jovens a conhecer outros<br />

continentes e fazer comparação<br />

com aquele em que vivem: “O trabalho,<br />

que permite aos estudantes<br />

entrarem em contato com a diversidade<br />

do Planeta, está voltado para<br />

entender os fatores que causam o<br />

efeito estufa e suas consequências<br />

em várias partes do mundo. Na<br />

Oceania povos e espécies animais<br />

foram dizimados”, lembra. Já “A diferença<br />

entre os povos brasileiros”,<br />

do 7º ano, abordou a diversidade<br />

dos “Biomas”. Para conhecer a diversidade<br />

da geografia brasileira,<br />

que vai do cerrado, passa pela<br />

caatinga e chega à Mata Atlântica,<br />

e interagir com os visitantes, a<br />

garotada confeccionou jogos como<br />

quebra-cabeças e charadas com o<br />

dicionário “baianês”. A brincadeira<br />

divertiu os pais com palavras como<br />

“desmentir”, que no estado signifimomento<br />

para eles fixarem melhor e<br />

divulgarem o que sabem”.<br />

Aquecimento global também<br />

foi a abordagem do 9º ano, com a<br />

professora de Matemática Valéria<br />

Pérgamo. Com auxílio de uma maquete,<br />

que representava a floresta<br />

Amazônica, e outra para exemplificar<br />

o buraco na camada de ozônio,<br />

Crystian explicava como ocorria<br />

esse fenômeno e formas de contribuir<br />

para desacelerar esse processo.<br />

Segundo a professora, todos os<br />

gráficos foram aproveitados para<br />

trabalhar conceitos numéricos.<br />

A equipe de Lorenna, que trabalhou<br />

a África, também se destacou<br />

na apresentação. O grupo produziu<br />

uma tenda em forma de túnel, e o<br />

participante ia passando por várias<br />

regiões do continente africano. Areia<br />

no chão e as tribos caracterizavam<br />

o clima quente do deserto do Saara,<br />

onde as temperaturas são extremas<br />

e há falta de água: “A noite africana<br />

é marcada por bastante confusão,<br />

quando alguns animais saem para<br />

caçar”, explicava a aluna. Passando<br />

pelo túnel o visitante se deparava<br />

com a savana, vegetação típica do<br />

continente, e a sua fauna exuberante<br />

em contraste com a pobreza<br />

extrema.<br />

Para compor o cenário da geografia<br />

do lugar os alunos abusaram<br />

da criatividade e confeccionaram o<br />

ambiente de forma artesanal, com<br />

panos com estampas de vegetação<br />

ca “confundir”, ou “arretado”, expressão<br />

muito conhecida no Rio.<br />

Segundo a coordenadora pedagógica<br />

Nilcéia dos Santos, a<br />

iniciativa ultrapassou os objetivos<br />

dos educadores e permitiu que o<br />

conhecimento fosse compartilhado<br />

entre eles e os expectadores.<br />

Durante o evento, houve muita<br />

troca de informação e criatividade<br />

para falar sobre o Planeta via<br />

biodiversidade. Os educadores se<br />

surpreenderam com a resposta da<br />

comunidade: “Eles aprenderam<br />

e ensinaram como minimizar o<br />

impacto do homem sobre o ecossistema.<br />

Levar o aluno a refletir<br />

sobre o modo de vida moderno e<br />

o consumo desenfreado foi um dos<br />

objetivos da atividade. Trabalhamos<br />

com projeto há alguns anos,<br />

mas nessa edição o elo entre as<br />

turmas foi um destaque. Todas<br />

elas prestigiaram as apresentações<br />

dos amigos. E quase todos os responsáveis<br />

estiveram no colégio”,<br />

comemora a coordenadora.<br />

Centro Educacional Itauá<br />

Rua Itauá, 226 – Campo Grande –<br />

Rio de Janeiro/RJ<br />

CEP: 23040-250<br />

Tel.: (21) 3384-4036<br />

Coordenadora Pedagógica: Nilcéia<br />

dos Santos<br />

Fotos: Tony Carvalho<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 27


Prática Pedagógica<br />

Jogo da<br />

memória<br />

com fotos<br />

das crianças<br />

Faixa etária de 0 a 3 anos<br />

Conteúdo<br />

Exploração dos objetos e brincadeiras.<br />

Mais sobre jogos.<br />

Reportagens<br />

Como criar jogos de alvo com os alunos da pré-escola.<br />

Competições ensinam a turma a ganhar e a perder.<br />

Brincando com regras.<br />

Plano de aula.<br />

Produção de jogos de alvo<br />

Objetivos:<br />

– Divertir-se com o jogo da memória.<br />

– Compartilhar de um mesmo jogo com o grupo<br />

de colegas.<br />

– Conhecer as regras do jogo da memória.<br />

Tempo estimado<br />

Mínimo de quinze minutos e máximo de 30 minutos<br />

para cada situação de aprendizagem.<br />

Material necessário<br />

Pares de cartões com fotos das crianças da turma,<br />

tamanho mínimo de 10 x 10.<br />

Cartolina ou papel mais resistente.<br />

Plástico adesivado para encapar.<br />

Desenvolvimento das atividades<br />

1. Tirar fotos das crianças e imprimir duas vezes<br />

cada uma para confeccionar os cartões.<br />

Informar às crianças que as fotos estão sendo tiradas<br />

para confecção do jogo da memória. Recortar as<br />

fotos e colar na cartolina mostrando para as crianças<br />

conforme forem ficando prontas.<br />

28 Revista <strong>Appai</strong> Educar


2. Apresentar o jogo.<br />

Em roda mostrar o jogo e organizar as peças para que as crianças<br />

vejam como se joga. Inicialmente propor o jogo da memória aberto<br />

(com as imagens voltadas para cima) e pedir para que determinadas<br />

crianças encontrem os pares.<br />

Deixar que as crianças manuseiem os cartões, sem pressa de<br />

que se apropriem das regras convencionais.<br />

3. Organizar mesas com no máximo cinco crianças para que<br />

possam jogar o jogo em diferentes momentos.<br />

Levar outros jogos que as crianças já conheçam<br />

(exemplos: quebra-cabeça, jogos de montar,<br />

quebra-gelo) e organizar com elas grupos para<br />

jogá-los.<br />

Caso haja mais de uma educadora na turma,<br />

uma pode dar apoio aos grupos que estiverem<br />

praticando os jogos já conhecidos, enquanto a<br />

outra fica na mesa do jogo da memória. Caso<br />

não haja outra educadora, organizar primeiro os<br />

grupos que participarão dos jogos já conhecidos.<br />

Deixar que as crianças joguem sem fazer intervenções sistemáticas nas<br />

jogadas de cada uma. A educadora pode ser uma das participantes do jogo e servir<br />

como modelo para as crianças. Promover o rodízio das crianças para que a maioria jogue todos os jogos.<br />

4. Garantir momentos na rotina semanal para que as crianças joguem o jogo da memória.<br />

Durante o período de recepção das crianças ou no término do dia enquanto aguardam a<br />

chegada dos pais são boas opções para o contato com o jogo da memória.<br />

5. Criar novos jogos e variações do jogo da memória.<br />

Após a brincadeira tornar-se bastante conhecida, pode-se pesquisar variações do<br />

jogo da memória, tais como o lince (um tabuleiro grande com imagens pequenas<br />

que as crianças devem procurar a partir de cartões com imagens duplicadas).<br />

Avaliação<br />

Devem-se criar pautas de observação<br />

para analisar as diferentes maneiras como<br />

as crianças jogam e o grau de envolvimento<br />

de cada uma delas. A partir da análise<br />

das pautas o educador pode fazer os ajustes<br />

com relação ao grau de dificuldade do<br />

jogo e, com isso, propor novos desafios e<br />

variações.<br />

Quer saber mais?<br />

Bibliografia:<br />

KAMII, Constance & HOUSMAN, Leslie Baker. Crianças Pequenas<br />

Reinventam a Aritmética – Implicações da teoria de Piaget. 2.ed,<br />

Artmed, 2002.<br />

Ana Paula Yazbek<br />

Pedagoga formada pela USP, é sócia-diretora do Berçário Espaço<br />

da Vila, que atende crianças entre 0 e 3 anos. Atua em projetos<br />

de formação de educadores.<br />

Fonte:<br />

http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/<br />

jogo-memoria-fotos-criancas-427926.shtml<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 29


