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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ<<strong>br</strong> />

MARCIO ROBERTO PAES<<strong>br</strong> />

CUIDADO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM COMORBIDADE<<strong>br</strong> />

CLÍNICO-PSIQUIÁTRICA NO PRONTO ATENDIMENTO DE UM<<strong>br</strong> />

HOSPITAL GERAL<<strong>br</strong> />

CURITIBA<<strong>br</strong> />

2009


MARCIO ROBERTO PAES<<strong>br</strong> />

CUIDADO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM COMORBIDADE<<strong>br</strong> />

CLÍNICO-PSIQUIÁTRICA NO PRONTO ATENDIMENTO DE UM<<strong>br</strong> />

HOSPITAL GERAL<<strong>br</strong> />

Dissertação apresentada <strong>com</strong>o requisito parcial à<<strong>br</strong> />

obtenção do grau <strong>de</strong> mestre em Enfermagem pelo<<strong>br</strong> />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Enfermagem,<<strong>br</strong> />

Área <strong>de</strong> Concentração – Prática Profissional <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Enfermagem na linha <strong>de</strong> pesquisa Processo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

cuidar em Saú<strong>de</strong> e Enfermagem – Setor <strong>de</strong> Ciências<<strong>br</strong> />

da Saú<strong>de</strong>, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná.<<strong>br</strong> />

Orientadora: Profª Drª Mariluci Alves Maftum<<strong>br</strong> />

CURITIBA<<strong>br</strong> />

2009


FICHA CATALOGRÁFICA<<strong>br</strong> />

Paes, Marcio Roberto<<strong>br</strong> />

Cuidado <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

no pronto atendimento <strong>de</strong> um hospital geral / Marcio Roberto<<strong>br</strong> />

Paes – Curitiba, 2009.<<strong>br</strong> />

144f.: il.<<strong>br</strong> />

Inclui referências bibliográficas.<<strong>br</strong> />

Orientadora: Mariluci Alves Maftum<<strong>br</strong> />

Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Setor <strong>de</strong> Ciências da<<strong>br</strong> />

Saú<strong>de</strong>, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná.<<strong>br</strong> />

1.Cuidados <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>. 2.Saú<strong>de</strong> mental. 3.Comorbida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

4.Comunicação. I. Título.


TERMO DE APROVAÇÃO<<strong>br</strong> />

MARCIO ROBERTO PAES<<strong>br</strong> />

CUIDADO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM COMORBIDADE<<strong>br</strong> />

CLÍNICO-PSIQUIÁTRICA NO PRONTO ATENDIMENTO DE UM<<strong>br</strong> />

HOSPITAL GERAL<<strong>br</strong> />

Dissertação aprovada <strong>com</strong>o requisito parcial à obtenção do Título <strong>de</strong> Mestre em<<strong>br</strong> />

Enfermagem, Área <strong>de</strong> Concentração Prática Profissional <strong>de</strong> Enfermagem, na linha<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> pesquisa Processo <strong>de</strong> cuidar em Saú<strong>de</strong> e Enfermagem – Programa <strong>de</strong> Pós-<<strong>br</strong> />

Graduação em Enfermagem, Setor <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong>, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<<strong>br</strong> />

Paraná, pela seguinte banca examinadora:<<strong>br</strong> />

Curitiba, 18 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2009.


DEDICATÓRIA<<strong>br</strong> />

Dedico este trabalho à minha esposa Eva pela<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preensão, amor e <strong>com</strong>panheirismo e por sempre estar<<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong> meu lado me ajudando em cada passo<<strong>br</strong> />

e agora <strong>com</strong>partilha <strong>com</strong>igo esta conquista.<<strong>br</strong> />

Aos meus filhos Marrie, Lorran e Marcio Filho<<strong>br</strong> />

simplesmente por existirem, dando-me forças e me<<strong>br</strong> />

impulsionando a sempre seguir avante.<<strong>br</strong> />

À gran<strong>de</strong> amiga Enf. Msc. Val<strong>de</strong>te Alves da Silva<<strong>br</strong> />

Quadros (in memorian) que por vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus muito<<strong>br</strong> />

cedo nos <strong>de</strong>ixou, mas seu exemplo <strong>de</strong> profissionalismo<<strong>br</strong> />

será sempre lem<strong>br</strong>ado.


AGRADECIMENTOS<<strong>br</strong> />

A Deus, Autor e Consumador da minha fé, que nos momentos difíceis nunca<<strong>br</strong> />

me abandonou, sempre se mostrando benigno, misericordioso e <strong>com</strong>panheiro.<<strong>br</strong> />

carinho.<<strong>br</strong> />

À minha mãe Neuli e <strong>ao</strong>s meus irmãos Denise, Jakson e Robson pelo apoio e<<strong>br</strong> />

À minha orientadora Professora Doutora Mariluci Alves Maftum, pela paciência,<<strong>br</strong> />

incentivo e apoio, e pelas orientações tanto para este trabalho, quanto para a vida.<<strong>br</strong> />

Às professoras Doutoras Maria Angélica Pagliarini Waidman, Maria <strong>de</strong> Fátima<<strong>br</strong> />

Mantovani, Verônica <strong>de</strong> Azevedo Mazza, Maria Conceição B. Mello e Souza pelo<<strong>br</strong> />

aceite em <strong>com</strong>por a banca para a sustentação <strong>de</strong>ste trabalho.<<strong>br</strong> />

Às amigas Letícia <strong>de</strong> Oliveira Borba e Tatiana Braga <strong>de</strong> Camargo pelo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>panheirismo, incentivo e pelos momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração, que fortaleceram os<<strong>br</strong> />

laços <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e <strong>com</strong>preensão nas horas <strong>de</strong> estresse. A amiza<strong>de</strong> é <strong>de</strong>monstrada<<strong>br</strong> />

nas dificulda<strong>de</strong>s, nas horas tristes e tensão; quando há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<<strong>br</strong> />

empenhar e ajudar seu amigo, nem que isso <strong>de</strong>man<strong>de</strong> boa parte <strong>de</strong> sua energia e<<strong>br</strong> />

tempo.<<strong>br</strong> />

Às colegas do curso <strong>de</strong> Mestrado do PPGEnf/UFPR Anelise Ludmila Vieczorek,<<strong>br</strong> />

Janislei Giseli Dorociaki Stocco, Juliana Helena Montezeli, Franciele Marchewsky,<<strong>br</strong> />

Karla Crozeta, Kriscie Kriscianne Venturi e Luciane Fávero pela união <strong>de</strong>monstrada<<strong>br</strong> />

nessa caminhada trilhada por todos nós durante os últimos dois anos.<<strong>br</strong> />

Aos colegas da equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> do Pronto Atendimento Adulto do<<strong>br</strong> />

Hospital <strong>de</strong> Clínicas da UFPR, pelo carinho, estímulo e confiança. Aos Enfermeiros<<strong>br</strong> />

Jossandro Rodrigues da Cruz, Ieda Leal da Cruz, Lucimare <strong>de</strong> Souza Justino, Marli<<strong>br</strong> />

Meireles, Humberto Picanço, Juliana Men<strong>de</strong>s e, em especial às Enfermeiras Denise<<strong>br</strong> />

Jorge Munhoz da Rocha e Rejane Maestri No<strong>br</strong>e Albini pela <strong>com</strong>preensão, incentivo,<<strong>br</strong> />

conselhos e, por representarem mo<strong>de</strong>lo permanente em minha trajetória profissional.


À equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> da UTI pediátrica por on<strong>de</strong> passei por algum tempo e,<<strong>br</strong> />

em especial à Enfermeira Christiane Natal Souza Niszczak por todo o apoio e<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>ração dispensados a mim naquele período.<<strong>br</strong> />

À equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> da UTI Cardiológica. À minha equipe <strong>com</strong>posta por:<<strong>br</strong> />

Bianca Cristina Mocelin, Vera Lucia Fortunato e Jacira Alves Dutra. Às colegas<<strong>br</strong> />

Enfermeiras Adriana Ribeiro Silva <strong>de</strong> Castro, Rosil<strong>de</strong> Aparecida Ferreira Gomes,<<strong>br</strong> />

Laura Eliane Amarília Boeira, Ana Valesca Gonçalves Andra<strong>de</strong>, Claudia Denise<<strong>br</strong> />

Giusti <strong>de</strong> Oliveira, Marilene Faustino e Francisca Fontoura pelo incentivo.<<strong>br</strong> />

Ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Enfermagem da UFPR pela oportunida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

que me confiaram em cursar o mestrado.<<strong>br</strong> />

À Alcioni Marisa <strong>de</strong> Freitas secretária da Pós-Graduação em Enfermagem da<<strong>br</strong> />

UFPR pela atenção e gentileza <strong>com</strong> que sempre me aten<strong>de</strong>u.<<strong>br</strong> />

À Profª Drª Maria Ribeiro Lacerda, coor<strong>de</strong>nadora do Núcleo <strong>de</strong> Estudo,<<strong>br</strong> />

Pesquisa e Extensão em Cuidado Humano <strong>de</strong> Enfermagem – NEPECHE / UFPR e<<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong>s <strong>de</strong>mais mem<strong>br</strong>os e pesquisadores, pelas contribuições e orientações científicas<<strong>br</strong> />

recebidas para a realização <strong>de</strong>sta pesquisa.<<strong>br</strong> />

Aos funcionários do Hospital Colônia Adauto Botelho pelo carinho <strong>com</strong> que tem<<strong>br</strong> />

acolhido <strong>ao</strong>s mestrandos, alunos <strong>de</strong> graduação e professores da UFPR.<<strong>br</strong> />

Aos amigos <strong>de</strong> perto e os <strong>de</strong> longe por sempre ter uma palavra ou atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

incentivo. Muito o<strong>br</strong>igado!<<strong>br</strong> />

Jesus (...) põe sempre <strong>ao</strong> teu lado muitos anjos;<<strong>br</strong> />

Anjos vestidos <strong>de</strong> homens, amigos <strong>de</strong> todos os momentos;<<strong>br</strong> />

Que nunca te <strong>de</strong>ixam, que nunca te exploram,<<strong>br</strong> />

Amigos verda<strong>de</strong>iros...<<strong>br</strong> />

Carlos Moysés e Elizabeth Moysés


Depois <strong>de</strong> algum tempo você apren<strong>de</strong> a diferença,<<strong>br</strong> />

a sutil diferença entre dar as mãos e acorrentar uma alma.<<strong>br</strong> />

E você apren<strong>de</strong> que amar não significa apoiar-se,<<strong>br</strong> />

e que <strong>com</strong>panhia nem sempre significa segurança.<<strong>br</strong> />

(...)<<strong>br</strong> />

E apren<strong>de</strong> a construir todas as suas estradas no hoje,<<strong>br</strong> />

porque o terreno do amanhã é incerto <strong>de</strong>mais para os planos,<<strong>br</strong> />

e o futuro tem o costume <strong>de</strong> cair em meio <strong>ao</strong> vão.<<strong>br</strong> />

(...)<<strong>br</strong> />

Apren<strong>de</strong> que falar po<strong>de</strong> aliviar dores emocionais.<<strong>br</strong> />

(...)<<strong>br</strong> />

Apren<strong>de</strong> que as circunstâncias e os ambientes têm influência<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos<<strong>br</strong> />

(...)<<strong>br</strong> />

Desco<strong>br</strong>e que se leva muito tempo para se tornar<<strong>br</strong> />

a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.<<strong>br</strong> />

(...)<<strong>br</strong> />

Portanto, plante seu jardim e <strong>de</strong>core sua alma,<<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong> invés <strong>de</strong> esperar que alguém lhe traga flores.<<strong>br</strong> />

E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!<<strong>br</strong> />

Nossas dádivas são traidoras e nos fazem per<strong>de</strong>r o bem<<strong>br</strong> />

que po<strong>de</strong>ríamos conquistar se não fosse o medo <strong>de</strong> tentar.<<strong>br</strong> />

William Shakespeare


RESUMO<<strong>br</strong> />

PAES, M.R. Cuidado <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

no pronto atendimento <strong>de</strong> um hospital geral. 144fls. (Dissertação)<<strong>br</strong> />

Mestrado em Enfermagem. Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Enfermagem.<<strong>br</strong> />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, 2009.<<strong>br</strong> />

Trata-se <strong>de</strong> uma pesquisa qualitativa <strong>com</strong> método exploratório, <strong>de</strong>senvolvida no<<strong>br</strong> />

período <strong>de</strong> 2008 a 2009 no Pronto Atendimento Adulto <strong>de</strong> um hospital universitário<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba – Paraná. Teve <strong>com</strong>o questão norteadora:<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> percebe o <strong>cuidado</strong> que <strong>de</strong>senvolve <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica no Pronto Atendimento <strong>de</strong> um Hospital Geral? Para<<strong>br</strong> />

respon<strong>de</strong>r a essa indagação foi elaborado o objetivo: apreen<strong>de</strong>r a percepção da<<strong>br</strong> />

equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> relativa <strong>ao</strong> <strong>cuidado</strong> que <strong>de</strong>senvolve <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica. Participaram <strong>de</strong>sta pesquisa 27 sujeitos: seis<<strong>br</strong> />

enfermeiros, sete técnicos <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> e 14 auxiliares <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>. Os<<strong>br</strong> />

dados foram obtidos por meio <strong>de</strong> entrevista semiestruturada, gravada em fita<<strong>br</strong> />

cassete. Os dados foram submetidos à Análise <strong>de</strong> Conteúdo temático-categorial. As<<strong>br</strong> />

categorias que emergiram foram: 1) Cuidado <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica no Pronto Atendimento; 2) O <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica requer <strong>cuidado</strong>s específicos; 3) O <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico psiquiátrica no Pronto Atendimento: dificulda<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

sentidas pela equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>; e, 4) Preconceito e estigma <strong>com</strong> relação <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica. Os resultados permitiram apreen<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />

que o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong>senvolvido <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica no<<strong>br</strong> />

Pronto Atendimento do Hospital Geral é tecnicista, <strong>com</strong> preocupação <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

segurança do <strong>paciente</strong> e da equipe, focado na utilização <strong>de</strong> contenção física e<<strong>br</strong> />

química. Os sujeitos reconheceram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>s específicos para<<strong>br</strong> />

essa clientela, que incluem a observação contínua, utilização da <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

instrumento <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>, humanização do <strong>cuidado</strong> e inclusão da família no <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong> <strong>paciente</strong>. Entretanto, relataram que não se sentem capacitados para prestar esse<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> e nem para se <strong>com</strong>unicar <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong>. Enfatizaram as dificulda<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

encontradas no cotidiano <strong>com</strong>o déficit <strong>de</strong> conhecimento na formação relativa à<<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong> mental, falta <strong>de</strong> atualização e capacitação nessa área, falta <strong>de</strong> estrutura física<<strong>br</strong> />

do Pronto Atendimento. Referiram que a saú<strong>de</strong> mental dos profissionais influencia<<strong>br</strong> />

no <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s. Evi<strong>de</strong>nciou-se a presença <strong>de</strong> preconceito, <strong>de</strong> estigma e<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> rejeição dos profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> em relação <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica <strong>cuidado</strong> no Pronto Atendimento do Hospital Geral.<<strong>br</strong> />

Concluiu-se que há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se superar o tecnicismo e <strong>de</strong> implantar<<strong>br</strong> />

programas locais <strong>de</strong> capacitação em saú<strong>de</strong> mental, visando a sensibilizar os<<strong>br</strong> />

profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> quanto <strong>ao</strong>s <strong>cuidado</strong>s <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

clínico-psiquiátrica.<<strong>br</strong> />

Palavras-chave: Cuidados <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>. Saú<strong>de</strong> mental. Comorbida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Comunicação.


ABSTRACT<<strong>br</strong> />

PAES, M.R. Nursing care to patients with <strong>com</strong>orbidity clinical and psychiatric in<<strong>br</strong> />

the Emergency Service of a General Hospital. 144fls. Dissertation (Master's<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>gree in Nursing) - Program of Graduation in Nursing, Fe<strong>de</strong>ral University of Paraná,<<strong>br</strong> />

2009.<<strong>br</strong> />

This is a qualitative study of exploratory method, <strong>de</strong>veloped in the period 2008 to<<strong>br</strong> />

2009, in the Adult Emergency Service of a large university hospital of the city of<<strong>br</strong> />

Curitiba – Paraná - Brazil. Had the question: How the nursing team perceive the care<<strong>br</strong> />

that is <strong>de</strong>veloped for patients with <strong>com</strong>orbidity clinical and psychiatric in the<<strong>br</strong> />

Emergency service of a General Hospital? To answer this question was prepared the<<strong>br</strong> />

objective: to apprehend the perceptions of the nursing team on the care that is<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>veloped for patient with <strong>com</strong>orbidity clinical and psychiatric. Participants were 27<<strong>br</strong> />

subjects: six nurses, seven nursing technicians and 14 nursing assistants. The data<<strong>br</strong> />

were collected through semistructured interviews, recor<strong>de</strong>d on cassette tape and<<strong>br</strong> />

subjected content analysis thematic-categorical. The categories that emerged from<<strong>br</strong> />

the analysis were: 1) Nursing care for patients with <strong>com</strong>orbidity clinical and<<strong>br</strong> />

psychiatric in the Emergency Service; 2) Patients with <strong>com</strong>orbidity clinical and<<strong>br</strong> />

psychiatric requires special care; 3) Nursing care for patients with <strong>com</strong>orbidity clinical<<strong>br</strong> />

and psychiatric in the Emergency Service: difficulties experienced by nursing team.<<strong>br</strong> />

4) Preconception and stigma in relation to the patient with clinical and psychiatric<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbidity. The results led to apprehend that the care <strong>de</strong>veloped for the patient with<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbidity clinical and psychiatric in the emergency unit of general hospital it is<<strong>br</strong> />

technical with concern for patient safety and nursing team, focused on the use of<<strong>br</strong> />

physical restraint and chemical. The subjects recognized the need for special care for<<strong>br</strong> />

this clientele, which inclu<strong>de</strong>s continuous observation, use of <strong>com</strong>munication as an<<strong>br</strong> />

instrument of care, and humanization of care including the family in patient care.<<strong>br</strong> />

However, they do not feel qualified to provi<strong>de</strong> that care and have difficulties in<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>municating with the patient. They emphasized the difficulties encountered in daily<<strong>br</strong> />

life a lack of knowledge in training on mental health, lack of updating and training in<<strong>br</strong> />

this area, lack of physical structure in the Emergency Service. Reported that mental<<strong>br</strong> />

health of the professional of the nursing can influence care <strong>de</strong>veloped for the patient.<<strong>br</strong> />

Evi<strong>de</strong>nced the presence of preconception, stigma and rejection of nursing team to<<strong>br</strong> />

the patient with <strong>com</strong>orbidity clinical and psychiatric in the Emergency Service of<<strong>br</strong> />

General Hospital. It was conclu<strong>de</strong>d that there is need to over<strong>com</strong>e the technical and<<strong>br</strong> />

implementation of local training in mental health to raise awareness among<<strong>br</strong> />

nurses about the care of patients with <strong>com</strong>orbidity clinical and psychiatric.<<strong>br</strong> />

Keywords: Nursing care. Mental health. Comorbidity. Comunication.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES<<strong>br</strong> />

QUADRO 1 - CARACTERIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM, QUE<<strong>br</strong> />

ATUAM NO CUIDADO DIRETO AOS PACIENTES, SEGUNDO<<strong>br</strong> />

CATEGORIA PROFISSIONAL E TURNO DE TRABALHO...........................<<strong>br</strong> />

53<<strong>br</strong> />

QUADRO 2 - SÍNTESE DAS CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS QUE TRATAM DA<<strong>br</strong> />

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS..........................................<<strong>br</strong> />

59<<strong>br</strong> />

QUADRO 3 - CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS SEGUNDO CATEGORIA<<strong>br</strong> />

PROFISSIONAL, SEXO, TURNO DE TRABALHO E TEMPO DE SERVIÇO<<strong>br</strong> />

NA INSTITUIÇÃO........................................................................................... 60<<strong>br</strong> />

QUADRO 4 - CONSTRUÇÃO DAS CATEGORIAS EMPIRICAS: QUANTIDADE E<<strong>br</strong> />

PERCENTAGEM DAS UNIDADES DE REGISTRO POR CATEGORIA......... 62


SUMÁRIO<<strong>br</strong> />

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 12<<strong>br</strong> />

1.1 OBJETIVO.......................................................................................................... 19<<strong>br</strong> />

2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................ 20<<strong>br</strong> />

2.1 CUIDADO DE ENFERMAGEM NA PERSPECTIVA TEÓRICA..................... 20<<strong>br</strong> />

2.2 CUIDADO DE ENFERMAGEM À PESSOA COM TRANSTORNO<<strong>br</strong> />

MENTAL......................................................................................................... 23<<strong>br</strong> />

2.3 BREVE HISTÓRICO DO NASCIMENTO DO HOSPITAL: “LUGAR DE<<strong>br</strong> />

LOUCO É NO HOSPÍCIO!”............................................................................ 30<<strong>br</strong> />

2.4 COMORBIDADE CLÍNICO-PSIQUIÁTRICA.................................................. 34<<strong>br</strong> />

3 A COMUNICAÇÃO TERAPÊUTICA COMO REFERENCIAL TEÓRICO............ 44<<strong>br</strong> />

4 METODOLOGIA................................................................................................... 50<<strong>br</strong> />

4.1 MÉTODO............................................................................................................ 51<<strong>br</strong> />

4.2 LOCAL DA PESQUISA...................................................................................... 51<<strong>br</strong> />

4.3 SUJEITOS DA PESQUISA................................................................................ 53<<strong>br</strong> />

4.4 ASPECTOS ÉTICOS......................................................................................... 54<<strong>br</strong> />

4.5 OBTENÇÃO DOS DADOS................................................................................. 55<<strong>br</strong> />

4.6 PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DOS DADOS............................................ 56<<strong>br</strong> />

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS................................................ 60<<strong>br</strong> />

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS............................................................... 60<<strong>br</strong> />

5.2 AS CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS TEMÁTICAS................................... 62<<strong>br</strong> />

5.2.1 Cuidado <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

no Pronto Atendimento......................................................... 63<<strong>br</strong> />

5.2.1.1 Segurança e proteção <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

.............................................................................................. 68<<strong>br</strong> />

5.2.1.2 Contenção física e química <strong>com</strong>o medidas <strong>de</strong> proteção <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong>..... 73<<strong>br</strong> />

5.2.1.3 A contenção física <strong>com</strong>o proteção à equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>.................. 79<<strong>br</strong> />

5.2.2 O <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica requer <strong>cuidado</strong>s<<strong>br</strong> />

específicos............................................................................................... 82<<strong>br</strong> />

5.2.2.1 A <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong>............................................................... 86<<strong>br</strong> />

5.2.2.2 Cuidados humanizados <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>................................................. 94<<strong>br</strong> />

5.2.2.3 A participação da família no <strong>cuidado</strong>....................................................... 96<<strong>br</strong> />

5.2.3 O <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico psiquiátrica no Pronto<<strong>br</strong> />

Atendimento: dificulda<strong>de</strong>s sentidas pela equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>........... 98<<strong>br</strong> />

5.2.4 Preconceito e estigma <strong>com</strong> relação <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

clínico-psiquiátrica................................................................................... 109<<strong>br</strong> />

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 116<<strong>br</strong> />

REFÊRENCIAS........................................................................................................ 120<<strong>br</strong> />

APÊNDICES............................................................................................................ 134<<strong>br</strong> />

ANEXOS.................................................................................................................. 142


12<<strong>br</strong> />

1 INTRODUÇÃO<<strong>br</strong> />

O cuidar em saú<strong>de</strong> requer dos profissionais uma visão ampla que lhes<<strong>br</strong> />

permita perceber o ser humano em sua totalida<strong>de</strong> e, assim, contemplar suas<<strong>br</strong> />

dimensões biológica, psicológica, social e espiritual. Isso se torna imprescindível<<strong>br</strong> />

para realizar o <strong>cuidado</strong> <strong>com</strong> qualida<strong>de</strong>, que constitui um <strong>de</strong>safio diante das<<strong>br</strong> />

constantes e intensas transformações que atualmente ocorrem na assistência à<<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Essas transformações são efeitos da globalização e da revolução científicotecnológica<<strong>br</strong> />

ocorridas nas últimas décadas e que na área da saú<strong>de</strong> são<<strong>br</strong> />

representadas pelo <strong>de</strong>senvolvimento do mo<strong>de</strong>lo biomédico-biologicista. Esse mo<strong>de</strong>lo<<strong>br</strong> />

se caracteriza pelo retorno econômico imediato e resolutivo, o que o torna fortalecido<<strong>br</strong> />

e <strong>com</strong> tendência a se manter, <strong>de</strong>vido à sua a<strong>de</strong>são e larga aceitabilida<strong>de</strong> pelas<<strong>br</strong> />

instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Por outro lado, nele se evi<strong>de</strong>nciam características negativas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o a impessoalida<strong>de</strong> e fragmentação da assistência à saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo que as<<strong>br</strong> />

pessoas se tornam objeto da ação dos profissionais <strong>ao</strong> invés <strong>de</strong> participantes do<<strong>br</strong> />

processo saú<strong>de</strong>-doença (GOMES; OLIVEIRA, 2008).<<strong>br</strong> />

Corroborando esta i<strong>de</strong>ia Borille (2008) <strong>de</strong>screve que o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong>senvolvido<<strong>br</strong> />

pelos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, por influência do mo<strong>de</strong>lo biomédico, se volta à<<strong>br</strong> />

fragmentação do ser humano na qual sua totalida<strong>de</strong> se encontra dividida e sem<<strong>br</strong> />

relação entre as dimensões psicológica, biológica e espiritual. Dessa forma, o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> se apresenta mecanizado, <strong>com</strong> ênfase na doença e escassa abordagem<<strong>br</strong> />

nas dimensões psicossociais.<<strong>br</strong> />

A Enfermagem <strong>com</strong>o uma das profissões da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> se torna parte<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sse contexto, entretanto, tenta se manter fiel às suas características essenciais,<<strong>br</strong> />

as quais são voltadas <strong>ao</strong> <strong>cuidado</strong> humano <strong>com</strong> respeito à sua totalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

(CROSSETTI et al., 2000; GOMES; OLIVEIRA, 2008). Destarte, a Enfermagem é a<<strong>br</strong> />

profissionalização da capacida<strong>de</strong> humana <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong> outras pessoas e traz <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

exigência a busca constante do conhecimento, habilida<strong>de</strong>s e atitu<strong>de</strong>s para o<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvimento das <strong>com</strong>petências específicas que <strong>de</strong>la são esperadas (WALDOW,<<strong>br</strong> />

2007).<<strong>br</strong> />

Os profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> possuem uma característica que os<<strong>br</strong> />

diferencia dos <strong>de</strong>mais da saú<strong>de</strong>, porque são os que dispensam maior tempo junto <strong>ao</strong>


13<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>. Assim, <strong>de</strong>vem se valer <strong>de</strong>ssa condição e envidar esforços no sentido <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

atuar na promoção do bem-estar bio-psico-sócio-espiritual do ser humano. Para<<strong>br</strong> />

isso, é necessária a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perceber as necessida<strong>de</strong>s da pessoa nos<<strong>br</strong> />

diferentes momentos da vida e buscar supri-las mediante o <strong>de</strong>senvolvimento do<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> qualificado utilizando as <strong>com</strong>petências adquiridas em sua formação e na<<strong>br</strong> />

prática profissional (ORIÁ; MORAES; VICTOR, 2004; STEFANELLI; CARVALHO;<<strong>br</strong> />

ARANTES, 2005).<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> tem sido <strong>com</strong>preendido <strong>com</strong>umente <strong>com</strong>o um<<strong>br</strong> />

conjunto <strong>de</strong> técnicas e procedimentos, uma vez que a Enfermagem é uma área do<<strong>br</strong> />

conhecimento reconhecida por seu aspecto prático. Entretanto, ela <strong>de</strong>ve ir além<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ssa <strong>com</strong>preensão e sustentar suas ações no respeito à subjetivida<strong>de</strong> e<<strong>br</strong> />

individualida<strong>de</strong>, construindo a relação interpessoal <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong> (MONTEIRO,<<strong>br</strong> />

2006). Assim, o <strong>cuidado</strong> se expressa no <strong>com</strong>partilhamento do ato <strong>de</strong> cuidar<<strong>br</strong> />

proporcionado pelo ambiente, no qual as pessoas se sintam bem, reconhecidas,<<strong>br</strong> />

seguras e aceitas em suas particularida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> modo que possam apresentar<<strong>br</strong> />

condições a a<strong>de</strong>rir às ações planejadas (WALDOW, 2005).<<strong>br</strong> />

Nos diversos espaços <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong> em que a Enfermagem está inserida, é na<<strong>br</strong> />

instituição hospitalar que os profissionais apresentam maior dificulda<strong>de</strong> em<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolver o <strong>cuidado</strong> integral. Isto po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> inúmeras<<strong>br</strong> />

especialida<strong>de</strong>s médicas e dos equipamentos sofisticados, que têm necessitado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

cada vez mais conhecimentos específicos. Para tanto, Thomas et al. (2007), alertam<<strong>br</strong> />

que o trabalho da Enfermagem em um hospital geral 1 <strong>de</strong>ve incorporar novas<<strong>br</strong> />

tecnologias especializadas para o <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong>, mas que isto não venha<<strong>br</strong> />

trazer fragmentação e mecanização às ações.<<strong>br</strong> />

As instituições hospitalares contemporâneas têm sido transformadas em<<strong>br</strong> />

ambientes <strong>de</strong> ações dos profissionais so<strong>br</strong>e o doente e a doença <strong>com</strong> o auxílio das<<strong>br</strong> />

inovações tecnológicas <strong>de</strong> ponta em busca da melhor condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dos<<strong>br</strong> />

indivíduos. Porém, para o êxito do <strong>cuidado</strong> integral se <strong>de</strong>ve superar o predomínio<<strong>br</strong> />

das técnicas e valorizar a interação e o relacionamento humano entre o profissional<<strong>br</strong> />

e o <strong>paciente</strong> (CROSSETTI et al., 2000). Na instituição hospitalar, <strong>de</strong>ntre os serviços<<strong>br</strong> />

ou unida<strong>de</strong>s existentes, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar o Pronto Atendimento (PA) o que<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>ange os <strong>cuidado</strong>s voltados <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> as mais diversas patologias<<strong>br</strong> />

1 O termo hospital geral será utilizado nesta pesquisa para se referir <strong>ao</strong> hospital clínico.


14<<strong>br</strong> />

clínicas, por se constituir porta <strong>de</strong> entrada principal para internamentos no hospital.<<strong>br</strong> />

Deste modo, o Pronto Atendimento se distingue das <strong>de</strong>mais por ser a unida<strong>de</strong> que<<strong>br</strong> />

se <strong>de</strong>stina <strong>ao</strong> <strong>cuidado</strong> da saú<strong>de</strong> em caráter emergencial ou <strong>de</strong> urgência, <strong>com</strong> intuito<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> prolongar a vida ou <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> consequências críticas (SÁ, 2005;<<strong>br</strong> />

MARQUES; LIMA, 2008).<<strong>br</strong> />

Existem alguns fatores presentes no cotidiano do trabalho <strong>de</strong> um serviço <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

emergência que o tornam dinâmico, <strong>de</strong>safiador e em alguns momentos estressante.<<strong>br</strong> />

Isso ocorre pela quantida<strong>de</strong> excessiva <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s, varieda<strong>de</strong> na gravida<strong>de</strong> dos<<strong>br</strong> />

quadros patológicos apresentados, escassez <strong>de</strong> recursos humanos, so<strong>br</strong>ecarga da<<strong>br</strong> />

equipe multiprofissional, falta <strong>de</strong> condições para prestação da continuida<strong>de</strong> do<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> e <strong>de</strong>svalorização dos profissionais (SOUZA; SILVA; NORI, 2007; GALVÃO-<<strong>br</strong> />

ALVES, 2007).<<strong>br</strong> />

Nesse ambiente <strong>com</strong> tamanha diversida<strong>de</strong>, a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>ve<<strong>br</strong> />

aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s prioritárias dos <strong>paciente</strong>s mediante os <strong>cuidado</strong>s<<strong>br</strong> />

fundamentados em <strong>com</strong>petências técnico-científicas. Como resultado da varieda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> diferentes patologias, bem <strong>com</strong>o pelo próprio ritmo dinâmico do<<strong>br</strong> />

serviço <strong>de</strong> emergência, há dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicação dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

entre si e <strong>com</strong> os <strong>paciente</strong>s. Esse fator também gera fragmentação do <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vido à impessoalida<strong>de</strong>, que causa <strong>de</strong>sconforto <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> e caracteriza o <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> limitado às técnicas e procedimentos, sem espaço para a interação<<strong>br</strong> />

e percepção das necessida<strong>de</strong>s que exce<strong>de</strong>m as físicas <strong>com</strong>o, por exemplo, as<<strong>br</strong> />

psicossociais (SOUZA; SILVA; NORI, 2007).<<strong>br</strong> />

Os quadros clínicos apresentados pelos <strong>paciente</strong>s nos serviços <strong>de</strong> urgência<<strong>br</strong> />

e emergência exigem dos profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> conhecimento técnicocientífico<<strong>br</strong> />

relacionado à maioria das especialida<strong>de</strong>s para <strong>de</strong>senvolver suas ações.<<strong>br</strong> />

Entretanto, observa-se existência <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s apresentadas pela equipe <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

prestar o <strong>cuidado</strong> quando o <strong>paciente</strong> apresenta conjuntamente <strong>ao</strong> quadro clínico, um<<strong>br</strong> />

transtorno mental (CAMPOS; TEXEIRA, 2001; SOUZA; SILVA; NORI, 2007).<<strong>br</strong> />

Há uma tendência dos profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> se voltarem para o<<strong>br</strong> />

atendimento das necessida<strong>de</strong>s físicas, dando pouca atenção, ou em casos mais<<strong>br</strong> />

extremos, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> abordar os aspectos psíquicos e emocionais. Tais atitu<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

são justificadas pela insuficiência <strong>de</strong> conhecimento dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

naquilo que concerne às psicopatologias e à abordagem <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> algum<<strong>br</strong> />

tipo <strong>de</strong> transtorno mental (SCHERER; SCHERER; LABATE, 2002). Portanto, a


15<<strong>br</strong> />

equipe multidisciplinar <strong>de</strong> um hospital geral em sua maioria não se sente à vonta<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

no <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> em sofrimento mental, <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> qualificação ou por<<strong>br</strong> />

sua formação ter sido focada exclusivamente no atendimento dos <strong>paciente</strong>s <strong>de</strong>ntro<<strong>br</strong> />

dos hospitais psiquiátricos característicos do mo<strong>de</strong>lo mani<strong>com</strong>ial (MION;<<strong>br</strong> />

SCHNEIDER, 2003). Essa condição foi confirmada no estudo realizado em um<<strong>br</strong> />

serviço <strong>de</strong> Pronto Atendimento, em que os profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

apresentaram sentimentos <strong>com</strong>o raiva, pieda<strong>de</strong> e medo durante o <strong>cuidado</strong> às<<strong>br</strong> />

pessoas <strong>com</strong> transtorno mental (CAMPOS; TEIXEIRA, 2001).<<strong>br</strong> />

Nos últimos anos, a assistência à saú<strong>de</strong> mental no contexto <strong>br</strong>asileiro tem<<strong>br</strong> />

passado por intensas transformações, e o marco <strong>de</strong> tais mudanças tem sido o<<strong>br</strong> />

movimento da Reforma Psiquiátrica. Trata-se <strong>de</strong> um processo <strong>com</strong>plexo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />

política, filosófica, social e cultural, em que, além das modificações no mo<strong>de</strong>lo<<strong>br</strong> />

assistencial em saú<strong>de</strong> mental, enfoca a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformação nas relações<<strong>br</strong> />

dos profissionais e da socieda<strong>de</strong> <strong>com</strong> essa clientela. Portanto, torna-se<<strong>br</strong> />

indispensável a construção <strong>de</strong> nova visão a partir <strong>de</strong> ampla reflexão so<strong>br</strong>e o mo<strong>de</strong>lo<<strong>br</strong> />

psiquiátrico convencional, que não conseguia ver saú<strong>de</strong> nas pessoas, mas apenas<<strong>br</strong> />

doença (AMARANTE, 2006). Nessa perspectiva, é imprescindível que as<<strong>br</strong> />

concepções que se relacionam <strong>com</strong> a temática saú<strong>de</strong> mental sejam repensadas e<<strong>br</strong> />

modificadas, caso contrário, as relações e mo<strong>de</strong>los mani<strong>com</strong>iais subsistirão nos<<strong>br</strong> />

atuais espaços terapêuticos (SILVEIRA; BRAGA, 2005).<<strong>br</strong> />

Deve-se ter a <strong>com</strong>preensão que os transtornos mentais costumam submeter<<strong>br</strong> />

seus portadores a situações <strong>de</strong> <strong>com</strong>prometimento funcional da mente, o que po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

prejudicar momentaneamente sua percepção da realida<strong>de</strong>. Desse modo, o <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>ve estar focado no relacionamento interpessoal, a fim <strong>de</strong> formar o<<strong>br</strong> />

vínculo profissional-<strong>paciente</strong> para intervir na situação manifestada. Uma vez<<strong>br</strong> />

alcançado o vínculo <strong>de</strong> confiança <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong>, sustentado pelo relacionamento<<strong>br</strong> />

interpessoal terapêutico, po<strong>de</strong>-se, então, lhe oferecer apoio, conforto e segurança.<<strong>br</strong> />

Para que isso ocorra, é preciso que a <strong>com</strong>unicação seja utilizada <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />

terapêutica, pois ela interfere e influencia no <strong>com</strong>portamento das pessoas<<strong>br</strong> />

(STEFANELLI, 1993; 2005b). O <strong>cuidado</strong> humanizado, construtivo, verda<strong>de</strong>iro,<<strong>br</strong> />

consciente, transformador e que contemple a totalida<strong>de</strong> do ser humano envolve a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>petência do uso da <strong>com</strong>unicação (BRAGA; SILVA, 2007).<<strong>br</strong> />

Comunicação é <strong>com</strong>preendida <strong>com</strong>o mais que um instrumento básico para o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, é uma das necessida<strong>de</strong>s humanas básicas, pois sem ela a


16<<strong>br</strong> />

existência humana seria impossível. Sem <strong>com</strong>unicação não há relacionamento<<strong>br</strong> />

interpessoal terapêutico entre os profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> e o <strong>paciente</strong>. Assim, a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação terapêutica é a <strong>com</strong>petência profissional adquirida pelo conhecimento<<strong>br</strong> />

e uso da <strong>com</strong>unicação humana. Ela tem <strong>com</strong>o objetivo oferecer suporte <strong>ao</strong> ser<<strong>br</strong> />

humano em certo momento da vida a fim <strong>de</strong> torná-lo autônomo, por meio do<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvimento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir e utilizar seus potenciais para se<<strong>br</strong> />

ajustar e enfrentar os <strong>de</strong>safios para a autorrealização, ensejando-lhe melhor<<strong>br</strong> />

condição <strong>de</strong> vida (STEFANELLI, 1993; 2005b).<<strong>br</strong> />

A hospitalização clínica po<strong>de</strong> ocorrer em qualquer fase da vida <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

pessoa e por diversas razões. Na maioria das vezes, ela representa um alento por<<strong>br</strong> />

encontrar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento e cura da enfermida<strong>de</strong>, que a<strong>com</strong>ete o<<strong>br</strong> />

indivíduo. Por outro lado, os <strong>paciente</strong>s hospitalizados passam pelo <strong>de</strong>safio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

adaptar-se a essa situação e isso resulta que cada um apresente uma <strong>de</strong>terminada<<strong>br</strong> />

reação frente a essa circunstância. As maneiras <strong>com</strong>o os <strong>paciente</strong>s em hospitais<<strong>br</strong> />

gerais vão respon<strong>de</strong>r <strong>ao</strong> tratamento, à doença, <strong>ao</strong> ambiente e <strong>ao</strong> tempo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

internamento irão variar <strong>de</strong> pessoa para pessoa (SCHERER; SCHERER; LABATE,<<strong>br</strong> />

2002). Quando se trata <strong>de</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica, essa<<strong>br</strong> />

situação po<strong>de</strong> ser extrema, visto que <strong>ao</strong> a<strong>de</strong>ntrar o serviço <strong>de</strong> emergência além do<<strong>br</strong> />

quadro clínico que o levou até ali, ele po<strong>de</strong> vir a <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar sinais e sintomas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io psíquico <strong>com</strong>o agitação psi<strong>com</strong>otora, confusão ou agressivida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

(CAMPOS; TEIXEIRA, 2001). Isso requer que o <strong>cuidado</strong> contemple suporte além<<strong>br</strong> />

das necessida<strong>de</strong>s físicas da pessoa.<<strong>br</strong> />

O termo <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> se originou da junção do prefixo latino "cum", que<<strong>br</strong> />

significa contiguida<strong>de</strong>, correlação, <strong>com</strong>panhia e pela palavra morbida<strong>de</strong>, originada<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> "morbus", que <strong>de</strong>signa um estado patológico ou doença. Com isso, o emprego do<<strong>br</strong> />

termo <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma correta se refere à coexistência <strong>de</strong> duas ou mais<<strong>br</strong> />

doenças ou transtornos (PETRIBÚ, 2001). Enten<strong>de</strong>-se por <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

o surgimento <strong>de</strong> um transtorno mental, que ocorre conjuntamente <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

evolução <strong>de</strong> uma doença clínica.<<strong>br</strong> />

Os estudos so<strong>br</strong>e as <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong>s clínico-psiquiátricas têm sido relevantes<<strong>br</strong> />

e <strong>de</strong> interesse para a área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em geral e não somente na <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental.<<strong>br</strong> />

Isso se justifica quando eles <strong>de</strong>monstram que as psicopatologias aumentam o risco<<strong>br</strong> />

do surgimento <strong>de</strong> doenças orgânicas e igualmente as doenças clínicas po<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />

contribuir para a gênese <strong>de</strong> psicopatologias, principalmente a <strong>de</strong>pressão <strong>de</strong>corrente


17<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> efeitos diretos na função cere<strong>br</strong>al ou <strong>com</strong>o consequências <strong>de</strong> fatores psicológicos<<strong>br</strong> />

e/ou psicossociais (DUARTE; REGO, 2007).<<strong>br</strong> />

Existe um contingente significativo <strong>de</strong> pessoas que apresentam algum tipo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> transtorno psiquiátrico em <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> a doenças clínicas ou <strong>ao</strong> tratamento<<strong>br</strong> />

cirúrgico em hospitais gerais. Com oscilação tem-se que em torno <strong>de</strong> 30% dos<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s internados em unida<strong>de</strong>s clínicas ou cirúrgicas apresentam algum<<strong>br</strong> />

diagnóstico psiquiátrico. Atualmente, observa-se uma frequência média <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

diagnóstico psiquiátrico em <strong>paciente</strong>s internados em hospitais gerais em tratamento<<strong>br</strong> />

clínico, que apontam para 35% <strong>de</strong> transtornos do humor (episódios <strong>de</strong>pressivos,<<strong>br</strong> />

transtorno bipolar); 20% <strong>de</strong> transtornos <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong>; 20% <strong>de</strong> transtornos<<strong>br</strong> />

relacionados <strong>ao</strong> uso <strong>de</strong> substâncias; 20% <strong>de</strong> transtornos mentais orgânicos; e 5% <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

outros transtornos (SCHMITT; GOMES, 2005).<<strong>br</strong> />

Tenho a<strong>com</strong>panhado as transformações na assistência a pessoas <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

transtorno mental <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000, quando se iniciou minha atuação profissional em um<<strong>br</strong> />

hospital psiquiátrico <strong>de</strong> internação integral do município <strong>de</strong> Curitiba. Naquela<<strong>br</strong> />

instituição, tive a primeira oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prestar <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

transtormo mental internados, bem <strong>com</strong>o <strong>de</strong> tentar <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r os diversificados e<<strong>br</strong> />

intensos sinais e sintomas que apresentavam.<<strong>br</strong> />

Essa experiência me ensejou confrontar alguns estigmas que trazia do<<strong>br</strong> />

senso <strong>com</strong>um <strong>com</strong>o, por exemplo, conceber o “louco” 2 <strong>com</strong>o indivíduo perigoso,<<strong>br</strong> />

violento, agressivo, <strong>de</strong> hábitos e formas animalescas. Entretanto, logo constatei que<<strong>br</strong> />

aqueles que estavam diante <strong>de</strong> mim e sob meus <strong>cuidado</strong>s eram seres humanos, em<<strong>br</strong> />

um momento <strong>de</strong> intenso sofrimento psíquico. Compreendi que juntamente <strong>com</strong> essa<<strong>br</strong> />

condição surgem outras que afetam o indivíduo, <strong>com</strong>o por exemplo, perda <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

autonomia, <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>correntes do sistema <strong>de</strong> submissão,<<strong>br</strong> />

reclusão-exclusão e ainda pelas consequências dos sinais e sintomas das<<strong>br</strong> />

psicopatologias. Muitos <strong>de</strong>sses <strong>paciente</strong>s foram vítimas dos tratamentos<<strong>br</strong> />

preconizados pela psiquiatria convencional, caracterizada pela exclusão social e<<strong>br</strong> />

medicalização 3 da loucura e dos hospitais psiquiátricos, porém ressalto que naquela<<strong>br</strong> />

2 A palavra “louco” quando utilizada neste trabalho será para <strong>de</strong>signar a forma <strong>com</strong>o a pessoa <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

transtorno mental é concebida pelo senso <strong>com</strong>um ou quando se referindo a conceitos conforme a<<strong>br</strong> />

época histórica.<<strong>br</strong> />

3 Medicalização ou medicalizar – tornar algo foco ou instrumento da ação e intervenção<<strong>br</strong> />

exclusivamente do médico (AMARANTE et al., 2003).


18<<strong>br</strong> />

época alguns dos <strong>paciente</strong>s já eram encaminhados para o processo <strong>de</strong> reintegração<<strong>br</strong> />

social proposta pela Reforma Psiquiátrica.<<strong>br</strong> />

Em 2002 iniciei o curso <strong>de</strong> graduação em Enfermagem pela Universida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Fe<strong>de</strong>ral do Paraná (UFPR), que me proporcionou visão ampliada e organizada da<<strong>br</strong> />

profissão. Como acadêmico <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, tive condições <strong>de</strong> permanentemente<<strong>br</strong> />

buscar embasamento teórico para as questões relacionadas <strong>com</strong> a prática<<strong>br</strong> />

profissional em saú<strong>de</strong>. Elas surgiram a todo instante e me permitiram <strong>de</strong>senvolver<<strong>br</strong> />

postura crítica e reflexiva voltada à práxis em todos os campos <strong>de</strong> atuação, inclusive<<strong>br</strong> />

na área da saú<strong>de</strong> mental, que <strong>de</strong>spontou <strong>com</strong>o <strong>de</strong> maior interesse para mim durante<<strong>br</strong> />

a graduação.<<strong>br</strong> />

Em 2007, <strong>de</strong>senvolvi o Estágio Supervisionado pertencente <strong>ao</strong> décimo e<<strong>br</strong> />

último período da Graduação em Enfermagem, <strong>com</strong> carga horária <strong>de</strong> 360 horas, em<<strong>br</strong> />

uma instituição psiquiátrica <strong>de</strong> internação integral, situada na região metropolitana<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Curitiba. Igualmente, o Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso (Monografia) foi<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvido na temática saú<strong>de</strong> mental so<strong>br</strong>e a contenção física realizada a<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s em uma instituição Psiquiátrica, relacionada <strong>com</strong> o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> e abordagens terapêuticas <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s, que eventualmente<<strong>br</strong> />

necessitam <strong>de</strong> tal procedimento. Essa experiência fortaleceu meu interesse em<<strong>br</strong> />

aprofundar o conhecimento e <strong>de</strong>senvolver <strong>com</strong>petências profissionais na área <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong> mental.<<strong>br</strong> />

Destarte, <strong>com</strong>petência profissional se <strong>de</strong>senvolve <strong>ao</strong> assumir<<strong>br</strong> />

responsabilida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sempenhar atitu<strong>de</strong>s sociais, antes <strong>de</strong> ser um conjunto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

conhecimentos profissionais, sendo construída durante a trajetória profissional<<strong>br</strong> />

(AMARANTE et al., 2003). No campo da saú<strong>de</strong> mental, acrescenta-se o <strong>com</strong>partilhar<<strong>br</strong> />

experiências na prática do <strong>cuidado</strong> às pessoas <strong>com</strong> transtorno mental. Nesse<<strong>br</strong> />

sentido, em 2008, a fim <strong>de</strong> agregar conhecimento e aprimoramento, participei do<<strong>br</strong> />

curso “Distúrbios emocionais e <strong>com</strong>portamentais do cliente na clínica” ofertado pelo<<strong>br</strong> />

Programa <strong>de</strong> Aperfeiçoamento Profissional – Proficiência do Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Enfermagem; e do Curso <strong>de</strong> Pós-Graduação em Saú<strong>de</strong> Mental <strong>com</strong> enfoque nas<<strong>br</strong> />

políticas públicas pela Escola Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública ENSP/Fiocruz, <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

objetivo <strong>de</strong> angariar formação que me possibilitasse aplicar e <strong>de</strong>senvolver<<strong>br</strong> />

criativamente alguns conceitos primordiais para o entendimento das políticas<<strong>br</strong> />

nacionais em saú<strong>de</strong> mental.


19<<strong>br</strong> />

No curso <strong>de</strong> Mestrado do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Enfermagem da<<strong>br</strong> />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná (UFPR), vivenciei algumas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino<<strong>br</strong> />

relacionadas à área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental proporcionadas pela Disciplina Prática<<strong>br</strong> />

Docente, <strong>com</strong> a docente responsável por tal enfoque e estudantes do sétimo período<<strong>br</strong> />

do Curso <strong>de</strong> Graduação em Enfermagem da UFPR.<<strong>br</strong> />

Na prática em hospital geral, mais precisamente em Pronto Atendimento,<<strong>br</strong> />

percebi a existência significativa da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

e das dificulda<strong>de</strong>s em sua abordagem pela equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>.<<strong>br</strong> />

Tenho <strong>com</strong>o pressupostos que tais dificulda<strong>de</strong>s são <strong>de</strong>vidas a que os profissionais<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> do Pronto Atendimento não se sentem capacitados para prestar o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica e que estes profissionais<<strong>br</strong> />

sentem dificulda<strong>de</strong>s em se <strong>com</strong>unicar <strong>com</strong> <strong>paciente</strong>s nestas condições.<<strong>br</strong> />

Com bases nas consi<strong>de</strong>rações exaradas, <strong>de</strong>senvolvi esta pesquisa que teve<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o questão norteadora: <strong>com</strong>o a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> percebe o <strong>cuidado</strong> que<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolve <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica no Pronto Atendimento<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> um Hospital Geral?<<strong>br</strong> />

Para tentar respon<strong>de</strong>r a essa indagação, foi elaborado o seguinte objetivo:<<strong>br</strong> />

1.1 OBJETIVO<<strong>br</strong> />

Apreen<strong>de</strong>r a percepção da equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> relativa <strong>ao</strong> <strong>cuidado</strong> que<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolve <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica.


