26.11.2014 Views

Artigos, artigos e mais artigos - Dental Press

Artigos, artigos e mais artigos - Dental Press

Artigos, artigos e mais artigos - Dental Press

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

E d i t o r i a l<br />

<strong>Artigos</strong>, <strong>artigos</strong> e <strong>mais</strong> <strong>artigos</strong><br />

Várias vezes por mês alguém me consulta a<br />

respeito de como escrever um artigo científico.<br />

São estudantes de pós-graduação, colegas de<br />

várias especialidades ou outras áreas. As dúvidas<br />

variam, cobrem campos diversos - do relato de<br />

caso à metanálise - e raramente se repetem. Nesses<br />

momentos, me lembro sempre de um dos maiores<br />

nomes da Odontologia do século 20, Robert<br />

Gorlin, famoso por ter emprestado seu nome a<br />

várias síndromes e sinais clínicos. Ele comentou,<br />

em um artigo em que relatava <strong>mais</strong> uma síndrome<br />

que descobrira, a sua dificuldade em escrever um<br />

artigo 1 . Escrever o quintucentésimo artigo, dizia<br />

ele, foi tão doloroso quanto escrever o primeiro<br />

e revisões repetidas eram rotina.<br />

O seu tormento realça que o assunto é complexo<br />

e também vasto: há livros inteiros dedicados<br />

ao tema. Entretanto, alguns princípios gerais norteiam<br />

a prática da boa redação de um artigo.<br />

Um importante fundamento é que a pesquisa<br />

seja totalmente delineada antes de serem coletados<br />

os primeiros dados, sejam eles variáveis clínicas ou<br />

<strong>artigos</strong> de uma revisão bibliográfica. O investimento<br />

em planejamento assegura que não se perderá<br />

tempo no transcorrer do trabalho, e permite que<br />

o pesquisador estruture suas idéias sobre o tema<br />

desde o início, facilitando a redação do artigo.<br />

O segundo ponto é que há uma estrutura para<br />

os <strong>artigos</strong> científicos que precisa ser obedecida -<br />

as revistas disponibilizam aos autores instruções<br />

a esse respeito. Ela pode ter particularidades em<br />

algumas áreas do conhecimento. Os relatos de caso<br />

em Ortodontia diferem estruturalmente daqueles<br />

na área de Dentística. Entretanto, o modelo de<br />

referência para os <strong>artigos</strong> de pesquisa - comumente<br />

denominado IMReD (sigla derivada de Introdução,<br />

Material e Métodos, Resultados e Discussão) - é<br />

quase universal e foi formulado após décadas de<br />

evolução na preparação de <strong>artigos</strong>. A adesão a esse<br />

arquétipo ocasiona a reprodutibilidade da pesquisa<br />

e fluidez, além da agradabilibilidade no texto.<br />

A importância deste último ponto, o texto, é<br />

muitas vezes subestimada pelos autores. Talvez<br />

exista a tendência de acreditar que a qualidade da<br />

informação técnica suplanta eventuais deficiências<br />

no vernáculo. Entretanto, é inevitável que revisores<br />

e editores, ao se depararem com um texto repleto<br />

de erros, perguntem a si mesmos: se o autor<br />

não teve o cuidado de redigir adequadamente o<br />

trabalho, será que ele foi cuidadoso com o ensaio,<br />

com a coleta de dados, com a análise estatística?<br />

Essa questão sublinha a relevância da cuidadosa<br />

revisão da língua que, idealmente, deve ser feita<br />

por um profissional da área.<br />

Ao final desses passos, revisões, não re-revisões,<br />

ou melhor, re-re-revisões são fundamentais.<br />

O último dos quatro preceitos de Descartes 2 sobre<br />