Diversidade Cultural<br />

Feira cultural une<br />

teoria e expressão<br />

corporal<br />

Sandra Martins<br />

Xaxado, baião, jongo, samba, valsa, maculelê, gafieira, hip-hop,<br />

entre outros ritmos marcaram com criatividade e empolgação<br />

os dois dias de apresentações do projeto Rio de Janeiro e sua<br />

diversidade cultural e geográfica, do Colégio Estadual Professora<br />

Maria Terezinha de Carvalho Machado, em Jacarepaguá. A expectativa<br />

era grande. Afinal, foram vários dias de ensaios para as exposições orais<br />

(em sala ambientada) e por meio da linguagem corporal – tradução dos<br />

dados da pesquisa sobre a evolução histórica e econômica das regiões<br />

abordadas, na forma de dança, esquete teatral, canto ou mímica.<br />

O trabalho com projetos culturais é uma tradição do colégio,<br />

mantido por um grupo de<br />

docentes desde a criação da escola<br />

com o curso noturno há oito anos.<br />

Atualmente, esta unidade de ensino<br />

atende a três turnos e, segundo Nelma<br />

França, professora de História,<br />

independente da falta de espaço, a<br />

capacidade criadora é constantemente<br />

estimulada: “A instituição é<br />

considerada uma escola viva, sendo<br />

a criatividade e o lúdico seus referenciais”.<br />

Assim, sem perder o ritmo<br />

e os prazos, vários talentos foram<br />

descobertos. “Já formamos alunos<br />

que viraram professores de dança e<br />

temos uma jovem que atua no Teatro<br />

Municipal”. Um desses talentos<br />

descobertos foi Marcus Paulo Gomes<br />

da Silva que, entre 2004 e 2006, foi<br />

aluno da professora de Educação<br />

Física e atual coordenadora pedagó-<br />

gica Sandra Araújo. “Ela dava exercícios<br />

de expressão corporal dentro<br />

da sala de aula, porque não tínhamos<br />

quadra. Eu me identifiquei com<br />

sua atividade, sua dinâmica, pois<br />

já trabalhava com dança”, afirmou<br />

o jovem coreógrafo que atua como<br />

oficineiro de dança, teatro e música<br />

no programa “Mais Educação”, do<br />

Maria Terezinha.<br />

O projeto Rio de Janeiro e sua diversidade<br />

cultural e geográfica<br />

teve<br />

como objetivo fomentar maior<br />

compreensão do espaço em que<br />

vivemos, a cidade e o seu entorno,<br />

tendo a preocupação de<br />

discutir a evolução histórica e<br />

econômica da região. Realizado<br />

de forma interdisciplinar,<br />

cada professor-orientador<br />

deveria incentivar suas<br />

turmas de modo a que desenvolvessem<br />

um interesse<br />

investigativo necessário<br />

ao incremento do projeto,<br />

e, além disso, auxiliar os<br />

discentes em pesquisas<br />

nos jornais, internet,<br />

livros, visitas a<br />

30 www.appai.org.br/Jornal_Educar – Revista <strong>Appai</strong> Educar


A rica multiculturalidade brasileira<br />

apresenta um universo encantador,<br />

cuja visibilidade permite a<br />

desconstrução de estereótipos<br />

aparentemente engraçados<br />

museus e entrevistas. O segundo<br />

momento foi a exposição em sala<br />

(defesa oral, maquetes de materiais<br />

recicláveis e cartazes) e expressão<br />

corporal no pátio.<br />

Para o desenvolvimento do<br />

trabalho, apresentado em duas<br />

partes, adotou-se a divisão regional<br />

do estado em oito áreas<br />

político-administrativas: Baía da<br />

Ilha Grande; Médio Paraíba; Centro-Sul<br />

Fluminense; Metropolitana;<br />

Serrana; Baixada Litorânea; Norte<br />

Fluminense e Noroeste Fluminense.<br />

Cada região foi subdividida em<br />

dois grupos. Na primeira parte,<br />

levantamento de dados sobre a<br />

economia regional, desenvolvimento<br />

e decadência; povoamento<br />

e desenvolvimento populacional;<br />

os marcos históricos presentes no<br />

local; as regiões do Estado do Rio<br />

de Janeiro em números: mapas,<br />

tabelas e gráficos representando<br />

a economia, a mobilidade populacional<br />

e os recursos naturais. Na<br />

segunda parte, os temas seriam<br />

a biodiversidade do Estado do Rio<br />

de Janeiro: parques e reservas<br />

ecológicas; produção industrial e<br />

agrícola; a nova lei do uso do solo;<br />

rios e lagos; ecologia e cultura; a<br />

influência do turismo no vocabulário,<br />

no trabalho, na cultura regional<br />

e no cotidiano da sociedade local.<br />

Nelma revela que os docentes,<br />

em especial os da área de exatas,<br />

inicialmente tiveram muitas dificuldades<br />

para desencadear seu<br />

processo criativo. “O ‘como fazer’<br />

era a preocupação desses professores<br />

por ficarem voltados para<br />

seu conteúdo. Conseguimos fazer<br />

um trabalho com eles para que<br />

liberassem sua<br />

criatividade. Porque educar não é<br />

só passar informação”.<br />

Na disciplina de Física, por<br />

exemplo, o professor Walter criou<br />

uma brincadeira utilizando conceitos<br />

de Mecânica e Física. Os alunos<br />

participaram de uma competição<br />

de perguntas e respostas com<br />

conteúdo baseado nas pesquisas<br />

sobre geografia, cultura e história<br />

das regiões. Os competidores usavam<br />

dois capacetes, cada um com<br />

uma lâmpada adaptada, ligados a<br />

um painel eletrônico que acendia a<br />

lâmpada quando o aluno acertava<br />

a resposta. A competição foi um<br />

sucesso com as torcidas vibrando a<br />

cada pergunta.<br />

Na disciplina de História, os<br />

alunos de Nelma tiveram que<br />

tratar da influência do nordestino<br />

no Rio de Janeiro. Depois de<br />

levantarem dados teóricos, eles<br />

foram fazer pesquisas de campo:<br />

visitaram duas feiras nordestinas<br />

– São Cristóvão e Caxias.<br />

Fizeram entrevistas, conheceram<br />

as origens do forró, levaram um<br />

sanfoneiro e mostraram o Rio<br />

Nordestino. O desconhecimento<br />

sobre a rica multiculturalidade<br />

do estado do Rio desconstruía falas<br />

aparentemente engraçadas,<br />

como a de que Médio Paraíba<br />

era referência a um nordestino<br />

natural do estado da Paraíba de<br />

média estatura. Na pesquisa,<br />

descobriram que esta região,<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar – www.appai.org.br/Jornal_Educar 31


