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Ano 14 – Nº 71 – 2011 – CIRCULAÇÃO DIRIGIDA – DIS TRI BUI ÇÃO GRA TUI TA<br />
Biblioteca Parque Manguinhos<br />
IM PRES SO<br />
www.appai.org.br
Ano 14 – Nº 71 – 2011 – CIRCULAÇÃO DIRIGIDA – DIS TRI BUI ÇÃO GRA TUI TA<br />
Biblioteca Parque Manguinhos<br />
www.appai.org.br
Opinião<br />
Professores em fuga<br />
Vera Lúcia Pereira dos Santos*<br />
Não constitui surpresa saber que caiu o número de formandos em cursos que<br />
preparam docentes. O desinteresse dos adolescentes pelo magistério não se revelou<br />
repentinamente. É reflexo de um processo que vem se corporificando há muito tempo<br />
no exercício do magistério, aliado à decadência do ensino público monitorado por<br />
políticas públicas equivocadas.<br />
Como professora de escola pública nas décadas de 1970, 80 e 90, fui<br />
testemunha da aplicação de leis, regimentos e normas pretensamente democráticas, inovadoras e lucionárias, impostas ao professor como panaceias solucionadoras de todos os problemas educacionais. A<br />
revoescola<br />
transformou-se em entidade predominantemente assistencialista e ao mestre era atribuída toda a<br />
responsabilidade pelo insucesso do aluno – a reprovação, se ultrapassada determinada porcentagem, era<br />
sinônimo de incompetência didática. O professor foi perdendo sua autonomia e, sem ela, sente-se desprestigiado,<br />
desmotivado e desestimulado, e seu aluno percebe esse desencanto.<br />
Para esse processo de desconstrução, vários outros fatores contribuíram. Entre eles, ainda da perspectiva<br />
do docente, destaco o tratamento dispensado aos cursos de formação de professores da Educação Básica.<br />
Aos docentes que atuavam nesses cursos recomendava-se, não oficialmente, agir com complacência e não<br />
exigir muito do aluno na atividade didática. Isso porque o perfil da clientela, segundo orientadores e diretores<br />
de escola, era formado por adolescentes menos favorecidos economicamente e com poucos subsídios<br />
culturais e que, muitas vezes, ignoravam o alcance de sua vocação.<br />
Não seria essa uma forte razão para se elevar o nível desses jovens, futuros mentores da fase mais<br />
importante e decisiva do ensino, a alfabetização? O que pensar de cursos de graduação em Pedagogia que<br />
serviram durante algum tempo de meio de aquisição de maior remuneração para docentes e acesso à classificação<br />
privilegiada na atribuição de aulas?<br />
Via e vejo nessa atitude facilitadora e desvirtuada uma contradição que só poderia resultar no quadro<br />
preocupante que hoje mobiliza institutos de pesquisas, educadores e especialistas em Educação na tentativa<br />
de revertê-lo. A ausência de atração pela carreira docente entre estudantes do Ensino Médio soma-se ao<br />
desalento do magistério e cria uma lacuna perigosa na formação de outros profissionais? Quem irá orientálos?<br />
Qual é a saída desse labirinto? É óbvio que há soluções e elas já foram apresentadas por pesquisadores<br />
abalizados como Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas. Agora falta aplicá-las. Os professores estão<br />
fugindo não por covardia, mas em busca da própria dignidade.<br />
* Vera Lúcia Pereira dos Santos é Doutora em Linguística e em Língua Portuguesa e suporte pedagógico<br />
de Português no Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br).<br />
Corpo e Movimento na Escola<br />
Tania Marta Costa Nhary*<br />
Em se tratando do contexto escolar, as questões que envolvem corpo e o movimento são<br />
muito complexas. Que lugar o corpo ocupa na escola? O que ele expressa ao moverse?<br />
Que atenção nós, professores, dedicamos ao corpo das crianças na escola? Essas<br />
questões são pouco debatidas nas propostas e projetos educativos, ficando muito mais<br />
a cargo da educação física, como disciplina escolar, tratar de uma pedagogia relacionada<br />
ao corpo. O que desejo alertar é que as atividades que envolvem a cultura corporal do<br />
movimento, manifestada sob a forma de ludicidade no cotidiano escolar, devem ser<br />
percebidas, apreendidas e compreendidas pelos educadores de diferentes áreas e de<br />
diferentes segmentos de ensino como proposta possível de ação na e para a educação.<br />
Os espaços de diferentes vivências corporais lúdicas como a dança, jogos, brincadeiras livres e esportes são<br />
representações das manifestações humanas em que a criança faz emergir sua noção de mundo. Transmitidas<br />
não simplesmente como instrumento metodológico do professor, as atividades lúdicas que envolvem<br />
o movimento corporal devem ser entendidas como atividades de uma prática pedagógica pertencente não<br />
apenas ao campo da educação física, mas que se entrelaça por diferentes conhecimentos escolares, pois se<br />
traduzem num saber-fazer simbólico e cultural. Daí a necessidade de se observar o que acontece no recreio,<br />
na movimentação livre das crianças em diferentes espaços, na expressividade dos corpos a se movimentar<br />
por toda a escola. Há muito a se descobrir sobre os modos da criança sentir, pensar e agir quando estão<br />
envolvidas em atividades que envolvem o movimento corporal. Esses são espaços-tempos propícios para<br />
conhecermos melhor nossos alunos, para nos aproximarmos de seu mundo, suas intenções, sentimentos,<br />
desejos e ações. Sendo assim, que tal brincar no recreio livremente com eles? Ouvir e ver a movimentação<br />
da rampa da escola, do pátio, da quadra? Levar para as salas de aula atividades lúdicas que envolvam o<br />
corpo em movimento? Nada mais renovador que descortinar a poética do corpo das crianças na escola. Essa<br />
prática pode levar você, professor, a descobertas interessantes sobre seus alunos.<br />
*Tania Marta Costa Nhary é Professora Assistente da Faculdade de Formação de Professores da Universidade<br />
do Estado do Rio de Janeiro; Coordenadora da disciplina Educação Infantil na Unirio Ensino EAD, Doutoranda<br />
em Educação; Mestre em Educação e Graduada em Educação Física.<br />
Expediente<br />
Conselho Editorial<br />
Julio Cesar da Costa<br />
Ednaldo Carvalho Silva<br />
Jornalismo<br />
Antônia Lúcia Figueiredo<br />
(M.T. RJ 22685JP)<br />
Colaboração<br />
Cláudia Sanches, Sandra Martins, Tony Carvalho,<br />
Marcela Figueiredo, Wellison Magalhães<br />
e Fábio Lacerda<br />
Fotografia<br />
Marcelo Ávila e Tony Carvalho<br />
Design Gráfico<br />
Luiz Cláudio de Oliveira<br />
Revisão<br />
Sandro Gomes<br />
Periodicidade e tiragem<br />
Bimestral – 70.000 (setenta mil)<br />
Impressão e distribuição<br />
Gráfica Ediouro – Correios<br />
Professores, enviem seus projetos para a<br />
redação do Jornal Educar:<br />
End.: Rua Senador Dantas, 117/222<br />
2º andar – Centro – Rio de Janeiro/RJ.<br />
CEP: 20031-911<br />
E-mail: jornaleducar@appai.org.br<br />
redacao@appai.org.br<br />
Endereço Eletrônico:<br />
www.appai.org.br<br />
Tel.: (21) 3983-3200<br />
• Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira res pon sabilidade dos autores.<br />
2 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Online<br />
Portal <strong>Appai</strong><br />
Da esq. p/ dir.: Instrutor Anderson<br />
Augusto, Presidente da <strong>Appai</strong> Julio<br />
Cesar da Costa, Atleta Cosme<br />
Ancelmo, Prof. Dr. Sérgio Moreira,<br />
Atleta Gisele Barros, Treinador Filé,<br />
Medalhista Márcia Narloch<br />
Medalhista de<br />
ouro no Panamericano<br />
Márcia Narloch<br />
da Equipe <strong>Appai</strong><br />
BemViver<br />
Equipe BemViver<br />
Atletas da Equipe BemViver<br />
falam sobre suas carreiras<br />
<strong>Appai</strong> reuniu atletas de nível internacional para<br />
um bate-papo informal com os seus funcionários<br />
sobre a importância da atividade física. Durante<br />
um pouco mais de 2 horas a medalhista de ouro<br />
Marcia Narloch, os maratonistas Gisele Barros,<br />
Juliana de Souza, Cosme Ancelmo, o treinador de<br />
atletas de alta performance Jorge Augustinis, o filé,<br />
falaram sobre suas carreiras e suas experiências<br />
no esporte e na vida. Uma das curiosidades dos<br />
convidados era saber o que é preciso fazer para ter<br />
um bom condicionamento físico.<br />
De acordo com o prof. Dr. Sérgio Bastos Moreira,<br />
autor de vários livros na área desportiva, e o treinador<br />
“filé”, é necessário um conjunto de ações, mas,<br />
sobretudo, o acompanhamento de um profissional<br />
da área do esporte e de outros profissionais da área<br />
da saúde.<br />
Ao final do evento, os três primeiros funcionários,<br />
nas categorias feminino e masculino, que obtiveram as<br />
melhores colocações no Circuito das Estações Adidas,<br />
receberam incentivos pelo desempenho e determinação.<br />
“O envolvimento e a satisfação dos funcionários<br />
que participam do evento, aliados à manifestação do<br />
quadro social nesse sentido, nos impulsionam a fazer<br />
dessa atividade esportiva – caminhadas e corridas – ,<br />
em breve, um novo benefício para os associados da<br />
<strong>Appai</strong>”, revela Julio Cesar da Costa, presidente da Associação.<br />
As atividades de caminhadas e corridas são<br />
realizadas três vezes na semana, na praça Paris, no<br />
Centro do Rio, sob a orientação de Anderson Augusto,<br />
instrutor da equipe <strong>Appai</strong> BemViver.<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 3
Artigo<br />
A distância entre<br />
intenção e gesto<br />
Leia este artigo na<br />
íntegra na edição 71<br />
online no sítio:<br />
www.appai.org.br/<br />
revistaappaieducar<br />
Andrea Gouvêa Vieira<br />
Um dos méritos da atuação<br />
da Prefeitura do Rio de<br />
Janeiro é ter colocado a<br />
Educação como notícia.<br />
Saber o que anda acontecendo<br />
na rede de ensino virou pauta dos<br />
jornais e TVs. O problema é que a<br />
abordagem está, a meu ver, chapa<br />
branca, ou seja, oficialista demais.<br />
Não que os avanços não tenham<br />
acontecido. Só o reconhecimento<br />
do elevado número de analfabetos<br />
funcionais e o cuidado em reverter a<br />
situação já merecem aplausos. Mas<br />
é aquela velha história que se repete:<br />
o que é bom a gente mostra; o<br />
que é ruim a gente esconde.<br />
É preciso, com muita transparência,<br />
mostrar que nem tudo o que se<br />
tenta fazer está alcançando resultados<br />
e que a vasta rede municipal de<br />
ensino tem ainda grandes problemas,<br />
tanto na área acadêmica como<br />
na sua infraestrutura física. Só com<br />
o reconhecimento desses problemas,<br />
publicamente, é que o Governo terá<br />
sucesso no resultado final.<br />
Vou dar o exemplo do programa Escolas<br />
do Amanhã. São 150 escolas em<br />
áreas de risco, que ganharam tratamento<br />
especial (R$ 54 milhões em<br />
2011). Entre outras particularidades,<br />
deveriam funcionar em tempo integral,<br />
ou seja, os alunos ficariam sob<br />
cuidados da instituição em projetos<br />
culturais, esportivos e de reforço escolar<br />
no contraturno. Apesar de não<br />
ter atingido nem 30% dos alunos, a<br />
Prefeitura, quando fala do programa,<br />
não menciona esse fato, o que leva<br />
a opinião pública a acreditar que<br />
os alunos das Escolas do Amanhã<br />
estudam em tempo integral.<br />
Dei esse exemplo porque acredito<br />
que o sistema de permanência<br />
das crianças pelo menos sete horas<br />
diárias sob a supervisão da escola é<br />
fundamental na nossa cidade. Não<br />
significa ficar dentro de uma sala<br />
de aula estudando o tempo todo. O<br />
importante é poder realizar as atividades<br />
esportivas, de lazer, culturais,<br />
com atendimento à saúde, sob o<br />
olhar pedagógico. E, se tivesse sido<br />
realmente efetivado nas 150 Escolas<br />
do Amanhã, o programa seria um<br />
bom teste para a ampliação do tempo<br />
integral para outras escolas.<br />
Atualmente, a rede municipal tem<br />
apenas 170 escolas funcionando em<br />
horário integral. Os alunos permanecem<br />
o dia todo no colégio. Têm<br />
aulas e oficinas de manhã e à tarde.<br />
Funcionam neste sistema 131 escolas<br />
regulares e de Educação Infantil<br />
e mais 39 Escolas do Amanhã, to-<br />
talizando 43.327 alunos. Ou seja,<br />
apenas 5% das 700 mil crianças<br />
matriculadas na rede.<br />
Se quisermos melhorar o ensino<br />
na nossa cidade, é preciso<br />
aumentar muito este número. Há<br />
no Plano Diretor, sancionado em<br />
janeiro, a determinação de que,<br />
em dez anos, toda a rede funcione<br />
em horário integral, o que, segundo<br />
a SME, deverá ser estendido a<br />
mais 12 escolas, ainda este ano.<br />
Para que professores e alunos<br />
permaneçam durante sete horas<br />
juntos, com o conforto necessário,<br />
terão que ser construídas muitas<br />
escolas e outras tantas deverão ser<br />
adaptadas. Falta de dinheiro não é<br />
desculpa. Como tenho dito e repetido,<br />
os recursos que são carimbados<br />
para a Educação continuam sendo<br />
desviados para outras áreas. Só<br />
em 2011, cerca de R$ 500 milhões<br />
deixarão de ir para a sala de aula.<br />
Quantas escolas poderiam ser<br />
construídas com o dinheiro que a<br />
Prefeitura deixa de aplicar no ensino?<br />
É só fazer as contas. Se uma<br />
escola-padrão custa em torno de<br />
R$ 5 milhões, em cinco anos teríamos<br />
500 novas escolas. Fica claro<br />
que existem recursos, sim.<br />
A seguir, falarei rapidamente sobre<br />
cada um dos outros programas<br />
que contam do orçamento de 2011:<br />
O Programa Espaço de Desenvolvimento<br />
Infantil tem dotação<br />
prevista de R$ 150.752.563,00.<br />
Deste total, R$ 62.164.276,00 serão<br />
destinados a obras e equipamentos.<br />
Os outros R$ 88.588.287,00 vão<br />
para manutenção e revitalização<br />
na atividade educativa e para aprimoramento<br />
curricular. Também<br />
em 2011, haverá 55.987 vagas em<br />
creches públicas e conveniadas. São<br />
11 mil a mais, porém ainda é muito<br />
pouco, pois dados do Ipea demonstram<br />
que o município do Rio tem<br />
340 mil crianças com idade entre 0<br />
e 3 anos e 11 meses. Logo, a rede<br />
atual tem capacidade para atender<br />
a apenas 16,5% desta população.<br />
Segundo estudo do Instituto<br />
Pereira Passos, o Rio tem 137 mil<br />
crianças entre 4 e 5 anos e 11<br />
meses. E apenas 68.203 estão matriculadas<br />
na pré-escola. Portanto,<br />
a rede pública atende a cerca de<br />
50% da demanda. Está prevista a<br />
expansão do atendimento, com 74<br />
obras em EDIs e creches em andamento,<br />
23 em fase de licitação e<br />
49 projetos em desenvolvimento.<br />
Também há previsão de melhoria<br />
dos espaços existentes e o aumento<br />
do pagamento per capita para<br />
alunos matriculados em creches<br />
conveniadas – de R$ 130,00 para<br />
R$ 160,00 por mês.<br />
No programa Reforço Escolar,<br />
há previsão orçamentária de R$<br />
22,3 milhões, que serão gastos<br />
para a realfabetização de quatro<br />
mil alunos do primeiro segmento<br />
e outros quatro mil analfabetos<br />
funcionais ou com defasagem de<br />
idade/série, no sexto ano. Já o<br />
Projeto de Aceleração pretende<br />
atender a 42 mil alunos do segundo<br />
segmento, com defasagem de<br />
idade/série.<br />
Estão previstos, ainda, investimentos<br />
na formação de alfabetizadores,<br />
produção de material<br />
pedagógico e o desenvolvimento<br />
da Educopédia – uma plataforma<br />
online, com aulas digitais, onde<br />
alunos e professores podem ter<br />
acesso a atividades autoexplicativas.<br />
Outro projeto é o Nenhuma<br />
Criança a Menos, com avaliação de<br />
gestão, plano de melhoria, visitas<br />
técnicas e curso para coordenadores<br />
pedagógicos das 116 escolas<br />
com os piores resultados na Prova<br />
Rio.<br />
A Prefeitura anuncia também<br />
contrato de gestão com cada escola,<br />
com metas de desempenho e<br />
combate à evasão escolar, dentro<br />
da ação Melhoria da Aprendizagem,<br />
Gestão e Reconhecimento.<br />
As escolas que atingirem as metas<br />
serão premiadas. A dotação inicial<br />
do Programa Saúde nas Escolas é<br />
de R$ 21,3 milhões. Estes recursos<br />
serão gastos em ações de promoção<br />
e prevenção à saúde, para<br />
estudantes da Educação Básica,<br />
gestores e profissionais da rede. O<br />
orçamento da Secretaria Municipal<br />
de Educação para 2011 é de R$ 3,5<br />
bilhões, e deveria ser de R$ 4 bilhões,<br />
caso o município respeitasse<br />
o mínimo constitucional de gastos<br />
na Manutenção e Desenvolvimento<br />
do Ensino.<br />
Para cobrar resultados efetivos,<br />
é preciso ter estes dados<br />
em mãos. No papel e no discurso,<br />
tudo parece estar resolvido,<br />
mas, na prática, sabemos que é<br />
diferente: professores continuam<br />
sem boas condições de trabalho,<br />
falta pessoal de apoio e as crianças<br />
continuam sem um ensino público<br />
de qualidade. Vamos avaliar bem a<br />
execução desse orçamento e descobrir<br />
a diferença entre a intenção<br />
e o gesto.<br />
Andrea Gouvêa Vieira<br />
Vereadora da Cidade do Rio de Janeiro<br />
E-mail: falecomigo@andreagouveavieira.com.br<br />
4 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Profissão Mestre<br />
Desvende os enigmas<br />
com seus alunos<br />
Nível Fácil<br />
A raposa e a galinha<br />
Um fazendeiro está levando uma raposa, uma galinha<br />
e um saco de grãos para casa. Para chegar lá, ele precisa<br />
atravessar um rio, mas ele pode apenas levar um<br />
item consigo de cada vez. Se a raposa for deixada<br />
sozinha com a galinha, ela a comerá. Se a galinha<br />
for deixada sozinha com os grãos, ela os comerá.<br />
Como o fazendeiro poderá atravessar o rio sem<br />
que nada seja comido?<br />
Nível Normal<br />
Três homens e três macacos<br />
Três humanos e três macacos (um grande e dois pequenos)<br />
precisam atravessar um rio. Porém, só está à disposição<br />
um barco, que comporta dois corpos (independentemente<br />
do tamanho), e apenas os humanos (ou o macaco maior)<br />
são fortes o suficiente para remá-lo. Além disso, o número<br />
de macacos nunca poderá ser maior do que o número de<br />
humanos em uma mesma margem do rio, ou os macacos<br />
irão atacar os humanos. Como atravessar o rio sem que<br />
nenhum dos seis se machuque?<br />
Nível Difícil<br />
A idade da menina<br />
Dois dias atrás, Suzana tinha 8 anos. Ano que vem ela<br />
terá 11! Como isso é possível?<br />
Resposta:<br />
Suzana deve ter nascido no dia 31 de dezembro de algum ano. Suponha que ela<br />
tenha nascido no dia 31 de dezembro de 2000. Isso significa que Suzana fará 9<br />
anos no dia 31 de dezembro de 2009. Suponha também que “hoje” seja dia 1º de<br />
janeiro de 2010. Caso suponhamos tais fatos, dois dias atrás seria 30 de dezembro<br />
de 2009, ou seja, ela ainda teria 8 anos. Voltando a 1º de janeiro de 2010, “ano<br />
que vem” será 2011. Logo, em 31 de dezembro de 2011 ela terá 11 anos.<br />
Resposta:<br />
O macaco grande leva um macaco pequeno para a outra margem e volta.<br />
Leva novamente um macaquinho pequeno para o outro lado e volta. Dois<br />
humanos vão para o lado de lá e um humano e um macaquinho voltam.<br />
Agora, dois humanos, o macaco grande e um macaquinho estão do lado<br />
inicial do rio e um humano e um macaquinho estão já do outro lado. Um<br />
humano e o macaco grande vão para o outro lado e o humano e um<br />
macaquinho voltam. Dois humanos vão para o outro lado e o macaco<br />
grande volta para buscar um dos macaquinhos, já que ambos estão do<br />
lado inicial do rio. O macaco grande traz o primeiro macaquinho, volta<br />
e traz o segundo, finalizando, assim, a travessia.<br />
Resposta:<br />
Ele pode levar a galinha para o outro lado, primeiramente. Depois, leva<br />