os quais se ergueu a ciência moderna foi “fazer em<br />

tudo enumerações tão completas e revisões tão<br />

gerais que eu tenha certeza de nada omitir”. Vários<br />

autores de <strong>artigos</strong> muito citados já me relataram<br />

que algo em torno de dez profundas revisões é<br />

uma atitude normal.<br />

O cômputo de todo esse conjunto de esforços<br />

é gratificante e se justifica. Isso pode ser testemunhado<br />

pela leitura dos <strong>artigos</strong> contidos nesse<br />

número.<br />

O artigo destacado na capa propõe um inovativo<br />

sistema de forças para diminuir algumas<br />

resultantes indesejáveis na mecânica ortodôntica<br />

tradicional e é seguido por uma análise dos fatores<br />

que motivam os pacientes adultos a buscarem<br />

tratamento ortodôntico.<br />

Um interessante trabalho de revisão trata da<br />

liberação de íons por biomateriais metálicos e<br />

mostra que devemos estar atentos a <strong>mais</strong> questões<br />

do que talvez estejamos.<br />

Voltou à ordem do dia a forma do arco dentário<br />

inferior, devido às propostas de tratamento com<br />

expansão desse arco por diferentes sistemas de braquetes<br />

e arcos. Uma revisão da literatura apresenta<br />

o estado do conhecimento sobre o assunto.<br />

Uma seqüência de <strong>artigos</strong> versa sobre resultados<br />

de diferentes tratamentos e é acompanhada<br />

pela apresentação de um novo conceito, em<br />

relação à cárie dentária, que pode alterar futuras<br />

práticas clínicas.<br />

Boa leitura,<br />

Jorge Faber<br />

Editor<br />

1. Gorlin, R. J. Syndromes, syndromes and more syndromes.<br />

J. Dent. Res., Alexandria, v. 75, no. 2, p. 732-35, 1996.<br />

2. Descartes, R. Discurso do Método. 1 ed. São Paulo: Paulus.<br />

2003. 168 p.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 5 Maringá, v. 12, n. 6, p. 5, nov./dez. 2007


C u r s o s e Ev e n t o s<br />

Curso Internacional de Ortodontia<br />

Prof. Ravindra Nanda<br />

Data: 14 e 15 de fevereiro de 2008<br />

Informações: (61) 3202-3546 (Dr. Carlos Henrique)<br />

(61) 3322-8546 (IBPG/Funorte)<br />

Tratamento ortopédico na dentadura mista<br />

Prof. Omar Gabriel da Silva Filho<br />

Data: 1 e 2 de março de 2008<br />

Local: Hotel EZ Aclimação - São Paulo/SP<br />

Informações: (11) 55394642<br />

APCD- Regional Cambuci -São Paulo<br />

apcdcambuci@apcd.org.br<br />

10ª Jornada Gaúcha de Ortodontia<br />

Data: 11 e 12 de abril 2008<br />

Local: ABO/RS - Rua Furriel Luiz Antonio Vargas, 134 Porto Alegre/RS<br />

Informações: www.sogaor.org.br<br />

10º Congresso Internacional de Odontologia de Minas Gerais<br />

Data: 17 a 20 de abril de 2008<br />

Local: Minascentro - Belo Horizonte/MG<br />

Informações: decimociomig@abomg.org.br<br />

www.abomg.org.br<br />

Encontro Internacional de Ortodontia Estética<br />

Data: 2 e 3 de maio de 2008<br />

Local: Bahia Orthon Palace Hotel - Salvador/BA<br />

Informações: (71) 2104-3477<br />

informa@eventussystem.com.br<br />

CCORTO - 2008 / 2º Congresso Catarinense de Ortodontia<br />

Data: 12 a 14 de junho 2008<br />

Local: Majestic Palace Hotel - Florianópolis/SC<br />

Informações: www.aceo.org.br<br />

SBO Orto Premium<br />

Data: 10 a 12 de julho de 2008<br />

Local: Hotel Windsor - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro<br />

Informações: (21) 3326-3919<br />

ortopremium@interevent.com.br<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 12 Maringá, v. 12, n. 6, p. 12, nov./dez. 2007