20<<strong>br</strong> />

2 REVISÃO DE LITERATURA<<strong>br</strong> />

Este tópico constitui-se <strong>de</strong> <strong>br</strong>eve revisão, que tem por finalida<strong>de</strong> aprofundar<<strong>br</strong> />

a <strong>com</strong>preensão do tema <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

clínico-psiquiátrica em hospital geral. Inicialmente, discorro so<strong>br</strong>e o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> na perspectiva teórica e na prática <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental, na sequência faço<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>eve relato so<strong>br</strong>e a história e a função do hospital <strong>ao</strong> longo dos anos, finalizando<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a <strong>de</strong>scrição das principais <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong>s clínico-psiquiátricas.<<strong>br</strong> />

2.1 CUIDADO DE ENFERMAGEM NA PERSPECTIVA TEÓRICA<<strong>br</strong> />

A palavra cuidar é <strong>de</strong>rivada do latim cogitare, que tem <strong>com</strong>o significado<<strong>br</strong> />

pensar, julgar, tomar conta, e <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> cogitatus, que traduz preocupação,<<strong>br</strong> />

carinho, diligência e atuação. Dessa forma, para cuidar <strong>de</strong> pessoas é preciso<<strong>br</strong> />

dispensar atenção e interesse so<strong>br</strong>e as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>la, refletir so<strong>br</strong>e todos os<<strong>br</strong> />

elementos relacionados <strong>ao</strong> ambiente <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong> e então agir a favor do indivíduo<<strong>br</strong> />

(SOUZA, 2000).<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> tem sido <strong>com</strong>preendido <strong>com</strong>umente <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

técnicas e procedimentos realizados pelos profissionais, uma vez que a<<strong>br</strong> />

Enfermagem é uma área perfilada por seu aspecto prático. No entanto, <strong>ao</strong> se<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>parar <strong>com</strong> o ser <strong>cuidado</strong>, o profissional <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> reconhece que é<<strong>br</strong> />

impossível cuidar sem abarcar os diferentes aspectos <strong>de</strong> sua natureza física, social,<<strong>br</strong> />

psicológica e espiritual. Para isso, sua relação <strong>com</strong> o ambiente necessita ser<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>rada para que resulte em condições propícias para que o <strong>cuidado</strong> ocorra <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

forma interativa entre os elementos: <strong>cuidado</strong>r - ambiente - ser <strong>cuidado</strong> (WALDOW,<<strong>br</strong> />

2005).<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> ultrapassa a <strong>com</strong>preensão <strong>com</strong>um e vai além da atenção à saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvida por procedimentos técnicos. Reporta-se a ações <strong>de</strong> integralida<strong>de</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

significados e sentidos voltados para a promoção da saú<strong>de</strong>, <strong>com</strong>o o direito do ser<<strong>br</strong> />

humano, expresso pelo respeito, acolhimento, aten<strong>de</strong>ndo <strong>ao</strong> indivíduo no momento


21<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong> social e/ou <strong>de</strong> sofrimento, em que a interação entre pessoas se torna<<strong>br</strong> />

característica <strong>de</strong>sse contexto (PINHEIRO; MATOS, 2004).<<strong>br</strong> />

Para que a interação se efetive, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r que ela se<<strong>br</strong> />

faz pela troca <strong>de</strong> experiências e não unidirecionalmente (STEFANELLI, 2005c). No<<strong>br</strong> />

mo<strong>de</strong>lo biomédico hegemônico existem poucos espaços para a escuta dos<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s e <strong>de</strong> seus anseios, tensões e sofrimentos. Esses sentimentos estão<<strong>br</strong> />

presentes <strong>de</strong> modo intenso e contínuo no processo <strong>de</strong> adoecimento, principalmente<<strong>br</strong> />

nos casos em que os <strong>paciente</strong>s se <strong>de</strong>param <strong>com</strong> a ausência <strong>de</strong> prognóstico <strong>de</strong> cura.<<strong>br</strong> />

Destarte, o <strong>cuidado</strong> profissional auxilia o indivíduo no enfrentamento <strong>de</strong> situações<<strong>br</strong> />

relativas à doença, na redução do impacto e sofrimento causados por ela, bem <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

dá oportunida<strong>de</strong> às pessoas <strong>de</strong> expressar e <strong>com</strong>partilhar seus sentimentos<<strong>br</strong> />

(LACERDA; VALLA, 2005).<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> se traduz no ato <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong> prestado a nós mesmos e que<<strong>br</strong> />

nos torna capazes e autônomos para prestá-lo a outros que apresentam <strong>de</strong>finitiva ou<<strong>br</strong> />

temporariamente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajuda (COLLIÈRE, 1999). A natureza do <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

se torna imprescindível à Enfermagem <strong>com</strong>o disciplina e profissão, pois ele não se<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolve no vazio, mas no contexto em que está inserido, levando em conta as<<strong>br</strong> />

experiências humanas, a subjetivida<strong>de</strong>, a consciência e a vida, sentindo<<strong>br</strong> />

primeiramente em si próprio, para então buscá-las no outro (SILVA, 2000).<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> é o resultado do processo <strong>de</strong> cuidar, que se distingue pelo<<strong>br</strong> />

encontro entre o ser <strong>cuidado</strong> e o <strong>cuidado</strong>r em ambiente propício, envolto por<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamentos e atitu<strong>de</strong>s que se <strong>de</strong>stacam pelo respeito, gentileza,<<strong>br</strong> />

responsabilida<strong>de</strong>, interesse, segurança e oferta <strong>de</strong> apoio, confiança, conforto e<<strong>br</strong> />

solidarieda<strong>de</strong>. Entretanto, é importante <strong>de</strong>stacar que esses fatores só são efetivados<<strong>br</strong> />

em ambiente interacional e <strong>com</strong>unicacional, uma vez que <strong>ao</strong> faltarem interação e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação o <strong>cuidado</strong> se torna simples procedimento técnico (WALDOW, 2005).<<strong>br</strong> />

Os profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> assumir seus papéis <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

responsabilida<strong>de</strong> ten<strong>de</strong>m a sentir-se integrados <strong>ao</strong> seu meio e, assim, aprimorar sua<<strong>br</strong> />

percepção. Nesse sentido, passa a existir a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experimentar<<strong>br</strong> />

sentimentos <strong>de</strong> motivação <strong>com</strong> elevação da autoestima <strong>ao</strong> se perceber <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

profissional <strong>com</strong>petente, capaz <strong>de</strong> contribuir <strong>com</strong> a socieda<strong>de</strong> <strong>ao</strong> cuidar do outro em<<strong>br</strong> />

suas necessida<strong>de</strong>s básicas humanas (BISON, 2003).<<strong>br</strong> />

Entretanto, <strong>de</strong> forma geral, a aca<strong>de</strong>mia tem discutido pouco so<strong>br</strong>e o <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> foco na integralida<strong>de</strong> do ser humano, o que acaba resultando no <strong>de</strong>spreparo


22<<strong>br</strong> />

dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para lidar <strong>com</strong> as situações que se apresentam no<<strong>br</strong> />

cotidiano da prática profissional (LACERDA; VALLA, 2005).<<strong>br</strong> />

A preocupação <strong>de</strong> ser reconhecido <strong>com</strong>o profissional <strong>com</strong> atribuições e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>petências para o <strong>cuidado</strong> não se <strong>de</strong>ve centrar unicamente em aplicação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

técnicas e procedimentos. A percepção do <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong>ve ser ampliada <strong>ao</strong> levar em<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>ração igualmente a percepção daquele que recebe o <strong>cuidado</strong> por intermédio<<strong>br</strong> />

dos processos <strong>com</strong>unicacional e interacional (WALDOW, 2007).<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> humano <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> é imbuído <strong>de</strong> sentimentos e valores que<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m fortalecer ou enfraquecer as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> criar vínculo e interação entre<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>r e ser <strong>cuidado</strong>. Para isso, as pessoas que estão envolvidas nesse <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

necessitam perceber o outro e suas necessida<strong>de</strong>s, o ambiente e os fatores a eles<<strong>br</strong> />

relacionados e, não menos importante, a percepção <strong>de</strong> si mesmas (BISON, 2003).<<strong>br</strong> />

A percepção é entendida <strong>com</strong>o processo interativo do indivíduo <strong>com</strong> o meio<<strong>br</strong> />

ambiente, em que se adquire conhecimento por meio dos sentidos. Seu conceito, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

modo mais amplo, é caracterizado pelo processo <strong>de</strong> cognição em que os<<strong>br</strong> />

procedimentos mentais se realizam mediante o interesse ou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

estruturar nossa interface <strong>com</strong> a realida<strong>de</strong> e o mundo e selecionar as informações<<strong>br</strong> />

percebidas, armazenando-as e conferindo-lhes significado. Ela po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>rada um dos principais <strong>com</strong>portamentos recorrentes, através dos quais<<strong>br</strong> />

construímos nossa realida<strong>de</strong> (OLIVEIRA; DEL RIO, 1999).<<strong>br</strong> />

O termo percepção <strong>de</strong>signa o ato que nos proporciona condições para<<strong>br</strong> />

conhecermos um objeto do meio exterior. A maior parte <strong>de</strong> nossas percepções<<strong>br</strong> />

conscientes provém do meio externo, pois as sensações dos órgãos internos não<<strong>br</strong> />

são conscientes na maioria das vezes e <strong>de</strong>sempenham papel limitado na elaboração<<strong>br</strong> />

do conhecimento do mundo. Trata-se a percepção <strong>com</strong>o uma situação subjetiva<<strong>br</strong> />

baseada em sensações, a<strong>com</strong>panhada <strong>de</strong> avaliação e frequentemente <strong>de</strong> juízos.<<strong>br</strong> />

Assim, é possível perceber o ambiente <strong>de</strong> várias maneiras, em que indivíduos<<strong>br</strong> />

diferentes percebem um mesmo espaço <strong>de</strong> forma distinta (OLIVEIRA; DEL RIO,<<strong>br</strong> />

1999).<<strong>br</strong> />

A percepção das ações <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> se torna referência para se ter<<strong>br</strong> />

consciência dos elementos que norteiam e fortalecem a relação entre o profissional<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> e a pessoa cuidada no ambiente e no instante do <strong>cuidado</strong>.<<strong>br</strong> />

Confirma-se que a percepção é subjetiva e importante para nutrir a essência do


23<<strong>br</strong> />

momento do <strong>cuidado</strong>, dignificando a condição <strong>de</strong> ser humano, dando-lhe<<strong>br</strong> />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fortalecer sua autonomia (RIVERA ÁLVAREZ; TRIANA, 2007).<<strong>br</strong> />

2.2 CUIDADO DE ENFERMAGEM À PESSOA COM TRANSTORNO MENTAL<<strong>br</strong> />

No Brasil as primeiras pessoas a <strong>de</strong>senvolver a Enfermagem <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

ocupação, os chamados “enfermeiros práticos”, atuaram nas instituições<<strong>br</strong> />

psiquiátricas surgidas na segunda meta<strong>de</strong> do século XIX, sendo que o primeiro e o<<strong>br</strong> />

mais conhecido foi o Hospício Pedro II, situado na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, capital<<strong>br</strong> />

imperial. Anteriormente a essa época, a Enfermagem não tinha distinção profissional<<strong>br</strong> />

e nem funcional, mas retratava o <strong>cuidado</strong> realizado por religiosas e leigas<<strong>br</strong> />

(MIRANDA, 1994).<<strong>br</strong> />

Com o início do funcionamento do Hospício Pedro II, houve a necessida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> contratação mão <strong>de</strong> o<strong>br</strong>a barata para os serviços auxiliares no atendimento <strong>ao</strong>s<<strong>br</strong> />

loucos. Dessa forma, para qualquer pessoa <strong>com</strong> pequena experiência no <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong>s enfermos era conferido o título prático <strong>de</strong> enfermeiro, cuja função era ser um<<strong>br</strong> />

agente intermediário entre o guarda e o médico do hospital. Ele <strong>de</strong>veria apresentar<<strong>br</strong> />

as seguintes qualida<strong>de</strong>s para o <strong>de</strong>sempenho das tarefas que eram lhe confiadas:<<strong>br</strong> />

severida<strong>de</strong>, doçura, coragem, prudência, discrição, carida<strong>de</strong>, inteligência,<<strong>br</strong> />

capacida<strong>de</strong> para enten<strong>de</strong>r o médico e o doente. Devia, ainda, ser um homem probo,<<strong>br</strong> />

ativo, zeloso, apresentar robustez e força física para o exercício da prática coercitiva<<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong>s doentes mentais. Portanto, naquela época os homens eram em maior<<strong>br</strong> />

quantida<strong>de</strong> na Enfermagem (MIRANDA, 1994; BELMONTE et al., 1998).<<strong>br</strong> />

Nessa perspectiva po<strong>de</strong>-se afirmar que a <strong>enfermagem</strong> <strong>br</strong>asileira nasceu no<<strong>br</strong> />

hospício <strong>com</strong> as funções <strong>de</strong> vigiar, reprimir e controlar os alienados 4 , que se<<strong>br</strong> />

encontravam internos naquele lugar. Cabia <strong>ao</strong>s médicos <strong>de</strong>cidir os meios <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

repressão e coerção e <strong>ao</strong>s enfermeiros executá-los (BELMONTE et al., 1998).<<strong>br</strong> />

Com a Proclamação da República, o Estado e o Clero sofreram que<strong>br</strong>a <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

4 Alienado – Para Pinel, seria o que se <strong>de</strong>ixa dominar por paixões artificiais, distantes da realida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

objetiva. Consi<strong>de</strong>rado pelos médicos do século XVIII e XIX <strong>com</strong>o um distúrbio das paixões, que em<<strong>br</strong> />

proporções exageradas causam alienação mental e, consequentemente, ausência da razão e do<<strong>br</strong> />

juízo (AMARANTE et al., 2003, p.13).


24<<strong>br</strong> />

aliança, o que resultou na saída das irmãs <strong>de</strong> carida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> direção das<<strong>br</strong> />

Santas Casas <strong>de</strong> Misericórdia e, consequentemente, da assistência <strong>ao</strong>s doentes.<<strong>br</strong> />

Assim, coube a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção do hospício e hospital <strong>ao</strong> Estado e<<strong>br</strong> />

a direção para os médicos. Em 1889, o Hospício Pedro II foi separado da Santa<<strong>br</strong> />

Casa <strong>de</strong> Misericórdia e passou a ser <strong>de</strong>nominado Hospício Nacional <strong>de</strong> Alienados<<strong>br</strong> />

(MIRANDA, 1994; BELMONTE et al., 1998).<<strong>br</strong> />

Com a saída das religiosas, houve uma crise <strong>de</strong> pessoal nos hospitais e,<<strong>br</strong> />

principalmente, no hospício, haja vista que neles a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s era<<strong>br</strong> />

superior à das Santas Casas <strong>de</strong> Misericórdia. Essa situação fez <strong>com</strong> que o Governo<<strong>br</strong> />

Provisório da Primeira República, pelo Decreto nº. 791, <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> setem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1890,<<strong>br</strong> />

instituísse, nas <strong>de</strong>pendências do Hospício Nacional <strong>de</strong> Alienados, a primeira escola<<strong>br</strong> />

profissionalizante em Enfermagem no Brasil. Inicialmente, recebeu o nome <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Escola Profissional <strong>de</strong> Enfermeiros e Enfermeiras e, a partir <strong>de</strong> 1904, passou a<<strong>br</strong> />

chamar-se Escola Alfredo Pinto, que se mantém até a atualida<strong>de</strong>. Essa escola tinha<<strong>br</strong> />

o objetivo <strong>de</strong> preparar os enfermeiros práticos em profissionais para atuar no<<strong>br</strong> />

hospício e Santa Casa <strong>de</strong> Misericórdia. O currículo <strong>de</strong> formação consistia em<<strong>br</strong> />

adquirir noções práticas <strong>de</strong> higiene hospitalar, curativos, aplicação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

balneoterapias, noções gerais <strong>de</strong> administração interna e escrituração do serviço<<strong>br</strong> />

sanitário e econômico das enfermarias (MAGALHÃES, et al., 2004; SOUZA;<<strong>br</strong> />

MOREIRA; PORTO, 2005).<<strong>br</strong> />

Entretanto, mesmo recebendo formação, os enfermeiros mantiveram as<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preensões so<strong>br</strong>e doença e doente mental conforme o concebido pelos mo<strong>de</strong>los<<strong>br</strong> />

da psiquiatria convencional, pautada na exclusão social e na medicalização dos<<strong>br</strong> />

manicômios, sem haver modificações <strong>de</strong> <strong>com</strong>portamento, <strong>de</strong> concepções e <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

melhoramento das práticas <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong>s doentes mentais (CASTRO; SILVA,<<strong>br</strong> />

2002; AMARANTE et al., 2003).<<strong>br</strong> />

Em 1923, foi fundada no Rio <strong>de</strong> Janeiro a Escola <strong>de</strong> Enfermagem Anna<<strong>br</strong> />

Nery, sob os mol<strong>de</strong>s da Enfermagem mo<strong>de</strong>rna da “Era Nightingaliana”, acrescida da<<strong>br</strong> />

vinda <strong>de</strong> enfermeiras norte-americanas. O curso <strong>de</strong> Enfermagem visava a formar<<strong>br</strong> />

enfermeiras sanitaristas para atuar na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, entretanto, <strong>de</strong>ntre as<<strong>br</strong> />

disciplinas do currículo havia a que dava ênfase à psiquiatria <strong>com</strong> <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

“a arte <strong>de</strong> enfermeira: em doenças nervosas e mentais”. O conteúdo teórico era<<strong>br</strong> />

ministrado por um médico psiquiatra, e nos primeiros anos da escola essa disciplina<<strong>br</strong> />

não oferecia aulas práticas. Somente a partir <strong>de</strong> 1949, foram iniciados os estágios


25<<strong>br</strong> />

no Hospício <strong>de</strong> Engenho <strong>de</strong> Dentro, a<strong>com</strong>panhados por duas enfermeiras<<strong>br</strong> />

especialistas em psiquiatria. O estágio consistia em realizar a higiene dos <strong>paciente</strong>s,<<strong>br</strong> />

oferecer alimentação e realizar técnica <strong>de</strong> contenção física (MIRANDA, 1994).<<strong>br</strong> />

Cabe ressaltar que, por força <strong>de</strong> dispositivo legal pela Lei n.775/49,<<strong>br</strong> />

iniciaram-se os estágios e as aulas práticas <strong>de</strong> Enfermagem Psiquiátrica da Escola<<strong>br</strong> />

Anna Nery, uma vez que esta lei exigia estágios em todos os campos assistenciais<<strong>br</strong> />

básicos. Dentre as dificulda<strong>de</strong>s encontradas pelas docentes e pelas alunas <strong>de</strong>sta<<strong>br</strong> />

escola, uma <strong>de</strong>las consistia em não possuir um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> enfermeira em psiquiatria<<strong>br</strong> />

para se espelhar, uma vez que nas instituições psiquiátricas não havia enfermeiras<<strong>br</strong> />

diplomadas, sendo o serviço conduzido pelos profissionais sem formação superior,<<strong>br</strong> />

que correspon<strong>de</strong>riam hoje <strong>ao</strong>s auxiliares <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> (PERES; BARREIRA,<<strong>br</strong> />

2008).<<strong>br</strong> />

O louco não foi consi<strong>de</strong>rado nas propostas da Enfermagem mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Florence Nightingale. Do mesmo modo, no Brasil, a Enfermagem que<<strong>br</strong> />

paradoxalmente nasce no hospício também foi esquecida ou muito pouco lem<strong>br</strong>ada<<strong>br</strong> />

pela aca<strong>de</strong>mia quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualificação dos trabalhadores na área da<<strong>br</strong> />

psiquiatria. A Enfermagem era vista <strong>com</strong>o aquela que preparava os <strong>paciente</strong>s para<<strong>br</strong> />

outros profissionais aprimorarem seus conhecimentos, e para isso não era<<strong>br</strong> />

necessária muita qualificação. Nessa perspectiva, o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> em<<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong> mental se manteve por longo tempo restrito à higiene corporal, alimentação,<<strong>br</strong> />

contenção física, manutenção da or<strong>de</strong>m e à observação do estado do <strong>paciente</strong>.<<strong>br</strong> />

Havia, portanto, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliar suas ações para contemplar a totalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

dos portadores <strong>de</strong> transtorno mental (MIRANDA, 1994; MAFTUM, 2004).<<strong>br</strong> />

Em resposta às necessida<strong>de</strong>s evolutivas da profissão e, <strong>com</strong>o elementos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

sustentação da prática profissional, surgiram as Teorias <strong>de</strong> Enfermagem norteadas<<strong>br</strong> />

por quatro conceitos fundamentais: ser humano, ambiente, saú<strong>de</strong>-doença e<<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong>. Buscavam construir e fortalecer o corpo <strong>de</strong> conhecimento da<<strong>br</strong> />

Enfermagem, <strong>de</strong>senvolver consciência crítica e reflexiva so<strong>br</strong>e o significado <strong>de</strong> seus<<strong>br</strong> />

conceitos, <strong>de</strong>monstrados pela habilida<strong>de</strong> em aplicar o conhecimento em novas<<strong>br</strong> />

situações. Vale <strong>de</strong>stacar que as primeiras Teorias <strong>de</strong> Enfermagem emergiram no<<strong>br</strong> />

contexto da saú<strong>de</strong> mental tendo <strong>com</strong>o foco a inter-relação pessoal. São exemplos as<<strong>br</strong> />

Teorias <strong>de</strong> Hil<strong>de</strong>gard Peplau em 1952 e Joyce Travelbee em meados 1960<<strong>br</strong> />

legitimando a relação pessoa a pessoa na profissão da Enfermagem, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

instrumento <strong>de</strong> ação na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental (GEORGE, 2000).


26<<strong>br</strong> />

No Brasil, as Teorias <strong>com</strong>eçaram a ser estudadas e empregadas a partir <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

1970, em razão das mudanças educacionais e dos avanços da Enfermagem <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

projeto acadêmico caracterizado na formação <strong>de</strong> graduação, mestrado e doutorado.<<strong>br</strong> />

Contudo, esse aspecto não significou mudanças na prática do <strong>cuidado</strong> às pessoas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> transtorno mental ficando restrito à aca<strong>de</strong>mia (CARVALHO, 2004; WALDOW,<<strong>br</strong> />

2007).<<strong>br</strong> />

Percebe-se que, atualmente, a área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental passa por uma série<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> mudanças, o que requer atitu<strong>de</strong>s diferentes diante dos <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong>senvolvidos<<strong>br</strong> />

às pessoas <strong>com</strong> transtorno mental. Para tanto, os profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vem angariar novos conhecimentos relacionados a <strong>cuidado</strong>s alicerçados na ética,<<strong>br</strong> />

integralida<strong>de</strong> e humanização. Nesse sentido, os enfermeiros da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

mental têm buscado promover a conscientização dos <strong>de</strong>mais profissionais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> quanto <strong>ao</strong>s novos rumos da assistência em saú<strong>de</strong> mental por meio da<<strong>br</strong> />

educação permanente ou na formação <strong>de</strong> futuros profissionais.<<strong>br</strong> />

A prática contemporânea da Enfermagem voltada às pessoas <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

transtorno mental apresenta três domínios para o <strong>cuidado</strong>: o assistencial direto <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>, a <strong>com</strong>unicação e o gerenciamento <strong>de</strong>sse <strong>cuidado</strong>. As funções <strong>de</strong> ensino,<<strong>br</strong> />

coor<strong>de</strong>nação, <strong>de</strong>legação e colaboração por parte dos enfermeiros se encontram<<strong>br</strong> />

implícitas nesses domínios <strong>de</strong> forma so<strong>br</strong>epostas (STUART; LARAIA, 2002).<<strong>br</strong> />

Dessa forma, o enfermeiro e sua equipe, <strong>ao</strong> <strong>de</strong>senvolverem o <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno mental, <strong>de</strong>vem adotar um método que sistematize o<<strong>br</strong> />

processo <strong>de</strong> trabalho e lhes permitam estabelecer e aplicar critérios produtivos em<<strong>br</strong> />

sua atuação. Com isso, cria-se a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> repensar e transformar sua<<strong>br</strong> />

prática, que por muito tempo esteve <strong>com</strong> a atenção centrada no <strong>cuidado</strong> baseado<<strong>br</strong> />

em pressupostos que fortaleciam o controle e a rigi<strong>de</strong>z dos antigos modos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

tratamento mani<strong>com</strong>ial. Há que se abandonar a fragmentação do <strong>cuidado</strong>,<<strong>br</strong> />

sustentada no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> assistência que enfoca a doença e pouco nos potenciais<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> reabilitação psicossocial (CASTRO; SILVA, 2002; JORGE et al., 2006; SAIDEL et<<strong>br</strong> />

al., 2007).<<strong>br</strong> />

Por outro lado, po<strong>de</strong>m-se notar modificações importantes na prática da<<strong>br</strong> />

Enfermagem, alavancadas pela relevante solidificação do ensino <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

psiquiátrica e saú<strong>de</strong> mental. Esta conquista se <strong>de</strong>ve <strong>ao</strong> trabalho dos docentes da<<strong>br</strong> />

disciplina <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental na graduação em Enfermagem, <strong>ao</strong> incluir no ensino a<<strong>br</strong> />

ênfase no relacionamento interpessoal e <strong>com</strong>unicação terapêutica. Outro ponto


27<<strong>br</strong> />

fundamental tem sido o <strong>de</strong>staque nas políticas públicas em saú<strong>de</strong> mental e o<<strong>br</strong> />

incentivo <strong>ao</strong> posicionamento crítico-reflexivo so<strong>br</strong>e os fatores <strong>de</strong>terminantes e<<strong>br</strong> />

condicionantes à dinâmica das mudanças contemporâneas, tanto no que se refere à<<strong>br</strong> />

temática <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental, quanto às mudanças mundiais ocorridas em todas as<<strong>br</strong> />

áreas do conhecimento (KANTORSKI; PINHO; SCHRANK, 2007; MAFTUM;<<strong>br</strong> />

ALENCASTRE, 2009).<<strong>br</strong> />

Os profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental buscam se<<strong>br</strong> />

distanciar da prática que tradicionalmente se <strong>de</strong>senvolvia quando os tratamentos<<strong>br</strong> />

consistiam em mo<strong>de</strong>los mani<strong>com</strong>iais. Essa característica se confirma <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno mental nos hospitais<<strong>br</strong> />

gerais (THOMAS et al., 2007). Portanto, um novo campo <strong>de</strong> atuação para o<<strong>br</strong> />

enfermeiro tem <strong>de</strong>spontado na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental: a consultoria, ou interconsulta<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> em psiquiatria. Ela po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida <strong>com</strong>o a prestação do <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> especializado em psiquiatria em uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hospital geral.<<strong>br</strong> />

Nessa modalida<strong>de</strong>, o enfermeiro atuante em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emergências<<strong>br</strong> />

clínicas, obstétricas ou cirúrgicas solicita <strong>ao</strong> enfermeiro psiquiátrico uma consultoria<<strong>br</strong> />

para <strong>de</strong>senvolver o plano <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong> referente <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

clínico-psiquiátrica. Entretanto, o enfermeiro interconsultor não assume o <strong>paciente</strong>,<<strong>br</strong> />

mas orienta e apoia a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> daquela unida<strong>de</strong> no atendimento<<strong>br</strong> />

a<strong>de</strong>quado das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atenção psicossocial do <strong>paciente</strong> (SCHERER;<<strong>br</strong> />

SCHERER; LABATE, 2002; THOMAS et al., 2007).<<strong>br</strong> />

O movimento dos enfermeiros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental ocupando cargos em<<strong>br</strong> />

hospitais gerais na prática da consultoria iniciou-se por volta <strong>de</strong>1960. A <strong>de</strong>finição do<<strong>br</strong> />

papel do interconsultor <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> é dada pela Nurse Consultant Associates<<strong>br</strong> />

(NCA) <strong>com</strong>o aquele que utiliza conhecimentos <strong>de</strong> Enfermagem e sua experiência<<strong>br</strong> />

para promover <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> psíquica. A consultoria vem ganhando <strong>de</strong>staque e<<strong>br</strong> />

importância no Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1980, integrando o atendimento clínico e<<strong>br</strong> />

cirúrgico <strong>com</strong> a abordagem biopsicossocial do indivíduo doente (THOMAS et al.,<<strong>br</strong> />

2007).<<strong>br</strong> />

Ressalta-se que a interconsulta psiquiátrica em Enfermagem não <strong>de</strong>ve ser<<strong>br</strong> />

entendida <strong>com</strong>o fortalecedora do mo<strong>de</strong>lo biomédico, no qual há a fragmentação do<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>. Pelo contrário, ela vem <strong>ao</strong> encontro da busca da integralização do <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

para que os profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> nos hospitais gerais, possuindo<<strong>br</strong> />

experiência e capacida<strong>de</strong> para atuar ali, tenham, igualmente, condições <strong>de</strong> abordar


28<<strong>br</strong> />

e prestar o <strong>cuidado</strong> às pessoas <strong>com</strong> transtorno mental <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada e<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>angente (SCHERER; SCHERER; LABATE, 2002).<<strong>br</strong> />

Uma das dificulda<strong>de</strong>s do trabalho do enfermeiro interconsultor no hospital<<strong>br</strong> />

geral é a resistência da equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> em prestar o <strong>cuidado</strong> que foge <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

sua área mais a<strong>br</strong>angente, ou seja, a clínica. Cabe <strong>ao</strong> enfermeiro interconsultor<<strong>br</strong> />

utilizar suas <strong>com</strong>petências em <strong>com</strong>unicação para fortalecer o vínculo <strong>com</strong> essa<<strong>br</strong> />

equipe e mostrar a existência da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>la realizar o atendimento integral <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> e evitar a cisão da inter-relação profissional (HILDEBRANDT;<<strong>br</strong> />

ALENCASTRE, 2001).<<strong>br</strong> />

Dentre os obstáculos encontrados pela equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> do hospital<<strong>br</strong> />

geral no <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica, está o manejo<<strong>br</strong> />

da agressivida<strong>de</strong>, que eventualmente ele possa apresentar uma vez que é possível<<strong>br</strong> />

a admissão <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> <strong>com</strong>portamento violento, agressivida<strong>de</strong> verbal,<<strong>br</strong> />

agitação extrema, episódios <strong>de</strong> <strong>de</strong>lírios, psicose aguda e confusão mental em<<strong>br</strong> />

serviços <strong>de</strong> emergências dos hospitais gerais (JIMENÉZ BUSSELO et al., 2006).<<strong>br</strong> />

Esses <strong>com</strong>portamentos exteriorizados po<strong>de</strong>m provocar medo, ansieda<strong>de</strong> e<<strong>br</strong> />

insegurança naqueles que estão próximos <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong>, inclusive, nos profissionais<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Os profissionais <strong>de</strong>vem se esforçar para dominar suas emoções e avaliar<<strong>br</strong> />

a situação para que as medidas a serem tomadas sejam a<strong>de</strong>quadas e seguras<<strong>br</strong> />

(MARCOLAN, 2004; PAES, 2007).<<strong>br</strong> />

As manifestações <strong>de</strong> agitação e agressivida<strong>de</strong> que são visualizadas em<<strong>br</strong> />

hospitais gerais acontecem, principalmente, em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emergências, e a<<strong>br</strong> />

maioria por <strong>paciente</strong>s sob efeito <strong>de</strong> substâncias psicoativas ilícitas. Ressalta-se que<<strong>br</strong> />

é difícil prever quando o <strong>paciente</strong> apresentará <strong>com</strong>portamento agressivo e violento,<<strong>br</strong> />

entretanto, são poucos os que realmente constituem perigo genuíno. Esse medo,<<strong>br</strong> />

algumas vezes inconsciente, que os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sentem <strong>ao</strong> aten<strong>de</strong>r a<<strong>br</strong> />

uma pessoa <strong>com</strong> transtorno mental, interfere na avaliação do <strong>paciente</strong>, tanto pela<<strong>br</strong> />

equipe médica, <strong>com</strong>o pela da <strong>enfermagem</strong>. O resultado <strong>de</strong>ssa condição é o uso<<strong>br</strong> />

excessivo <strong>de</strong> sedação e a contenção física <strong>com</strong>o primeiro procedimento a ser<<strong>br</strong> />

realizado (SADOCK; SADOCK, 2007).<<strong>br</strong> />

Diante da apresentação <strong>de</strong> episódios <strong>de</strong> agressivida<strong>de</strong>, existem três<<strong>br</strong> />

medidas cabíveis <strong>de</strong> intervenção para garantir a segurança do <strong>paciente</strong> e da equipe<<strong>br</strong> />

que o aten<strong>de</strong>: contenção verbal, contenção química e contenção física no leito<<strong>br</strong> />

(CÁNOVAS RODRÍGUEZ; HERNÁNDEZ ORTEGA, 2008).


29<<strong>br</strong> />

A contenção verbal <strong>de</strong>ve ser a primeira estratégia a ser utilizada e, para sua<<strong>br</strong> />

efetivida<strong>de</strong>, o profissional <strong>de</strong>ve oferecer segurança, ajuda e <strong>com</strong>preensão <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>. Para isso, é preciso se mostrar calmo, <strong>com</strong> tom <strong>de</strong> voz a<strong>de</strong>quado, porém<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> firmeza e segurança, tentando distrair a atenção do <strong>paciente</strong> do foco da<<strong>br</strong> />

agitação. Portanto, o profissional <strong>de</strong>ve lançar mão da <strong>com</strong>petência em <strong>com</strong>unicação<<strong>br</strong> />

humana e terapêutica, uma vez que ela é a essência <strong>de</strong>ssa abordagem e ainda<<strong>br</strong> />

possuir o mínimo <strong>de</strong> conhecimento so<strong>br</strong>e os sinais e sintomas das psicopatologias.<<strong>br</strong> />

Quando a causa da agitação ou agressivida<strong>de</strong> for orgânica, a contenção química,<<strong>br</strong> />

por meio <strong>de</strong> medicações prescritas pelo médico, <strong>de</strong>ve ser a estratégia <strong>de</strong> primeira<<strong>br</strong> />

escolha, seguida da contenção física (STEFANELLI, 1993; 2005; CÁNOVAS<<strong>br</strong> />

RODRÍGUEZ; HERNÁNDEZ ORTEGA, 2008).<<strong>br</strong> />

Contudo, quando a agressivida<strong>de</strong> ou a agitação do <strong>paciente</strong> oferecer risco à<<strong>br</strong> />

integrida<strong>de</strong> física <strong>de</strong> si ou <strong>de</strong> terceiros, <strong>de</strong>ve-se utilizar a contenção física no leito<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o medida <strong>de</strong> primeira escolha, em seguida, a contenção química. Esses<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s po<strong>de</strong>m ser contidos por um curto espaço <strong>de</strong> tempo para receber<<strong>br</strong> />

medicações ou períodos mais longos quando não houver possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

medicamento ou pela falta <strong>de</strong> eficácia do efeito farmacológico <strong>de</strong>sejado, que é o <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

diminuição da agitação motora (SADOCK; SADOCK, 2007).<<strong>br</strong> />

O conceito <strong>de</strong> contenção química <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>o o fármaco é utilizado:<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o parte do tratamento do <strong>paciente</strong> ou simplesmente para controlar o<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamento do <strong>paciente</strong>. Se um medicamento é prescrito <strong>com</strong>o parte <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

avaliação ou <strong>de</strong> um plano racional <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>s, é um tratamento. Se prescrito<<strong>br</strong> />

simplesmente <strong>com</strong>o uma reação <strong>ao</strong> <strong>com</strong>portamento do <strong>paciente</strong>, é uma forma <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

contenção. Assim, a mesma medicação administrada <strong>ao</strong> mesmo <strong>paciente</strong> po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />

um tratamento e, em algumas circunstâncias, uma medida <strong>de</strong> contenção química<<strong>br</strong> />

(CURRIER; ALLEN, 2000).<<strong>br</strong> />

Um dos <strong>cuidado</strong>s que a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> po<strong>de</strong> realizar <strong>com</strong> <strong>paciente</strong>s,<<strong>br</strong> />

que eventualmente apresentem alteração <strong>de</strong> conduta e agressivida<strong>de</strong>, é tentar<<strong>br</strong> />

avaliar se esse <strong>com</strong>portamento tem relação <strong>com</strong> o ambiente. O enfermeiro, <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

perceber essa situação, po<strong>de</strong> utilizar sua <strong>com</strong>petência gerencial do <strong>cuidado</strong> e intervir<<strong>br</strong> />

nesse ambiente conforme a dinâmica da unida<strong>de</strong> e reconhecer que a ação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> apropriada nessas situações é a prevenção do <strong>com</strong>portamento, que<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>ria culminar na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contenções físicas e sedação (STUART;<<strong>br</strong> />

LARAIA, 2002).


30<<strong>br</strong> />

As circunstâncias que levam a maioria dos <strong>paciente</strong>s, <strong>de</strong> forma geral, a<<strong>br</strong> />

serem contidos no leito, são: confusão mental, agitação psi<strong>com</strong>otora ou risco <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

queda do leito, tracionamento e extração <strong>de</strong> sondas nasogástricas, cateteres<<strong>br</strong> />

venosos, vesicais, entre outros (SMELTZER; BARE, 2002). As contenções físicas no<<strong>br</strong> />

hospital geral diferenciam-se das realizadas nas instituições psiquiátricas: na<<strong>br</strong> />

primeira utiliza-se <strong>com</strong> maior frequência a restrição <strong>de</strong> movimento dos mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

superiores e inferiores <strong>com</strong> ataduras, e a outra <strong>com</strong> enfaixamento da maior parte do<<strong>br</strong> />

corpo <strong>com</strong> tecido <strong>de</strong> algodão cru (PAES, 2007). Cabe ressaltar que <strong>ao</strong> mesmo<<strong>br</strong> />

tempo em que a contenção física ou a restrição <strong>de</strong> movimentos po<strong>de</strong> significar<<strong>br</strong> />

segurança, ação protetora, ela po<strong>de</strong> funcionar <strong>com</strong>o forma <strong>de</strong> atemorização e<<strong>br</strong> />

punição, pois alguns profissionais a utilizam para subjugar os <strong>paciente</strong>s,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>scaracterizando esse procedimento <strong>com</strong>o <strong>cuidado</strong> (BOTEGA;<<strong>br</strong> />

DALGALARRONDO, 1997).<<strong>br</strong> />

Para a<strong>de</strong>quar o uso das contenções físicas, a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

precisa se preocupar <strong>com</strong> as características que envolvem o procedimento: o<<strong>br</strong> />

material a ser utilizado, da real necessida<strong>de</strong>, se há outras possibilida<strong>de</strong>s, o que po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ser listado em protocolos <strong>de</strong> atendimentos, <strong>de</strong>vendo tomar o hábito <strong>de</strong> anotar toda a<<strong>br</strong> />

sequência realizada no procedimento (PAES, 2007).<<strong>br</strong> />

2.3 BREVE HISTÓRICO DO NASCIMENTO DO HOSPITAL: “LUGAR DE LOUCO É<<strong>br</strong> />

NO HOSPÍCIO!”<<strong>br</strong> />

O estudo da história do hospital e das instituições psiquiátricas se torna<<strong>br</strong> />

necessário para a <strong>com</strong>preensão <strong>de</strong> alguns discursos ainda presentes no imaginário<<strong>br</strong> />

social e <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nos dias atuais <strong>com</strong>o, por exemplo, “lugar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

louco é no hospício!”, porque essa crença traz consequências nas concepções so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong> e doença mental e nas práticas sociais e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

O termo hospital origina-se do latim hospitale, que significa hospedaria,<<strong>br</strong> />

hospedagem ou hospitaleiro, e sua origem remonta há séculos, uma vez que a<<strong>br</strong> />

história registra a existência <strong>de</strong> hospitais cristãos nos anos 369-372 d.C. Sua missão<<strong>br</strong> />

era dar a<strong>br</strong>igo, alimento, alento às almas por meio da carida<strong>de</strong>, dádiva que <strong>de</strong>veria


31<<strong>br</strong> />

possuir o bom cristão e, assim, praticar a palavra <strong>de</strong> Deus, servindo <strong>ao</strong> próximo<<strong>br</strong> />

necessitado (AMARANTE et al., 2003).<<strong>br</strong> />

As pessoas recebidas no hospital medieval eram os <strong>de</strong>vassos, prostitutas,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>linquentes, venéreos, po<strong>br</strong>es, <strong>de</strong>sa<strong>br</strong>igados, doentes, os que estavam morrendo e<<strong>br</strong> />

os loucos. O <strong>cuidado</strong> prestado ali era o religioso, <strong>com</strong> a preocupação <strong>de</strong> salvar as<<strong>br</strong> />

almas, portanto, sem visar à cura ou tratamento físico (AMARANTE et al., 2003).<<strong>br</strong> />

Essa forma <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong> subsistiu até meados <strong>de</strong> 1780 quando na Europa o hospital<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçou a ganhar aspectos <strong>de</strong> instrumento terapêutico <strong>de</strong> cura <strong>com</strong> a entrada ativa<<strong>br</strong> />

dos médicos e o surgimento <strong>de</strong> novas práticas <strong>com</strong>o a observação sistematizada do<<strong>br</strong> />

doente e aplicação <strong>de</strong> conhecimentos clínicos (FOUCAULT, 1979).<<strong>br</strong> />

Com a reorganização das instituições hospitalares existentes no século<<strong>br</strong> />

XVIII, <strong>de</strong>ixou-se a assistência religiosa e <strong>de</strong> carida<strong>de</strong> para transformá-las em espaço<<strong>br</strong> />

terapêutico, instrumento da medicina mo<strong>de</strong>rna, campo <strong>de</strong> ensino e aprendizagem<<strong>br</strong> />

por meio da observação da evolução das doenças. Com isso, a presença do médico<<strong>br</strong> />

passou a ser integral no espaço hospitalar, tornando-o local que oferecia tratamento<<strong>br</strong> />

para as doenças, caracterizando a <strong>de</strong>nominada clínica médica (FOUCAULT, 1979).<<strong>br</strong> />

A palavra grega Klinus <strong>de</strong>u origem <strong>ao</strong> vocábulo clínica, cujo significado é<<strong>br</strong> />

leito ou cama <strong>com</strong> o sentido <strong>de</strong> inclinar-se a eles. Assim, <strong>de</strong> forma generalizada,<<strong>br</strong> />

clínica significaria estar <strong>ao</strong> lado do leito do doente observando constantemente sua<<strong>br</strong> />

evolução, coletando dados na busca <strong>de</strong> soluções (AMARANTE et al., 2003).<<strong>br</strong> />

Com a observação do doente e dos sinais e sintomas das doenças, a<<strong>br</strong> />

medicina mo<strong>de</strong>rna aprimorou e acrescentou seus saberes, por intermédio do<<strong>br</strong> />

conhecimento empírico. Com isso, foram iniciados o emprego <strong>de</strong> linguagem própria,<<strong>br</strong> />

sistematização da observação, organização da experiência vivida junto <strong>ao</strong> doente<<strong>br</strong> />

conforme a evolução e <strong>de</strong>scrição dos sinais e sintomas das doenças, bem <strong>com</strong>o os<<strong>br</strong> />

próprios resultados. Em suma, a clínica se fundamentou no olhar do médico so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

doença a fim <strong>de</strong> classificá-la e <strong>de</strong>fini-la baseada nos sinais e sintomas, para em<<strong>br</strong> />

seguida, tratá-la. Para que isso fosse possível, houve necessida<strong>de</strong> da busca <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

relação mais forte entre o médico e o <strong>paciente</strong>, visto que os sinais <strong>de</strong>veriam ser<<strong>br</strong> />

percebidos pelo médico sem que o <strong>paciente</strong> os referisse (AMARANTE et al., 2003).<<strong>br</strong> />

O hospital geral tem íntima relação histórica <strong>com</strong> a hegemonia do discurso<<strong>br</strong> />

médico, do orgânico, e, nesta concepção, os espaços para tratar os males psíquicos


32<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>viam ter conformação geográfica específica, os quais foram representados pelos<<strong>br</strong> />

hospícios, manicômios, asilos e instituições próprias 5 .<<strong>br</strong> />

A partir do final do século XVIII, a loucura passou a ser entendida <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

doença da mente, pois anteriormente a essa época ela não era sistematicamente<<strong>br</strong> />

condicionada <strong>ao</strong> internamento, mas consi<strong>de</strong>rada <strong>com</strong>o uma forma <strong>de</strong> erro ou <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ilusão. Dessa forma, a loucura <strong>com</strong>eçou a ser consi<strong>de</strong>rada doença e objeto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

intervenção médica, passível <strong>de</strong> cura e <strong>com</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um local para seu<<strong>br</strong> />

tratamento. Diante disso, criaram-se os hospícios <strong>com</strong>o um espaço próprio e<<strong>br</strong> />

instrumento básico para a intervenção medicalizada <strong>ao</strong> portador <strong>de</strong> transtorno<<strong>br</strong> />

mental (HILDEBRANDT; ALENCASTRE, 2001; SILVEIRA; BRAGA, 2005).<<strong>br</strong> />

Em 1793, Philippe Pinel (1745-1826) iniciou a organização do primeiro<<strong>br</strong> />

hospital psiquiátrico situado na França, influenciado pela Revolução Francesa e<<strong>br</strong> />

seus i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, igualda<strong>de</strong> e fraternida<strong>de</strong>, pelo fortalecimento do<<strong>br</strong> />

pensamento positivista e, consequentemente, pela medicalização do hospital. A<<strong>br</strong> />

transformação do espaço filantrópico em instituição para tratamento dos males da<<strong>br</strong> />

mente se <strong>de</strong>u por propostas terapêuticas, chamadas <strong>de</strong> tecnologia pineliana,<<strong>br</strong> />

baseadas no isolamento do mundo exterior, constituição da or<strong>de</strong>m asilar e da<<strong>br</strong> />

relação na autorida<strong>de</strong>. Um fator importante que contribuiu para a concretização e<<strong>br</strong> />

propagação das propostas terapêuticas <strong>de</strong> Pinel foi o primeiro livro <strong>de</strong> psiquiatria<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o especialida<strong>de</strong> médica, no qual se encontrava a primeira classificação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

doenças mentais (AMARANTE et al., 2003).<<strong>br</strong> />

O interesse dos médicos pela psiquiatria <strong>com</strong>o especialida<strong>de</strong> e a criação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

espaços hospitalares especializados são criados igualmente na Inglaterra e Itália por<<strong>br</strong> />

intermédio <strong>de</strong> William Tuke (1732-1822) e Vincenzo Chiarugi (1759-1820),<<strong>br</strong> />

respectivamente (AMARANTE et al., 2003). Nesse contexto, percebe-se a<<strong>br</strong> />

separação estrutural e nosográfica, bem <strong>com</strong>o na concepção das pessoas o hospital<<strong>br</strong> />

geral está para a doença física e o hospício para a da mente.<<strong>br</strong> />

As i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Pinel <strong>ao</strong> chegarem no Brasil provocaram um movimento em prol<<strong>br</strong> />

da construção <strong>de</strong> instituições <strong>com</strong>o as da Europa, <strong>com</strong> o lema “Aos loucos, o<<strong>br</strong> />

hospício!”. Com isso, são construídos e inaugurados na segunda meta<strong>de</strong> do<<strong>br</strong> />

5 Há diferenciação entre manicômio, asilo e hospício e <strong>de</strong>ve-se ter a atenção para o uso errôneo <strong>de</strong>les<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o sinônimo. Hospício: parte exclusiva para o louco anexado a um hospital geral (separação do<<strong>br</strong> />

louco dos outros doentes). Manicômio, característico por acolher somente doentes mentais e dar-lhes<<strong>br</strong> />

tratamento médico sistemático e especializado. Asilos, instituições que a<strong>br</strong>igavam os loucos, mas<<strong>br</strong> />

sem fim terapêutico médico (PESSOTTI, 1996).