a raposa e a deixa lá, voltando para a outra margem com a galinha. Posteriormente,<br />
deixa a galinha nessa margem e leva os grãos para junto da<br />
raposa, na outra margem. Por fim, volta e busca a galinha que ficou do<br />
outro lado.<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 5
Livros<br />
Coleção ABC – Meus primeiros passos<br />
na leitura e na aprendizagem<br />
Salvat Editora – Tel.: (11) 3034-2226<br />
A coleção ABC – Meus primeiros passos<br />
na leitura e na aprendizagem foi<br />
concebida para crianças de 3 a 7 anos,<br />
com livros para ler e para aprender a ler. Em versos e<br />
ricamente ilustradas, as históras ensinam ao pequeno<br />
leitor o alfabeto, os números, as cores, as formas,<br />
as horas do dia, as estações do ano etc. Além disso,<br />
estimulam a observação e a descoberta de tudo que<br />
nos rodeia, da família à cidade...do mundo inteiro.<br />
Verbos em Espanhol – Desmitificando a<br />
conjugação de verbos em espanhol<br />
Fábio Ramos<br />
Viena Gráfica e Editora – Tel.: (24) 3355-<br />
2511)<br />
Excelente ferramenta de estudo e pesquisa sobre<br />
os verbos em espanhol, sua conjugação (com áudio),<br />
procedimento de como conjugar cada tempo verbal em<br />
espanhol com analogia aos tempos verbais em português,<br />
além de tradução e pronúncia figurada, facilitando o estudo<br />
e a aprendizagem do idioma através dos verbos.<br />
Formação permanente do professorado<br />
– Novas tendências<br />
Francisco Imbernón<br />
Cortez editora – Tel.: (11) 3864-0111<br />
O livro busca desenvolver o conceito<br />
de uma nova formação permanente do<br />
professorado, baseado num clima de colaboração,<br />
numa organização escolar minimamente estável, capaz<br />
de apoiar a formação, e na aceitação da diversidade<br />
entre os professores, característica que exige uma<br />
contextualização.<br />
Inclusão escolar<br />
Organizadores: Rejane Ramos Klein e<br />
Morgana Domênica Hattge<br />
Editora Paulinas – Tel.: (21) 2232-<br />
5486<br />
Este livro traz uma série de artigos de<br />
professores e pesquisadores que atuam na educação<br />
básica e no ensino superior e buscam abordar<br />
a questão da inclusão escolar na sua relação com a<br />
formação de professores e as políticas educacionais,<br />
que têm exigido processos cada vez mais contínuos<br />
e permanentes.<br />
A Língua como expressão e criação<br />
Rosana Morais Weg e Virgínia Antunes de<br />
Jesus<br />
Editora Contexto – Tel.: (11) 3832-5838<br />
Escrever com clareza e correção é mais<br />
importante quando se tem à disposição um<br />
guia rico em exemplos e dicas. A coleção Português<br />
na Prática, composta por dois volumes, reúne tópicos<br />
que ajudam a solucionar aquela dúvida impertinente<br />
que surge na última hora. A coleção funciona como<br />
excelente material para disciplinas de Língua Portuguesa<br />
dos mais diversos cursos universitários.<br />
Manual antibullying – Para alunos,<br />
pais e professores<br />
Dr. Gustavo Teixeira<br />
Editora BestSelller – Tel.: (21) 2585-<br />
2091<br />
O Manual antibullying oferece informações<br />
básicas e métodos efi cientes para prevenir e<br />
enfrentar a violência sofrida/praticada entre crianças<br />
e adolescentes. Segundo o autor é muito difícil,<br />
especialmente para pais e educadores, diferenciar<br />
o bullying de uma agressividade que faz parte da<br />
infância e da adolescência.<br />
Ciência no treinamento – Modelização<br />
matemática da performance<br />
Sérgio Bastos Moreira<br />
Shape Editora – Tel.: (21) 2532-0638<br />
Fazendo uma interface entre o treinamento<br />
desportivo e a fisiologia, a obra oferece importantes orientações<br />
para quem trabalha com a preparação de atletas<br />
de alto nível. O autor, de sólida formação acadêmica, mas<br />
também de muita vivência no mundo desportivo, ensina<br />
como realizar um treinamento equivalente ao praticado<br />
nos mais desenvolvidos centros do mundo.<br />
As competências para ensinar no<br />
século XXI<br />
Philippe Perrenoud e Monica Gather<br />
Thurler<br />
Editora Artmed – Tel.: (51) 3027-<br />
7000<br />
Os assuntos abordados são de alta relevância e possibilitam<br />
tomadas de decisão importantes, se quisermos<br />
que nossa escola fundamental trabalhe de um modo<br />
diferenciado e construtivo, apresentando, segundo<br />
o modo de pensar de cada autor, uma importante<br />
contribuição para o aprimoramento do ensino.<br />
6 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Guia Histórico<br />
Museu<br />
da Maré<br />
Marcela Figueiredo<br />
Inaugurado no dia 8 de maio de 2006, o Museu<br />
da Maré é o primeiro do país localizado dentro de<br />
uma comunidade. A instituição é o resultado de<br />
um conjunto de ações voltadas para o registro,<br />
preservação e divulgação da história das localidades<br />
da Maré em seus diversos aspectos, sejam eles culturais,<br />
sociais ou econômicos.<br />
Seu acervo, em construção permanente, é composto<br />
por mapas, vídeos, fotografias, recortes de<br />
jornais, brinquedos, apetrechos do cotidiano dos moradores<br />
e por documentos e objetos históricos sobre a<br />
Maré. A exposição é dividida em doze “tempos” nãocronológicos,<br />
onde os espaços contam a história dos<br />
moradores, imigrantes do Nordeste em sua maioria,<br />
e episódios da resistência social dos habitantes.<br />
Hoje, o Museu da Maré é uma das principais<br />
fontes de estudos sobre a memória e a história da<br />
comunidade. É um lugar de vida, intercâmbio entre<br />
gerações, que pretende tanto conscientizar seus moradores<br />
acerca do passado que os envolve, quanto<br />
mostrar para a sociedade em geral a riqueza histórica<br />
e cultural que reside nos subúrbios cariocas.<br />
Nascido a partir de uma iniciativa pioneira, a intenção<br />
com a criação do Museu da Maré é romper com<br />
a tradição e os paradigmas que permeiam a visão<br />
de que os espaços culturais são redutos de grupos<br />
intelectualizados. Com sua ousadia e releitura social,<br />
a instituição se propõe a ampliar o conceito museológico<br />
para que este não fique restrito aos grupos<br />
sociais mais favorecidos culturalmente e a espaços<br />
ainda pouco acessíveis à população em geral. A comunidade<br />
é lugar de memória e por isso nada mais<br />
significativo do que se fazer uma leitura museográfica<br />
a partir de tal percepção.<br />
Visitas guiadas: agendar através do telefone<br />
(21) 3868-6748<br />
Funcionamento: de terça a sexta, das 9 às 18h,<br />
e aos sábados, das 9 às 14h<br />
Museu da Maré: Av. Guilherme Maxwell, 26 –<br />
Bonsucesso – Rio de Janeiro/RJ<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 7
Meio Ambiente<br />
Um caminho para a<br />
Biodiversidade<br />
Projeto escolar conscientiza sobre a importância da preservação do meio ambiente<br />
Marcela Figueiredo<br />
O<br />
Centro Educacional André Luiz existe<br />
há 18 anos e desde a fundação sempre<br />
trabalhou para formar alunos conscientes<br />
de seu papel como cidadãos. Este ano,<br />
o corpo docente fez um investimento ainda maior<br />
buscando orientar os jovens sobre os cuidados necessários<br />
à preservação do meio ambiente. O projeto<br />
Biodiversidade – Um Caminho para a Longevidade foi<br />
um dos momentos que os estudantes tiveram para<br />
colocar em prática tudo o que aprenderam durante<br />
todo o ano letivo.<br />
O objetivo do projeto foi despertar e conscientizar<br />
os alunos, através da Educação Ambiental, sobre a<br />
importância da conservação das espécies e a busca<br />
de uma melhor qualidade de vida. Direção, coordenadores<br />
e professores trabalharam diversos temas<br />
relacionados à preservação do meio ambiente, como,<br />
por exemplo, reciclagem, melhor aproveitamento<br />
dos alimentos, utilização consciente da água, uso de<br />
plantas medicinais e reflorestamento. Cada turma<br />
ficou responsável por um assunto.<br />
No dia da exposição dos trabalhos uma representante<br />
da Secretaria do Meio Ambiente, além<br />
de técnicos da Cedae e do Corpo de Bombeiros,<br />
estiveram na escola para reforçar os ensinamentos<br />
anteriormente trabalhados em sala de aula. Houve<br />
exposição de equipamentos, simulações de resgate<br />
e palestra sobre a importância do reflorestamento.<br />
Em um momento em que as palavras “desenvolvimento”<br />
e “progresso” fazem parte do cotidiano de<br />
todas as pessoas, o Centro Educacional André Luiz se<br />
preocupa em formar cidadãos capazes de perceber a<br />
importância da natureza na manutenção da vida na<br />
Terra. “Não adianta investirmos tanto em progresso,<br />
pois, se não tivermos cuidado com o Planeta, nós<br />
não viveremos esse avanço”, alerta a coordenadora<br />
Janaína Jesus.<br />
A ideia é atravessar os muros da escola e levar para<br />
fora dela os conhecimentos adquiridos. Uma das<br />
experiências propostas em sala de aula teve reflexo<br />
direto na conta de luz da casa de uma das alunas.<br />
Thayná Santos propôs aos pais que eles adotassem<br />
hábitos diferentes durante um mês para que ela<br />
concluísse o trabalho escolar. A tarefa era reduzir o<br />
valor da conta de luz. “Eu diminuí o tempo no banho,<br />
desliguei todas as TVs e tirei o computador da tomada”,<br />
explica a aluna depois de conseguir economizar<br />
em mais de cinquenta reais o valor dos gastos com<br />
8 Revista <strong>Appai</strong> Educar
luz. “Nossa preocupação é essa:<br />
informar os alunos para que eles<br />
repassem para os pais”, destaca a<br />
coordenadora Eli da Silveira.<br />
Outro conhecimento para ser<br />
aplicado em casa é o melhor aproveitamento<br />
dos alimentos. Pudim<br />
de pão velho é uma delícia! Isso<br />
muitas pessoas já sabem. Mas que<br />
a sobra de diversos alimentos pode<br />
resultar em deliciosas receitas é<br />
uma novidade. Pois os alunos do<br />
primeiro ano fizeram um livro inteiro<br />
de receitas com cascas e talos de<br />
frutas e verduras que teriam o lixo<br />
como destino. Mateus Luis deu a<br />
dica do doce de casca de banana; já<br />
Bernardo sugere bolinhos de talos<br />
de brócolis, enquanto João investiu<br />
as suas fichas no bolo de casca de<br />
abacaxi. Teve ainda doce de casca<br />
de maracujá, torta salgada de talos<br />
e folhas, bolinho de casca de batata<br />
e suco de casca de maçã. Alguém<br />
duvida que ficou uma delícia?<br />
O ano de 2010 foi considerado<br />
pela Organização das Nações Unidas<br />
como o ano da biodiversidade.<br />
A escola está fazendo sua parte:<br />
capacita os alunos para que eles<br />
difundam os conhecimentos sobre<br />
a importância de se preservar a<br />
vida na Terra. Natalia Azevedo,<br />
de apenas 11 anos, já entendeu<br />
a lição. “Temos que preservar o<br />
meio ambiente porque, se a Terra<br />
se transformar em lixo, nós não<br />
vamos conseguir sobreviver”. A<br />
semente está sendo plantada.<br />
Centro Educacional André Luiz<br />
Rua Miguel Rangel, 306 – Cascadura<br />
– Rio de Janeiro/RJ<br />
CEP: 21350-200<br />
Tel.: (21) 3390-6930<br />
Fotos: Marcelo Ávila<br />
Escola proporciona<br />
o contato com<br />
diferentes animais e<br />
estimula nos alunos<br />
o desejo de preservar<br />
todas as espécies<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 9
Orientação Pedagógica<br />
Como utilizar os<br />
quadrinhos<br />
em sala de aula<br />
Paulo Ramos<br />
A<br />
tira de Adão Iturrusgarai foi tema de uma<br />
das questões do Exame Nacional do Ensino<br />
Médio (Enem), aplicado no fim de 2009. Os<br />
organizadores da prova propunham este<br />
enunciado aos estudantes: “Os quadrinhos exem-<br />
plificam que as Histórias em Quadrinhos constituem<br />
um gênero textual...”. Cabia aos<br />
alunos indicar uma das cinco<br />
alternativas seguintes. A correta<br />
era a letra d, “que possui em seu<br />
texto características próximas a<br />
uma conversação face a face,<br />
como pode ser percebido no<br />
segundo quadrinho”.<br />
O teste do Enem traz<br />
uma série de pressupostos:<br />
1) quadrinhos configurariam<br />
um gênero textual; 2) tal gênero<br />
teria na representação do diálogo<br />
face a face uma de suas características;<br />
3) Há necessidade de familiaridade, mesmo que<br />
mínima, com os elementos desse gênero para poder<br />
compreendê-lo. Há ainda um quarto pressuposto, não<br />
menos relevante: os quadrinhos integram o conteúdo<br />
programático da prova e, por consequência, também<br />
do Ensino Médio, alvo de quem resolve o exame.<br />
Pode-se questionar se os quadrinhos constituem<br />
mesmo um gênero ou se compõem algo maior, uma<br />
linguagem, da qual haveria um conjunto autônomo<br />
de gêneros, como a tira cômica usada no enunciado<br />
da prova do Enem. Pode-se ponderar também se<br />
tal linguagem não abarcaria outros elementos além<br />
da interação face a face, como<br />
sugere a questão. Mas se pode<br />
concordar quanto à presença<br />
dos quadrinhos no âmbito<br />
escolar, comportamento<br />
que não é novo, mas que<br />
tem caminhado a passos<br />
largos no Brasil na primeira<br />
década deste século.<br />
Livros escolares das décadas<br />
de 1970 e 80 já pautavam parte<br />
do conteúdo com histórias em quadrinhos.<br />
A tendência ganhou corpo<br />
nas décadas seguintes e migrou também<br />
para os exames vestibulares, do qual<br />
o da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) é<br />
o exemplo mais eloquente. O Enem usa tiras e charges<br />
em suas questões desde os primeiros exames.<br />
A presença dos quadrinhos no Ensino Médio<br />
tornou-se oficial com o surgimento dos Parâmetros<br />
10 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Ilustrações: Luiz Cláudio de Oliveira<br />
Curriculares Nacionais (PCNs),<br />
elaborados no fim do século passado<br />
para os ensinos Fundamental<br />
e Médio. No caso de Língua Portuguesa,<br />
a proposta era apresentar<br />
aos professores conteúdos de leitura<br />
e escrita baseados em textos<br />
e gêneros textuais. Os quadrinhos<br />
estavam entre as possíveis modalidades<br />
a serem utilizadas em sala<br />
de aula.<br />
Como movimento oficial, se<br />
deu a partir de 2006, quando passaram<br />
a ser incluídos na lista do<br />
Programa Nacional Biblioteca<br />
da Escola (PNBE), do Governo<br />
Federal.<br />
O programa compra lotes de<br />
obras para formar bibliotecas<br />
escolares em todo o país. Até<br />
aquele ano, os romances e outras<br />
obras literárias predominavam<br />
quase que isoladamente entre<br />
os trabalhos selecionados. Pôr<br />
quadrinhos na relação significa<br />
enxergar tais produções como<br />
formas autônomas de leitura.<br />
Parece algo óbvio. Mas só então<br />
foi formalmente reconhecido no<br />
âmbito escolar.<br />
Tais políticas colocaram os quadrinhos<br />
na pauta dos conteúdos a<br />
serem trabalhados pelos professores<br />
na sala de aula e trouxeram<br />
ao menos um novo desafio: como<br />
trabalhar com tais gêneros? Temos<br />
postulado em mais de uma oportunidade<br />
que não há uma regra. Vai<br />
depender muito da criatividade do<br />
docente e do interesse dele em se<br />
valer da linguagem para aplicá-la<br />
em suas práticas de ensino. Mas se<br />
pode dizer que é possível ensinar<br />
de tudo com histórias em quadrinhos,<br />
nos mais variados compassos<br />
do saber. Cada aula traz um<br />
desafio a ser superado. Apesar<br />
de não haver regras para isso, há<br />
alguns pontos que merecem ser<br />
observados. De modo nenhum se<br />
está sugerindo que os gêneros dos<br />
quadrinhos contenham um recurso<br />
que substitua ou supere outras<br />
linguagens e formas de leitura. É<br />
preciso discernimento. Vale estimular<br />
a leitura dos quadrinhos<br />
e do domínio das peculiaridades<br />
do meio, que se diferencia pela<br />
mescla dos elementos verbais escritos<br />
e visuais. Deve-se, porém,<br />
oferecer e estimular um repertório<br />
amplo de leituras, de romances a<br />
poemas, de produções virtuais a<br />
jornais e revistas informativas.<br />
Outro ponto que merece menção<br />
é que somente o domínio da<br />
linguagem dos quadrinhos não<br />
resolve a leitura de seus gêneros.<br />
Como a tira utilizada no Enem bem<br />
ilustra, há outras informações que<br />
devem ser acionadas pelo leitor<br />
para construir sentido. Todo esse<br />
processo, e não apenas as questões<br />
ligadas à linguagem, deve<br />
ser alvo das práticas escolares,<br />
em qualquer disciplina – domínio<br />
de leitura não é responsabilidade<br />
apenas dos professores de Língua<br />
Portuguesa.<br />
Por fim, vale registar que o bom<br />
uso dos quadrinhos no ensino está<br />
diretamente ligado ao domínio<br />
de um repertório sobre a área.<br />
As produções vão muito além da<br />
Turma da Mônica e das publicadas<br />
diariamente nos jornais. Saber<br />
quais são as outras possibilidades<br />
amplia o repertório e também os<br />
recursos para uso no ensino. Como<br />
se vê, não existem fórmulas. Mas<br />
há um caminho promissor a ser<br />
percorrido. Basta querer.<br />
*Paulo Ramos é jornalista e<br />
professor do curso de Letras<br />
da Universidade Federal de São<br />
Paulo. É autor de A Leitura dos<br />
Quadrinhos (Contexto, 2009),<br />
coorganizador de Muito Além dos<br />
Quadrinhos (Contexto, 2009) e<br />
coautor de Como Usar as Histórias<br />
de Quadrinhos na Sala de<br />
Aula (Contexto, 2004).<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 11
Ciências<br />
Hábitos saudáveis<br />
Preocupados com a qualidade de vida dos discentes, professores promovem mostra<br />
interdisciplinar com vários temas transversais ligados à saúde<br />
Claudia Sanches<br />
A<br />
prevenção de doenças através da educação<br />
alimentar e hábitos saudáveis também é um<br />
problema da escola. Prova disso é o projeto<br />
Saúde, direito de todos, desenvolvido com<br />
as turmas da Educação Infantil ao 9º ano, no Colégio<br />
Ricardense, localizado em Ricardo de Albuquerque. O<br />
trabalho surgiu de uma necessidade real dos moradores<br />
do entorno da escola, carentes de informações<br />
sobre saúde.<br />
Segundo o coordenador pedagógico Guilherme Xavier<br />
Jorge, o projeto foi desenvolvido com o objetivo<br />
de capacitar os estudantes para que eles também<br />
possam disseminar para a comunidade conhecimento<br />
em relação a higiene, saúde mental, epidemias<br />
e doenças infecto-contagiosas, cardiovasculares e<br />
diabetes. “Como funciona o programa Feliz viver<br />
da prefeitura aqui ao lado, que oferece atividades<br />
físicas para a terceira idade, e o bairro é carente de<br />
hospitais, a escola acabou se tornando referência.<br />
Resolvemos nos preparar melhor”, explica o coordenador<br />
pedagógico.<br />
Interdisciplinar, o trabalho explorou todas as matérias<br />
do currículo da melhor forma possível. Com esse tema<br />
os professores puderam trabalhar Língua Portuguesa,<br />
com textos e redações envolvendo saúde e, em<br />
Matemática, os cálculos das calorias e do Índice de<br />
Massa Corpórea (IMC). A proposta era provocar o<br />
aluno para essa questão tão importante através de<br />
todas as áreas do conhecimento.<br />
As palestras com médicos, dentistas, terapeutas<br />
ocupacionais e alternativos e nutricionistas foram um<br />
modo de abordagem dos estudantes. O professor de<br />
Educação Física Wellington Sauviano teve a ideia de<br />
desenvolver um trabalho com seus próprios alunos:<br />
medir altura e IMC. Na sequência uma nutricionista<br />
fez palestras para os estudantes e para os responsáveis.<br />
A profissional falou sobre a pirâmide alimentar<br />