que engloba cidades como<br />

Barra Mansa, Barra do Piraí,<br />

Itatiaia, Pinheiral, Piraí,<br />

Porto Real, Quatis, Resende,<br />

Rio Claro, Rio das Flores,<br />

Valença, Volta Redonda, era<br />

rica em lavoura de café no<br />

século XIX.<br />

Como todo o trabalho de pesquisa<br />

está associado a uma dança,<br />

nesta região os alunos descobriram<br />

o Jongo, relacionado ao cultivo do<br />

café, também difundido na Região<br />

Noroeste Fluminense – Aperibé,<br />

Bom Jesus de Itabapoana, Cambuci,<br />

Italva, Itacoara, Laje do Muriaé,<br />

Miracema, Natividade, Porciúncula,<br />

Santo Antônio de Pádua, São José<br />

de Ubá, Varre-Sai. Já na região da<br />

Bacia da Ilha Grande (Costa Verde)<br />

– Angra dos Reis, Itaguaí, Mangaratiba,<br />

Paraty –, escolheram as<br />

manifestações culturais católicas,<br />

características da época: Festa do<br />

Divino, Folia de Reis, Cirandeiros.<br />

Na região Serrana – Bom Jardim,<br />

Cantagalo, Carmo, Cordeiro,<br />

Duas Barras, Macuco, Nova<br />

Friburgo, Petrópolis, Santa Maria<br />

Madalena, São José do Vale do<br />

Rio Preto, São Sebastião do Alto,<br />

Sumidouro, Teresópolis, Trajano de<br />

Moraes –, Maria Penha dos Santos,<br />

de Biologia, em parceria com a<br />

Física, enfatizou os ecossistemas,<br />

biótomos (organismos da região –<br />

fauna e flora), relações harmônicas<br />

e desarmônicas entre os seres<br />

vivos. Tanto na apresentação do<br />

seminário em sala de aula como na<br />

exposição de dança folclórica, no<br />

caso uma valsa, os alunos se caracterizaram<br />

de colonos alemães, base<br />

da cultura da região serrana.<br />

De acordo com a professora<br />

de Química Adriana Rocha, para<br />

ir além do quadro-negro e motivar<br />

seus alunos, ela montou dois<br />

projetos: uma horta aromatizada<br />

e uma empresa virtual,<br />

com base na Matemática<br />

Financeira e em Química. Com<br />

a horta aromatizada trabalhou-se<br />

a questão da física, a energia, a<br />

composição química e a utilidade<br />

de cada erva, dos pontos de vista<br />

medicinal e químico. Com a empresa<br />

virtual discutiu-se a produção<br />

de cosméticos e perfumes, além<br />

do empreendedorismo. Os alunos<br />

pesquisaram a importância dos minerais<br />

nos cosméticos, onde estão<br />

contidos, como extrair as substâncias,<br />

de onde elas vêm etc.<br />

“A Matemática foi uma ferramenta<br />

auxiliar, que eles viram sob<br />

outra ótica. Não mais como um<br />

bicho-papão. Consegui com isso o<br />

carisma pelas disciplinas Química e<br />

Matemática. Tenho até um aluno que<br />

ficou interessado na área de exatas,<br />

coisa que no início do ano não havia<br />

como prever”. Para despertar a<br />

curiosidade, Adriana levou material<br />

concreto para dar conta dos experimentos,<br />

como produtos, pedras,<br />

filmes, textos, figuras alquímicas. Ao<br />

atritar dois gravetos ela apresentou<br />

o histórico desde a criação do fogo<br />

pelo homem de Neandertal. Na aula<br />

seguinte, os comentários demonstravam<br />

as passagens pelo YouTube<br />

e pelo Discovery Chanel.<br />

Para desmistificar o inexistente<br />

bicho-papão da Matemática, o<br />

professor Fábio Alves demonstrou<br />

que ela é um instrumento básico de<br />

suma importância. A Matemática<br />

quantitativa foi usada para abordar<br />

a geografia do Estado do Rio de<br />

Janeiro, com a criação de gráficos<br />

Mais do que dançar, a<br />

comunidade escolar enfatiza<br />

a socialização dos alunos<br />

e busca integrá-los ao<br />

mercado de trabalho<br />

e tabelas, para tratar da população<br />

de cada região do estado, além dos<br />

indicadores econômicos.<br />

Monitorando todas as apresentações<br />

no pátio, a coordenadora<br />

pedagógica Sandra Araújo não<br />

escondia o orgulho pelo cuidado<br />

dos alunos com as indumentárias e<br />

coreografias. Segundo a professora,<br />

o êxito do trabalho está baseado em<br />

suas experiências com festivais de<br />

dança escolares, com o envolvimento<br />

de toda a comunidade estudantil.<br />

Sua ação pedagógica canaliza os<br />

esportes no primeiro e segundo<br />

bimestres; no terceiro e quarto<br />

bimestres entra com a dança, a<br />

expressão corporal, a ginástica rítmica<br />

e a desportiva. “Aí o aluno vai<br />

pegando jeitinho de noção de corpo,<br />

aprende a colocar-se no espaço para<br />

fazer um giro e coisas assim, pois<br />

as pessoas chegam ao Ensino Médio<br />

sem saber de nada”. Mais do que<br />

estimular a dança, o formato que<br />

a escola adotou, além de ensinar<br />

o conteúdo, enfatiza a socialização<br />

dos alunos e busca integrá-los ao<br />

mercado de trabalho.<br />

Colégio Estadual Professora Maria<br />

Terezinha de Carvalho Machado<br />

Rua Candido Benício, 826 – Campinho<br />

– Rio de Janeiro/RJ<br />

CEP: 21230-060<br />

Tel.: (21) 2333-5609<br />

Coordenadora Pedagógica: Sandra<br />

Araújo<br />

Fotos: Marcelo Ávila<br />

32 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Entrevista<br />

Biblioteca modelo estimula o<br />

prazer pela leitura<br />

A<br />

Coordenadora de atividades<br />

culturais da Biblioteca<br />

Parque Manguinhos, Ivete<br />

Miloski, em entrevista<br />

à Revista <strong>Appai</strong> Educar, fala sobre a<br />

importância da democratização da<br />

leitura para o desenvolvimento da<br />

sociedade e dos indivíduos. Primeira<br />

Biblioteca Parque do país, equipada<br />

com recursos do Programa Mais<br />

Cultura, o Complexo Cultural<br />

de Manguinhos oferece, nos seus<br />

3,3 mil m², ludoteca, filmoteca,<br />

sala de leitura para portadores de<br />

deficiências visuais, acervo digital<br />

de música, cineteatro, cafeteria,<br />

acesso gratuito à Internet, uma<br />

sala denominada Meu Bairro, reservada<br />

para reuniões da comunidade,<br />

entre outros projetos.<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar – De acordo<br />

com pesquisa realizada pela<br />

Fundação Instituto de Pesquisas<br />

Econômicas (Fipe), na última década,<br />

o índice de leitura no Brasil<br />

aumentou 150%, passando de 1,8<br />

livro por ano para 4,7. Em que<br />

medida bibliotecas modelos como<br />

o Parque Manguinhos têm colaborado<br />

para esse crescimento?<br />

Ivete Miloski – Na verdade, existe<br />

um problema que é o acesso ao livro.<br />

O livro é um produto que ficou<br />

muito caro, e de um modo geral as<br />

pessoas que moram em comunidade<br />

têm difícil acesso a educação,<br />

cultura, lazer, bibliotecas. Bibliotecas<br />

como essas, que estão inseridas<br />

dentro de comunidades, oferecem<br />

gratuitamente laboratórios de literatura,<br />

jogos educativos e colocam<br />

à disposição das pessoas um acervo<br />

de qualidade – além de um ambiente<br />

bem decorado, onde o visitante<br />

tem acesso direto ao acervo e pode<br />

levar para casa –, colaboram para o<br />

aumento do índice de leitura.<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar – Na sua<br />

opinião, o que falta para aumentar<br />

a capacidade leitora dos nossos<br />

alunos e trazer esse hábito para o<br />

dia a dia do brasileiro?<br />

Ivete Miloski – Em primeiro lugar,<br />

o professor tem que se reciclar. Eu<br />

sou professora, fiz o Curso Normal<br />

e sempre achei que a gente é um<br />

pouco abandonada, muito pouco<br />

assistida. Não há reciclagem, nem<br />

incentivo para reciclagem. Eu sempre<br />

procurei fazer cursos porque<br />

era meu interesse melhorar, fazer<br />

uma aula rica, bem trabalhada. O<br />

professor não tem tempo de ler,<br />

não tem tempo de comprar os livros<br />

porque ganha pouco. Como você vai<br />

passar o hábito de leitura se você<br />

não lê? Nós temos hoje um número<br />

imenso de autores novos. É uma<br />

“rapaziada” que está criando livros<br />

bem interessantes com uma nova<br />

linguagem, com a linguagem dos<br />

jovens. Se o professor não se atualiza<br />

e continua dando os mesmos<br />

autores clássicos, a mesma coisa<br />

antiga, ele não consegue estabelecer<br />

uma sintonia com os jovens. O<br />

gosto pela literatura passa de pessoa<br />

para pessoa. O professor tem<br />

que gostar de leitura, tem que ser<br />

amigo dos livros e passar isso para<br />

os seus alunos.<br />

As bibliotecas nas escolas, por<br />

exemplo. Tem escola em que é<br />

proibido entrar na biblioteca. Tem<br />

biblioteca que tem cadeado na porta<br />

e o aluno não entra. Isso é um<br />

absurdo, um contrassenso. E, se alguma<br />

pessoa levar o livro para casa,<br />

eu acho até bom, porque a pessoa<br />

está levando o livro para ler, porque<br />

gostou do livro, eu acho isso positivo.<br />

Tem que haver incentivo para<br />

que as bibliotecas fiquem abertas,<br />

que tenham uma boa acolhida para<br />

que aquele que esteja procurando<br />

um livro receba uma boa orientação.<br />

Nós deveríamos ter mais Bibliotecas<br />

Parques. Em todos os estados, em<br />

todos os municípios nós deveríamos<br />

ter bibliotecas do porte desta.<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar – Que<br />

tipo de assunto ou tema estão<br />

entre os mais procurados aqui na<br />

biblioteca?<br />

Ivete Miloski – Tenho que consultar,<br />

mas sei que as obras que falam<br />

sobre vampiros, como A Saga Crepúsculo,<br />

Harry Potter, e os livros da<br />

Thalita Rebouças são os preferidos.<br />

Livros científicos também são muito<br />

procurados: psicologia, direito, pedagogia,<br />

gastronomia, além dos de<br />

autoajuda e sobre ONGs.<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar – Existe<br />

uma meta de empréstimo de livros a<br />

ser cumprida? Caso haja, o que está<br />

sendo feito para que se alcance?<br />

Ivete Miloski – Não existe uma<br />

meta. O que nós estamos fazendo<br />

é plantar sementes. Antes, os<br />

livros eram ignorados, as pessoas<br />

entravam, ficavam vendo, assistiam<br />

os filmes e saíam. Depois, aos<br />

poucos, através das atividades de<br />

literatura que nós fazemos aqui,<br />

as pessoas foram se aproximando,<br />

tendo contato com os livros e agora<br />

pegam, leem, levam para casa. As<br />

atividades que promovemos aqui<br />

foram buscando o público para o<br />

livro. Hoje, quando a gente quando<br />

dá uma olhada no salão vê pessoas<br />

assistindo filme, mas elas estão<br />

com o livro na mão também. O<br />

número de empréstimos também<br />

é razoável. As pessoas estão vindo,<br />

estão lendo, estão usando o acervo<br />

da biblioteca.<br />

Em novembro nós tivemos seis<br />

mil pessoas aqui na biblioteca.<br />

Esse número nos marcou muito:<br />

seis mil pessoas visitaram a biblioteca.<br />

Nós recebemos visita de escolas<br />

e o final da tarde é o horário<br />

de pico, fica muito movimentado<br />

até a hora de fechar. Quando for<br />

inaugurado o cineteatro, o que<br />

deve acontecer em abril ou maio,<br />

isso aqui vai virar um point. A obra<br />

já está em fase de finalização.<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar – Você<br />

acredita que a dificuldade de interpretar<br />

um texto seja um fator<br />

de desmotivação a que se adquira<br />

o hábito da leitura?<br />

Ivete Miloski – Não existe a dificuldade<br />

de interpretação. Quando a<br />

gente conversa com essas crianças,<br />

percebe uma capacidade de criação,<br />

de abstração muito grande. Eles<br />

fantasiam bem, eles interpretam<br />

bem. A gente fez um trabalho<br />

com elas e os primeiros<br />

desenhos todos tinham<br />

muito vermelho, pessoas<br />

mortas. Quando a gente<br />

pega essas mesmas<br />

crianças hoje, o desenho<br />

mudou completamente:<br />

tem sol, tem lua, tem<br />

flor, tem muita casa. Eles ganharam<br />

os apartamentos e agora desenham<br />

os apartamentos. Rapidamente a<br />

criança elabora a realidade e joga na<br />

criação dela. Em outro trabalho que<br />

a gente fez eles tinham que usar palavras<br />

já recortadas de revistas para<br />

montar histórias. Eles apresentaram<br />

textos belíssimos, com histórias lindas.<br />

Isso é capacidade de trabalhar<br />

com as palavras, entender, recriar e<br />

criar combinações com as palavras.<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar – Quais<br />