33<<strong>br</strong> />

século XIX no Rio <strong>de</strong> Janeiro e São Paulo os dois primeiros hospícios <strong>br</strong>asileiros. A<<strong>br</strong> />

partir dos primeiros anos do século XX, o conceito <strong>de</strong> institucionalização <strong>de</strong> doentes<<strong>br</strong> />

mentais difundiu-se por todo o Brasil, encarcerando milhares <strong>de</strong> pessoas nos<<strong>br</strong> />

manicômios e hospícios (BRASIL, 2004a).<<strong>br</strong> />

Pelo princípio do isolamento, em que se isola para observar, observa-se<<strong>br</strong> />

para conhecer e conhece-se para administrar 6 , muitas pessoas ficaram por anos<<strong>br</strong> />

isolados da socieda<strong>de</strong> pelos internamentos institucionais. Parte <strong>de</strong>ssa população<<strong>br</strong> />

não teve condições <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> lá <strong>de</strong>vido à perda do contato <strong>com</strong> familiares, pela<<strong>br</strong> />

presença <strong>de</strong> sequelas dos mais variados tipos <strong>de</strong> tratamentos ofertados pelas<<strong>br</strong> />

instituições ou pelo seu estado psíquico alterado e, em muitos casos, pela própria<<strong>br</strong> />

cronificação da doença (AMARANTE et al., 2003; SILVA, 2007).<<strong>br</strong> />

Outra condição que se <strong>de</strong>ve salientar é a mercantilização da loucura,<<strong>br</strong> />

principalmente no início da década <strong>de</strong> 1940, em que havia quase 56 mil leitos<<strong>br</strong> />

psiquiátricos no Brasil, por se <strong>de</strong>monstrarem rentáveis às instituições. Isso porque<<strong>br</strong> />

os <strong>paciente</strong>s em suma não requeriam seus direitos e, assim, havia a<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>spreocupação em oferta <strong>de</strong> serviços <strong>com</strong> qualida<strong>de</strong> e qualquer lugar serviria <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

enfermaria para alocar os doentes, tendo <strong>com</strong>o consequência a superlotação das<<strong>br</strong> />

instituições e a banalização das doenças mentais (AMARANTE et al., 2003; SILVA,<<strong>br</strong> />

2007).<<strong>br</strong> />

Todos esses fatores influenciaram nas concepções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e doença<<strong>br</strong> />

mental pela socieda<strong>de</strong> em geral e, consequentemente, na vida da própria pessoa<<strong>br</strong> />

portadora <strong>de</strong> transtorno mental. Atualmente, sabe-se da existência <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

moradores, asilados em instituições psiquiátricas, visto que pelo tempo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

permanência naquele espaço e mesmo <strong>com</strong> a intervenção da equipe multidisciplinar<<strong>br</strong> />

não houve condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>volvê-los à socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido à tamanha cronificação<<strong>br</strong> />

mental gerada ou agravada pelos anos <strong>de</strong> institucionalização.<<strong>br</strong> />

Com isso, a socieda<strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntal contemporânea tem mantido o rótulo da<<strong>br</strong> />

doença mental <strong>com</strong>o objeto <strong>de</strong> intervenção da ciência médica e/ou <strong>de</strong> outras<<strong>br</strong> />

práticas “psi”, <strong>com</strong> quadros nosológicos <strong>de</strong>limitados pela visão que se construiu<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a pessoa <strong>com</strong> transtorno mental durante anos (SILVEIRA; BRAGA, 2005).<<strong>br</strong> />

Deste modo, percebe-se a presença <strong>de</strong> alguns fatores no hospital geral que<<strong>br</strong> />

dificultam o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno mental <strong>com</strong>o, por exemplo, falta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

6 Administrar no sentido <strong>de</strong> subjugar, controlar, disciplinar.


34<<strong>br</strong> />

preparo dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> espaço físico para a movimentação dos<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s, locais para realização <strong>de</strong> grupos terapêuticos, além dos resquícios <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

concepções convencionais <strong>de</strong> que o hospital geral não é lugar para tratar doentes<<strong>br</strong> />

mentais e <strong>de</strong> que eles representam risco para os outros <strong>paciente</strong>s (HILDEBRANDT;<<strong>br</strong> />

ALENCASTRE, 2001).<<strong>br</strong> />

Com a aprovação da Lei n. 10.216, <strong>de</strong> 06 <strong>de</strong> a<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2001, que dispõe so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

a proteção e os direitos das pessoas portadoras <strong>de</strong> transtornos mentais e<<strong>br</strong> />

redireciona o mo<strong>de</strong>lo assistencial em saú<strong>de</strong> mental, houve uma conquista e uma<<strong>br</strong> />

concretização dos i<strong>de</strong>ais daqueles que se empenharam na luta para transformar o<<strong>br</strong> />

cenário que envolvia as formas <strong>de</strong> tratamento às pessoas <strong>com</strong> transtorno mental.<<strong>br</strong> />

Essa lei trouxe parâmetros normativos quanto <strong>ao</strong>s direitos das pessoas portadoras<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> transtorno mental, das responsabilida<strong>de</strong>s do Estado na promoção da saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

mental, nas formas <strong>de</strong> internamento em hospitais psiquiátricos e em serviços extrahospitalares.<<strong>br</strong> />

Ao contrário daquilo em que algumas pessoas acreditam, a referida lei<<strong>br</strong> />

não dispõe so<strong>br</strong>e a extinção dos hospitais psiquiátricos, mas so<strong>br</strong>e a organização do<<strong>br</strong> />

sistema que regulamenta as políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental no Brasil. Entretanto, cabe<<strong>br</strong> />

ressaltar que ela proíbe a internação <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno mental em<<strong>br</strong> />

instituições <strong>com</strong> características asilares (BRASIL, 2001).<<strong>br</strong> />

Os processos <strong>de</strong> mudanças geram em seus elementos inseguranças,<<strong>br</strong> />

conflitos e medo, sendo essas as possíveis razões que mantêm parte dos<<strong>br</strong> />

profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ligados <strong>ao</strong>s paradigmas da psiquiatria convencional, nos<<strong>br</strong> />

quais o internamento mani<strong>com</strong>ial constitui instrumento básico <strong>de</strong> intervenção.<<strong>br</strong> />

Entretanto, a consciência <strong>de</strong>ssa nova realida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>lineia rapidamente em<<strong>br</strong> />

meio à socieda<strong>de</strong>, busca <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar estratégias <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> educação em saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

pública que contribuam para a melhoria da qualida<strong>de</strong> no <strong>cuidado</strong> às pessoas <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

transtorno mental (HILDEBRANDT; ALENCASTRE, 2001).<<strong>br</strong> />

2.4 COMORBIDADE CLÍNICO-PSIQUIÁTRICA<<strong>br</strong> />

Neste item serão <strong>de</strong>scritos alguns transtornos mentais e <strong>de</strong> <strong>com</strong>portamentos<<strong>br</strong> />

que <strong>com</strong>umente estão presentes associados às doenças clínicas se caracterizando<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong>s clínico-psiquiátricas: <strong>de</strong>pressão, ansieda<strong>de</strong> <strong>com</strong> ou sem relação


35<<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong> uso <strong>de</strong> substâncias psicoativas, transtornos mentais orgânicos, entre outros<<strong>br</strong> />

(SCHMITT; GOMES, 2005).<<strong>br</strong> />

A <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> entre doença clínica e psíquica tem sido foco <strong>de</strong> pesquisas<<strong>br</strong> />

que <strong>de</strong>monstram elevados índices epi<strong>de</strong>miológicos, o que a torna <strong>de</strong> interesse dos<<strong>br</strong> />

profissionais da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (PETRIBÚ, 2001). Como já mencionado, a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>finida <strong>com</strong>o o aparecimento <strong>de</strong> outra patologia quando já havia<<strong>br</strong> />

uma preexistente ou o aparecimento <strong>de</strong> duas patologias distintas em <strong>de</strong>terminado<<strong>br</strong> />

momento. A relação entre saú<strong>de</strong> mental e física ainda não tem uma explicação<<strong>br</strong> />

satisfatória, entretanto, pelas recentes observações científicas, não há dúvidas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

que a saú<strong>de</strong> mental está relacionada <strong>com</strong> a física e vice-versa (OMS, 2001).<<strong>br</strong> />

A doença ou transtorno mental po<strong>de</strong> ser <strong>com</strong>preendido <strong>com</strong>o respostas<<strong>br</strong> />

inadaptadas <strong>ao</strong>s estressores provenientes do ambiente externo ou fatores internos,<<strong>br</strong> />

evi<strong>de</strong>nciados por pensamentos, sentimentos e <strong>com</strong>portamentos que são<<strong>br</strong> />

incongruentes <strong>com</strong> as normas socioculturais locais e que interferem na atuação<<strong>br</strong> />

social, ocupacional e/ou física da pessoa. Por outro lado, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

mental é muito mais a<strong>br</strong>angente do que a ausência <strong>de</strong> uma doença mental e po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ser concebida <strong>com</strong>o a adaptação bem-sucedida <strong>ao</strong>s estressores provenientes do<<strong>br</strong> />

ambiente interno ou externo. Assim, saú<strong>de</strong> mental po<strong>de</strong> ser evi<strong>de</strong>nciada por<<strong>br</strong> />

pensamentos, sentimentos e <strong>com</strong>portamentos que são a<strong>de</strong>quados à ida<strong>de</strong> e<<strong>br</strong> />

congruentes <strong>com</strong> as normas culturais e locais, a<strong>br</strong>angendo, entre outras coisas, o<<strong>br</strong> />

bem-estar subjetivo, autoeficácia percebida, autonomia, autorrealização do potencial<<strong>br</strong> />

intelectual e emocional (OMS, 2001; COFEN, 2008).<<strong>br</strong> />

Os transtornos mentais po<strong>de</strong>m afetar pessoas em todas as ida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

crianças até idosos, em todos os países, tanto homens quanto mulheres, trazendo<<strong>br</strong> />

sofrimento <strong>ao</strong>s seus portadores, bem <strong>com</strong>o às suas famílias e à socieda<strong>de</strong>. Estimase<<strong>br</strong> />

que uma a cada quatro pessoas será afetada por um transtorno mental em dada<<strong>br</strong> />

fase da vida (OMS, 2001).<<strong>br</strong> />

Para que se possa enten<strong>de</strong>r o processo saú<strong>de</strong>-doença mental, bem <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

conceituá-lo, é indispensável ter a <strong>com</strong>preensão da multicausalida<strong>de</strong> a que as<<strong>br</strong> />

pessoas estão sujeitas e as quais levam a <strong>de</strong>senvolver o transtorno mental em<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>terminado momento <strong>de</strong> sua história. Os preconceitos, discriminação, estigmas,<<strong>br</strong> />

crendices, mitos e estereótipos envolvidos <strong>com</strong> o conceito <strong>de</strong> doença mental tornam<<strong>br</strong> />

esse processo cada vez mais <strong>com</strong>plexo e foco <strong>de</strong> estudos a fim <strong>de</strong> se obter a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preensão dos fatores <strong>de</strong>terminantes. Isso <strong>de</strong>ve ocorrer por meio da i<strong>de</strong>ntificação


36<<strong>br</strong> />

e discussão dos problemas relacionados <strong>com</strong> a doença mental, numa visão<<strong>br</strong> />

multidisciplinar, para então propor uma nova prática em saú<strong>de</strong> mental objetivando a<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>smitificação da doença mental (NASCIMENTO; BRAGA, 2004; GRAHAM et al.,<<strong>br</strong> />

2007).<<strong>br</strong> />

A <strong>de</strong>pressão é uma doença psicofísica na qual as pessoas po<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />

experimentar sintomas tanto físicos quanto psíquicos, mas a natureza exata varia <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

pessoa para pessoa. Os sinais e sintomas que caracterizam a <strong>de</strong>pressão são:<<strong>br</strong> />

tristeza, apatia, sentimentos <strong>de</strong> inutilida<strong>de</strong>, autolamentação, pensamentos mórbidos,<<strong>br</strong> />

insônia, baixa autoestima e baixa autoconfiança, anorexia, perda ou aumento<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> peso, diminuição da libido, redução ou aumento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e<<strong>br</strong> />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> concentração. Depen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão, o <strong>paciente</strong> po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

apresentar pensamentos suicidas, <strong>de</strong>lírios e alucinações (SMELTZER; BARE, 2002).<<strong>br</strong> />

Os episódios <strong>de</strong>pressivos são apresentados em três graus: leve, mo<strong>de</strong>rado<<strong>br</strong> />

e grave. No leve, geralmente o <strong>paciente</strong> se refere a dois ou três dos sintomas<<strong>br</strong> />

anteriormente citados e que lhe causam sofrimento, no entanto, não há empecilho<<strong>br</strong> />

para <strong>de</strong>senvolvimento da maior parte <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s diárias. No episódio<<strong>br</strong> />

mo<strong>de</strong>rado, o <strong>paciente</strong> <strong>com</strong>eça a manifestar dificulda<strong>de</strong>s para continuar a<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sempenhar suas ativida<strong>de</strong>s cotidianas e apresenta quatro ou mais dos sintomas<<strong>br</strong> />

citados. A forma acentuada <strong>de</strong> vários sinais e sintomas, entre eles, a perda da<<strong>br</strong> />

autoestima, pensamentos e ato suicida, alucinação, i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>lirantes, lentidão<<strong>br</strong> />

psi<strong>com</strong>otora e estupor, caracterizam os episódios <strong>de</strong>pressivos graves (CID-10,<<strong>br</strong> />

2006). É importante não confundir a <strong>de</strong>pressão <strong>com</strong> tristeza, que se refere a um<<strong>br</strong> />

sentimento normal e próprio do ser humano, em resposta a períodos <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s,<<strong>br</strong> />

e a partir do instante em que estes momentos são superados, tais sentimentos se<<strong>br</strong> />

dissipam (SADOCK; SADOCK, 2007).<<strong>br</strong> />

A <strong>de</strong>pressão é uma síndrome psiquiátrica <strong>com</strong> alta prevalência na população<<strong>br</strong> />

geral. Quando se trata <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s internados em hospitais para tratamento clínico,<<strong>br</strong> />

estima-se que esteja em torno <strong>de</strong> 9% a 16%. Esses números po<strong>de</strong>riam ser maiores,<<strong>br</strong> />

pois os casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão são subdiagnosticados, uma vez que o foco do<<strong>br</strong> />

tratamento <strong>de</strong>sses <strong>paciente</strong>s é a doença clínica e isso tem <strong>com</strong>prometido o<<strong>br</strong> />

diagnóstico, a evolução e o tratamento dos episódios <strong>de</strong>pressivos (TENG; HUMES;<<strong>br</strong> />

DEMETRIO, 2005).<<strong>br</strong> />

No hospital geral, principalmente no serviço <strong>de</strong> urgência e emergência,<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>-se notar a presença <strong>de</strong> elevado número <strong>de</strong> pessoas <strong>com</strong> quadros variados <strong>de</strong>


37<<strong>br</strong> />

doença clínica que <strong>com</strong>umente estão a<strong>com</strong>panhadas <strong>com</strong> síndromes álgicas<<strong>br</strong> />

(SMELTZER; BARE, 2002). Esse fato po<strong>de</strong> ser bastante importante para a<<strong>br</strong> />

intervenção da equipe multidisciplinar, no concernente à relação da doença clínica<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o transtorno mental. Um estudo so<strong>br</strong>e dor e bem-estar realizado pela<<strong>br</strong> />

Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>com</strong> 5.447 sujeitos em 15 centros <strong>de</strong> estudos na<<strong>br</strong> />

Ásia, África e Américas, mostrou que pessoas <strong>com</strong> dor persistente têm a<<strong>br</strong> />

probabilida<strong>de</strong> quatro vezes maior <strong>de</strong> sofrer <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong> ou transtornos <strong>de</strong>pressivos<<strong>br</strong> />

em relação às <strong>de</strong>mais pessoas (GEORGE et al. 7 , 1998 apud OMS, 2001).<<strong>br</strong> />

As <strong>de</strong>pressões secundárias po<strong>de</strong>m também estar relacionadas <strong>ao</strong>s<<strong>br</strong> />

seguintes fatores: efeitos colaterais <strong>de</strong> medicações, distúrbios neurológicos,<<strong>br</strong> />

eletrolíticos, hormonais e <strong>de</strong>ficiências nutricionais. Há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressões por outras condições fisiológicas <strong>com</strong>o distúrbios <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

colágeno, lúpus eritematoso sistêmico, miocardiopatias, insuficiência cardíaca<<strong>br</strong> />

congestiva, infarto agudo do miocárdio, encefalites, hepatites, mononucleose,<<strong>br</strong> />

pneumonias, sífilis e diabetes melittus (COFEN, 2008).<<strong>br</strong> />

Outro <strong>com</strong>ponente importante para contribuição do surgimento <strong>de</strong> sintomas<<strong>br</strong> />

da <strong>de</strong>pressão é o envelhecimento aliado às doenças crônicas. O envelhecer não<<strong>br</strong> />

significa possuir doença crônica, porém os idosos em sua maioria apresentam<<strong>br</strong> />

doenças crônicas e múltiplas. Com isso, a <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> em <strong>paciente</strong>s idosos entre<<strong>br</strong> />

doenças crônicas e <strong>de</strong>pressão passa a ser algo real e repercute <strong>de</strong> forma orgânica e<<strong>br</strong> />

psicossocial (DUARTE; REGO, 2007; GRAHAM, et.al., 2007).<<strong>br</strong> />

Em um estudo <strong>com</strong> 1.120 sujeitos em atendimento ambulatorial clínico no<<strong>br</strong> />

qual se verificou a associação entre doenças crônicas e <strong>de</strong>pressão em idosos, os<<strong>br</strong> />

episódios <strong>de</strong>pressivos graves foram diagnosticados em 23,4% dos idosos. As<<strong>br</strong> />

doenças crônicas apresentadas nesse estudo <strong>com</strong> maior significância para a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> doença crônica-<strong>de</strong>pressão foram: Doença <strong>de</strong> Parkinson, Hipertensão<<strong>br</strong> />

Arterial Sistêmica (HAS), Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), Diabetes<<strong>br</strong> />

mellitus (DM). Os autores chamam a atenção para a <strong>com</strong>preensão da <strong>de</strong>pressão<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o doença e não <strong>com</strong>o manifestação fisiológica do envelhecimento, e para tanto<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve-se ter uma atenção especial so<strong>br</strong>e os <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong>senvolvidos para essa<<strong>br</strong> />

clientela (DUARTE; REGO, 2007).<<strong>br</strong> />

7 GEORGE, O. et al. Persistent pain and well-being: a World Health Organization study in primary<<strong>br</strong> />

care. Journal of the American Medical, 1998.


38<<strong>br</strong> />

Os <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> doenças crônicas possuem a característica <strong>de</strong> apresentar<<strong>br</strong> />

consecutivos episódios <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>com</strong>pensação <strong>de</strong> sistemas vitais, levando-os a<<strong>br</strong> />

constantes internamentos em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emergência hospitalar (BENSEÑOR,<<strong>br</strong> />

1998). Esses <strong>paciente</strong>s têm necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso contínuo <strong>de</strong> medicações, que<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m levá-los a um estado <strong>de</strong>pressivo <strong>com</strong>o, por exemplo: cimetidina,<<strong>br</strong> />

metoclopramida, ampicilina, metronidazol, tetraciclina, sulfametoxazol,<<strong>br</strong> />

estreptomicina, levodopa, corticosterói<strong>de</strong>, prednisona, anticoncepcionais orais,<<strong>br</strong> />

propranolol, reserpina, lidocaína, clonidina, metildopa, entre outros (SADOCK;<<strong>br</strong> />

SADOCK, 2007).<<strong>br</strong> />

Outro transtorno mental que po<strong>de</strong> estar em <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> a doenças clínicas<<strong>br</strong> />

é a ansieda<strong>de</strong>. Ela é fundamental para a so<strong>br</strong>evivência dos seres humanos, por ser<<strong>br</strong> />

um sinal <strong>de</strong> alerta para que o indivíduo possa tomar atitu<strong>de</strong>s frente a perigos<<strong>br</strong> />

iminentes, dando-lhe condições <strong>de</strong> lidar <strong>com</strong> a ameaça. No entanto, ela <strong>de</strong>ve ser<<strong>br</strong> />

diferenciada do medo, que é um sinal <strong>de</strong> alerta a ameaças externas conhecidas, e<<strong>br</strong> />

na ansieda<strong>de</strong> esses temores são <strong>de</strong>sconhecidos, internos e conflituosos (STUART;<<strong>br</strong> />

LARAIA, 2002; SADOCK; SADOCK, 2007).<<strong>br</strong> />

Em condições normais, a ansieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> proporcionar motivação para a<<strong>br</strong> />

busca daquilo que se <strong>de</strong>seja, bem <strong>com</strong>o salvaguardar os indivíduos <strong>de</strong> ameaças<<strong>br</strong> />

pela prevenção <strong>de</strong> prejuízos <strong>ao</strong> alertá-los a realizar atitu<strong>de</strong>s que bloqueiem o perigo<<strong>br</strong> />

e que se dissipam quando o perigo <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> existir (SADOCK; SADOCK, 2007).<<strong>br</strong> />

Contudo, a presença <strong>de</strong> níveis elevados <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong> caracteriza a gravida<strong>de</strong> e<<strong>br</strong> />

in<strong>com</strong>patibilida<strong>de</strong> <strong>com</strong> a vida, tornando-se transtorno psiquiátrico (STUART;<<strong>br</strong> />

LARAIA, 2002).<<strong>br</strong> />

Como nos episódios <strong>de</strong>pressivos, a ansieda<strong>de</strong> também se apresenta<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>anda, mo<strong>de</strong>rada, grave e <strong>de</strong> pânico (STUART; LARAIA, 2002; SADOCK;<<strong>br</strong> />

SADOCK, 2007). Na ansieda<strong>de</strong> <strong>br</strong>anda, são apresentadas características em níveis<<strong>br</strong> />

satisfatórios e associadas às tensões do cotidiano, em que o indivíduo apresenta<<strong>br</strong> />

seu campo <strong>de</strong> percepção aumentado e se mostra motivado <strong>ao</strong> aprendizado,<<strong>br</strong> />

produzindo crescimento e criativida<strong>de</strong>. Na ansieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada, a pessoa focaliza<<strong>br</strong> />

as preocupações imediatas envolvendo a diminuição do campo <strong>de</strong> percepções e<<strong>br</strong> />

bloqueio periférico, <strong>com</strong> redução da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver, ouvir e apren<strong>de</strong>r. O<<strong>br</strong> />

indivíduo bloqueia áreas selecionadas, mas po<strong>de</strong> dispensar maior atenção às<<strong>br</strong> />

ativida<strong>de</strong>s quando instruído a fazê-lo. A ansieda<strong>de</strong> grave está caracterizada pela<<strong>br</strong> />

presença da redução extensa no campo da percepção, <strong>de</strong> maneira que o indivíduo


39<<strong>br</strong> />

tenha <strong>de</strong>satenção e todo o <strong>com</strong>portamento esteja voltado para a obtenção do seu<<strong>br</strong> />

alívio. Já o nível <strong>de</strong> pânico da ansieda<strong>de</strong> está associado <strong>ao</strong> pavor, medo e terror. Há<<strong>br</strong> />

perda <strong>com</strong>pleta do controle e não há condições <strong>de</strong> realizar suas ativida<strong>de</strong>s do dia a<<strong>br</strong> />

dia. O pânico envolve a <strong>de</strong>sorganização da personalida<strong>de</strong>, surge maior ativida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

motora, menor capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inter-relação pessoal, distorção da percepção e<<strong>br</strong> />

racionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamento (STUART; LARAIA, 2002).<<strong>br</strong> />

O transtorno do pânico é caracterizado pela ocorrência espontânea e<<strong>br</strong> />

inesperada <strong>de</strong> pânico, medo intenso ou terror, frequentemente associado a uma<<strong>br</strong> />

sensação <strong>de</strong> morte iminente a<strong>com</strong>panhado <strong>de</strong> sintomas clínicos e <strong>de</strong>sconforto físico.<<strong>br</strong> />

Ele costuma se apresentar em <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> à agorafobia, que consiste em medo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ficar em lugares públicos. Um ataque <strong>de</strong> pânico apresenta sintomas que,<<strong>br</strong> />

eventualmente, po<strong>de</strong>m ser confundidos <strong>com</strong> doenças clínicas agudas <strong>de</strong> manejo<<strong>br</strong> />

emergencial <strong>com</strong>o, por exemplo, aci<strong>de</strong>nte vascular cere<strong>br</strong>al e infarto agudo do<<strong>br</strong> />

miocárdio. Entre esses sintomas po<strong>de</strong>m-se citar: taquicardia, palpitações, sudorese,<<strong>br</strong> />

tremores finos ou grosseiros, dispneia, sensação <strong>de</strong> sufocação, algia torácica e/ou<<strong>br</strong> />

abdominal, tontura, sensação <strong>de</strong> perda da consciência, parestesias, calafrios ou<<strong>br</strong> />

ondas <strong>de</strong> calor, entre outros (TOWNSEND, 2002; SADOCK; SADOCK, 2007).<<strong>br</strong> />

Os distúrbios somatoformes se caracterizam pela presença <strong>de</strong> sintomas<<strong>br</strong> />

físicos <strong>de</strong> uma doença clínica, no entanto, sem indícios mecânicos fisiopatológicos<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>monstráveis que a possam diagnosticar. Sendo assim, esse quadro é classificado<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o transtorno mental por não haver processo patológico clínico diagnosticável ou<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preensível pelos exames diagnósticos ou laboratoriais. O termo somatização<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>signa todos os mecanismos pelos quais a ansieda<strong>de</strong> se traduz em sintomas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

doenças físicas ou queixas semelhantes às da clínica (TOWNSEND, 2002).<<strong>br</strong> />

Além da presença <strong>de</strong> queixas frequentes <strong>de</strong> sintomas físicos que sugerem<<strong>br</strong> />

um substrato orgânico, mas que não se diagnostica ou caso haja alguma doença<<strong>br</strong> />

orgânica presente, esta não justifica toda a sintomatologia referida, existindo uma<<strong>br</strong> />

dificulda<strong>de</strong> em estabelecer vínculo <strong>com</strong> esse <strong>paciente</strong>. Isso <strong>de</strong>corre dos<<strong>br</strong> />

questionamentos do <strong>paciente</strong>, que exige a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> um substrato orgânico em<<strong>br</strong> />

resposta à sintomatologia que ele apresenta (BOMBANA; LEITE; MIRANDA, 2000).<<strong>br</strong> />

Os sintomas mais frequentes referidos pelos que somatizam são:<<strong>br</strong> />

palpitações, toracalgia, lombalgia, fadiga, tontura, dispneia, cefaleias, dores<<strong>br</strong> />

abdominais (COELHO; AVILA, 2007). Os somatizadores são usualmente<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>nominados pelos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>com</strong>o os chatos, os difíceis, os que dão


40<<strong>br</strong> />

“pitis”, que procuram os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> por falta <strong>de</strong> ter o que fazer em casa. Essa<<strong>br</strong> />

forma <strong>de</strong> percebê-los influencia no <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong>senvolvido, que acaba não sendo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

forma integral, o que possibilitaria serem encaminhados para o serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

mental para investigação psiquiátrica (BOMBANA; LEITE; MIRANDA, 2000;<<strong>br</strong> />

COELHO; AVILA, 2007).<<strong>br</strong> />

As características principais <strong>de</strong>sse distúrbio são as alucinações e os <strong>de</strong>lírios.<<strong>br</strong> />

As alucinações são falsas percepções sensoriais sem a presença <strong>de</strong> estímulos<<strong>br</strong> />

externos, que po<strong>de</strong>m envolver qualquer ou todos os órgãos do sentido, por exemplo,<<strong>br</strong> />

audição <strong>de</strong> vozes e visões. Os <strong>de</strong>lírios são distúrbios do pensamento, que se<<strong>br</strong> />

caracterizam por falsas crenças pessoais, não consistentes <strong>com</strong> a inteligência ou<<strong>br</strong> />

referência cultural da pessoa <strong>com</strong>o, por exemplo, crer ser enviado <strong>de</strong> Deus para<<strong>br</strong> />

salvar o mundo (TOWNSEND, 2002).<<strong>br</strong> />

As condições médicas <strong>com</strong>uns que po<strong>de</strong>m causar sintomas psicóticos são:<<strong>br</strong> />

1. Condições neurológicas: neoplasias, doenças vasculares cere<strong>br</strong>ais,<<strong>br</strong> />

doença <strong>de</strong> Huntington, epilepsia, lesões do nervo auditivo, sur<strong>de</strong>z, cefaleia<<strong>br</strong> />

enxaquecosa.<<strong>br</strong> />

2. Condições endócrinas: hipertireoidismo, hipotireoidismo,<<strong>br</strong> />

hiperparatireoidismo, hipoparatireoidismo, hipoadrenocorticismo.<<strong>br</strong> />

3. Condições metabólicas: hipóxia, hiperglicemia, hipoglicemia.<<strong>br</strong> />

4. Distúrbios autoimunes: lúpus eritematoso sistêmico.<<strong>br</strong> />

5. Outros: distúrbios do equilí<strong>br</strong>io hídrico ou eletrolítico, doenças hepáticas<<strong>br</strong> />

ou renais (TOWNSEND, 2002).<<strong>br</strong> />

Os distúrbios psicóticos induzidos por drogas ilícitas ou não, po<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />

apresentar, muitas vezes, alterações importantes <strong>de</strong> <strong>com</strong>portamento. Há igualmente<<strong>br</strong> />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que isso ocorra a partir do uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas medicações<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o sedativos, hipnóticos, ansiolíticos, anticolinérgicos, antiparkinsonianos,<<strong>br</strong> />

anestésicos, analgésicos, anticonvulsivantes, anti-histamínicos, corticosterói<strong>de</strong>s,<<strong>br</strong> />

anti-inflamatórios não esterói<strong>de</strong>s, anti-hipertensivos, quimioterápicos,<<strong>br</strong> />

antimicrobianos, relaxantes musculares (SADOCK; SADOCK, 2007). Nesse<<strong>br</strong> />

distúrbio, há presença <strong>de</strong> alucinações e <strong>de</strong>lírios atribuídos <strong>ao</strong>s efeitos fisiológicos da<<strong>br</strong> />

droga que po<strong>de</strong> ser: droga <strong>de</strong> abuso, medicação ou toxinas. O diagnóstico é feito a<<strong>br</strong> />

partir da perda do juízo crítico, exame físico e exames laboratoriais específicos para


41<<strong>br</strong> />

indicativos do uso das drogas. Existem outras substâncias que po<strong>de</strong>m causar<<strong>br</strong> />

distúrbios psicóticos:<<strong>br</strong> />

1. Drogas <strong>de</strong> abuso: álcool, alucinógenos, anfetaminas, feniclidina,<<strong>br</strong> />

cocaína, maconha, opioi<strong>de</strong>s.<<strong>br</strong> />

2. Toxinas: dióxido <strong>de</strong> carbono, gases nervosos, inseticidas,<<strong>br</strong> />

orgafosforados, monóxido <strong>de</strong> carbono, substâncias voláteis <strong>com</strong>o solventes,<<strong>br</strong> />

gasolina ou tintas (TOWNSEND, 2002).<<strong>br</strong> />

Outra forma <strong>de</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica, que <strong>com</strong>umente se observa<<strong>br</strong> />

nos serviços <strong>de</strong> emergência, são as relacionadas à tentativa <strong>de</strong> suicídio. O suicídio é<<strong>br</strong> />

um distúrbio <strong>de</strong> <strong>com</strong>portamento <strong>de</strong>scaracterizado <strong>com</strong>o transtorno mental,<<strong>br</strong> />

entretanto, mais <strong>de</strong> 90% dos suicídios são <strong>com</strong>etidos por pessoas que se encontram<<strong>br</strong> />

psiquiatricamente doentes (TOWNSEND, 2002). Ele é visto pelo <strong>paciente</strong> <strong>com</strong>o a<<strong>br</strong> />

única saída <strong>de</strong> uma crise, situação ou problema que lhe causa intenso sofrimento.<<strong>br</strong> />

Suicídio <strong>de</strong>riva da palavra latina para “autoassassínio”. Quando o ato suicida é<<strong>br</strong> />

concretizado, representa o <strong>de</strong>sejo real do indivíduo <strong>de</strong> morrer. O sofrimento da<<strong>br</strong> />

pessoa suicida é inexprimível e difícil <strong>de</strong> lidar, o que traz <strong>com</strong>o consequência um<<strong>br</strong> />

nível <strong>de</strong> confusão e <strong>de</strong>vastação que na maioria dos casos está além da <strong>de</strong>scrição<<strong>br</strong> />

(SADOCK; SADOCK, 2007).<<strong>br</strong> />

Os transtornos mentais são os principais fatores <strong>de</strong> risco para o suicídio,<<strong>br</strong> />

contudo não são os únicos e po<strong>de</strong>m ser citados outros <strong>com</strong>o fatores<<strong>br</strong> />

socio<strong>de</strong>mográficos, psicológicos e relacionados a condições clínicas incapacitantes<<strong>br</strong> />

(dor crônica, lesões <strong>de</strong>sfigurantes perenes, epilepsia, trauma medular, neoplasias<<strong>br</strong> />

malignas e AIDS, entre outras) (OMS, 2000).<<strong>br</strong> />

Dentre os métodos utilizados para cumprir <strong>com</strong> o intento suicida estão:<<strong>br</strong> />

disparo <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo, enforcamento, salto <strong>de</strong> lugares altos, ingestão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

substâncias psicoativas ou veneno. Os três primeiros itens são praticados<<strong>br</strong> />

principalmente por homens e acabam por ter um índice maior <strong>de</strong> sucesso.<<strong>br</strong> />

Entretanto, quando o ato suicida praticado não se concretiza e há a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

socorro, os potenciais suicidas são encaminhados <strong>ao</strong> serviço <strong>de</strong> emergência na<<strong>br</strong> />

tentativa <strong>de</strong> salvamento da sua vida (SADOCK; SADOCK, 2007).<<strong>br</strong> />

O serviço <strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong> emergência possui profissionais capacitados<<strong>br</strong> />

para o manejo das consequências clínicas que o intento suicida produziu.


42<<strong>br</strong> />

Entretanto, uma gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> é o <strong>de</strong>senvolvimento dos <strong>cuidado</strong>s relativos à<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> psiquiátrica que eventualmente esse <strong>paciente</strong> apresenta, bem <strong>com</strong>o a<<strong>br</strong> />

abordagem a<strong>de</strong>quada <strong>ao</strong> suicida (SILVA; BOEMER, 2004).<<strong>br</strong> />

O estudo realizado so<strong>br</strong>e a forma <strong>com</strong>o o suicídio se mostra, em sua<<strong>br</strong> />

essência, <strong>ao</strong>s profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> um serviço <strong>de</strong> emergência, apontou que<<strong>br</strong> />

esses enten<strong>de</strong>m que os motivos que levaram a pessoa a atentar contra a própria<<strong>br</strong> />

vida são <strong>de</strong> extremo sofrimento. Entretanto, houve profissionais que afirmaram que<<strong>br</strong> />

os potenciais suicidas tinham a intenção <strong>de</strong> chamar a atenção para si e não <strong>de</strong> se<<strong>br</strong> />

matar e houve aqueles que disseram não ter condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver o <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

integral <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> recursos materiais, humanos e estrutura<<strong>br</strong> />

física. Alguns discursos <strong>de</strong>ixaram clara a visão mítica e religiosa so<strong>br</strong>e o tema<<strong>br</strong> />

interferindo no <strong>cuidado</strong>, <strong>ao</strong> referir fazê-lo por <strong>com</strong>paixão e pieda<strong>de</strong> do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

(SILVA; BOEMER, 2004).<<strong>br</strong> />

Dentre os problemas encontrados que dificultam o diagnóstico <strong>de</strong> tentativa<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> suicídio dos <strong>paciente</strong>s, que são admitidos no serviço <strong>de</strong> emergência <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />

hospital geral, encontra-se a omissão <strong>de</strong> informações, as quais po<strong>de</strong>m possibilitar a<<strong>br</strong> />

certeza da intencionalida<strong>de</strong> do ato, o que acaba por impedir que esse tenha<<strong>br</strong> />

avaliação e a<strong>com</strong>panhamento <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental. Outra questão<<strong>br</strong> />

importante observada no <strong>cuidado</strong> às pessoas <strong>com</strong> esse tipo <strong>de</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

no hospital geral é a falta <strong>de</strong> preparo dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>tectar <strong>com</strong>ponentes suicidas e dar sequência <strong>ao</strong> atendimento respeitando todas<<strong>br</strong> />

as reais e potenciais necessida<strong>de</strong>s da pessoa (AVANCI; PEDRÃO; COSTA<<strong>br</strong> />

JUNIOR, 2005).<<strong>br</strong> />

Um dos <strong>com</strong>ponentes mais graves no <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong>s potenciais suicidas<<strong>br</strong> />

consiste na falta <strong>de</strong> reconhecê-los <strong>com</strong>o seres humanos em um momento difícil e <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajuda. Os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem se mostrar livre <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

preconceitos, discriminação e juízo <strong>de</strong> valores em relação <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> (AVANCI;<<strong>br</strong> />

PEDRÃO; COSTA JUNIOR, 2005).<<strong>br</strong> />

Destaca-se que quando o <strong>paciente</strong> que já está internado por algum outro<<strong>br</strong> />

motivo no hospital geral vem a tentar ou consumar o suicídio, gera uma situação que<<strong>br</strong> />

ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar sentimentos <strong>de</strong> ina<strong>de</strong>quação profissional, culpa, dúvida so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

a própria <strong>com</strong>petência e medo <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r a reputação (OMS, 2000).<<strong>br</strong> />

Os profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> lançar mão da <strong>com</strong>unicação humana e<<strong>br</strong> />

terapêutica têm maiores condições <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar em algumas falas do <strong>paciente</strong>,


43<<strong>br</strong> />

sinais que indiquem i<strong>de</strong>ação suicida. Para isso, <strong>de</strong>ve-se abdicar dos pensamentos<<strong>br</strong> />

míticos relacionados <strong>ao</strong> suicídio <strong>com</strong>o as pessoas que prometem se matar,<<strong>br</strong> />

raramente <strong>com</strong>etem e perguntar so<strong>br</strong>e as causas do suicídio po<strong>de</strong> induzir a atos<<strong>br</strong> />

suicidas (IGUE; ROLIM; STEFANELLI, 2002). As ameaças <strong>de</strong>vem ser levadas a<<strong>br</strong> />

sério, pois os <strong>paciente</strong>s que <strong>com</strong>etem suicídio normalmente dão alguma pista ou<<strong>br</strong> />

aviso antecipadamente. O profissional capacitado po<strong>de</strong> perguntar so<strong>br</strong>e suicídio, o<<strong>br</strong> />

que reduzirá a ansieda<strong>de</strong> a respeito <strong>de</strong>ste tema, pois o <strong>paciente</strong> po<strong>de</strong> sentir-se<<strong>br</strong> />

aliviado e mais bem <strong>com</strong>preendido (OMS, 2000).<<strong>br</strong> />

Os profissionais po<strong>de</strong>riam receber essa capacitação na aca<strong>de</strong>mia, no<<strong>br</strong> />

entanto, pouco tem se discutido so<strong>br</strong>e o suicídio na graduação. Essa discussão <strong>de</strong>ve<<strong>br</strong> />

ir além <strong>de</strong> aspectos clínicos e técnicos, mas envolver a capacida<strong>de</strong> do profissional<<strong>br</strong> />

em abordar a<strong>de</strong>quadamente o <strong>paciente</strong> em risco <strong>de</strong> suicídio, criar situações e<<strong>br</strong> />

ambiente para que ocorra o <strong>cuidado</strong> necessário <strong>ao</strong> suicida, por meio do<<strong>br</strong> />

relacionamento interpessoal (IGUE; ROLIM; STEFANELLI, 2002).<<strong>br</strong> />

Outra forma <strong>de</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica está relacionada a doenças<<strong>br</strong> />

clínicas <strong>de</strong>correntes da <strong>de</strong>pendência química. Existem dois tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência<<strong>br</strong> />

química mais frequentes entre os usuários dos serviços <strong>de</strong> emergências: o<<strong>br</strong> />

alcoolismo e toxi<strong>com</strong>ania. O alcoolista busca atendimento em serviços <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

emergência em razão <strong>de</strong> uma doença clínica, <strong>com</strong> ou sem relação <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> álcool, ou ainda em função dos efeitos psíquicos do etilismo. São<<strong>br</strong> />

exemplos <strong>de</strong>ssa condição hepatopatia alcoólica, na gran<strong>de</strong> maioria <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

encefalopatia; quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>lirium tremens, hemorragia digestiva alta ou baixa (HDA<<strong>br</strong> />

ou HDB) e episódio agudo <strong>de</strong> hipoglicemia. Quando percebido se tratar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

alcoolista, a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rá-lo <strong>com</strong>o pessoa e dispensar<<strong>br</strong> />

pouca atenção à sua condição (GALVÃO-ALVES, 2007).<<strong>br</strong> />

Tal <strong>com</strong>o na situação do alcoolista, o atendimento <strong>de</strong> toxicômanos,<<strong>br</strong> />

geralmente, tem sido marcado pela rejeição da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Comumente, esse<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> vem trazido <strong>ao</strong> serviço <strong>de</strong> emergência em <strong>com</strong>a por overdose, ou em<<strong>br</strong> />

estado <strong>de</strong> agitação psi<strong>com</strong>otora, <strong>com</strong> alucinações, verborreico e em situações<<strong>br</strong> />

extremas apresentando agressivida<strong>de</strong>. Quando isso ocorre, torna-se mais difícil<<strong>br</strong> />

mobilizar a equipe para o atendimento das necessida<strong>de</strong>s do <strong>paciente</strong> que <strong>de</strong>vem ser<<strong>br</strong> />

supridas, <strong>de</strong>vido <strong>ao</strong> medo, à ansieda<strong>de</strong>, <strong>ao</strong> preconceito e <strong>ao</strong> <strong>de</strong>spreparo dos<<strong>br</strong> />

profissionais (MARCOLAN, 2004; GALVÃO-ALVES, 2007).


44<<strong>br</strong> />

3 A COMUNICAÇÃO TERAPÊUTICA COMO REFERENCIAL TEÓRICO<<strong>br</strong> />

O referencial teórico que sustenta este estudo é o da Comunicação<<strong>br</strong> />

Terapêutica <strong>de</strong> Stefanelli (1993; 2005 a, b, c, d) em cujo tópico são <strong>de</strong>scritos os<<strong>br</strong> />

conteúdos do tema e os conceitos eleitos: <strong>com</strong>unicação humana, <strong>com</strong>unicação<<strong>br</strong> />

terapêutica, ser humano, <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, ambiente, saú<strong>de</strong> e doença.<<strong>br</strong> />

Maguida Costa Stefanelli é estudiosa da temática <strong>com</strong>unicação humana e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação terapêutica no Brasil. É doutora pela Escola <strong>de</strong> Enfermagem da<<strong>br</strong> />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP), on<strong>de</strong> é professora Titular e Livre Docente. Parte<<strong>br</strong> />

da literatura <strong>br</strong>asileira em livros e artigos publicados so<strong>br</strong>e <strong>com</strong>unicação terapêutica<<strong>br</strong> />

foi escrita, orientada ou <strong>com</strong> co-participação <strong>de</strong> Stefanelli. Para ela, os <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> estão permeados pela <strong>com</strong>unicação, pois se trata <strong>de</strong> instrumento<<strong>br</strong> />

imprescindível para o <strong>de</strong>senvolvimento das ações e <strong>de</strong> utilizá-la <strong>com</strong> proprieda<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

terapêuticas. Para tanto, o profissional <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> necessita <strong>de</strong>senvolver a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>petência da <strong>com</strong>unicação terapêutica em sua prática (STEFANELLI, 1993).<<strong>br</strong> />

Nesse sentido, para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssa <strong>com</strong>petência, é necessário buscar<<strong>br</strong> />

conhecimento específico em <strong>com</strong>unicação humana (BRAGA; SILVA, 2007).<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>ve ocorrer mediante o fortalecimento do<<strong>br</strong> />

vínculo enfermeiro-<strong>paciente</strong>. Desse modo, são imprescindíveis que haja interação<<strong>br</strong> />

entre ambas as partes e o reconhecimento da <strong>com</strong>unicação terapêutica <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

instrumento eficaz e à disposição para o <strong>de</strong>senvolvimento do vínculo. Portanto, o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> inexiste sem a interação, que é subsidiada pela<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação entre enfermeiro-equipe e Enfermagem-<strong>paciente</strong>. Essa concepção tem<<strong>br</strong> />

sido percebida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as primeiras Teorias <strong>de</strong> Enfermagem, que abordam a relação<<strong>br</strong> />

interpessoal entre Enfermagem-<strong>paciente</strong>, <strong>com</strong>o as Teorias <strong>de</strong> Hil<strong>de</strong>gard Peplau e<<strong>br</strong> />

Joyce Travelbee, que datam <strong>de</strong> meados 1950 e 1960 (GEORGE, 2000;<<strong>br</strong> />

STEFANELLI, 2005 a; c).<<strong>br</strong> />

A <strong>com</strong>unicação humana é inerente <strong>ao</strong>s seres humanos e <strong>de</strong>la<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>mos para so<strong>br</strong>eviver e perpetuar a espécie, cultura, ciência e tudo o que foi<<strong>br</strong> />

conquistado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os povos primitivos, fazendo parte da história <strong>de</strong> cada pessoa e<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> sua relação <strong>com</strong> os outros e <strong>com</strong> o ambiente (STEFANELLI, 1993; 2005a;<<strong>br</strong> />

BRAGA; SILVA, 2007). Trata-se <strong>de</strong> um processo <strong>com</strong>plexo, que engloba<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preensão, emissão e recepção <strong>de</strong> mensagens, que surtam efeitos imediatos, a


45<<strong>br</strong> />

médio e longo prazo, no <strong>com</strong>portamento das pessoas envolvidas no ambiente<<strong>br</strong> />

interacional (STEFANELLI, 1993; 2005a).<<strong>br</strong> />

Por sua <strong>com</strong>plexida<strong>de</strong> e influência em todas as ativida<strong>de</strong>s das pessoas, a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação humana traz consigo a necessida<strong>de</strong> da abordagem teórica para<<strong>br</strong> />

melhor <strong>com</strong>preensão e utilização dos elementos a ela intrínsecos. São eles:<<strong>br</strong> />

“emissor ou remetente: é a fonte da emissão da mensagem, é quem a codifica,<<strong>br</strong> />

produz e a emite <strong>ao</strong> outro. Receptor ou <strong>de</strong>stinatário: é aquele que recebe a<<strong>br</strong> />

mensagem; é para quem a mensagem é enviada e este <strong>de</strong>ve emitir uma resposta<<strong>br</strong> />

para que se consi<strong>de</strong>re que o processo <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicação realmente tenha ocorrido”<<strong>br</strong> />

(STEFANELLI, 1993, p.32).<<strong>br</strong> />

A mensagem é o que é transmitido, produzido pelo emissor e recebido pelo<<strong>br</strong> />

receptor e que tenha significado <strong>com</strong>um a ambos. Ela se apresenta nas formas<<strong>br</strong> />

verbais (falada ou escrita) e não-verbais. Existe uma terceira forma <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicação,<<strong>br</strong> />

a paraverbal ou paralinguística, que se expressa pela entonação da voz, ritmo em<<strong>br</strong> />

que são pronunciadas as palavras, choro, entre outras. As mensagens são<<strong>br</strong> />

transmitidas, captadas e percebidas pelos órgãos dos sentidos (canais da<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação), que são: visão, audição e tato, não <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando o olfato e<<strong>br</strong> />

gustação, sendo eles que asseguram a percepção acurada da mensagem,<<strong>br</strong> />

principalmente quando ocorre na forma não-verbal (STEFANELLI, 1993; 2005a).<<strong>br</strong> />

A <strong>com</strong>unicação verbal ocorre em todos os momentos da vida, pois é inerente<<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong> ser humano, contudo ela é a<strong>com</strong>panhada pela forma não-verbal. A <strong>com</strong>unicação<<strong>br</strong> />

verbal é entendida pela expressão e transmissão da mensagem por linguagem<<strong>br</strong> />

falada. Contudo, ela ocorre através da linguagem escrita ou falada (sons e palavras),<<strong>br</strong> />

que tenha objetivo se <strong>com</strong>unicar. Nela a pessoa expõe suas i<strong>de</strong>ias, partilha<<strong>br</strong> />

experiências <strong>com</strong> outras e legitima o significado simbólico da percepção so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>terminado assunto e qual a sua posição diante <strong>de</strong>le (STEFANELLI, 1993; 2005a).<<strong>br</strong> />

A <strong>com</strong>unicação não-verbal se dá por intermédio das mensagens expressas<<strong>br</strong> />

pela linguagem corporal <strong>com</strong> suas qualida<strong>de</strong>s fisiológicas, físicas e gestuais <strong>com</strong>o,<<strong>br</strong> />

por exemplo, <strong>de</strong> gestos, expressões faciais, olhares e toques e, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da<<strong>br</strong> />

maneira <strong>com</strong>o são manifestadas, as mensagens po<strong>de</strong>m transmitir conforto e<<strong>br</strong> />

empatia <strong>ao</strong> outro. Esse tipo <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicação tem extrema importância na prática da<<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong>, visto que, por meio <strong>de</strong>la se po<strong>de</strong>m apreen<strong>de</strong>r necessida<strong>de</strong>s que o<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> eventualmente não consiga expressar por palavras (STEFANELLI, 1993;<<strong>br</strong> />

SILVA 2005).


46<<strong>br</strong> />

Conforme Silva (2005), a <strong>com</strong>unicação não-verbal tem <strong>com</strong>o funções<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>plementar ou contradizer a verbal e <strong>de</strong>monstrar sentimentos. Cabe ressaltar que<<strong>br</strong> />

dois terços da <strong>com</strong>unicação que realizamos acontecem <strong>de</strong> forma não-verbal, o que<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>monstra sua relevância nos relacionamentos humanos.<<strong>br</strong> />

O uso da <strong>com</strong>unicação humana <strong>de</strong> forma consciente, planejada, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

conhecimento profissional para prestar <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> outro, torna-se terapêutica.<<strong>br</strong> />

Assim, Comunicação Terapêutica é a:<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>petência do profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em usar o conhecimento so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação humana para ajudar o outro a <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir e utilizar sua<<strong>br</strong> />

capacida<strong>de</strong> e potencial para solucionar conflitos, reconhecer as limitações<<strong>br</strong> />

pessoais, ajustar-se <strong>ao</strong> que não po<strong>de</strong> ser mudado e a enfrentar os <strong>de</strong>safios<<strong>br</strong> />

à autorrealização, procurando apren<strong>de</strong>r a viver da forma mais saudável<<strong>br</strong> />

possível, tendo <strong>com</strong>o meta encontrar um sentido para viver <strong>com</strong> autonomia<<strong>br</strong> />

(STEFANELLI, 2005, p. 65).<<strong>br</strong> />

Para que o enfermeiro e sua equipe possam <strong>de</strong>senvolver a <strong>com</strong>petência em<<strong>br</strong> />

se <strong>com</strong>unicar <strong>de</strong> modo terapêutico, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se referenciar nas premissas<<strong>br</strong> />

da <strong>com</strong>unicação, haja vista que ela “é o eixo integrador entre a assistência, ensino e<<strong>br</strong> />

pesquisa em <strong>enfermagem</strong>”. A <strong>com</strong>unicação proporciona condições favoráveis <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

relacionamento interpessoal e permite o exercício da Enfermagem <strong>de</strong> modo a<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolver os <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong> forma integral e humanizada às pessoas (STEFANELLI,<<strong>br</strong> />

2005 b, p.65).<<strong>br</strong> />

Na dinâmica da <strong>com</strong>unicação, po<strong>de</strong>-se lançar mão <strong>de</strong> algumas estratégias<<strong>br</strong> />

que facilitam a interação entre a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> e o <strong>paciente</strong>, as quais<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m ser empregadas juntas ou separadamente em um único diálogo, porém<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar o seu uso em situações específicas. Deste modo, <strong>com</strong> finalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

didática, a autora organizou as estratégias <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicação terapêutica em três<<strong>br</strong> />

grupos: expressão, clarificação e validação. Contudo, salienta que se trata <strong>de</strong> guias<<strong>br</strong> />

e, portanto, não <strong>de</strong>vem ser utilizadas <strong>de</strong> maneira rígida e repetitiva, pois não são<<strong>br</strong> />

roteiros para serem usados mecanicamente ou <strong>de</strong> modo sequencial, mas <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

linhas gerais ou sugestões (STEFANELLI, 1993; 2005c).<<strong>br</strong> />

As estratégias do Grupo <strong>de</strong> Expressão são úteis para o estabelecimento do<<strong>br</strong> />

clima propício <strong>de</strong> interação e são utilizadas <strong>com</strong> maior ênfase no início do<<strong>br</strong> />

relacionamento terapêutico <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong>. As técnicas a seguir têm a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ajudar o outro a <strong>de</strong>monstrar ou exteriorizar i<strong>de</strong>ias e sentimentos <strong>com</strong>o, por exemplo,<<strong>br</strong> />

ouvir reflexivamente, usar terapeuticamente o silêncio, verbalizar aceitação,


47<<strong>br</strong> />

verbalizar interesse, usar frases reticentes, repetir as últimas palavras ditas pelo<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> no mesmo assunto, permitir <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> que escolha o assunto, colocar<<strong>br</strong> />

em foco a i<strong>de</strong>ia principal, verbalizar dúvidas, dizer não, estimular expressão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

sentimentos subjacentes e o uso terapêutico do humor (STEFANELLI, 2005c).<<strong>br</strong> />

As estratégias no Grupo <strong>de</strong> Clarificação visam a fornecer condição <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> <strong>de</strong> organizar seu pensamento e expressá-lo. Tais estratégias possuem a<<strong>br</strong> />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajudar o profissional a enten<strong>de</strong>r e a tornar claro o que o <strong>paciente</strong> quer<<strong>br</strong> />

expressar, sendo elas: estimular <strong>com</strong>parações, solicitar <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> que esclareça<<strong>br</strong> />

termos in<strong>com</strong>uns, manifestar o agente <strong>de</strong> ação e <strong>de</strong>screver os eventos em<<strong>br</strong> />

sequência lógica. Deste modo, a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> po<strong>de</strong> ajudar a esclarecer o<<strong>br</strong> />

que é falado pelo <strong>paciente</strong> quando ele não consegue se expressar <strong>com</strong> clareza.<<strong>br</strong> />

O último Grupo <strong>de</strong> Validação tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> verificar a <strong>com</strong>preensão<<strong>br</strong> />

das informações e orientações fornecidas <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> e ajudá-lo a ter uma visão<<strong>br</strong> />

mais realística do mundo e a experimentar a sensação <strong>de</strong> ser <strong>com</strong>preendido.<<strong>br</strong> />

Permite verificar a existência <strong>de</strong> significados e possibilita <strong>ao</strong> profissional constatar<<strong>br</strong> />

que a mensagem expressa pela pessoa foi corretamente entendida. A validação na<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação terapêutica garante que o significado das mensagens seja <strong>com</strong>um às<<strong>br</strong> />

pessoas envolvidas, pelo uso das técnicas <strong>com</strong>o: repetir a mensagem do <strong>paciente</strong>,<<strong>br</strong> />

pedir <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> para repetir o que foi dito e sintetizar o conteúdo da interação.<<strong>br</strong> />

Para tanto, torna-se imprescindível <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r o ser humano <strong>com</strong>o um<<strong>br</strong> />

sistema, um todo <strong>com</strong>portamental que funciona <strong>de</strong> forma inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte em todas<<strong>br</strong> />

as suas relações, capaz <strong>de</strong> sentir, agir, pensar e refletir so<strong>br</strong>e suas ações. E <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

um ser <strong>com</strong>plexo e organizado sistematicamente, ele se encontra continuamente<<strong>br</strong> />

sob o impacto do campo interacional a que está sendo submetido ou vivenciando<<strong>br</strong> />

por meio da <strong>com</strong>unicação (STEFANELLI, 1993; 2005a).<<strong>br</strong> />

A <strong>com</strong>unicação entre os seres humanos tem a potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acelerar a<<strong>br</strong> />

evolução da espécie, no entanto, quando a <strong>com</strong>unicação se torna ineficaz, ela po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

produzir ansieda<strong>de</strong>, medo, angústia e insegurança. Essa situação é visível quando<<strong>br</strong> />

os indivíduos se sentem isolados, em ambientes <strong>com</strong> pessoas estranhas, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

línguas não conhecidas ou em situações novas, <strong>com</strong>o acontece <strong>com</strong> <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

hospitalizados, que enfrentam a ansieda<strong>de</strong> ante a presença <strong>de</strong> um diagnóstico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

doença, medo do <strong>de</strong>sconhecido e a exposição a um linguajar alheio <strong>ao</strong> seu, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

ocorre <strong>com</strong> termos técnicos e científicos utilizados na área da saú<strong>de</strong> (STEFANELLI,<<strong>br</strong> />

2005a; b).


48<<strong>br</strong> />

O ambiente interfere na qualida<strong>de</strong> da <strong>com</strong>unicação e, consequentemente,<<strong>br</strong> />

na interação entre os seres humanos. Ele po<strong>de</strong> influenciar as condições emocionais,<<strong>br</strong> />

físicas e psíquicas das pessoas envolvidas no âmbito interacional, interferindo na<<strong>br</strong> />

expressão do emissor e na percepção do receptor. Sendo assim, o ambiente po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ser <strong>com</strong>preendido <strong>com</strong>o espaço em que ocorre o processo <strong>de</strong> interação entre as<<strong>br</strong> />

pessoas, envolvendo as dimensões biopsicossociais inerentes <strong>ao</strong> ser humano. Os<<strong>br</strong> />

indivíduos e o ambiente traçam uma relação <strong>de</strong> influência entre si, em que o homem<<strong>br</strong> />

influencia o ambiente, assim <strong>com</strong>o o ambiente o homem (MAFTUM, 2000;<<strong>br</strong> />

STEFANELLI, 2005a).<<strong>br</strong> />

A interação é um processo dinâmico e presente no <strong>de</strong>senvolvimento do<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, haja vista que a <strong>com</strong>unicação permeia todo esse contexto.<<strong>br</strong> />

Alguns sentimentos po<strong>de</strong>m ser experimentados nesse processo <strong>com</strong>o: empatia<<strong>br</strong> />

(percepção do mundo do outro); confiança (que inclui respeito, honestida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />

consistência, fé e esperança); respeito mútuo; e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<<strong>br</strong> />

algumas atitu<strong>de</strong>s importantes para que a <strong>com</strong>unicação se efetive <strong>com</strong>o flexibilida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />

eficiência, coerência e impacto da resposta (STEFANELLI; CARVALHO, 2005).<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> é visto na sua integralida<strong>de</strong> e se baseia em<<strong>br</strong> />

conteúdos conceituais e experimentados em teoria e prática, levando a reflexões<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento. O <strong>cuidado</strong> não se caracteriza somente<<strong>br</strong> />

pelos procedimentos técnicos <strong>de</strong>senvolvidos pelo profissional, mas leva em<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>ração sua postura, olhar, gestos, a forma <strong>de</strong> tocar no <strong>paciente</strong>. Assim, <strong>de</strong>ve<<strong>br</strong> />

ser <strong>de</strong>senvolvido <strong>com</strong> o intuito <strong>de</strong> ajudá-lo a manter sua dignida<strong>de</strong> e condição<<strong>br</strong> />

humana nos momentos <strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong> (SILVA, 2005). Cabe ressaltar que, na<<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong>, há algumas premissas consi<strong>de</strong>radas essenciais para que o enfermeiro<<strong>br</strong> />

adquira a <strong>com</strong>petência em <strong>com</strong>unicação humana e terapêutica, e uma <strong>de</strong>las é que<<strong>br</strong> />

“a <strong>com</strong>unicação é a essência do <strong>cuidado</strong> humanitário” (STEFANELLI, 2005b, p. 64).<<strong>br</strong> />

O processo saú<strong>de</strong>-doença traz a visão da interação entre o indivíduo e o<<strong>br</strong> />

meio no qual vive, adaptando-se e estando condicionado a essas particularida<strong>de</strong>s,<<strong>br</strong> />

procurando um equilí<strong>br</strong>io entre esses dois pólos. O ser humano, numa situação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

fragilida<strong>de</strong>, seja pelo excesso <strong>de</strong> trabalho por parte do profissional ou do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

em processo <strong>de</strong> adoecimento, apresenta barreiras que interferem na <strong>com</strong>unicação<<strong>br</strong> />

entre o <strong>cuidado</strong>r e o ser <strong>cuidado</strong>, pois quem está cansado percebe <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />

diferente os sinais do outro, o mesmo ocorre <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong>, que, fragilizado, está


49<<strong>br</strong> />

mais voltado para si e, nessa situação, normalmente, não consegue saber e<<strong>br</strong> />

expressar a dimensão exata da sua dor (STEFANELLI; CARVALHO, 2005).<<strong>br</strong> />

O profissional <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar e estar consciente quanto às<<strong>br</strong> />

barreiras que eventualmente possam surgir no ambiente interacional mediado pelo<<strong>br</strong> />

processo <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicação, visto que as barreiras à <strong>com</strong>unicação po<strong>de</strong>m impedir,<<strong>br</strong> />

limitar ou retardar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse processo (STEFANELLI, 1993; 2005d).<<strong>br</strong> />

A autora lista alguns aspectos que consi<strong>de</strong>ra barreiras à <strong>com</strong>unicação:<<strong>br</strong> />

limitação do emissor ou receptor, falta <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concentração da atenção,<<strong>br</strong> />

pressuposição da <strong>com</strong>preensão da mensagem, imposição <strong>de</strong> esquema <strong>de</strong> valores<<strong>br</strong> />

ausência <strong>de</strong> linguajar <strong>com</strong>um e influência <strong>de</strong> mecanismos inconscientes.<<strong>br</strong> />

Da mesma maneira <strong>com</strong>o Stefanelli (1993; 2005d) apresenta as barreiras à<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação, discorre também so<strong>br</strong>e os modos não terapêuticos, presentes no<<strong>br</strong> />

momento da <strong>com</strong>unicação e prejudicam a emissão e a <strong>com</strong>preensão das<<strong>br</strong> />

mensagens. São eles: não saber ouvir ou não refletir so<strong>br</strong>e o que ouviu, usar jargões<<strong>br</strong> />

técnicos ou linguagem científica, dar conselhos, falsa tranquilização, julgar o<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamento, manter-se na <strong>de</strong>fensiva, induzir respostas, pôr o <strong>paciente</strong> à prova,<<strong>br</strong> />

mudar <strong>de</strong> assunto subitamente, <strong>com</strong>unicar-se unidirecionalmente.