e a mudança para cardápios de mais qualidade.<br />
Para colocar as teorias em prática, a nutricionista<br />
criou o “Dia da Merenda Saudável”: “A especialista<br />
olhou as lancheiras dos estudantes e fez algumas<br />
orientações, como trocas mais proveitosas para a<br />
saúde, como levar frutas duas vezes na semana e<br />
evitar doces todos os dias”, conta Guilherme. Depois<br />
de avaliar o valor nutricional das merendas, os<br />
professores realizaram a “Tarde da caminhada” na<br />
12<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar
“Cidade das Crianças”, em Santa Cruz, para estimular<br />
a atividade física.<br />
O incentivo à pesquisa e à postura científica foi um<br />
dos aspectos de destaque durante o ano letivo. Para<br />
Guilherme nos dias de hoje o estudante tem muito acesso<br />
à informação, mas nem toda fonte é segura e construtiva:<br />
“A Feira de Ciências leva o aluno a buscar referências mais<br />
sólidas, porque há muitos dados na Internet, mas muita<br />
coisa não confiável. E eles aprenderam a ter esse olhar mais<br />
apurado”, ressalta o educador.<br />
Na opinião da coordenadora Marilda Jorge, o sucesso do<br />
projeto está no fato de os jovens gostarem de atividades<br />
práticas, onde eles aplicam o conhecimento, experimentam<br />
e entendem os fenômenos científicos. A mobilização dos<br />
alunos também promove a integração entre os grupos e<br />
os responsáveis e agrega valor no contexto social em que<br />
vivem. “Desde a participação nas palestras, passando pelo<br />
desenvolvimento das tarefas, quando os professores pedem<br />
para os alunos pesquisarem e trazerem um alimento rico em<br />
ferro ou vitamina A até o dia da Feira de Ciências: o projeto<br />
sempre será um assunto dentro de casa”, garante Marilda.<br />
Cada tema ficou com uma turma. Dessa forma, vários<br />
tópicos foram explorados de diferentes modos. O estande<br />
sobre saúde mental e estresse fez um questionário com a comunidade:<br />
“Você vive tenso? Tem insônia? Se sente exausto?<br />
Com um teste interativo, a turma do 6º ano avaliou o nível<br />
de estresse e ansiedade e deu dicas para reduzir a tensão.<br />
Com a chamada “Tá na moda viver bem”, Natália apresentou<br />
os valores nutricionais segundo suas cores. Samuel,<br />
do 8º ano, mostrava a diferença entre os produtos diet<br />
e light.<br />
A partir do tema “Conhecendo seu coração” os estudantes<br />
do 9º ano apresentavam o funcionamento desse<br />
órgão vital e mediam a pressão dos visitantes. Para<br />
complementar a pesquisa, a turma mostrou como<br />
acontecem os infartos e a importância de se praticar<br />
uma medicina preventiva. No estande “Qual<br />
é o seu tipo”, abordaram os tipos sanguíneos e a<br />
doação de órgãos. A pequena Stephane resolveu<br />
participar do grupo porque viveu na pele esse drama:<br />
“Meu irmão teve dengue hemorrágica e precisou de<br />
sangue. Quando tiver 18 anos quero ser uma doadora”,<br />
adianta a aluna.<br />
Dentro do tema alimentação equipes do 8º e 9º<br />
anos expuseram a questão da obesidade e outra<br />
turma do 8º apresentou propostas de cardápios<br />
saudáveis e variados. Para a professora de Ciências<br />
Claudia Caputo, os jovens se tornaram multiplicadores<br />
de conhecimento: “Eles se dedicaram bastante nas<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 13
consumo excessivo de<br />
fast food, , alimentação em<br />
frente à televisão e computador e sedentarismo.<br />
Os costumes foram comparados a cenas de família<br />
fazendo a refeição, crianças praticando esportes e<br />
comendo legumes e verduras.<br />
Guilherme acredita que o trabalho, além de pre-<br />
parar o alunado para a vida, confirmou que conhecimento<br />
e informação são aliados da qualidade de<br />
vida. “Nós vemos que hoje saúde e educação somam<br />
forças. Quem tem noção de higiene e pratica uma<br />
alimentação balanceada está menos propenso a ter<br />
pesquisas, mas se empenharam muito em passar os<br />
conceitos de uma forma interessante e acessível para<br />
as pessoas”.<br />
Carolina, do 8º ano, mostrou que a garotada se<br />
esforçou para falar sobre Ciências de forma ao mesmo<br />
tempo divertida e séria. Com o tema “Verdades<br />
e mitos sobre alimentação” os alunos fizeram uma<br />
charada com os expectadores sobre informações<br />
que as pessoas ouvem no seu dia a dia. “’Ficar sem<br />
comer emagrece’ não é verdade, é um mito, porque<br />
o metabolismo se torna mais lento”, informava Ca-<br />
rolina. Para explorar o reaproveitamento, Yasmin,<br />
do mesmo ano, falou sobre alimentação alternativa:<br />
“Nossa proposta é provar que uma dieta saudável não<br />
deve ser necessariamente cara”, explicava a menina<br />
enquanto expunha o cardápio de receitas com cascas<br />
de frutas e legumes, além de talos de vegetais.<br />
A prevenção de doenças ficou com a turma de Gilberto,<br />
também do 8º ano, que deu dicas de atitudes<br />
para evitar algumas das principais doenças da modernidade,<br />
como obesidade, diabetes e hipertensão.<br />
Os cartazes com hábitos nada saudáveis retratavam<br />
doenças. O conhecimento também é aliado nesse<br />
processo, e a saúde também deve começar na escola”,<br />
completou Guilherme.<br />
Colégio Ricardense<br />
Av. Nazaret, s/nº, Ricardo de Albuquerque – Rio de<br />
Janeiro/RJ<br />
CEP: 21640-030<br />
Tel.: (21) 3012-5524<br />
Fotos: Marcelo Ávila<br />
14 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Agenda<br />
<strong>Appai</strong><br />
Tel.: (21) 3983-3200<br />
Contato<br />
e-mail: treinamento@appai.org.br<br />
Sitio <strong>Appai</strong>: www.appai.org.br<br />
Abril e Maio<br />
1 – Cultura, Representações e Educação<br />
Ambiental: Confluências e Práticas<br />
Educativas<br />
Data: 16/04/2011<br />
Horário: 9 às 13h – sábado<br />
Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />
Tipo de evento: Palestra<br />
Palestrante: Lincoln Tavares Silva<br />
2 – O Estresse do Professor<br />
Data: 30/04/2011<br />
Horário: 9 às 13h – sábado<br />
Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />
Tipo de evento: Palestra<br />
Palestrante: Lucia Novaes<br />
3 – Educação & Gênero – O Feminino e o<br />
Masculino na Escola<br />
Data: 04/05/2011<br />
Horário: 8h30 às 12h30 – quarta-feira<br />
Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />
Tipo de evento: Palestra<br />
Palestrante: Eduardo Costa<br />
4 – Palestra Introdutória de Libras<br />
Data: 05/05/2011<br />
Horário: 8h30 às 12h30 – quinta-feira<br />
Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />
Tipo de evento: Palestra<br />
Palestrante: equipe da Associação dos Profissionais<br />
Tradutores/Intérpretes de Língua<br />
Brasileira de Sinais do Estado do Rio de<br />
Janeiro – Apilrj / Instrutoras: Clarise Luna<br />
Borges Fonseca Gueretta, juntamente<br />
com a intérprete e Presidente da Apilrj Gildete<br />
Amorim da Silva.<br />
5 – TDAH – Déficit de Atenção/Hiperatividade<br />
na Escola<br />
Data: 07/05/2011<br />
Horário: 8h30 às 12h30 – sábado<br />
Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />
Tipo de evento: Palestra<br />
Palestrante: Gustavo Teixeira<br />
6 – Corpo e Movimento na Escola<br />
Data: 10/05/2011<br />
Horário: 8h30 às 12h30 – terça-feira<br />
Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />
Tipo de evento: Oficina<br />
Palestrante: Tania Marta Costa Nhary<br />
OBS.: Para esta oficina cada participante<br />
deverá levar uma canga de praia e trajar<br />
roupas apropriadas para atividades<br />
práticas.<br />
7 – Tecnologia de Informação e Comunicação<br />
na Educação<br />
Data: 14/05/2011<br />
Horário: 8h30 às 12h30 – sábado<br />
Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />
Tipo de evento: Palestra<br />
Palestrante: Fernando Cesar M. Souza<br />
8 – Ressignificando a Alfabetização<br />
Data: 19/05/2011<br />
Horário: 8h30 às 12h30 – quinta-feira<br />
Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />
Tipo de evento: Palestra<br />
Palestrante: Patrícia Lorena<br />
9 – Redação: Prática e Teoria<br />
Data: 24/05/2011<br />
Horário: 8h30 às 12h30 – terça-feira<br />
Objetivo: veja no sítio da <strong>Appai</strong><br />
Tipo de evento: Oficina<br />
Palestrante: Fernanda Lessa<br />
Casa da Ciência<br />
Tel.: (21) 2542-7494<br />
1 – O tempo presente: o surgimento do<br />
homem<br />
Tipo de evento: Palestra<br />
UERJ<br />
Tel.: (21) 2334-2511<br />
1 – III Encontro Nacional “O Insólito<br />
como Questão na Narrativa Ficcional”<br />
Data: de 18 a 20 de abril de 2011<br />
Local: Instituto de Letras da Uerj<br />
Temática Central: O insólito e a Literatura<br />
Infanto-juvenil.<br />
2 – A Física na Música<br />
Data: 04/04 a 18/07/2011 – 32h – às segundas-feiras,<br />
de 12h30 às 14h30<br />
Local: Auditório 33 – 3º andar – bloco F<br />
Objetivo: Aproximar o público do binônimo<br />
música-física, através da experiência da<br />
acústica, da prática de instrumentos musicais<br />
e do canto coral.<br />
3 – A Física e a Matemática do Canto Coral<br />
Data: 06/04 a 30/11/2011 – 32h – às quartasfeiras<br />
de 12h30 às 13h30<br />
Local: Auditório 33 – 3º andar – bloco F<br />
Objetivo: Chamar a atenção das pessoas<br />
sobre a necessidade de um estudo aprofundado<br />
de Acústica e Música, para que possam<br />
cantar bem.<br />
Estação das Letras<br />
Tel.: (21) 3237-3947<br />
1 – Oficina de Revisão e Copidesque<br />
Objetivo: O curso objetiva formar profissionais<br />
habilitados a trabalhar na área de editoração<br />
como editores de texto, copidesques e<br />
revisores de provas. Exercícios diversos.<br />
Professor: Alvanísio Damasceno - Jornalista;<br />
desde os anos 80 é revisor, preparador de<br />
originais, redator e divulgador em editoras<br />
como a Record e Ediouro.<br />
Período e horários: De 28/04 a 16/06 quintasfeiras<br />
das 18h30 às 20h30<br />
De 03/05 a 21/06 terças-feiras das 10 às 12h<br />
2 – Curso teórico e prático de editoração<br />
e preparação de originais<br />
Objetivo: A editoração e suas etapas, o livro<br />
e seus elementos: normalização, estética<br />
e padronização. Exercícios de preparação<br />
de originais com correção comentada pelo<br />
professor. Estudos das relações entre editor<br />
e texto, editora e autor na negociação dos<br />
contratos.<br />
Professor: Alvanísio Damasceno - Jornalista;<br />
desde os anos 80 é revisor, preparador de<br />
originais, redator e divulgador em editoras<br />
como a Record e Ediouro.<br />
Período e horários:<br />
1 a turma: De 25/04 a 13/06 segundas-feiras<br />
das 18h20 às 20h30<br />
2 a turma: De 28/04 a 16/06 quintas-feiras<br />
das 10 às 12h<br />
3 – Oficina do Conto (avançada)<br />
Objetivo: Mergulho no processo criativo da<br />
ficção, considerando que os alunos já adquiriram<br />
anteriormente uma relação próxima<br />
com a palavra e as principais referências<br />
literárias. A busca da voz narrativa pessoal<br />
é o principal objetivo do curso.<br />
Pré-requisito: envio de um conto de no<br />
máximo 3 laudas.<br />
Professor: Claudia Lage - Formada em Letras<br />
e em Teatro. Mestre em Estudos de Literatura.<br />
Publicou A pequena morte e outros contos<br />
e Mundos de Eufrásia.<br />
Período e horários:<br />
De 12/04 a 28/06 terças-feiras das 18h30<br />
às 20h30<br />
4 – Processos Criativos<br />
Objetivo: O curso é oferecido em módulos independentes<br />
e complementares. O propósito<br />
é familiarizar o aluno com as diversas técnicas<br />
da escrita, tendo seu foco voltado para o processo<br />
criativo e ficcional. Cada um dos cursos<br />
tem duração de quatro aulas (12hs).<br />
Programa<br />
As matérias que abrangem o curso de Processos<br />
Criativos acompanham a seguinte<br />
ordenação:<br />
O conto e suas técnicas - De: 07/05 a 28/05<br />
A narrativa longa ou Romance - De: 04/06<br />
a 25/06<br />
A Crônica e seus processos - De: 02/07<br />
a 23/07<br />
A Poesia e suas técnicas - De: 06/08 a<br />
27/08<br />
Caminhos da biografia - De: 03/09 a 24/09<br />
Escrevendo para crianças - De: 01/10 a<br />
22/10<br />
Autoficção: escrita e memória pessoal - De:<br />
06/11 a 26/11<br />
Período e horários: Sábados 10 às 13h<br />
5 – Escrita Criativa – desbloqueando sua<br />
capacidade de escrever<br />
Objetivo: Leitura de textos lúdicos. Exercícios<br />
a cada aula, com estímulos à criação. Desbloqueio<br />
da espontaneidade ao redigir.<br />
Professor: Silvia Carvão<br />
Período e horários: De 02/05 a 20/06<br />
Segundas-feiras das 18h30 às 20h30<br />
6 – Soneto: História, Leitura e Produção<br />
Objetivo: A oficina busca, inicialmente, traçar<br />
um panorama do soneto – forma poética que<br />
fascina leitores desde que foi inventada no<br />
século XIII.<br />
Professor: Henrique Rodrigues - É doutorando<br />
em Letras e Mestre em Estudos de<br />
Literatura pela PUC-RJ.<br />
Período e horários: De 12/05 a 16/06<br />
quintas-feiras das 18h às 20h<br />
7 – Leitura Crítica de Poesia – Oficina<br />
Objetivo: Este é um curso de indagações e<br />
dúvidas. Ao invés de textos teóricos sobre<br />
o que é poesia, alunos trarão textos seus<br />
ou de outros autores para serem lidos e<br />
analisados. Interessante mostrar poemas<br />
sem o nome dos autores para serem lidos<br />
à primeira vista. Há muito mal-entendido<br />
sobre o que é e não é poesia. Vamos zerar<br />
os pré-conceitos.<br />
Professor: Affonso Romano de Sant’Anna -<br />
Poeta, ensaísta, cronista e professor.<br />
Período e horários: De 05 a 26/05 quintasfeiras<br />
das 18h30 às 20h30<br />
História de Niterói<br />
Tel.: (21) 2719-6779<br />
1 – XIV Curso de História de Niterói<br />
30 de abril – Niterói – Perfil de uma cidade<br />
07 e 14 de maio – Bairros de São Domingos<br />
e São Lourenço<br />
21 e 28 de maio – Bairros Centro e Fonseca<br />
04, 11 e 18 de junho – Bairros Santa Rosa,<br />
Gragoatá, Boa Viagem, São Francisco e<br />
Cachoeira<br />
t02, 09, 16 e 23 de julho – Bairros Itaipu e<br />
sua região, Engenho do Mato, Ponta d’Areia<br />
e Icaraí<br />
Encerramento – 28/07/2011<br />
Local – Câmara Municipal<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 15
Saúde Bucal<br />
A Saúde Bucal<br />
dos Idosos<br />
Como posso manter uma boa saúde<br />
bucal na terceira idade?<br />
Fazendo consultas periódicas ao seu dentista, você<br />
estará cuidando bem dos seus dentes e eles podem<br />
durar a vida inteira. Independentemente da idade,<br />
você pode ter dentes e gengivas saudáveis se praticar<br />
a escovação pelo menos três vezes ao dia com creme<br />
dental com flúor, usar fio dental pelo menos uma vez<br />
ao dia e comparecer regularmente ao dentista para<br />
exames completos e limpeza.<br />
Que informações sobre a saúde bucal um<br />
indivíduo da terceira idade deve ter?<br />
Até mesmo quem escova e usa fio dental regularmente<br />
pode ter alguns problemas específicos. Muitas<br />
pessoas na terceira idade usam dentaduras, tomam<br />
remédios e apresentam problemas de saúde geral.<br />
Felizmente, seu dentista pode ajudar você a encarar<br />
estes desafios com êxito quase que garantido.<br />
As cáries e os problemas com a raiz dos dentes<br />
são mais comuns em pessoas da terceira idade. Por<br />
isso, é importante escovar com um creme dental que<br />
contenha flúor, usar fio dental todos os dias e não<br />
deixar de ir ao dentista.<br />
A sensibilidade pode se agravar com a idade.<br />
Com o passar do tempo é normal haver retração<br />
gengival que expõe áreas do dente que não estão<br />
protegidas pelo esmalte dental. Estas áreas podem<br />
ser particularmente doloridas quando atingidas por<br />
alimentos e bebidas quentes ou frias. Se seus dentes<br />
estiverem muito sensíveis, tente usar um creme<br />
dental apropriado. Se o problema persistir, consulte<br />
o dentista.<br />
As pessoas mais velhas se queixam com frequência<br />
de boca seca. Este problema pode ser causado<br />
por medicamentos ou por distúrbios da saúde. Se não<br />
tratado, pode prejudicar seus dentes. Seu dentista<br />
pode recomendar vários métodos para manter sua<br />
boca mais úmida.<br />
Enfermidades preexistentes (diabetes, problemas<br />
cardíacos, câncer) podem afetar a saúde da sua<br />
boca. Converse com seu dentista sobre quaisquer<br />
problemas de saúde existentes para que ele possa ter<br />
uma visão completa da situação<br />
e para que possa ajudar você de<br />
forma mais específica.<br />
As dentaduras tornam mais fácil a vida de<br />
muitas pessoas da terceira idade, mas exigem cuidados<br />
especiais. Siga rigorosamente as instruções<br />
do seu dentista e, caso ocorra qualquer problema,<br />
marque uma consulta. Os portadores de dentaduras<br />
definitivas devem fazer um exame bucal geral pelo<br />
menos uma vez por ano.<br />
A gengivite é um problema que afeta pessoas de<br />
todas as idades e pode se tornar muito sério, especialmente<br />
em pessoas de mais de 40 anos. Vários<br />
fatores podem agravar a gengivite, inclusive:<br />
Má alimentação; higiene bucal inadequada; doenças<br />
sistêmicas, como a diabetes, enfermidades cardíacas<br />
e câncer; fatores ambientais, tais como o estresse e<br />
o fumo; certos medicamentos que podem influenciar<br />
os problemas gengivais. Como as doenças gengivais<br />
são reversíveis em seus primeiros estágios, é importante<br />
diagnosticá-las o mais cedo possível.<br />
Fonte: http://www.colgate.com.br/app/Colgate/<br />
BR/OC/Information/OralHealthAtAnyAge/Seniors/Seniors/OralHealthforSeniors.cvsp<br />
Cartoon: Luiz Cláudio de Oliveira<br />
16 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Política Educacional<br />
Casas Legislativas<br />
Dia Estadual da Educação Fiscal<br />
A Lei Estadual do RJ nº 5.900/11, de autoria do<br />
deputado Estadual Comte Bittencourt, Presidente<br />
da Comissão de Educação da Alerj, institui o Dia<br />
Estadual da Educação Fiscal.<br />
Assistência médica e odontológica aos alunos,<br />
em todas as escolas da rede pública estadual<br />
A Lei Estadual do RJ nº 3.353/00, de autoria do<br />
deputado Dica, institui assistência médica e odontológica<br />
aos alunos, em todas as escolas da rede<br />
pública estadual, que deverão oferecer, além de<br />
médicos e dentistas, psicólogos e fonoaudiólogos<br />
para prestar assistência ao corpo discente.<br />
Veiculação de mensagens educativas destinadas<br />
à prevenção de DST/aids em livros e<br />
cadernos escolares<br />
A Lei Estadual do RJ nº 3.719/01, de autoria do<br />
deputado Eraldo Macedo, dispõe sobre a obrigatoriedade<br />
da veiculação de mensagens educativas,<br />
destinadas à prevenção de doenças sexualmente<br />
transmissíveis/aids e ao uso de drogas, em livros e<br />
cadernos escolares.<br />
Concessão de bolsas de estudo e de pesquisa<br />
a participantes de programas da fundação<br />
Cecierj<br />
A Lei Estadual do RJ nº 5.805/10, de autoria do<br />
deputado Alessandro Molon, autoriza a concessão<br />
de bolsas de estudo e de pesquisa a participantes de<br />
programas da fundação Cecierj, com a finalidade de<br />
cumprir seus objetivos sociais.<br />
Campanha sobre os malefícios do consumo de<br />
gorduras transgênicas<br />
A Lei Estadual nº 5.688/10, de autoria do Poder<br />
Executivo, institui campanha de esclarecimentos<br />
para a população sobre os malefícios do consumo<br />
de gordura transgênica. A distribuição nas redes<br />
públicas de saúde e de educação terá caráter permanente.<br />
Implantação de turno único no ensino público<br />
nas escolas da rede pública municipal<br />
A Lei Municipal do Rio de Janeiro nº 5.225/10, de<br />
autoria dos vereadores Jorge Felippe e outros, dispõe<br />
sobre a implantação de turno único no ensino público<br />