os horários de funcionamento da<br />

biblioteca e quem pode participar<br />

dos empréstimos de livros?<br />

Ivete Miloski – Todas as pessoas<br />

podem participar dos empréstimos<br />

de livros, CDs e DVDs. O horário<br />

de funcionamento é de 10 às 20<br />

horas, de terça a domingo.<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar – Além<br />

dos empréstimos de livros, quais<br />

são as outras atividades oferecidas<br />

pela Biblioteca?<br />

Ivete Miloski – Nós temos uma<br />

série de laboratórios, sarau poético,<br />

empréstimos de CDs e DVDs, aula<br />

de percussão. Temos o Zum zum<br />

zum, que é um momento em que<br />

funcionários da biblioteca param no<br />

meio do público e declamam poesias,<br />

cantam músicas e incentivam<br />

a participação dos usuários. Temos<br />

palestras, gincanas e a comunidade<br />

usa o espaço da biblioteca para reuniões<br />

e outras atividades culturais.<br />

As pessoas da comunidade que<br />

nunca tinham entrado em uma<br />

biblioteca passam a frequentar o<br />

espaço por diversos motivos e depois<br />

começam a procurar os livros.<br />

Tem os universitários que usam os<br />

espaços da biblioteca para fazer<br />

suas teses e monografias. Nós<br />

deixamos uma sala preparada para<br />

isso e ainda temos livros raros.<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar – Quais<br />

os projetos para o futuro da biblioteca?<br />

Ivete Miloski – Crescer! A gente<br />

ainda quer crescer muito. A gente<br />

tem o sonho de fazer uma orquestra<br />

sinfônica com os meninos da comunidade.<br />

Um dia um funcionário nosso<br />

que é músico começou a tocar<br />

saxofone em um espaço que tem<br />

ao lado da biblioteca. Muitas pessoas<br />

começaram a se juntar para<br />

assistir e nós descobrimos crianças<br />

que tocavam instrumentos, uma<br />

tocava piano, a outra saxofone, algumas<br />

cantavam, tocavam violino.<br />

Tem gente que gosta de música, já<br />

toca instrumentos. Então dá para<br />

montar uma orquestra. Esse é um<br />

dos nossos sonhos.<br />

Ivete Miloski<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 33<br />

Foto: Marcelo Ávila


Leitura<br />

O que<br />

você está<br />

lendo?<br />

Projetos e<br />

ações de apoio<br />

e incentivo à<br />

leitura reforçam<br />

a prática leitora<br />

no país<br />

Antônia Lúcia<br />

Foto: Marcelo Ávila<br />

Em ano de Bienal do Livro, assim<br />

como em tempos de Copa do Mundo,<br />

Olimpíadas, eleições etc., esses e outros temas<br />

recorrentes ganham mais força, projeção e evidência.<br />

Esse ano, o Rio de Janeiro será palco da XV Bienal do<br />

Livro, um dos principais acontecimentos do mercado<br />

editorial, a ser realizado no período de 1º a 11 de<br />

setembro, no Riocentro. De acordo com a presidente<br />

do Sindicato Nacional de Editores de Livros (Snel)<br />

Sônia Machado Jardim, em 2009 foram vendidos mais<br />

de 2 milhões de exemplares ao longo dos 11 dias<br />

de programação, e a expectativa é que esse número<br />

seja superado em 2011.<br />

Diante de um nível tão expressivo de vendagem de<br />

obras, num curto período de tempo, há de se pensar<br />

que, mesmo com todas as dificuldades em decifrar os<br />

signos gráficos que traduzem<br />

a linguagem oral e de<br />

interpretar aquilo que se lê,<br />

a leitura tem uma significação<br />

nobre para o público brasileiro.<br />

De acordo a pesquisa Retratos da<br />

Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto<br />

Pró-Livro, principal estudo sobre o comportamento<br />

do leitor no país, a leitura é considerada<br />

uma fonte de conhecimento para a vida (Confira o<br />

resultado da pesquisa nas páginas 35 e 36).<br />

Essa apreensão intelectual também faz parte da<br />

história de Leonardo da Piedade Diniz Filho, pescador<br />

profissional, conhecido por todos como Léo do Peixe,<br />

que vive em Pirapora, interior de Minas. Em vez de<br />

uma banca de pescados na feira livre aos finais de<br />

semana, Léo criou a banca de livros. À medida que<br />

o tempo foi passando, o que era banca transformouse<br />

no Clube de Leitura de Pirapora – cidade que fica<br />

no Alto Rio São Francisco –, com mais de 400 sócios<br />

ávidos pelo prazer de ler na própria feira ou levar os<br />

livros para serem lidos em outro lugar.<br />

Outro exemplo de que essa atividade é a mola propulsora<br />

para a aquisição do conhecimento e fomento<br />

à leitura vem do sul do Brasil. Implantado recentemente<br />

pela prefeitura de Três Coroas (RS), por Lorena<br />

Pedrinha, diretora da biblioteca municipal, o projeto<br />

34 Revista <strong>Appai</strong> Educar


O que a leitura significa para os brasileiros<br />

(Resposta espontânea e única)<br />

Conhecimento 45,2 milhões 26%<br />

Algo importante 14 milhões 8%<br />

Crescimento profissional 13 milhões 8%<br />

Sabedoria 9,2 milhões 5%<br />

Desenvolvimento cultural 8,1 mil 5%<br />

Importância social 6,9 mil 4%<br />

Prazer 6,8 mil 4%<br />

A leitura tem<br />

Melhora a educação 6,5 mil 4%<br />

significado<br />

Tudo na vida do homem 2%<br />

positivo para 3 em<br />

cada 4 pessoas<br />

Inteligência 1%<br />

Informação 1%<br />

Uma entre cada 4<br />

Atualização 1%<br />

pessoas não faz a<br />

Lugares novos 1%<br />

menor ideia sobre<br />

Comunicação 1%<br />

o papel da leitura<br />

Outras respostas 1%<br />

Inteligência 1%<br />

Citações negativas 1%<br />

Não sabe ou não opinou 45,7 milhões 26%<br />

Extraído da pesquisa Retratos da leitura no Brasil<br />

visa facilitar o acesso aos diversos<br />

temas de leitura à população. Os<br />

livros são postos em vários pontos<br />

da cidade, como: ponto de ônibus,<br />

estação rodoviária, nas praças e<br />

onde houver movimentação de<br />

pessoas, com intuito de ofertar ao<br />

leitor a opção de ler no próprio local<br />

ou, se preferir, levar para casa.<br />

À medida que crescem os programas<br />

e projetos que visam impulsionar<br />

o interesse pela leitura,<br />

aumenta também o número de<br />

livros, autores e eventos literários<br />

que objetivam tratar e apontar caminhos<br />

para uma prática mais produtiva,<br />

descrevendo metodologias,<br />

discutindos ações e partilhando<br />

experiências bem-sucedidas. De<br />

acordo com pesquisa realizada<br />

pela Fundação Instituto de Pesquisas<br />

Econômicas (Fipe), a pedido<br />

da Câmara Brasileira do Livro e do<br />

Sindicato Nacional dos Editores de<br />

Livros, e divulgada em 2009, na última<br />

década, o índice de leitura no<br />

Brasil aumentou 150%, passando<br />

de 1,8 livro por ano para 4,7.<br />

Projetos e incentivos por parte<br />

do governo, da iniciativa privada<br />

e por entidades do tereceiro setor<br />

– ONGs, institutos ou associações<br />

sem fins lucrativos – não têm faltado<br />

para que a boa capacidade para<br />

a interpretação e compreensão<br />

dos textos seja algo concreto. Um<br />

dos principais vieses desse eixo<br />

norteador de desenvolvimento da<br />

leitura é o Plano Nacional do Livro<br />

e Leitura (PNLL), um conjunto de<br />

Na última<br />

década, o índice<br />

de leitura no<br />

Brasil aumentou<br />

150%, passando<br />

de 1,8 livro por<br />

ano para 4,7.<br />

projetos, programas, atividades<br />

e eventos na área editorial, empreendidos<br />

pelo governo federal<br />

juntamente com a sociedade civil,<br />

com o propósito de melhorar a<br />

qualidade da capacidade leitora no<br />

Brasil e trazer esse hábito para o<br />

dia a dia do brasileiro.<br />

Outras contribuições, como<br />

o projeto Leitura para Todos do<br />

Instituto Oldemburg de Desenvolvimento,<br />

em parceria com o<br />

Grupo Editorial Record e apoio do<br />

Ministério da Cultura, por meio<br />

da Lei Federal de Incentivo à Cultura,<br />

têm beneficiado milhões de<br />

leitores, dos quais muitos tiveram<br />

acesso ao livro pela primeira vez.<br />

Nas escolas, as Secretarias de<br />

Educação estadual e municipal têm<br />

disseminado e apoiado projetos de<br />

leitura junto com as equipes pedagógicas<br />

das unidades de ensino.<br />

No Colégio Estadual Compositor<br />

Luis Carlos da Vila, em Manguinhos,<br />

na Zona Norte, um acervo<br />

com aproximadamente mil obras<br />

nacionais e estrangeiras reforça a<br />

disseminação da prática leitora na<br />

escola. De acordo com Tereza Porto,<br />

a viagem nos livros é entrada<br />

de conhecimento, de uma cultura<br />

nova. “O que faz a escola ser viva<br />

é a vontade de saber mais e trocar<br />

essa experiência”, diz a Secretaria<br />

Estadual de Educação. Nas salaspolo<br />

de leitura das escolas da<br />

Rede Municipal de Ensino, alunos<br />

e professores têm acesso às cópias<br />

dos programas da série televisiva<br />

Rio, uma Cidade de Leitores, criada<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 35