A c o n t e c i m e n t o s<br />

6º Congresso da ABOR - Associação Brasileira de Ortodontia e<br />

Ortopedia Facial, realizado em Gramado/RS<br />

O 6º Congresso da ABOR (Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial), que aconteceu entre os<br />

dias 10 e 13 de outubro de 2007 no Centro de Convenções do Hotel Serrano em Gramado/RS, reuniu aproximadamente<br />

1.500 ortodontistas de todo o Brasil.<br />

Com o objetivo de proporcionar a divulgação das pesquisas atuais, o Congresso, que contou com renomados<br />

pesquisadores da Ortodontia nacional e internacional, promoveu a troca de experiências e a discussão sobre o<br />

aperfeiçoamento de diversos temas da área.<br />

Dra. Carla Karina, Dr. Jorge Faber, editor da revista,<br />

e Dra. Patrícia Berto, todos do DF.<br />

Alessandra Moro (Bento Gonçalvez/RS) e Karin<br />

Zukrow (Curitiba/PR), alunas da Especialização<br />

em Ortodontia e Ortopedia Facial da UEM (Univ.<br />

Estadual de Maringá).<br />

Cintia Lucena (Porto Alegre/RS), Prof. Marcos Janson<br />

(Bauru/SP), Thaís Felippi (Caxias do Sul/RS) e<br />

Fernanda Reckziegel (Porto Alegre/RS).<br />

Dra. Cristina Futagami (Londrina/PR) e Dra. Luciane<br />

F. Bertoldi (Curitiba/PR).<br />

Dra. Maria Cristina Dall`Agnol (Caxias do Sul/RS).<br />

Dras. Karen Leal Martins e Laura Lutz de Araújo, da<br />

cidade de Porto Alegre/RS.<br />

O conferencista sobre o tema “Estética em Ortodontia:<br />

ciência e arte” Carlos Alexandre Câmara<br />

(Natal/RN) e Laurindo Furquim (Maringá/PR).<br />

Daniela Schoeder (Rio de Janeiro/RJ), orientadora<br />

do painel “Extrações assimétricas como recurso<br />

para correção de desvios da linha média”.<br />

Graciele C. Soares (Porto Alegre/RS), coordenadora<br />

do painel “Relato de caso de expansão rápida<br />

da maxila”.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 13 Maringá, v. 12, n. 6, p. 13-16, nov./dez. 2007


Acontecimentos<br />

Doutores João Borges (Goiânia/GO) e Ruiter da<br />

Silva (Anápolis/GO).<br />

Daniela F. Aguirre (Ipatinga/MG), Leniana Neves<br />

(Belo Horizonte/MG), Prof. Guilherme Janson<br />

(Bauru/SP), conferencista no Congresso, e Vanessa<br />

Venturim.<br />

Rachel M. Cruz, Georgia Araújo e Roberto Vieira,<br />

os três de Belo Horizonte/MG.<br />

Marcos Cadiolli (Matão/SP) e Kátia Montanha de<br />

Andrade (Salvador/BA).<br />

Inês Yoneyama e Dr. Maurício Casa, de São Paulo<br />

(SP) no estande da Invisalign do Brasil.<br />

Isabelle M. Grilo, Emmanuelle Medeiros, Cícero<br />

Florêncio, Liz Góis e Flávia Jales, todos de Natal/<br />

RN.<br />

Dr. Eros Petrelli (Curitiba/PR), conselheiro nato da<br />

ABOR (PR) e participante do Simpósio “Ortodontia,<br />

qual será mesmo o nosso futuro?”.<br />

Doutoras Nathalie R. Nigel, da cidade de Betim<br />

(MG), e Claudia Nakandakari (Itaúna/MG).<br />

Elaine Takehara (São Paulo/SP), Daniel Malmann<br />

(Ijúi/RS), aluno do Curso de Excelência na Ortodontia<br />

ganhador do prêmio da Invisalign, e Juliana<br />

Michelon.<br />

Renata S. Signori e Sabrina Paese Brinker, ambas<br />

de Porto Alegre/RS.<br />

Vinicius Toniazzo (Marau/RS) e Dinakel Toniazzo.<br />

Doutores Laurindo Furquim (Maringá/PR) e Heitel<br />

Cabral (Natal/RN).<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 14 Maringá, v. 12, n. 6, p. 13-16, nov./dez. 2007