nas escolas da rede pública municipal, com o turno<br />
único de sete horas em toda a rede de ensino.<br />
Combate ao bullying escolar no projeto pedagógico<br />
A Lei Municipal do Rio de Janeiro nº 5.089/2009<br />
dispõe sobre a inclusão de medidas de conscientização,<br />
prevenção e combate ao bullying escolar no<br />
projeto pedagógico elaborado pelas escolas públicas<br />
do município do Rio de Janeiro e dá outras providências.<br />
Divulgação do tempo natural de degradação<br />
nas embalagens<br />
A Lei Estadual do RJ nº 5.928/11, de autoria dos<br />
deputados Cidinha Campos e Paulo Melo, obriga os<br />
produtos comercializados a conter, em suas embalagens,<br />
informações claras e adequadas relativas ao<br />
seu tempo natural de decomposição e às formas de<br />
descarte ambientalmente adequadas.<br />
Identificação e tratamento da dislexia na rede<br />
estadual de educação<br />
A Lei Estadual do RJ nº 5.848/10, de autoria<br />
do deputado Alessandro Molon, adota medidas<br />
para identificação e tratamento da dislexia na rede<br />
estadual de educação, objetivando a detecção precoce<br />
e o acompanhamento dos estudantes com o<br />
distúrbio.<br />
Vendas online de passagens deverão divulgar<br />
benefícios para idosos<br />
A Lei Estadual do Rio de Janeiro nº 5.915/17, de<br />
autoria do ex-deputado Mário Marques, determina<br />
que as vendas online de passagens deverão anunciar<br />
os benefícios resguardados para idosos, tais como<br />
gratuidade ou descontos.<br />
*Conheça a legislação vigente e acompanhe as diretrizes traçadas na área da educação.<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 17
Educação Física<br />
Atividades<br />
Esportivas na<br />
corrida por<br />
qualidade de vida<br />
Disposição física e psíquica são partes integrantes da evolução da Educação Física<br />
No século XIX Rui Barbosa já defendia a<br />
importância de se ter um corpo saudável<br />
a fim de sustentar a atividade intelectual.<br />
Mas a propagação dessa ideia<br />
esbarrou em muitos obstáculos até que,<br />
de fato, a atividade de Educação Física fosse incluída,<br />
sob o codinome de ginástica, nas escolas públicas e<br />
houvesse a equiparação dos professores da disciplina<br />
aos das outras. Para compreender melhor a respeito<br />
dessa resistência, é necessário que se conheça um<br />
pouco da história dessa técnica corporal milenar.<br />
De acordo com os PCNs, no século passado, tanto<br />
a finalidade no que confere ao seu campo de atuação,<br />
bem como a percepção da disciplina enquanto linguagem,<br />
estavam atreladas às instituições militares<br />
e às classes médicas, cujo objetivo era melhorar a<br />
condição de vida da população através de práticas<br />
higienistas. Dentro dessa linha de pensamento, a<br />
Educação Física era uma ferramenta perfeita para<br />
a harmonização do corpo, cuja proposta era ter um<br />
físico saudável e equilibrado organicamente, isto é,<br />
menos suscetível às doenças.<br />
Fora isso, havia naquela época uma preocupação<br />
no âmbito político-social brasileiro com a eugenia –<br />
ação que visava o melhoramento genético da raça<br />
humana, utilizando-se para tanto de esterilização de<br />
deficientes, exames pré-nupciais e proibição de casamentos<br />
consanguíneos. Essa preocupação ganhava<br />
mais expressividade, entre a elite intelectual, visto<br />
que o contingente de escravos negros era bastante<br />
significativo, fazendo crescer o temor de uma miscigenação<br />
que rareasse a raça branca.<br />
Dessa forma, a Educação Sexual associada à<br />
Educação Física deveria suscitar nos homens e<br />
Antônia Lúcia<br />
mulheres a responsabilidade de manter a primazia<br />
da raça branca. Contudo, mesmo a elite imperial<br />
estando de acordo com os fins higiênicos e eugênicos,<br />
a representatividade da atividade física ainda<br />
estava muito associada ao trabalho realizado pelos<br />
escravos. Esse simbolismo gerava certa resistência<br />
ao exercício prático da atividade entre os nobres do<br />
Império, haja vista que, naquele tempo, qualquer<br />
trabalho que implicasse esforço físico era visto com<br />
depreciação. Essa postura era um dos entraves para<br />
que a Educação Física passasse a compor os currículos<br />
escolares enquanto disciplina.<br />
Com a chegada da Reforma Couto Ferraz, em 1851,<br />
a modalidade de ginástica passou a ser obrigatória<br />
nas escolas da Corte, causando grande desconforto<br />
por parte dos pais em ver seus herdeiros participando<br />
de um estudo extracurricular que não contribuía<br />
diretamente para o seu crescimento intelectual. Com<br />
a publicação da Lei de Diretrizes e Bases, em dezembro<br />
de 1996, a Educação Física passa a integrar<br />
definitivamente a proposta pedagógica da escola e<br />
a figurar como componente curricular da Educação<br />
Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições<br />
da população escolar, sendo facultativa também nos<br />
cursos noturnos.<br />
Esporte como<br />
viés social<br />
N a E s c o l a<br />
Municipal Silveira<br />
Sampaio, em Curicica,<br />
Jacarepaguá, Zona<br />
Oeste do Rio,<br />
18 Revista <strong>Appai</strong> Educar
as aulas de todas<br />
as disciplinas<br />
ocupam um lugar<br />
mais que especial na<br />
formação e na vida<br />
dos alunos. Entretanto,<br />
quando o assunto é<br />
Educação Física a turma da<br />
Municipal Silveira Sampaio<br />
ganha um “gás” a mais. E razão<br />
não falta para essa galera<br />
se orgulhar de fazer parte da<br />
equipe de atletismo da escola.<br />
Coordenados pelo Professor<br />
de Educação Física Paulo Servo, o<br />
projeto, que visa a inclusão social<br />
através da prática esportiva, começou<br />
sem grandes intenções.<br />
Com o passar do tempo, a<br />
atividade tornou-se referência internacional<br />
na iniciação esportiva.<br />
Mesmo tendo em seu rol de atletas,<br />
segundo Paulo, os melhores<br />
do país, o treinador faz questão de<br />
enfatizar que o mais importante é<br />
oferecer ao jovem a oportunidade<br />
de praticar uma atividade esportiva.<br />
“Não só o atletismo, mas<br />
tudo,” comenta.<br />
Um desses talentos, descoberto<br />
pelo Professor Paulo na municipal<br />
Silveira Sampaio, hoje já faz parte<br />
da lista dos grandes nomes do atletismo<br />
brasileiro, como a primeira<br />
brasileira a conquistar medalha de<br />
ouro em um campeonato mundial<br />
– venceu os 200 metros no Mundial<br />
de Atletismo para Menores, em<br />
2007, na República Tcheca –, além<br />
de representar os jovens atletas na<br />
candidatura do Rio para 2016. O<br />
nome da fera das pistas é Bárbara<br />
Leôncio, de 20 anos.<br />
Para a velocista, 2016 vai ser<br />
o ano da consagração do esporte<br />
brasileiro. Mas antes a atleta pensa<br />
em participar de sua primeira<br />
olimpíada, a de Londres em 2012.<br />
Seguindo os mesmos passos da<br />
colega campeã, o jovem Jackson<br />
César da Silva, 17 anos, especialista<br />
nos 200 metros rasos, já contabiliza<br />
em seu currículo mais de<br />
40 medalhas e o sonho de se tonar<br />
mais um campeão olímpico oriundo<br />
da Escola Silveira Sampaio.<br />
Educação Física como<br />
prática de qualidade<br />
de vida<br />
Validando também a importância<br />
da Educação Física nos âmbitos<br />
sociais e culturais, os professores<br />
Márcia Andréa e Hércules buscam<br />
estimular e ensinar aos educandos<br />
teorias, práticas de jogos,<br />
habilidades, espírito de integração,<br />
competição e equilíbrio. “O<br />
principal é fazê-los compreender<br />
que, além de tudo isso, a Educação<br />
Física como prática de esportes é<br />
uma qualidade de vida que todos<br />
devem buscar”, adverte Márcia,<br />
responsável pelas classes do Fundamental<br />
II (6º ao 9º anos), cujas<br />
turmas fazem parte das olimpíadas<br />
realizadas todo ano no Centro<br />
Educacional Portugal, em Campo<br />
Grande.<br />
Para o professor Hércules, o<br />
esporte está muito além da sua<br />
dimensão prática. “Na escola ele<br />
deve ser considerado como uma<br />
forma de linguagem que reflete<br />
os códigos sociais, e que por isso<br />
precisa e deve ser conhecido e<br />
interpretado em suas várias dimensões.<br />
É essa a perspectiva de<br />
estudo do esporte que se coloca<br />
como desafio à Educação Física<br />
como componente curricular<br />
integrante da área<br />
do conhecimento<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 19
das Linguagens, Códigos<br />
e suas Tecnologias”, afirma<br />
o professor, enfatizando a excelência<br />
do esporte como fenômeno<br />
histórico, cultural e social, que<br />
mobiliza milhares de pessoas em<br />
todo o mundo.<br />
No decorrer das olimpíadas<br />
internas realizadas no colégio, as<br />
modalidades esportivas e não oficiais,<br />
como xadrez e o totó, fazem<br />
a alegria das torcidas e das equipes.<br />
Outras atividades ligadas ao<br />
tema permeiam e contribuem para<br />
o aprimoramento e integração do<br />
projeto na escola. Ano passado, os<br />
alunos do 8º e 9º anos foram convidados<br />
por uma rede de ensino a<br />
participarem de um debate muito<br />
especial chamado “O Esporte é<br />
mais! – Atitude e aprendizado,”<br />
mediado pela apresentadora de TV<br />
Dani Monteiro.<br />
“Fomos recebidos por ela, que<br />
também é esportista, no Tijuca<br />
Tênis Clube, e nossos alunos puderam<br />
entrevistar Gustavo Borges<br />
(nadador e campeão olímpico),<br />
Ademar Luquinhas (esqueitista),<br />
Jacqueline Silva (campeã olímpica<br />
de vôlei de praia), Davi Marangon<br />
(acessor pedagógico da Editora<br />
Positivo). Foi um dia de muito enriquecimento<br />
pessoal, pois temos<br />
alguns alunos interessados nesta<br />
área e assim eles puderam fazer<br />
perguntas e foram prontamente<br />
respondidos”, relata orgulhoso o<br />
professor Hércules.<br />
de saúde, alegria e motivação.<br />
São cerca de 40 atletas da terceira<br />
idade, que participam das aulas de<br />
ginástica localizada e caminhada<br />
acompanhadas de especialistas.<br />
De acordo com especialistas da<br />
área da saúde, um programa regular<br />
de exercícios traz benefícios<br />
em qualquer idade. Mas para idosos<br />
eles se multiplicam. O simples<br />
fato de se praticar algum tipo de<br />
atividade física já melhora e muito<br />
a qualidade de vida de pessoas da<br />
terceira idade, aumentando a resistência<br />
e a força muscular necessárias<br />
para a realização de tarefas<br />
comuns, como pegar um neto no<br />
colo ou ir ao supermercado.<br />
O exercício da saúde na<br />
melhor idade<br />
Saindo das quadras escolares<br />
para as oficinas esportivas realizadas<br />
na Vila Olímpica Municipal Clara<br />
Nunes, em Acari, no Rio, uma<br />
turma pra lá de especial dá show<br />
20 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Desde 1996, a<br />
Educação Física passou<br />
a figurar em todas as<br />
séries da Educação<br />
Básica, inclusive no<br />
turno da noite<br />
Segundo a professora da Vila<br />
Olímpica de Acari, Sheila Cristina<br />
de Moura Carvalho, o momento<br />
não poderia ser melhor, tanto para<br />
aqueles que praticam atividade<br />
física apenas visando o bem-estar<br />
e melhor qualidade de vida, como<br />
para os que pretendem competir<br />
e, sobretudo, garantir bons resultados<br />
nas futuras competições<br />
olímpicas, afirma a professora de<br />
natação e hidroginástica confiante<br />
em ver um dos seus alunos dando<br />
braçadas em direção ao pódio.<br />
Professor, venha<br />
caminhar!<br />
A caminho do maior evento esportivo<br />
mundial, as Olimpíadas de<br />
2016, brasileiros de todas as faixas<br />
etárias não apenas torcem pelos<br />
nossos representantes olímpicos,<br />
como iniciam um movimento pela<br />
busca de atividades físicas que<br />
propaguem mais benefícios não<br />
somente para o corpo, mas, sobretudo,<br />
para a mente. Trilhando<br />
esse percurso a <strong>Appai</strong> montou uma<br />
equipe de Caminhadas e Corridas,<br />
cujo objetivo é ajudar na prevenção<br />
da saúde.<br />
Nesse cenário, a Associação<br />
conta com o apoio do programa<br />
Saúde 10 e dos profissionais da<br />
equipe – nutricionista, auxiliar de<br />
enfermagem, fisioterapeuta –,<br />
que atuam nos bastidores fazendo<br />
a aferição de pressão arterial,<br />
glicose, colesterol, circunferência<br />
abdominal, além de palestras<br />
sobre doenças periodontais, diabetes<br />
e alimentação funcional. A<br />
atividade, que vem sendo realizada<br />
todas as segundas, quartas<br />
e quintas-feiras, a partir das<br />
17h30, na Praça Paris, Centro do<br />
Rio, brevemente terá seus polos<br />
espalhados por diversas regiões<br />
do Rio e de Niterói.<br />
Professores associados, venham<br />
fazer parte desse movimento<br />
de prevenção à saúde. Acesse o<br />
portal da <strong>Appai</strong>, conheça as atividades<br />
que estão sendo promovidas<br />
e deixe sua opinião e sugestões. E<br />
leia na íntegra, na versão online,<br />
as reportagens sobre os primeiros<br />
resultados das caminhadas e corridas<br />
da equipe BemViver.<br />
Fontes:<br />
Centro Educacional Portugal<br />
Escola Municipal Silveira Sampaio<br />
Vila Olímpica Municipal<br />
Clara Nunes<br />
Equipe BemViver <strong>Appai</strong><br />
Fotos: Marcelo Ávila<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 21
Multidisciplinaridade<br />
Sons e ritmos da Cultura<br />
Brasileira<br />
Sandra Martins<br />
Ilustrações: http-www.grupoescolar.com-a-b-D5292, http=jornale.<br />
com.br=zebeto=zebeto=wp-content=uploads=2011=02=soldaPi<br />
xinguinha-Clube-do-Choro-1024x899<br />
Personagens da Jovem Guarda, Tropicália,<br />
griots do Samba e vários representantes da<br />
música popular brasileira se reúnem em Itaipu,<br />
município de Niterói, para mostrar aos jovens<br />
os entrelaçamentos da MPB com a cultura afrobrasileira.<br />
Da manhã até a noite, o Colégio Estadual Professora<br />
Alcina Rodrigues Lima abriu suas portas à comunidade<br />
para mostrar a extensa e diversificada programação da<br />
Feira Multidisciplinar: teatro, dança, banda de música,<br />
canto solo e dueto, mostra de artes (pintura, HQ, caricaturas)<br />
e exposição dos trabalhos com a síntese das<br />
pesquisas desenvolvidas ao longo do ano.<br />
A agitação tomou conta de todos. Afinal, o encontro<br />
da arte de Pixinguinha, de Noel Rosa, de Zé<br />
Ketti, entre outros, com as batidas do hip-hop e do<br />
funk, mostrou a riqueza sonora da música popular<br />
brasileira tendo como berço a cultura afrobrasileira.<br />
Como música também é coisa séria, palestrantes foram<br />
convidados a falar sobre um pouco da história da<br />
MPB, como fez o professor Paulo Cesar de Araújo.<br />
Atividade tradicional da escola, a feira multidisciplinar<br />
tem como objetivo trazer para atividades<br />
práticas o conteúdo do ano letivo introduzindo<br />
novos temas e novas apresentações. A descoberta<br />
de talentos, segundo Sheila Taouil, diretora geral,<br />
tornase uma consequência natural devido ao fato<br />
de a escola investir tanto na cultura, em especial<br />
na música, como no campo esportivo. Orgulhosa, a<br />
diretora mostra os títulos da escola, entre os quais<br />
está o de campeã dos jogos escolares de Niterói. “Já<br />
estamos preparando alunos para as Olimpíadas de<br />
2016, e uma de nossas promessas é Adriele, 12 anos,<br />
artilheira”.<br />
Entre uma apresentação musical e outra, os docentes<br />
comentavam, com orgulho, sobre o trabalho<br />
bem feito de seus alunos nas pesquisas ao longo do<br />
ano. Tarefas não faltaram para a equipe pedagógica,<br />
que atuou de forma integrada dentro da interdisciplinaridade,<br />
com momentos em que os conteúdos foram<br />
unidos e algumas aulas aconteceram como um dueto<br />
afinadíssimo. As atividades envolveram todos os três<br />
turnos: segundo segmento do Ensino Fundamental<br />
– 6º ao 9º anos –, Ensino Médio e programas Mais<br />
Educação e Ensino Médio Inovador.<br />
Escolhido o tema, os docentes definiram linhas de<br />
atuação e levaram a proposta para os alunos, que serão<br />
orientados pelos docentes. O projeto dividiuse em dois<br />
momentos: em sala de aula, com pesquisa, síntese e<br />
elaboração de gráficos; e a produção de apresentação<br />
pública referente a um aspecto pinçado da pesquisa.<br />
Para tratar da música popular brasileira os docentes<br />
levaram seus alunos a reconhecerem a importância<br />
das culturas negras na formação da sociedade,<br />
conforme definido na Lei nº 10.639/2003, que trata<br />
da afrobrasilidade e da historicidade do negro, que<br />
passam a vigorar no currículo escolar. Assim, várias<br />
fontes de pesquisas pautaram as reflexões sobre<br />
temas como literatura, religiosidade, preconceito e<br />
discriminação raciais, historiografia inclusiva dos povos<br />
subalternizados – como o episódio dos Lanceiros<br />
Negros no Rio Grande do Sul, a criação do feriado do<br />
Dia da Consciência Negra, heróis e heroínas negros,<br />
22 Revista <strong>Appai</strong> Educar
entre outros. Tudo isso visa descortinar<br />
o continente africano: seu<br />
papel no passado e sua relação com<br />
o mundo na contemporaneidade.<br />
Um pout-pourri (palavra de origem<br />
francesa significando mistura<br />
de música) da MPB, desenvolvido<br />
pela professora Elizabete, resgatava<br />
a música e o nome de grandes<br />
cantores e compositores, como<br />
Uma combinação<br />
harmoniosa e expressiva<br />
de sons e valores marcou<br />
a feira multidisciplinar do<br />
Estadual Alcina Rodrigues<br />
afirmou que só tivera dois dias de<br />
ensaios com a professora Lucinha<br />
Vossa, de Educação Física. Débora<br />
e Jonatas (7º ano) fizeram um dueto<br />
que também levou o público ao<br />
delírio com seus acordes vocais.<br />
Com o projeto Vamos Contar, os<br />
alunos usaram a Matemática para<br />
fazer um censo na escola e produzir<br />
os resultados em forma de gráficos<br />
que ilustraram os painéis distribuídos<br />
do caminho trilhado pela equipe de<br />
Sheila Maria Taouil: “A aprendizagem<br />
se dá de maneira lúdica. Eles<br />
acabam conhecendo sem sentir.<br />
Aprenderam sobre doenças do<br />
cotidiano que mataram um renomado<br />
compositor e conheceram<br />
outros estilos. Dessa forma, os<br />
alunos saem da mesmice do funk”,<br />
ou reatualizam, de forma criativa,<br />
este ritmo dançante mesclando-o<br />
com outras expressões musicais,<br />
como aconteceu com a banda de<br />
Pixinguinha, Vinícius de Moraes,<br />
Cartola, Roberto Carlos, assim como<br />
alguns apagados da memória social<br />
como Agostinho Santos. Compositores<br />
como Noel Rosa serviram de<br />
inspiração para exames em variadas<br />
áreas, como nas Ciências, onde se<br />
analisou a doença que o vitimou: a<br />
tuberculose. Nas disciplinas de Geografia<br />
e História, os alunos tiveram<br />
a oportunidade de travar conhecimentos<br />
sobre o bairro em que o<br />
músico nasceu e sua historicidade.<br />
Ainda no campo da música,<br />
Nilton Menezes de Souza, 7º ano,<br />
mexeu com corações e mentes da<br />
plateia. Emocionado com a receptividade<br />
de sua apresentação, ele<br />
nas salas de aula. Michelle Souza,<br />
13 anos, ilustra, com sua pesquisa,<br />
o sucesso do empenho da mostra de<br />
trabalhos Brasil e África: de mãos<br />
dadas com a Biodiversidade. A aluna,<br />
incentivada pela professora Meire,<br />
construiu a maquete de uma casa totalmente<br />
ecológica, com a utilização<br />
de cálculos matemáticos precisos. A<br />
casa tem 87 m 2 . “É uma casa que eu<br />