Foto: Marcia Costa<br />

pela MultiRio, cujo objetivo é promover<br />

o diálogo entre a literatura<br />

e as muitas expressões artísticas<br />

Outros projetos nesse mesmo<br />

formato foram lançados pelo Governo<br />

Federal como o Fome de Livro,<br />

cujos objetivos são beneficiar<br />

comunidades e estimular a rotina<br />

de leitura como hábito dos brasileiros.<br />

Medidas e políticas como<br />

a de valorização do magistério e<br />

do crescimento na qualidade da<br />

educação têm sido um reforço na<br />

evolução da educação básica. Uma<br />

delas foi a recente aquisição feita<br />

pelo MEC, através do Prograna<br />

Nacional do Livro Didático (PNLD),<br />

de 135 milhões de livros paras as<br />

escolas das redes públicas federal,<br />

estadual e municipal. Outra novidade<br />

nessa área foi o recebimento,<br />

pela primeira vez, de livros de<br />

inglês ou espanhol para os alunos<br />

das redes de escolas públicas do<br />

sexto ao nono anos.<br />

Os números divulgados pelo<br />

Pisa (Programa Internacional de<br />

Avaliação de Alunos) em 2009<br />

mostram que essa ausência do<br />

prazer pela leitura vem diminuindo<br />

paulatinamente. Entre os 59 países<br />

que passaram pelo teste de leitura,<br />

o Brasil foi um dos três da América<br />

Latina que obtiveram crescimento<br />

na pontuação de desempenho. O<br />

país, que tem a segunda maior<br />

biblioteca do continente, subiu sua<br />

nota de 396, em 2000, para 412,<br />

em 2009, elevando o seu escore em<br />

16 pontos. Ao contrário do Brasil,<br />

nações como Argentina, República<br />

Tcheca, Suécia, Irlanda e Austrália<br />

apresentaram quedas significantes<br />

em relação aos resultados de<br />

2000. Outros dois representantes<br />

O que a leitura significa para os brasileiros<br />

(Resposta múltipla e estimulada)<br />

Uma fonte de conhecimento para a vida 73 milhões 42%<br />

Uma fonte de conhecimento e atualização profissional 29 milhões 17%<br />

Uma fonte de conhecimento para a escola/faculdade 6,6 milhões 10%<br />

Uma atividade interessante 14,2 mil 8%<br />

Uma atividade prazerosa 13,9 mil 8%<br />

Uma prática obrigatória 3%<br />

Algo que produz cansaço/exige muito esforço 2%<br />

Algo que ocupa muito tempo 2%<br />

Uma atividade entediante 1%<br />

Nenhuma destas/Não sabe/ Não opinou 10,6 mil 6%<br />

Extraído da pesquisa Retratos da leitura no Brasil<br />

Conhecimento é o<br />

valor mais associado<br />

à leitura (e aumenta<br />

entre os mais velhos)<br />

É a resposta mais citada<br />

entre as crianças com idade<br />

até 10 anos (12% delas)<br />

36 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Veja a evolução das notas de leitura no Pisa (2009)<br />

País Nota Pisa 2000 Nota Pisa 2009 Diferença<br />

1 Peru ............................... 327 ........................................ 370 ................................... 43<br />

2 Chile ............................... 410 ........................................ 449 ................................... 40<br />

3 Albânia ............................. 349 ........................................ 385 ................................... 36<br />

4 Indonésia ........................... 371 ........................................ 402 ................................... 31<br />

5 Letônia ............................. 458 ........................................ 484 ................................... 26<br />

10 Brasil ............................. 396 ........................................ 412 ................................... 16<br />

34 Austrália ........................... 528 ........................................ 515 ...................................-13<br />

35 Rep. Tcheca ......................... 492 ........................................ 478 ...................................-13<br />

36 Suécia ............................. 516 ........................................ 497 ...................................-19<br />

37 Argentina ........................... 418 ........................................ 398 ...................................-20<br />

38 Irlanda ............................ 527 ........................................ 496 ...................................-31<br />

Fonte: Inep<br />

da América Latina que obtiveram<br />

excelentes índices de crescimento<br />

em suas notas foram Peru, com<br />

aumento de 43 pontos, seguido<br />

pelo Chile, com 40. A mobilização<br />

de professores, alunos, comunidades,<br />

governos, entidades públicas e<br />

privadas têm garantido às crianças,<br />

jovens e adultos a oportunidade<br />

de vivências e descobertas com a<br />

literatura que, certamente, caminharão<br />

com eles em todos os momentos<br />

de suas vidas, mostrando o<br />

muito que a leitura pode fazer por<br />

cada um de nós.<br />

Fontes:<br />

Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro<br />

Brasil que Lê – Agência de Notícias<br />

http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/dados/anexos/48.pdf<br />

Concurso Cultural Ler e Escrever é Preciso<br />

Até 30 de junho, crianças e jovens que estiverem cursando séries<br />

do Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio, estudantes das Escolas de<br />

Jovens e Adultos (EJA), professores e, pela primeira vez, profissionais<br />

de biblioteca e educadores sociais, podem participar do 7º Concurso<br />

Cultural Ler e Escrever é Preciso, lançado pelo Instituto Ecofuturo.<br />

Cerca de 70 mil escolas, seis mil bibliotecas públicas e comunitárias<br />

e 800 organizações sociais em todo o Brasil foram convidadas a ler,<br />

conversar e escrever sobre o tema Vamos cuidar da vida. As inscrições<br />

deverão ser feitas exclusivamente através do site: http://www.<br />

ecofuturo.org.br<br />

Foto: Cris Torres<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 37


Orientação Educacional<br />

Feira das<br />

realizações<br />

Mostra pedagógica<br />

estimula participação da<br />

família na escola<br />

Claudia Sanches<br />

A<br />

“Feira das Realizações 2010”,<br />

realizada no CAP Iserj – Instituto<br />

Superior de Educação<br />

do Estado do Rio de Janeiro,<br />

na Tijuca, reuniu toda a comunidade<br />

escolar, que prestigiou os trabalhos<br />

produzidos pelas turmas do 1º<br />

segmento do Ensino Fundamental.<br />

O ponto de partida do projeto foi a<br />

Copa do Mundo, mas ele acabou se<br />

desdobrando em muitas temáticas. A<br />

mostra pedagógica foi um espaço em<br />

que as crianças inventaram brinquedos<br />

e participaram de contação de histórias,<br />

feira de livros, oficina de arte e<br />

até culinária.<br />

A proposta foi promover um momento<br />

de integração com a família e<br />

dar visibilidade às experiências realizadas<br />

em todas as áreas do conhecimento,<br />

de acordo com a coordenadora<br />

geral das turmas do 1º segmento,<br />

Mônica Lorena: “É um dia de amostragem,<br />

os alunos se apresentam e<br />

cada um leva para casa o que produziu<br />

em sala de aula. A ideia é integrar o<br />

responsável ao universo escolar e tê-lo<br />

como aliado”, explica.<br />

Cenas revelam a integração<br />

da família: orgulhoso, o aluno<br />

mostra à mãe seu trabalho<br />

sobre a vinda da Família Real<br />

para o Brasil<br />

Durante o evento, eles receberam a visita das alunas da<br />

Faculdade de Enfermagem Ana Nery, que assistiram à apresentação.<br />

No período escolar as futuras enfermeiras, que avaliam os<br />

alunos durante o ano letivo, fazem um relatório sobre o estado<br />

geral de saúde dos estudantes e possíveis encaminhamentos.<br />

O brigadeiro que não vai ao fogo, feito pela turma do 1º ano,<br />

chamou atenção não só dos estudantes mas também das mães e<br />

pais. Pedro, do 3º ano, pedia a receita à professora Neide de No-<br />

38 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Parceria: responsáveis<br />