50<<strong>br</strong> />

4 METODOLOGIA<<strong>br</strong> />

A pesquisa tem em sua essência um caminho a ser percorrido pelo<<strong>br</strong> />

investigador, que <strong>de</strong>ve apresentar-se munido <strong>de</strong> uma forma particular <strong>de</strong> olhar e<<strong>br</strong> />

pensar so<strong>br</strong>e <strong>de</strong>terminada realida<strong>de</strong>, que, a partir <strong>de</strong> experiências, empregam<<strong>br</strong> />

objetivos a aprimorar e a apropriar-se mais intensamente <strong>de</strong> conhecimentos<<strong>br</strong> />

específicos. Com isso, é indispensável que a trajetória que permitiu a realização da<<strong>br</strong> />

pesquisa seja <strong>de</strong>talhada e <strong>de</strong>scrita para que se dê a conhecer passo a passo <strong>de</strong>sse<<strong>br</strong> />

processo metodológico <strong>de</strong> produção do conhecimento (DUARTE, 2002).<<strong>br</strong> />

A opção pela pesquisa qualitativa se <strong>de</strong>u porquanto esta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

investigação enseja <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r a relação <strong>com</strong>plexa dos seres humanos <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

natureza, <strong>com</strong> a realida<strong>de</strong> em que vivem e <strong>com</strong> o fenômeno em estudo. Isso só é<<strong>br</strong> />

possível quando há conhecimento so<strong>br</strong>e os indivíduos, utilizando-se a <strong>de</strong>scrição da<<strong>br</strong> />

experiência humana, da forma <strong>com</strong>o é vivida e <strong>com</strong>preendida por eles (POLIT;<<strong>br</strong> />

BECK; HUNGLER, 2004).<<strong>br</strong> />

A abordagem qualitativa investiga fenômenos que, por essência, não são<<strong>br</strong> />

mensuráveis <strong>com</strong>o, por exemplo, crença, representação, estilo pessoal <strong>de</strong> relação<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o outro, estratégia em face <strong>de</strong> um problema, enfim, aqueles que possuem<<strong>br</strong> />

características específicas dos seres humanos. Ela propõe elucidar e conhecer os<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>plexos processos que constituem fatos subjetivos, que se diferenciam e se<<strong>br</strong> />

distanciam das hipóteses quantitativas <strong>de</strong> predição, <strong>de</strong>scrição e controle<<strong>br</strong> />

(HOLANDA, 2006).<<strong>br</strong> />

Pela sua característica em se evi<strong>de</strong>nciar rica em conteúdo e em<<strong>br</strong> />

profundida<strong>de</strong>, a pesquisa qualitativa tem-se mostrado atrativa. Contudo, <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

empreitar nesse tipo <strong>de</strong> estudo, o investigador <strong>de</strong>ve ter a clareza <strong>de</strong> que esse<<strong>br</strong> />

processo consome tempo e energia para <strong>de</strong>s<strong>br</strong>avar um caminho em meio <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

emaranhado <strong>de</strong> dados coletados (CASSIANI; ALMEIDA, 1999; POLIT; BECK;<<strong>br</strong> />

HUNGLER, 2004).


51<<strong>br</strong> />

4.1 MÉTODO<<strong>br</strong> />

O método <strong>de</strong> escolha para esta pesquisa é o exploratório mediante o qual se<<strong>br</strong> />

busca solução para as indagações do pesquisador, que <strong>de</strong>nota ser mais do que<<strong>br</strong> />

simplesmente observar e <strong>de</strong>screver. Investigam-se a sua natureza e a <strong>com</strong>plexida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

adjuntas a ela, tornando-se ferramenta valiosa no processo investigativo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

questões <strong>de</strong> áreas novas ou <strong>de</strong> que se tenha pouca <strong>com</strong>preensão (POLIT; BECK;<<strong>br</strong> />

HUNGLER, 2004). A pesquisa exploratória é aquela <strong>de</strong>senvolvida em áreas e so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

problemas dos quais há escasso ou nenhum conhecimento acumulado ou<<strong>br</strong> />

sistematizado (TOBAR, 2001).<<strong>br</strong> />

4.2 LOCAL DA PESQUISA<<strong>br</strong> />

O cenário em que esta pesquisa se <strong>de</strong>senvolveu foi um Pronto-Atendimento<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>stinado a <strong>paciente</strong>s adultos <strong>de</strong> um Hospital Universitário <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Porte da<<strong>br</strong> />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba-Paraná. Inaugurado em 1961, possui 49.195,80 metros<<strong>br</strong> />

quadrados <strong>de</strong> área construída, 191 consultórios, 374 ambulatórios e dispõe <strong>de</strong> 635<<strong>br</strong> />

leitos distribuídos em 45 especialida<strong>de</strong>s. Nele trabalham 3.471 funcionários, 218<<strong>br</strong> />

docentes do curso <strong>de</strong> medicina e, ainda, 228 resi<strong>de</strong>ntes aten<strong>de</strong>ndo um universo<<strong>br</strong> />

populacional regional <strong>de</strong> 4.128.156 pessoas (Curitiba e Região Metropolitana),<<strong>br</strong> />

sendo realizados em média 2.757 atendimentos/dia, <strong>com</strong> um índice <strong>de</strong> 74<<strong>br</strong> />

internações/dia, perfazendo um total <strong>de</strong> 745.200 atendimentos <strong>ao</strong> ano. É o maior<<strong>br</strong> />

prestador <strong>de</strong> serviços do Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) do Estado do Paraná,<<strong>br</strong> />

maior hospital do Estado e um dos seis maiores hospitais gerais universitários do<<strong>br</strong> />

Brasil.<<strong>br</strong> />

Os hospitais universitários são instituições hospitalares públicas ou privadas,<<strong>br</strong> />

que integram a re<strong>de</strong> própria, contratada ou conveniada <strong>ao</strong> SUS, certificados<<strong>br</strong> />

pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> e da Educação, que participam na formação<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> estudantes <strong>de</strong> cursos técnicos, graduação e pós-graduação e<<strong>br</strong> />

que contribuem <strong>com</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento científico, avaliação tecnológica e pesquisa.


52<<strong>br</strong> />

Constituem importantes espaços <strong>de</strong> referência da atenção à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> alta<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>plexida<strong>de</strong> (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).<<strong>br</strong> />

O Pronto Atendimento Adulto está vinculado à Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Urgência e<<strong>br</strong> />

Emergência Adulta (UUEA), que se localiza em um prédio anexo <strong>ao</strong> Hospital. A<<strong>br</strong> />

UUEA é constituída pelas unida<strong>de</strong>s: Pronto Atendimento Adulto (PAA), Centro <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Terapia Semi-Intensiva (CTSI) e Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Terapia Intensiva (UTI). O Pronto-<<strong>br</strong> />

Atendimento se subdivi<strong>de</strong> em três subunida<strong>de</strong>s alocadas em dois andares:<<strong>br</strong> />

Emergência, situada no andar térreo, Observação e Unida<strong>de</strong> da Dor Torácica (UDT)<<strong>br</strong> />

ambas no primeiro andar.<<strong>br</strong> />

A escolha do Pronto Atendimento <strong>com</strong>o local para <strong>de</strong>senvolver esta<<strong>br</strong> />

pesquisa se justifica por constituir a porta <strong>de</strong> entrada do hospital e, assim, nela<<strong>br</strong> />

encontrar a totalida<strong>de</strong> da clientela <strong>com</strong> quadros clínicos variados. Os <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

admitidos no PAA são referendados pelas Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> 24 horas da<<strong>br</strong> />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba e região metropolitana. Existem aqueles que procuram o serviço<<strong>br</strong> />

por <strong>de</strong>manda espontânea e que, após serem atendidos pelo Serviço <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Acolhimento, não sendo i<strong>de</strong>ntificada urgência, são encaminhados para as Unida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> 24 horas.<<strong>br</strong> />

O Serviço <strong>de</strong> Acolhimento existente no PAA é uma estratégia pertencente <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

Programa Nacional <strong>de</strong> Humanização (HumanizaSUS), que traz <strong>com</strong>o objetivos:<<strong>br</strong> />

1. Acolher a <strong>de</strong>manda por meio <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> risco,<<strong>br</strong> />

garantindo o acesso referenciado <strong>ao</strong>s <strong>de</strong>mais níveis <strong>de</strong> assistência.<<strong>br</strong> />

2. Comprometer-se <strong>com</strong> a referência e a contrarreferência, aumentando a<<strong>br</strong> />

resolução da urgência e emergência, provendo o acesso à estrutura<<strong>br</strong> />

hospitalar e a transferência segura, conforme a necessida<strong>de</strong> dos usuários.<<strong>br</strong> />

3. Definir protocolos clínicos, garantindo a eliminação <strong>de</strong> intervenções<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>snecessárias e respeitando as diferenças e as necessida<strong>de</strong>s do sujeito<<strong>br</strong> />

(BRASIL, 2004, p. 14).<<strong>br</strong> />

A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Emergência do PAA é uma área crítica <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>s<<strong>br</strong> />

emergenciais <strong>com</strong> três leitos e infraestrutura para procedimentos <strong>de</strong> alta<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>plexida<strong>de</strong> <strong>com</strong>o entubação endotraqueal <strong>de</strong> emergência, reanimação cárdiopulmonar,<<strong>br</strong> />

cardioversão emergencial, atendimento <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s em risco iminente <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

morte, entre outros. Nesse espaço ainda existem nove boxes que servem <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

consultórios ou <strong>com</strong>o sala <strong>de</strong> observação para <strong>paciente</strong>s para os quais não se<<strong>br</strong> />

tenha previsão <strong>de</strong> internamento.<<strong>br</strong> />

A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Observação possui 11 leitos <strong>de</strong> internação <strong>de</strong> curta duração<<strong>br</strong> />

para observar a evolução clínica aguda, dos quais, posteriormente, o <strong>paciente</strong> po<strong>de</strong>


53<<strong>br</strong> />

ser transferido para uma das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> internação especializada ou concedida<<strong>br</strong> />

alta hospitalar. No entanto, cabe ressaltar que há casos em que não havendo<<strong>br</strong> />

condições <strong>de</strong> transferência para outras unida<strong>de</strong>s, o <strong>paciente</strong> é mantido internado na<<strong>br</strong> />

Observação até a alta hospitalar, que po<strong>de</strong> levar <strong>de</strong> 7 a 30 dias.<<strong>br</strong> />

A Unida<strong>de</strong> da Dor Torácica (UDT) possui dois leitos femininos e dois<<strong>br</strong> />

masculinos para internamento <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> dor torácica tipo não anginosa, que<<strong>br</strong> />

ali permanecem até que seja <strong>de</strong>scartada a relação da dor apresentada <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

Síndrome Coronariana Aguda (SCA) <strong>de</strong> manejo emergencial, <strong>com</strong>o infarto agudo do<<strong>br</strong> />

miocárdio ou angina instável.<<strong>br</strong> />

4.3 SUJEITOS DA PESQUISA<<strong>br</strong> />

A equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> do PAA é <strong>com</strong>posta <strong>de</strong> 67 profissionais entre<<strong>br</strong> />

enfermeiros, técnicos e auxiliares <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, distribuídos nos turnos da manhã,<<strong>br</strong> />

tar<strong>de</strong> e noite apresentados no (QUADRO 1) a seguir:<<strong>br</strong> />

PROFISSIONAL MANHÂ TARDE NOITE<<strong>br</strong> />

Enfermeiro<<strong>br</strong> />

Técnico em <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

Auxiliar <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

02<<strong>br</strong> />

06<<strong>br</strong> />

20<<strong>br</strong> />

02<<strong>br</strong> />

01<<strong>br</strong> />

08<<strong>br</strong> />

02<<strong>br</strong> />

05<<strong>br</strong> />

21<<strong>br</strong> />

Total por turno 28 11 28<<strong>br</strong> />

QUADRO 1 – CARACTERIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM, QUE ATUAM<<strong>br</strong> />

NO CUIDADO DIRETO AOS PACIENTES, SEGUNDO CATEGORIA<<strong>br</strong> />

PROFISSIONAL E TURNO DE TRABALHO<<strong>br</strong> />

FONTE: O autor (2008)<<strong>br</strong> />

Os enfermeiros <strong>de</strong> cada turno são responsáveis pelas três subunida<strong>de</strong>s e<<strong>br</strong> />

utilizam escalas para alocar os técnicos e auxiliares <strong>de</strong> forma que atendam as três<<strong>br</strong> />

subunida<strong>de</strong>s pertencentes <strong>ao</strong> PAA. Essas escalas têm a característica <strong>de</strong> fazer um<<strong>br</strong> />

rodízio dos técnicos e auxiliares, <strong>de</strong> maneira que a cada plantão eles estejam em<<strong>br</strong> />

uma das três subunida<strong>de</strong>s. Três auxiliares <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> do turno da manhã não<<strong>br</strong> />

atuam no <strong>cuidado</strong> direto <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s porque são responsáveis pela reposição <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

materiais <strong>de</strong> insumos e transporte <strong>de</strong> materiais à Central <strong>de</strong> Materiais Esterilizados<<strong>br</strong> />

(CME).


54<<strong>br</strong> />

A carga horária semanal da gran<strong>de</strong> parte dos profissionais <strong>de</strong>sse hospital<<strong>br</strong> />

geral, incluindo os <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, é <strong>de</strong> 30 horas, sendo que pela manhã e tar<strong>de</strong> a<<strong>br</strong> />

jornada trabalhada é <strong>de</strong> 6 h/dia em 5 dias/semana, enquanto o noturno 12 h/noite,<<strong>br</strong> />

intercalando 60 horas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso entre os plantões.<<strong>br</strong> />

Foram estabelecidos <strong>com</strong>o critérios <strong>de</strong> inclusão para participar <strong>de</strong>sta<<strong>br</strong> />

pesquisa: ser da equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> do Pronto Atendimento Adulto, atuar no<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> direto <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> e concordar em participar <strong>de</strong>sta pesquisa assinando o<<strong>br</strong> />

Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram excluídos três<<strong>br</strong> />

auxiliares <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> por não atuarem no <strong>cuidado</strong> direto <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s, dois<<strong>br</strong> />

auxiliares <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> e quatro técnicos <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> que se encontravam em<<strong>br</strong> />

férias ou em afastamento para tratamento médico no período da coleta <strong>de</strong> dados.<<strong>br</strong> />

O critério <strong>de</strong> escolha da população a ser investigada na abordagem<<strong>br</strong> />

qualitativa não é numérico, uma vez que a amostra i<strong>de</strong>al é aquela capaz <strong>de</strong> refletir a<<strong>br</strong> />

totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas diversas dimensões (MINAYO, 2004). A amostragem em<<strong>br</strong> />

pesquisas qualitativas constitui o subconjunto <strong>com</strong> representativida<strong>de</strong> no contexto<<strong>br</strong> />

geral da investigação e <strong>com</strong> potencial <strong>de</strong> validação científica (FONTANELLA;<<strong>br</strong> />

RICAS; TURATO, 2008).<<strong>br</strong> />

Nesta pesquisa, o número <strong>de</strong> participantes mediante entrevista<<strong>br</strong> />

semiestruturada foi estabelecido levando em consi<strong>de</strong>ração os próprios dados<<strong>br</strong> />

obtidos. Com isso, foram entrevistados todos os enfermeiros (seis) e técnicos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> (sete) e, na sequência, os auxiliares <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> dos três turnos até<<strong>br</strong> />

que o conteúdo das entrevistas, mediadas por leituras flutuantes realizadas pelo<<strong>br</strong> />

pesquisador, satisfizesse o objetivo proposto para esta pesquisa. Deste modo, 27<<strong>br</strong> />

sujeitos participaram <strong>de</strong>sta pesquisa: seis enfermeiros, sete técnicos e 14 auxiliares<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>.<<strong>br</strong> />

4.4 ASPECTOS ÉTICOS<<strong>br</strong> />

Os aspectos éticos para esta pesquisa foram assegurados mediante<<strong>br</strong> />

autorização formal da Direção da Instituição, campo <strong>de</strong> estudo, para entrevistar os<<strong>br</strong> />

profissionais da equipe <strong>de</strong> Enfermagem (ANEXO 1). Este projeto foi aprovado pelo


55<<strong>br</strong> />

Comitê <strong>de</strong> Ética e Pesquisa do Setor <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong>, sob o protocolo <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

registro CEP/SD: 614.151.0808, CAAE: 0220. 0.208. 091-08 (ANEXO 2).<<strong>br</strong> />

Os participantes da pesquisa receberam as informações a respeito <strong>de</strong> toda a<<strong>br</strong> />

trajetória e objetivos da pesquisa, sendo-lhes facultada <strong>de</strong>sistência a qualquer<<strong>br</strong> />

momento. Foi fornecido o Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclarecido<<strong>br</strong> />

(APÊNDICE 1) para assinarem <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> discutir <strong>com</strong> o pesquisador so<strong>br</strong>e os<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>talhes e procedimentos do trabalho, aten<strong>de</strong>ndo a Resolução 196/96 do Conselho<<strong>br</strong> />

Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, que trata <strong>de</strong> pesquisa envolvendo seres humanos (BRASIL,<<strong>br</strong> />

1996). Para garantir o sigilo e o anonimato, os participantes foram codificados pelas<<strong>br</strong> />

letras E, T e A - Enfermeiro, Técnico <strong>de</strong> Enfermagem e Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem -<<strong>br</strong> />

seguidas <strong>de</strong> números arábicos por or<strong>de</strong>m numérica para cada categoria (E.1, E.2...<<strong>br</strong> />

E.7), (T.1....T.7); (A.1....A.14) não guardando relação <strong>com</strong> a or<strong>de</strong>m das entrevistas.<<strong>br</strong> />

Foi utilizado o critério <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação dos sujeitos por tempo <strong>de</strong> serviço na instituição.<<strong>br</strong> />

4.5 OBTENÇÃO DOS DADOS<<strong>br</strong> />

Os dados <strong>de</strong> uma pesquisa são informações obtidas <strong>de</strong> forma sistemática,<<strong>br</strong> />

que dão subsídio para análise e interpretação dos resultados do estudo (POLIT;<<strong>br</strong> />

BECK; HUNGLER, 2004).<<strong>br</strong> />

A coleta <strong>de</strong> dados ocorreu por intermédio <strong>de</strong> entrevista semiestruturada<<strong>br</strong> />

(APÊNDICE 2), cujo instrumento foi constituído <strong>de</strong> duas partes: a primeira se<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>stinou à coleta dos dados <strong>de</strong> caracterização dos sujeitos, categoria profissional,<<strong>br</strong> />

tempo <strong>de</strong> atuação na instituição, atuação específica em saú<strong>de</strong> mental, formação<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pletar voltada a saú<strong>de</strong> mental, sexo, ida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

A opção pela obtenção dos dados pela técnica <strong>de</strong> entrevista se <strong>de</strong>u por ser<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ntre as abordagens para coleta <strong>de</strong> informações a mais utilizada em pesquisas<<strong>br</strong> />

qualitativas. Consiste na técnica que ocorre mediante o diálogo entre duas pessoas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> propósitos bem <strong>de</strong>finidos, que, em um primeiro nível, se caracteriza pela<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação verbal que reforça a importância da linguagem e do significado da fala,<<strong>br</strong> />

e em outro, serve <strong>com</strong>o um meio <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> informações so<strong>br</strong>e um <strong>de</strong>terminado<<strong>br</strong> />

tema. Trata-se <strong>de</strong> uma técnica que faculta <strong>ao</strong> indivíduo discorrer e informar<<strong>br</strong> />

pessoalmente a respeito <strong>de</strong> sua situação e, por meio <strong>de</strong>la, po<strong>de</strong>m-se obter dados


56<<strong>br</strong> />

objetivos e subjetivos (MINAYO, 2004).<<strong>br</strong> />

A entrevista semiestruturada é “baseada no uso <strong>de</strong> guia <strong>de</strong> entrevistas, que<<strong>br</strong> />

consta <strong>de</strong> uma lista <strong>de</strong> perguntas ou temas que necessitam ser abordados durante<<strong>br</strong> />

as mesmas” (TOBAR, 2001, p.101). Por meio <strong>de</strong>la, po<strong>de</strong>m-se obter dados difíceis <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ser conseguidos por outras fontes <strong>com</strong>o censos, estatísticas e registros civis. Ainda<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> oferecer a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apreen<strong>de</strong>r fatos, sentimentos, maneiras <strong>de</strong> pensar,<<strong>br</strong> />

i<strong>de</strong>ias, crenças, atitu<strong>de</strong>s, enfim, informações mais profundas e a<strong>br</strong>angentes da<<strong>br</strong> />

realida<strong>de</strong>. Nessa técnica, existem perguntas abertas e um guia <strong>de</strong> tópicos que<<strong>br</strong> />

permite <strong>ao</strong>s sujeitos da pesquisa discorrer so<strong>br</strong>e o assunto proposto, sem respostas<<strong>br</strong> />

preestabelecidas pelo investigador (MINAYO, 2004).<<strong>br</strong> />

As entrevistas foram realizadas no período <strong>de</strong> setem<strong>br</strong>o a outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2008,<<strong>br</strong> />

em horário <strong>de</strong> preferência e disponibilida<strong>de</strong> dos sujeitos. Elas foram marcadas <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

antecedência e realizadas em sala reservada e indicada pela chefia <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

da unida<strong>de</strong>. Salvaguardaram-se os critérios <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e credibilida<strong>de</strong>, requeridos<<strong>br</strong> />

para aten<strong>de</strong>r <strong>ao</strong> rigor científico e <strong>ao</strong> anonimato dos participantes. Foi solicitada<<strong>br</strong> />

também <strong>ao</strong>s sujeitos permissão da gravação em fita cassete, que durou em média<<strong>br</strong> />

35 minutos.<<strong>br</strong> />

Ao iniciar cada entrevista, ressaltei a importância da participação dos<<strong>br</strong> />

sujeitos e que tudo que fosse dito seria respeitado, não imputando certo ou errado<<strong>br</strong> />

para as <strong>de</strong>clarações. Ao finalizá-las, agra<strong>de</strong>ci <strong>ao</strong>s sujeitos pela disponibilida<strong>de</strong> em<<strong>br</strong> />

participar <strong>de</strong>ssa pesquisa e me coloquei à disposição para esclarecimento <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

eventuais dúvidas em relação <strong>ao</strong> estudo.<<strong>br</strong> />

4.6 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS DADOS<<strong>br</strong> />

Neste estudo, os dados foram tratados mediante a Análise <strong>de</strong> Conteúdo<<strong>br</strong> />

proposta por Bardin (2000), por ser aquela que <strong>com</strong> maior rigor analisa o vasto<<strong>br</strong> />

campo da <strong>com</strong>unicação, o que facilita e enriquece as falas exploradas dos sujeitos.<<strong>br</strong> />

A Análise <strong>de</strong> Conteúdo consiste em:<<strong>br</strong> />

um conjunto <strong>de</strong> técnicas da análise das <strong>com</strong>unicações visando a obter, por<<strong>br</strong> />

procedimentos sistemáticos e objetivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição do conteúdo das<<strong>br</strong> />

mensagens, que permitam inferência <strong>de</strong> conhecimento relativos às<<strong>br</strong> />

condições <strong>de</strong> produção/recepção <strong>de</strong>stas mensagens. (BARDIN, 2000, p.42).


57<<strong>br</strong> />

Dentre os diferentes tipos <strong>de</strong> técnicas que po<strong>de</strong>m ser adotadas para<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvimento da Análise <strong>de</strong> Conteúdo, encontra-se a Análise temático-categorial<<strong>br</strong> />

(BARDIN, 2000; OLIVEIRA, 2008). Essa modalida<strong>de</strong> se caracteriza pela contagem<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> um ou vários temas ou itens <strong>de</strong> significação, numa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> codificação<<strong>br</strong> />

previamente <strong>de</strong>terminada. “Tema é a unida<strong>de</strong> <strong>com</strong> relevante significado que emerge<<strong>br</strong> />

do texto analisado seguindo critérios preestabelecidos e adotados pelo investigador.”<<strong>br</strong> />

Para avaliar os dados utilizando a modalida<strong>de</strong> temático-categorial, <strong>de</strong>vem-se<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir os núcleos <strong>de</strong> sentido presentes nos relatos dos entrevistados, nos quais a<<strong>br</strong> />

presença e a frequência sejam significativas para o objetivo analítico a que o estudo<<strong>br</strong> />

se propõe (BARDIN, 2000, p.77).<<strong>br</strong> />

A análise temático-categorial organiza-se em volta do processo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

categorização que consiste em operação <strong>de</strong> classificação <strong>de</strong> elementos<<strong>br</strong> />

pertencentes <strong>ao</strong> conjunto, por diferenciação e reagrupamento por critérios<<strong>br</strong> />

previamente <strong>de</strong>finidos. As categorias se reúnem em um grupo <strong>de</strong> elementos sob um<<strong>br</strong> />

título genérico agrupando-os em função dos temas que os representa (BARDIN,<<strong>br</strong> />

2000).<<strong>br</strong> />

De forma a sistematizar a análise dos dados obtidos, foram utilizados a<<strong>br</strong> />

técnica e o instrumento <strong>de</strong> análise propostos por Oliveira (2008), elaborados <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

base em Bardin por meio dos passos <strong>de</strong>scritos a seguir.<<strong>br</strong> />

Após a escuta e transcrição na íntegra das entrevistas gravadas,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolveu-se a primeira etapa: pré-análise. Nela há a escolha do material a ser<<strong>br</strong> />

analisado, revendo as hipóteses, nesse caso os pressupostos, os objetivos do<<strong>br</strong> />

trabalho e confrontando-os <strong>com</strong> os documentos que serão interpretados. Nesta<<strong>br</strong> />

etapa foram realizadas as leituras flutuantes, que consistem em várias leituras<<strong>br</strong> />

consecutivas <strong>com</strong> objetivo <strong>de</strong> familiarizar-se <strong>com</strong> o texto e obter maior clareza dos<<strong>br</strong> />

dados que constam nas informações recebidas dos sujeitos mediante as entrevistas<<strong>br</strong> />

(BARDIN, 2000; OLIVEIRA, 2008).<<strong>br</strong> />

No segundo passo, a Exploração do Material, os dados <strong>br</strong>utos são lapidados<<strong>br</strong> />

visando <strong>ao</strong> alcance dos núcleos <strong>de</strong> <strong>com</strong>preensão do texto, que realce a i<strong>de</strong>ia central<<strong>br</strong> />

e <strong>de</strong> interesse do estudo. Nessa etapa, foram iniciados os recortes das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

registro (UR), relacionados à sua significação e relevância para o estudo. As UR são<<strong>br</strong> />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> segmentação ou <strong>de</strong> recorte do conjunto <strong>de</strong> análise do texto – “são os<<strong>br</strong> />

temas (regra <strong>de</strong> recorte <strong>de</strong> sentido e não da forma representada por frases,<<strong>br</strong> />

parágrafos, resumo etc.)”. Para tanto, os temas <strong>de</strong>vem possuir relação <strong>com</strong> as


58<<strong>br</strong> />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contexto e apresentar significação <strong>ao</strong> objetivo da pesquisa (BARDIN,<<strong>br</strong> />

2000; OLIVEIRA, 2008, p. 572).<<strong>br</strong> />

Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Contexto (UC): são unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>com</strong>preensão da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

registro e correspon<strong>de</strong>m <strong>ao</strong> segmento da mensagem cujas dimensões são<<strong>br</strong> />

maiores do que aquelas da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> registro. São segmentos <strong>de</strong> texto<<strong>br</strong> />

que permitem <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r a significação das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro,<<strong>br</strong> />

recolocando-as no seu contexto, tratando-se sempre <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> maior<<strong>br</strong> />

do que a UR. Ex. a frase para a palavra, o parágrafo para o tema.<<strong>br</strong> />

(OLIVEIRA, 2008, p.571).<<strong>br</strong> />

As UR <strong>com</strong> significação foram associadas e transcritas na coluna 2 do<<strong>br</strong> />

Instrumento 1 elaborado por Oliveira (2008). A partir da i<strong>de</strong>ntificação dos temas,<<strong>br</strong> />

passa-se à sua quantificação em cada entrevista, <strong>de</strong>nominada no Instrumento <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

“corpus”. Em seguida, os temas i<strong>de</strong>ntificados e quantificados foram transcritos para<<strong>br</strong> />

o Instrumento 2 (APENDICE 3).<<strong>br</strong> />

No Instrumento 2 (APÊNDICE 3), os temas foram agrupados, conforme<<strong>br</strong> />

critérios teóricos e <strong>de</strong>finidas as dimensões em que eles aparecem nas entrevistas, e<<strong>br</strong> />

seguidos da quantificação das UR/categoria e da porcentagem que ela representa,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> forma a construir as categorias e subcategorias. Para tanto, foram seguidos<<strong>br</strong> />

alguns critérios teóricos para a seleção dos temas nas categorias: homogeneida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

(os temas tratam <strong>de</strong> um assunto em <strong>com</strong>um); objetivida<strong>de</strong> (os temas pertencentes a<<strong>br</strong> />

uma categoria <strong>de</strong>vem chegar a resultados semelhantes); a<strong>de</strong>quação e pertinência; e<<strong>br</strong> />

importância quantitativa e qualitativa do tema. Um tema, mesmo sem importância<<strong>br</strong> />

quantitativa, mas que seja fundamental para <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r o objeto <strong>de</strong> estudo ou<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>svelar dimensões do referencial teórico <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado na construção das<<strong>br</strong> />

categorias empíricas (OLIVEIRA, 2008).<<strong>br</strong> />

A terceira etapa se refere <strong>ao</strong> Tratamento dos Resultados Obtidos e<<strong>br</strong> />

Interpretação, em que os dados mais relevantes são articulados <strong>com</strong> a teoria, em<<strong>br</strong> />

que o pesquisador propõe inferências para a interpretação final (BARDIN, 2000;<<strong>br</strong> />

OLIVEIRA, 2008).<<strong>br</strong> />

Por meio do agrupamento das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> significação, foram construídas<<strong>br</strong> />

as categorias e para melhor apresentação dos dados, igualmente foram propostas<<strong>br</strong> />

as subcategorias. Após essa etapa, são discutidas as i<strong>de</strong>ias centrais baseadas nos<<strong>br</strong> />

referenciais teórico-conceituais.


59<<strong>br</strong> />

Os temas que surgiram a partir da análise dos dados foram organizados e<<strong>br</strong> />

são apresentados em categorias temáticas e subcategorias no Quadro 2.<<strong>br</strong> />

CATEGORIAS<<strong>br</strong> />

SUBCATEGORIAS<<strong>br</strong> />

5.2.1<<strong>br</strong> />

Cuidado <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

no Pronto<<strong>br</strong> />

Atendimento<<strong>br</strong> />

5.2.1.1 Segurança e proteção <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

5.2.1.2 Contenção física e química <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

medidas <strong>de</strong> proteção <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

5.2.1.3 A contenção física <strong>com</strong>o proteção<<strong>br</strong> />

à equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

5.2.2.1 A <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

5.2.2 O <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

requer<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>s específicos<<strong>br</strong> />

5.2.2.2 Cuidados humanizados <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

5.2.2.3 Participação da família no <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

5.2.3 O <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica no<<strong>br</strong> />

Pronto Atendimento: dificulda<strong>de</strong>s sentidas pela equipe <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

5.2.4 Preconceito e estigma <strong>com</strong> relação <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

clínico-psiquiátrica<<strong>br</strong> />

QUADRO 2 - SÍNTESE DAS CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS QUE TRATAM DA<<strong>br</strong> />

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS<<strong>br</strong> />

FONTE: O autor (2009).


60<<strong>br</strong> />

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS<<strong>br</strong> />

Neste item, inicialmente, é apresentada a caracterização dos sujeitos,<<strong>br</strong> />

seguida pelas categorias e subcategorias (QUADRO 2) que emergiram das<<strong>br</strong> />

entrevistas <strong>com</strong> os profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> do Pronto Atendimento do hospital<<strong>br</strong> />

geral. Os dados estão organizados em categorias temáticas, conforme proposto por<<strong>br</strong> />

Bardin (2000).<<strong>br</strong> />

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS<<strong>br</strong> />

SUJEITO CATEGORIA<<strong>br</strong> />

PROFISSIONAL<<strong>br</strong> />

SEXO TURNO DE<<strong>br</strong> />

TRABALHO<<strong>br</strong> />

TEMPO DE TRABALHO<<strong>br</strong> />

NA INSTITUIÇÃO<<strong>br</strong> />

M F M T N Anos Meses<<strong>br</strong> />

E.1 Enfermeiro X X 23 02<<strong>br</strong> />

E.2 Enfermeiro X X 14 00<<strong>br</strong> />

E.3 Enfermeiro X X 11 10<<strong>br</strong> />

E.4 Enfermeiro X X 04 07<<strong>br</strong> />

E.5 Enfermeiro X X 04 06<<strong>br</strong> />

E.6 Enfermeiro X X 02 02<<strong>br</strong> />

T.1 Técnico <strong>de</strong> Enfermagem X X 23 00<<strong>br</strong> />

T.2 Técnico <strong>de</strong> Enfermagem X X 14 10<<strong>br</strong> />

T.3 Técnico <strong>de</strong> Enfermagem X X 06 00<<strong>br</strong> />

T.4 Técnico <strong>de</strong> Enfermagem X X 04 10<<strong>br</strong> />

T.5 Técnico <strong>de</strong> Enfermagem X X 04 09<<strong>br</strong> />

T.6 Técnico <strong>de</strong> Enfermagem X X 04 08<<strong>br</strong> />

T.7 Técnico <strong>de</strong> Enfermagem X X 04 06<<strong>br</strong> />

A.1 Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem X X 23 00<<strong>br</strong> />

A.2 Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem X X 14 00<<strong>br</strong> />

A.3 Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem X X 14 00<<strong>br</strong> />

A.4 Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem X X 06 00<<strong>br</strong> />

A.5 Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem X X 05 00<<strong>br</strong> />

A.6 Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem X X 04 10<<strong>br</strong> />

A.7 Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem X X 04 10<<strong>br</strong> />

A.8 Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem X X 04 10<<strong>br</strong> />

A.9 Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem X X 04 10<<strong>br</strong> />

A.10 Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem X X 04 09<<strong>br</strong> />

A.11 Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem X X 04 09<<strong>br</strong> />

A.12 Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem X X 04 09<<strong>br</strong> />

A.13 Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem X X 04 08<<strong>br</strong> />

A.14 Auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem X X 02 10<<strong>br</strong> />

QUADRO 3 – CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS SEGUNDO CATEGORIA<<strong>br</strong> />

PROFISSIONAL, SEXO, TURNO DE TRABALHO E TEMPO DE SERVIÇO NA<<strong>br</strong> />

INSTITUIÇÃO<<strong>br</strong> />

FONTE: O autor (2009).


61<<strong>br</strong> />

Dos 27 sujeitos <strong>de</strong>sta pesquisa: seis são enfermeiros, sete técnicos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> e 14 auxiliares <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>. Em relação <strong>ao</strong> gênero, cinco sujeitos<<strong>br</strong> />

são do sexo masculino e 22 do feminino, o que confirma a predominância feminina<<strong>br</strong> />

no exercício da Enfermagem. O maior número <strong>de</strong> mulheres em relação <strong>ao</strong>s homens<<strong>br</strong> />

atuando na Enfermagem remonta à própria história da profissão e do Brasil. As<<strong>br</strong> />

pessoas que exerciam a Enfermagem nos hospícios <strong>br</strong>asileiros da segunda meta<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

do século XIX eram a maioria do sexo masculino, <strong>de</strong>vido às características do<<strong>br</strong> />

trabalho voltadas à manutenção da or<strong>de</strong>m. Para tanto, a força física dos homens era<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>rada imprescindível para a atuação dos enfermeiros no <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong>s loucos<<strong>br</strong> />

nos primeiros hospícios <strong>br</strong>asileiros, pois:<<strong>br</strong> />

um enfermeiro <strong>de</strong> alienados <strong>de</strong>veria casar a severida<strong>de</strong> <strong>com</strong> a doçura, a<<strong>br</strong> />

coragem <strong>com</strong> a prudência, discrição e carida<strong>de</strong> e uma certa espera<<strong>br</strong> />

intelectual para enten<strong>de</strong>r o médico e o doente. Deve ser um homem probo,<<strong>br</strong> />

ativo, zeloso, inteligente e <strong>com</strong> longa experiência. Sem esquecer <strong>de</strong> exaltar<<strong>br</strong> />

as qualida<strong>de</strong>s físicas <strong>de</strong> robustez e força para o pleno exercício das tarefas<<strong>br</strong> />

para ele <strong>de</strong>terminadas pelo hospício do século XIX (MIRANDA, 1994, p.88).<<strong>br</strong> />

Em 1923, houve a criação da Escola Anna Nery, a primeira formadora <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

enfermeiras sob os mol<strong>de</strong>s “naghtingaleano” e que instruía somente mulheres.<<strong>br</strong> />

Con<strong>com</strong>itante a essa época, mais precisamente em 1919, iniciaram-se as lutas<<strong>br</strong> />

feministas que visavam a conquistas sociais e políticas, culminando <strong>com</strong> a criação<<strong>br</strong> />

da Liga para Emancipação Intelectual da Mulher no Brasil. Isso proporcionou<<strong>br</strong> />

maiores condições às mulheres <strong>de</strong> se profissionalizar, e a Enfermagem era uma<<strong>br</strong> />

opção bastante válida. Dessa forma, o número <strong>de</strong> mulheres foi se ampliando e em<<strong>br</strong> />

1985, segundo dados estatísticos disponibilizados pelo Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Enfermagem e pela Associação Brasileira <strong>de</strong> Enfermagem, 94,1% dos profissionais<<strong>br</strong> />

atuantes na Enfermagem eram do gênero feminino. Atualmente há pequena<<strong>br</strong> />

elevação no quantitativo <strong>de</strong> homens na Enfermagem, mantendo o caráter “feminino”<<strong>br</strong> />

da profissão (PADILHA; VAGHETTI; BRODERSEN, 2006; PEREIRA, 2008).<<strong>br</strong> />

Quanto à distribuição por turno <strong>de</strong> trabalho: nove são da manhã, sete da<<strong>br</strong> />

tar<strong>de</strong> e 11 do noturno. Desses, 14 têm em torno <strong>de</strong> cinco anos <strong>de</strong> trabalho na<<strong>br</strong> />

instituição, 12 variando entre seis e 23 anos e apenas dois sujeitos têm<<strong>br</strong> />

aproximadamente dois anos. O tempo <strong>de</strong> serviço se repete em igual tempo para<<strong>br</strong> />

vários sujeitos, isso se justifica pela instituição ser pública e o seu quadro funcional<<strong>br</strong> />

contratado por intermédio <strong>de</strong> concursos públicos.


62<<strong>br</strong> />

Dentre os participantes da pesquisa, somente um trabalhou em hospital<<strong>br</strong> />

psiquiátrico <strong>de</strong> internação integral por três meses, e a maioria referiu ter contato <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

a temática saú<strong>de</strong> mental exclusivamente na disciplina <strong>de</strong> Enfermagem Psiquiátrica<<strong>br</strong> />

nos cursos <strong>de</strong> formação.<<strong>br</strong> />

5.2 AS CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS TEMÁTICAS<<strong>br</strong> />

Foram i<strong>de</strong>ntificadas 654 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro <strong>com</strong> significação para o<<strong>br</strong> />

estudo, que subsidiaram a construção das categorias e subcategorias empíricas<<strong>br</strong> />

(QUADRO 4).<<strong>br</strong> />

ITEM CATEGORIAS nº e % UR / CATEGORIA<<strong>br</strong> />

5.2.1<<strong>br</strong> />

Cuidado <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica no Pronto<<strong>br</strong> />

Atendimento<<strong>br</strong> />

247 UR<<strong>br</strong> />

37,77%<<strong>br</strong> />

5.2.2<<strong>br</strong> />

5.2.3<<strong>br</strong> />

O <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

requer <strong>cuidado</strong>s específicos<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

clínico-psiquiátrica no Pronto<<strong>br</strong> />

Atendimento: dificulda<strong>de</strong>s sentidas pela<<strong>br</strong> />

equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

236 UR<<strong>br</strong> />

36,08%<<strong>br</strong> />

146 UR<<strong>br</strong> />

22,32%<<strong>br</strong> />

5.2.4 Preconceito e estigma <strong>com</strong> relação <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

clínico-psiquiátrica<<strong>br</strong> />

25 UR<<strong>br</strong> />

3,83%<<strong>br</strong> />

QUADRO 4 – CONSTRUÇÃO DAS CATEGORIAS EMPIRICAS: QUANTIDADE E<<strong>br</strong> />

PERCENTAGEM DAS UNIDADES DE REGISTRO POR CATEGORIA<<strong>br</strong> />

FONTE: O autor (2009).<<strong>br</strong> />

A categoria a seguir é <strong>com</strong>posta por 247 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro, que<<strong>br</strong> />

equivalem a 37,77% do total <strong>de</strong> 654 unida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntificadas e analisadas a partir das


63<<strong>br</strong> />

entrevistas <strong>com</strong> os sujeitos. Nela estão presentes as subcategorias: preocupação da<<strong>br</strong> />

equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> em proporcionar segurança <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong>; Contenção física e<<strong>br</strong> />

química <strong>com</strong>o medidas <strong>de</strong> proteção do <strong>paciente</strong>; e A contenção física <strong>com</strong>o proteção<<strong>br</strong> />

à equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> na abordagem <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong>.<<strong>br</strong> />

5.2.1 Cuidado <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

no Pronto Atendimento<<strong>br</strong> />

De acordo <strong>com</strong> o relato dos sujeitos, foi possível constatar que os <strong>cuidado</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvidos <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica têm enfoque<<strong>br</strong> />

generalista e técnico baseado em procedimentos. Os sujeitos mencionaram que o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> é prestado <strong>de</strong> igual modo a todos os <strong>paciente</strong>s, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

apresentarem ou não transtorno mental, expresso <strong>com</strong>o <strong>cuidado</strong> geral. Relataram<<strong>br</strong> />

que dão maior ênfase <strong>ao</strong>s <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong>nominados ‘básicos’ <strong>com</strong>o, por exemplo,<<strong>br</strong> />

conforto, administração <strong>de</strong> medicações, medidas <strong>de</strong> segurança e auxílio na<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ambulação:<<strong>br</strong> />

“O que eu tento fazer é o máximo (...) prestar o <strong>cuidado</strong> na<<strong>br</strong> />

parte técnica que eu sei” (E.4).<<strong>br</strong> />

“Atendo igual (...) se tem que levar <strong>ao</strong> banheiro, se tem<<strong>br</strong> />

medidas <strong>de</strong> conforto assim, é igual <strong>ao</strong>s outros” (A.10).<<strong>br</strong> />

“O meu <strong>cuidado</strong> é geral, aqui não tem muitos <strong>cuidado</strong>s<<strong>br</strong> />

específicos para o <strong>paciente</strong> psiquiátrico, que tem algum<<strong>br</strong> />

distúrbio” (A.3).<<strong>br</strong> />

“Os <strong>cuidado</strong>s que faço para ele [<strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

clínico-psiquiátrica] são os que eu faço para qualquer outro”<<strong>br</strong> />

(T.7).<<strong>br</strong> />

“(...) é o mesmo <strong>cuidado</strong> que você tem que ter <strong>com</strong> os outros:<<strong>br</strong> />

ter <strong>cuidado</strong> <strong>com</strong> quedas, medicações, coisas básicas assim”<<strong>br</strong> />

(A.13).