gostaria de ter. Nela uso as fontes<br />
energéticas com responsabilidade.<br />
Demorei três horas para fazer os<br />
cálculos e montá-la; mas valeu a<br />
pena. Amei fazer o trabalho”.<br />
O prazer demonstrado pela<br />
aluna sinaliza o acerto na escolha<br />
tambores do professor Short na<br />
mistura das batidas do funk com<br />
a MPB.<br />
Colégio Estadual Professora Alcina<br />
Rodrigues Lima<br />
Estrada Francisco da Cruz Nunes,<br />
s/nº – Itaipu – Niterói/RJ<br />
CEP: 24340-000<br />
Tels.: (21) 3701-2423 / 3701-2425<br />
Diretora Geral: Sheila Taouil Siqueira<br />
Fotos cedidas pela escola<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 23
Empreendedorismo<br />
Empreendedores<br />
do<br />
futuro<br />
Palestrante mostra como trabalhar talentos na escola<br />
Claudia Sanches<br />
Ousadia, pioneirismo, inovações, visão e iniciativa são<br />
atributos peculiares a uma pessoa empreendedora. A<br />
pergunta feita fora e dentro dos muros escolares é: seria<br />
possível desenvolver essas qualidades em sala de aula?<br />
Como o professor pode despertar nos alunos uma postura empreendedora?<br />
No seminário “Pioneirismo e atitude empreendedora”, projeto<br />
educativo da exposição Pioneiros e empreendedores – a saga do desenvolvimento<br />
do Brasil, no Museu Histórico Nacional, os educadores<br />
tiveram a oportunidade de conhecer formas de estimular nos jovens<br />
qualidades que despertam o potencial para ousar, pensar no futuro<br />
e construir um projeto de vida. A palestra foi ministrada por Regina<br />
Jardim, Mestre em Psicologia Clínica da PUC-Rio e terapeuta familiar,<br />
que aplicou e adaptou alguns conceitos à educação.<br />
Ela recorda que a princípio alguns profissionais acharam estranho<br />
a Psicologia Clínica aplicada no setor organizacional. Mas<br />
a profissional vem trabalhando com sucesso: começou a atuar na<br />
área de qualidade na década de 1990, quando um professor da engenharia<br />
me propôs o projeto. As pessoas estranhavam: Psicologia<br />
Clínica em gestão? “As ciências são muito fechadas, a ponto de<br />
alguns profissionais usarem jargões que a gente não compreende<br />
ao participar de conversas de certas<br />
categorias. Ninguém se entende! Mas<br />
a interação entre as diferentes áreas do<br />
conhecimento é muito enriquecedora,<br />
elas se completam”, afirmou.<br />
Regina acredita que o professor deve<br />
chegar até os jovens, elevar-lhes a autoestima<br />
e fazer com que busquem seus<br />
talentos. Para rever algumas práticas<br />
nos colégios, fez algumas oficinas com<br />
os expectadores. No primeiro exercício<br />
pediu que a plateia se sentasse na posição<br />
mais confortável possível e ficasse<br />
assim por um minuto. Todos concluíram<br />
que era muito desconfortável ficar parado.<br />
“Isso significa ficar imutável, no<br />
mesmo lugar. Na posição incômoda está<br />
a possibilidade de mudança”, concluíram<br />
os professores. Outra sugestão é perguntar<br />
o que se faz de melhor que os<br />
outros, em que valores se acredita. São<br />
exercícios que ampliam a capacidade de<br />
ver as realidades.<br />
Numa outra atividade Regina sugeriu<br />
que cada professor lembrasse<br />
24 www.appai.org.br/Jornal_Educar – Revista <strong>Appai</strong> Educar
da pessoa mais empreendedora<br />
que conhece do seu círculo de<br />
amizades e analisasse as suas<br />
qualidades. Essa é uma forma de<br />
conectar o sujeito com aqueles<br />
que o influenciam, os valores, e<br />
mostrar que é possível. Para trabalhar<br />
as diversas possibilidades e<br />
visões, a psicóloga levou imagens<br />
que suscitam várias leituras: “O<br />
trabalho em equipe é mais rico.<br />
Façam sua network, não se trabalha<br />
isolado porque são muitas<br />
as interpretações”.<br />
Segundo a psicóloga, é a primeira<br />
vez na história que dinheiro<br />
e ética podem caminhar juntos.<br />
O banco que apoia um estudante<br />
carente ou uma causa ecológica<br />
fica mais humano, e os educadores<br />
precisam treinar a capacidade<br />
de ver. “O mundo está cheio de<br />
oportunidades. Entrem nos sites<br />
de bancos e empresas; estão<br />
cheios de concursos e projetos que<br />
apoiam várias causas”, sugeriu.<br />
“Sua vida é horrorosa? A realidade<br />
pode não mudar mas você<br />
pode se transformar, assumir as<br />
rédeas de sua vida”, de acordo<br />
com Regina. Para a especialista, o<br />
sujeito deve realizar a conexão com<br />
aquilo que ele gosta e quer. Assim<br />
modificamos nossas vidas para fazer<br />
a diferença no mundo. “Todos<br />
temos conhecimentos e sonhos<br />
dentro de nós, é preciso descobrir<br />
as habilidades e desenvolvê-las,<br />
com ajuda de todas as ciências”.<br />
Os professores Jaime Matos<br />
e Júlia de Souza, de Biologia, e<br />
Maria Angélica Rayol, de Química,<br />
trabalham no Ensino Médio do Caic<br />
– Colégio Teófilo Pinto, na Comunidade<br />
Nova Brasília, Complexo<br />
do Alemão. A escola foi escolhida<br />
para ser o modelo de instituição<br />
pelo seu ensino inovador.<br />
Segundo Jaime, eles estão buscando<br />
estratégias de chegar até a<br />
sua clientela. “Estamos procurando<br />
formas de atingir esse público. O<br />
objetivo é estimular a autonomia.<br />
Não acredito em trabalhar só com<br />
conteúdo. Eles já fizeram sabão e<br />
perfume com experiências de Física e<br />
Química e tiveram pela primeira vez<br />
a ideia de vender na comunidade”,<br />
conta o professor. Maria Angélica<br />
lembra que os alunos já participaram<br />
de projetos de limpeza de praias, e a<br />
escola já foi premiada com trabalho<br />
de produção de móveis com garrafas<br />
pet. “Queremos mais subsídio,<br />
chegar até eles”, diz.<br />
Para finalizar o encontro, Regina<br />
deu um recado a partir das necessidades<br />
dos professores do Caic:<br />
“Mudança de atitude na educação é<br />
muito difícil. Esses exercícios levam<br />
os professores a quebrarem seus<br />
paradigmas. Descubram os sonhos<br />
das pessoas. Perguntem: garoto,<br />
qual é o seu sonho? O que você<br />
quer ‘fazer’ quando crescer, e não<br />
o que você quer ser. Empreender<br />
significa sair da zona de conforto,<br />
ter que ir pra chuva”.<br />
Após o seminário os palestrantes<br />
puderam ver a mostra Pioneiros<br />
e Empreendedores, com a história<br />
pessoal de brasileiros que viam à<br />
frente de seu tempo, desde a época<br />
do Império até o século XXI. Uma<br />
viagem pela história do Brasil e<br />
referências de ousadia e iniciativa<br />
para educadores e estudantes.<br />
Seminário Pioneirismo e Atitude<br />
Empreendedora<br />
Local: Museu Histórico Nacional<br />
Fotos: Assessoria de imprensa<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar – www.appai.org.br/Jornal_Educar 25
Educação Ambiental<br />
Uma viagem através da<br />
biodiversidade<br />
Escola aborda<br />
Efeito estufa e<br />
suas consequências<br />
nos diversos<br />
continentes<br />
Claudia Sanches<br />
sabia que os pelos do<br />
urso polar não são brancos?<br />
São transparentes. Você sabia<br />
que no Polo Sul a vida é “Você<br />
inviável? Ele é habitado apenas por pinguins<br />
e leões-marinhos”. Essas são algumas das inúmeras<br />
descobertas dos alunos do 5º ao 9º anos<br />
do Centro Educacional Itauá, localizado em Campo<br />
Grande, através do projeto Biodiversidade em todos<br />
os continentes.<br />
Lorenna, do 8º ano, está ansiosa na fila para visitar<br />
a exposição: “Eu quero saber em qual dos polos os<br />
pinguins vivem”, diz a aluna. “No Polo Sul”, responde<br />
Gabriel. Para falar sobre o lugar, os adolescentes<br />
fizeram uma ambientação na sala de Informática,<br />
com ar condicionado, gorros e neve de isopor. “A<br />
sensação é de que estamos mesmo no frio”, afirma<br />
Lorenna, enquanto o grupo mostrava uma maquete<br />
que representava uma base de estudos brasileira na<br />
extremidade sul do globo.<br />
A feira cultural acontece todos os anos, com uma<br />
“causa” diferente. Cada professor é orientador de<br />
uma equipe e desenvolveu o assunto em conjunto<br />
com os conteúdos programáticos. Durante<br />
a culminância, os grupos apresentaram<br />
os subtemas de formas bem<br />
diferentes. “O maior desafio teórico<br />
do trabalho é entender os fatores<br />
que influenciam no efeito estufa e<br />
essas consequências nos diversos<br />
continentes de maneira dinâmica e atraente”,<br />
afirma a coordenadora pedagógica<br />
Nilcéia dos Santos.<br />
O 2º ano da professora Nívea Maria Rodrigues<br />
explorou a “Biodiversidade das plantas”. A<br />
turma levou várias espécies de plantas ornamentais<br />
e medicinais, e os alunos estudaram o ambiente<br />
natural e o modificado. O pequeno Vinícius oferecia um<br />
chá de camomila enquanto falava das propriedades de<br />
algumas ervas e dos folclores em torno de algumas<br />
espécies: “Camomila é um bom tranquilizante e diz<br />
a lenda que a pimenteira é ótima para espantar mau<br />
olhado”. A professora escolheu a Botânica para enfatizar<br />
o valor das plantas e árvores.<br />
Na turma do 7º ano o enfoque foi a variação da<br />
temperatura na Europa. Com um gráfico, as crianças<br />
explicavam como a temperatura do continente aumentou<br />
desde 1880, da média de -4º Celsius para 6º em<br />
2000. Com ajuda de uma maquete, Gabriel explica por<br />
que alguns países, ilhas e regiões litorâneas correm<br />
risco de submergir: “O planeta está aquecendo e as<br />
geleiras estão derretendo”, alertou.<br />
Luciana Vasconcellos, mãe de Sidney do 7º ano, aproveitou<br />
o momento para conhecer outros países<br />
e culturas: “Adoro as feiras pedagógicas<br />
porque aprendo bastante, e esse<br />
ano temos oportunidade de conhecer<br />
um pouquinho da fauna e da flora do<br />
mundo inteiro. A maioria das pessoas<br />
não tem essas informações. A feira é um<br />
26 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Um dos temas mais<br />
debatidos no século XXI<br />
colabora para que alunos<br />
repensem suas práticas junto<br />
ao meio ambiente<br />
e peles, além<br />
de trabalhar<br />
com bambu e material reciclado.<br />
“Os alunos e visitantes vivenciam<br />
aquilo que pesquisaram. E o local<br />
aqui ficou realmente quente”, destacou<br />
Ana Rosa Rosário, coordenadora<br />
da turma. Na saída do túnel,<br />
os jovens produziram um vídeo<br />
para levar as pessoas a refletirem<br />
sobre a exploração do planeta e, em<br />
especial, do continente africano.<br />
A professora Arlene Lucena, que<br />
coordenou a equipe do 7º ano, com<br />
a Oceania, acredita que o projeto<br />
leva os jovens a conhecer outros<br />
continentes e fazer comparação<br />
com aquele em que vivem: “O trabalho,<br />
que permite aos estudantes<br />
entrarem em contato com a diversidade<br />
do Planeta, está voltado para<br />
entender os fatores que causam o<br />
efeito estufa e suas consequências<br />
em várias partes do mundo. Na<br />
Oceania povos e espécies animais<br />
foram dizimados”, lembra. Já “A diferença<br />
entre os povos brasileiros”,<br />
do 7º ano, abordou a diversidade<br />
dos “Biomas”. Para conhecer a diversidade<br />
da geografia brasileira,<br />
que vai do cerrado, passa pela<br />
caatinga e chega à Mata Atlântica,<br />
e interagir com os visitantes, a<br />
garotada confeccionou jogos como<br />
quebra-cabeças e charadas com o<br />
dicionário “baianês”. A brincadeira<br />
divertiu os pais com palavras como<br />
“desmentir”, que no estado signifimomento<br />
para eles fixarem melhor e<br />
divulgarem o que sabem”.<br />
Aquecimento global também<br />
foi a abordagem do 9º ano, com a<br />
professora de Matemática Valéria<br />
Pérgamo. Com auxílio de uma maquete,<br />
que representava a floresta<br />
Amazônica, e outra para exemplificar<br />
o buraco na camada de ozônio,<br />
Crystian explicava como ocorria<br />
esse fenômeno e formas de contribuir<br />
para desacelerar esse processo.<br />
Segundo a professora, todos os<br />
gráficos foram aproveitados para<br />
trabalhar conceitos numéricos.<br />
A equipe de Lorenna, que trabalhou<br />
a África, também se destacou<br />
na apresentação. O grupo produziu<br />
uma tenda em forma de túnel, e o<br />
participante ia passando por várias<br />
regiões do continente africano. Areia<br />
no chão e as tribos caracterizavam<br />
o clima quente do deserto do Saara,<br />
onde as temperaturas são extremas<br />
e há falta de água: “A noite africana<br />
é marcada por bastante confusão,<br />
quando alguns animais saem para<br />
caçar”, explicava a aluna. Passando<br />
pelo túnel o visitante se deparava<br />
com a savana, vegetação típica do<br />
continente, e a sua fauna exuberante<br />
em contraste com a pobreza<br />
extrema.<br />
Para compor o cenário da geografia<br />
do lugar os alunos abusaram<br />
da criatividade e confeccionaram o<br />
ambiente de forma artesanal, com<br />
panos com estampas de vegetação<br />
ca “confundir”, ou “arretado”, expressão<br />
muito conhecida no Rio.<br />
Segundo a coordenadora pedagógica<br />
Nilcéia dos Santos, a<br />
iniciativa ultrapassou os objetivos<br />
dos educadores e permitiu que o<br />
conhecimento fosse compartilhado<br />
entre eles e os expectadores.<br />
Durante o evento, houve muita<br />
troca de informação e criatividade<br />
para falar sobre o Planeta via<br />
biodiversidade. Os educadores se<br />
surpreenderam com a resposta da<br />
comunidade: “Eles aprenderam<br />
e ensinaram como minimizar o<br />
impacto do homem sobre o ecossistema.<br />
Levar o aluno a refletir<br />
sobre o modo de vida moderno e<br />
o consumo desenfreado foi um dos<br />
objetivos da atividade. Trabalhamos<br />
com projeto há alguns anos,<br />
mas nessa edição o elo entre as<br />
turmas foi um destaque. Todas<br />
elas prestigiaram as apresentações<br />
dos amigos. E quase todos os responsáveis<br />
estiveram no colégio”,<br />
comemora a coordenadora.<br />
Centro Educacional Itauá<br />
Rua Itauá, 226 – Campo Grande –<br />
Rio de Janeiro/RJ<br />
CEP: 23040-250<br />
Tel.: (21) 3384-4036<br />
Coordenadora Pedagógica: Nilcéia<br />
dos Santos<br />
Fotos: Tony Carvalho<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 27
Prática Pedagógica<br />
Jogo da<br />
memória<br />
com fotos<br />
das crianças<br />
Faixa etária de 0 a 3 anos<br />
Conteúdo<br />
Exploração dos objetos e brincadeiras.<br />
Mais sobre jogos.<br />
Reportagens<br />
Como criar jogos de alvo com os alunos da pré-escola.<br />
Competições ensinam a turma a ganhar e a perder.<br />
Brincando com regras.<br />
Plano de aula.<br />
Produção de jogos de alvo<br />
Objetivos:<br />
– Divertir-se com o jogo da memória.<br />
– Compartilhar de um mesmo jogo com o grupo<br />
de colegas.<br />
– Conhecer as regras do jogo da memória.<br />
Tempo estimado<br />
Mínimo de quinze minutos e máximo de 30 minutos<br />
para cada situação de aprendizagem.<br />
Material necessário<br />
Pares de cartões com fotos das crianças da turma,<br />
tamanho mínimo de 10 x 10.<br />
Cartolina ou papel mais resistente.<br />
Plástico adesivado para encapar.<br />
Desenvolvimento das atividades<br />
1. Tirar fotos das crianças e imprimir duas vezes<br />
cada uma para confeccionar os cartões.<br />
Informar às crianças que as fotos estão sendo tiradas<br />
para confecção do jogo da memória. Recortar as<br />
fotos e colar na cartolina mostrando para as crianças<br />
conforme forem ficando prontas.<br />
28 Revista <strong>Appai</strong> Educar
2. Apresentar o jogo.<br />
Em roda mostrar o jogo e organizar as peças para que as crianças<br />
vejam como se joga. Inicialmente propor o jogo da memória aberto<br />
(com as imagens voltadas para cima) e pedir para que determinadas<br />
crianças encontrem os pares.<br />
Deixar que as crianças manuseiem os cartões, sem pressa de<br />
que se apropriem das regras convencionais.<br />
3. Organizar mesas com no máximo cinco crianças para que<br />
possam jogar o jogo em diferentes momentos.<br />
Levar outros jogos que as crianças já conheçam<br />
(exemplos: quebra-cabeça, jogos de montar,<br />
quebra-gelo) e organizar com elas grupos para<br />
jogá-los.<br />
Caso haja mais de uma educadora na turma,<br />
uma pode dar apoio aos grupos que estiverem<br />
praticando os jogos já conhecidos, enquanto a<br />
outra fica na mesa do jogo da memória. Caso<br />
não haja outra educadora, organizar primeiro os<br />
grupos que participarão dos jogos já conhecidos.<br />
Deixar que as crianças joguem sem fazer intervenções sistemáticas nas<br />
jogadas de cada uma. A educadora pode ser uma das participantes do jogo e servir<br />
como modelo para as crianças. Promover o rodízio das crianças para que a maioria jogue todos os jogos.<br />
4. Garantir momentos na rotina semanal para que as crianças joguem o jogo da memória.<br />
Durante o período de recepção das crianças ou no término do dia enquanto aguardam a<br />
chegada dos pais são boas opções para o contato com o jogo da memória.<br />
5. Criar novos jogos e variações do jogo da memória.<br />
Após a brincadeira tornar-se bastante conhecida, pode-se pesquisar variações do<br />
jogo da memória, tais como o lince (um tabuleiro grande com imagens pequenas<br />
que as crianças devem procurar a partir de cartões com imagens duplicadas).<br />
Avaliação<br />
Devem-se criar pautas de observação<br />
para analisar as diferentes maneiras como<br />
as crianças jogam e o grau de envolvimento<br />
de cada uma delas. A partir da análise<br />
das pautas o educador pode fazer os ajustes<br />
com relação ao grau de dificuldade do<br />
jogo e, com isso, propor novos desafios e<br />
variações.<br />
Quer saber mais?<br />
Bibliografia:<br />
KAMII, Constance & HOUSMAN, Leslie Baker. Crianças Pequenas<br />
Reinventam a Aritmética – Implicações da teoria de Piaget. 2.ed,<br />
Artmed, 2002.<br />
Ana Paula Yazbek<br />
Pedagoga formada pela USP, é sócia-diretora do Berçário Espaço<br />
da Vila, que atende crianças entre 0 e 3 anos. Atua em projetos<br />
de formação de educadores.<br />
Fonte:<br />
http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/<br />
jogo-memoria-fotos-criancas-427926.shtml<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 29
Diversidade Cultural<br />
Feira cultural une<br />
teoria e expressão<br />
corporal<br />
Sandra Martins<br />
Xaxado, baião, jongo, samba, valsa, maculelê, gafieira, hip-hop,<br />
entre outros ritmos marcaram com criatividade e empolgação<br />
os dois dias de apresentações do projeto Rio de Janeiro e sua<br />
diversidade cultural e geográfica, do Colégio Estadual Professora<br />
Maria Terezinha de Carvalho Machado, em Jacarepaguá. A expectativa<br />
era grande. Afinal, foram vários dias de ensaios para as exposições orais<br />
(em sala ambientada) e por meio da linguagem corporal – tradução dos<br />
dados da pesquisa sobre a evolução histórica e econômica das regiões<br />
abordadas, na forma de dança, esquete teatral, canto ou mímica.<br />
O trabalho com projetos culturais é uma tradição do colégio,<br />
mantido por um grupo de<br />
docentes desde a criação da escola<br />
com o curso noturno há oito anos.<br />
Atualmente, esta unidade de ensino<br />
atende a três turnos e, segundo Nelma<br />
França, professora de História,<br />
independente da falta de espaço, a<br />
capacidade criadora é constantemente<br />
estimulada: “A instituição é<br />
considerada uma escola viva, sendo<br />
a criatividade e o lúdico seus referenciais”.<br />
Assim, sem perder o ritmo<br />
e os prazos, vários talentos foram<br />
descobertos. “Já formamos alunos<br />
que viraram professores de dança e<br />
temos uma jovem que atua no Teatro<br />