participaram das oficinas de<br />

culinária, jardinagem, horta,<br />

literatura, e crianças levavam<br />

suas produções para casa<br />

após apresentação<br />

ronha. Cenas como essa revelavam o<br />

sucesso do projeto: “Vou divulgar a<br />

receita no mural da coordenação na<br />

segunda-feira”, respondia Neide. Mas<br />

o pequeno Pedro insistia: “Professora,<br />

vai demorar muito? Queria que minha<br />

mãe fizesse nesse final de semana”.<br />

Como a função da professora Neide<br />

é preparar para alfabetização, ela<br />

elabora atividades especiais para despertar<br />

a concentração e a coordenação<br />

motora, alertando para a leitura<br />

e a escrita. A educadora explica que<br />

escolheu a novidade porque a comida<br />

explora os cinco sentidos. Não é à toa<br />

que a tarefa foi um prazer.<br />

Durante a oficina culinária, os<br />

pequenos cozinheiros percebiam com<br />

curiosidade as cores da mistura do<br />

leite com o chocolate, os fenômenos<br />

que o alimento provoca no corpo,<br />

como a água na boca, o prazer do<br />

cheiro. “Com a receita, trabalhamos a<br />

Matemática na hora de dividir os brigadeiros,<br />

coordenação motora para<br />

enrolar os doces e Língua Portuguesa,<br />

quando eles tinham que relembrar os<br />

ingredientes”, recorda a professora.<br />

Logo em seguida chegava Sara, do<br />

1º ano. “Posso pegar o meu livro?”.<br />

A obra era uma releitura da fábula “O<br />

leão e o ratinho”. Cada escritor mirim<br />

reescreveu e ilustrou a história, que<br />

aborda valores como solidariedade<br />

e superação. “O conto mostra que<br />

nem sempre a força é dominante”,<br />

explicava Deise.<br />

A professora Flor Vasconcellos<br />

explorou com sua turma do 1º ano<br />

os contos africanos a partir do livro<br />

“O cabelo da Lelê”, de Valéria Belém,<br />

com a temática da origem no continente<br />

negro. A cada dia na biblioteca,<br />

a contadora de história confeccionava<br />

um animal com a técnica do Origami.<br />

No final do semestre, a turma decidiu<br />

fazer um móbile com os bichos<br />

da África. Após a apresentação cada<br />

aluno procurava o seu brinquedo.<br />

“Isso aqui é a menina dos olhos<br />

deles”, explicou a professora. Outra<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 39


Prova 3<br />

novidade que também ajudou no<br />

desenvolvimento da coordenação<br />

motora e divertiu a garotada foi a<br />

fabricação do balagandã.<br />

Rafael e Davi, do 2º ano, apresentavam,<br />

através de maquetes,<br />

as paisagens natural e humanizada.<br />

As crianças recebiam as alunas<br />

da Faculdade Ana Nery e discutiam<br />

com elas sobre os problemas das<br />

grandes cidades, apontando soluções<br />

para evitar a poluição.<br />

A mãe de Breno do 3º ano, Úrsula<br />

Faria, não conseguia esconder<br />

o orgulho que sentia ao ver o desempenho<br />

de seu filho discursando<br />

sobre História do Brasil. A turma<br />

falou sobre o descobrimento do<br />

país e a chegada da família real utilizando<br />

maquetes e painéis. “Acho<br />

fundamental os pais se envolvendo<br />

na escola, apreciando o que é produzido<br />

e interagindo na educação<br />

dos filhos”, afirmou a mãe. O 3º<br />

ano também explorou muitos conteúdos<br />

através da música “Ciranda<br />

do anel”, de Bia Bedran.<br />

A professora de Informática<br />

Adriana Lima desenvolveu, com<br />

todas as turmas, o projeto Gentileza<br />

gera gentileza. Durante as<br />

aulas ela propunha tarefas com os<br />

grupos, começando pela definição<br />

de gentileza para cada um. Depois<br />

cada aluno olhou no dicionário e<br />

pesquisou sobre a vida do criador<br />

do bordão, José Datrino, que<br />

circulava pelas ruas da cidade, e<br />

debateu sobre a qualidade de vida<br />

a partir de gestos mais humanos.<br />

Após os debates, as turmas<br />

dos menores criaram ilustrações<br />

que traduziam o significado da<br />

palavra “gentileza”, e os maiores<br />

produziram textos. “O interessante<br />

é que eles relataram situações do<br />

dia a dia que o tornaram melhor,<br />

como, por exemplo, não jogar lixo<br />

no chão, ser solidário e educado”.<br />

Na prática Adriana sente os<br />

efeitos da experiência: “a escola<br />

ficou mais limpa e a<br />

higiene pessoal deles<br />

melhorou muito”, disse,<br />

informando que<br />

também organizou<br />

uma oficina com os<br />

pais das crianças no<br />

dia da mostra.<br />

No estande do 4º<br />

ano, a aluna Égela<br />

falava sobre o tema<br />

“Propaganda é a alma<br />

do negócio”, enquanto<br />

demonstrava os<br />

painéis com os conhecidos<br />

jargões da<br />

linguagem da televisão<br />

e as maquetes<br />

que representavam<br />

a cidade do Rio de<br />

Janeiro. A professora<br />

da turma, Rosimar<br />

Nascimento, valoriza<br />

muito a atividade<br />

com projeto porque<br />

pode trabalhar os<br />

conteú dos de forma<br />

integrada, pondo foco na cidadania,<br />

com leitura, interpretação e<br />

resolução de problemas.<br />

Segundo a educadora, um<br />

tema provoca outro e o trabalho<br />

desenvolve a interdisciplinaridade,<br />

aproveitando a realidade<br />

da clientela. “Abordamos a Copa<br />

do Mundo e aproveitamos para<br />

escrever sobre o time favorito. A<br />

propaganda serviu de gancho para<br />

explorar conceitos matemáticos,<br />

como compras, preços, troco e<br />

também a parte de ciências com os<br />

alimentos. Com a copa também lemos<br />

contos africanos e estudamos<br />

folclore. Os conhecimentos servem<br />

para o dia a dia”. Para finalizar a<br />

temática das lendas brasileiras, a<br />

turma dramatizou o conto indígena<br />

“Como nasceram as estrelas”.<br />

Entusiasmada, a assessora pedagógica<br />

Rosana Paldes concluiu<br />

que a experiência foi importante<br />

para incentivar a aprendizagem,<br />

aproximar os pais dos filhos e<br />

estimular a expressão e o esforço<br />

coletivo: “Sabemos que um ambiente<br />

mais tranquilo e a parceria<br />

da família são fatores decisivos<br />

para o para o desempenho do<br />

educando. Além das brincadeiras<br />

os responsáveis fizeram parte do<br />

contexto: os participantes tiveram<br />

oportunidade de entrar na sala de<br />

leitura, de vídeo, atuar nas oficinas<br />

de reciclagem e aprender com seus<br />

filhos”.<br />

CAP Iserj – Instituto Superior de<br />

Educação<br />

Rua Mariz e Barros, 273 – Tijuca<br />

– Rio de Janeiro/RJ<br />

CEP: 20040-020<br />

Tel.: (21) 2234-2501<br />

Coordenação geral: Mônica Lorena<br />

Fotos: Marcelo Ávila<br />

40 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Língua Portuguesa<br />

Pronomes Pessoais<br />

1ª parte – Caso Reto<br />

Sandro Gomes*<br />

Os pronomes pessoais são aqueles que indicam uma das três pessoas que podem estar<br />

presentes num discurso, que são as seguintes:<br />

A pessoa que fala / A pessoa com quem se fala / A pessoa de quem se fala<br />

Os dois casos de pronomes pessoais são o Reto e o Oblíquo. Vamos a cada um deles.<br />

Os pronomes pessoais do caso Reto são aqueles que desempenham a função sintática<br />

de sujeito da oração. Acompanhe os exemplos no singular e no plural.<br />

A pessoa que fala: Eu faria tudo novamente sem dúvida. / Nós aguardaremos com<br />

ansiedade.<br />

A pessoa com quem se fala: Tu responderás com educação. / Vós sabeis a resposta.<br />

A pessoa de quem se fala: Ele é o mais rápido da equipe. / Eles saberão escolher o melhor.<br />

Omissão dos Pronomes Retos<br />

Frequentemente os pronomes pessoais podem ser omitidos nas orações, mas os praticantes<br />

da língua o percebem facilmente pela flexão do verbo que acompanha o sujeito.<br />

Inclusive, pela norma culta da língua, é recomendável que, sempre que possível, se pratique<br />

a omissão do pronome pessoal reto. Observe:<br />

(Tu) Encontrarás a pessoa certa quando for o tempo. / (Eu) Irei de qualquer modo. /<br />

(Nós) Sempre desejamos as coisas alheias. / (Ele/ela) Irá assim que ordenarem.<br />

Para onde vão os pronomes retos?<br />

No uso da língua portuguesa falada no Brasil parece que os pronomes retos<br />

estão sendo submetidos a um processo de deriva, que pode levá-los ao completo<br />

desuso. O pronome você, uma criação do português praticado em nosso país,<br />

tem se sobreposto ao uso de tu e de vós. Veja: Tu deves (você deve) tentar com<br />

insistência. / Vós sabeis (vocês sabem) o que fazer.<br />

Repare que o uso de você/vocês também é acompanhado da mudança de conjugação,<br />

que passa a ser a da 3ª pessoa, quando os pronomes originalmente usados<br />

pediam a 2ª pessoa.<br />

A mesma coisa ocorre com o a gente, , que substitui o pronome reto nós. Da<br />

mesma forma que no caso anterior, há mudança na conjugação. Nós pede a jugação na 3ª pessoa do plural enquanto que, ao usarmos o a gente, passamos a<br />

conjugar na 3ª pessoa do singular. Acompanhe o exemplo.<br />

con-<br />

Nós deveríamos passar o caso para o diretor. / A gente deveria<br />

passar o caso para o diretor.<br />

Não seria importante refletirmos sobre o modo como usamos o<br />

imenso patrimônio de nossa língua? Fica a questão para se pensar.<br />

Na próxima edição vamos continuar abordando os Pronomes Pessoais,<br />

agora os do caso oblíquo. A coluna espera você para mais essa<br />

viagem pelos caminhos da Língua Portuguesa. Até a próxima, pessoal!<br />

*Sandro Gomes é Graduado em Língua Portuguesa e Literaturas Brasileira e<br />

Portuguesa, além de Revisor da Revista <strong>Appai</strong> Educar.<br />

Amigo leitor, dúvidas, sugestões e comentários podem ser enviados para a redação<br />

da Revista <strong>Appai</strong> Educar, através do e-mail: : redacao@appai.org.br.<br />