Acontecimentos<br />

Doutor Roberto C. B. Brandão (Vitória/ES), participante<br />

do “Café com o professor”, onde discorreu<br />

sobre o assunto “Ajuste oclusal na Ortodontia”,<br />

com sua esposa Mayla F. Rocha.<br />

Teresa Furquim (Maringá/PR) e Cléber Bidegain<br />

(Uruguaiana/RS), pioneiro no uso da informática,<br />

que apresentou conferência sobre “Manipulação<br />

de imagens digitais na Ortodontia”.<br />

Dr. Jorge Faber com Profa. Telma Martins de Araújo,<br />

editora assistente da Revista, que apresentou o<br />

curso “Diferentes extrações em Ortodontia”, e Dra.<br />

Luciane Menezes (Coordenadora do curso).<br />

Dr. Ronaldo da Veiga Jardim, presidente da ABOR,<br />

Dr. Luciano da Silva Carvalho, vice-presidente, e<br />

Dr. Laurindo Furquim.<br />

O conferencista do tema “Ancoragem absoluta<br />

com micro-parafusos: o novo paradigma da Ortodontia”<br />

Dr. Jaime Sampaio Bicalho e Rafael Bicalho,<br />

ambos de Brasília/DF.<br />

Ortodontista Ivan Toshio Maruo com Dr. Hiroshi<br />

Maruo, da cidade de Curitiba/PR.<br />

Doutores Carlos Alexandre Câmara (Natal/RN) e<br />

Alexandre de Albuquerque Franco (Aracaju/SE).<br />

Doutores Marco Antônio Lopes Feres e Ademir Roberto<br />

Brunetto (Curitiba/PR).<br />

Dr. Sadi Flávio Horst, ortodontista em Porto Alegre/<br />

RS, e sua esposa Lúcia Helena Horst.<br />

Teresa Furquim, diretora da <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong>, com o<br />

presidente do Conselho Federal de Odontologia,<br />

Miguel Álvaro Santiago Nobre, e sua esposa Maria<br />

da Graça.<br />

Os americanos Valmy Pangrazio-Kulbersh e Richard<br />

Kulbersh, com a ortodontista Luciane Quadrado<br />

Closs, de Porto Alegre (RS), durante jantar de<br />

diplomação do Board.<br />

Professor David M. Sarver, dos Estados Unidos,<br />

palestrante internacional do Congresso, Dr. Laurindo<br />

Furquim e Dr. Carlos Jorge Vogel (São Paulo/<br />

SP).<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 15 Maringá, v. 12, n. 6, p. 13-16, nov./dez. 2007


Acontecimentos<br />

Livro lançado durante o 6º Congresso da ABOR<br />

Buscando discutir a realidade<br />

da Ortodontia nacional e<br />

mundial, a Editora <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong><br />

e os autores Dra. Ana Maria<br />

Bolognese (Rio de Janeiro/RJ)<br />

e Dr. Roberto M. A. Lima Filho<br />

(São José do Rio Preto/SP) lançaram,<br />

durante o 6º ABOR, o<br />

livro Ortodontia: arte e ciência.<br />

A obra se propõe a contribuir<br />

para a prática ortodôntica,<br />

uma vez que reúne conceitos<br />

fundamentados na experiência e<br />

articulados dentro de uma visão<br />

evolutiva e inovadora de ciência.<br />

Os ensaios reunidos abordam<br />

questões básicas, tratadas<br />

e refletidas com profundidade,<br />

pela permanência de princípios<br />

científicos comprovados. Sai -<br />

ba <strong>mais</strong> pelo site www.dentalpress.com.br.<br />

Os autores do livro, Roberto Lima e Ana Maria<br />

Bolognese, contaram com <strong>mais</strong> 25 colaboradores<br />

nacionais e internacionais.<br />

Reunidos com familiares e os editores, Teresa e<br />

Laurindo Furquim (<strong>Dental</strong> <strong>Press</strong>), Dra. Ana Carolina<br />