64<<strong>br</strong> />

Houve referência <strong>de</strong> um sujeito so<strong>br</strong>e a distinção entre patologia clínica e<<strong>br</strong> />

psiquiátrica, em que a primeira é consi<strong>de</strong>rada doença normal em relação à segunda.<<strong>br</strong> />

Enfocaram ainda que não prestam <strong>cuidado</strong>s específicos <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> em questão<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> ‘informações’ em saú<strong>de</strong> mental e <strong>de</strong> uma vivência maior junto<<strong>br</strong> />

àquela clientela:<<strong>br</strong> />

“Para ela [referindo-se a uma <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

clínico-psiquiátrica] não tinha <strong>cuidado</strong>s maiores, era <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o outras doenças normais, não tinha nenhum <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

específico. É bem isso, eu acho que muitos <strong>de</strong> nós aqui do PA,<<strong>br</strong> />

a gente não tem muita vivência <strong>com</strong> <strong>paciente</strong> psiquiátrico,<<strong>br</strong> />

então a gente sabe os <strong>cuidado</strong>s básicos: levantar as gra<strong>de</strong>s,<<strong>br</strong> />

conter, medicação nos horários certos, do jeito que ele toma<<strong>br</strong> />

em casa. Mas um <strong>cuidado</strong> especial a gente não sabe não é<<strong>br</strong> />

nossa realida<strong>de</strong> aqui no PA” (A.11).<<strong>br</strong> />

“meu <strong>cuidado</strong> não é direcionado para o tratamento específico<<strong>br</strong> />

psiquiátrico” (E.3)<<strong>br</strong> />

“Não é diferenciado o <strong>cuidado</strong> que damos <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> em geral<<strong>br</strong> />

e o <strong>paciente</strong> clínico-psiquiátrico, porque <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

informação não tem muita diferença” (A.3).<<strong>br</strong> />

A Enfermagem é a profissionalização do <strong>cuidado</strong> humano que visa a elevar<<strong>br</strong> />

as condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do indivíduo <strong>ao</strong> seu melhor patamar. Para tanto, prima por<<strong>br</strong> />

fundamentar suas ações em bases científicas, bem <strong>com</strong>o refletir so<strong>br</strong>e sua prática,<<strong>br</strong> />

principalmente no campo clínico visando à transformação e à evolução do seu fazer.<<strong>br</strong> />

A referência dos sujeitos <strong>ao</strong>s <strong>cuidado</strong>s técnicos está na relação da Enfermagem <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

o reconhecimento <strong>de</strong> seu aspecto prático, uma vez que a maior parte <strong>de</strong> suas ações<<strong>br</strong> />

se centra no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> procedimentos (WALDOW, 2007; 2009).<<strong>br</strong> />

Assim, diferentemente do que foi exposto pelos sujeitos nos relatos<<strong>br</strong> />

anteriores, o cuidar <strong>de</strong>ve distanciar-se da <strong>com</strong>preensão da simplicida<strong>de</strong> do “fazer<<strong>br</strong> />

por fazer”, pois ele não se concretiza em um padrão único <strong>de</strong> procedimentos e<<strong>br</strong> />

técnicas. Cada pessoa <strong>de</strong>ve ser cuidada <strong>de</strong> forma diferente umas das outras, visto<<strong>br</strong> />

que cada ser humano é único <strong>com</strong> particularida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas no<<strong>br</strong> />

momento do <strong>cuidado</strong> (WALDOW, 2008).<<strong>br</strong> />

O profissional <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>ve <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r que o ser humano é<<strong>br</strong> />

formado <strong>de</strong> dimensões que contemplam <strong>ao</strong> mesmo tempo os aspectos biológicos,


65<<strong>br</strong> />

psíquicos, sociais e espirituais, que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados no processo <strong>de</strong> cuidar<<strong>br</strong> />

(WALDOW, 2007; 2009).<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong>, ainda, po<strong>de</strong> ser entendido <strong>com</strong>o um fenômeno relacional,<<strong>br</strong> />

existencial e contextual. Desse modo, <strong>de</strong>ve-se atentar que cada ser humano possui<<strong>br</strong> />

subjetivida<strong>de</strong>s, crenças, valores, i<strong>de</strong>ias, bem <strong>com</strong>o sua história <strong>de</strong> vida e relação<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a socieda<strong>de</strong> (WALDOW, 2008; BAGGIO, CALLEGARO, ERDMANN, 2008). O<<strong>br</strong> />

fenômeno existencial se expressa <strong>ao</strong> conceber o ser <strong>cuidado</strong> <strong>com</strong>o humano e<<strong>br</strong> />

carecedor <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>s, o contextual é entendê-lo em suas várias dimensões e o<<strong>br</strong> />

relacional diz respeito às interrelações <strong>com</strong> o ambiente e <strong>com</strong> os outros seres<<strong>br</strong> />

humanos (WALDOW, 2008).<<strong>br</strong> />

Prestar o <strong>cuidado</strong> centrado na técnica e procedimentos <strong>com</strong>o relatado pelo<<strong>br</strong> />

sujeito E.4, po<strong>de</strong> configurar-se na mecanização do processo <strong>de</strong> cuidar. A<<strong>br</strong> />

rotinização e a mecanização do <strong>cuidado</strong> na Enfermagem centrada em<<strong>br</strong> />

procedimentos ten<strong>de</strong>m a inibir a percepção dos profissionais às questões além do<<strong>br</strong> />

físico-biológico e acabam por excluir as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que, por meio da<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação e interação possa-se visualizar <strong>com</strong>o o indivíduo se <strong>com</strong>porta, o que<<strong>br</strong> />

ele sente e pensa (SOUZA; SILVA; NORI, 2007). No entanto, é importante que os<<strong>br</strong> />

profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> possuam conhecimento científico e <strong>de</strong>streza técnica,<<strong>br</strong> />

visto que eles são elementos essenciais para transmitir confiança <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> no<<strong>br</strong> />

momento <strong>de</strong> cuidar (BAGGIO; CALLEGARO; ERDMANN, 2008).<<strong>br</strong> />

Com o advento da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, da tecnologia <strong>de</strong> ponta e da evolução no<<strong>br</strong> />

campo técnico-científico há, con<strong>com</strong>itantemente, o surgimento <strong>de</strong> diversas<<strong>br</strong> />

inovações tecnológicas utilizadas nos serviços <strong>de</strong> emergências. Elas têm auxiliado<<strong>br</strong> />

no processo <strong>de</strong> trabalho da Enfermagem, por outro lado, <strong>de</strong>ve-se ter a <strong>com</strong>preensão<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> que os aparatos tecnológicos não po<strong>de</strong>m transmitir sentimentos, que são próprios<<strong>br</strong> />

dos humanos. O profissional <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>ve dispor-se em favor do cliente a<<strong>br</strong> />

fim <strong>de</strong> evitar o distanciamento que os equipamentos tecnológicos po<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />

proporcionar se não forem bem utilizados. Um exemplo prático consiste na situação<<strong>br</strong> />

em que um monitor multiparamétrico esteja instalado no <strong>paciente</strong> e o profissional<<strong>br</strong> />

não necessita tocá-lo para mensurar seus sinais vitais, prejudicando os aspectos<<strong>br</strong> />

interacionais e <strong>com</strong>unicacionais entre os envolvidos (CROSSETTI et al., 2000).<<strong>br</strong> />

O processo <strong>com</strong>unicacional <strong>com</strong>o mediador da interrelação entre as pessoas<<strong>br</strong> />

é instrumento essencial para o trabalho da Enfermagem em saú<strong>de</strong>. É por meio da<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação que a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>com</strong>preen<strong>de</strong> os aspectos relacionados à


66<<strong>br</strong> />

vida cotidiana do <strong>paciente</strong>, o que por vezes dá sustentação às ações a serem<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvidas (STEFANELLI; CARVALHO; ARANTES, 2005).<<strong>br</strong> />

O sujeito A.3 refere <strong>de</strong>senvolver os <strong>cuidado</strong>s básicos e gerais, <strong>de</strong>vido à falta<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> informação so<strong>br</strong>e <strong>cuidado</strong>s específicos <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrico.<<strong>br</strong> />

Entretanto, cabe ressaltar que as necessida<strong>de</strong>s psicossociais das<<strong>br</strong> />

pessoas bem <strong>com</strong>o o atual sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do nosso país exigem que os<<strong>br</strong> />

profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>senvolvam visão crítico-reflexiva voltada à realida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

individual e coletiva da população. Para tanto, é necessário conhecimento e respeito<<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong>s direitos humanos e sociais, assim <strong>com</strong>o a importância da troca <strong>de</strong> experiências<<strong>br</strong> />

entre enfermeiro-pessoa-família para subsidiar o planejamento, a gerência e o<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvimento do <strong>cuidado</strong> (RIVERA ÀLVAREZ; TRIANA, 2007).<<strong>br</strong> />

Ao contrário do que foi exposto pelos sujeitos <strong>ao</strong> referirem que os <strong>cuidado</strong>s<<strong>br</strong> />

são gerais e iguais para todos os <strong>paciente</strong>s, a Enfermagem <strong>de</strong>ve prestar os<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>s centrados nas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada pessoa, consi<strong>de</strong>rando<<strong>br</strong> />

todas as suas dimensões, especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong> e subjetivida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

lado as atitu<strong>de</strong>s que generalizam e <strong>de</strong>spersonalizam o ser humano superando,<<strong>br</strong> />

assim, o paradigma biomédico e o tecnicismo (MARQUES; LIMA, 2008). O homem é<<strong>br</strong> />

um ser em constante evolução e à medida que isso ocorre, há mudanças em seus<<strong>br</strong> />

aspectos psicossociais e culturais. Nessa perspectiva, as ações <strong>de</strong>senvolvidas pela<<strong>br</strong> />

Enfermagem não po<strong>de</strong>m ser estáticas e padronizadas, <strong>de</strong>ste modo os profissionais<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>vem esforçar-se em consumir e produzir conhecimentos novos<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o <strong>cuidado</strong> humano, refletindo e inovando sua prática (WALDOW, 2008).<<strong>br</strong> />

Os sujeitos reconheceram que o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica no Pronto Atendimento tem sido <strong>de</strong>senvolvido <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

modo a dar suporte às necessida<strong>de</strong>s clínicas e não contemplam as necessida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

psíquicas:<<strong>br</strong> />

“O <strong>paciente</strong> que vem aqui não tem o manejo a<strong>de</strong>quado para<<strong>br</strong> />

ele, o <strong>paciente</strong> psiquiátrico. A gente só consegue fazer a<<strong>br</strong> />

abordagem clínica. A gente consegue atendê-lo na parte da<<strong>br</strong> />

intercorrência clínica. Na parte da intercorrência psiquiátrica, eu<<strong>br</strong> />

acho que fica muito a <strong>de</strong>sejar. A gente não consegue abordá-lo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> uma forma a<strong>de</strong>quada” (E.5)


67<<strong>br</strong> />

“Então ele vai melhorar a parte clínica, mas na parte<<strong>br</strong> />

psiquiátrica, eu me sinto muito longe [...] Sinto que está fora do<<strong>br</strong> />

meu alcance” (A.7)<<strong>br</strong> />

A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> urgência e emergência é um serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que apresenta<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>plexida<strong>de</strong> nas ações que são <strong>de</strong>senvolvidas, o que influencia as relações<<strong>br</strong> />

humanas e o processo <strong>de</strong> cuidar. Assim, corroborando o que foi exposto pelos<<strong>br</strong> />

sujeitos nos relatos anteriores, os profissionais dos serviços <strong>de</strong> emergências ten<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />

a focar sua atenção nas dimensões biológicas, <strong>com</strong> pouca consi<strong>de</strong>ração à totalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

do ser humano, o que, consequentemente, leva à fragmentação do <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

(CROSSETTI et al., 2000; BAGGIO, CALLEGARO, ERDMANN, 2008).<<strong>br</strong> />

À medida que a fragmentação do <strong>cuidado</strong> surge nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, as<<strong>br</strong> />

atitu<strong>de</strong>s dos profissionais culminam no distanciamento entre o <strong>cuidado</strong>r e o ser<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>, na falta <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> so<strong>br</strong>e o <strong>cuidado</strong> individualizado, no <strong>de</strong>scaso<<strong>br</strong> />

diante das queixas e sofrimento do <strong>paciente</strong>, na impessoalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sumanização<<strong>br</strong> />

(MARQUES; LIMA, 2008).<<strong>br</strong> />

Em serviços <strong>de</strong> emergências, há <strong>de</strong> se levar em conta diversos fatores que<<strong>br</strong> />

elevam a dinamicida<strong>de</strong> e o grau <strong>de</strong> <strong>com</strong>plexida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> estresse no processo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

trabalho da equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>com</strong>o <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> doenças graves e em risco<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> morte, maiores <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>s, escassez <strong>de</strong> recursos humanos e<<strong>br</strong> />

materiais. Contudo, as ações <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> necessitam que sejam <strong>de</strong>senvolvidas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> qualida<strong>de</strong>, eficiência e eficácia (SOUZA; SILVA; NORI, 2007; BAGGIO,<<strong>br</strong> />

CALLEGARO, ERDMANN, 2008).<<strong>br</strong> />

No Pronto Atendimento é preconizado que exista rotativida<strong>de</strong> dos <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

para aten<strong>de</strong>r a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda que necessita dos serviços prestados naquele local.<<strong>br</strong> />

Assim, uma vez sanadas as necessida<strong>de</strong> emergenciais do <strong>paciente</strong> é concedida a<<strong>br</strong> />

alta hospitalar. Contudo, se ele ainda inspirar <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong>ve-se mantê-lo em<<strong>br</strong> />

observação no Pronto Atendimento até no máximo 72 horas e, a partir disso,<<strong>br</strong> />

encaminhá-lo a uma outra unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> internação ou conce<strong>de</strong>r alta hospitalar<<strong>br</strong> />

(CAMPOS; TEIXEIRA, 2001).<<strong>br</strong> />

Entretanto, percebeu-se no campo <strong>de</strong> pesquisa que <strong>de</strong>vido a algumas<<strong>br</strong> />

dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitos nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> internamento, os <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

acabam por permanecer além <strong>de</strong>sse período nos leitos <strong>de</strong> observação do Pronto<<strong>br</strong> />

Atendimento. Mas, esse fator não impe<strong>de</strong> a condução das terapêuticas médicas e<<strong>br</strong> />

do <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>. No estudo <strong>de</strong>senvolvido por Campos e Teixeira (2001),


68<<strong>br</strong> />

verificou-se que a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> sente dificulda<strong>de</strong>s em <strong>de</strong>senvolver o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> quando o <strong>paciente</strong> apresenta algum sinal ou sintoma relativo às<<strong>br</strong> />

psicopatologias, o que promove por vezes um distanciamento entre o <strong>cuidado</strong>r e o<<strong>br</strong> />

ser <strong>cuidado</strong>, corroborando o que foi relatado anteriormente pelos sujeitos E.5 e A.7.<<strong>br</strong> />

Assim, ressalta-se que quando o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> está centrado no<<strong>br</strong> />

biológico, nos sinais e sintomas <strong>de</strong> doenças e nas ações curativas do corpo sem dar<<strong>br</strong> />

a <strong>de</strong>vida importância <strong>ao</strong>s aspectos psicossociais, espirituais e interacionais,<<strong>br</strong> />

inevitavelmente, conduz às ações que não aten<strong>de</strong>m plenamente as necessida<strong>de</strong>s do<<strong>br</strong> />

indivíduo. Deste modo, percebe-se o fortalecimento da visão biologicista e do<<strong>br</strong> />

mo<strong>de</strong>lo biomédico (SILVA et al., 2002; BAGGIO; CALLEGARO; ERDMANN, 2008).<<strong>br</strong> />

Nesse mo<strong>de</strong>lo, há a tendência dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em enfocar suas ações<<strong>br</strong> />

nas técnicas, procedimentos e no corpo anátomo-biológico, em que o tecnicismo e o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> mecanizado assumem papel relevante nas práticas dos profissionais da<<strong>br</strong> />

área da saú<strong>de</strong> (CROSSETTI et al., 2000; MARQUES; LIMA, 2008).<<strong>br</strong> />

5.2.1.1 Segurança e proteção <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica<<strong>br</strong> />

Apreen<strong>de</strong>u-se nos relatos dos sujeitos a preocupação em oferecer proteção<<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s para evitar outros agravos e citaram retirar estímulos externos <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

álcool, promover medidas que evitem o uso errôneo e excessivo <strong>de</strong> automedicação<<strong>br</strong> />

pelos <strong>paciente</strong>s e protegê-los contra queda do leito ou da maca. A maioria dos<<strong>br</strong> />

sujeitos relatou que os <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong> segurança que <strong>de</strong>senvolvem <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica são voltados à proteção da integrida<strong>de</strong> física:<<strong>br</strong> />

“(...) e evitar que ele corra risco <strong>de</strong> queda, <strong>de</strong> tomar alguma<<strong>br</strong> />

medicação que ele traga consigo e faça uso indiscriminado.<<strong>br</strong> />

Tirar o álcool que fica no Box e que <strong>de</strong> repente ele po<strong>de</strong>, num<<strong>br</strong> />

momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scuido, fazer uso <strong>de</strong>sse álcool” (E.3).<<strong>br</strong> />

“Em primeiro lugar você tem que preservar a segurança do<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>, quando ele chega aqui (...). Dentre os <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

maior relevância está a segurança do <strong>paciente</strong> (...). Que o<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> quando chega [no PA] naquele surto,a primeira coisa<<strong>br</strong> />

que você faz é pela segurança” (T.2).


69<<strong>br</strong> />

“Mas os <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> são: manter a integrida<strong>de</strong> do<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>, tanto a física <strong>com</strong>o a que ele possa se manter calmo”<<strong>br</strong> />

(E.3).<<strong>br</strong> />

Historicamente, a proteção das pessoas <strong>com</strong> transtorno mental foi<<strong>br</strong> />

prerrogativa para muitas medidas, que teoricamente seriam para o seu bem.<<strong>br</strong> />

Entretanto esse intento, em meio <strong>ao</strong>s anos, conduziu os loucos à exclusão,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração e negação <strong>de</strong> seus direitos <strong>de</strong> cidadão, <strong>com</strong>o ocorreu na<<strong>br</strong> />

institucionalização e medicalização da loucura (SILVA, 2007).<<strong>br</strong> />

Ao instituir a clínica psiquiátrica no final do século XVIII, Philippe Pinel (1745-<<strong>br</strong> />

1826) <strong>de</strong>fendia uma nova visão relacionada à loucura, a fim <strong>de</strong> dar maior proteção<<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong>s “loucos”. Dentre as ações mais importantes, estava a ‘libertação’ dos doentes<<strong>br</strong> />

mentais dos porões e das correntes <strong>de</strong> ferro. Entretanto, sua proposta era<<strong>br</strong> />

acrescentada pelo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> tratamento psiquiátrico em regime <strong>de</strong> isolamento nos<<strong>br</strong> />

manicômios, <strong>de</strong>fendida pela premissa <strong>de</strong> que era necessário proteger o louco do<<strong>br</strong> />

mundo exterior e da socieda<strong>de</strong> (AMARANTE et al., 2003; SILVA, 2007).<<strong>br</strong> />

Para Pinel, a loucura consistia em um distúrbio da razão e o louco um<<strong>br</strong> />

alienado mental recuperável, uma vez que, <strong>ao</strong> afastá-lo das causas <strong>de</strong>ssa alienação,<<strong>br</strong> />

o médico conseguiria corrigir seus hábitos e lhe dar a cura. As causas da alienação<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>riam ser os vícios, a ociosida<strong>de</strong>, a falta <strong>de</strong> regras na vida cotidiana, as paixões,<<strong>br</strong> />

a promiscuida<strong>de</strong> da vida social. Para que o louco pu<strong>de</strong>sse ser curado, precisava ser<<strong>br</strong> />

protegido pelo isolamento, que o distanciasse <strong>de</strong>ssas causas (AMARANTE et al.,<<strong>br</strong> />

2003; SILVA, 2007).<<strong>br</strong> />

A partir da disseminação <strong>de</strong>ssas i<strong>de</strong>ias, iniciou-se um crescimento<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senfreado dos manicômios e hospícios por toda a Europa. No início do século<<strong>br</strong> />

XIX, as propostas <strong>de</strong> Pinel chegaram <strong>ao</strong> Brasil culminando <strong>com</strong> o movimento<<strong>br</strong> />

incentivado pela recém-criada Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina do Rio <strong>de</strong> Janeiro, cujo lema<<strong>br</strong> />

era “Aos loucos, o hospício” e que objetivava a retirada dos doentes mentais dos<<strong>br</strong> />

cárceres e dos porões da Santa Casa <strong>de</strong> Misericórdia. Assim, em 1853, foi<<strong>br</strong> />

inaugurado no Rio <strong>de</strong> Janeiro o primeiro hospício do Brasil, o Pedro II. Porém, o<<strong>br</strong> />

motivo principal da institucionalização dos doentes mentais no Brasil foi a<<strong>br</strong> />

urbanização das cida<strong>de</strong>s, em que havia a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retirá-los das ruas,<<strong>br</strong> />

transferindo-os para um local em que não ficassem à vista da socieda<strong>de</strong> (BRASIL,<<strong>br</strong> />

2004a).


70<<strong>br</strong> />

Nessa perspectiva, a importância da proteção no mo<strong>de</strong>lo mani<strong>com</strong>ial não<<strong>br</strong> />

significou o emprego <strong>de</strong> medidas expressivas e a<strong>de</strong>quadas voltadas à promoção da<<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong> mental das pessoas. A imagem <strong>de</strong> proteção externada pelos sujeitos nas<<strong>br</strong> />

falas anteriores está vinculada <strong>ao</strong> pensamento <strong>de</strong> que a pessoa <strong>com</strong> transtorno<<strong>br</strong> />

mental é perigosa, agressiva, furiosa e sem condições <strong>de</strong> autocontrole e em<<strong>br</strong> />

algumas situações <strong>com</strong>parada a um animal selvagem. Destarte, precisava ser<<strong>br</strong> />

protegida <strong>de</strong> sua ferocida<strong>de</strong> e animalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vendo ser submetida às inúmeras<<strong>br</strong> />

formas <strong>de</strong> restrições por força físicas, sem ser avisada previamente, sem<<strong>br</strong> />

consentimento ou tentativas <strong>de</strong> medidas alternativas para abordá-la (SILVA, 2007).<<strong>br</strong> />

Cabe fazer a ressalva que todos os <strong>paciente</strong>s que a<strong>de</strong>ntram os serviços <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong> e que estão sob os <strong>cuidado</strong>s dos profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>vem receber<<strong>br</strong> />

proteção e segurança, uma vez que a exposição a riscos são reais. Há grupos<<strong>br</strong> />

específicos <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s que precisam <strong>de</strong> maior atenção quanto à segurança <strong>de</strong>ntre<<strong>br</strong> />

eles: crianças, idosos, <strong>de</strong>ficientes físicos, <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> alteração <strong>de</strong> conduta e<<strong>br</strong> />

agitação psi<strong>com</strong>otora (TIMBY, 2001). Assim, percebe-se que não são somente os<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno mental que <strong>de</strong>vem ser foco <strong>de</strong> preocupação quanto a<<strong>br</strong> />

receber <strong>cuidado</strong>s que garantam sua segurança pela equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>.<<strong>br</strong> />

Nos relatos a seguir, os sujeitos <strong>de</strong>monstraram a preocupação <strong>com</strong> os<<strong>br</strong> />

sintomas psíquicos apresentados pelo <strong>paciente</strong>, e A.11 o caracteriza <strong>com</strong>o aquele<<strong>br</strong> />

que tem sérios problemas e necessita <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>s constantes. Existe ainda a<<strong>br</strong> />

generalização pelos sujeitos dos sinais e sintomas que po<strong>de</strong>m ser apresentados<<strong>br</strong> />

pelos <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> psiquiátrica <strong>com</strong>o a confusão mental, agitação,<<strong>br</strong> />

agressivida<strong>de</strong> e a potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferecer riscos <strong>de</strong> autoagressão. Por outro lado,<<strong>br</strong> />

eles reconheceram que o <strong>paciente</strong> precisa ser <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> forma intensiva, o que<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>ram tarefa difícil. Com isso, mencionaram que para os <strong>paciente</strong>s agitados<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve-se ter a atenção redo<strong>br</strong>ada <strong>de</strong> maneira que eles não extraiam sondas, drenos<<strong>br</strong> />

e cateteres, que possuem e dão suporte <strong>ao</strong> tratamento clínico:<<strong>br</strong> />

“Eu acho que a parte do <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> é ver se esse<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> está <strong>com</strong> gra<strong>de</strong>s levantadas, sempre tá atento se ele<<strong>br</strong> />

não está <strong>com</strong> nenhuma alteração <strong>de</strong> conduta, atento <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> agitado, mesmo <strong>com</strong> medicação. (...) o <strong>cuidado</strong> para<<strong>br</strong> />

ele não se machucar, porque o <strong>paciente</strong> psiquiátrico é um<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> <strong>com</strong> sérios problemas. Eu acho que é mais o <strong>cuidado</strong>


71<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> tá protegendo ele mesmo. Eu acho que o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

psiquiátrico tem que ter um <strong>cuidado</strong> constante”. (A.11).<<strong>br</strong> />

“É mais na parte <strong>de</strong>le não se machucar. É um <strong>paciente</strong> que vai<<strong>br</strong> />

estar se batendo, se machucando, vai arrancar o acesso<<strong>br</strong> />

venoso, tudo. Vai estar confuso, vai querer tomar álcool. Por<<strong>br</strong> />

isso, não <strong>de</strong>ixar nada <strong>ao</strong> alcance <strong>de</strong>sse <strong>paciente</strong>, não <strong>de</strong>ixar<<strong>br</strong> />

coisas perigosas <strong>ao</strong> alcance <strong>de</strong>le, principalmente se ele estiver<<strong>br</strong> />

sozinho (...) aqui precisa cuidar em do<strong>br</strong>o, porque ele tem o<<strong>br</strong> />

acesso venoso, ele tem os remédios e a gente precisa cuidar.<<strong>br</strong> />

É um <strong>paciente</strong> clínico, mas também é psiquiátrico, é um<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> confuso, arranca isso, arranca aquilo, se joga pela<<strong>br</strong> />

janela, se machuca, toma álcool. Não é fácil” (T.7).<<strong>br</strong> />

“(...) nós teríamos que ter algum tipo <strong>de</strong> medicações sedativas<<strong>br</strong> />

específicas, para diminuir essa agressivida<strong>de</strong>, essa violência<<strong>br</strong> />

que ele possa apresentar no momento, até para os <strong>cuidado</strong>s<<strong>br</strong> />

pessoais <strong>de</strong>le mesmo. Para evitar traumas e lesões corporais<<strong>br</strong> />

no <strong>paciente</strong>” (E.1).<<strong>br</strong> />

Os sintomas citados pelos sujeitos A.11, T.7 e E.1 para <strong>de</strong>screver a pessoa<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> transtorno mental apresentam generalizações <strong>de</strong> forma a enten<strong>de</strong>r que todos<<strong>br</strong> />

os <strong>paciente</strong>s são agressivos e agitados. A relação entre as pessoas <strong>com</strong> transtorno<<strong>br</strong> />

mental e agressivida<strong>de</strong>, violência e perigo tem sido transferida <strong>de</strong> geração a geração<<strong>br</strong> />

e, ainda, se mantém no imaginário social e <strong>de</strong> alguns profissionais da saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

(SADOCK; SADOCK, 2007). Nas falas anteriores, pô<strong>de</strong>-se apreen<strong>de</strong>r a<<strong>br</strong> />

preocupação dos sujeitos <strong>com</strong> a agressivida<strong>de</strong>, a agitação e confusão mental que<<strong>br</strong> />

eventualmente o <strong>paciente</strong> apresente e, consequentemente, <strong>com</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

empregar medidas <strong>de</strong> restrição física ou sedação <strong>com</strong>o medidas <strong>de</strong> proteção.<<strong>br</strong> />

Apesar <strong>de</strong> estudos revelarem que poucos são os <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno<<strong>br</strong> />

mental que realmente apresentam <strong>com</strong>portamento agressivo e violento, esta é uma<<strong>br</strong> />

preocupação presente no dia a dia dos profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> que prestam<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>s a essa clientela, seja em serviços especializados ou não (FRIEDMAN,<<strong>br</strong> />

2006; SADOCK; SADOCK, 2007; PAES, 2009).<<strong>br</strong> />

A administração <strong>de</strong> medicação <strong>com</strong> intuito <strong>de</strong> sedar o <strong>paciente</strong> foi citada<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o um dos recursos utilizados para mantê-lo calmo e em segurança. Há ainda<<strong>br</strong> />

menção a que esses talvez pelo seu estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental não consigam<<strong>br</strong> />

gerenciar a ingestão da dose certa <strong>de</strong> medicação em casa, o que torna importante a<<strong>br</strong> />

administração correta <strong>de</strong> medicamentos pela equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> enquanto o


72<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> estiver sendo <strong>cuidado</strong> no Pronto Atendimento. Um dos relatos externou a<<strong>br</strong> />

inquietação do profissional em administrar a medicação sedativa para diminuir a<<strong>br</strong> />

agressivida<strong>de</strong> que o <strong>paciente</strong> venha a apresentar e, consequentemente, oferecer<<strong>br</strong> />

segurança a ambos.<<strong>br</strong> />

Percebeu-se que a prescrição médica e a terapêutica medicamentosa têm<<strong>br</strong> />

sido os norteadores dos <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> prestados <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica. Não foram mencionadas ações autônomas da<<strong>br</strong> />

equipe quanto <strong>ao</strong> <strong>cuidado</strong>, inclusive sendo referido que em situações <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

emergências os <strong>cuidado</strong>s <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica são<<strong>br</strong> />

realizados sem conhecimento:<<strong>br</strong> />

“Outro <strong>cuidado</strong> seria na questão <strong>de</strong> você avaliar a medicação,<<strong>br</strong> />

que é feita. É um <strong>cuidado</strong> que a gente acaba fazendo, a dose<<strong>br</strong> />

certa. Geralmente eles acabam tomando medicamento [em<<strong>br</strong> />

casa] um pouco mais ou um pouco menos” (T.2).<<strong>br</strong> />

“Primeiro eu sigo a prescrição médica e quando a gente vê que<<strong>br</strong> />

tá muito grave o caso <strong>de</strong>le, muita agitação, tem que ir até <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

médico para ter uma orientação melhor” (A.2).<<strong>br</strong> />

“(...) chega um <strong>paciente</strong> psiquiátrico e daí que acaba sendo<<strong>br</strong> />

aquele corre-corre, assim da gente fazer as coisas por fazer,<<strong>br</strong> />

mas não que a gente saiba o que realmente a gente está<<strong>br</strong> />

fazendo” (T.5).<<strong>br</strong> />

As várias referências dos sujeitos so<strong>br</strong>e a administração <strong>de</strong> medicamentos e<<strong>br</strong> />

seguir a orientação e prescrição do médico são atitu<strong>de</strong>s que remontam à história da<<strong>br</strong> />

psiquiatria, fortemente presente a partir da medicalização do hospício. Com a<<strong>br</strong> />

entrada da clínica médica nos hospitais gerais e o surgimento dos manicômios, a<<strong>br</strong> />

loucura passou a ser objeto da medicina. Inicialmente, a psiquiatria clássica esteve<<strong>br</strong> />

às voltas do louco a fim <strong>de</strong> codificar os fenômenos psíquicos relacionando-os <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

as disfunções orgânicas, intervindo so<strong>br</strong>e eles por meio do uso <strong>de</strong> variadas formas<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> tratamento <strong>com</strong>o, por exemplo, o moral e físico (AMARANTE et al., 2003;<<strong>br</strong> />

GUARIDO, 2007).<<strong>br</strong> />

A partir da segunda meta<strong>de</strong> do século XX, iniciou-se o processo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

aceleração do <strong>de</strong>senvolvimento técnico-científico no mundo todo e, assim, a<<strong>br</strong> />

farmacologia <strong>com</strong>eçou a produção em larga escala das primeiras drogas<<strong>br</strong> />

psicotrópicas. Com isso, há um <strong>de</strong>slocamento das ações da psiquiatria dos modos


73<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> tratamento moral e físico para as terapias farmacológicas. Nos últimos anos, a<<strong>br</strong> />

psiquiatria contemporânea tem lançado mão <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong> pesquisa<<strong>br</strong> />

relacionando as psicopatologias <strong>com</strong> disfunções cere<strong>br</strong>ais. Dessa forma, têm-se a<<strong>br</strong> />

naturalização das doenças e a subordinação das pessoas à bioquímica cere<strong>br</strong>al e a<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>fesa da i<strong>de</strong>ia que somente pelo uso regular <strong>de</strong> medicamentos haverá melhora nos<<strong>br</strong> />

quadros psicopatológicos (GUARIDO, 2007; CARNEIRO, 2008).<<strong>br</strong> />

Por outro lado, o mo<strong>de</strong>lo psicossocial preconiza a promoção da integralida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

e integração dos <strong>cuidado</strong>s. Compreen<strong>de</strong>m-se por integralida<strong>de</strong> a inclusão <strong>de</strong> todas<<strong>br</strong> />

as dimensões humanas e a integração pela articulação das várias formas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> pelos diferentes profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, cada um em sua área específica,<<strong>br</strong> />

mas focado nas necessida<strong>de</strong>s do <strong>paciente</strong>. Dessa forma, o espaço <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong> às<<strong>br</strong> />

pessoas <strong>com</strong> transtorno mental <strong>de</strong>ve possuir uma equipe multidisciplinar, da qual a<<strong>br</strong> />

Enfermagem é parte integrante (AMARANTE et al., 2003; JORGE et al., 2006).<<strong>br</strong> />

5.2.1.2 Contenção física e química <strong>com</strong>o medidas <strong>de</strong> proteção <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

As medidas que foram citadas pelos sujeitos para proteção e segurança do<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> são, essencialmente, a contenção física e/ou química. Um dos sujeitos foi<<strong>br</strong> />

enfático em relatar que quando se pensa em <strong>paciente</strong> psiquiátrico, <strong>de</strong> imediato ele é<<strong>br</strong> />

relacionado <strong>com</strong> a contenção física e química:<<strong>br</strong> />

“Porque a gente quando pensa em <strong>paciente</strong> psiquiátrico só<<strong>br</strong> />

pensa em medicação e contenção” (T.5).<<strong>br</strong> />

“Eu acho assim, que a gente que trata <strong>de</strong>sses <strong>paciente</strong>s, a<<strong>br</strong> />

gente ten<strong>de</strong> mais a querer que esse <strong>paciente</strong> esteja contido e<<strong>br</strong> />

geralmente a gente o contém. Geralmente o tratamento é <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

contenção e <strong>com</strong> drogas. Para <strong>paciente</strong> que está em crise,<<strong>br</strong> />

além da administração <strong>de</strong> medicamentos, a gente tenta fazer<<strong>br</strong> />

uma contenção (...)” (A.10).<<strong>br</strong> />

“Ah, vamos conter, fazer a contenção (...). Geralmente você<<strong>br</strong> />

não está sozinho, então segura, amarra, faz a contenção, é<<strong>br</strong> />

esse tipo <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>, mas nada <strong>de</strong> específico. Além <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

medicar, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> ali do <strong>paciente</strong>, o que ele está apresentando<<strong>br</strong> />

na hora, que tudo é do momento” (A.6).


74<<strong>br</strong> />

Da Antiguida<strong>de</strong> até a atualida<strong>de</strong>, foram utilizados verda<strong>de</strong>iros arsenais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

instrumentos para conter o louco <strong>com</strong>o correntes e cinturões <strong>de</strong> ferro, algemas,<<strong>br</strong> />

grilhões, cordas, camisa <strong>de</strong> força, celas-forte, coleiras <strong>de</strong> couro, lençol <strong>de</strong> couro,<<strong>br</strong> />

faixas <strong>de</strong> tecido, entre outros (PAES, 2007).<<strong>br</strong> />

A contenção física é um procedimento utilizado nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

mental, mas também na clínica geral. A relação do portador <strong>de</strong> transtorno mental<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a contenção física remonta há anos da história da loucura. Nas concepções<<strong>br</strong> />

mítico-religiosas da Antiguida<strong>de</strong>, o louco ora era instrumento <strong>de</strong> Deus, ora do diabo,<<strong>br</strong> />

mas, em ambas as situações, a figura <strong>de</strong> ferocida<strong>de</strong> era lhe atribuída, a qual <strong>de</strong>via<<strong>br</strong> />

ser contida pelos grilhões <strong>de</strong> ferro ou por aprisionamento nos porões dos castelos<<strong>br</strong> />

(PAES, 2007).<<strong>br</strong> />

Na Ida<strong>de</strong> Média, a loucura era <strong>com</strong>preendida <strong>com</strong>o consequência da relação<<strong>br</strong> />

conflituosa entre o homem e a divinda<strong>de</strong>, que gerava castigos <strong>de</strong>vido às faltas<<strong>br</strong> />

morais e pecados <strong>com</strong>etidos. A doença podia ainda ser provocada pela possessão<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> um espírito maligno no organismo do indivíduo ou pela evasão da alma do corpo<<strong>br</strong> />

da pessoa. Assim, as famílias que possuíam pessoas <strong>com</strong> transtorno mental<<strong>br</strong> />

utilizavam artifícios para isolá-las e contê-las em suas casas e, <strong>de</strong>ssa forma, evitar<<strong>br</strong> />

que a socieda<strong>de</strong> as vissem e, consequentemente, relacionasse a doença <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

castigo por pecados <strong>com</strong>etidos (VIETTA; KODATO; FURLAN, 2001; PAES, 2007).<<strong>br</strong> />

Com a Renascença e o mercantilismo, a loucura passou a ser consi<strong>de</strong>rada<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o ociosida<strong>de</strong> e preguiça e o louco um ser improdutivo. Assim, aqueles que se<<strong>br</strong> />

encontrassem perambulando pelas ruas eram passíveis <strong>de</strong> aprisionamentos em<<strong>br</strong> />

ca<strong>de</strong>ias e porões dos castelos, por constituírem ameaça e problema moral para a<<strong>br</strong> />

socieda<strong>de</strong> (VIETTA; KODATO; FURLAN, 2001).<<strong>br</strong> />

Ao institucionalizar a loucura, a partir do século XVIII, além da reclusão nos<<strong>br</strong> />

espaços próprios para os loucos, os atos <strong>de</strong> restrição foram intensificados, uma vez<<strong>br</strong> />

que se necessitava manter a or<strong>de</strong>m nos hospícios e manicômios. Sua utilização<<strong>br</strong> />

visava a dominar o louco pela força em momentos <strong>de</strong> crises e submetê-lo à vonta<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

daqueles que os atendiam. Nessa perspectiva, a contenção física é um dos ícones<<strong>br</strong> />

mais representativos do mo<strong>de</strong>lo mani<strong>com</strong>ial, pois os procedimentos restritivos foram<<strong>br</strong> />

utilizados <strong>com</strong>o formas <strong>de</strong> punição, quando os loucos se apresentavam agressivos,<<strong>br</strong> />

indisciplinados ou resistentes <strong>ao</strong>s tratamentos oferecidos (SILVA, 2007). Percebe-se<<strong>br</strong> />

pelo relato do sujeito T.5 que esse ícone mantém forte relação <strong>com</strong> os <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> transtorno mental.


75<<strong>br</strong> />

Nas instituições psiquiátricas, existiam as pessoas <strong>com</strong> a função específica<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> realizar procedimentos restritivos, os “enfermeiros”. Eram trabalhadores <strong>de</strong> mão<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> o<strong>br</strong>a barata <strong>com</strong> pouca instrução e que tinham função <strong>de</strong> manter a or<strong>de</strong>m nos<<strong>br</strong> />

hospícios e, para tanto, utilizavam a força física e contenções físicas. Neste<<strong>br</strong> />

contexto, até nos dias atuais a contenção tem sido consi<strong>de</strong>rada prática da equipe <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental (PAES, 2007; PAES et al. 2009).<<strong>br</strong> />

À medida que houve evolução nas práticas em saú<strong>de</strong> mental, principalmente<<strong>br</strong> />

aquelas impulsionadas pela reforma psiquiátrica, passaram a existir novos serviços<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> tratamento para pessoas <strong>com</strong> transtorno mental paralelamente à diminuição dos<<strong>br</strong> />

leitos em espaços típicos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo asilar mani<strong>com</strong>ial (VIETTA; KODATO; FURLAN,<<strong>br</strong> />

2001). Com a aprovação da Lei 10.216/01, que redireciona o mo<strong>de</strong>lo assistencial às<<strong>br</strong> />

pessoas <strong>com</strong> transtorno mental, surgiram espaços para discussão so<strong>br</strong>e as práticas<<strong>br</strong> />

na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental, as quais <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>senvolvidas em ambiente e <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

medidas menos invasivas e restritivas possíveis (PAES et al., 2009; SILVA 2007).<<strong>br</strong> />

Contudo, nota-se que as medidas <strong>de</strong> contenção física são procedimentos<<strong>br</strong> />

que se mantêm na prática tanto <strong>de</strong> hospitais clínicos quanto nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

mental e, que em algumas vezes, são utilizadas sem critérios preestabelecidos, o<<strong>br</strong> />

que está em consonância <strong>com</strong> a fala do sujeito A.10 em referir so<strong>br</strong>e a tendência<<strong>br</strong> />

que os profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> têm em querer que o <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> transtorno<<strong>br</strong> />

mental se mantenha contido. Isto porque na concepção <strong>de</strong> alguns profissionais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong>, <strong>com</strong>o se constata nos relatos anteriores, o portador <strong>de</strong> transtorno<<strong>br</strong> />

mental sempre agri<strong>de</strong>, se agita, per<strong>de</strong> o controle e não consegue se acalmar,<<strong>br</strong> />

mesmo quando se utilizam abordagens <strong>com</strong>unicacionais e por isso <strong>de</strong>ve ser contido<<strong>br</strong> />

e sedado. Alguns estudos mostram a existência <strong>de</strong> alta prevalência <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

medidas restritivas na prática clínica nos Estados Unidos e países da Europa. Os<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> maior percentual <strong>de</strong> contenções são os idosos <strong>com</strong> confusão mental<<strong>br</strong> />

e/ou transtorno mental (HAMERS; HUIZING, 2005; HUIZING et al., 2007;<<strong>br</strong> />

FENG et al., 2009).<<strong>br</strong> />

A contenção física po<strong>de</strong> ser utilizada <strong>de</strong> forma terapêutica, porém requer<<strong>br</strong> />

atenção para evitar sua banalização. É um recurso que <strong>de</strong>ve ser utilizado após a<<strong>br</strong> />

tentativa <strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> abordagens que se mostraram insuficientes para o<<strong>br</strong> />

manejo dos episódios <strong>de</strong> agitação ou agressivida<strong>de</strong>, <strong>com</strong>o a abordagem verbal<<strong>br</strong> />

(PAES, 2007; PAES et al., 2009).


76<<strong>br</strong> />

Alguns profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>nominam a contenção física erroneamente,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o amarrar ou pren<strong>de</strong>r, termos presentes na fala do sujeito A.6. Porém, trata-se<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> procedimento terapêutico <strong>de</strong> contenção física e não um ato agressivo, <strong>de</strong>sumano,<<strong>br</strong> />

antiético e grosseiro <strong>de</strong> amarrar pessoas. Contudo, observa-se que é <strong>com</strong>um tanto<<strong>br</strong> />

em hospitais clínicos quanto psiquiátricos o uso equivocado do termo “amarrar o<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>” <strong>ao</strong> invés <strong>de</strong> “conter o <strong>paciente</strong>” (PAES, 2007).<<strong>br</strong> />

Em um estudo que faz uma análise da Lei nº 10.216/01, Silva (2007) mostrase<<strong>br</strong> />

contrária à contenção física <strong>de</strong> pessoa <strong>com</strong> transtorno mental tanto na prática<<strong>br</strong> />

clínica, quanto na psiquiátrica, uma vez que não a consi<strong>de</strong>ra medida <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong> em<<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong>. Para sustentar sua opinião, ela se reporta à história da psiquiatria e à relação<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> as práticas restritivas e explicita que esses procedimentos são os que mais<<strong>br</strong> />

apresentam “dificulda<strong>de</strong>s em se justificar, tanto na perspectiva médica quanto da<<strong>br</strong> />

jurídica”. Por outro lado, consi<strong>de</strong>ra <strong>com</strong>o i<strong>de</strong>al o uso da <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

intervenção so<strong>br</strong>e episódios <strong>de</strong> agitação e agressivida<strong>de</strong>, haja vista que por<<strong>br</strong> />

intermédio <strong>de</strong>sta forma <strong>de</strong> intervenção não existe violação da vonta<strong>de</strong>, pois há o<<strong>br</strong> />

consentimento do <strong>paciente</strong> e se <strong>de</strong>senvolve sem traumas e, <strong>de</strong>ssa forma, po<strong>de</strong>-se<<strong>br</strong> />

configurar <strong>com</strong>o <strong>cuidado</strong> (SILVA, 2007, p. 28).<<strong>br</strong> />

Houve a inquietação em dar conforto na contenção física no leito para evitar<<strong>br</strong> />

outros agravos. O sujeito E.2 enten<strong>de</strong>u que a contenção, algumas vezes, é utilizada<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o uma forma <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r do profissional so<strong>br</strong>e o <strong>paciente</strong>:<<strong>br</strong> />

“É fazer, melhorar o conforto, contê-lo para que não se<<strong>br</strong> />

machuque e tentar melhorar o máximo possível do conforto<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>le, para que ele não tenha danos físicos e mais danos<<strong>br</strong> />

psiquiátricos (...). É assim que eu vejo o papel da <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

nos <strong>cuidado</strong>s gerais <strong>de</strong> contenção sem machucar, a<<strong>br</strong> />

medicação” (A.10).<<strong>br</strong> />

“Um <strong>cuidado</strong> principal seria pela agitação cuidar para que eles<<strong>br</strong> />

não se machuquem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fazer uma contenção, tem que<<strong>br</strong> />

cuidar ali na contenção para ver se não vai tracionar e para que<<strong>br</strong> />

ele não fique se batendo, tem que se proteger. O mínimo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

conforto que você <strong>de</strong>ixaria para ele, que se ele se bater para<<strong>br</strong> />

ele não se machucar, para ele não fazer lesões” (A.2).


77<<strong>br</strong> />

“Eu acho que a contenção do <strong>paciente</strong> é (...) é a agressivida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

da equipe em resposta à agressivida<strong>de</strong> do <strong>paciente</strong>, pela<<strong>br</strong> />

ignorância, muitas vezes” (E.2).<<strong>br</strong> />

O uso <strong>de</strong> contenção física <strong>de</strong>ve receber cada vez mais atenção dos<<strong>br</strong> />

pesquisadores, instituições e do governo. Questões <strong>com</strong>o conforto durante o período<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> contenção, razões que levam o <strong>paciente</strong> a ser contido, a eficácia e a<<strong>br</strong> />

consequência <strong>de</strong> seu uso <strong>de</strong>vem ser abordadas <strong>de</strong> forma mais ampla pela literatura<<strong>br</strong> />

e <strong>com</strong> maior a<strong>br</strong>angência nas discussões da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental e também na<<strong>br</strong> />

clínica geral (PAES et al.,2009).<<strong>br</strong> />

Um estudo <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong> literatura realizado por pesquisador norteamericano<<strong>br</strong> />

referente à eficácia clínica da contenção física e isolamento concluiu que<<strong>br</strong> />

tais procedimentos são eficazes na prevenção <strong>de</strong> agravos em situações <strong>de</strong> agitação<<strong>br</strong> />

do <strong>paciente</strong>, por outro lado po<strong>de</strong> apresentar efeitos <strong>de</strong>letérios físicos e psicológicos<<strong>br</strong> />

quando realizados <strong>com</strong> características coercitivas (FISHER 8 , 1994 apud CURRIER;<<strong>br</strong> />

ALLEN, 2000).<<strong>br</strong> />

Em outro estudo mais recente <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong> literatura so<strong>br</strong>e contenção física<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvida pela Cochrane, a estratégia <strong>de</strong> busca rastreou 2155 citações, em que<<strong>br</strong> />

35 estudos foram analisados. Concluiu-se que <strong>de</strong>stes nenhum possuía teor científico<<strong>br</strong> />

nos mol<strong>de</strong>s da MBE (medicina baseada em evidência) por serem estudos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

abordagem qualitativa. A conclusão, bem <strong>ao</strong> estilo das revisões da Cochrane, é<<strong>br</strong> />

lacônica: não há evidência científica do benefício <strong>de</strong>stas técnicas e, portanto, <strong>de</strong>vem<<strong>br</strong> />

ser questionadas e produzidos novos estudos conduzidos por ensaios clínicos<<strong>br</strong> />

controlados e randomizados (SAILAS; FENTON, 2005).<<strong>br</strong> />

No Brasil inexiste legislação <strong>de</strong> Enfermagem que regulamente as medidas<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> contenção física para pessoas <strong>com</strong> transtorno mental. Após a adoção <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

medidas restritivas, <strong>de</strong>ve-se realizar a anotação <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> no prontuário do<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s, visto que ele é consi<strong>de</strong>rado um documento legal e po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> material<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> evidências a questionamentos administrativos, judiciais e/ou pelo conselho<<strong>br</strong> />

profissional (TIMBY, 2001). Para lançar mão <strong>de</strong>sse procedimento, <strong>de</strong>ve-se ter<<strong>br</strong> />

justificativa plausível, portanto, a documentação <strong>de</strong>ve incluir uma <strong>de</strong>scrição do<<strong>br</strong> />

8 FISHER, W.A. Restraint and seclusion: a review of the literature. American Journal of Psychiatry.<<strong>br</strong> />

v.151, p.1584-91, 1994.


78<<strong>br</strong> />

evento que levou <strong>ao</strong> uso das medidas <strong>de</strong> contenção, as alternativas tentadas ou<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>radas e o <strong>com</strong>portamento do <strong>paciente</strong> que justifique a ação e, igualmente,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o ocorreu o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong>senvolvido (STUART; LARAIA, 2002).<<strong>br</strong> />

Os sujeitos reiteraram a pessoa <strong>com</strong> transtorno mental <strong>com</strong>o perigosa e o<<strong>br</strong> />

sujeito T.6 <strong>de</strong>screveu o <strong>paciente</strong> <strong>com</strong>o que sempre em surto e que em ambos os<<strong>br</strong> />

casos <strong>de</strong>ve ser contido no leito. Demonstraram a tendência <strong>de</strong> que <strong>ao</strong> se <strong>de</strong>parar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> psiquiátrica no Pronto Atendimento, <strong>de</strong> imediato<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve-se fazer a contenção física <strong>com</strong> a justificativa <strong>de</strong> protegê-lo:<<strong>br</strong> />

“Se ele é perigoso, eu tenho que conter para <strong>de</strong>pois medicar,<<strong>br</strong> />

para não ter risco <strong>de</strong>le se machucar, não sair por aí e se<<strong>br</strong> />

machucar, não cair da cama, ou fugir ou agredir” (T.1).<<strong>br</strong> />

“Contê-lo e fazer a medicação, sempre chamando o médico<<strong>br</strong> />

rápido quando eles estão muito agitados. (...) Ele sempre está<<strong>br</strong> />

em surto, então é mais contenção e medicação sedativa” (T.6).<<strong>br</strong> />

Nas falas anteriores dos sujeitos T.1 e T.6, apreen<strong>de</strong>u-se que o estigma da<<strong>br</strong> />

figura do louco violento que ainda se encontra arraigado no imaginário popular,<<strong>br</strong> />

também está na <strong>de</strong> alguns profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Assim, esses profissionais<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preen<strong>de</strong>m que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da condição psíquica em que o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

esteja, somente pelo fato <strong>de</strong> ser pessoa <strong>com</strong> transtorno mental, <strong>de</strong>va ser contido e<<strong>br</strong> />

sedado.<<strong>br</strong> />

O preconceito e os mitos <strong>de</strong> ser o doente mental perigoso, amedrontador e<<strong>br</strong> />

mau-caráter se mantêm fortalecidos na socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido serem transmitidos às<<strong>br</strong> />

crianças no ambiente familiar e pela mídia (MAFTUM; STEFANELLI; MAZZA,1999).<<strong>br</strong> />

Dessa forma, os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, imbuídos <strong>de</strong> prejulgamentos e<<strong>br</strong> />

generalizações, <strong>ao</strong> se <strong>de</strong>pararem <strong>com</strong> o doente mental nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ten<strong>de</strong>m a apresentar sentimentos <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong>, temor e insegurança, o que os<<strong>br</strong> />

levam a querer que o <strong>paciente</strong> se mantenha calmo, por sedação e/ou contenção<<strong>br</strong> />

física, sem tentar primeiramente a abordagem pela <strong>com</strong>unicação (CAMPOS;<<strong>br</strong> />

TEIXEIRA, 2001; SADOCK; SADOCK, 2007; PAES, 2007).<<strong>br</strong> />

A generalização da agressivida<strong>de</strong> e violência da pessoa <strong>com</strong> transtorno<<strong>br</strong> />

mental po<strong>de</strong> ser explicada pela formação <strong>de</strong> juízos provisórios, ou prejulgamentos,<<strong>br</strong> />

que o ser humano faz em seu cotidiano. São ultrageneralizações <strong>com</strong> foco em


79<<strong>br</strong> />

particularida<strong>de</strong>s, as quais são utilizadas na presença <strong>de</strong> circunstância singulares, em<<strong>br</strong> />

que há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização das ativida<strong>de</strong>s cotidianas e, <strong>de</strong>ssa forma, tentar<<strong>br</strong> />

apreen<strong>de</strong>r fenômenos pouco conhecidos ou totalmente <strong>de</strong>sconhecidos (HELLER 9 ,<<strong>br</strong> />

1992 apud CAMPOS; TEXEIRA, 2001).<<strong>br</strong> />

5.2.1.3 A contenção física <strong>com</strong>o proteção à equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

Além das ações para proteção física do <strong>paciente</strong>, os sujeitos ressaltaram a<<strong>br</strong> />

importância da segurança da equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> na sua abordagem em<<strong>br</strong> />

episódios <strong>de</strong> agressivida<strong>de</strong>. Destacaram o uso da contenção física para a segurança<<strong>br</strong> />

tanto do <strong>paciente</strong> quanto dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>:<<strong>br</strong> />

“(...) outro <strong>cuidado</strong> que po<strong>de</strong>ríamos ter <strong>com</strong> <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

alterações seria realmente a segurança. A parte que nos<<strong>br</strong> />

preocupa e que é <strong>de</strong> fundamental importância, é que se dê<<strong>br</strong> />

segurança <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong>, por estar agitado e, so<strong>br</strong>e agressões<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> ele e <strong>com</strong> a equipe” (E.1).<<strong>br</strong> />

“(...) dar assistência a ele, mas ter <strong>cuidado</strong> <strong>com</strong> você, os<<strong>br</strong> />

profissionais, os colegas. Acho que esse é um <strong>cuidado</strong> que a<<strong>br</strong> />

gente <strong>de</strong>ve ter. Às vezes a gente acaba fazendo assim, vamos<<strong>br</strong> />

conter prá segurança <strong>de</strong>les e da gente também (...)” (T.2).<<strong>br</strong> />

Os profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>de</strong>senvolverem o <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> sintomas psiquiátricos ten<strong>de</strong>m a apresentar sentimentos <strong>com</strong>o, por exemplo,<<strong>br</strong> />

medo e insegurança, os quais po<strong>de</strong>m dificultar e até impedir o <strong>cuidado</strong>. Para tanto,<<strong>br</strong> />

esses sentimentos <strong>de</strong>vem ser controlados para que o <strong>cuidado</strong> possa ser prestado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

forma sistemática e <strong>com</strong> qualida<strong>de</strong> (MARCOLAN, 2004).<<strong>br</strong> />

Cabe ressaltar que são poucos os <strong>paciente</strong>s que realmente apresentam<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamento agressivo e violento, haja vista que aquele que agri<strong>de</strong> é uma pessoa<<strong>br</strong> />

que também está amedrontada, uma vez que existe íntima relação entre<<strong>br</strong> />

agressivida<strong>de</strong>, insegurança e medo. A insegurança po<strong>de</strong> produzir o medo, que<<strong>br</strong> />

causa o <strong>de</strong>scontrole <strong>de</strong> impulsos agressivos e que resulta em agressivida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

9 HELLER, A. O cotidiano e a história. 4. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992.


80<<strong>br</strong> />

manifestada <strong>de</strong> forma verbal ou física. O medo po<strong>de</strong> ser intensificado pela presença<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>lírios ou alucinações. Diante disso, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> <strong>com</strong>o se aborda o <strong>paciente</strong>,<<strong>br</strong> />

sua agressivida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> aumentar ou diminuir (SADOCK; SODOCK, 2007; PAES,<<strong>br</strong> />

2007). Dessa forma, <strong>de</strong>staca-se a importância da equipe estar prepara para utilizar<<strong>br</strong> />

medidas que efetivem a relação interpessoal <strong>com</strong>o a <strong>com</strong>unicação, que <strong>de</strong>ve ser o<<strong>br</strong> />

recurso <strong>de</strong> primeira escolha no <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

(STEFANELLI, 2005c).<<strong>br</strong> />

Para tanto, torna-se imprescindível a <strong>de</strong>smitificação da figura do louco <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

o incontrolável e perigoso, que não <strong>de</strong>ixa alternativas <strong>ao</strong>s profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />

que não seja realizar a contenção física ou a sedação, sem informar, sem dialogar,<<strong>br</strong> />

sem tentar outras formas <strong>de</strong> abordagem, para evitar a eventual resistência do<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> (SILVA, 2007).<<strong>br</strong> />

Friedman (2006), em um estudo, <strong>com</strong>parou índices <strong>de</strong> violência relacionados<<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> transtorno mental contra profissionais nos serviços <strong>de</strong> assistência à<<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong> mental nos Estados Unidos, concluindo que o risco <strong>de</strong> violência é pequeno,<<strong>br</strong> />

mas existe. Essa possibilida<strong>de</strong> aumenta quando se trata <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>pendência química. No manejo da agressivida<strong>de</strong>, os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vem avaliar o ambiente e o estado <strong>de</strong> agitação do <strong>paciente</strong> e perceber que<<strong>br</strong> />

quando as medidas terapêuticas <strong>de</strong> primeira escolha não surtiram efeito, medidas<<strong>br</strong> />

restritivas po<strong>de</strong>m ser adotadas visando à proteção do <strong>paciente</strong> e da equipe<<strong>br</strong> />

envolvida. O autor enfoca que os profissionais da área da saú<strong>de</strong> não <strong>de</strong>vem<<strong>br</strong> />

esquecer que a maioria das pessoas que são violentas não são doentes mentais e a<<strong>br</strong> />

maioria das pessoas <strong>com</strong> transtorno mental não são violentas.<<strong>br</strong> />

Alguns sujeitos <strong>de</strong>monstraram dúvidas so<strong>br</strong>e a eficácia do uso da contenção<<strong>br</strong> />

física no leito <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> agitação ou alteração <strong>de</strong> conduta. Reconheceram<<strong>br</strong> />

que não são todos os <strong>paciente</strong>s psiquiátricos que necessitam ficar contidos, mesmo<<strong>br</strong> />

após terem apresentado um episódio <strong>de</strong> agitação. Consi<strong>de</strong>raram que tal<<strong>br</strong> />

procedimento po<strong>de</strong> aumentar a agitação ou a agressivida<strong>de</strong> e agravar o estado<<strong>br</strong> />

mental do <strong>paciente</strong>, visto que o motivo da agitação manifestada pelo <strong>paciente</strong> po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ver-se à contenção física. Para eles, a contenção física no leito não é realizada <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

forma i<strong>de</strong>al, pela falta <strong>de</strong> aparatos a<strong>de</strong>quados, e <strong>de</strong>veria ser melhorada. Segundo os<<strong>br</strong> />

sujeitos, o uso <strong>de</strong> contenção química po<strong>de</strong>ria substituir a física. Ao mesmo tempo


81<<strong>br</strong> />

em que a contenção física no leito proporciona proteção <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> ela po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />

agente <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ador <strong>de</strong> injúrias físicas:<<strong>br</strong> />

“(...) não é por ele ter um distúrbio psiquiátrico, que <strong>de</strong>ve ficar<<strong>br</strong> />

amarrado. (...) Aqui no hospital, quando o <strong>paciente</strong> se agita um<<strong>br</strong> />

pouco: Ah! Vamos fazer contenção! Eu não acho que tem <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ser feita a contenção para todos os <strong>paciente</strong>s psiquiátricos”<<strong>br</strong> />

(E.3).<<strong>br</strong> />

“Eu já percebi que, às vezes, você contém o <strong>paciente</strong> porque<<strong>br</strong> />

ele está agitado. Ou ele está agitado por estar contido. Às<<strong>br</strong> />

vezes, o <strong>paciente</strong> está lutando, <strong>br</strong>igando, se movimentando<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> toda a força, <strong>com</strong> toda a ferocida<strong>de</strong>, por estar contido”<<strong>br</strong> />

(E.6).<<strong>br</strong> />

“(...) erguer a gra<strong>de</strong>, conter, eu acho que só isso não basta. Ao<<strong>br</strong> />

conter, a gente machuca mais o <strong>paciente</strong> do que se a gente<<strong>br</strong> />

ficasse aqui, procurasse o médico, ficasse por perto,<<strong>br</strong> />

procurasse uma medicação que fosse mais eficaz que<<strong>br</strong> />

mantivesse o <strong>paciente</strong> mais tranquilo” (T.5).<<strong>br</strong> />

“Eu sou contra contenção, porque eu acho que ela <strong>de</strong>ixa<<strong>br</strong> />

marcas na pessoa (...) pelo <strong>com</strong>portamento dos <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

contidos, eu acho que esse não é o melhor método” (A.8).<<strong>br</strong> />

A contenção física, quando realizada sem a indicação correta, po<strong>de</strong> trazer<<strong>br</strong> />

danos físicos e psíquicos para os <strong>paciente</strong>s (FISHER 8 , 1994 apud CURRIER;<<strong>br</strong> />

ALLEN, 2000; HUIZING et al., 2007). Ela é um procedimento válido que <strong>de</strong>ve ser<<strong>br</strong> />

utilizado <strong>com</strong>o último recurso no manejo <strong>de</strong> episódios <strong>de</strong> agressivida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

(MARCOLAN, 2004; PAES, 2007; SADOCK; SADOCK, 2007).<<strong>br</strong> />

Existem outras estratégias que <strong>de</strong>vem ser tentadas anteriormente às<<strong>br</strong> />

medidas restritivas: primeiramente a abordagem verbal pela <strong>com</strong>unicação<<strong>br</strong> />

terapêutica e, posteriormente, a contenção química (STEFANELLI, 1993; 2005b;<<strong>br</strong> />

CÁNOVAS RODRÍGUEZ, HERNÁNDEZ ORTEGA, 2008). Ressalta-se que a equipe<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>ve estar atenta para evitar que elementos externos e estressores<<strong>br</strong> />

possam influenciar o quadro psíquico do <strong>paciente</strong>, levando-o à agitação psi<strong>com</strong>otora<<strong>br</strong> />

(STUART; LARAIA, 2002).<<strong>br</strong> />

8 FISHER, W.A. Restraint and seclusion: a review of the literature. American Journal of Psychiatry.<<strong>br</strong> />

v.151, p.1584-91, 1994.