Eu faria tudo<br />

novamente sem<br />

dúvida.<br />

Ilustração: Luiz Cláudio de Oliveira<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 41


Sustentabilidade<br />

De mãos dadas: sustentabilida d<br />

Sandra Martins<br />

Por meio de uma peça teatral, alunas da rede<br />

municipal de Nova Iguaçu mandaram um<br />

recado sobre a necessidade do cuidado com<br />

o meio ambiente. No cenário uma grande<br />

caia de TV escondia duas crianças e, do lado de fora,<br />

outra representava o Sol. Ao som da percussão, as<br />

pequenas atrizes ao redor da caia cantaram pela<br />

preservação da natureza, dos rios, das florestas, da<br />

vida humana.<br />

Durante a mostra, professores e alunos se re<br />

vezaram em diversas atividades: dança, desfile,<br />

eposições de desenhos, reescrita de histórias da<br />

literatura infantil, vestuário com materiais reciclados,<br />

brinquedos, maquetes com ambiente degradado e<br />

ambiente preservado, dicionário ilustrado de palavras<br />

brasileiras de origem africana, personagens da<br />

literatura infantil, lendas, histórias dos alimen<br />

tos, personalidades tradicionais, poemas sobre<br />

animais em etinção.<br />

A motivação para o desenvolvimento do pro<br />

jeto, segundo a diretora Adriana Mendes Gomes,<br />

tem relação direta com o meio ambiente da re<br />

gião: “As crianças não respeitavam nem o meio<br />

ambiente e nem a si mesmas”, disse Luzinete<br />

Silvestre Maia, da coordenação do projeto. A<br />

ideia era trabalhar a identificação positiva das<br />

crianças e a construção de uma nova cultura<br />

de proteção a todas as formas de vida, assim<br />

como os genes contidos em cada indivíduo e<br />

as interrelações, ou ecossistemas, nos quais<br />

a eistência de uma espécie afeta diretamente<br />

muitas outras. Desta forma, nada mais natural<br />

que África e Brasil darem as mãos pela biodi<br />

versidade, também na perspectiva étnicoracial.<br />

Ou melhor, “Projeto Nova Era, de muitas cores”,<br />

ressaltou Luzinete.<br />

O pontapé inicial foi dado com o filme Besouro,<br />

ficção sobre um dos maiores capoeiristas brasileiros.<br />

Os alunos foram estimulados a pesquisar<br />

sobre a influência africana em vários contextos,<br />

como a culinária, os costumes, o vocabulário.<br />

Com as palavras encontradas e conceitos definidos,<br />

criaram um dicionário. Com a recontação<br />

das histórias do livro As pérolas de Cadija, de<br />

Joel Rufino dos Santos, a professora Izabela M.<br />

dos Santos desencadeou a produção de um livro con<br />

tendo as redações dos alunos, ficando um exemplar<br />

na biblioteca da escola.<br />

Com os contos O menino Nito e A Menina bonita<br />

do laço de fita a professora Jaqueline da S. Reis<br />

instigou debates sobre ética, moral, preconceito,<br />

sensibilidade e regras repressoras. Os cabelos<br />

sempre são um tema bastante polêmico, mesmo<br />

entre crianças. E, por conta deles, foram feitos<br />

dois painéis que mostravam o orgulho dos traços<br />

e cabelos não só da garotada da escola, como de<br />

alguns funcionários. Um deles foi fruto do debate<br />

sobre o teto O cabelo de Lelê, de Valéria Belém.<br />

E o outro teve como inspiração o projeto Olhares<br />

Iguaçuanos – painéis com fotos de pessoas públicas<br />

Comprometidos com o<br />

aprendizado lúdico, os<br />

alunos expõem o quanto<br />

cada ser é importante na<br />

manutenção do ecossistema<br />

42 Revista <strong>Appai</strong> Educar


de e biodiversidade<br />

e moradores de Nova Iguaçu que<br />

a Prefeitura colocou em alguns<br />

pontos do município. No caso da<br />

escola, o painel retratava imagens<br />

da comunidade escolar.<br />

Uma das inúmeras descobertas<br />

sobre semelhanças culturais foram<br />

as brincadeiras e os brinquedos. A<br />

partir da ideia inicial de trabalhar<br />

o pareamento, estimativa, noção<br />

de quantidade e representação<br />

a professora Carla Machado in<br />

centivou os alunos do 3º ano a<br />

pesquisarem sobre brinquedos e<br />

brincadeiras no Brasil e na África.<br />

Entre os achados: telefone sem<br />

fio, peteca, jongo, empinar pipa,<br />

sai da toca, bilboquê, Mancala ou<br />

Yoté. O jogo Mancala (jogo de<br />

semeadura), uma espécie de a xa<br />

drez africano, foi eleito o melhor<br />

jogo para a infância pela Unicef e,<br />

em alguns países africanos, tais<br />

jogos de estratégia estão muito<br />

ligados às tradições. Para ensinar<br />

as regras do jogo, a professora<br />

formou grupos de quatro alunos.<br />

Enquanto um jogava, os outros<br />

assistiam, depois se revezavam.<br />

Mateus, 10 anos, após terminar<br />

sua partida com<br />

o xadrez afri<br />

cano, mostrou<br />

orgulhoso como<br />

brincar com o<br />

bilboquê, produ<br />

zido por ele com<br />

garrafa pet, bar<br />

bante e bolinha<br />

de isopor.<br />

Ao apre<br />

sentarem a pro<br />

dução coletiva<br />

de sua turma<br />

do 4º ano, Bre<br />

no e Viviane, de<br />

11 e 10 anos,<br />

explicavam que<br />

cada mancala<br />

apresentava um<br />

animal ameaça<br />

do de extinção<br />

e no verso suas<br />

características e<br />

as consequên<br />

cias de seu de<br />

saparecimento<br />

para o ecos<br />

sistema. Entre<br />

eles estão o peixe-boi, a onçapintada,<br />

o papagaio, a rolinha, a<br />

tartaruga-de-couro. Para ajudar<br />

na conscientização, os alunos<br />

criaram um berçário de hortaliças<br />

e fizeram coleta seletiva.<br />

Para Carla Lacerda, diretora ad<br />

junta, a interação entre os docentes<br />

foi fundamental para manter a in<br />

terdisciplinaridade. Assim, o dueto<br />

entre Literatura e História incenti<br />

vou os alunos do 8º ano a criarem<br />

histórias em quadrinhos com a<br />

releitura da obra Meu tataravô era<br />

africano, de Georgina Martins. Já<br />

as professoras de Matemática e de<br />

Língua Portuguesa produziram um<br />

jogo de perguntas e respostas com<br />

seis questões matemáticas.<br />

Um planeta sustentável é a<br />

união possível entre sustentabi<br />

lidade e biodiversidade. Este foi<br />

o mote para a redação proposta<br />

pela professora Débora Magalhães<br />

sob o título “Seu planeta precisa<br />

de você”. Categórica quanto ao<br />

alcance dos objetivos, a educado<br />

ra afirmou ser possível observar<br />

algumas mudanças comporta<br />

mentais nas crianças, como a<br />

preocupação em não se jogar pa<br />

péis no chão e o fechamento das<br />

torneiras ao escovar os dentes. O<br />

que foi confirmado por Luzinete,<br />

que afirmou estarem os alunos<br />

mais cuidadosos com a higiene do<br />

local e a pessoal.<br />

Escola Municipal Jardim Nova Era<br />

Rua Arthur Moura, 95 – Jardim<br />

Nova Era – Nova Iguaçu/RJ<br />

CEP: 26272-140<br />

Tel.: (21) 3103-0960<br />

Diretora Geral: Adriana Mendes<br />

Gomes<br />

Diretora Adjunta: Carla Lacerda<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 43