Lima, Dra. Elaine Campos e Maria Stela Lima<br />

Mastrocola.<br />

Os autores com o Dr. Roberto Rocha, seu filho Enzo<br />

Rocha e esposa Naylla Rocha (Florianópolis/SC).<br />

Doutores Arno Locks (Florianópolis/SC), Fátima<br />

Daudt, Carlos A. Tavares (P. Alegre/RS) e Dr. Gerson<br />

Ulema Ribeiro (Joinville/SC).<br />

O congresso deste ano novamente contou com<br />

participantes de todo o Brasil.<br />

Foi grande a presença do público durante o lançamento<br />

do livro, seguido de coquetel.<br />

Autores do livro durante autógrafo de exemplar<br />

para a Dra. Aurenita Lustosa (Brasília/DF).<br />

Fátima Bringhenti Daudt, presidente do 6º Congresso,<br />

ortodontista em Porto Alegre (RS).<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 16 Maringá, v. 12, n. 6, p. 13-16, nov./dez. 2007


O q u e h á d e n o v o n a Od o n t o l o g i a<br />

Cirurgia piezelétrica ou piezocirurgia<br />

em Odontologia:<br />

o sonho de todo cirurgião...<br />

Maria Fernanda M-O Consolaro*, Eduardo Sant’Ana**,<br />

Gastão Moura Neto***<br />

Ao caminhar pela praia um cirurgião encontrou<br />

uma lâmpada mágica. Ao esfregá-la apareceu<br />

o gênio da lâmpada e prometeu conceder-lhe um<br />

desejo. Depois de muito pensar, o cirurgião formulou<br />

bem e proferiu seu pedido: desejo que produza<br />

uma serra cirúrgica que não lese tecidos moles,<br />

corte apenas o osso com a suavidade de quem corta<br />

um fragmento de queijo, sem esquentá-lo, com o<br />

máximo de precisão, sem sangramento e sem provocar<br />

muito edema. O gênio suspira aliviado e lhe<br />

responde: “Pois bem meu caro, seu desejo será facilmente<br />

atendido, pois sua serra foi inventada e já<br />

existe no mercado!”.<br />

Parece conto-de-fadas, mas trata-se de um sistema<br />

chamado Piezosurgery ® , desenvolvido pelo<br />

Dr. Tomaso Vercellotti em conjunto com os engenheiros<br />

da Mectron Medical Technology, Carasco,<br />

Genova, Itália, em 2007. Desde então, diversos estudos<br />

vêm testando e comprovando os benefícios<br />

desta nova tecnologia 1-6, 8-10 . Dois tipos de aparelhos<br />

estão disponíveis, um médico e outro menor, odontológico.<br />

O sistema adota um conceito já amplamente<br />

conhecido, o de piezeletricidade. Ao receber<br />

estímulos de pressão ou tensão, os cristais como<br />

o quartzo, por exemplo, são capazes de produzir<br />

* Mestre e Doutora pela FOB-USP e ortodontista privada - Bauru / SP.<br />

** Professor Livre Docente em Cirurgia e Traumatologia - FOB-USP e cirurgião<br />

privado.<br />

*** Pós-Graduando em Patologia Bucal pela FOB-USP e ortodontista privado<br />

– Botucatu / SP.<br />

campos eletromagnéticos de intensidade exatamente<br />

iguais aos que receberam, muitas vezes de<br />

forma tão perfeita que são utilizados em relógios e<br />

em computadores, inclusive para marcar o tempo.<br />

Os cristais de hidroxiapatita apresentam a mesma<br />

propriedade piezelétrica, deformando-se em um<br />

campo elétrico. Esta tecnologia já é empregada na<br />

Odontologia, utilizando ondas de ultra-som para a<br />

remoção de cálculos dentários, por exemplo. Assim<br />

esta nova “serra” utiliza a capacidade de piezeletricidade<br />

óssea para desagregar os cristais de hidroxiapatita<br />

em um determinado plano, “cortando” o osso<br />

por meio de vibrações de ultra-som.<br />

Este dispositivo piezelétrico consiste em uma<br />

plataforma que converte a corrente elétrica em ondas<br />

ultra-sônicas, por meio de um transdutor especial,<br />

ligado a uma peça de mão, anexa a bisturis ou<br />

pontas de corte, diamantadas ou de titânio, disponíveis<br />

em variadas formas (Fig. 1, 2). O ultra-som piezelétrico<br />

promove um padrão vibratório linear com<br />

freqüência de 24,7 a 29,5 kHz, com uma opção digital<br />

de modo reforçado “boosted” até 30 kHz, com<br />

oscilação de 60 a 210µm e uma potência que pode<br />

variar entre 2,8 a 16W, de acordo com a densidade<br />

do osso que se pretende cortar. A piezeletricidade<br />

é três vezes <strong>mais</strong> potente que ultra-sons comuns e,<br />

portanto, pode cortar tecidos altamente mineralizados,<br />

inclusive tecidos dentários duros.<br />

A principal vantagem da cirurgia piezelétrica<br />

é que, uma vez em contato com tecidos moles, o<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 17 Maringá, v. 12, n. 6, p. 17-20, nov./dez. 2007


Cirurgia piezelétrica ou piezocirurgia em Odontologia: o sonho de todo cirurgião...<br />