Municipal”. Um desses talentos<br />
descobertos foi Marcus Paulo Gomes<br />
da Silva que, entre 2004 e 2006, foi<br />
aluno da professora de Educação<br />
Física e atual coordenadora pedagó-<br />
gica Sandra Araújo. “Ela dava exercícios<br />
de expressão corporal dentro<br />
da sala de aula, porque não tínhamos<br />
quadra. Eu me identifiquei com<br />
sua atividade, sua dinâmica, pois<br />
já trabalhava com dança”, afirmou<br />
o jovem coreógrafo que atua como<br />
oficineiro de dança, teatro e música<br />
no programa “Mais Educação”, do<br />
Maria Terezinha.<br />
O projeto Rio de Janeiro e sua diversidade<br />
cultural e geográfica<br />
teve<br />
como objetivo fomentar maior<br />
compreensão do espaço em que<br />
vivemos, a cidade e o seu entorno,<br />
tendo a preocupação de<br />
discutir a evolução histórica e<br />
econômica da região. Realizado<br />
de forma interdisciplinar,<br />
cada professor-orientador<br />
deveria incentivar suas<br />
turmas de modo a que desenvolvessem<br />
um interesse<br />
investigativo necessário<br />
ao incremento do projeto,<br />
e, além disso, auxiliar os<br />
discentes em pesquisas<br />
nos jornais, internet,<br />
livros, visitas a<br />
30 www.appai.org.br/Jornal_Educar – Revista <strong>Appai</strong> Educar
A rica multiculturalidade brasileira<br />
apresenta um universo encantador,<br />
cuja visibilidade permite a<br />
desconstrução de estereótipos<br />
aparentemente engraçados<br />
museus e entrevistas. O segundo<br />
momento foi a exposição em sala<br />
(defesa oral, maquetes de materiais<br />
recicláveis e cartazes) e expressão<br />
corporal no pátio.<br />
Para o desenvolvimento do<br />
trabalho, apresentado em duas<br />
partes, adotou-se a divisão regional<br />
do estado em oito áreas<br />
político-administrativas: Baía da<br />
Ilha Grande; Médio Paraíba; Centro-Sul<br />
Fluminense; Metropolitana;<br />
Serrana; Baixada Litorânea; Norte<br />
Fluminense e Noroeste Fluminense.<br />
Cada região foi subdividida em<br />
dois grupos. Na primeira parte,<br />
levantamento de dados sobre a<br />
economia regional, desenvolvimento<br />
e decadência; povoamento<br />
e desenvolvimento populacional;<br />
os marcos históricos presentes no<br />
local; as regiões do Estado do Rio<br />
de Janeiro em números: mapas,<br />
tabelas e gráficos representando<br />
a economia, a mobilidade populacional<br />
e os recursos naturais. Na<br />
segunda parte, os temas seriam<br />
a biodiversidade do Estado do Rio<br />
de Janeiro: parques e reservas<br />
ecológicas; produção industrial e<br />
agrícola; a nova lei do uso do solo;<br />
rios e lagos; ecologia e cultura; a<br />
influência do turismo no vocabulário,<br />
no trabalho, na cultura regional<br />
e no cotidiano da sociedade local.<br />
Nelma revela que os docentes,<br />
em especial os da área de exatas,<br />
inicialmente tiveram muitas dificuldades<br />
para desencadear seu<br />
processo criativo. “O ‘como fazer’<br />
era a preocupação desses professores<br />
por ficarem voltados para<br />
seu conteúdo. Conseguimos fazer<br />
um trabalho com eles para que<br />
liberassem sua<br />
criatividade. Porque educar não é<br />
só passar informação”.<br />
Na disciplina de Física, por<br />
exemplo, o professor Walter criou<br />
uma brincadeira utilizando conceitos<br />
de Mecânica e Física. Os alunos<br />
participaram de uma competição<br />
de perguntas e respostas com<br />
conteúdo baseado nas pesquisas<br />
sobre geografia, cultura e história<br />
das regiões. Os competidores usavam<br />
dois capacetes, cada um com<br />
uma lâmpada adaptada, ligados a<br />
um painel eletrônico que acendia a<br />
lâmpada quando o aluno acertava<br />
a resposta. A competição foi um<br />
sucesso com as torcidas vibrando a<br />
cada pergunta.<br />
Na disciplina de História, os<br />
alunos de Nelma tiveram que<br />
tratar da influência do nordestino<br />
no Rio de Janeiro. Depois de<br />
levantarem dados teóricos, eles<br />
foram fazer pesquisas de campo:<br />
visitaram duas feiras nordestinas<br />
– São Cristóvão e Caxias.<br />
Fizeram entrevistas, conheceram<br />
as origens do forró, levaram um<br />
sanfoneiro e mostraram o Rio<br />
Nordestino. O desconhecimento<br />
sobre a rica multiculturalidade<br />
do estado do Rio desconstruía falas<br />
aparentemente engraçadas,<br />
como a de que Médio Paraíba<br />
era referência a um nordestino<br />
natural do estado da Paraíba de<br />
média estatura. Na pesquisa,<br />
descobriram que esta região,<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar – www.appai.org.br/Jornal_Educar 31
que engloba cidades como<br />
Barra Mansa, Barra do Piraí,<br />
Itatiaia, Pinheiral, Piraí,<br />
Porto Real, Quatis, Resende,<br />
Rio Claro, Rio das Flores,<br />
Valença, Volta Redonda, era<br />
rica em lavoura de café no<br />
século XIX.<br />
Como todo o trabalho de pesquisa<br />
está associado a uma dança,<br />
nesta região os alunos descobriram<br />
o Jongo, relacionado ao cultivo do<br />
café, também difundido na Região<br />
Noroeste Fluminense – Aperibé,<br />
Bom Jesus de Itabapoana, Cambuci,<br />
Italva, Itacoara, Laje do Muriaé,<br />
Miracema, Natividade, Porciúncula,<br />
Santo Antônio de Pádua, São José<br />
de Ubá, Varre-Sai. Já na região da<br />
Bacia da Ilha Grande (Costa Verde)<br />
– Angra dos Reis, Itaguaí, Mangaratiba,<br />
Paraty –, escolheram as<br />
manifestações culturais católicas,<br />
características da época: Festa do<br />
Divino, Folia de Reis, Cirandeiros.<br />
Na região Serrana – Bom Jardim,<br />
Cantagalo, Carmo, Cordeiro,<br />
Duas Barras, Macuco, Nova<br />
Friburgo, Petrópolis, Santa Maria<br />
Madalena, São José do Vale do<br />
Rio Preto, São Sebastião do Alto,<br />
Sumidouro, Teresópolis, Trajano de<br />
Moraes –, Maria Penha dos Santos,<br />
de Biologia, em parceria com a<br />
Física, enfatizou os ecossistemas,<br />
biótomos (organismos da região –<br />
fauna e flora), relações harmônicas<br />
e desarmônicas entre os seres<br />
vivos. Tanto na apresentação do<br />
seminário em sala de aula como na<br />
exposição de dança folclórica, no<br />
caso uma valsa, os alunos se caracterizaram<br />
de colonos alemães, base<br />
da cultura da região serrana.<br />
De acordo com a professora<br />
de Química Adriana Rocha, para<br />
ir além do quadro-negro e motivar<br />
seus alunos, ela montou dois<br />
projetos: uma horta aromatizada<br />
e uma empresa virtual,<br />
com base na Matemática<br />
Financeira e em Química. Com<br />
a horta aromatizada trabalhou-se<br />
a questão da física, a energia, a<br />
composição química e a utilidade<br />
de cada erva, dos pontos de vista<br />
medicinal e químico. Com a empresa<br />
virtual discutiu-se a produção<br />
de cosméticos e perfumes, além<br />
do empreendedorismo. Os alunos<br />
pesquisaram a importância dos minerais<br />
nos cosméticos, onde estão<br />
contidos, como extrair as substâncias,<br />
de onde elas vêm etc.<br />
“A Matemática foi uma ferramenta<br />
auxiliar, que eles viram sob<br />
outra ótica. Não mais como um<br />
bicho-papão. Consegui com isso o<br />
carisma pelas disciplinas Química e<br />
Matemática. Tenho até um aluno que<br />
ficou interessado na área de exatas,<br />
coisa que no início do ano não havia<br />
como prever”. Para despertar a<br />
curiosidade, Adriana levou material<br />
concreto para dar conta dos experimentos,<br />
como produtos, pedras,<br />
filmes, textos, figuras alquímicas. Ao<br />
atritar dois gravetos ela apresentou<br />
o histórico desde a criação do fogo<br />
pelo homem de Neandertal. Na aula<br />
seguinte, os comentários demonstravam<br />
as passagens pelo YouTube<br />
e pelo Discovery Chanel.<br />
Para desmistificar o inexistente<br />
bicho-papão da Matemática, o<br />
professor Fábio Alves demonstrou<br />
que ela é um instrumento básico de<br />
suma importância. A Matemática<br />
quantitativa foi usada para abordar<br />
a geografia do Estado do Rio de<br />
Janeiro, com a criação de gráficos<br />
Mais do que dançar, a<br />
comunidade escolar enfatiza<br />
a socialização dos alunos<br />
e busca integrá-los ao<br />
mercado de trabalho<br />
e tabelas, para tratar da população<br />
de cada região do estado, além dos<br />
indicadores econômicos.<br />
Monitorando todas as apresentações<br />
no pátio, a coordenadora<br />
pedagógica Sandra Araújo não<br />
escondia o orgulho pelo cuidado<br />
dos alunos com as indumentárias e<br />
coreografias. Segundo a professora,<br />
o êxito do trabalho está baseado em<br />
suas experiências com festivais de<br />
dança escolares, com o envolvimento<br />
de toda a comunidade estudantil.<br />
Sua ação pedagógica canaliza os<br />
esportes no primeiro e segundo<br />
bimestres; no terceiro e quarto<br />
bimestres entra com a dança, a<br />
expressão corporal, a ginástica rítmica<br />
e a desportiva. “Aí o aluno vai<br />
pegando jeitinho de noção de corpo,<br />
aprende a colocar-se no espaço para<br />
fazer um giro e coisas assim, pois<br />
as pessoas chegam ao Ensino Médio<br />
sem saber de nada”. Mais do que<br />
estimular a dança, o formato que<br />
a escola adotou, além de ensinar<br />
o conteúdo, enfatiza a socialização<br />
dos alunos e busca integrá-los ao<br />
mercado de trabalho.<br />
Colégio Estadual Professora Maria<br />
Terezinha de Carvalho Machado<br />
Rua Candido Benício, 826 – Campinho<br />
– Rio de Janeiro/RJ<br />
CEP: 21230-060<br />
Tel.: (21) 2333-5609<br />
Coordenadora Pedagógica: Sandra<br />
Araújo<br />
Fotos: Marcelo Ávila<br />
32 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Entrevista<br />
Biblioteca modelo estimula o<br />
prazer pela leitura<br />
A<br />
Coordenadora de atividades<br />
culturais da Biblioteca<br />
Parque Manguinhos, Ivete<br />
Miloski, em entrevista<br />
à Revista <strong>Appai</strong> Educar, fala sobre a<br />
importância da democratização da<br />
leitura para o desenvolvimento da<br />
sociedade e dos indivíduos. Primeira<br />
Biblioteca Parque do país, equipada<br />
com recursos do Programa Mais<br />
Cultura, o Complexo Cultural<br />
de Manguinhos oferece, nos seus<br />
3,3 mil m², ludoteca, filmoteca,<br />
sala de leitura para portadores de<br />
deficiências visuais, acervo digital<br />
de música, cineteatro, cafeteria,<br />
acesso gratuito à Internet, uma<br />
sala denominada Meu Bairro, reservada<br />
para reuniões da comunidade,<br />
entre outros projetos.<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar – De acordo<br />
com pesquisa realizada pela<br />
Fundação Instituto de Pesquisas<br />
Econômicas (Fipe), na última década,<br />
o índice de leitura no Brasil<br />
aumentou 150%, passando de 1,8<br />
livro por ano para 4,7. Em que<br />
medida bibliotecas modelos como<br />
o Parque Manguinhos têm colaborado<br />
para esse crescimento?<br />
Ivete Miloski – Na verdade, existe<br />
um problema que é o acesso ao livro.<br />
O livro é um produto que ficou<br />
muito caro, e de um modo geral as<br />
pessoas que moram em comunidade<br />
têm difícil acesso a educação,<br />
cultura, lazer, bibliotecas. Bibliotecas<br />
como essas, que estão inseridas<br />
dentro de comunidades, oferecem<br />
gratuitamente laboratórios de literatura,<br />
jogos educativos e colocam<br />
à disposição das pessoas um acervo<br />
de qualidade – além de um ambiente<br />
bem decorado, onde o visitante<br />
tem acesso direto ao acervo e pode<br />
levar para casa –, colaboram para o<br />
aumento do índice de leitura.<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar – Na sua<br />
opinião, o que falta para aumentar<br />
a capacidade leitora dos nossos<br />
alunos e trazer esse hábito para o<br />
dia a dia do brasileiro?<br />
Ivete Miloski – Em primeiro lugar,<br />
o professor tem que se reciclar. Eu<br />
sou professora, fiz o Curso Normal<br />
e sempre achei que a gente é um<br />
pouco abandonada, muito pouco<br />
assistida. Não há reciclagem, nem<br />
incentivo para reciclagem. Eu sempre<br />
procurei fazer cursos porque<br />
era meu interesse melhorar, fazer<br />
uma aula rica, bem trabalhada. O<br />
professor não tem tempo de ler,<br />
não tem tempo de comprar os livros<br />
porque ganha pouco. Como você vai<br />
passar o hábito de leitura se você<br />
não lê? Nós temos hoje um número<br />
imenso de autores novos. É uma<br />
“rapaziada” que está criando livros<br />
bem interessantes com uma nova<br />
linguagem, com a linguagem dos<br />
jovens. Se o professor não se atualiza<br />
e continua dando os mesmos<br />
autores clássicos, a mesma coisa<br />
antiga, ele não consegue estabelecer<br />
uma sintonia com os jovens. O<br />
gosto pela literatura passa de pessoa<br />
para pessoa. O professor tem<br />
que gostar de leitura, tem que ser<br />
amigo dos livros e passar isso para<br />
os seus alunos.<br />
As bibliotecas nas escolas, por<br />
exemplo. Tem escola em que é<br />
proibido entrar na biblioteca. Tem<br />
biblioteca que tem cadeado na porta<br />
e o aluno não entra. Isso é um<br />
absurdo, um contrassenso. E, se alguma<br />
pessoa levar o livro para casa,<br />
eu acho até bom, porque a pessoa<br />
está levando o livro para ler, porque<br />
gostou do livro, eu acho isso positivo.<br />
Tem que haver incentivo para<br />
que as bibliotecas fiquem abertas,<br />
que tenham uma boa acolhida para<br />
que aquele que esteja procurando<br />
um livro receba uma boa orientação.<br />
Nós deveríamos ter mais Bibliotecas<br />
Parques. Em todos os estados, em<br />
todos os municípios nós deveríamos<br />
ter bibliotecas do porte desta.<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar – Que<br />
tipo de assunto ou tema estão<br />
entre os mais procurados aqui na<br />
biblioteca?<br />
Ivete Miloski – Tenho que consultar,<br />
mas sei que as obras que falam<br />
sobre vampiros, como A Saga Crepúsculo,<br />
Harry Potter, e os livros da<br />
Thalita Rebouças são os preferidos.<br />
Livros científicos também são muito<br />
procurados: psicologia, direito, pedagogia,<br />
gastronomia, além dos de<br />
autoajuda e sobre ONGs.<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar – Existe<br />
uma meta de empréstimo de livros a<br />
ser cumprida? Caso haja, o que está<br />
sendo feito para que se alcance?<br />
Ivete Miloski – Não existe uma<br />
meta. O que nós estamos fazendo<br />
é plantar sementes. Antes, os<br />
livros eram ignorados, as pessoas<br />
entravam, ficavam vendo, assistiam<br />
os filmes e saíam. Depois, aos<br />
poucos, através das atividades de<br />
literatura que nós fazemos aqui,<br />
as pessoas foram se aproximando,<br />
tendo contato com os livros e agora<br />
pegam, leem, levam para casa. As<br />
atividades que promovemos aqui<br />
foram buscando o público para o<br />
livro. Hoje, quando a gente quando<br />
dá uma olhada no salão vê pessoas<br />
assistindo filme, mas elas estão<br />
com o livro na mão também. O<br />
número de empréstimos também<br />
é razoável. As pessoas estão vindo,<br />
estão lendo, estão usando o acervo<br />
da biblioteca.<br />
Em novembro nós tivemos seis<br />
mil pessoas aqui na biblioteca.<br />
Esse número nos marcou muito:<br />
seis mil pessoas visitaram a biblioteca.<br />
Nós recebemos visita de escolas<br />
e o final da tarde é o horário<br />
de pico, fica muito movimentado<br />
até a hora de fechar. Quando for<br />
inaugurado o cineteatro, o que<br />
deve acontecer em abril ou maio,<br />
isso aqui vai virar um point. A obra<br />
já está em fase de finalização.<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar – Você<br />
acredita que a dificuldade de interpretar<br />
um texto seja um fator<br />
de desmotivação a que se adquira<br />
o hábito da leitura?<br />
Ivete Miloski – Não existe a dificuldade<br />
de interpretação. Quando a<br />
gente conversa com essas crianças,<br />
percebe uma capacidade de criação,<br />
de abstração muito grande. Eles<br />
fantasiam bem, eles interpretam<br />
bem. A gente fez um trabalho<br />
com elas e os primeiros<br />
desenhos todos tinham<br />
muito vermelho, pessoas<br />
mortas. Quando a gente<br />
pega essas mesmas<br />
crianças hoje, o desenho<br />
mudou completamente:<br />
tem sol, tem lua, tem<br />
flor, tem muita casa. Eles ganharam<br />
os apartamentos e agora desenham<br />
os apartamentos. Rapidamente a<br />
criança elabora a realidade e joga na<br />
criação dela. Em outro trabalho que<br />
a gente fez eles tinham que usar palavras<br />
já recortadas de revistas para<br />
montar histórias. Eles apresentaram<br />
textos belíssimos, com histórias lindas.<br />
Isso é capacidade de trabalhar<br />
com as palavras, entender, recriar e<br />
criar combinações com as palavras.<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar – Quais<br />
os horários de funcionamento da<br />
biblioteca e quem pode participar<br />
dos empréstimos de livros?<br />
Ivete Miloski – Todas as pessoas<br />
podem participar dos empréstimos<br />
de livros, CDs e DVDs. O horário<br />
de funcionamento é de 10 às 20<br />
horas, de terça a domingo.<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar – Além<br />
dos empréstimos de livros, quais<br />
são as outras atividades oferecidas<br />
pela Biblioteca?<br />
Ivete Miloski – Nós temos uma<br />
série de laboratórios, sarau poético,<br />
empréstimos de CDs e DVDs, aula<br />
de percussão. Temos o Zum zum<br />
zum, que é um momento em que<br />
funcionários da biblioteca param no<br />
meio do público e declamam poesias,<br />
cantam músicas e incentivam<br />
a participação dos usuários. Temos<br />
palestras, gincanas e a comunidade<br />
usa o espaço da biblioteca para reuniões<br />
e outras atividades culturais.<br />
As pessoas da comunidade que<br />
nunca tinham entrado em uma<br />
biblioteca passam a frequentar o<br />
espaço por diversos motivos e depois<br />
começam a procurar os livros.<br />
Tem os universitários que usam os<br />
espaços da biblioteca para fazer<br />
suas teses e monografias. Nós<br />
deixamos uma sala preparada para<br />
isso e ainda temos livros raros.<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar – Quais<br />
os projetos para o futuro da biblioteca?<br />
Ivete Miloski – Crescer! A gente<br />
ainda quer crescer muito. A gente<br />
tem o sonho de fazer uma orquestra<br />
sinfônica com os meninos da comunidade.<br />
Um dia um funcionário nosso<br />
que é músico começou a tocar<br />
saxofone em um espaço que tem<br />
ao lado da biblioteca. Muitas pessoas<br />
começaram a se juntar para<br />
assistir e nós descobrimos crianças<br />
que tocavam instrumentos, uma<br />
tocava piano, a outra saxofone, algumas<br />
cantavam, tocavam violino.<br />
Tem gente que gosta de música, já<br />
toca instrumentos. Então dá para<br />
montar uma orquestra. Esse é um<br />
dos nossos sonhos.<br />
Ivete Miloski<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 33<br />
Foto: Marcelo Ávila
Leitura<br />
O que<br />
você está<br />
lendo?<br />
Projetos e<br />
ações de apoio<br />
e incentivo à<br />
leitura reforçam<br />
a prática leitora<br />
no país<br />
Antônia Lúcia<br />
Foto: Marcelo Ávila<br />
Em ano de Bienal do Livro, assim<br />
como em tempos de Copa do Mundo,<br />
Olimpíadas, eleições etc., esses e outros temas<br />
recorrentes ganham mais força, projeção e evidência.<br />
Esse ano, o Rio de Janeiro será palco da XV Bienal do<br />
Livro, um dos principais acontecimentos do mercado<br />
editorial, a ser realizado no período de 1º a 11 de<br />
setembro, no Riocentro. De acordo com a presidente<br />
do Sindicato Nacional de Editores de Livros (Snel)<br />
Sônia Machado Jardim, em 2009 foram vendidos mais<br />