Educação Artística<br />

Arte em várias dimensões<br />

Movimento da pintura<br />

moderna ilude o olhar<br />

Antonia Lúcia<br />

Uma arte que se apropria da falibilidade do olho para projetar<br />

seus movimentos ilusórios, sobrepostos e vibrantes entre o<br />

fundo e o foco principal através das cores em preto e branco<br />

ou colorido. Assim podemos descrever o movimento OP ART,<br />

abreviado da expressão inglesa optical art. Durante quatro semanas,<br />

os alunos da Escola Municipal Rosária Trotta, em Campo Grande, exploraram<br />

o universo da arte visual desse estilo de pintura moderna,<br />

cujos traços se realizam em diferentes figuras geométricas provocando<br />

sensações de profundidade, velocidade e multiplicação.<br />

Idealizador do projeto, o professor de Artes Visuais Marcelino<br />

Rodrigues conta que a ideia nasceu da necessidade de se criar algo<br />

tridimensional, que pudesse ser exposto na escola, com o objetivo<br />

de ajudar os alunos a entenderem como a Arte pode estimular e até<br />

mesmo iludir nosso olhar. Segundo ele, o objetivo era explorar as<br />

teorias das dimensões e ao mesmo tempo relacioná-las à prática<br />

através dos conteúdos trabalhados em sala de aula sobre Arte e<br />

ilusão de ótica, de forma que<br />

os alunos, a partir do movimento<br />

OP ART, elaborassem<br />

criações inovadoras. “Esses<br />

painéis, intitulados por mim<br />

como “Painéis Coletivos op”,<br />

foram confeccionados com<br />

os trabalhos de todos os<br />

estudantes”, explica.<br />

Buscando colaborar<br />

para o desenvolvimento do<br />

senso espacial dos alunos<br />

e fazê-los perceber a diferença<br />

entre uma forma bidimensional<br />

e outra tridimensional, além de<br />

ampliar o universo cultural dos educandos<br />

a partir de um abrangente<br />

conceito da arte, houve o incentivo<br />

aos alunos através de vídeos sobre<br />

a OP ART, com imagens de ilusão de<br />

ótica de diversas espécies, leitura<br />

e interpretação de textos. Após a<br />

primeira etapa de apresentação e<br />

ambientação do movimento o professor<br />

Marcelino conta que, juntamente<br />

com os alunos, pensou em<br />

montar uma exposição onde fossem<br />

apresentados trabalhos tridimensionais<br />

com a temática da Optical Art.<br />

A aluna Bruna Luiz afirmou que o<br />

projeto a ensinou muitas outras coisas,<br />

entre elas mexer com a régua<br />

44 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Representações do<br />

movimento OP ART –<br />

abreviação da expressão<br />

inglesa optical art<br />

“Num primeiro olhar às<br />

vezes não se consegue<br />

compreender o que a<br />

obra quer mostrar. Mas<br />

aprendi também que há<br />

ocasiões em que agente<br />

olha e não entende,<br />

porém, se nos fixarmos<br />

bem, é possível captar<br />

a mensagem”, ensina<br />

Bruna, afiançada pelo depoimento<br />

do seu colega<br />

de classe William Torres,<br />

que revela ter aprendido<br />

a observar mais as obras<br />

de arte, coisa que não<br />

fazia. “Apenas olhava e<br />

não ligava”.<br />

Ao final, o projeto rendeu<br />

um grande painel com<br />

trabalhos em preto e<br />

branco, coloridos e surpreendentes,<br />

conta o<br />

professor Marcelino. “Os<br />

alunos perceberam que<br />

atuar em equipe tem um<br />

efeito mais grandioso e<br />

expressivo. Os pais também<br />

puderam apreciar e<br />

compartilhar o processo<br />

criativo de seus filhos,<br />

além de conhecer um<br />

pouco mais sobre Arte.<br />

Assim como os colegas<br />

das outras turmas e demais<br />

professores”<br />

Na opinião da aluna<br />

Isabel Marcolino, o projeto<br />

proporcionou aprendizado para<br />

outras áreas do conhecimento.<br />

“Conheci outros tipos de arte, pois<br />

pensava que ela se restringia só<br />

a desenhos e, sobretudo, descobri<br />

que existem muitas outras<br />

maneiras de se expressar”, justie<br />

criar uma forma bem certinha.<br />

No decorrer das aulas expositivas,<br />

nas quais houve a oportunidade<br />

de discutir e compreender<br />

o que foi o movimento OP ART e<br />

de experimentar a prática de uma<br />

visualidade inovadora a partir dos<br />

conceitos apreendidos, os alunos<br />

foram incentivados a elaborar um<br />

cubo inspirado na obra SIR-RIS<br />

– do artista Victor Vasarelly, dos<br />

anos 1930, radicado na França,<br />

considerado o “pai da OP ART”<br />

–, para que no final criassem um<br />

grande painel coletivo com todos<br />

os trabalhos.<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 45


fica Isabel, explicando que antes<br />

dessas aulas não ligava para esse<br />

movimento artístico. “Achava<br />

tudo uma bobeira. Agora, sim,<br />

entendo que quem faz arte tem<br />

mais expressão”. Para o professor<br />

de Artes Visuais Marcelino Rodrigues<br />

os resultados foram além do<br />

esperado, pois mais que o aprendizado<br />

os alunos conseguiram<br />

criar um ambiente de inclusão<br />

onde todos os trabalhos foram<br />

valorizados, de forma criativa, no<br />

final do processo.<br />

Painéis confeccionados<br />

pelos alunos durante o<br />

projeto de artes visuais<br />

Escola Municipal Rosária Trotta<br />

Praça Rosária Trotta, s/n° – Campo<br />

Grande – Rio de Janeiro/RJ<br />

CEP: 23030-720<br />

Tel.: (21) 3394-1260<br />

Diretor: Sérgio Luiz Pereira<br />

Fotos cedidas pela escola<br />

Características conceituais<br />

Técnica<br />

A dinâmica da pintura na OP ART é alcançada com a oposição de estruturas idênticas que interagem<br />

umas com as outras, produzindo o efeito óptico. Diferentes níveis de iluminação também são utilizados<br />

constantemente, criando a ilusão de perspectiva. A interação de cores, baseada nos grandes contrastes<br />

(preto e branco) ou na utilização de cores complementares, são a matéria-prima da OP ART.<br />

Principais expoentes<br />

Ad Reinhardt – Pintor americano, nascido em Nova York. Artista e teórico, Reinhardt é mais conhecido por<br />

suas pinturas em preto, que marcam sua fase artística posterior a 1960. Adepto do minimalismo, Reinhardt<br />

utilizava apenas o preto em suas variações em suas obras, rejeitando os atributos convencionais da pintura.<br />

Keneth Noland – Pintor americano, da Carolina do Norte. Noland utilizou-se em suas obras de listras e cores<br />

básicas. Ele enfatiza o plano da tela empregando cores uniformes. Em seu trabalho, a cor é o objetivo. Seus<br />

trabalhos mais recentes abandonaram as cores básicas, usando agora cores modificadas em vários tons.<br />

Bridget Riley – Pintora inglesa, associada também ao movimento Pop Art. O estilo de Riley é marcado por<br />

listras que se sobrepõem, curvas onduladas, discos concêntricos e quadrados ou triângulos que se repetem.<br />

Devido à organização sequencial e à relação de cores de suas obras, há a criação de sensações ópticas<br />

de ritmo nas superfícies, que parecem vibrar.<br />

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Op_art<br />

46 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Saúde<br />

42 Revista <strong>Appai</strong> Educar


Nota de solidariedade a comunidade escolar e<br />

familiares da Escola Municipal Tasso da Silveira<br />

----------------------------------<br />

A <strong>Appai</strong> - Associação Beneficente de Professores Públicos Ativos e Inativos do Estado do<br />

Rio de Janeiro - expressa nosso grande pesar com a tragédia ocorrida na Escola Municipal<br />

Tasso da Silveira, em Realengo. E se solidariza com toda a comunidade escolar, familiares<br />

e com todas as redes de ensino da nossa cidade. Mesmo em luto, reafirmamos a nossa<br />

certeza de que só a Educação tem o poder de transformar, intelectual e moralmente,<br />

indivíduos em cidadãos de bem.<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar<br />

(Veículo de Apoio ao Profissional de Educação)<br />

Seguro de<br />

Acidente Pessoal Coletivo<br />

(Invalidez)<br />

Serviço Social<br />

Benefício de<br />

Educação Continuada<br />

(Ciclo de Cursos e Palestras)<br />

Jurídico<br />

Dança de Salão<br />

(Atividade Recreativa)<br />

Seguro de Vida em Grupo<br />

(Morte e para algumas doenças graves)<br />

Assistência Funeral<br />

ANS - Nº 38254-0<br />

* Nas localidades e nos limites dos benefícios disponibilizados pela <strong>Appai</strong><br />

Médico Ambulatorial Básico Coletivo* (sem internação)<br />

(Atendimento limitado, por ser anterior à lei específica, a alguns<br />

exames, procedimentos e especialidades)<br />

Odontológico Ambulatorial Básico Coletivo*<br />

(Atendimento limitado, por ser anterior à lei específica, a alguns<br />

exames, procedimentos e especialidades)<br />

Convênios e parcerias com outras instituições (Opcionais):<br />

Plano Hospitalar Coletivo<br />

Pousadas<br />

OBS.: Antes de se associar, consulte a Relação de Benefícios para obter mais informações sobre a amplitude dos mesmos e outros convênios.<br />

**Ao associar-se à <strong>Appai</strong>, você poderá descontar em folha a sua contribuição associativa.<br />

**A opção do desconto em folha estará disponível apenas para os órgãos ou entidades que tenham convênio e/ou parceria com a <strong>Appai</strong>.<br />

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Associação Beneficente dos Professores Públicos Ativos e Inativos do Estado do Rio de Janeiro<br />

Rua Senador Dantas, 117 – sobreloja 211 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – CEP 20031-911<br />

Tel.: (21) 3983-3200 – Portal: www.appai.org.br – Correio Eletrônico: appai@appai.org.br<br />

48 www.appai.org.br/Jornal_Educar – Revista <strong>Appai</strong> Educar

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