duros. As osteotomias são geralmente realizadas nas<br />

proximidades de estruturas anatômicas delicadas,<br />

como os tecidos moles vestibular e lingual do palato,<br />

que provêm a vascularização óssea, por meio<br />

do periósteo. Os retalhos mucogengivais ou palatinos<br />

podem ser danificados durante as osteotomias,<br />

principalmente as verticais e na linha mediana, com<br />

comprometimento da vascularização óssea, dentária<br />

e periodontal. A utilização de serras oscilatórias<br />

e brocas rotatórias, freqüentemente, promove aquecimento,<br />

podendo ocasionar osteonecrose marginal<br />

e comprometimento do reparo ósseo. Do mesmo<br />

modo, a vascularização dos retalhos pediculados de<br />

tecido mole pode ser prejudicada direta ou indiretamente<br />

pelo aquecimento, assim como os tecidos<br />

periodontais adjacentes, com perda de osso alveolar<br />

interdentário, retração ou atrofia gengival e lesões<br />

no cemento radicular. Diversos estudos indicam<br />

que os instrumentos de corte convencionais podem<br />

comprometer, nos <strong>mais</strong> diversos graus, a vascularização<br />

e a vitalidade pulpar dos dentes envolvidos<br />

em segmentações de maxila 3 .<br />

Por meio de vibrações lineares, o sistema Piezosurgery<br />

® possibilita a obtenção de cortes com<br />

precisão e seletividade, com um mínimo de dano<br />

aos tecidos moles e duros, tanto nas porções vestibulares<br />

quanto palatinas da maxila. Os corte micrométricos<br />

permitem a realização de osteotomias<br />

entre as raízes dentárias. A facilidade de manuseio<br />

do instrumento, irrigação apropriada e sangramento<br />

reduzido possibilitam uma melhor visibilidade<br />

da área de corte, evitando a necessidade da utilização<br />

“cega” de brocas e cinzéis 3 (Fig. 3B).<br />

As osteotomias paramedianas são recomendadas<br />

porque o osso palatino da linha média é espesso<br />

e a mucosa palatina muito fina, de modo que as osteotomias<br />

medianas são consideradas de alto risco<br />

de necrose dos tecidos moles do palato. As evidências<br />

recentes revelam que as osteotomias medianas<br />

realizadas com este sistema podem ser executadas<br />

com um risco mínimo de lesão ou necrose da mucosa<br />

palatina 3 .<br />

As perspectivas de utilização deste instrumento<br />

prometem revolucionar importantes paradigmas<br />

nas diversas áreas da Cirurgia. É o fruto de uma<br />

idéia ousada de um cirurgião que se aventurou em<br />

imaginar a serra dos seus sonhos; encontrando em<br />

um conceito conhecido, uma aplicação totalmente<br />

inovadora. Trata-se de um clínico, formado em Medicina<br />

e Cirurgia, especialista em Odonto-Estomatologia,<br />

dedicado ao consultório privado, atuando<br />

como periodontista e a implantodontista. Como<br />