de 2 milhões de exemplares ao longo dos 11 dias<br />
de programação, e a expectativa é que esse número<br />
seja superado em 2011.<br />
Diante de um nível tão expressivo de vendagem de<br />
obras, num curto período de tempo, há de se pensar<br />
que, mesmo com todas as dificuldades em decifrar os<br />
signos gráficos que traduzem<br />
a linguagem oral e de<br />
interpretar aquilo que se lê,<br />
a leitura tem uma significação<br />
nobre para o público brasileiro.<br />
De acordo a pesquisa Retratos da<br />
Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto<br />
Pró-Livro, principal estudo sobre o comportamento<br />
do leitor no país, a leitura é considerada<br />
uma fonte de conhecimento para a vida (Confira o<br />
resultado da pesquisa nas páginas 35 e 36).<br />
Essa apreensão intelectual também faz parte da<br />
história de Leonardo da Piedade Diniz Filho, pescador<br />
profissional, conhecido por todos como Léo do Peixe,<br />
que vive em Pirapora, interior de Minas. Em vez de<br />
uma banca de pescados na feira livre aos finais de<br />
semana, Léo criou a banca de livros. À medida que<br />
o tempo foi passando, o que era banca transformouse<br />
no Clube de Leitura de Pirapora – cidade que fica<br />
no Alto Rio São Francisco –, com mais de 400 sócios<br />
ávidos pelo prazer de ler na própria feira ou levar os<br />
livros para serem lidos em outro lugar.<br />
Outro exemplo de que essa atividade é a mola propulsora<br />
para a aquisição do conhecimento e fomento<br />
à leitura vem do sul do Brasil. Implantado recentemente<br />
pela prefeitura de Três Coroas (RS), por Lorena<br />
Pedrinha, diretora da biblioteca municipal, o projeto<br />
34 Revista <strong>Appai</strong> Educar
O que a leitura significa para os brasileiros<br />
(Resposta espontânea e única)<br />
Conhecimento 45,2 milhões 26%<br />
Algo importante 14 milhões 8%<br />
Crescimento profissional 13 milhões 8%<br />
Sabedoria 9,2 milhões 5%<br />
Desenvolvimento cultural 8,1 mil 5%<br />
Importância social 6,9 mil 4%<br />
Prazer 6,8 mil 4%<br />
A leitura tem<br />
Melhora a educação 6,5 mil 4%<br />
significado<br />
Tudo na vida do homem 2%<br />
positivo para 3 em<br />
cada 4 pessoas<br />
Inteligência 1%<br />
Informação 1%<br />
Uma entre cada 4<br />
Atualização 1%<br />
pessoas não faz a<br />
Lugares novos 1%<br />
menor ideia sobre<br />
Comunicação 1%<br />
o papel da leitura<br />
Outras respostas 1%<br />
Inteligência 1%<br />
Citações negativas 1%<br />
Não sabe ou não opinou 45,7 milhões 26%<br />
Extraído da pesquisa Retratos da leitura no Brasil<br />
visa facilitar o acesso aos diversos<br />
temas de leitura à população. Os<br />
livros são postos em vários pontos<br />
da cidade, como: ponto de ônibus,<br />
estação rodoviária, nas praças e<br />
onde houver movimentação de<br />
pessoas, com intuito de ofertar ao<br />
leitor a opção de ler no próprio local<br />
ou, se preferir, levar para casa.<br />
À medida que crescem os programas<br />
e projetos que visam impulsionar<br />
o interesse pela leitura,<br />
aumenta também o número de<br />
livros, autores e eventos literários<br />
que objetivam tratar e apontar caminhos<br />
para uma prática mais produtiva,<br />
descrevendo metodologias,<br />
discutindos ações e partilhando<br />
experiências bem-sucedidas. De<br />
acordo com pesquisa realizada<br />
pela Fundação Instituto de Pesquisas<br />
Econômicas (Fipe), a pedido<br />
da Câmara Brasileira do Livro e do<br />
Sindicato Nacional dos Editores de<br />
Livros, e divulgada em 2009, na última<br />
década, o índice de leitura no<br />
Brasil aumentou 150%, passando<br />
de 1,8 livro por ano para 4,7.<br />
Projetos e incentivos por parte<br />
do governo, da iniciativa privada<br />
e por entidades do tereceiro setor<br />
– ONGs, institutos ou associações<br />
sem fins lucrativos – não têm faltado<br />
para que a boa capacidade para<br />
a interpretação e compreensão<br />
dos textos seja algo concreto. Um<br />
dos principais vieses desse eixo<br />
norteador de desenvolvimento da<br />
leitura é o Plano Nacional do Livro<br />
e Leitura (PNLL), um conjunto de<br />
Na última<br />
década, o índice<br />
de leitura no<br />
Brasil aumentou<br />
150%, passando<br />
de 1,8 livro por<br />
ano para 4,7.<br />
projetos, programas, atividades<br />
e eventos na área editorial, empreendidos<br />
pelo governo federal<br />
juntamente com a sociedade civil,<br />
com o propósito de melhorar a<br />
qualidade da capacidade leitora no<br />
Brasil e trazer esse hábito para o<br />
dia a dia do brasileiro.<br />
Outras contribuições, como<br />
o projeto Leitura para Todos do<br />
Instituto Oldemburg de Desenvolvimento,<br />
em parceria com o<br />
Grupo Editorial Record e apoio do<br />
Ministério da Cultura, por meio<br />
da Lei Federal de Incentivo à Cultura,<br />
têm beneficiado milhões de<br />
leitores, dos quais muitos tiveram<br />
acesso ao livro pela primeira vez.<br />
Nas escolas, as Secretarias de<br />
Educação estadual e municipal têm<br />
disseminado e apoiado projetos de<br />
leitura junto com as equipes pedagógicas<br />
das unidades de ensino.<br />
No Colégio Estadual Compositor<br />
Luis Carlos da Vila, em Manguinhos,<br />
na Zona Norte, um acervo<br />
com aproximadamente mil obras<br />
nacionais e estrangeiras reforça a<br />
disseminação da prática leitora na<br />
escola. De acordo com Tereza Porto,<br />
a viagem nos livros é entrada<br />
de conhecimento, de uma cultura<br />
nova. “O que faz a escola ser viva<br />
é a vontade de saber mais e trocar<br />
essa experiência”, diz a Secretaria<br />
Estadual de Educação. Nas salaspolo<br />
de leitura das escolas da<br />
Rede Municipal de Ensino, alunos<br />
e professores têm acesso às cópias<br />
dos programas da série televisiva<br />
Rio, uma Cidade de Leitores, criada<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 35
Foto: Marcia Costa<br />
pela MultiRio, cujo objetivo é promover<br />
o diálogo entre a literatura<br />
e as muitas expressões artísticas<br />
Outros projetos nesse mesmo<br />
formato foram lançados pelo Governo<br />
Federal como o Fome de Livro,<br />
cujos objetivos são beneficiar<br />
comunidades e estimular a rotina<br />
de leitura como hábito dos brasileiros.<br />
Medidas e políticas como<br />
a de valorização do magistério e<br />
do crescimento na qualidade da<br />
educação têm sido um reforço na<br />
evolução da educação básica. Uma<br />
delas foi a recente aquisição feita<br />
pelo MEC, através do Prograna<br />
Nacional do Livro Didático (PNLD),<br />
de 135 milhões de livros paras as<br />
escolas das redes públicas federal,<br />
estadual e municipal. Outra novidade<br />
nessa área foi o recebimento,<br />
pela primeira vez, de livros de<br />
inglês ou espanhol para os alunos<br />
das redes de escolas públicas do<br />
sexto ao nono anos.<br />
Os números divulgados pelo<br />
Pisa (Programa Internacional de<br />
Avaliação de Alunos) em 2009<br />
mostram que essa ausência do<br />
prazer pela leitura vem diminuindo<br />
paulatinamente. Entre os 59 países<br />
que passaram pelo teste de leitura,<br />
o Brasil foi um dos três da América<br />
Latina que obtiveram crescimento<br />
na pontuação de desempenho. O<br />
país, que tem a segunda maior<br />
biblioteca do continente, subiu sua<br />
nota de 396, em 2000, para 412,<br />
em 2009, elevando o seu escore em<br />
16 pontos. Ao contrário do Brasil,<br />
nações como Argentina, República<br />
Tcheca, Suécia, Irlanda e Austrália<br />
apresentaram quedas significantes<br />
em relação aos resultados de<br />
2000. Outros dois representantes<br />
O que a leitura significa para os brasileiros<br />
(Resposta múltipla e estimulada)<br />
Uma fonte de conhecimento para a vida 73 milhões 42%<br />
Uma fonte de conhecimento e atualização profissional 29 milhões 17%<br />
Uma fonte de conhecimento para a escola/faculdade 6,6 milhões 10%<br />
Uma atividade interessante 14,2 mil 8%<br />
Uma atividade prazerosa 13,9 mil 8%<br />
Uma prática obrigatória 3%<br />
Algo que produz cansaço/exige muito esforço 2%<br />
Algo que ocupa muito tempo 2%<br />
Uma atividade entediante 1%<br />
Nenhuma destas/Não sabe/ Não opinou 10,6 mil 6%<br />
Extraído da pesquisa Retratos da leitura no Brasil<br />
Conhecimento é o<br />
valor mais associado<br />
à leitura (e aumenta<br />
entre os mais velhos)<br />
É a resposta mais citada<br />
entre as crianças com idade<br />
até 10 anos (12% delas)<br />
36 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Veja a evolução das notas de leitura no Pisa (2009)<br />
País Nota Pisa 2000 Nota Pisa 2009 Diferença<br />
1 Peru ............................... 327 ........................................ 370 ................................... 43<br />
2 Chile ............................... 410 ........................................ 449 ................................... 40<br />
3 Albânia ............................. 349 ........................................ 385 ................................... 36<br />
4 Indonésia ........................... 371 ........................................ 402 ................................... 31<br />
5 Letônia ............................. 458 ........................................ 484 ................................... 26<br />
10 Brasil ............................. 396 ........................................ 412 ................................... 16<br />
34 Austrália ........................... 528 ........................................ 515 ...................................-13<br />
35 Rep. Tcheca ......................... 492 ........................................ 478 ...................................-13<br />
36 Suécia ............................. 516 ........................................ 497 ...................................-19<br />
37 Argentina ........................... 418 ........................................ 398 ...................................-20<br />
38 Irlanda ............................ 527 ........................................ 496 ...................................-31<br />
Fonte: Inep<br />
da América Latina que obtiveram<br />
excelentes índices de crescimento<br />
em suas notas foram Peru, com<br />
aumento de 43 pontos, seguido<br />
pelo Chile, com 40. A mobilização<br />
de professores, alunos, comunidades,<br />
governos, entidades públicas e<br />
privadas têm garantido às crianças,<br />
jovens e adultos a oportunidade<br />
de vivências e descobertas com a<br />
literatura que, certamente, caminharão<br />
com eles em todos os momentos<br />
de suas vidas, mostrando o<br />
muito que a leitura pode fazer por<br />
cada um de nós.<br />
Fontes:<br />
Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro<br />
Brasil que Lê – Agência de Notícias<br />
http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/dados/anexos/48.pdf<br />
Concurso Cultural Ler e Escrever é Preciso<br />
Até 30 de junho, crianças e jovens que estiverem cursando séries<br />
do Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio, estudantes das Escolas de<br />
Jovens e Adultos (EJA), professores e, pela primeira vez, profissionais<br />
de biblioteca e educadores sociais, podem participar do 7º Concurso<br />
Cultural Ler e Escrever é Preciso, lançado pelo Instituto Ecofuturo.<br />
Cerca de 70 mil escolas, seis mil bibliotecas públicas e comunitárias<br />
e 800 organizações sociais em todo o Brasil foram convidadas a ler,<br />
conversar e escrever sobre o tema Vamos cuidar da vida. As inscrições<br />
deverão ser feitas exclusivamente através do site: http://www.<br />
ecofuturo.org.br<br />
Foto: Cris Torres<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 37
Orientação Educacional<br />
Feira das<br />
realizações<br />
Mostra pedagógica<br />
estimula participação da<br />
família na escola<br />
Claudia Sanches<br />
A<br />
“Feira das Realizações 2010”,<br />
realizada no CAP Iserj – Instituto<br />
Superior de Educação<br />
do Estado do Rio de Janeiro,<br />
na Tijuca, reuniu toda a comunidade<br />
escolar, que prestigiou os trabalhos<br />
produzidos pelas turmas do 1º<br />
segmento do Ensino Fundamental.<br />
O ponto de partida do projeto foi a<br />
Copa do Mundo, mas ele acabou se<br />
desdobrando em muitas temáticas. A<br />
mostra pedagógica foi um espaço em<br />
que as crianças inventaram brinquedos<br />
e participaram de contação de histórias,<br />
feira de livros, oficina de arte e<br />
até culinária.<br />
A proposta foi promover um momento<br />
de integração com a família e<br />
dar visibilidade às experiências realizadas<br />
em todas as áreas do conhecimento,<br />
de acordo com a coordenadora<br />
geral das turmas do 1º segmento,<br />
Mônica Lorena: “É um dia de amostragem,<br />
os alunos se apresentam e<br />
cada um leva para casa o que produziu<br />
em sala de aula. A ideia é integrar o<br />
responsável ao universo escolar e tê-lo<br />
como aliado”, explica.<br />
Cenas revelam a integração<br />
da família: orgulhoso, o aluno<br />
mostra à mãe seu trabalho<br />
sobre a vinda da Família Real<br />
para o Brasil<br />
Durante o evento, eles receberam a visita das alunas da<br />
Faculdade de Enfermagem Ana Nery, que assistiram à apresentação.<br />
No período escolar as futuras enfermeiras, que avaliam os<br />
alunos durante o ano letivo, fazem um relatório sobre o estado<br />
geral de saúde dos estudantes e possíveis encaminhamentos.<br />
O brigadeiro que não vai ao fogo, feito pela turma do 1º ano,<br />
chamou atenção não só dos estudantes mas também das mães e<br />
pais. Pedro, do 3º ano, pedia a receita à professora Neide de No-<br />
38 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Parceria: responsáveis<br />
participaram das oficinas de<br />
culinária, jardinagem, horta,<br />
literatura, e crianças levavam<br />
suas produções para casa<br />
após apresentação<br />
ronha. Cenas como essa revelavam o<br />
sucesso do projeto: “Vou divulgar a<br />
receita no mural da coordenação na<br />
segunda-feira”, respondia Neide. Mas<br />
o pequeno Pedro insistia: “Professora,<br />
vai demorar muito? Queria que minha<br />
mãe fizesse nesse final de semana”.<br />
Como a função da professora Neide<br />
é preparar para alfabetização, ela<br />
elabora atividades especiais para despertar<br />
a concentração e a coordenação<br />
motora, alertando para a leitura<br />
e a escrita. A educadora explica que<br />
escolheu a novidade porque a comida<br />
explora os cinco sentidos. Não é à toa<br />
que a tarefa foi um prazer.<br />
Durante a oficina culinária, os<br />
pequenos cozinheiros percebiam com<br />
curiosidade as cores da mistura do<br />
leite com o chocolate, os fenômenos<br />
que o alimento provoca no corpo,<br />
como a água na boca, o prazer do<br />
cheiro. “Com a receita, trabalhamos a<br />
Matemática na hora de dividir os brigadeiros,<br />
coordenação motora para<br />
enrolar os doces e Língua Portuguesa,<br />
quando eles tinham que relembrar os<br />
ingredientes”, recorda a professora.<br />
Logo em seguida chegava Sara, do<br />
1º ano. “Posso pegar o meu livro?”.<br />
A obra era uma releitura da fábula “O<br />
leão e o ratinho”. Cada escritor mirim<br />
reescreveu e ilustrou a história, que<br />
aborda valores como solidariedade<br />
e superação. “O conto mostra que<br />
nem sempre a força é dominante”,<br />
explicava Deise.<br />
A professora Flor Vasconcellos<br />
explorou com sua turma do 1º ano<br />
os contos africanos a partir do livro<br />
“O cabelo da Lelê”, de Valéria Belém,<br />
com a temática da origem no continente<br />
negro. A cada dia na biblioteca,<br />
a contadora de história confeccionava<br />
um animal com a técnica do Origami.<br />
No final do semestre, a turma decidiu<br />
fazer um móbile com os bichos<br />
da África. Após a apresentação cada<br />
aluno procurava o seu brinquedo.<br />
“Isso aqui é a menina dos olhos<br />
deles”, explicou a professora. Outra<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 39
Prova 3<br />
novidade que também ajudou no<br />
desenvolvimento da coordenação<br />
motora e divertiu a garotada foi a<br />
fabricação do balagandã.<br />
Rafael e Davi, do 2º ano, apresentavam,<br />
através de maquetes,<br />
as paisagens natural e humanizada.<br />
As crianças recebiam as alunas<br />
da Faculdade Ana Nery e discutiam<br />
com elas sobre os problemas das<br />
grandes cidades, apontando soluções<br />
para evitar a poluição.<br />
A mãe de Breno do 3º ano, Úrsula<br />
Faria, não conseguia esconder<br />
o orgulho que sentia ao ver o desempenho<br />
de seu filho discursando<br />
sobre História do Brasil. A turma<br />
falou sobre o descobrimento do<br />
país e a chegada da família real utilizando<br />
maquetes e painéis. “Acho<br />
fundamental os pais se envolvendo<br />
na escola, apreciando o que é produzido<br />
e interagindo na educação<br />
dos filhos”, afirmou a mãe. O 3º<br />
ano também explorou muitos conteúdos<br />
através da música “Ciranda<br />
do anel”, de Bia Bedran.<br />
A professora de Informática<br />
Adriana Lima desenvolveu, com<br />
todas as turmas, o projeto Gentileza<br />
gera gentileza. Durante as<br />
aulas ela propunha tarefas com os<br />
grupos, começando pela definição<br />
de gentileza para cada um. Depois<br />
cada aluno olhou no dicionário e<br />
pesquisou sobre a vida do criador<br />
do bordão, José Datrino, que<br />
circulava pelas ruas da cidade, e<br />
debateu sobre a qualidade de vida<br />
a partir de gestos mais humanos.<br />
Após os debates, as turmas<br />
dos menores criaram ilustrações<br />
que traduziam o significado da<br />
palavra “gentileza”, e os maiores<br />
produziram textos. “O interessante<br />
é que eles relataram situações do<br />
dia a dia que o tornaram melhor,<br />
como, por exemplo, não jogar lixo<br />
no chão, ser solidário e educado”.<br />
Na prática Adriana sente os<br />
efeitos da experiência: “a escola<br />
ficou mais limpa e a<br />
higiene pessoal deles<br />
melhorou muito”, disse,<br />
informando que<br />
também organizou<br />
uma oficina com os<br />
pais das crianças no<br />
dia da mostra.<br />
No estande do 4º<br />
ano, a aluna Égela<br />
falava sobre o tema<br />
“Propaganda é a alma<br />
do negócio”, enquanto<br />
demonstrava os<br />
painéis com os conhecidos<br />
jargões da<br />
linguagem da televisão<br />
e as maquetes<br />
que representavam<br />
a cidade do Rio de<br />
Janeiro. A professora<br />
da turma, Rosimar<br />
Nascimento, valoriza<br />
muito a atividade<br />
com projeto porque<br />
pode trabalhar os<br />
conteú dos de forma<br />
integrada, pondo foco na cidadania,<br />
com leitura, interpretação e<br />
resolução de problemas.<br />
Segundo a educadora, um<br />
tema provoca outro e o trabalho<br />
desenvolve a interdisciplinaridade,<br />
aproveitando a realidade<br />
da clientela. “Abordamos a Copa<br />
do Mundo e aproveitamos para<br />
escrever sobre o time favorito. A<br />
propaganda serviu de gancho para<br />
explorar conceitos matemáticos,<br />
como compras, preços, troco e<br />
também a parte de ciências com os<br />
alimentos. Com a copa também lemos<br />
contos africanos e estudamos<br />
folclore. Os conhecimentos servem<br />
para o dia a dia”. Para finalizar a<br />
temática das lendas brasileiras, a<br />
turma dramatizou o conto indígena<br />
“Como nasceram as estrelas”.<br />
Entusiasmada, a assessora pedagógica<br />
Rosana Paldes concluiu<br />
que a experiência foi importante<br />
para incentivar a aprendizagem,<br />
aproximar os pais dos filhos e<br />
estimular a expressão e o esforço<br />
coletivo: “Sabemos que um ambiente<br />
mais tranquilo e a parceria<br />