82<<strong>br</strong> />

A justificativa dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em conter os <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

transtorno mental po<strong>de</strong> ser interpretada <strong>com</strong>o resultado do estigma <strong>de</strong> agressivida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

e violência relacionadas <strong>com</strong> as manifestações <strong>de</strong> sintomas das doenças<<strong>br</strong> />

psiquiátricas. Uma vez que se acredita que a “loucura” seja perigosa, há a<<strong>br</strong> />

legitimação para atos restritivos <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s, pois uma vez contendo-os, diminuise<<strong>br</strong> />

o perigo iminente (SILVA, 2007).<<strong>br</strong> />

Outro fator que pesa contra a pessoa <strong>com</strong> transtorno mental é a dificulda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> parte da socieda<strong>de</strong> em reconhecê-la <strong>com</strong>o cidadã capaz e <strong>com</strong> direitos, mas que<<strong>br</strong> />

se encontra em um momento <strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong> e que precisa ser <strong>cuidado</strong> por uma<<strong>br</strong> />

equipe <strong>de</strong> profissionais qualificados e livre <strong>de</strong> estigmas e preconceitos (JORGE et<<strong>br</strong> />

al., 2006 ; SILVA, 2007).<<strong>br</strong> />

Assim, corroborando as falas anteriores, a contenção física em alguns casos<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> ser empregada para dar segurança <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong>, por outro lado se não for bem<<strong>br</strong> />

planejada e explicada a ele, tal procedimento po<strong>de</strong> significar uma forma <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

atemorização e/ou punição. À medida que o <strong>paciente</strong> se sente subjugado, po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

apresentar mais agitação do que inicialmente. Dessa forma, o procedimento se<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>scaracteriza <strong>com</strong>o <strong>cuidado</strong> e impe<strong>de</strong> a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> vínculo<<strong>br</strong> />

interpessoal, que é importante para o <strong>de</strong>senvolvimento das ações <strong>com</strong> os <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> transtorno mental (BOTEGA; DALGALARRONDO, 1997; PAES et al., 2009).<<strong>br</strong> />

A categoria a seguir é <strong>com</strong>posta por 236 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro, que<<strong>br</strong> />

equivalem a 36,08% do total <strong>de</strong> 654 unida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntificadas e analisadas a partir das<<strong>br</strong> />

entrevistas <strong>com</strong> os sujeitos.<<strong>br</strong> />

5.2.2 O <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica requer <strong>cuidado</strong>s<<strong>br</strong> />

específicos<<strong>br</strong> />

Os sujeitos relataram que o <strong>cuidado</strong> é realizado <strong>de</strong> forma generalizada, sem<<strong>br</strong> />

especificida<strong>de</strong>, entretanto, consi<strong>de</strong>raram os <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> psiquiátrica<<strong>br</strong> />

‘diferentes’ em relação <strong>ao</strong>s que estão em tratamento clínico. Um dos sujeitos referiu<<strong>br</strong> />

que o que torna o <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> transtorno mental diferente é a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

pensar normalmente. Dessa forma, os <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> voltados a essa


83<<strong>br</strong> />

clientela <strong>de</strong>vem ser diferenciados e que além da atenção <strong>ao</strong> estado clínico requerem<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>s específicos que a<strong>br</strong>anjam o psíquico. Salientaram que o <strong>cuidado</strong> ‘diferente’<<strong>br</strong> />

não <strong>de</strong>ve ser confundido <strong>com</strong> infantilização do <strong>paciente</strong>, pieda<strong>de</strong> ou incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

entendimento:<<strong>br</strong> />

“(...) é um <strong>paciente</strong> diferenciado dos <strong>paciente</strong>s clínicos. (...) a<<strong>br</strong> />

gente tem que agir <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> o problema que ele tem. Eu<<strong>br</strong> />

acho que esse <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong>veria ser específico” (E.6).<<strong>br</strong> />

“Mas ele precisa ter um atendimento diferenciado, para mim ele<<strong>br</strong> />

é um <strong>paciente</strong> diferenciado. (...) eu sempre procuro tratar bem,<<strong>br</strong> />

nada <strong>de</strong> o coitadinho (...). Não é tratar bem, mas é tratar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

uma forma diferenciada” (A.7).<<strong>br</strong> />

“(...) porque ele é realmente um <strong>paciente</strong> diferente mesmo,<<strong>br</strong> />

diferenciado, especial, que não está na sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

pensar normal” (T.7)<<strong>br</strong> />

“às vezes, a gente corre o risco <strong>de</strong> tratar o <strong>paciente</strong> <strong>com</strong>o se<<strong>br</strong> />

ele fosse uma criancinha, alguém que não enten<strong>de</strong> as coisas”<<strong>br</strong> />

(E.2).<<strong>br</strong> />

Des<strong>de</strong> o século XVIII, época em que se iniciou a institucionalização da<<strong>br</strong> />

loucura, as pessoas <strong>com</strong> transtorno mental, além <strong>de</strong> receberem o rótulo <strong>de</strong> “loucas”,<<strong>br</strong> />

“alienadas” ou “<strong>paciente</strong> psiquiátricas” foram consi<strong>de</strong>radas “seres diferentes”. A<<strong>br</strong> />

diferença estava relacionada <strong>com</strong> a <strong>de</strong>srazão, incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> juízo e <strong>de</strong> expressar<<strong>br</strong> />

a verda<strong>de</strong> a que o louco estava subjugado, <strong>com</strong>o foi explicitado pelo sujeito T.7.<<strong>br</strong> />

Assim, essa concepção foi utilizada pelo saber da medicina psiquiátrica para<<strong>br</strong> />

justificar as práticas <strong>de</strong> confinamento e a aplicação dos diversos aparatos<<strong>br</strong> />

disciplinadores <strong>com</strong>o formas <strong>de</strong> tratamento da loucura, que visavam a trazer o louco<<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong> seu estado racional (TORRE; AMARANTE, 2001; AMARANTE et al., 2003).<<strong>br</strong> />

Assim, apreen<strong>de</strong>-se que o ponto <strong>de</strong> vista apresentado pelos sujeitos em suas falas<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>scritas anteriormente está em consonância <strong>com</strong> a visão que se tinha do louco<<strong>br</strong> />

ainda no século XVIII, em que a diferenciação entre ele e os <strong>de</strong>mais doentes era<<strong>br</strong> />

atribuída à incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar e agir <strong>com</strong>o pessoa.<<strong>br</strong> />

Entretanto, <strong>com</strong> a possibilida<strong>de</strong> da reinserção social das pessoas <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

transtorno mental, trilha-se o caminho para a <strong>de</strong>smitificação e aceitação <strong>de</strong>sses. Há<<strong>br</strong> />

que se distanciar as práticas em saú<strong>de</strong> das concepções e atitu<strong>de</strong>s segregatórias e<<strong>br</strong> />

aproximar-se <strong>de</strong> métodos que contemplem as singularida<strong>de</strong>s das pessoas. A


84<<strong>br</strong> />

anormalida<strong>de</strong> conferida <strong>ao</strong>s portadores <strong>de</strong> transtorno mental, por serem<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong>sviantes das regras estabelecidas nas relações sociais produz, a<<strong>br</strong> />

interdição que nega o acesso <strong>ao</strong> mundo <strong>ao</strong>s que são consi<strong>de</strong>rados “diferentes”<<strong>br</strong> />

(TORRE; AMARANTE, 2001; JORGE et al., 2006).<<strong>br</strong> />

Conforme o relato do sujeito E.2, algumas pessoas, entre elas profissionais<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, ten<strong>de</strong>m a <strong>com</strong>parar e igualar o portador <strong>de</strong> transtorno mental<<strong>br</strong> />

erroneamente <strong>com</strong> crianças, que não <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>m e não sabem nada e,<<strong>br</strong> />

consequentemente, não sabem se cuidar. Concebem-no incapaz <strong>de</strong> <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r e<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> se expressar, <strong>de</strong>svalorizando a <strong>com</strong>unicação, não dando oportunida<strong>de</strong> <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar sua capacida<strong>de</strong> cognitiva, <strong>de</strong> autonomia e <strong>de</strong> entendimento<<strong>br</strong> />

(MACIEL et al., 2008).<<strong>br</strong> />

Peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas, bem <strong>com</strong>o que o portador <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

transtorno mental necessita receber <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, que atendam sua<<strong>br</strong> />

singularida<strong>de</strong> e que se distanciem <strong>de</strong> qualquer forma <strong>de</strong> preconceito ou exclusão.<<strong>br</strong> />

Assim, existe a necessida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>monstrar respeito à subjetivida<strong>de</strong> e à<<strong>br</strong> />

particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada pessoa, o que a torna diferente uma da outra (WALDOW,<<strong>br</strong> />

2008).<<strong>br</strong> />

Os sujeitos externaram a importância da observação contínua e intensiva<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o forma <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong> específico <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica.<<strong>br</strong> />

A finalida<strong>de</strong> da observação é perceber a reação do <strong>paciente</strong> e, para tanto, <strong>de</strong>ve-se<<strong>br</strong> />

dispensar maior tempo junto a ele e reforçar a atenção visando à vigilância:<<strong>br</strong> />

“(...) um <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> observação contínua e mais <strong>de</strong> perto (...)<<strong>br</strong> />

esse tipo <strong>de</strong> <strong>paciente</strong> necessita que você esteja mais perto.<<strong>br</strong> />

Tem que estar atento <strong>ao</strong> <strong>cuidado</strong> maior, à observação contínua<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sse <strong>paciente</strong>” (E.3).<<strong>br</strong> />

“A atenção é cuidar mais intensamente. É um <strong>cuidado</strong> que no<<strong>br</strong> />

meu ponto <strong>de</strong> vista é muito importante, a observação. Ficando<<strong>br</strong> />

mais tempo olhando o <strong>paciente</strong>, vendo qual o tipo <strong>de</strong> reação<<strong>br</strong> />

que ele tem” (T.4).<<strong>br</strong> />

“ter a observação contínua, não <strong>de</strong>ixar o <strong>paciente</strong> sozinho, o<<strong>br</strong> />

principal <strong>cuidado</strong> é a observação (...)” (A.9).<<strong>br</strong> />

A observação é ato indispensável para conhecer e <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r o mundo<<strong>br</strong> />

que nos cerca e a realida<strong>de</strong> em que estamos inseridos. A Enfermagem tem lançado<<strong>br</strong> />

mão <strong>de</strong>sse artifício em sua prática <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos <strong>de</strong> Florence Naghtingale, <strong>com</strong>o


85<<strong>br</strong> />

recurso para a gerência do <strong>cuidado</strong>. Destarte, a observação se tornou instrumento<<strong>br</strong> />

básico para o <strong>cuidado</strong> humano em Enfermagem, pois através <strong>de</strong>la se obtêm dados<<strong>br</strong> />

valiosos so<strong>br</strong>e o <strong>paciente</strong> e o ambiente, que subsidiam as ações que somadas se<<strong>br</strong> />

traduzem em forma <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>s (MATHEUS; FUGITA, SÁ, 2000).<<strong>br</strong> />

Observar significa olhar <strong>com</strong> atenção, examinar <strong>com</strong> minúcia, buscando<<strong>br</strong> />

avaliar por vários ângulos uma mesma situação, que lhe dê condições <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r um fenômeno. Isto implica utilização dos órgãos da percepção, o que<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>manda empenho e tempo do profissional. Assim, para que este instrumento se<<strong>br</strong> />

mostre eficaz, é preciso ter objetivos bem claros e estabelecidos para sua utilização,<<strong>br</strong> />

uma vez que “a observação não tem um fim em si mesma”. Para tanto, necessita ser<<strong>br</strong> />

sistematizada, <strong>com</strong> objetivos estabelecidos para subsidiar a transformação do<<strong>br</strong> />

contexto <strong>de</strong> ação da Enfermagem (MATHEUS; FUGITA, SÁ, 2000, p.5).<<strong>br</strong> />

A observação da equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> também <strong>de</strong>ve estar voltada <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

contexto ambiental em que está inserida e on<strong>de</strong> ocorre o <strong>cuidado</strong>. Pois nele, po<strong>de</strong>mse<<strong>br</strong> />

encontrar vários fatores que influenciam o <strong>com</strong>portamento do <strong>paciente</strong>. É preciso<<strong>br</strong> />

atentar a alguns <strong>de</strong>talhes quanto à luminosida<strong>de</strong>, ruído, cor, odor, ventilação,<<strong>br</strong> />

temperatura, umida<strong>de</strong> existente no ambiente e se eles têm relação <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamento ou reação do <strong>paciente</strong> (BAGGIO, CALLEGARO, ERDMANN, 2008).<<strong>br</strong> />

A observação é essencial para a <strong>com</strong>unicação não-verbal, que é o modo que<<strong>br</strong> />

não é expressado por palavras, mas envolve a postura corporal, gestos, fisionomia,<<strong>br</strong> />

forma <strong>de</strong> agir. Algumas reações apresentadas pelo <strong>paciente</strong> po<strong>de</strong>m subsidiar dados<<strong>br</strong> />

importantes para o planejamento e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações preventivas ou<<strong>br</strong> />

emergenciais pela equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> (STEFANELLI, 1993; SILVA, 2005).<<strong>br</strong> />

Ressalta-se que a observação não <strong>de</strong>ve ser tomada ou entendida <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

elemento <strong>de</strong> vigilância da maneira expressa nas falas dos sujeitos E.3 e T.4, ação<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sempenhada pela Enfermagem mani<strong>com</strong>ial do século XIX. O hospício era um<<strong>br</strong> />

local fechado, que tinha, <strong>com</strong>o proprieda<strong>de</strong> essencial, a vigilância, uma vez que o<<strong>br</strong> />

louco <strong>de</strong>via ser vigiado em todos os momentos e lugares, submetido <strong>ao</strong> olhar<<strong>br</strong> />

permanente dos enfermeiros (BELMONTE et al.,1998; PAES, 2007).<<strong>br</strong> />

Nos relatos anteriores, os sujeitos consi<strong>de</strong>raram que o <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica necessita que seja dispensado maior tempo junto a<<strong>br</strong> />

ele, observando sua reação. Porém, é certo que existem dificulda<strong>de</strong>s da equipe <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong> um serviço <strong>de</strong> emergência dispensar maior tempo a um único<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>, <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>manda e dinamicida<strong>de</strong> do trabalho nesse local. Com isso, a


86<<strong>br</strong> />

equipe <strong>de</strong>ve agir <strong>de</strong> forma proativa dando maior qualida<strong>de</strong> <strong>ao</strong> tempo dispensado <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

cliente. A <strong>com</strong>unicação bem estabelecida po<strong>de</strong> otimizar o tempo subjetivo que o<<strong>br</strong> />

profissional <strong>de</strong> emergência vivencia em seu cotidiano. Ao utilizar-se <strong>de</strong>sse<<strong>br</strong> />

instrumento <strong>de</strong> forma empática, imbui-se <strong>de</strong> dados que subsidiam a forma <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

planejar suas priorida<strong>de</strong>s (SILVA, 2005; SOUZA; SILVA; NORI, 2007).<<strong>br</strong> />

5.2.2.1 A <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Como <strong>cuidado</strong>s específicos, os sujeitos citaram o diálogo, que <strong>de</strong>ve ser<<strong>br</strong> />

estabelecido <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica. Expressaram<<strong>br</strong> />

que o diálogo é elemento que subsidia o profissional <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> a <strong>de</strong>monstrar<<strong>br</strong> />

empatia pelo <strong>paciente</strong> e, <strong>com</strong> isso, criar espaços para interação a fim <strong>de</strong> conquistar<<strong>br</strong> />

sua confiança. Referiram que o diálogo po<strong>de</strong> ser um mediador para a formação do<<strong>br</strong> />

vínculo entre o profissional <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> e o <strong>paciente</strong>:<<strong>br</strong> />

“Uma forma <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong> é o diálogo. Eu tento me entregar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

uma forma <strong>com</strong>pleta para que a pessoa sinta a empatia, eu<<strong>br</strong> />

tento me colocar na posição <strong>de</strong>le” (T.4).<<strong>br</strong> />

“Eu acho que você tem que tentar conquistá-lo [o <strong>paciente</strong>],<<strong>br</strong> />

chegar e se apresentar, falar que você está ali para cuidar <strong>de</strong>le.<<strong>br</strong> />

Tentar conquistar a confiança <strong>de</strong>le” (A.13)<<strong>br</strong> />

“(...) tentar conversar <strong>com</strong> ele. Eu <strong>com</strong>eço a perguntar da vida<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>le, às vezes, não o contrariando, procurando saber o porquê<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>le querer as coisas (...) para tentar formar um vínculo <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

ele” (A.5).<<strong>br</strong> />

A <strong>com</strong>unicação é imprescindível para a evolução do homem, uma vez que<<strong>br</strong> />

por meio <strong>de</strong>la as pessoas interagem entre si, tomam conhecimento <strong>de</strong> fatos do<<strong>br</strong> />

passado e têm condições <strong>de</strong> traçar projeções futuras. Dessa forma, a <strong>com</strong>unicação<<strong>br</strong> />

é um fenômeno integrador, <strong>com</strong>plexo e humano (STEFANELLI, 1993; STEFANELLI;<<strong>br</strong> />

CARVALHO; ARANTES, 2005). Por sua <strong>com</strong>plexida<strong>de</strong> e várias abordagens teóricas,<<strong>br</strong> />

ela po<strong>de</strong> ser entendida <strong>com</strong>o processo subsidiado pela <strong>com</strong>preensão <strong>de</strong> mensagens<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>partilhadas pelas pessoas, que influenciam no ambiente e em seus<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamentos (STEFANELLI, 2005; SILVA, 2005). Os sujeitos T.4 e A.13<<strong>br</strong> />

expressam a importância do diálogo <strong>com</strong>o instrumento <strong>de</strong> interação entre<<strong>br</strong> />

profissional e <strong>paciente</strong>.


87<<strong>br</strong> />

A <strong>com</strong>unicação humana se concretiza pela percepção dos órgãos dos<<strong>br</strong> />

sentidos, sob as formas verbais e não-verbais. A forma não-verbal é caracterizada<<strong>br</strong> />

pelas mensagens emitidas pelos gestos, expressões corporais e faciais. A verbal<<strong>br</strong> />

refere-se às mensagens escritas e faladas. O diálogo é uma forma <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicação<<strong>br</strong> />

verbal que necessita ser <strong>com</strong>petente e voltada a proporcionar a interação, que<<strong>br</strong> />

permeia as ações dos profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> levando em consi<strong>de</strong>ração os<<strong>br</strong> />

fatores que po<strong>de</strong>m ser favoráveis ou contrários à efetivação da <strong>com</strong>unicação<<strong>br</strong> />

((STEFANELLI, 1993; 2005; BRAGA; SILVA, 2007).<<strong>br</strong> />

À medida que o <strong>paciente</strong> recebe mensagens na forma verbal e não-verbal,<<strong>br</strong> />

que expressem atenção, respeito e empatia, <strong>com</strong>o relatado por T.4 e A.13, a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação se torna terapêutica. Destarte, por meio <strong>de</strong>la, a<strong>br</strong>e-se a oportunida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> efetivar o vínculo <strong>paciente</strong>-profissional, expresso por A.5 e, assim, prosseguir as<<strong>br</strong> />

ações propostas (STEFANELLI, 2005).<<strong>br</strong> />

Nos relatos seguintes, os sujeitos externam que, à medida que o vínculo é<<strong>br</strong> />

firmado, o profissional <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> se torna referência para o <strong>paciente</strong>, pois o<<strong>br</strong> />

diálogo e a conversa <strong>com</strong> ele visam à interação entre ambos e representam uma<<strong>br</strong> />

forma <strong>de</strong> alcançá-lo. Percebeu-se que os sujeitos em seus relatos atribuíram <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

diálogo uma forma <strong>de</strong> benefício <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong>, entretanto, não referiram <strong>de</strong>senvolver<<strong>br</strong> />

esta prática <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong>. Para os sujeitos, o diálogo é um <strong>cuidado</strong>, e<<strong>br</strong> />

mencionaram a importância em se <strong>com</strong>unicar <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong> que apresenta<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>pressão, uma vez que eles necessitam ser estimulados a conversar:<<strong>br</strong> />

“o <strong>paciente</strong> em quadro <strong>de</strong>pressivo é exatamente aquele que<<strong>br</strong> />

você precisa estar conversando, tentar <strong>de</strong> certa forma alcançálo<<strong>br</strong> />

(...) muitas vezes o cliente se i<strong>de</strong>ntifica <strong>com</strong> alguém da<<strong>br</strong> />

equipe, e a pessoa passa a ser uma referência para ele, é<<strong>br</strong> />

alguém que parou e conversou <strong>com</strong> ele e ele se sentiu tocado”<<strong>br</strong> />

(E.5).<<strong>br</strong> />

“Acho que é mais conversar (...) mas eu acho que o principal<<strong>br</strong> />

[<strong>cuidado</strong>] mesmo é ter interação” (E.3).<<strong>br</strong> />

“De repente, você conversa <strong>com</strong> ele, tenta conquistar a<<strong>br</strong> />

confiança <strong>de</strong>le e é lógico que aí você tem tudo <strong>com</strong> ele. Você<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> dar o banho, ele <strong>de</strong>ixa você tocar nele. A gente tenta<<strong>br</strong> />

conversar e quando a gente conquista a confiança, eles até se<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>em mais” (A.13).


88<<strong>br</strong> />

Há alguns anos, a <strong>com</strong>unicação tem sido foco <strong>de</strong> estudos na Enfermagem e<<strong>br</strong> />

é consi<strong>de</strong>rada instrumento básico para o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, mediador das<<strong>br</strong> />

relações interpessoais. Ao consi<strong>de</strong>rar que o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> é <strong>de</strong>senvolvido<<strong>br</strong> />

por pessoas e para pessoas, a <strong>com</strong>unicação é fator <strong>de</strong> efetivação do relacionamento<<strong>br</strong> />

interpessoal, em concordância <strong>com</strong> o que foi referenciado pelas falas dos sujeitos e,<<strong>br</strong> />

assim, é instrumento primordial para propor e <strong>de</strong>senvolver os <strong>de</strong>mais <strong>cuidado</strong>s<<strong>br</strong> />

(STEFANELLI; CARVALHO; ARANTES, 2005).<<strong>br</strong> />

O sujeito E.5 refere so<strong>br</strong>e a capacida<strong>de</strong> da <strong>com</strong>unicação <strong>de</strong>spertar<<strong>br</strong> />

sentimentos e fazer <strong>com</strong> que as pessoas se sintam tocadas, aspecto corroborado<<strong>br</strong> />

por Baggio, Callegaro e Erdmann (2008), <strong>ao</strong> afirmarem que algumas atitu<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

imbuídas <strong>de</strong> sentimentos viabilizam a humanização e a eficácia do <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> <strong>com</strong>o <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za, cordialida<strong>de</strong>, atenção, respeito, <strong>de</strong>dicação e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>promisso, <strong>de</strong>monstrando a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> empatia do profissional <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong>. Assim, o <strong>paciente</strong> tem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se sentir <strong>cuidado</strong> e acolhido no<<strong>br</strong> />

ambiente por vezes hostil da emergência <strong>de</strong> um hospital.<<strong>br</strong> />

O sujeito A.13 discorre so<strong>br</strong>e conquistar a confiança do <strong>paciente</strong> para então<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolver os <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> que são necessários. Esse contexto está<<strong>br</strong> />

condizente <strong>com</strong> o que explicita Pontes, Leitão e Ramos (2008), em que para o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> ocorrer <strong>de</strong> forma efetiva, é preciso conquistar a confiança<<strong>br</strong> />

do <strong>paciente</strong> no profissional <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>. Quando isso se confirma, o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

discorre so<strong>br</strong>e fatos importantes, ‘se a<strong>br</strong>e mais’, <strong>com</strong>o explicitado pelo sujeito A.13<<strong>br</strong> />

e, <strong>de</strong>ssa forma, o enfermeiro junto <strong>com</strong> sua equipe po<strong>de</strong> criar estratégias para atingir<<strong>br</strong> />

o melhor grau <strong>de</strong> bem-estar e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> o <strong>paciente</strong>.<<strong>br</strong> />

O ambiente tem influência relevante na qualida<strong>de</strong> da <strong>com</strong>unicação, haja<<strong>br</strong> />

vista que ele po<strong>de</strong> interferir na percepção tanto do emissor quanto do receptor<<strong>br</strong> />

(STEFANELLI, 2005). O Pronto Atendimento, por ser um ambiente <strong>de</strong> dinamicida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

e so<strong>br</strong>ecarga <strong>de</strong> trabalho da equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, exige um esforço a mais para<<strong>br</strong> />

que esse local se torne favorável à <strong>com</strong>unicação (SOUZA; SILVA; NORI, 2007).<<strong>br</strong> />

Os sujeitos reconheceram e valorizaram a <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong>o instrumento<<strong>br</strong> />

para o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, entretanto, ressaltaram que ela precisa ser<<strong>br</strong> />

realizada <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada. Salientaram que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do teor das<<strong>br</strong> />

verbalizações e da forma <strong>com</strong>o ela seja expressa, ela po<strong>de</strong> modificar o<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamento do <strong>paciente</strong> tanto positiva quanto negativamente. A <strong>com</strong>unicação,


89<<strong>br</strong> />

quando surte efeito positivo, po<strong>de</strong> evitar procedimentos restritivos <strong>com</strong>o a contenção<<strong>br</strong> />

física. Para que ela possa acontecer <strong>de</strong> forma efetiva, os sujeitos citaram alguns<<strong>br</strong> />

critérios: ter paciência, possuir e transmitir calma dando maior atenção <strong>ao</strong> que o<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> fala (escuta):<<strong>br</strong> />

“Você não consegue <strong>de</strong>senvolver o <strong>cuidado</strong> simplesmente<<strong>br</strong> />

chegando (...) porque é a <strong>com</strong>unicação que vai ditar a forma<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o você vai fazer o <strong>cuidado</strong> (...). A forma <strong>com</strong>o você se<<strong>br</strong> />

apresenta, <strong>com</strong>o fala <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong>, é a forma que esse<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> vai te dar abertura para você cuidar <strong>de</strong>le. Na verda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

é um instrumento para você fazer o <strong>cuidado</strong>. A parte técnica é<<strong>br</strong> />

automática, a gente po<strong>de</strong> fazer e qualquer um faz. Mas a<<strong>br</strong> />

sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar <strong>com</strong> esse <strong>paciente</strong>, da forma <strong>com</strong>o falar,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> ouvir esse <strong>paciente</strong>, é muito forte (...)” (E.4).<<strong>br</strong> />

“(...) falar <strong>com</strong> ele [o <strong>paciente</strong>] <strong>de</strong> maneira a<strong>de</strong>quada, porque<<strong>br</strong> />

senão ele vai se aborrecer mais. Então sempre observar a<<strong>br</strong> />

atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>le, <strong>com</strong>o faz no rosto, a expressão e ter sempre um<<strong>br</strong> />

pouco mais <strong>de</strong> paciência. Porque, às vezes o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

psiquiátrico, quando você dá um pouco mais <strong>de</strong> atenção, por<<strong>br</strong> />

mais que o serviço esteja so<strong>br</strong>ecarregado, mas o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

psiquiátrico é muito carente, ele precisa <strong>de</strong> sua atenção” (T.6).<<strong>br</strong> />

“Eu acho que o mais fácil é conversar, tem que conversar <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

a pessoa e ser uma pessoa calma e transmitir calma para ele.<<strong>br</strong> />

(...) tem que ter mais <strong>cuidado</strong> <strong>com</strong> esses <strong>paciente</strong>s, até no<<strong>br</strong> />

falar. Depen<strong>de</strong>ndo do que a gente fala, eles ficam mais<<strong>br</strong> />

agressivos ou menos” (A.1)<<strong>br</strong> />

Explicitaram, ainda, que em momentos oportunos <strong>de</strong>ve-se elogiar o<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamento apropriado do <strong>paciente</strong>, visando a trazer ânimo a ele. Quando a<<strong>br</strong> />

abordagem pela <strong>com</strong>unicação não é a<strong>de</strong>quada, ela influencia negativamente o<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamento e o humor do <strong>paciente</strong>. Relataram so<strong>br</strong>e a importância <strong>de</strong> observar<<strong>br</strong> />

a <strong>com</strong>unicação não-verbal realizada pelos <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong>o, por exemplo, expressões<<strong>br</strong> />

faciais e atitu<strong>de</strong>s. Enfocaram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que sejam explicados <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

os procedimentos que forem <strong>de</strong>senvolvidos para eles, e não subestimar sua<<strong>br</strong> />

capacida<strong>de</strong> intelectual, uma vez que eles possuem entendimento:<<strong>br</strong> />

“Muitas vezes a conversa <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong> elogiando-o e<<strong>br</strong> />

trazendo ânimo para ele, isso muitas vezes muda o quadro do


90<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>, que apresenta <strong>de</strong>pressão. A pessoa se estimula e<<strong>br</strong> />

pensa: “Alguém está me dando valor.” (...) Então tento fazer <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

uma forma mais lenta, uma forma <strong>com</strong> calma para que a<<strong>br</strong> />

pessoa sinta e para que possa ter confiança no serviço <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> (...)” (T.4).<<strong>br</strong> />

“A gente consegue que esse <strong>paciente</strong> <strong>com</strong>preenda as coisas<<strong>br</strong> />

se a gente se <strong>com</strong>unicar. Eu acho que é explicar passo a<<strong>br</strong> />

passo o que você está fazendo (...) isso não tem preço, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

certeza você vai conseguir <strong>com</strong> que ele colabore, quando você<<strong>br</strong> />

punciona uma veia, passa uma sonda, se você explicar para<<strong>br</strong> />

ele. A <strong>com</strong>unicação acaba sendo o que é <strong>de</strong> mais útil para<<strong>br</strong> />

você conseguir a colaboração <strong>de</strong>sse <strong>paciente</strong>. (...) a tendência<<strong>br</strong> />

é, muitas vezes, <strong>de</strong> subestimar a inteligência, <strong>de</strong> que ele não<<strong>br</strong> />

enten<strong>de</strong> nada, que ele não sabe nada e você peca por isso. Na<<strong>br</strong> />

realida<strong>de</strong>, o que você tem é <strong>de</strong> olhar o <strong>paciente</strong>, falar <strong>com</strong> ele e<<strong>br</strong> />

explicar o que é o esperado e tentar passar segurança para o<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>” (E.2).<<strong>br</strong> />

A <strong>com</strong>unicação é instrumento básico para o <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> intuito <strong>de</strong> proporcionar a melhor condição <strong>de</strong> bem-estar possível <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong>.<<strong>br</strong> />

Para isso, a <strong>com</strong>unicação precisa ser <strong>de</strong> forma consciente e planejada, para que<<strong>br</strong> />

produza efeito terapêutico, condição essa percebida e expressa pelos sujeitos E.4 e<<strong>br</strong> />

E.2, conforme relatos anteriores. Para tanto, os profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>vem<<strong>br</strong> />

adquirir a <strong>com</strong>petência em <strong>com</strong>unicação humana e terapêutica, uma vez que ela é<<strong>br</strong> />

habilida<strong>de</strong> fundamental para o <strong>de</strong>senvolvimento das práticas da Enfermagem em<<strong>br</strong> />

forma do <strong>cuidado</strong> consciente, verda<strong>de</strong>iro, transformador, que humaniza e constrói<<strong>br</strong> />

(STEFANELLI, 2005; BRAGA; SILVA, 2007).<<strong>br</strong> />

Assim, cabe lem<strong>br</strong>ar que <strong>com</strong>unicação terapêutica se traduz na <strong>com</strong>petência<<strong>br</strong> />

do profissional em utilizar o conhecimento <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicação sistematicamente para<<strong>br</strong> />

ajudar o <strong>paciente</strong> a alcançar sua melhor condição <strong>de</strong> bem-estar e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

(STEFANELLI; 1993; 2005).<<strong>br</strong> />

Alguns sujeitos mencionaram dificulda<strong>de</strong>s em se <strong>com</strong>unicar <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />

a<strong>de</strong>quada <strong>com</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica. Referiram que não<<strong>br</strong> />

sabem utilizar a <strong>com</strong>unicação em situações <strong>de</strong> emergências psiquiátricas <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s agressivos e citaram <strong>com</strong>o exemplo o atendimento <strong>ao</strong>s potenciais<<strong>br</strong> />

suicidas, os <strong>com</strong> agitação psi<strong>com</strong>otora. O sujeito A.7 expressou <strong>de</strong> forma categórica<<strong>br</strong> />

que não há possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ter <strong>com</strong>unicação efetiva <strong>com</strong> os <strong>paciente</strong>s que<<strong>br</strong> />

apresentam agitação, confusão mental ou <strong>com</strong> <strong>de</strong>lírios:


91<<strong>br</strong> />

“(...) um grave problema que temos <strong>com</strong> esse <strong>paciente</strong> é não<<strong>br</strong> />

saber falar <strong>com</strong> ele, não saber dizer o que é esperado. Isso é<<strong>br</strong> />

um problema <strong>com</strong> todos os <strong>paciente</strong>s, mas isso fica muito mais<<strong>br</strong> />

gritante <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong> psiquiátrico” (E.2).<<strong>br</strong> />

“(...) <strong>paciente</strong> <strong>de</strong>primido eu até consigo, a gente conversa, trata<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> carinho, tenta fazer <strong>com</strong> que ele converse <strong>com</strong> a gente.<<strong>br</strong> />

Mas, o <strong>paciente</strong> agressivo, às vezes ele não quer” (A.4).<<strong>br</strong> />

“Eu não tenho alcance e tudo o que eu falar não vai servir para<<strong>br</strong> />

nada, não vai tá <strong>de</strong>ntro do mundo <strong>de</strong>le, sem pensar que ele<<strong>br</strong> />

não está <strong>de</strong>ntro do meu mundo, fica uma coisa estranha. Uma<<strong>br</strong> />

sensação <strong>de</strong> distanciamento enorme sem <strong>com</strong>preensão. Eu<<strong>br</strong> />

tenho impressão <strong>de</strong> que tudo o que eu fizer para ele ou falar<<strong>br</strong> />

não vai resultar em nada. Eu sinto que o nosso diálogo é <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

planetas diferentes” (A.7).<<strong>br</strong> />

“(...) <strong>paciente</strong> que tenta suicídio, eu não sei bem <strong>com</strong>o fazer o<<strong>br</strong> />

primeiro contato <strong>com</strong> ele. Se <strong>de</strong>vo falar <strong>com</strong>o <strong>de</strong>vo atuar <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

esse <strong>paciente</strong>, o que se <strong>de</strong>ve <strong>com</strong>entar, se não <strong>de</strong>ve <strong>com</strong>entar<<strong>br</strong> />

o assunto, fazer <strong>de</strong> conta que o <strong>paciente</strong> não tentou se matar,<<strong>br</strong> />

não sei. (...) a gente fica meio receoso <strong>de</strong> chegar nesse<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>, não sabe se <strong>de</strong>ve tocar no assunto, falar so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

assunto, se não <strong>de</strong>ve falar nada, se <strong>de</strong>ve ficar quieto. Eu não<<strong>br</strong> />

sei muito mesmo a forma <strong>de</strong> se portar nesse sentido” (E.6).<<strong>br</strong> />

A <strong>com</strong>unicação, quando não utilizada <strong>de</strong> forma sistematizada, organizada e<<strong>br</strong> />

a<strong>de</strong>quada, po<strong>de</strong> caracterizar-se <strong>com</strong>o não-terapêutica. Para que o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> se efetive, existe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interação entre a equipe <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> e o <strong>paciente</strong>, o que fortalece o vínculo entre eles. As formas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação verbal e não-verbal são instrumentos importantes nesse contexto, pois<<strong>br</strong> />

elas oferecem subsídio à criação do ambiente terapêutico. Por outro lado, existem<<strong>br</strong> />

algumas barreiras que acabam por impedir que a <strong>com</strong>unicação seja terapêutica,<<strong>br</strong> />

entre elas: o julgamento do <strong>com</strong>portamento do <strong>paciente</strong> presente na fala do sujeito<<strong>br</strong> />

A7, pôr o <strong>paciente</strong> à prova e a <strong>com</strong>unicação unidirecional (STEFANELLI, 1993;<<strong>br</strong> />

2005d).<<strong>br</strong> />

Quando os sujeitos E.2 e E.6 expressaram que não sabem se <strong>com</strong>unicar<<strong>br</strong> />

a<strong>de</strong>quadamente <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>monstraram a existência da necessida<strong>de</strong> em adquirir <strong>com</strong>petência em<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicação e empregá-la <strong>com</strong>o recurso terapêutico. Deste modo, quando a equipe<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> utiliza a <strong>com</strong>unicação ina<strong>de</strong>quadamente, ela gera ruídos no<<strong>br</strong> />

ambiente interacional produzindo sentimentos negativos <strong>com</strong>o receio, dúvidas,


92<<strong>br</strong> />

distanciamento e medo, que são sentimentos presentes nas falas anteriores<<strong>br</strong> />

(STEFANELLI, 2005d).<<strong>br</strong> />

Outra dificulda<strong>de</strong> externada pelos sujeitos é estabelecer <strong>com</strong>unicação e<<strong>br</strong> />

interação <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong> que manifesta <strong>de</strong>lírios, que representam um dos sintomas<<strong>br</strong> />

mais aparente das psicoses, o que, por vezes, torna a fala e as i<strong>de</strong>ias do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

in<strong>com</strong>preensíveis, <strong>com</strong>o foi externado pelo sujeito A.7, <strong>ao</strong> referir que o <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

transtorno mental está em ‘outro mundo’. É importante fazer a ressalva <strong>de</strong> que<<strong>br</strong> />

somente parte dos <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno mental apresenta tais sintomas<<strong>br</strong> />

(SADOCK; SADOCK, 2007). No entanto, isso não po<strong>de</strong> ser fator <strong>de</strong> impedimento<<strong>br</strong> />

para a <strong>com</strong>unicação, interação e, consequentemente, do <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s.<<strong>br</strong> />

Pacientes que sofrem <strong>de</strong> alguns tipos transtornos mentais <strong>com</strong> sintomas<<strong>br</strong> />

psicóticos po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>monstrar dificulda<strong>de</strong>s em verbalizar, dispor <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias claras e<<strong>br</strong> />

estabelecer relações interpessoais. Mas esses sintomas não são contínuos e o<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> po<strong>de</strong> apresentar intervalos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> <strong>com</strong>portamento, fala e<<strong>br</strong> />

pensamento. Ainda po<strong>de</strong> apresentar insight, cujo termo em sua forma original ou<<strong>br</strong> />

traduzido para o português insaite, que significa <strong>com</strong>preensão interna, <strong>com</strong>preensão<<strong>br</strong> />

súbita, apreensão súbita, visão súbita, discernimento (SIQUEIRA JUNIOR et al.,<<strong>br</strong> />

2001; SADOCK;SADOCK, 2007).<<strong>br</strong> />

A equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> po<strong>de</strong> lançar mão das estratégias <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicação<<strong>br</strong> />

terapêutica na abordagem <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> sintomas psicóticos <strong>com</strong>o <strong>de</strong>lírios e<<strong>br</strong> />

alucinações e que tenha dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se expressar. As estratégias se apresentam<<strong>br</strong> />

em três agrupamentos: <strong>de</strong> expressão, clarificação e validação. Para tornar mais<<strong>br</strong> />

claras as verbalizações e i<strong>de</strong>ias do <strong>paciente</strong>, a equipe po<strong>de</strong> utilizar o grupo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

clarificação, cujo objetivo é dar “oportunida<strong>de</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> para organizar seu<<strong>br</strong> />

pensamento e expressá-lo, para que as mensagens se tornem claras e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preensíveis”. Para tanto, po<strong>de</strong>-se valer <strong>de</strong> técnicas <strong>com</strong>o estimular o <strong>paciente</strong> a<<strong>br</strong> />

fazer <strong>com</strong>parações <strong>de</strong> situações semelhantes aquela <strong>com</strong> as quais ele lida naquele<<strong>br</strong> />

momento; solicitar <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> que esclareça termos in<strong>com</strong>uns, <strong>de</strong>sconhecidos pelo<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>o da equipe (STEFANELLI, 2005, p.94).<<strong>br</strong> />

O sujeito E.6 <strong>de</strong>monstrou inquietação quanto à abordagem e <strong>ao</strong>s <strong>cuidado</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> suicida. Segundo Igue, Rolim e Stefanelli (2002), os<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> a pessoas em risco <strong>de</strong> suicídio no serviço <strong>de</strong> emergência<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vem estar centrados, fundamentalmente, no relacionamento dos mem<strong>br</strong>os da<<strong>br</strong> />

equipe <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong> e sua família. Para isso, a <strong>com</strong>unicação terapêutica é


93<<strong>br</strong> />

primordial, pois por ela são elencados e consi<strong>de</strong>rados os sentimentos e as<<strong>br</strong> />

necessida<strong>de</strong>s dos indivíduos. Assim, a <strong>com</strong>unicação é veículo <strong>de</strong> <strong>com</strong>partilhamento<<strong>br</strong> />

e <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, empatia e <strong>com</strong>preensão <strong>ao</strong>s potenciais suicidas e sua família.<<strong>br</strong> />

Por outro lado, se utilizada <strong>de</strong> forma ina<strong>de</strong>quada, ela po<strong>de</strong> veicular sentimentos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

rejeição conferindo à ação qualida<strong>de</strong> não-terapêutica (IGUE; ROLIM; STEFANELLI,<<strong>br</strong> />

2002).<<strong>br</strong> />

No serviço <strong>de</strong> emergência, após a estabilização do quadro clínico <strong>de</strong>corrente<<strong>br</strong> />

da tentativa <strong>de</strong> suicídio, <strong>de</strong>ve-se perguntar <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> so<strong>br</strong>e os pensamentos e<<strong>br</strong> />

planos suicidas. Essa estratégia é fundamental para a avaliação do grau <strong>de</strong> risco<<strong>br</strong> />

que esse <strong>paciente</strong> apresenta e <strong>com</strong>o subsídio para ações <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> novas<<strong>br</strong> />

tentativas (ESTELMHSTS, 2007). Dessa forma, o profissional <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

abordar o <strong>paciente</strong> em risco <strong>de</strong> suicídio, <strong>de</strong>ve apresentar-se tranquilo,<<strong>br</strong> />

emocionalmente estável, em condições <strong>de</strong> dispensar tempo e atenção <strong>ao</strong> que o<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> fala e ouvi-lo efetivamente. Essas medidas visam a preencher a lacuna<<strong>br</strong> />

criada pela <strong>de</strong>sconfiança, <strong>de</strong>sespero e perda <strong>de</strong> esperança, o que o levaria a<<strong>br</strong> />

intentar contra a própria vida (OMS, 2000).<<strong>br</strong> />

A abordagem a esses <strong>paciente</strong>s <strong>de</strong>ve ocorrer <strong>com</strong> calma, <strong>de</strong> forma aberta,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> aceitação e <strong>de</strong> não-julgamento, o que é fundamental para facilitar a <strong>com</strong>unicação.<<strong>br</strong> />

Existem algumas medidas que <strong>de</strong>vem ser observadas para manter o ambiente<<strong>br</strong> />

terapêutico <strong>com</strong>o permitir que o <strong>paciente</strong> fale livremente; não o interrompê-lo quando<<strong>br</strong> />

ele estiver falando; não se mostrar chocado ou emocionado <strong>com</strong> o que ele lhe<<strong>br</strong> />

refere; não se <strong>de</strong>ve apressá-lo a verbalizar, justificando que outros lhe esperam;<<strong>br</strong> />

colocar o <strong>paciente</strong> em posição <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong> ou dizer que tudo vai ficar bem; e<<strong>br</strong> />

emitir julgamentos ou tentar doutriná-lo (OMS, 2000).<<strong>br</strong> />

A interação pela <strong>com</strong>unicação <strong>de</strong>ve ocorrer <strong>de</strong> forma natural, livre <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

parecer interrogatório, mas proporcionar um ambiente para o <strong>paciente</strong> discorrer<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o que aconteceu, bem <strong>com</strong>o tomar consciência <strong>de</strong> seus atos, sentimentos.<<strong>br</strong> />

Assim, a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>monstrar sua preocupação genuína <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> (ESTELMHSTS, 2007).