professor, atua na qualidade de visitante em algumas<br />

universidades, nem por isso deixa de ser um<br />

exemplo para pesquisadores e cientistas de todo o<br />

mundo!<br />

Referências<br />

1. EGGERS, G.; KLEIN, J.; BLANK, J.; HASSFELD, S. Piezosurgery:<br />

an ultrasound device for cutting bone and its use and<br />

limitations in maxillofacial surgery. Br. J. Oral Maxillofac.<br />

Surg., Edinburgh, v. 42, no. 5, p. 451-453, Oct. 2004.<br />

2. GLEIZAL, A.; BERA, J. C.; LAVANDIER, B.; BEZIAT, J. L.<br />

Piezoelectric osteotomy: a new technique for bone surgeryadvantages<br />

in craniofacial surgery. Childs Nerv. Syst., Berlin,<br />

v. 23, no. 5, p. 509-513, May 2007.<br />

3. ROBIONY, M.; POLINI, F.; COSTA, F.; VERCELLOTTI, T.; POLITI,<br />

M. Piezoelectric bone cutting in multipiece maxillary osteotomies.<br />

J. Oral Maxillofac. Surg., Philadelphia, v. 62, no. 6,<br />

p. 759-761, June 2004.<br />

4. ROBIONY, M.; POLINI, F.; COSTA, F.; ZERMAN, N.; POLITI, M.<br />

Ultrasonic bone cutting for surgically assisted rapid maxillary<br />

expansion (SARME) under local anaesthesia. J. Oral Maxillofac.<br />

Surg., Philadelphia, v. 36, no. 3, p. 267-269, Mar. 2007.<br />

5. ROBIONY, M.; POLINI, F.; COSTA, F.; ZERMAN, N.; POLITI, M.<br />

Ultrasound bone cutting for surgically assisted rapid maxillary<br />

expansion under local anesthesia. Preliminary results. Minerva<br />

Stomatol., Torino, v. 56, no. 6, p. 359-368, June 2007.<br />

6. STÜBINGER, S.; KUTTENBERGER, J.; FILIPPI, A.; SADER, R.;<br />

ZEILHOFER, H. F. Intraoral piezosurgery: preliminary results of<br />

a new technique. J. Oral Maxillofac. Surg., Philadelphia, v. 63,<br />

no. 9, p. 1283-1287, Sept. 2005.<br />

7. VERCELLOTTI, T. Piezoelectric surgery in Implantology: a case<br />

report - a new piezoelectric ridge expansion technique. Int.<br />

J. Periodontics Restorative Dent., Chicago, v. 20, no. 4, p.<br />

358-365, Aug. 2000.<br />

8. VERCELLOTTI, T. Technological characteristics and clinical<br />

indications of piezoelectric bone surgery. Minerva Stomatol.,<br />

Torino, v. 53, no. 5, p. 207-214, May 2004.<br />

9. VERCELLOTTI, T.; PODESTA, A. Orthodontic microsurgery:<br />

a new surgically guided technique for dental movement. Int.<br />

J. Periodontics Restorative Dent., Chicago, v. 27, no. 4, p.<br />

325-331, Aug. 2007.<br />

10. VERCELLOTTI, T.; DELLEPIANE, M.; MORA, R.; SALAMI, A.<br />

Piezoelectric bone surgery in otosclerosis. Acta Otolaryngol.,<br />

Stockholm, v. 127, no. 9, p. 932-937, Sept. 2007.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 20 Maringá, v. 12, n. 6, p. 17-20, nov./dez. 2007


I n s i g h t Or t o d ô n t i c o<br />

Metamorfose cálcica da polpa e necrose pulpar<br />

asséptica no planejamento ortodôntico<br />

Alberto Consolaro*, Vanessa da Rocha Bernardini**<br />