da família são fatores decisivos<br />
para o para o desempenho do<br />
educando. Além das brincadeiras<br />
os responsáveis fizeram parte do<br />
contexto: os participantes tiveram<br />
oportunidade de entrar na sala de<br />
leitura, de vídeo, atuar nas oficinas<br />
de reciclagem e aprender com seus<br />
filhos”.<br />
CAP Iserj – Instituto Superior de<br />
Educação<br />
Rua Mariz e Barros, 273 – Tijuca<br />
– Rio de Janeiro/RJ<br />
CEP: 20040-020<br />
Tel.: (21) 2234-2501<br />
Coordenação geral: Mônica Lorena<br />
Fotos: Marcelo Ávila<br />
40 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Língua Portuguesa<br />
Pronomes Pessoais<br />
1ª parte – Caso Reto<br />
Sandro Gomes*<br />
Os pronomes pessoais são aqueles que indicam uma das três pessoas que podem estar<br />
presentes num discurso, que são as seguintes:<br />
A pessoa que fala / A pessoa com quem se fala / A pessoa de quem se fala<br />
Os dois casos de pronomes pessoais são o Reto e o Oblíquo. Vamos a cada um deles.<br />
Os pronomes pessoais do caso Reto são aqueles que desempenham a função sintática<br />
de sujeito da oração. Acompanhe os exemplos no singular e no plural.<br />
A pessoa que fala: Eu faria tudo novamente sem dúvida. / Nós aguardaremos com<br />
ansiedade.<br />
A pessoa com quem se fala: Tu responderás com educação. / Vós sabeis a resposta.<br />
A pessoa de quem se fala: Ele é o mais rápido da equipe. / Eles saberão escolher o melhor.<br />
Omissão dos Pronomes Retos<br />
Frequentemente os pronomes pessoais podem ser omitidos nas orações, mas os praticantes<br />
da língua o percebem facilmente pela flexão do verbo que acompanha o sujeito.<br />
Inclusive, pela norma culta da língua, é recomendável que, sempre que possível, se pratique<br />
a omissão do pronome pessoal reto. Observe:<br />
(Tu) Encontrarás a pessoa certa quando for o tempo. / (Eu) Irei de qualquer modo. /<br />
(Nós) Sempre desejamos as coisas alheias. / (Ele/ela) Irá assim que ordenarem.<br />
Para onde vão os pronomes retos?<br />
No uso da língua portuguesa falada no Brasil parece que os pronomes retos<br />
estão sendo submetidos a um processo de deriva, que pode levá-los ao completo<br />
desuso. O pronome você, uma criação do português praticado em nosso país,<br />
tem se sobreposto ao uso de tu e de vós. Veja: Tu deves (você deve) tentar com<br />
insistência. / Vós sabeis (vocês sabem) o que fazer.<br />
Repare que o uso de você/vocês também é acompanhado da mudança de conjugação,<br />
que passa a ser a da 3ª pessoa, quando os pronomes originalmente usados<br />
pediam a 2ª pessoa.<br />
A mesma coisa ocorre com o a gente, , que substitui o pronome reto nós. Da<br />
mesma forma que no caso anterior, há mudança na conjugação. Nós pede a jugação na 3ª pessoa do plural enquanto que, ao usarmos o a gente, passamos a<br />
conjugar na 3ª pessoa do singular. Acompanhe o exemplo.<br />
con-<br />
Nós deveríamos passar o caso para o diretor. / A gente deveria<br />
passar o caso para o diretor.<br />
Não seria importante refletirmos sobre o modo como usamos o<br />
imenso patrimônio de nossa língua? Fica a questão para se pensar.<br />
Na próxima edição vamos continuar abordando os Pronomes Pessoais,<br />
agora os do caso oblíquo. A coluna espera você para mais essa<br />
viagem pelos caminhos da Língua Portuguesa. Até a próxima, pessoal!<br />
*Sandro Gomes é Graduado em Língua Portuguesa e Literaturas Brasileira e<br />
Portuguesa, além de Revisor da Revista <strong>Appai</strong> Educar.<br />
Amigo leitor, dúvidas, sugestões e comentários podem ser enviados para a redação<br />
da Revista <strong>Appai</strong> Educar, através do e-mail: : redacao@appai.org.br.<br />
Eu faria tudo<br />
novamente sem<br />
dúvida.<br />
Ilustração: Luiz Cláudio de Oliveira<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 41
Sustentabilidade<br />
De mãos dadas: sustentabilida d<br />
Sandra Martins<br />
Por meio de uma peça teatral, alunas da rede<br />
municipal de Nova Iguaçu mandaram um<br />
recado sobre a necessidade do cuidado com<br />
o meio ambiente. No cenário uma grande<br />
caia de TV escondia duas crianças e, do lado de fora,<br />
outra representava o Sol. Ao som da percussão, as<br />
pequenas atrizes ao redor da caia cantaram pela<br />
preservação da natureza, dos rios, das florestas, da<br />
vida humana.<br />
Durante a mostra, professores e alunos se re<br />
vezaram em diversas atividades: dança, desfile,<br />
eposições de desenhos, reescrita de histórias da<br />
literatura infantil, vestuário com materiais reciclados,<br />
brinquedos, maquetes com ambiente degradado e<br />
ambiente preservado, dicionário ilustrado de palavras<br />
brasileiras de origem africana, personagens da<br />
literatura infantil, lendas, histórias dos alimen<br />
tos, personalidades tradicionais, poemas sobre<br />
animais em etinção.<br />
A motivação para o desenvolvimento do pro<br />
jeto, segundo a diretora Adriana Mendes Gomes,<br />
tem relação direta com o meio ambiente da re<br />
gião: “As crianças não respeitavam nem o meio<br />
ambiente e nem a si mesmas”, disse Luzinete<br />
Silvestre Maia, da coordenação do projeto. A<br />
ideia era trabalhar a identificação positiva das<br />
crianças e a construção de uma nova cultura<br />
de proteção a todas as formas de vida, assim<br />
como os genes contidos em cada indivíduo e<br />
as interrelações, ou ecossistemas, nos quais<br />
a eistência de uma espécie afeta diretamente<br />
muitas outras. Desta forma, nada mais natural<br />
que África e Brasil darem as mãos pela biodi<br />
versidade, também na perspectiva étnicoracial.<br />
Ou melhor, “Projeto Nova Era, de muitas cores”,<br />
ressaltou Luzinete.<br />
O pontapé inicial foi dado com o filme Besouro,<br />
ficção sobre um dos maiores capoeiristas brasileiros.<br />
Os alunos foram estimulados a pesquisar<br />
sobre a influência africana em vários contextos,<br />
como a culinária, os costumes, o vocabulário.<br />
Com as palavras encontradas e conceitos definidos,<br />
criaram um dicionário. Com a recontação<br />
das histórias do livro As pérolas de Cadija, de<br />
Joel Rufino dos Santos, a professora Izabela M.<br />
dos Santos desencadeou a produção de um livro con<br />
tendo as redações dos alunos, ficando um exemplar<br />
na biblioteca da escola.<br />
Com os contos O menino Nito e A Menina bonita<br />
do laço de fita a professora Jaqueline da S. Reis<br />
instigou debates sobre ética, moral, preconceito,<br />
sensibilidade e regras repressoras. Os cabelos<br />
sempre são um tema bastante polêmico, mesmo<br />
entre crianças. E, por conta deles, foram feitos<br />
dois painéis que mostravam o orgulho dos traços<br />
e cabelos não só da garotada da escola, como de<br />
alguns funcionários. Um deles foi fruto do debate<br />
sobre o teto O cabelo de Lelê, de Valéria Belém.<br />
E o outro teve como inspiração o projeto Olhares<br />
Iguaçuanos – painéis com fotos de pessoas públicas<br />
Comprometidos com o<br />
aprendizado lúdico, os<br />
alunos expõem o quanto<br />
cada ser é importante na<br />
manutenção do ecossistema<br />
42 Revista <strong>Appai</strong> Educar
de e biodiversidade<br />
e moradores de Nova Iguaçu que<br />
a Prefeitura colocou em alguns<br />
pontos do município. No caso da<br />
escola, o painel retratava imagens<br />
da comunidade escolar.<br />
Uma das inúmeras descobertas<br />
sobre semelhanças culturais foram<br />
as brincadeiras e os brinquedos. A<br />
partir da ideia inicial de trabalhar<br />
o pareamento, estimativa, noção<br />
de quantidade e representação<br />
a professora Carla Machado in<br />
centivou os alunos do 3º ano a<br />
pesquisarem sobre brinquedos e<br />
brincadeiras no Brasil e na África.<br />
Entre os achados: telefone sem<br />
fio, peteca, jongo, empinar pipa,<br />
sai da toca, bilboquê, Mancala ou<br />
Yoté. O jogo Mancala (jogo de<br />
semeadura), uma espécie de a xa<br />
drez africano, foi eleito o melhor<br />
jogo para a infância pela Unicef e,<br />
em alguns países africanos, tais<br />
jogos de estratégia estão muito<br />
ligados às tradições. Para ensinar<br />
as regras do jogo, a professora<br />
formou grupos de quatro alunos.<br />
Enquanto um jogava, os outros<br />
assistiam, depois se revezavam.<br />
Mateus, 10 anos, após terminar<br />
sua partida com<br />
o xadrez afri<br />
cano, mostrou<br />
orgulhoso como<br />
brincar com o<br />
bilboquê, produ<br />
zido por ele com<br />
garrafa pet, bar<br />
bante e bolinha<br />
de isopor.<br />
Ao apre<br />
sentarem a pro<br />
dução coletiva<br />
de sua turma<br />
do 4º ano, Bre<br />
no e Viviane, de<br />
11 e 10 anos,<br />
explicavam que<br />
cada mancala<br />
apresentava um<br />
animal ameaça<br />
do de extinção<br />
e no verso suas<br />
características e<br />
as consequên<br />
cias de seu de<br />
saparecimento<br />
para o ecos<br />
sistema. Entre<br />
eles estão o peixe-boi, a onçapintada,<br />
o papagaio, a rolinha, a<br />
tartaruga-de-couro. Para ajudar<br />
na conscientização, os alunos<br />
criaram um berçário de hortaliças<br />
e fizeram coleta seletiva.<br />
Para Carla Lacerda, diretora ad<br />
junta, a interação entre os docentes<br />
foi fundamental para manter a in<br />
terdisciplinaridade. Assim, o dueto<br />
entre Literatura e História incenti<br />
vou os alunos do 8º ano a criarem<br />
histórias em quadrinhos com a<br />
releitura da obra Meu tataravô era<br />
africano, de Georgina Martins. Já<br />
as professoras de Matemática e de<br />
Língua Portuguesa produziram um<br />
jogo de perguntas e respostas com<br />
seis questões matemáticas.<br />
Um planeta sustentável é a<br />
união possível entre sustentabi<br />
lidade e biodiversidade. Este foi<br />
o mote para a redação proposta<br />
pela professora Débora Magalhães<br />
sob o título “Seu planeta precisa<br />
de você”. Categórica quanto ao<br />
alcance dos objetivos, a educado<br />
ra afirmou ser possível observar<br />
algumas mudanças comporta<br />
mentais nas crianças, como a<br />
preocupação em não se jogar pa<br />
péis no chão e o fechamento das<br />
torneiras ao escovar os dentes. O<br />
que foi confirmado por Luzinete,<br />
que afirmou estarem os alunos<br />
mais cuidadosos com a higiene do<br />
local e a pessoal.<br />
Escola Municipal Jardim Nova Era<br />
Rua Arthur Moura, 95 – Jardim<br />
Nova Era – Nova Iguaçu/RJ<br />
CEP: 26272-140<br />
Tel.: (21) 3103-0960<br />
Diretora Geral: Adriana Mendes<br />
Gomes<br />
Diretora Adjunta: Carla Lacerda<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 43
Educação Artística<br />
Arte em várias dimensões<br />
Movimento da pintura<br />
moderna ilude o olhar<br />
Antonia Lúcia<br />
Uma arte que se apropria da falibilidade do olho para projetar<br />
seus movimentos ilusórios, sobrepostos e vibrantes entre o<br />
fundo e o foco principal através das cores em preto e branco<br />
ou colorido. Assim podemos descrever o movimento OP ART,<br />
abreviado da expressão inglesa optical art. Durante quatro semanas,<br />
os alunos da Escola Municipal Rosária Trotta, em Campo Grande, exploraram<br />
o universo da arte visual desse estilo de pintura moderna,<br />
cujos traços se realizam em diferentes figuras geométricas provocando<br />
sensações de profundidade, velocidade e multiplicação.<br />
Idealizador do projeto, o professor de Artes Visuais Marcelino<br />
Rodrigues conta que a ideia nasceu da necessidade de se criar algo<br />
tridimensional, que pudesse ser exposto na escola, com o objetivo<br />
de ajudar os alunos a entenderem como a Arte pode estimular e até<br />
mesmo iludir nosso olhar. Segundo ele, o objetivo era explorar as<br />
teorias das dimensões e ao mesmo tempo relacioná-las à prática<br />
através dos conteúdos trabalhados em sala de aula sobre Arte e<br />
ilusão de ótica, de forma que<br />
os alunos, a partir do movimento<br />
OP ART, elaborassem<br />
criações inovadoras. “Esses<br />
painéis, intitulados por mim<br />
como “Painéis Coletivos op”,<br />
foram confeccionados com<br />
os trabalhos de todos os<br />
estudantes”, explica.<br />
Buscando colaborar<br />
para o desenvolvimento do<br />
senso espacial dos alunos<br />
e fazê-los perceber a diferença<br />
entre uma forma bidimensional<br />
e outra tridimensional, além de<br />
ampliar o universo cultural dos educandos<br />
a partir de um abrangente<br />
conceito da arte, houve o incentivo<br />
aos alunos através de vídeos sobre<br />
a OP ART, com imagens de ilusão de<br />
ótica de diversas espécies, leitura<br />
e interpretação de textos. Após a<br />
primeira etapa de apresentação e<br />
ambientação do movimento o professor<br />
Marcelino conta que, juntamente<br />
com os alunos, pensou em<br />
montar uma exposição onde fossem<br />
apresentados trabalhos tridimensionais<br />
com a temática da Optical Art.<br />
A aluna Bruna Luiz afirmou que o<br />
projeto a ensinou muitas outras coisas,<br />
entre elas mexer com a régua<br />
44 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Representações do<br />
movimento OP ART –<br />
abreviação da expressão<br />
inglesa optical art<br />
“Num primeiro olhar às<br />
vezes não se consegue<br />
compreender o que a<br />
obra quer mostrar. Mas<br />
aprendi também que há<br />
ocasiões em que agente<br />
olha e não entende,<br />
porém, se nos fixarmos<br />
bem, é possível captar<br />
a mensagem”, ensina<br />
Bruna, afiançada pelo depoimento<br />
do seu colega<br />
de classe William Torres,<br />
que revela ter aprendido<br />
a observar mais as obras<br />
de arte, coisa que não<br />
fazia. “Apenas olhava e<br />
não ligava”.<br />
Ao final, o projeto rendeu<br />
um grande painel com<br />
trabalhos em preto e<br />
branco, coloridos e surpreendentes,<br />
conta o<br />
professor Marcelino. “Os<br />
alunos perceberam que<br />
atuar em equipe tem um<br />
efeito mais grandioso e<br />
expressivo. Os pais também<br />
puderam apreciar e<br />
compartilhar o processo<br />
criativo de seus filhos,<br />
além de conhecer um<br />
pouco mais sobre Arte.<br />
Assim como os colegas<br />
das outras turmas e demais<br />
professores”<br />
Na opinião da aluna<br />
Isabel Marcolino, o projeto<br />
proporcionou aprendizado para<br />
outras áreas do conhecimento.<br />
“Conheci outros tipos de arte, pois<br />
pensava que ela se restringia só<br />
a desenhos e, sobretudo, descobri<br />
que existem muitas outras<br />
maneiras de se expressar”, justie<br />
criar uma forma bem certinha.<br />
No decorrer das aulas expositivas,<br />
nas quais houve a oportunidade<br />
de discutir e compreender<br />
o que foi o movimento OP ART e<br />
de experimentar a prática de uma<br />
visualidade inovadora a partir dos<br />
conceitos apreendidos, os alunos<br />
foram incentivados a elaborar um<br />
cubo inspirado na obra SIR-RIS<br />
– do artista Victor Vasarelly, dos<br />
anos 1930, radicado na França,<br />
considerado o “pai da OP ART”<br />
–, para que no final criassem um<br />
grande painel coletivo com todos<br />
os trabalhos.<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar 45
fica Isabel, explicando que antes<br />
dessas aulas não ligava para esse<br />
movimento artístico. “Achava<br />
tudo uma bobeira. Agora, sim,<br />
entendo que quem faz arte tem<br />
mais expressão”. Para o professor<br />
de Artes Visuais Marcelino Rodrigues<br />
os resultados foram além do<br />
esperado, pois mais que o aprendizado<br />
os alunos conseguiram<br />
criar um ambiente de inclusão<br />
onde todos os trabalhos foram<br />
valorizados, de forma criativa, no<br />
final do processo.<br />
Painéis confeccionados<br />
pelos alunos durante o<br />
projeto de artes visuais<br />
Escola Municipal Rosária Trotta<br />
Praça Rosária Trotta, s/n° – Campo<br />
Grande – Rio de Janeiro/RJ<br />
CEP: 23030-720<br />
Tel.: (21) 3394-1260<br />
Diretor: Sérgio Luiz Pereira<br />
Fotos cedidas pela escola<br />
Características conceituais<br />
Técnica<br />
A dinâmica da pintura na OP ART é alcançada com a oposição de estruturas idênticas que interagem<br />
umas com as outras, produzindo o efeito óptico. Diferentes níveis de iluminação também são utilizados<br />
constantemente, criando a ilusão de perspectiva. A interação de cores, baseada nos grandes contrastes<br />
(preto e branco) ou na utilização de cores complementares, são a matéria-prima da OP ART.<br />
Principais expoentes<br />
Ad Reinhardt – Pintor americano, nascido em Nova York. Artista e teórico, Reinhardt é mais conhecido por<br />
suas pinturas em preto, que marcam sua fase artística posterior a 1960. Adepto do minimalismo, Reinhardt<br />
utilizava apenas o preto em suas variações em suas obras, rejeitando os atributos convencionais da pintura.<br />
Keneth Noland – Pintor americano, da Carolina do Norte. Noland utilizou-se em suas obras de listras e cores<br />
básicas. Ele enfatiza o plano da tela empregando cores uniformes. Em seu trabalho, a cor é o objetivo. Seus<br />
trabalhos mais recentes abandonaram as cores básicas, usando agora cores modificadas em vários tons.<br />
Bridget Riley – Pintora inglesa, associada também ao movimento Pop Art. O estilo de Riley é marcado por<br />
listras que se sobrepõem, curvas onduladas, discos concêntricos e quadrados ou triângulos que se repetem.<br />
Devido à organização sequencial e à relação de cores de suas obras, há a criação de sensações ópticas<br />
de ritmo nas superfícies, que parecem vibrar.<br />
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Op_art<br />
46 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Saúde<br />
42 Revista <strong>Appai</strong> Educar
Nota de solidariedade a comunidade escolar e<br />
familiares da Escola Municipal Tasso da Silveira<br />
----------------------------------<br />
A <strong>Appai</strong> - Associação Beneficente de Professores Públicos Ativos e Inativos do Estado do<br />
Rio de Janeiro - expressa nosso grande pesar com a tragédia ocorrida na Escola Municipal<br />
Tasso da Silveira, em Realengo. E se solidariza com toda a comunidade escolar, familiares<br />
e com todas as redes de ensino da nossa cidade. Mesmo em luto, reafirmamos a nossa<br />
certeza de que só a Educação tem o poder de transformar, intelectual e moralmente,<br />
indivíduos em cidadãos de bem.<br />
Revista <strong>Appai</strong> Educar<br />
(Veículo de Apoio ao Profissional de Educação)<br />
Seguro de<br />
Acidente Pessoal Coletivo<br />
(Invalidez)<br />
Serviço Social<br />
Benefício de<br />
Educação Continuada<br />
(Ciclo de Cursos e Palestras)<br />
Jurídico<br />
Dança de Salão<br />
(Atividade Recreativa)<br />
Seguro de Vida em Grupo<br />
(Morte e para algumas doenças graves)<br />
Assistência Funeral<br />
ANS - Nº 38254-0<br />
* Nas localidades e nos limites dos benefícios disponibilizados pela <strong>Appai</strong><br />
Médico Ambulatorial Básico Coletivo* (sem internação)<br />
(Atendimento limitado, por ser anterior à lei específica, a alguns<br />
exames, procedimentos e especialidades)<br />
Odontológico Ambulatorial Básico Coletivo*<br />
(Atendimento limitado, por ser anterior à lei específica, a alguns<br />
exames, procedimentos e especialidades)<br />
Convênios e parcerias com outras instituições (Opcionais):<br />
Plano Hospitalar Coletivo<br />
Pousadas<br />
OBS.: Antes de se associar, consulte a Relação de Benefícios para obter mais informações sobre a amplitude dos mesmos e outros convênios.<br />
**Ao associar-se à <strong>Appai</strong>, você poderá descontar em folha a sua contribuição associativa.<br />
**A opção do desconto em folha estará disponível apenas para os órgãos ou entidades que tenham convênio e/ou parceria com a <strong>Appai</strong>.<br />
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