94<<strong>br</strong> />

5.2.2.2 Cuidados humanizados <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

Alguns sujeitos externaram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecer que o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica é uma pessoa <strong>com</strong> a saú<strong>de</strong> <strong>com</strong>prometida em<<strong>br</strong> />

um momento <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> e que precisa ser <strong>cuidado</strong> em suas necessida<strong>de</strong>s,<<strong>br</strong> />

inclusive, as psíquicas. Salientaram que se <strong>de</strong>ve procurar <strong>de</strong>senvolver o <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

humanizado <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> e à sua família:<<strong>br</strong> />

“Aqui, eu vejo que ele é tratado <strong>com</strong>o uma pessoa que tem<<strong>br</strong> />

uma alteração, que tem uma doença ou que não está em seu<<strong>br</strong> />

estado normal (...). Essa pessoa é vista <strong>com</strong>o uma pessoa (...)<<strong>br</strong> />

eu tento humanizar o máximo possível. É a minha forma <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

trabalhar, humanizar <strong>ao</strong> máximo possível, não <strong>de</strong>srespeitar,<<strong>br</strong> />

não ter preconceitos para aten<strong>de</strong>r esse <strong>paciente</strong>. Porque é uma<<strong>br</strong> />

pessoa que necessita <strong>de</strong> ajuda” (E.4).<<strong>br</strong> />

“Eu sempre tento para mim e para a equipe <strong>de</strong>senvolver [o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>] <strong>de</strong> maneira humanizada e mais pessoal possível. (...)<<strong>br</strong> />

se esten<strong>de</strong>ndo para seus familiares, seus participantes. (...)<<strong>br</strong> />

Para <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r os motivos <strong>de</strong>ssa internação e a situação<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sse nosso cliente” (E.1).<<strong>br</strong> />

A humanização no <strong>cuidado</strong> tem sido foco <strong>de</strong> discussões na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

na última década. Essa temática vem <strong>ao</strong> encontro da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover uma<<strong>br</strong> />

nova cultura so<strong>br</strong>e a assistência à saú<strong>de</strong> da população em geral. Para tanto, há<<strong>br</strong> />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprimorar as relações dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> entre si e <strong>com</strong> os<<strong>br</strong> />

usuários. Nesse sentido, o Ministério da Saú<strong>de</strong> tem lançado mão <strong>de</strong> estratégias <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

vistas a oferecer o suporte para a humanização da assistência à saú<strong>de</strong> dos<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileiros (DESLANDES, 2004; BRASIL, 2004b).<<strong>br</strong> />

A estratégia <strong>de</strong> humanização dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do Sistema Único <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Saú<strong>de</strong> (SUS) busca medidas para viabilizar maior interação entre os profissionais e<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>les <strong>com</strong> a <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, objetivando formar vínculo a fim <strong>de</strong> humanizar o <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

(BRASIL, 2004b). Cabe relem<strong>br</strong>ar que a <strong>com</strong>unicação é o instrumento que me<strong>de</strong>ia a<<strong>br</strong> />

interação e a formação <strong>de</strong> vínculos (STAFANELLI, 2005).<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> humanizado está voltado a aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s do indivíduo,<<strong>br</strong> />

e proporcionar ambiente <strong>com</strong> serviços qualificados <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong>, respeitando


95<<strong>br</strong> />

a singularida<strong>de</strong> e particularida<strong>de</strong>s das pessoas, perspectiva essa referida pelo<<strong>br</strong> />

sujeito E.1 (BRASIL, 2004b).<<strong>br</strong> />

Para que haja concretização do <strong>cuidado</strong> humanizado, há <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar a<<strong>br</strong> />

importância da contribuição dos trabalhadores da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em reconhecer sua<<strong>br</strong> />

condição humana, imbuída <strong>de</strong> sentimentos e que precisam <strong>de</strong> atenção, conforme<<strong>br</strong> />

explicitou o sujeito E.4 (SOUZA, SILVA, NORI, 2007).<<strong>br</strong> />

Dessa forma, a <strong>com</strong>petência em <strong>com</strong>unicação é essencial na prática da<<strong>br</strong> />

Enfermagem pela valorização das informações que privilegiem a humanização e a<<strong>br</strong> />

qualida<strong>de</strong> do <strong>cuidado</strong> prestado. Assim, proporciona-se respeito <strong>ao</strong> direito do<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> em saber o que está sendo feito, o porquê e para quê (STEFANELLI;<<strong>br</strong> />

CARVALHO; ARANTES, 2005).<<strong>br</strong> />

Os sujeitos referiram que no ambiente em que ocorre o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong>vem<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>monstrar respeito, atenção, carinho, paciência, <strong>com</strong>preensão e apoio,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>monstrando <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> que a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> está ali para ajudá-lo. Cabe<<strong>br</strong> />

utilizar a <strong>com</strong>unicação, tanto verbal <strong>com</strong>o não-verbal, <strong>de</strong>scritas pelo sujeito T.2 <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

o olhar nos olhos:<<strong>br</strong> />

“O <strong>cuidado</strong> é você dar apoio, (...) <strong>de</strong> você olhar diretamente<<strong>br</strong> />

nos olhos e colocar que você está ali para ajudar e não para<<strong>br</strong> />

ser mais um obstáculo na vida <strong>de</strong>le” (T.2).<<strong>br</strong> />

“O <strong>cuidado</strong> a este <strong>paciente</strong> <strong>de</strong>veria ser <strong>com</strong> toda a atenção,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> todo o carinho. Bem tratado, porque ele não está<<strong>br</strong> />

consciente e por mais que ele esteja agressivo ele não tá<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ntro da sua consciência. Então <strong>com</strong> todo carinho, <strong>com</strong> todo<<strong>br</strong> />

respeito” (T.7).<<strong>br</strong> />

Conceituar e <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r as bases que sustentam a humanização do<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> ainda tem sido barreira para parte dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, uma vez que<<strong>br</strong> />

eles se portam <strong>com</strong> atitu<strong>de</strong> caridosa <strong>com</strong>o tentativa <strong>de</strong> incorporar em sua prática a<<strong>br</strong> />

humanização, o que tem indicado o equívoco teórico e prático do tema, ficando<<strong>br</strong> />

evi<strong>de</strong>nte no relato do sujeito T.7 (BECK et al., 2009).<<strong>br</strong> />

Existe a dificulda<strong>de</strong> em constituir uma <strong>de</strong>finição consensual <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

humanização por sua a<strong>br</strong>angência teórico-prática (DESLANDES, 2004). Dessa<<strong>br</strong> />

forma, as categorias profissionais distintas <strong>de</strong>vem focar seu olhar em bases éticas,<<strong>br</strong> />

empregando seu senso crítico e reflexivo além das experiências adquiridas em sua


96<<strong>br</strong> />

práxis na construção teórica que sustentem o conceito <strong>de</strong> humanização<<strong>br</strong> />

(CARVALHO; BOSI; FREIRE, 2008). É imprescindível essa discussão na área da<<strong>br</strong> />

Enfermagem, uma vez que sua atuação não se concentra somente na prática, mas<<strong>br</strong> />

também na pesquisa, educação e gestão dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o que requer um<<strong>br</strong> />

olhar amplo so<strong>br</strong>e a temática (BECK et al., 2009).<<strong>br</strong> />

Nesse sentido, <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>-se que o <strong>cuidado</strong> humanizado não se reduz a<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> atenção, carinho, paciência, <strong>com</strong>preensão e apoio <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong>,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o citado pelos sujeitos T.2 e T.7, mas se esten<strong>de</strong> à conformação <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

ética e reflexiva, que sinalizem a valorização da pessoa enferma <strong>com</strong>o humana<<strong>br</strong> />

(BECK et al., 2009). Assim, o <strong>cuidado</strong> humanizado se consolida no distanciamento e<<strong>br</strong> />

abandono <strong>de</strong> preconceitos, estigmas e <strong>de</strong>srespeito a que os <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

transtorno mental têm sido vítimas nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em geral.<<strong>br</strong> />

5.2.2.3 Participação da família no <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

Esta subcategoria está relacionada <strong>com</strong> os relatos so<strong>br</strong>e a importância da<<strong>br</strong> />

família a<strong>com</strong>panhando o <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica no Pronto<<strong>br</strong> />

Atendimento. Os sujeitos reconheceram que, <strong>com</strong> a participação da família, os<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s po<strong>de</strong>m se sentir protegidos e acolhidos. A presença da família junto <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> po<strong>de</strong> auxiliar a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> no momento <strong>de</strong> prestar o <strong>cuidado</strong>,<<strong>br</strong> />

uma vez que aquele que a<strong>com</strong>panha o <strong>paciente</strong> conhece as particularida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

apresentadas por ele:<<strong>br</strong> />

“Eu acho que a presença do familiar é importante, tem que tá<<strong>br</strong> />

sempre alguém, eu acho que é isso” (A.9).<<strong>br</strong> />

“Nós damos uma abertura para o a<strong>com</strong>panhante estar<<strong>br</strong> />

presente. Nós temos alguns <strong>cuidado</strong>s que seriam a família<<strong>br</strong> />

estar presente a<strong>com</strong>panhando mais <strong>de</strong> perto” (E.1).<<strong>br</strong> />

“(...) porque geralmente quem convive <strong>com</strong> eles, eles confiam<<strong>br</strong> />

mais, porque ele sabe que aquela pessoa não vai machucá-lo”<<strong>br</strong> />

(A.13).<<strong>br</strong> />

“Você abordar a família que é uma coisa muito interessante,<<strong>br</strong> />

pois eles estão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse contexto, eles sabem quando está


97<<strong>br</strong> />

agressivo ou não. Eu acho que tem que envolver todo mundo.<<strong>br</strong> />

Eu acho que tem que envolver a família em primeiro lugar (...)”<<strong>br</strong> />

(T.2)<<strong>br</strong> />

A participação da família no <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

dá condições <strong>de</strong> propor novas práticas ou melhorar as existentes. Isso<<strong>br</strong> />

porque, em consonância <strong>com</strong> o exposto pelo sujeito A.13, elas estão mais próximas<<strong>br</strong> />

da realida<strong>de</strong> vivida pela pessoa portadora <strong>de</strong> sofrimento mental e possuem uma<<strong>br</strong> />

ligação mais íntima <strong>com</strong> ela, o que faz <strong>com</strong> que <strong>de</strong>screvam <strong>com</strong> mais precisão suas<<strong>br</strong> />

dificulda<strong>de</strong>s e limitações (MELMAN, 2006).<<strong>br</strong> />

Segundo o relato dos sujeitos A.9 e E.1 são importantes a inclusão e a<<strong>br</strong> />

permanência da família junto <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> durante o internamento, bem <strong>com</strong>o o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>, que <strong>de</strong>ve ser estendido igualmente à família. T.2 referiu so<strong>br</strong>e a abordagem<<strong>br</strong> />

a essa família <strong>com</strong>o algo interessante. Entretanto, para abordar a família, o<<strong>br</strong> />

profissional <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> precisa conhecer, interagir, enten<strong>de</strong>r os fatores<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>terminantes e condicionantes que influenciam o ambiente e aquela situação, que<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> ser nova. Assim, <strong>de</strong>ve-se utilizar a <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong>o consolidadora das<<strong>br</strong> />

relações profissional-<strong>paciente</strong>-família, sabendo que, inicialmente, elas po<strong>de</strong>m se<<strong>br</strong> />

mostrar conflituosas. Todavia, é pela <strong>com</strong>petência em <strong>com</strong>unicação que o<<strong>br</strong> />

profissional estabelece o ambiente interacional. Para efetivar o relacionamento<<strong>br</strong> />

terapêutico <strong>com</strong> a família, o profissional <strong>de</strong>ve se dispor a ouvi-la e mostrar-se<<strong>br</strong> />

empático (WAIDMAN; STEFANELLI, 2005).<<strong>br</strong> />

Os familiares da pessoa <strong>com</strong> transtorno mental, na maioria das vezes, se<<strong>br</strong> />

revelam carentes <strong>de</strong> informações quanto às formas <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> seu ente, bem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o a respeito da patologia. Em situações <strong>de</strong> agudização dos sintomas do<<strong>br</strong> />

transtorno mental, os familiares necessitam <strong>de</strong> ajuda profissional para orientá-los em<<strong>br</strong> />

diversos aspectos: jurídicos, <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e social (MELMAN, 2006). Assim, o <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>ve ser estendido também à atenção <strong>ao</strong>s familiares dos <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica no Pronto Atendimento.<<strong>br</strong> />

Esse ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>monstrado pelos profissionais é imprescindível para o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> do <strong>paciente</strong>, uma vez que a socieda<strong>de</strong> ainda não está preparada para<<strong>br</strong> />

acolher e cuidar das pessoas <strong>com</strong> transtorno mental, <strong>de</strong>vido <strong>ao</strong> preconceito e à<<strong>br</strong> />

visão estigmatizada que se mantêm presentes no imaginário social. Essa situação<<strong>br</strong> />

não se restringe somente <strong>ao</strong> portador <strong>de</strong> transtorno mental, mas se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> igual


98<<strong>br</strong> />

modo <strong>ao</strong>s seus familiares, que acabam por <strong>com</strong>partilhar sentimentos <strong>de</strong> dor e<<strong>br</strong> />

sofrimento <strong>com</strong> o mem<strong>br</strong>o da família adoecido (MELMAN, 2006).<<strong>br</strong> />

A partir da institucionalização e medicalização da loucura, os espaços da<<strong>br</strong> />

clínica psiquiátrica eram centrados exclusivamente no saber médico, excluindo toda<<strong>br</strong> />

e qualquer possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras intervenções. Para tanto, a família era isenta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

contribuir <strong>com</strong> o tratamento, sendo afastada <strong>de</strong> suas responsabilida<strong>de</strong>s relativas <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

portador <strong>de</strong> transtorno mental e, por vezes, apontada <strong>com</strong>o a causadora das<<strong>br</strong> />

doenças mentais. Atualmente, as políticas públicas em saú<strong>de</strong> mental e o mo<strong>de</strong>lo<<strong>br</strong> />

psicossocial têm revertido essa situação, quando resgatam a responsabilida<strong>de</strong> da<<strong>br</strong> />

família so<strong>br</strong>e o portador <strong>de</strong> transtorno mental no sentido <strong>de</strong> agregar e fortalecer os<<strong>br</strong> />

vínculos familiares a fim <strong>de</strong> ressocializá-lo (MELMAN, 2006).<<strong>br</strong> />

A categoria apresentada a seguir é <strong>com</strong>posta por 146 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro,<<strong>br</strong> />

que equivalem a 22,32% do total <strong>de</strong> 654 unida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntificadas e analisadas a partir<<strong>br</strong> />

das entrevistas <strong>com</strong> os sujeitos.<<strong>br</strong> />

5.2.3 O <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico psiquiátrica no Pronto<<strong>br</strong> />

Atendimento: dificulda<strong>de</strong>s sentidas pela equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

Os sujeitos relataram que o déficit na formação e a falta <strong>de</strong> conhecimento na<<strong>br</strong> />

temática saú<strong>de</strong> mental lhes dificultam <strong>de</strong>senvolver o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

suporte psíquico <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> que procura por atendimento clínico e que também<<strong>br</strong> />

possui um transtorno mental. Referiram que nos cursos <strong>de</strong> formação, graduação,<<strong>br</strong> />

técnico ou auxiliar <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, as disciplinas voltadas à área <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

psiquiátrica e à saú<strong>de</strong> mental não contemplaram as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>s <strong>ao</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno mental em ambiente <strong>de</strong> emergências clínicas:<<strong>br</strong> />

“Eu não sei <strong>com</strong>o <strong>de</strong>senvolver um <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

psiquiátrico. (...) Foge totalmente da minha área. Não tenho<<strong>br</strong> />

formação. (...) Tanto que mal me lem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>o era a<<strong>br</strong> />

disciplina <strong>de</strong> psiquiatria” (E.4).


99<<strong>br</strong> />

“(...) toda a parte da psiquiatria que eu tenho <strong>de</strong> conhecimento<<strong>br</strong> />

é da graduação, <strong>de</strong>pois disso eu não tive mais nada” (E.5).<<strong>br</strong> />

“(...) falta conhecimento para a gente, o que a gente teve <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

psiquiatria é quase nada e no curso auxiliar eu quase não vi<<strong>br</strong> />

nada, eu estou fazendo o técnico e não tem psiquiatria no<<strong>br</strong> />

técnico” (A.7).<<strong>br</strong> />

Chegaram a externar que nem mesmo se lem<strong>br</strong>am <strong>de</strong> <strong>com</strong>o foi o ensino<<strong>br</strong> />

nessa área durante a formação profissional e, assim, se sentem <strong>de</strong>spreparados para<<strong>br</strong> />

cuidar do <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> transtorno mental. Eles se reportaram às questões <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

administração <strong>de</strong> medicamentos sedativos e contenção física no leito,<<strong>br</strong> />

correlacionando-as <strong>com</strong> os únicos procedimentos aprendidos em sua formação:<<strong>br</strong> />

“(...) o que eu vi no curso técnico foi pouca coisa. Vê alguns<<strong>br</strong> />

tópicos e vai para o estágio, mas não dá para você ter uma<<strong>br</strong> />

noção das patologias, <strong>de</strong> <strong>com</strong>o tratar os <strong>paciente</strong>s, naquele<<strong>br</strong> />

caso. A única coisa que você sabe é que tem que medicar e<<strong>br</strong> />

tem que conter” (A.9).<<strong>br</strong> />

“Tenho bastante dificulda<strong>de</strong>, porque não tenho nenhuma<<strong>br</strong> />

experiência. Eu não fiz o curso <strong>de</strong> auxiliar <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, fiz<<strong>br</strong> />

suplência e no técnico a gente não teve essa disciplina <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong> mental. Eu a<strong>com</strong>panho tudo [no sentido <strong>de</strong> cuidar],<<strong>br</strong> />

ajudo, mas formação não tenho nenhuma” (A.12).<<strong>br</strong> />

As dificulda<strong>de</strong>s e lacunas citada nas falas dos sujeitos, quando da sua<<strong>br</strong> />

formação, principalmente, em saú<strong>de</strong> mental, têm relação <strong>com</strong> a história da<<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> e sua estruturação <strong>com</strong>o disciplina.<<strong>br</strong> />

No Brasil, a partir da segunda meta<strong>de</strong> do século XIX, os <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>senvolvidos à pessoa <strong>com</strong> transtorno mental foram marcados por<<strong>br</strong> />

práticas <strong>com</strong> pouco embasamento científico, quando não, sem ele. Eram práticas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

fortalecimento do mo<strong>de</strong>lo violento, <strong>de</strong>sumano e repressor, presentes no espaço<<strong>br</strong> />

mani<strong>com</strong>ial (ZERBETTO; PEREIRA, 2005).<<strong>br</strong> />

O ensino da Enfermagem no Brasil iniciou-se nos últimos anos do século<<strong>br</strong> />

XIX, e até essa época a Enfermagem era <strong>de</strong>sempenhada pelas irmãs <strong>de</strong> carida<strong>de</strong> e<<strong>br</strong> />

por leigos, <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> enfermeiros práticos. Esses <strong>com</strong>eçaram a ser instruídos<<strong>br</strong> />

por meio do processo <strong>de</strong> qualificação proporcionado pela Escola Profissional <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Enfermeiros e Enfermeiras, atualmente Escola Alfredo Pinto, no Rio <strong>de</strong> Janeiro.


100<<strong>br</strong> />

Essa escola ficava anexa <strong>ao</strong> Hospício <strong>de</strong> Alienados, anteriormente <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Pedro II, e sua formação era voltada para suprir a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> o<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

naquela instituição. Contudo, a formação não proporcionou melhorias relacionadas<<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong> <strong>cuidado</strong> dos <strong>paciente</strong>s, mas enfatizava aqueles voltados a suprir as necessida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> higiene, alimentação, manutenção da or<strong>de</strong>m e procedimentos restritivos <strong>ao</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s agitados (MAFTUM, 2004; ZERBETTO; PEREIRA, 2005; VILLELA, 2009).<<strong>br</strong> />

Em 1923, fundou-se a Escola <strong>de</strong> Enfermeiras D. Ana Néri [sic] do<<strong>br</strong> />

Departamento Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, atualmente Escola <strong>de</strong> Enfermagem Anna Nery,<<strong>br</strong> />

formadora das enfermeiras sanitaristas <strong>com</strong> currículo <strong>de</strong> curso nos mol<strong>de</strong>s norteamericanos.<<strong>br</strong> />

A formação <strong>de</strong>stas enfermeiras era voltada para a saú<strong>de</strong> pública, no<<strong>br</strong> />

entanto, a formação contemplava uma disciplina teórica em psiquiatria <strong>de</strong>nominada:<<strong>br</strong> />

A Arte <strong>de</strong> Enfermeira em Doenças Nervosas e Mentais. Para esta disciplina não<<strong>br</strong> />

havia aulas prática, sendo contempladas neste curso somente a partir <strong>de</strong> 1949, as<<strong>br</strong> />

quais consistiam em realizar higiene, alimentação e técnica <strong>de</strong> contenção<<strong>br</strong> />

(MIRANDA, 1994; MAFTUM, 2004; VILLELA, 2009).<<strong>br</strong> />

Os anos 1960 a 1980 são marcados pela luta das enfermeiras docentes,<<strong>br</strong> />

alunos dos cursos <strong>de</strong> graduação em <strong>enfermagem</strong> e Associação Brasileira <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Enfermagem (ABEn) pela reformulação dos currículos <strong>de</strong> formação, bem <strong>com</strong>o da<<strong>br</strong> />

prática da profissão no Brasil (FERNANDES, 2006).<<strong>br</strong> />

A partir da primeira meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 1990, foram conduzidas várias<<strong>br</strong> />

discussões e mobilizações da classe <strong>de</strong> Enfermagem a fim <strong>de</strong> traçar o perfil do<<strong>br</strong> />

enfermeiro que se <strong>de</strong>sejava formar, pois era necessário construir um currículo<<strong>br</strong> />

mínimo para esta formação. Como resultado <strong>de</strong> tais movimentos, houve subsídio <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

Parecer nº 314/94 do então Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação, homologado pela<<strong>br</strong> />

Portaria nº 1.721/94 do Ministério da Educação. Neles, a carga horária mínima<<strong>br</strong> />

passou a ser <strong>de</strong> 3.500 horas/aula, incluindo 500 horas <strong>de</strong>stinadas a estágios<<strong>br</strong> />

curriculares <strong>com</strong> duração não inferior a dois semestres letivos e <strong>de</strong>senvolvidos sob<<strong>br</strong> />

supervisão docente. Buscava-se ainda assegurar a participação dos enfermeiros dos<<strong>br</strong> />

serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no ensino por meio <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> integração docenteassistencial<<strong>br</strong> />

(FERNANDES, 2006).<<strong>br</strong> />

Em 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1996, foi publicada no Diário Oficial da União a Lei<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei n.9.394 <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1996,<<strong>br</strong> />

que trouxe novas responsabilida<strong>de</strong>s para as Universida<strong>de</strong>s, docentes, discentes e<<strong>br</strong> />

socieda<strong>de</strong>. A LDB passa a permitir a formação <strong>de</strong> diferentes perfis profissionais a


101<<strong>br</strong> />

partir da vocação <strong>de</strong> cada curso/escola, esperando melhor adaptação <strong>ao</strong> "mundo do<<strong>br</strong> />

trabalho", já que as instituições terão liberda<strong>de</strong> para <strong>de</strong>finir parte consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

seus currículos plenos (FERNANDES, 2006).<<strong>br</strong> />

Nessa perspectiva, em continuação à busca pelo perfil profissional do<<strong>br</strong> />

enfermeiro, durante o 2° Seminário Nacional <strong>de</strong> Educação em Enfermagem no Brasil<<strong>br</strong> />

(SENADEn) em 1997, foram discutidas das questões referentes <strong>ao</strong> ensino <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

graduação, em que se <strong>de</strong>stacou a existência <strong>de</strong> muitos cursos <strong>com</strong> ênfase no<<strong>br</strong> />

mo<strong>de</strong>lo biomédico, <strong>com</strong> dissociação entre a teoria e a prática. Sendo assim, no 3°<<strong>br</strong> />

SENADEn (1998), <strong>de</strong>lineou-se o perfil do enfermeiro: "profissional generalista, crítico<<strong>br</strong> />

e reflexivo, <strong>com</strong> <strong>com</strong>petência técnico-científica, ético-político, social e educativa"<<strong>br</strong> />

(SENADEn, 1998).<<strong>br</strong> />

Con<strong>com</strong>itantemente a esses acontecimentos na área <strong>de</strong> educação e ensino<<strong>br</strong> />

da Enfermagem, houve, a partir da década <strong>de</strong> 1970, o surgimento do movimento da<<strong>br</strong> />

Reforma Psiquiátrica, que visava à reconstrução das práticas em saú<strong>de</strong> mental no<<strong>br</strong> />

Brasil, bem <strong>com</strong>o à formação do senso crítico-reflexivo, que proporcionasse <strong>ao</strong>s<<strong>br</strong> />

profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> voltar seu olhar <strong>ao</strong> novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> atenção psiquiátrica, o<<strong>br</strong> />

psicossocial (ZERBETTO; PEREIRA, 2005; JORGE et al., 2006).<<strong>br</strong> />

As políticas públicas na área da saú<strong>de</strong> mental foram sendo aprimoradas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

modo que fossem progressivamente reduzidos os leitos psiquiátricos, expandida e<<strong>br</strong> />

fortalecida a re<strong>de</strong> substitutiva do hospital psiquiátrico. Essas políticas preconizam a<<strong>br</strong> />

criação e manutenção <strong>de</strong> programas permanentes <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> recursos<<strong>br</strong> />

humanos <strong>com</strong> a visão re<strong>com</strong>endada pela Reforma Psiquiátrica. Dessa maneira,<<strong>br</strong> />

tornou-se necessário reorganizar e atentar para a formação dos futuros profissionais<<strong>br</strong> />

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).<<strong>br</strong> />

A partir do final da década <strong>de</strong> 1970, os currículos <strong>de</strong> Enfermagem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçaram contemplar disciplinas que dão <strong>de</strong>staques <strong>ao</strong>s aspectos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamentais, relações humanas e <strong>com</strong>unicação terapêutica (MAFTUM, 2004).<<strong>br</strong> />

Nos cursos <strong>de</strong> graduação, o ensino <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> em saú<strong>de</strong> mental e psiquiátrica<<strong>br</strong> />

passa a ter por objetivo formar enfermeiros aptos a apren<strong>de</strong>r, mobilizar e integrar<<strong>br</strong> />

conhecimentos gerais em <strong>enfermagem</strong> e <strong>enfermagem</strong> psiquiátrica que lhes <strong>de</strong>ssem<<strong>br</strong> />

condições <strong>de</strong> prestar o <strong>cuidado</strong> em circunstância em que o <strong>paciente</strong> necessite <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

suporte emocional e/ou abordagem <strong>de</strong> sintomas <strong>de</strong> transtornos mentais, apesar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

isso não se refletir na prática dos enfermeiros sujeitos <strong>de</strong>ste estudo (CAMPOY;<<strong>br</strong> />

MERIGHI; STEFANELLI, 2005).


102<<strong>br</strong> />

Da formação dos profissionais <strong>de</strong> nível médio, auxiliares e técnicos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong>, espera-se que o ensino contemple a nova visão e práticas voltadas à<<strong>br</strong> />

inserção <strong>de</strong>stes profissionais nos serviços substitutivos. Entretanto, existem<<strong>br</strong> />

dificulda<strong>de</strong>s para alcançar esses objetivos, uma vez que gran<strong>de</strong> parte dos<<strong>br</strong> />

profissionais <strong>de</strong> nível médio tem lacunas em sua formação na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o o exposto pelas falas dos sujeitos A.7, A.9 e A.12. Assim, esses profissionais<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> acabam por adquirir concepções e formas <strong>de</strong> cuidar no seu local <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

trabalho, o que nem sempre ocorre <strong>de</strong> modo correto e a<strong>de</strong>quado (ZERBETTO;<<strong>br</strong> />

PEREIRA, 2005).<<strong>br</strong> />

Os futuros profissionais <strong>de</strong> nível médio, <strong>de</strong>vido à pouca carga horária<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>stinada às disciplinas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental não têm acesso a conceitos teóricos e<<strong>br</strong> />

práticos, o que torna o ensino fragmentado e voltado a procedimentos técnicos. Com<<strong>br</strong> />

isso, per<strong>de</strong>-se a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>br</strong>ir espaço e discussões e reflexões quanto <strong>ao</strong>s<<strong>br</strong> />

conteúdos so<strong>br</strong>e relacionamento interpessoal e <strong>com</strong>unicação (ZERBETTO;<<strong>br</strong> />

PEREIRA, 2005).<<strong>br</strong> />

Os sujeitos fizeram referência à falta <strong>de</strong> atualização e capacitação na área<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental, <strong>com</strong> vistas a melhorias na qualida<strong>de</strong> do <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

transtorno mental. Por outro lado, mostraram-se interessados em adquirir<<strong>br</strong> />

conhecimento relacionado a essa área:<<strong>br</strong> />

“(...) eu nunca tive uma orientação, tirando a graduação que foi<<strong>br</strong> />

há cinco, seis anos. Eu nunca vi preparo <strong>de</strong>ntro da instituição<<strong>br</strong> />

seja esta ou a outra anterior em que eu trabalhei, preparo para<<strong>br</strong> />

trabalhar <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong> psiquiátrico” (E.4).<<strong>br</strong> />

“Nesse pronto atendimento a gente não tem (...) conhecimento<<strong>br</strong> />

específico para fazer um <strong>cuidado</strong>. E hoje, nesta instituição,<<strong>br</strong> />

nesse pronto atendimento, a gente não tem noção, assim não<<strong>br</strong> />

tem um embasamento para cuidar da parte psiquiátrica <strong>de</strong>sse<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>” (E.3).<<strong>br</strong> />

“Mas é difícil tratar, a gente não está acostumada a tratar<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> psiquiátrico. É meio <strong>com</strong>plicado, a gente não tem uma<<strong>br</strong> />

orientação “(A.10).<<strong>br</strong> />

“(...) não temos orientações so<strong>br</strong>e <strong>com</strong>o a gente se portar<<strong>br</strong> />

diante <strong>de</strong>les” (A.8).


103<<strong>br</strong> />

“Falta muito isso, se a gente tivesse um conhecimento a<<strong>br</strong> />

respeito das patologias e o que se espera <strong>de</strong> reações, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

certeza, isso seria muito relevante. (...) Eu já tenho um tempo<<strong>br</strong> />

na Enfermagem, mas <strong>ao</strong> mesmo tempo continuo não tendo um<<strong>br</strong> />

conhecimento nessa área” (E.2).<<strong>br</strong> />

Os inúmeros avanços ocorridos no mundo nos últimos anos trouxeram<<strong>br</strong> />

evolução em muitos aspectos na área da saú<strong>de</strong>. Todavia, esse contexto nos faz<<strong>br</strong> />

conviver, <strong>de</strong> modo contraditório, <strong>com</strong> problemas <strong>de</strong> diversas or<strong>de</strong>ns, entre eles o<<strong>br</strong> />

baixo investimento na qualificação dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Isso se torna mais<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>plexo quando se constata que a formação dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> tem se<<strong>br</strong> />

distanciado <strong>de</strong> certa forma das discussões e das formulações das políticas públicas<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (BRASIL, 2004b).<<strong>br</strong> />

Des<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1950, já se conhecia o lema, bastante divulgado na área<<strong>br</strong> />

da educação naquela época, que ainda tem seu valor nos dias atuais. Ele afirmava<<strong>br</strong> />

que “as pessoas tinham que se ajustar a um mundo novo em mutação, ou seja, que<<strong>br</strong> />

todo conhecimento sofre transformação e é preciso apren<strong>de</strong>r a capacitar-se e<<strong>br</strong> />

ajustar-se às mudanças” (GIRADE; CRUZ; STEFANELLI, 2005, p. 106).<<strong>br</strong> />

O enfermeiro tem que constantemente aprimorar seus conhecimentos por<<strong>br</strong> />

meio do processo <strong>de</strong> educação permanente, pois são alternativas válidas em busca<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> saberes teórico-práticos a fim <strong>de</strong> conferir qualida<strong>de</strong> <strong>ao</strong> <strong>cuidado</strong> e, por<<strong>br</strong> />

conseguinte, satisfação profissional. Torna-se necessário que os profissionais exijam<<strong>br</strong> />

da instituição na qual trabalham apoio <strong>ao</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional e<<strong>br</strong> />

aperfeiçoamento na área específica <strong>de</strong> atuação (GIRADE; CRUZ; STEFANELLI,<<strong>br</strong> />

2006). Para tanto, docentes, pesquisadores e profissionais <strong>com</strong> conhecimento na<<strong>br</strong> />

área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental têm a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estimular reflexões dos<<strong>br</strong> />

profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> que propiciem mudanças na prática frente <strong>ao</strong> <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

dos <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica.<<strong>br</strong> />

Os sujeitos citaram a falta <strong>de</strong> estrutura física do Pronto Atendimento <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

dificulda<strong>de</strong> enfrentada para <strong>de</strong>senvolvimento dos <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica. Ainda mencionaram a falta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

equipamentos apropriados para os procedimentos <strong>de</strong> contenção física no leito:<<strong>br</strong> />

“Nesse pronto atendimento, a gente não tem a menor estrutura.<<strong>br</strong> />

(...) a <strong>enfermagem</strong> aqui no pronto atendimento não tem


104<<strong>br</strong> />

condição <strong>de</strong> ficar direto <strong>com</strong> os <strong>paciente</strong>s nos consultórios<<strong>br</strong> />

quando ficam em observação (...). Como cuidar <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> nessas condições? Sem uma estrutura física, sem<<strong>br</strong> />

uma equipe que não tenha contato direto todo dia” (E.3).<<strong>br</strong> />

“Primeiro é que eles ficam numa maca e você faz uma<<strong>br</strong> />

contenção e eles se agitam muito e corre um gran<strong>de</strong> risco <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

cair, <strong>de</strong> virar <strong>com</strong> essa maca e, isso po<strong>de</strong> acontecer” (A.7).<<strong>br</strong> />

“Aqui no pronto atendimento não tem condições <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />

esse tipo <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>. Aqui não tem uma boa rotina para<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> psiquiátrico. Não tem condições boas, mesmo que<<strong>br</strong> />

você esteja <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong>, você não tem material para conter<<strong>br</strong> />

o <strong>paciente</strong> e <strong>de</strong>ixar ele contido do jeito certo. A gente improvisa<<strong>br</strong> />

e o que acaba acontecendo é que o <strong>paciente</strong> fica na maior<<strong>br</strong> />

parte do tempo sob efeito <strong>de</strong> drogas (...).” (A.8).<<strong>br</strong> />

“Aqui no pronto atendimento <strong>de</strong>veria ser assim: ter mais tipo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

material para contê-lo melhor pra não machucá-lo. Desenvolver<<strong>br</strong> />

mais materiais que sejam mais eficientes, não só o uso da<<strong>br</strong> />

atadura, porque <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo da patologia é melhor<<strong>br</strong> />

contê-lo do que medicá-lo, para po<strong>de</strong>r ver até on<strong>de</strong> ele vai”<<strong>br</strong> />

(T.6)<<strong>br</strong> />

O ambiente em que ocorre o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong>ve representar um espaço<<strong>br</strong> />

terapêutico, <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e que o <strong>paciente</strong> se sinta acolhido, sendo esses fatores<<strong>br</strong> />

importantes para a humanização (BECK, et al., 2009). Assim, se justifica a<<strong>br</strong> />

preocupação dos sujeitos em relacionar à qualida<strong>de</strong> do <strong>cuidado</strong> <strong>com</strong> a a<strong>de</strong>quação<<strong>br</strong> />

do ambiente. Eles <strong>de</strong>monstraram que estão cientes <strong>de</strong> que a forma <strong>de</strong> cuidar do<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrico tem sido ina<strong>de</strong>quada e precária. Para<<strong>br</strong> />

Almeida e Pires (2007), quando o ambiente apresenta dificulda<strong>de</strong>s para se prestar o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>, po<strong>de</strong>m surgir interferências negativas que inibem reconhecer as<<strong>br</strong> />

subjetivida<strong>de</strong>s do <strong>paciente</strong>.<<strong>br</strong> />

O trabalho da equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> nos serviços <strong>de</strong> urgência e<<strong>br</strong> />

emergência ocorre em ambiente <strong>com</strong>plexo <strong>de</strong>vido <strong>ao</strong> <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico e<<strong>br</strong> />

científico. Entretanto, a estrutura física e a a<strong>de</strong>quação dos recursos materiais e<<strong>br</strong> />

humanos não a<strong>com</strong>panham essa evolução ocasionando, além <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s no<<strong>br</strong> />

trabalho da equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, sentimentos <strong>de</strong> impotência, frustração e<<strong>br</strong> />

sofrimento, <strong>com</strong>o <strong>de</strong>monstrados na fala do sujeito E.3 (ALMEIDA; PIRES, 2007;<<strong>br</strong> />

BENETTI et al., 2009).


105<<strong>br</strong> />

Porém, cabe ressaltar que esse panorama está presente na maioria dos<<strong>br</strong> />

serviços <strong>de</strong> Pronto Socorro e Pronto Atendimento em todo o país. Acredita-se que<<strong>br</strong> />

as políticas públicas que estão surgindo nos últimos anos têm estabelecido<<strong>br</strong> />

estratégias para modificações e a<strong>de</strong>quação nos ambiente físico. Com isso, os<<strong>br</strong> />

ajustes almejados na estrutura física dos serviços <strong>de</strong> urgência e emergência<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>rão levar algum tempo. Contudo, já se notam algumas mudanças em<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>corrência da Política Nacional <strong>de</strong> Humanização – HumanizaSUS, que busca<<strong>br</strong> />

orientar e organizar os serviços <strong>de</strong> emergência <strong>ao</strong> atendimento da população<<strong>br</strong> />

(BRASIL, 2004b; SOUZA; SILVA; NORI, 2007; BENETTI et al., 2009).<<strong>br</strong> />

Foram referidas por alguns sujeitos situações relacionadas <strong>ao</strong> seu estado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong> mental, que influenciam no <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica. O sujeito T.7 mencionou a existência <strong>de</strong> problemas<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pessoal e que se somam <strong>ao</strong>s relacionados <strong>com</strong> o trabalho e resultam em<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io psíquico:<<strong>br</strong> />

“(...) não tenho estrutura para trabalhar <strong>com</strong> esses ‘caras’<<strong>br</strong> />

[refere-se a <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica].<<strong>br</strong> />

Acho <strong>com</strong>plicado na verda<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r <strong>paciente</strong> psiquiátrico no<<strong>br</strong> />

clínico [hospital clínico]” (A.7).<<strong>br</strong> />

“Tem muita coisa para melhorar (...) na equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>,<<strong>br</strong> />

não no sentido da prática das pessoas, mas no sentido<<strong>br</strong> />

psicológico. Tem hora que dá vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> pegar ele [o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> transtorno mental] pelo pescoço e estrangular, porque a<<strong>br</strong> />

gente tem os nossos problemas e <strong>de</strong> vez em quando a gente<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eça a per<strong>de</strong>r a paciência <strong>com</strong> esse tipo <strong>de</strong> pessoa” (T.7).<<strong>br</strong> />

“(...) eu fico muito irritada, quando tem aqui <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

psiquiátrico e eu tenho que aten<strong>de</strong>r, geralmente eu não gosto.<<strong>br</strong> />

Eu sinto que saio cansada do plantão, <strong>com</strong> dor nas costas, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão, <strong>com</strong> dor <strong>de</strong> cabeça, <strong>com</strong> a boca seca”<<strong>br</strong> />

(A.1).<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> é permeado por atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong> e, para que se possa<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvê-lo <strong>de</strong> modo eficaz, é imprescindível que o profissional <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> o<<strong>br</strong> />

preste a si mesmo e, <strong>de</strong>ssa forma, seja capaz e autônomo para prestá-lo a outros<<strong>br</strong> />

(COLLIÈRE, 1999). Assim, percebe-se que para cuidar <strong>de</strong> pessoas em sofrimento<<strong>br</strong> />

mental o <strong>cuidado</strong>r necessita ter sua saú<strong>de</strong> mental preservada.


106<<strong>br</strong> />

No âmbito hospitalar, a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> urgência e emergência po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>rada um dos locais em que os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> têm maior propensão<<strong>br</strong> />

para apresentar sinais <strong>de</strong> sofrimento psíquico. Alguns fatores que contribuem para<<strong>br</strong> />

tal condição são o funcionamento ininterrupto do serviço, gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s graves, convívio <strong>com</strong> situações <strong>de</strong> risco iminente <strong>de</strong> morte. Assim, o<<strong>br</strong> />

sofrimento psíquico dos profissionais não <strong>de</strong>ve ser atribuído somente à alta<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>plexida<strong>de</strong> dos <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong>senvolvidos, mas <strong>ao</strong> fato <strong>de</strong> terem que lidar <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

situações adversas frente às quais emergem sentimento <strong>de</strong> impotência e falta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

prazer correlacionado <strong>ao</strong> trabalho (ALMEIDA; PIRES, 2007; BENETTI et al., 2009).<<strong>br</strong> />

A falta <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> funcionamento produz um<<strong>br</strong> />

ambiente ina<strong>de</strong>quado <strong>ao</strong> trabalhador, o que gera <strong>de</strong>sconfortos físicos e psíquicos<<strong>br</strong> />

que po<strong>de</strong>m se agravar levando o profissional a um estado patológico ocupacional<<strong>br</strong> />

(BENETTI et al., 2009).<<strong>br</strong> />

Dentre os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que atuam no ambiente hospitalar, os da<<strong>br</strong> />

Enfermagem são os que estão mais expostos <strong>ao</strong> <strong>de</strong>sgaste mental e,<<strong>br</strong> />

consequentemente, <strong>ao</strong> adoecimento, uma vez que outros fatores se somam <strong>ao</strong>s<<strong>br</strong> />

citados e dão especificida<strong>de</strong> <strong>ao</strong> seu processo <strong>de</strong> trabalho. Como exemplo, a dupla<<strong>br</strong> />

jornada <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>svalorização do trabalho, hegemonia do discurso médico em<<strong>br</strong> />

relação <strong>ao</strong>s <strong>de</strong>mais profissionais e os fatores ambientais (KIRCHHOF et al., 2009).<<strong>br</strong> />

O envolvimento nos processos <strong>de</strong>cisórios <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m técnico-científica e relacional<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> apresentar-se <strong>com</strong>o elementos a mais que influenciam no <strong>de</strong>sgaste mental<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sses profissionais (ALMEIDA; PIRES, 2007).<<strong>br</strong> />

Alguns sintomas po<strong>de</strong>m aparecer e causar incapacida<strong>de</strong> funcional, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

tristeza, ansieda<strong>de</strong>, fadiga, diminuição da concentração, preocupação somática,<<strong>br</strong> />

irritabilida<strong>de</strong>, insônia e estresse (KIRCHHOF et al., 2009). Nesse contexto, a<<strong>br</strong> />

incapacida<strong>de</strong> funcional na Enfermagem significa interferências negativas no<<strong>br</strong> />

ambiente interacional, bem <strong>com</strong>o no processo <strong>de</strong> cuidar (BENETTI et al., 2009).<<strong>br</strong> />

Quando esses sintomas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m emocional estão relacionados <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

ambiente <strong>de</strong> trabalho caracterizado pelas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong> a outros, po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

tratar-se <strong>de</strong> Síndrome <strong>de</strong> Burnout. Esta se <strong>com</strong>põe <strong>de</strong> três elementos: a exaustão<<strong>br</strong> />

emocional, in<strong>com</strong>petência e <strong>de</strong>spersonalização. Na exaustão emocional, há o<<strong>br</strong> />

surgimento <strong>de</strong> sentimentos <strong>de</strong> frustração e tensão no trabalho. No elemento<<strong>br</strong> />

in<strong>com</strong>petência, surge a falta <strong>de</strong> satisfação no trabalho e no terceiro elemento, a


107<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>spersonalização, o aparecimento da <strong>de</strong>scrença, insensibilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>spreocupação<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> as outras pessoas (BENETTI et al., 2009).<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> se <strong>de</strong>senvolve levando em consi<strong>de</strong>ração o<<strong>br</strong> />

contexto relacionado tanto <strong>ao</strong> <strong>cuidado</strong>r quanto <strong>ao</strong> ser <strong>cuidado</strong>. Para tanto, as<<strong>br</strong> />

experiências humanas, a subjetivida<strong>de</strong>, a consciência, a história <strong>de</strong> vida e<<strong>br</strong> />

sentimentos <strong>de</strong>vem ser pon<strong>de</strong>rados, uma vez que o <strong>cuidado</strong> ocorre no ambiente <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

interação. Dessa forma, ele está envolto <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s <strong>com</strong>o respeito, gentileza,<<strong>br</strong> />

responsabilida<strong>de</strong>, interesse, segurança e oferta <strong>de</strong> apoio, confiança, conforto e<<strong>br</strong> />

solidarieda<strong>de</strong> (SILVA, 2000; WALDOW, 2005; STEFANELLI, 2005).<<strong>br</strong> />

Para tanto, os profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>vem assumir seus papéis <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

responsabilida<strong>de</strong>, assim po<strong>de</strong>rão sentir-se integrados <strong>ao</strong> seu meio. Com isso, buscase<<strong>br</strong> />

experimentar sentimentos <strong>de</strong> motivação para elevação da autoestima, ter<<strong>br</strong> />

percepção <strong>de</strong> si <strong>com</strong>o profissional <strong>com</strong>petente que contribui para que o ser humano<<strong>br</strong> />

seja atendido em suas necessida<strong>de</strong>s e no enfrentamento das diversas situações<<strong>br</strong> />

advindas do processo saú<strong>de</strong>-doença (BISON, 2003).<<strong>br</strong> />

Foi possível apreen<strong>de</strong>r que as dificulda<strong>de</strong>s apresentadas pelos sujeitos<<strong>br</strong> />

fazem <strong>com</strong> que o <strong>cuidado</strong> prestado <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

seja fragilizado e ina<strong>de</strong>quado. Eles explicitaram que se sentem<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>spreparados para <strong>de</strong>senvolver esse <strong>cuidado</strong>. Os sujeitos E.6 e E.5, que são<<strong>br</strong> />

enfermeiros referiram que não possuem conhecimento para cuidar do <strong>paciente</strong> e<<strong>br</strong> />

esten<strong>de</strong>ram igualmente à sua equipe.<<strong>br</strong> />

“(...) sou pouco preparada para cuidar <strong>de</strong> um <strong>paciente</strong> que<<strong>br</strong> />

tenha uma alteração psiquiátrica. (...) a gente não dá o <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

a<strong>de</strong>quado, não sabe muito <strong>com</strong>o agir (...). nisso a gente está<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>spreparado, tanto eu <strong>com</strong>o enfermeira <strong>com</strong>o a nossa equipe”<<strong>br</strong> />

(E.6).<<strong>br</strong> />

“(...) falta o preparo <strong>de</strong> <strong>com</strong>o manejar esse <strong>paciente</strong> no dia a<<strong>br</strong> />

dia, enten<strong>de</strong>r o que é um quadro agudo. (...) Mas é claro, que<<strong>br</strong> />

nós <strong>com</strong>o enfermeiros ou a própria equipe, muitas vezes, não<<strong>br</strong> />

temos o preparo profissional” (E.5).<<strong>br</strong> />

“Eu não me sinto preparado realmente, particularmente, não<<strong>br</strong> />

me sinto preparado para trabalhar <strong>com</strong> <strong>paciente</strong> psiquiátrico”<<strong>br</strong> />

(E.4).


108<<strong>br</strong> />

“(...) a gente peca muito nesses <strong>cuidado</strong>s, porque eu acho que<<strong>br</strong> />

eu não saberia cuidar <strong>de</strong> <strong>paciente</strong> psiquiátrico (...) da maneira<<strong>br</strong> />

correta ou que fosse bom prá ele naquele momento” (T.3).<<strong>br</strong> />

O sujeito A.1 enfocou que não está preparado, pois não se sente bem <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

realizar <strong>cuidado</strong>s <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s psiquiátricos no Pronto Atendimento. O sujeito A.6<<strong>br</strong> />

reconheceu suas dificulda<strong>de</strong>s e prefere não realizar o <strong>cuidado</strong> e solicitar <strong>ao</strong>s colegas<<strong>br</strong> />

que o façam. Por outro lado, o sujeito A.4 chamou a atenção para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

se capacitar, o que remete novamente à política <strong>de</strong> educação permanente e<<strong>br</strong> />

salientou que percebe que a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

no Pronto Atendimento tem aumentado:<<strong>br</strong> />

“(...) a gente <strong>de</strong>ve estar preparado para lidar <strong>com</strong> essas<<strong>br</strong> />

pessoas, eu não me acho preparada para tratar <strong>com</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

psiquiátrico, porque eu não me sinto bem” (A.1).<<strong>br</strong> />

“Eu não tenho preparo nenhum para lidar <strong>com</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

psiquiátrico. (...) até por essa dificulda<strong>de</strong> é muito difícil eu lidar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> eles. Geralmente, eu peço para outro ir. Não sei, eu me<<strong>br</strong> />

sinto sem preparo nenhum para cuidar do <strong>paciente</strong>” (A.6).<<strong>br</strong> />

“(...) a gente não está muito preparada para cuidar do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

psiquiátrico. A gente não sabe lidar <strong>com</strong> esse <strong>paciente</strong>, eu<<strong>br</strong> />

acho que tem que ter bastante treinamento. E, está<<strong>br</strong> />

aparecendo cada vez mais para nós esse tipo <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>”<<strong>br</strong> />

(A.4)<<strong>br</strong> />

As referências dos sujeitos so<strong>br</strong>e a falta <strong>de</strong> preparo para <strong>de</strong>senvolver<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>com</strong> relação às necessida<strong>de</strong>s psíquicas do <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica são <strong>com</strong>preensíveis. Uma vez que a formação da<<strong>br</strong> />

maioria dos profissionais da <strong>enfermagem</strong> teve enfoque nas ações <strong>de</strong>senvolvidas <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> nas instituições psiquiátricas, ela dificulta a visão do <strong>cuidado</strong> extramuros,<<strong>br</strong> />

que é um dos motivos para que os profissionais não se sintam preparados para<<strong>br</strong> />

cuidar <strong>de</strong>ssa clientela (SILVEIRA; BRAGA, 2004).<<strong>br</strong> />

O momento é <strong>de</strong> transição no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> assistência à saú<strong>de</strong> mental, em<<strong>br</strong> />

que as políticas públicas têm se a<strong>de</strong>quado no sentido <strong>de</strong> dar sustentação à visão da<<strong>br</strong> />

Reforma Psiquiátrica. Com isso, as profissões da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> buscam


109<<strong>br</strong> />

aprimoramento no saber instrumental para formar e capacitar profissionais a respeito<<strong>br</strong> />

das reformulações vigentes em saú<strong>de</strong> mental (AMARANTE et al., 2003).<<strong>br</strong> />

Entretanto, a falta <strong>de</strong> preparo referida não po<strong>de</strong> ser justificativa para que o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> não ocorra, uma vez que esse sentimento está presente inclusive no<<strong>br</strong> />

cotidiano <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> alguns serviços especializados em saú<strong>de</strong> mental.<<strong>br</strong> />

Essas dificulda<strong>de</strong>s são inerentes <strong>ao</strong> novo cenário, à subjetivação da experiência do<<strong>br</strong> />

trabalho <strong>com</strong> a loucura e à resistência a mudanças (SILVEIRA; BRAGA, 2004;<<strong>br</strong> />

SILVA et al., 2005). Dessa forma, as questões relativas <strong>ao</strong>s <strong>cuidado</strong>s voltados a<<strong>br</strong> />

suprir as necessida<strong>de</strong>s do ser humano em sofrimento psíquico no hospital geral<<strong>br</strong> />

requerem que se construam espaços <strong>de</strong> reflexão, formação e capacitação para os<<strong>br</strong> />

profissionais (SILVEIRA; BRAGA, 2004).<<strong>br</strong> />

A categoria apresentada a seguir é <strong>com</strong>posta por 25 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro,<<strong>br</strong> />

que equivalem a 3,82% do total <strong>de</strong> 654 unida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntificadas e analisadas a partir<<strong>br</strong> />

das entrevistas <strong>com</strong> os sujeitos. No critério quantitativo das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro ela<<strong>br</strong> />

não tem valor significativo para <strong>com</strong>por uma categoria, no entanto, o tema proposto<<strong>br</strong> />

para esta categoria é essencial para <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r o objeto <strong>de</strong> estudo, <strong>de</strong>monstrando<<strong>br</strong> />

a importância qualitativa <strong>de</strong>ssas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro.<<strong>br</strong> />

5.2.4 Preconceito e estigma <strong>com</strong> relação <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

Retroce<strong>de</strong>ndo à categoria “O <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica<<strong>br</strong> />

requer <strong>cuidado</strong>s específicos” na subcategoria “Cuidados humanizados <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong>” na página 94 <strong>de</strong>ste estudo, os sujeitos externaram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

que o <strong>cuidado</strong> ocorra <strong>de</strong> forma humanizada. Entretanto, em meio às falas <strong>de</strong> parte<<strong>br</strong> />

dos entrevistados pô<strong>de</strong>-se apreen<strong>de</strong>r que há contradição, haja vista a afirmação da<<strong>br</strong> />

existência <strong>de</strong> preconceito, que traz <strong>com</strong>o consequência a discriminação, que tem<<strong>br</strong> />

influenciado no <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>cuidado</strong>.


110<<strong>br</strong> />

“(...) a gente é um pouco preconceituoso no atendimento. Ao<<strong>br</strong> />

pegar um <strong>paciente</strong> que tenta suicídio, às vezes, a gente ten<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

a martirizá-lo. (...) A gente fala: ah! tentou suicídio, agora vai<<strong>br</strong> />

sofrer. Não que a gente faça coisas ruins para esse <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

(...). Cuida, mas não passa muito a mão na cabeça” (A.10).<<strong>br</strong> />

“(...) a gente tem mesmo esse tipo <strong>de</strong> preconceito, é <strong>com</strong>o se<<strong>br</strong> />

não gostasse <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r, a gente <strong>de</strong>ixa meio <strong>de</strong> lado, é bem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>plicado mesmo” (T.5)<<strong>br</strong> />

“(...) <strong>de</strong> toda a parte psiquiátrica, o alcoolista eu acho o pior<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> para a <strong>enfermagem</strong> tratar. Ele dá um sentimento pior<<strong>br</strong> />

ainda do que o [<strong>paciente</strong>] psiquiátrico. Eu acho que a<<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> [referindo-se a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> do PA]<<strong>br</strong> />

aten<strong>de</strong> o alcoolista <strong>com</strong> discriminação muito gran<strong>de</strong> e que não<<strong>br</strong> />

vê ele <strong>com</strong>o doente, acham que é uma opção <strong>de</strong>le. Tenho um<<strong>br</strong> />

misto <strong>de</strong> dó, pieda<strong>de</strong>, aversão e um sentimento <strong>de</strong> que eu tinha<<strong>br</strong> />

que tratar ele diferente. Eu procuro num primeiro momento<<strong>br</strong> />

tratar ele bem, mas eu sinto que eu tenho que fazer um esforço<<strong>br</strong> />

muito gran<strong>de</strong>, mas daí eu <strong>com</strong>eço a tratar ele mal “(A.7).<<strong>br</strong> />

O sujeito E.2 citou algumas atitu<strong>de</strong>s que traduzem o preconceito e a<<strong>br</strong> />

discriminação, o que se po<strong>de</strong> inferir que esse <strong>com</strong>portamento vem <strong>ao</strong> encontro da<<strong>br</strong> />

necessida<strong>de</strong> dos profissionais <strong>de</strong>monstrarem superiorida<strong>de</strong> e diferenças em relação<<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> diante <strong>de</strong> situações semelhantes às que experimentam em seu dia a dia:<<strong>br</strong> />

“A gente meio que faz o estereótipo do <strong>paciente</strong>. (...) quando é<<strong>br</strong> />

esse tipo <strong>de</strong> <strong>paciente</strong> a gente já vai meio <strong>com</strong> ódio: tanta gente<<strong>br</strong> />

precisando <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> e daí vem esse querer “louquiar” aqui,<<strong>br</strong> />

acabar <strong>com</strong> o plantão tudo. E eu acho muito difícil que um<<strong>br</strong> />

auxiliar, um técnico não tenha passado isso <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emergência” (T.5).<<strong>br</strong> />

“(...) Não sei se é porque eu falo <strong>de</strong>mais, eles me aceitam, mas<<strong>br</strong> />

sou eu que não os aceito. Eu não me sinto bem” (A.1).<<strong>br</strong> />

“(...) há muito preconceito em relação <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> psiquiátrico e<<strong>br</strong> />

esse preconceito as pessoas expressam, ou seja, no não vou<<strong>br</strong> />

cuidar, seja achando engraçado, tirando sarro, mas na<<strong>br</strong> />

realida<strong>de</strong> é a insegurança. Porque o <strong>paciente</strong> psiquiátrico mexe<<strong>br</strong> />

muito <strong>com</strong> a cabeça das pessoas, porque muitos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamentos que ele tem, são coisas que às vezes você já<<strong>br</strong> />

fez, às vezes já aconteceu alguma coisa assim. O <strong>paciente</strong> tem<<strong>br</strong> />

uma mania e você já teve, então você se enxerga, você já fez<<strong>br</strong> />

aquilo e por uma sorte do <strong>de</strong>stino não é você que está ali no<<strong>br</strong> />

lugar <strong>de</strong>le” (E.2).


111<<strong>br</strong> />

Todos os <strong>paciente</strong>s que a<strong>de</strong>ntram as instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> têm o direito <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

receber <strong>cuidado</strong>, atendimento e/ou orientações que satisfaçam suas necessida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong>vem ser tratados <strong>com</strong> humanida<strong>de</strong> e respeito que lhes são garantidos<<strong>br</strong> />

pela legislação vigente em nosso País (BRASIL, 2004b). Entretanto, existem<<strong>br</strong> />

dificulda<strong>de</strong>s em efetivar esses pressupostos quando se trata <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

sintomas <strong>de</strong> sofrimento psíquico <strong>de</strong>vido <strong>ao</strong> preconceito, que <strong>de</strong>corre da<<strong>br</strong> />

estigmatização da loucura <strong>com</strong>o citado pelos sujeitos A.10, A.7 e T.5 (GRAHAM et<<strong>br</strong> />

al., 2007; MACIEL et al., 2008).<<strong>br</strong> />

Ressalta-se que o “estigma resulta <strong>de</strong> um processo por meio do qual certas<<strong>br</strong> />

pessoas ou grupos <strong>de</strong> pessoas são levados a se sentir envergonhados, excluídos e<<strong>br</strong> />

discriminados”. Quando há atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> distinção, exclusão ou preferência a uma<<strong>br</strong> />

pessoa ou <strong>ao</strong> grupo <strong>de</strong>la em <strong>de</strong>trimento a outros <strong>com</strong> ausência ou diminuição <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

direitos, ocorre discriminação (GRAHAM et al., 2007, p. 42).<<strong>br</strong> />

Estudos so<strong>br</strong>e concepções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, doença, ser humano e modos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

tratamentos às pessoas <strong>com</strong> transtorno mental baseados na legislação <strong>br</strong>asileira,<<strong>br</strong> />

paranaense e <strong>de</strong> Curitiba, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seus primórdios até a atualida<strong>de</strong>, concluíram que a<<strong>br</strong> />

tais legislações influenciaram nas concepções da socieda<strong>de</strong>. Dessa forma, as leis e<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>cretos que regulamentavam a assistência psiquiátrica no Brasil, Paraná e Curitiba<<strong>br</strong> />

na primeira meta<strong>de</strong> do século XX eram voltados <strong>ao</strong> fortalecimento das formas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

tratamento do mo<strong>de</strong>lo hospitalocêntrico e mani<strong>com</strong>ial, marcados pela diminuição <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

direitos civis das pessoas <strong>com</strong> transtorno mental, bem <strong>com</strong>o pela formação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

preconceitos e estigmas relacionados a elas (CANABRAVA, 2008; GUIMARÃES,<<strong>br</strong> />

2008; FOGAÇA, 2008).<<strong>br</strong> />

Entretanto, a Lei 10.216/2001 representa a legislação <strong>br</strong>asileira voltada à<<strong>br</strong> />

proteção dos direitos da pessoa portadora <strong>de</strong> sofrimento mental e tem por objetivo<<strong>br</strong> />

lançar mão <strong>de</strong> medidas especiais para proteger os direitos <strong>de</strong>sses cidadãos,<<strong>br</strong> />

assegurar sua inclusão social e evitar atitu<strong>de</strong>s discriminatórias. Por outro lado, tal lei<<strong>br</strong> />

não possui condições <strong>de</strong> alcançar e intervir na estigmatização (BRASIL, 2001). Isso<<strong>br</strong> />

porque a estigmatização é uma característica própria do ser humano - é invasora,<<strong>br</strong> />

sutil e difícil <strong>de</strong> <strong>com</strong>bater - visto que ela tem relação <strong>com</strong> <strong>com</strong>ponentes cognitivos e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamentais, resulta <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias preconcebidas e do medo do <strong>de</strong>sconhecido,<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>ndo ainda ser fortalecida por fatores culturais e juízo <strong>de</strong> valores (GRAHAM et<<strong>br</strong> />

al., 2007).


112<<strong>br</strong> />

Dessa forma, a estigmatização da pessoa <strong>com</strong> transtorno mental, quando<<strong>br</strong> />

consentida por profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, po<strong>de</strong> provocar atitu<strong>de</strong>s negativas e<<strong>br</strong> />

interferir no <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>cuidado</strong> <strong>com</strong>o preconceito externado pela i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

que a pessoa é alcoolista por opção <strong>de</strong> vida, criação <strong>de</strong> estereótipos, ações<<strong>br</strong> />

discriminatórias, opiniões divergentes dos profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> so<strong>br</strong>e as<<strong>br</strong> />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong> do <strong>paciente</strong>, bem <strong>com</strong>o pela falta <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> em abordá-lo<<strong>br</strong> />

e realizar levantamento <strong>de</strong> seus problemas, o que acarreta má qualida<strong>de</strong> dos<<strong>br</strong> />

tratamentos e <strong>cuidado</strong>s fornecidos. Esta estigmatização po<strong>de</strong>, ainda, incorrer em<<strong>br</strong> />

marginalização e exclusão do <strong>paciente</strong> do processo <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>, negligências <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>s, barreira à <strong>com</strong>unicação, pela imposição <strong>de</strong> esquema <strong>de</strong> valores e<<strong>br</strong> />

influência <strong>de</strong> mecanismos inconscientes que interfiram no ambiente interacional e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicacional (STEFANELLI, 2005; GRAHAM et al., 2007). Essas situações são<<strong>br</strong> />

corroboradas por um estudo realizado so<strong>br</strong>e a abordagem da equipe <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> às pessoas <strong>com</strong> transtorno mental em um serviço <strong>de</strong> emergências, em<<strong>br</strong> />

que se revelou a existência <strong>de</strong> in<strong>com</strong>preensão da equipe quanto <strong>ao</strong> sofrimento<<strong>br</strong> />

psíquico do suicida, do alcoolista e toxicômano, <strong>com</strong>o também foi <strong>de</strong>monstrado<<strong>br</strong> />

pelos sujeitos <strong>de</strong>ste estudo (KONDO et al., 2009 10 ).<<strong>br</strong> />

Os sujeitos A.10, A.7 e T.5, <strong>ao</strong> citarem que existe tendência <strong>de</strong> martirizar o<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>, <strong>de</strong> acabar tratando-o mal e <strong>de</strong>ixando-o <strong>de</strong> lado, <strong>de</strong>monstraram a influência<<strong>br</strong> />

do preconceito relativo <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> transtorno mental no <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>senvolvido a ele. Nessa perspectiva, quando houver prejuízo no<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> a uma pessoa ou a um grupo <strong>de</strong>vido à estigmatização<<strong>br</strong> />

presente nas atitu<strong>de</strong>s do profissional, ele <strong>de</strong>ve ser alvo <strong>de</strong> ações específicas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

conscientização a fim <strong>de</strong> redução ou extinção <strong>de</strong>sse <strong>com</strong>portamento. Dentre elas<<strong>br</strong> />

instituir medidas <strong>de</strong> ensino para mudar crenças e atitu<strong>de</strong>s por meio <strong>de</strong> sensibilização<<strong>br</strong> />

da equipe quanto <strong>ao</strong> <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno mental, proporcionar<<strong>br</strong> />

conhecimento teórico e dar suporte na prática profissional, estabelecer e apoiar a<<strong>br</strong> />

responsabilização dos profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> so<strong>br</strong>e os <strong>cuidado</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvidos <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica (STEFANELLI,<<strong>br</strong> />

2005; GRAHAM et al., 2007).<<strong>br</strong> />

Deve-se, ainda, <strong>com</strong>bater qualquer forma <strong>de</strong> manifestação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

estigmatização, preconceito ou discriminação dos <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno mental.<<strong>br</strong> />

10 KONDO, E.H. et al. Abordagem da equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> usuário na emergência em saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

mental em um pronto atendimento. Revista da Escola <strong>de</strong> Enfermagem da USP, 2009. Encaminhado.


113<<strong>br</strong> />

Promover e incentivar pesquisas que i<strong>de</strong>ntifiquem meios <strong>de</strong> intervenção para reduzir<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> modo durável as formas <strong>de</strong> estigmatização e discriminação das pessoas <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

transtorno mental nas instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, conhecer a si mesmo e <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />

que no ambiente <strong>com</strong>unicacional <strong>de</strong>ve-se evitar a imposição <strong>de</strong> valores, explorar e<<strong>br</strong> />

clarificar os mecanismos inconscientes ou parcialmente conscientes, que po<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />

influenciar <strong>de</strong> modo negativo as atitu<strong>de</strong>s e <strong>com</strong>preensão dos profissionais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> ou do <strong>paciente</strong> no ambiente <strong>com</strong>unicacional no instante do <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

(STEFANELLI, 2005; GRAHAM et al., 2007).<<strong>br</strong> />

Nos relatos seguintes, foi possível apreen<strong>de</strong>r que para os sujeitos o hospital<<strong>br</strong> />

geral não é o local a<strong>de</strong>quado para receber <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno mental e<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>monstraram rejeição à entrada e à permanência do <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

psiquiátrica no Pronto Atendimento. Esse <strong>com</strong>portamento em relação às pessoas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> transtornos psíquicos reafirmou a visão da exclusão social, o que acaba por<<strong>br</strong> />

influenciar a efetivida<strong>de</strong> do <strong>cuidado</strong> integral. A conservação do pensamento em<<strong>br</strong> />

relacionar a pessoa <strong>com</strong> transtorno mental <strong>com</strong> a institucionalização ficou<<strong>br</strong> />

evi<strong>de</strong>nciada. Por outro lado, o sujeito E.5 referiu a possibilida<strong>de</strong> do <strong>paciente</strong> ser<<strong>br</strong> />

atendido em outros serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Outras atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> rejeição para receber o<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> <strong>com</strong> transtorno mental no hospital geral foram apontadas pelos sujeitos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o a <strong>de</strong> não aceitar trabalhar em situações <strong>de</strong> emergências psiquiátricas. O<<strong>br</strong> />

sujeito A.6 fez uma crítica à <strong>de</strong>sinstitucionalização, mencionando que os <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

não <strong>de</strong>veriam sair <strong>de</strong> lá e reforça a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o hospital geral não é local para os<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno mental:<<strong>br</strong> />

“A gente ainda tem a visão do <strong>paciente</strong> psiquiátrico<<strong>br</strong> />

institucionalizado. É aquele <strong>paciente</strong> que <strong>de</strong>veria estar, no<<strong>br</strong> />

nosso entendimento, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um hospital psiquiátrico. (...)<<strong>br</strong> />

quando ele procura um hospital “normal”, a gente não tem esse<<strong>br</strong> />

preparo para o atendimento a esse <strong>paciente</strong>. É muito <strong>com</strong>um<<strong>br</strong> />

quando se diz que você vai receber um <strong>paciente</strong> psiquiátrico<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ntro da instituição hospitalar [hospital geral], e a primeira<<strong>br</strong> />

coisa que se diz: aqui não é hospital psiquiátrico! Como se o<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> que tem um quadro psiquiátrico só pu<strong>de</strong>sse ser<<strong>br</strong> />

atendido nesse tipo <strong>de</strong> hospital [instituição psiquiátrica], que ele<<strong>br</strong> />

não pu<strong>de</strong>sse ser atendido em qualquer outro local” (E.5).<<strong>br</strong> />

“Por incrível que pareça, há uma barreira para esse <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

psiquiátrico porque o hospital é clínico. Eu não sei se vai ser


114<<strong>br</strong> />

válida a questão do <strong>paciente</strong> psiquiátrico aqui no pronto<<strong>br</strong> />

atendimento clínico (...)” (E.3).<<strong>br</strong> />

“Se o PA vier um dia aten<strong>de</strong>r a psiquiatria <strong>com</strong>o emergência<<strong>br</strong> />

psiquiátrica, eu creio que não ficaria no serviço, porque não me<<strong>br</strong> />

vejo trabalhando <strong>com</strong> <strong>paciente</strong> psiquiátrico. Eu particularmente<<strong>br</strong> />

não me sinto preparado, eu acho que uma das minhas falhas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o profissional é que eu não consigo me preparar para<<strong>br</strong> />

cuidar do <strong>paciente</strong> psiquiátrico, porque eu não me vejo<<strong>br</strong> />

trabalhando <strong>com</strong> <strong>paciente</strong> psiquiátrico” (E.4).<<strong>br</strong> />

“eu acho <strong>com</strong>plicadíssimo o hospital ficar <strong>com</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

psiquiátrico no PA” (A.7)<<strong>br</strong> />

“O hospital é um hospital clínico e ele está aqui porque não<<strong>br</strong> />

está bem clinicamente e ele também não está bem<<strong>br</strong> />

psicologicamente, é muito difícil. Porque quando o hospital é<<strong>br</strong> />

psiquiátrico, ele não está bem da cabeça” (T.7).<<strong>br</strong> />

“(...) agora estão extinguindo esses hospitais psiquiátricos. Eu<<strong>br</strong> />

acho que eles precisam <strong>de</strong> um tratamento específico, porque<<strong>br</strong> />

agora é tudo igual, tratamento clínico e psiquiátrico (...) não<<strong>br</strong> />

tinha que tirar tudo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do hospital psiquiátrico e jogar<<strong>br</strong> />

tudo <strong>de</strong>ntro do clínico” (A.6).<<strong>br</strong> />

Para <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r as colocações dos sujeitos, há que se pensar so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

questões importantes: a primeira refere-se à própria história do hospital, da loucura e<<strong>br</strong> />

do surgimento das instituições psiquiátricas. Em seguida, po<strong>de</strong>m-se citar as<<strong>br</strong> />

concepções <strong>de</strong> segregação, que ainda, se mantêm na socieda<strong>de</strong>, bem <strong>com</strong>o a<<strong>br</strong> />

novida<strong>de</strong> representada pela estruturação dos serviços substitutivos preconizados<<strong>br</strong> />

pela Reforma Psiquiátrica (HILDEBRANDT; ALENCASTRE, 2001; SILVEIRA;<<strong>br</strong> />

BRAGA, 2005).<<strong>br</strong> />

Quanto à primeira questão, a partir do momento em que se concebe a<<strong>br</strong> />

loucura <strong>com</strong>o doença e se estipula o manicômio <strong>com</strong>o espaço <strong>de</strong> ação médica so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

a doença da mente, surge o pensamento <strong>de</strong> que o lugar próprio, único e a<strong>de</strong>quado<<strong>br</strong> />

para tratar a loucura é o espaço noso-mani<strong>com</strong>ial (HILDEBRANDT; ALENCASTRE,<<strong>br</strong> />

2001; SILVEIRA; BRAGA, 2005; KONDO et al., 2009 10 ). Uma vez os loucos isolados<<strong>br</strong> />

da socieda<strong>de</strong>, distantes dos “normais”, se estabelece a segregação social, que<<strong>br</strong> />

10 KONDO, E.H. et al. Abordagem da equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> usuário na emergência em saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

mental em um pronto atendimento. Revista da Escola <strong>de</strong> Enfermagem da USP, 2009. Encaminhado


115<<strong>br</strong> />

perdurou por anos e, <strong>de</strong> certo modo, ainda hoje so<strong>br</strong>evive <strong>com</strong>o verda<strong>de</strong> na<<strong>br</strong> />

concepção <strong>de</strong> parte da socieda<strong>de</strong> (AMARANTE et al., 2003).<<strong>br</strong> />

Assim se percebe que há resistência dos profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> em<<strong>br</strong> />

aceitar e a<strong>de</strong>rir <strong>ao</strong> novo contexto da assistência à saú<strong>de</strong> mental, especialmente <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

o advento da reforma psiquiátrica, <strong>com</strong> a diminuição dos leitos nos hospitais<<strong>br</strong> />

psiquiátricos e <strong>com</strong> o atendimento na re<strong>de</strong> substitutiva, tendo em vista a inclusão do<<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> na socieda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

A reforma psiquiátrica, apesar <strong>de</strong> ter início nos anos setenta do século<<strong>br</strong> />

passado, ainda está se estruturando e não ocorre <strong>de</strong> forma consensual. Isso<<strong>br</strong> />

acontece por causa da <strong>com</strong>plexida<strong>de</strong> <strong>com</strong> relação à temática que envolve condições<<strong>br</strong> />

econômicas, históricas, políticas e culturais. Dessa forma, sua efetivação necessita<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> modificação na visão da socieda<strong>de</strong> em relação às pessoas <strong>com</strong> transtorno mental<<strong>br</strong> />

para que se modifiquem as práticas e as estruturas dos serviços substitutivos<<strong>br</strong> />

(AMARANTE et al., 2003).<<strong>br</strong> />

Na nova visão so<strong>br</strong>e o <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> transtorno mental, há o envolvimento<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> vários serviços e profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. O hospital geral não é o único serviço<<strong>br</strong> />

disponível na re<strong>de</strong> substitutiva do hospital psiquiátrico. Existem outros serviços <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

maior exclusivida<strong>de</strong> <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno mental <strong>com</strong>o o hospital-dia;<<strong>br</strong> />

CAPS; atendimento ambulatorial, entre outros (AMARANTE et al., 2003).<<strong>br</strong> />

Cabe ressaltar que o hospital geral em que esse estudo se <strong>de</strong>senvolveu não<<strong>br</strong> />

possui unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> internamento para especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> psiquiatria, somente<<strong>br</strong> />

atendimento ambulatorial. Com isso, não é <strong>com</strong>um receber <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

exclusivamente para tratamento psiquiátrico. Os <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno mental<<strong>br</strong> />

que são atendidos ali, para atendimento clínico, são os que apresentam<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica. Durante o tempo em que atuei no local <strong>de</strong>ste<<strong>br</strong> />

estudo, percebi que o <strong>cuidado</strong> prestado <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s em geral é <strong>de</strong> excelência,<<strong>br</strong> />

contudo, quando há <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> psiquiátrica há <strong>de</strong>fasagem na qualida<strong>de</strong> do<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> pelas dificulda<strong>de</strong>s encontradas pela equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> em <strong>de</strong>senvolvêlo.


116<<strong>br</strong> />

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS<<strong>br</strong> />

Neste trabalho <strong>de</strong> pesquisa, foi proposto apreen<strong>de</strong>r <strong>com</strong>o os profissionais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> percebem o <strong>cuidado</strong> que <strong>de</strong>senvolvem <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

clínico-psiquiátrico no Pronto Atendimento <strong>de</strong> um Hospital Geral, haja vista que o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> é a essência da Enfermagem. Nele, buscou-se aprofundar <strong>ao</strong> máximo a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preensão so<strong>br</strong>e a temática que envolveu o problema <strong>de</strong> pesquisa, entretanto<<strong>br</strong> />

não se teve a pretensão em esgotá-la, pois, entre outros fatores o tempo para o<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvimento do mestrado é limitado.<<strong>br</strong> />

Deste modo, percebe-se que há muito a avançar no conhecimento na área<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental, principalmente quando relacionado <strong>ao</strong> novo ambiente <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>s<<strong>br</strong> />

extramuros às pessoas <strong>com</strong> transtorno mental, <strong>com</strong>o é o caso <strong>de</strong> hospitais gerais.<<strong>br</strong> />

Tendo em vista a temática abordada nesta pesquisa, não cabe fazer aqui<<strong>br</strong> />

generalizações, mas <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r <strong>com</strong>o a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong> um Pronto<<strong>br</strong> />

Atendimento atua no <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica e<<strong>br</strong> />

quais fatores estão relacionados <strong>ao</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento.<<strong>br</strong> />

O momento é <strong>de</strong> transformações paradigmáticas e estruturais na área <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong> mental no Brasil. É um período histórico <strong>com</strong> forte influência nos âmbitos<<strong>br</strong> />

sociais, políticos e econômicos e que tem sido marcado pelo esforço dos<<strong>br</strong> />

profissionais <strong>de</strong> várias áreas do conhecimento em busca da dignida<strong>de</strong> e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

da pessoa <strong>com</strong> transtorno mental. A Enfermagem se encontra entre as profissões da<<strong>br</strong> />

área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que estão empenhadas em mudar o panorama <strong>de</strong> assistência à<<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong> mental no Brasil, para tanto, existe a relevância <strong>de</strong> sua atuação nas<<strong>br</strong> />

pesquisas no campo da saú<strong>de</strong> mental.<<strong>br</strong> />

Ao partir para o campo <strong>de</strong> investigação junto <strong>ao</strong>s sujeitos, a fim <strong>de</strong> obter os<<strong>br</strong> />

dados que respon<strong>de</strong>ssem à questão norteadora e alcançasse os objetivos traçados,<<strong>br</strong> />

percebeu-se, <strong>com</strong> surpresa, por meio dos relatos dos sujeitos, suas concepções<<strong>br</strong> />

relativas <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica, percepção so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> <strong>de</strong>senvolvido, formas <strong>de</strong> cuidar ou <strong>de</strong>scuidar. Depois das leituras flutuantes,<<strong>br</strong> />

verificou-se que havia necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma intervenção, a fim <strong>de</strong> sensibilizar a<<strong>br</strong> />

equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> para o reconhecimento do portador <strong>de</strong> transtorno mental<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o pessoa e para o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong>senvolvido a ele.


117<<strong>br</strong> />

Assim, teve-se a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar Grupos <strong>de</strong> Discussão <strong>com</strong> parte<<strong>br</strong> />

da equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> do Pronto Atendimento, por meio da disciplina do curso<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> mestrado Vivência na Prática Assistencial. Nele, traçou-se o objetivo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

apreen<strong>de</strong>r as percepções daquela equipe so<strong>br</strong>e conceitos centrais <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvimento do <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> portador <strong>de</strong> transtorno mental. Os conceitos<<strong>br</strong> />

elencados foram: <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, ser humano, ambiente, saú<strong>de</strong> e doença<<strong>br</strong> />

mental, equipe, <strong>com</strong>unicação humana e terapêutica.<<strong>br</strong> />

Ao final <strong>de</strong>ssa vivência da prática assistencial, os sujeitos concluíram so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudança em sua prática <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong> às pessoas <strong>com</strong> transtorno<<strong>br</strong> />

mental. O grupo <strong>de</strong>monstrou interesse em que haja outras discussões relacionadas<<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong> conhecimento so<strong>br</strong>e <strong>com</strong>unicação terapêutica, uma vez que a consi<strong>de</strong>rou<<strong>br</strong> />

importante <strong>com</strong>o instrumento para o <strong>cuidado</strong>. Após o término <strong>de</strong>ste grupo, percebeuse<<strong>br</strong> />

que ele <strong>de</strong>veria se esten<strong>de</strong>r <strong>ao</strong>s <strong>de</strong>mais profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> que não<<strong>br</strong> />

pu<strong>de</strong>ram participar, visto que o grupo se constituiu <strong>de</strong> nove sujeitos e o tempo<<strong>br</strong> />

disponível para a disciplina não seria suficiente para alcançar a todos. Fica então a<<strong>br</strong> />

re<strong>com</strong>endação à instituição para a viabilização <strong>de</strong> outras Discussões <strong>de</strong> Grupo <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

vistas a contribuir para que a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> adquira conhecimentos nessa<<strong>br</strong> />

temática que impacte no <strong>cuidado</strong> qualificado.<<strong>br</strong> />

À medida que os dados <strong>de</strong>sta pesquisa eram tratados, notava-se o<<strong>br</strong> />

distanciamento que havia entre a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> e os <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica <strong>de</strong>vido à forma <strong>com</strong>o os <strong>cuidado</strong>s eram<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senvolvidos e pelas dificulda<strong>de</strong>s relatadas pelos profissionais. Algo que chamou a<<strong>br</strong> />

atenção foi a forte presença <strong>de</strong> estigmas, preconceitos e rejeição que os<<strong>br</strong> />

profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>monstraram em relação às pessoas <strong>com</strong> transtorno<<strong>br</strong> />

mental. Com isso, po<strong>de</strong>-se apreen<strong>de</strong>r que há influência <strong>de</strong>sses fatores diretamente<<strong>br</strong> />

no <strong>de</strong>senvolvimento dos <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, que em algumas situações não<<strong>br</strong> />

ocorria.<<strong>br</strong> />

Os resultados <strong>de</strong>ssa pesquisa <strong>de</strong>monstraram a tendência dos profissionais<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> enfocarem e darem maior importância <strong>ao</strong>s <strong>cuidado</strong>s técnicos e<<strong>br</strong> />

procedimentos, bem <strong>com</strong>o às dificulda<strong>de</strong>s em <strong>de</strong>senvolver <strong>cuidado</strong>s subjetivos <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

é a <strong>com</strong>unicação. Essas dificulda<strong>de</strong>s são intensificadas quando o <strong>cuidado</strong> é voltado<<strong>br</strong> />

para aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s psíquicas do <strong>paciente</strong>.<<strong>br</strong> />

Ficou evi<strong>de</strong>nciada a forte relação dos <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> psiquiátrica e elementos mani<strong>com</strong>iais, que influenciam o processo


118<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> cuidar <strong>com</strong>o a contenção física e a sedação sem critérios preestabelecidos, o<<strong>br</strong> />

estigma, o preconceito.<<strong>br</strong> />

Verificou-se que o Pronto Atendimento é um cenário típico <strong>de</strong> mudanças <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

paradigma, evi<strong>de</strong>nciado pelas dificulda<strong>de</strong>s apresentadas pelos sujeitos na<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preensão so<strong>br</strong>e a pessoa <strong>com</strong> transtorno mental e os <strong>cuidado</strong>s específicos a<<strong>br</strong> />

elas, <strong>de</strong>sconhecimento das políticas públicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental vigentes, da<<strong>br</strong> />

elaboração do plano <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>s que a<strong>br</strong>anja as necessida<strong>de</strong>s psíquicas.<<strong>br</strong> />

A falta <strong>de</strong> programas locais <strong>de</strong> aprimoramento e capacitação em saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

mental também foi enfatizada pelos sujeitos <strong>com</strong>o um <strong>com</strong>plicador em relação <strong>ao</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>s específicos <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> psiquiátrica. Dessa forma,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ntre os elementos consi<strong>de</strong>rados necessários para a capacitação dos profissionais<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> encontra-se a educação permanente <strong>com</strong> ênfase em saú<strong>de</strong> mental,<<strong>br</strong> />

que tem <strong>com</strong>o uma das atribuições proporcionar o ensino e o aprimoramento das<<strong>br</strong> />

ações <strong>de</strong>senvolvidas <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s e minimizar o distanciamento entre prática e<<strong>br</strong> />

teoria.<<strong>br</strong> />

Outra necessida<strong>de</strong>, talvez a <strong>de</strong> maior importância, seja a sensibilização da<<strong>br</strong> />

equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>com</strong> o intuito <strong>de</strong> mudanças <strong>de</strong> concepção so<strong>br</strong>e as<<strong>br</strong> />

psicopatologias, relação profissional-<strong>paciente</strong>, processo doença-saú<strong>de</strong> mental,<<strong>br</strong> />

aceitação do portador <strong>de</strong> transtorno mental <strong>com</strong>o ser humano que carece <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong> qualificado. Isso acaba por ser um <strong>de</strong>safio para os profissionais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong>, visto que, além <strong>de</strong> mudança nas atitu<strong>de</strong>s, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

superação so<strong>br</strong>e alguns sentimentos expressos pelos sujeitos e que <strong>de</strong>notam<<strong>br</strong> />

influência negativa so<strong>br</strong>e o <strong>cuidado</strong> prestado <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s <strong>com</strong>o medo, aversão à<<strong>br</strong> />

pessoa <strong>com</strong> transtorno mental, pieda<strong>de</strong>, ódio.<<strong>br</strong> />

Ao finalizar este trabalho exploratório, nota-se que os dados que emergiram<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m contribuir e incentivar novos estudos que permitam a a<strong>de</strong>quação e<<strong>br</strong> />

qualificação dos <strong>cuidado</strong>s <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> às pessoas <strong>com</strong> transtorno mental. O<<strong>br</strong> />

cenário <strong>br</strong>asileiro atual tem disposto <strong>de</strong> discussões e reflexões so<strong>br</strong>e as práticas em<<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong> mental nos serviços substitutivos e nas poucas instituições <strong>de</strong> internação<<strong>br</strong> />

integral existentes. Todavia, elas <strong>de</strong>vem se esten<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> igual modo, <strong>ao</strong>s serviços <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

saú<strong>de</strong> não especializados em saú<strong>de</strong> mental, que têm recebido e <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong>s <strong>com</strong> transtorno, <strong>com</strong> pouca qualificação.


119<<strong>br</strong> />

Isso ocorre <strong>de</strong>vido à formação dos profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> do Pronto<<strong>br</strong> />

Atendimento ter acontecido na visão centrada somente no recurso dito terapêutico<<strong>br</strong> />

representado pela instituição e práticas mani<strong>com</strong>iais.<<strong>br</strong> />

Dessa forma, os profissionais apresentam déficit <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>s no mo<strong>de</strong>lo psicossocial, que se traduz no direito do <strong>paciente</strong> ser <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

em todos os níveis <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong>, e que acredita-se que o hospital geral po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

se tornar um dos ambientes terapêuticos mais propícios <strong>ao</strong> <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> transtorno mental.


120<<strong>br</strong> />

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entre profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> e <strong>paciente</strong>s. Rev. Gaúcha Enferm. v. 28, n. 2, p.<<strong>br</strong> />

242-9, 2007.<<strong>br</strong> />

STEFANELLI. M.C. Comunicação <strong>com</strong> <strong>paciente</strong>: teoria e ensino. 2 ed. São Paulo:<<strong>br</strong> />

Robe Editorial, 1993.<<strong>br</strong> />

______. Conceitos teóricos so<strong>br</strong>e <strong>com</strong>unicação. In: STEFANELLI, M.C.;<<strong>br</strong> />

CARVALHO, E.C. A <strong>com</strong>unicação nos diferentes contextos da <strong>enfermagem</strong>. Barueri:<<strong>br</strong> />

Manole, 2005a.


132<<strong>br</strong> />

_____. Introdução à <strong>com</strong>unicação terapêutica. In: STEFANELLI, M.C.;<<strong>br</strong> />

CARVALHO, E.C. A <strong>com</strong>unicação nos diferentes contextos da <strong>enfermagem</strong>. Barueri:<<strong>br</strong> />

Manole, 2005b.<<strong>br</strong> />

_____. Estratégias <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicação terapêutica. In: STEFANELLI, M.C.;<<strong>br</strong> />

CARVALHO, E.C. A <strong>com</strong>unicação nos diferentes contextos da <strong>enfermagem</strong>. Barueri:<<strong>br</strong> />

Manole, 2005c.<<strong>br</strong> />

______. Comunicação não-terapêutica e barreiras à <strong>com</strong>unicação terapêutica.<<strong>br</strong> />

In: STEFANELLI, M.C.; CARVALHO, E.C. A <strong>com</strong>unicação nos diferentes contextos<<strong>br</strong> />

da <strong>enfermagem</strong>. Barueri: Manole, 2005d.<<strong>br</strong> />

STEFANELLI, M.C.; CARVALHO, E.C.; ARANTES, E.C. Comunicação e<<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong>. In: STEFANELLI, M.C.; CARVALHO, E.C. A <strong>com</strong>unicação nos<<strong>br</strong> />

diferentes contextos da <strong>enfermagem</strong>. Barueri: Manole, 2005.<<strong>br</strong> />

STEFANELLI, M.C.; CARVALHO, E.C. A <strong>com</strong>unicação nos diferentes contextos<<strong>br</strong> />

da <strong>enfermagem</strong>. Barueri: Manole, 2005.<<strong>br</strong> />

STUART, G.W.; LARAIA, M.T . Enfermagem psiquiátrica. – trad. Márcia Lisboa. –<<strong>br</strong> />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: Reichmann & Affonso Ed., 2002.<<strong>br</strong> />

TENG, C.T., HUMES E.C., DEMETRIOS F.N. Depressão e <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong>s clínicas.<<strong>br</strong> />

Rev. Psiquiatr. Clín. v. 32, n.3; 149-159, 2005.<<strong>br</strong> />

TIMBY, B.K. Atendimento <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>: conceitos e habilida<strong>de</strong>s fundamentais.<<strong>br</strong> />

Trad. Regina Garcez. – 6ª. Ed. Porto Alegre: ArtMed. Editora, 2001.<<strong>br</strong> />

TOWSEND, M.C. Enfermagem psiquiátrica: conceitos <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>s. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<<strong>br</strong> />

Guanabara Koogan, 2002.<<strong>br</strong> />

THOMAS, J. et al. Implantação da consultoria <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> psiquiátrica em um<<strong>br</strong> />

hospital geral. Rev. HCPA. v. 27, v. 2, 2007.<<strong>br</strong> />

TOBAR, F. Como fazer teses em saú<strong>de</strong> pública: conselhos e idéias para formular<<strong>br</strong> />

projetos e redigir teses e informes <strong>de</strong> pesquisa. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Fiocruz, 2001.


133<<strong>br</strong> />

TORRE, E.H.G.; AMARANTE, P. Protagonismo e subjetivida<strong>de</strong>: a construção<<strong>br</strong> />

coletiva no campo da saú<strong>de</strong> mental. Ciênc. Saú<strong>de</strong> Coletiva. v.6, n.1, p.73-85, 2001.<<strong>br</strong> />

Disponível em: http://www.scielo.<strong>br</strong>/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-<<strong>br</strong> />

81232001000100006. Acesso em: 30/08/2009.<<strong>br</strong> />

VIETTA, E.P.; KODATO, S.; FURLAN, R. Reflexões so<strong>br</strong>e a transição paradigmática<<strong>br</strong> />

em saú<strong>de</strong> mental. Rev. Latino-am. Enfermagem. v.9, n.2, p. 97-103, mar. 2001.<<strong>br</strong> />

VILLELA, J.C. O ensino <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental na graduação <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>. 120 f.<<strong>br</strong> />

Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em<<strong>br</strong> />

Enfermagem, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, Curitiba, 2008.<<strong>br</strong> />

ZERBETTO, S.R.; PEREIRA, M. A.O. O trabalho do profissional <strong>de</strong> nível médio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> nos novos dispositivos <strong>de</strong> atenção em saú<strong>de</strong> mental. Revista Latino-<<strong>br</strong> />

Am. Enfermagem [online]. 2005, v.13, n.1, p. 112-7. Disponível em:<<strong>br</strong> />

http://www.scielo.<strong>br</strong>/scielo.php?pid=S0104-11692005000100018&script=sci_arttext.<<strong>br</strong> />

Acesso em: 01/03/2009.<<strong>br</strong> />

WALDOW, V.R Atualização do <strong>cuidado</strong>. Aquichan. v. 8, n.1; 2008 Disponível em:<<strong>br</strong> />

. Acesso em: 21/09/2009.<<strong>br</strong> />

______. Cuidar: expressão humanizadora da <strong>enfermagem</strong>. 2. ed.- Petrópolis:<<strong>br</strong> />

Vozes, 2007.<<strong>br</strong> />

______. Estratégias <strong>de</strong> ensino na <strong>enfermagem</strong>: enfoque no <strong>cuidado</strong> e no<<strong>br</strong> />

pensamento crítico. Petrópolis: Vozes, 2005.<<strong>br</strong> />

_____. Momento <strong>de</strong> cuidar: momento <strong>de</strong> reflexão na ação. Rev. <strong>br</strong>as. Enferm. v.62,<<strong>br</strong> />

n.1, p. 140-5, 2009.<<strong>br</strong> />

WAIDMAN, M.A.P.; STEFANELLI, M.C. Comunicação e estratégias <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

intervenção familiar. In: STEFANELLI, M.C.; CARVALHO, E.C. A <strong>com</strong>unicação nos<<strong>br</strong> />

diferentes contextos da <strong>enfermagem</strong>. Barueri: Manole, 2005.


APÊNDICES


135<<strong>br</strong> />

APÊNDICE 1<<strong>br</strong> />

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO<<strong>br</strong> />

Você está sendo convidado a participar <strong>de</strong> um estudo intitulado “Cuidado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica no Pronto<<strong>br</strong> />

Atendimento <strong>de</strong> um Hospital Geral”, que está sendo <strong>de</strong>senvolvido por Marcio<<strong>br</strong> />

Roberto Paes, aluno do curso <strong>de</strong> Mestrado em Enfermagem da Universida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Fe<strong>de</strong>ral do Paraná – UFPR. É através das pesquisas que ocorrem avanços na área<<strong>br</strong> />

da saú<strong>de</strong>, em especial, na área da Enfermagem, e sua participação é <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

fundamental importância.<<strong>br</strong> />

O objetivo <strong>de</strong>sta pesquisa é: apreen<strong>de</strong>r a percepção do profissional <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

acerca do <strong>cuidado</strong> que <strong>de</strong>senvolve <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica.<<strong>br</strong> />

Os benefícios esperados não serão financeiros, mas pessoais. Pela sua<<strong>br</strong> />

participação no estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro.<<strong>br</strong> />

O estudo não envolve riscos, por se tratar <strong>de</strong> uma pesquisa em que a coleta<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> informações acontece por meio <strong>de</strong> entrevista, e você po<strong>de</strong>rá recusar-se em<<strong>br</strong> />

participar da pesquisa a qualquer momento, caso sinta-se afetado.<<strong>br</strong> />

A sua participação neste estudo é voluntária. Você tem a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<<strong>br</strong> />

recusar a participar do estudo, ou, se aceitar, retirar seu consentimento a qualquer<<strong>br</strong> />

momento, sem que isso afete seu trabalho.<<strong>br</strong> />

As informações relacionadas <strong>ao</strong> estudo po<strong>de</strong>rão ser inspecionadas pelas<<strong>br</strong> />

autorida<strong>de</strong>s legais, no entanto, se qualquer informação for divulgada em relatório ou<<strong>br</strong> />

publicação, isto será feito sob forma codificada, para que a confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong> seja<<strong>br</strong> />

mantida. Quando os resultados forem publicados, não aparecerá seu nome, e sim<<strong>br</strong> />

um código.<<strong>br</strong> />

Todas as <strong>de</strong>spesas necessárias para a realização da pesquisa não são <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

responsabilida<strong>de</strong> do participante.<<strong>br</strong> />

Estão garantidas as informações que você queira, antes, durante e <strong>de</strong>pois do<<strong>br</strong> />

estudo.<<strong>br</strong> />

O pesquisador Marcio Roberto Paes, Enfermeiro, COREN-PR 6121, RG<<strong>br</strong> />

6.133.649-4 SESP/PR, po<strong>de</strong>rá ser encontrado na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba, <strong>de</strong> segunda a<<strong>br</strong> />

sexta-feira, das 8hs às 17hs, pelo telefone (41) 9134-7333.<<strong>br</strong> />

Eu, ________________________________________ li o texto acima e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preendi a natureza e objetivo do estudo do qual fui convidado a participar. A<<strong>br</strong> />

explicação que recebi menciona os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que<<strong>br</strong> />

sou livre para interromper minha participação no estudo a qualquer momento sem<<strong>br</strong> />

justificar minha <strong>de</strong>cisão e sem que esta <strong>de</strong>cisão afete meu trabalho. Eu concordo<<strong>br</strong> />

voluntariamente em participar <strong>de</strong>ste estudo.<<strong>br</strong> />

Data:__/__/__ Assinatura do participante: ___________________________<<strong>br</strong> />

Nome do Pesquisador: Marcio Roberto Paes ________________________


136<<strong>br</strong> />

APÊNDICE 2<<strong>br</strong> />

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS<<strong>br</strong> />

1 IDENTIFICAÇÃO<<strong>br</strong> />

Nome:______________________________________________________________<<strong>br</strong> />

En<strong>de</strong>reço:___________________________________________________________<<strong>br</strong> />

Telefone: ________________________ e-mail: _____________________________<<strong>br</strong> />

Categoria profissional<<strong>br</strong> />

( ) Enfermeiro ( ) Auxiliar <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> ( ) Técnico em <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

Tempo <strong>de</strong> trabalho na instituição ______ anos e ______ meses<<strong>br</strong> />

Já trabalhou ou trabalha em uma instituição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental?<<strong>br</strong> />

( ) sim ( ) não<<strong>br</strong> />

Em caso afirmativo, quanto tempo: _________ anos ________meses.<<strong>br</strong> />

Modalida<strong>de</strong> ( ) Hospital Dia ( ) CAPS ( ) Ambulatório ( ) Hospital Psiquiátrico<<strong>br</strong> />

Outros:__________________________________________________________<<strong>br</strong> />

Como ocorreu sua formação em saú<strong>de</strong> mental?<<strong>br</strong> />

( ) Somente na disciplina do curso (graduação ou <strong>de</strong> nível técnico)<<strong>br</strong> />

( ) mestrado<<strong>br</strong> />

( ) especialização<<strong>br</strong> />

( ) aperfeiçoamento<<strong>br</strong> />

( ) capacitação<<strong>br</strong> />

( ) Programa <strong>de</strong> educação permanente da Instituição<<strong>br</strong> />

Outros: _____________________________________________________________<<strong>br</strong> />

2. Questões <strong>de</strong> pesquisa<<strong>br</strong> />

Como você percebe o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> que <strong>de</strong>senvolve <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico-psiquiátrica neste Pronto Atendimento?


137<<strong>br</strong> />

APÊNDICE 3<<strong>br</strong> />

QUADRO SÍNTESE DA CONSTRUÇÃO DE CATEGORIAS NA ANÁLISE DE CONTEÚDO<<strong>br</strong> />

OLIVEIRA, D.C. Análise <strong>de</strong> Conteúdo Temático-categorial: uma proposta <strong>de</strong> sistematização. Rev. Enferm. UERJ, v. 16, n.4, p. 569-76, 2008.<<strong>br</strong> />

TEMAS/UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> é técnico<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> é <strong>de</strong>senvolvido conforme o conhecimento que tenho<<strong>br</strong> />

Nº<<strong>br</strong> />

UR/<<strong>br</strong> />

TEMA<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

TOTAL<<strong>br</strong> />

ENTR<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

SUB<<strong>br</strong> />

CATEGORIA<<strong>br</strong> />

CATEGORIAS (CAT)<<strong>br</strong> />

N./<<strong>br</strong> />

%UR<<strong>br</strong> />

/CAT<<strong>br</strong> />

% UR/<<strong>br</strong> />

CAT<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> é geral<<strong>br</strong> />

14<<strong>br</strong> />

11<<strong>br</strong> />

Proporcionar conforto <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Cuidados <strong>de</strong> suporte clínico<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

Cuido igualmente <strong>de</strong> todos os <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

Dar apoio <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Ter ações voltadas <strong>ao</strong>s <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

Aten<strong>de</strong>r necessida<strong>de</strong>s básicas humanas<<strong>br</strong> />

Aqui o <strong>cuidado</strong> é clinico/não há <strong>cuidado</strong>s psiquiátricos<<strong>br</strong> />

Os <strong>cuidado</strong>s são básicos<<strong>br</strong> />

Nunca tive problemas para cuidar dos <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

A<strong>de</strong>quar o <strong>cuidado</strong> à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le em casa<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

8<<strong>br</strong> />

9<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

Cuidado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

no Pronto<<strong>br</strong> />

Atendimento<<strong>br</strong> />

247<<strong>br</strong> />

37,77<<strong>br</strong> />

%<<strong>br</strong> />

Cuidados para manutenção da integrida<strong>de</strong> física<<strong>br</strong> />

Medidas <strong>de</strong> segurança <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Avaliar o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Não <strong>de</strong>ixar álcool próximo <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Cuidados contra queda da maca/leito<<strong>br</strong> />

Cuidados <strong>com</strong> automedicação pelo <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Seguir orientação e prescrição médica<<strong>br</strong> />

24<<strong>br</strong> />

21<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

9<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

8<<strong>br</strong> />

Preocupação da<<strong>br</strong> />

equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

em proporcionar<<strong>br</strong> />

segurança <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

clínico-psiquiátrica<<strong>br</strong> />

Avisar <strong>ao</strong> médico so<strong>br</strong>e agitação do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Realizar contenção física<<strong>br</strong> />

Administração <strong>de</strong> medicação/contenção química<<strong>br</strong> />

Sou contra contenção fisica<<strong>br</strong> />

Manter o <strong>paciente</strong> tranquilo<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

40<<strong>br</strong> />

39<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

9<<strong>br</strong> />

20<<strong>br</strong> />

20<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

Contenção física e<<strong>br</strong> />

química <strong>com</strong>o medidas<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> proteção <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong>


138<<strong>br</strong> />

APÊNDICE 3<<strong>br</strong> />

QUADRO SÍNTESE DA CONSTRUÇÃO DE CATEGORIAS NA ANÁLISE DE CONTEÚDO<<strong>br</strong> />

OLIVEIRA, D.C. Análise <strong>de</strong> Conteúdo Temático-categorial: uma proposta <strong>de</strong> sistematização. Rev. Enferm. UERJ, v. 16, n.4, p. 569-76, 2008.<<strong>br</strong> />

TEMAS/UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO<<strong>br</strong> />

Cuidados <strong>de</strong> segurança <strong>com</strong> a equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

A abordagem <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>de</strong>ve ser em equipe<<strong>br</strong> />

Nº<<strong>br</strong> />

UR/<<strong>br</strong> />

TEMA<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

9<<strong>br</strong> />

TOTAL<<strong>br</strong> />

ENTR<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

8<<strong>br</strong> />

SUB<<strong>br</strong> />

CATEGORIA<<strong>br</strong> />

A contenção física <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

proteção à equipe <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> no <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

<strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

CATEGORIAS (CAT)<<strong>br</strong> />

Cuidado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong> <strong>ao</strong><<strong>br</strong> />

<strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

no Pronto<<strong>br</strong> />

Atendimento<<strong>br</strong> />

N./<<strong>br</strong> />

%UR<<strong>br</strong> />

/CAT<<strong>br</strong> />

247<<strong>br</strong> />

% UR/<<strong>br</strong> />

CAT<<strong>br</strong> />

37,77<<strong>br</strong> />

%<<strong>br</strong> />

O <strong>paciente</strong> é diferente<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong>ve ser especifico e diferenciado<<strong>br</strong> />

17<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

Dar suporte às necessida<strong>de</strong>s psíquicas<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

Realizar observação contínua do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

24<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

Atentar <strong>ao</strong> <strong>com</strong>portamento do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

9<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

Os <strong>cuidado</strong>s <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong> são intensivos<<strong>br</strong> />

Não <strong>de</strong>ixar o <strong>paciente</strong> sozinho<<strong>br</strong> />

Conversar <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

A <strong>com</strong>unicação é um <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

A forma <strong>de</strong> abordagem <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

A <strong>com</strong>unicação dá abertura a outros <strong>cuidado</strong>s<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

32<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

8<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

19<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

O <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

requer<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>s específicos<<strong>br</strong> />

236<<strong>br</strong> />

36,08<<strong>br</strong> />

%<<strong>br</strong> />

Ouvir o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

Dar atenção <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

15<<strong>br</strong> />

8<<strong>br</strong> />

A <strong>com</strong>unicação é instrumento para o <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Ter interação <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

Conquistar a confiança do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

Tocar no <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Postura profissional diante do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

Estimular o <strong>paciente</strong> a falar<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

3


139<<strong>br</strong> />

APÊNDICE 3<<strong>br</strong> />

QUADRO SÍNTESE DA CONSTRUÇÃO DE CATEGORIAS NA ANÁLISE DE CONTEÚDO<<strong>br</strong> />

OLIVEIRA, D.C. Análise <strong>de</strong> Conteúdo Temático-categorial: uma proposta <strong>de</strong> sistematização. Rev. Enferm. UERJ, v. 16, n.4, p. 569-76, 2008.<<strong>br</strong> />

TEMAS/UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO<<strong>br</strong> />

Atentar para forma <strong>de</strong> <strong>com</strong>o o <strong>paciente</strong> olha, gesticula<<strong>br</strong> />

O diálogo <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong> não é efetivo<<strong>br</strong> />

Nº<<strong>br</strong> />

UR/<<strong>br</strong> />

TEMA<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

TOTAL<<strong>br</strong> />

ENTR<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

SUB<<strong>br</strong> />

CATEGORIA<<strong>br</strong> />

CATEGORIAS (CAT)<<strong>br</strong> />

N./<<strong>br</strong> />

%UR<<strong>br</strong> />

/CAT<<strong>br</strong> />

% UR/<<strong>br</strong> />

CAT<<strong>br</strong> />

Falar coisas positivas para o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

O dialogo não alcança o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

A forma <strong>de</strong> se <strong>com</strong>unicar <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong> é diferente<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

Tem que formar vinculo<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

Ter empatia<<strong>br</strong> />

Orientar o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

O <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

requer<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>s específicos<<strong>br</strong> />

236<<strong>br</strong> />

36,08%<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> humanizado<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong>ve ser da melhor forma<<strong>br</strong> />

Não julgar o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Não infantilizar o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

O <strong>paciente</strong> é uma pessoa<<strong>br</strong> />

7<<strong>br</strong> />

23<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

14<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

O <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve receber<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>s humanizados<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

Explicar as coisas para o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

7<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

Ter paciência e calma<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

Ter sensibilida<strong>de</strong> para cuidar<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

O <strong>paciente</strong> enten<strong>de</strong> as coisas<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

Mostrar que você está ali para ajudar<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

Não se <strong>de</strong>ve ter preconceitos<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

Deve-se saber abordar o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2


140<<strong>br</strong> />

APÊNDICE 3<<strong>br</strong> />

QUADRO SÍNTESE DA CONSTRUÇÃO DE CATEGORIAS NA ANÁLISE DE CONTEÚDO<<strong>br</strong> />

OLIVEIRA, D.C. Análise <strong>de</strong> Conteúdo Temático-categorial: uma proposta <strong>de</strong> sistematização. Rev. Enferm. UERJ, v. 16, n.4, p. 569-76, 2008.<<strong>br</strong> />

TEMAS/UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO<<strong>br</strong> />

Nº<<strong>br</strong> />

UR/<<strong>br</strong> />

TEMA<<strong>br</strong> />

TOTAL<<strong>br</strong> />

ENTR<<strong>br</strong> />

SUB<<strong>br</strong> />

CATEGORIA<<strong>br</strong> />

CATEGORIAS (CAT)<<strong>br</strong> />

N./<<strong>br</strong> />

%UR<<strong>br</strong> />

/CAT<<strong>br</strong> />

% UR/<<strong>br</strong> />

CAT<<strong>br</strong> />

Deixar um a<strong>com</strong>panhante juntamente <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Os familiares conhecem melhor o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

A família <strong>de</strong>ve se inserir no <strong>cuidado</strong><<strong>br</strong> />

Os <strong>paciente</strong> confiam mais nos familiares<<strong>br</strong> />

É mais difícil cuidar do <strong>paciente</strong> sem o familiar<<strong>br</strong> />

A família <strong>de</strong>ve receber orientações<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

7<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

A participação da família<<strong>br</strong> />

no <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

O <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

requer<<strong>br</strong> />

<strong>cuidado</strong>s específicos<<strong>br</strong> />

236<<strong>br</strong> />

36,08<<strong>br</strong> />

%<<strong>br</strong> />

Na falta <strong>de</strong> familiar é melhor conter ou sedar o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

Não tenho paciência<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Não sei lidar <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong> psiquiátrico<<strong>br</strong> />

22<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

Sinto-me mal cuidando do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Não estamos acostumados a cuidar <strong>de</strong>sse <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Não estou preparado para cuidar do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Falta conhecimento acerca do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Falta treinamentos<<strong>br</strong> />

Minha formação não contemplou o <strong>cuidado</strong> a esse <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Eu não tenho condições psíquicas para cuidar do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Eu não tenho conhecimento para cuidar do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

A equipe não está preparada<<strong>br</strong> />

33<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

15<<strong>br</strong> />

7<<strong>br</strong> />

8<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

9<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> <strong>com</strong>orbida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

clínico psiquiátrica no<<strong>br</strong> />

Pronto Atendimento:<<strong>br</strong> />

dificulda<strong>de</strong>s sentidas<<strong>br</strong> />

pela equipe <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

171<<strong>br</strong> />

26,15<<strong>br</strong> />

%<<strong>br</strong> />

Falta orientação<<strong>br</strong> />

8<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

A equipe não po<strong>de</strong> ficar constantemente <strong>com</strong> o <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

O PA não tem estrutura a<strong>de</strong>quada<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

Os profissionais não querem cuidar<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

Os instrumentos para conter o <strong>paciente</strong> são ina<strong>de</strong>quados<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2


141<<strong>br</strong> />

APÊNDICE 3<<strong>br</strong> />

QUADRO SÍNTESE DA CONSTRUÇÃO DE CATEGORIAS NA ANÁLISE DE CONTEÚDO<<strong>br</strong> />

OLIVEIRA, D.C. Análise <strong>de</strong> Conteúdo Temático-categorial: uma proposta <strong>de</strong> sistematização. Rev. Enferm. UERJ, v. 16, n.4, p. 569-76, 2008.<<strong>br</strong> />

TEMAS/UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO<<strong>br</strong> />

Tenho dificulda<strong>de</strong>s para cuidar<<strong>br</strong> />

Tenho preocupação <strong>com</strong> a agressivida<strong>de</strong> do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Não gosto <strong>de</strong> cuidar do <strong>paciente</strong> psiquiátrico<<strong>br</strong> />

Eu tenho medo do <strong>paciente</strong><<strong>br</strong> />

Nº<<strong>br</strong> />

UR/<<strong>br</strong> />

TEMA<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

TOTAL<<strong>br</strong> />

ENTR<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

SUB<<strong>br</strong> />

CATEGORIA<<strong>br</strong> />

CATEGORIAS (CAT)<<strong>br</strong> />

O <strong>cuidado</strong> <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínico psiquiátrica<<strong>br</strong> />

no Pronto Atendimento:<<strong>br</strong> />

dificulda<strong>de</strong>s sentidas pela equipe<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><<strong>br</strong> />

N./<<strong>br</strong> />

%UR<<strong>br</strong> />

/CAT<<strong>br</strong> />

146<<strong>br</strong> />

% UR/<<strong>br</strong> />

CAT<<strong>br</strong> />

22,32<<strong>br</strong> />

%<<strong>br</strong> />

Tenho preconceito<<strong>br</strong> />

Aqui não é lugar para esses <strong>paciente</strong>s<<strong>br</strong> />

7<<strong>br</strong> />

18<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

18<<strong>br</strong> />

Preconceito e estigma <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

relação <strong>ao</strong> <strong>paciente</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>orbida<strong>de</strong> clínicopsiquiátrica<<strong>br</strong> />

25<<strong>br</strong> />

3,83


ANEXOS


143<<strong>br</strong> />

ANEXO 1<<strong>br</strong> />

AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO PARA<<strong>br</strong> />

REALIZAÇÃO DA PESQUISA


144<<strong>br</strong> />

ANEXO 2<<strong>br</strong> />

APROVAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA<<strong>br</strong> />

PELO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

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