O significado de alguns sinais imaginológicos<br />

deve ser esclarecido no planejamento ortodôntico.<br />

Após a anamnese e exame clínico do paciente, por<br />

alguns minutos ou horas, analisaremos os exames<br />

complementares solicitados ao paciente, uma vez<br />

formuladas nossas hipóteses de diagnóstico clínico.<br />

Entre estes exames complementares destacam-se os<br />

modelos, as radiografias extrabucais e, especialmente,<br />

as radiografias periapicais de todos os dentes.<br />

Entre os principais sinais imaginológicos estão<br />

a forma da raiz, a morfologia do ápice radicular, a<br />

proporção coroa-raiz e a morfologia da crista óssea<br />

alveolar. Estes sinais são importantes na elaboração<br />

do Planejamento Defensivo para as reabsorções<br />

radiculares durante o tratamento ortodôntico.<br />

Estes sinais estão inevitavelmente presentes nas<br />

radiografias periapicais, mas alguns aparecem apenas<br />

eventualmente, como as faturas dentárias, as<br />

reabsorções radiculares, as dilacerações e a obliteração<br />

da câmara pulpar e/ou do canal radicular,<br />

também referida de forma <strong>mais</strong> apropriada como<br />

Metamorfose Cálcica da Polpa.<br />

A polpa dentária não envelhece estruturalmente<br />

pela aplicação de um tratamento ortodôntico.<br />

O envelhecimento pulpar também não revela relação<br />

direta ou indireta com a idade cronológica do<br />

paciente e está diretamente relacionado com fatores<br />

ambientais como atrição, abrasão, erosão, abfração,<br />

traumatismos, cáries e procedimentos restauradores.<br />

A doença periodontal, por sua vez, não tem se apresentado<br />

como uma eficiente envelhecedora pulpar.<br />

Quando submetidos a traumatismos, os dentes<br />

podem sofrer fraturas ou não. Independentemente<br />

da ocorrência de fraturas dentárias em seus variados<br />

graus de comprometimento, o feixe vascular e nervoso<br />

no forame apical pode ser comprometido ou<br />

não. Em outras palavras, a polpa dentária pode ou<br />

não sofrer comprometimento do seu suprimento<br />

sanguíneo. Por um lado, o dente após o traumatismo<br />

pode permanecer com a polpa normal, por outro<br />

lado, em muitos casos ocorre a necrose pulpar.<br />

A necrose pulpar por rompimento ou lesão do<br />

feixe vascular e nervoso no forame apical promove<br />

a desnaturação protéica, caracterizada pela perda<br />

de água, e as células pulpares ficam mantidas<br />

no local em seu arcabouço, mas coaguladas e sem<br />

vida. As células da polpa são pobres em lisossomos,<br />

organelas carregadas de enzimas proteolíticas. Este<br />

tipo de necrose também é referenciado como necrose<br />

por coagulação e pode ocorrer em várias partes<br />

do corpo, especialmente em áreas enfartadas e<br />

pobres em lisossomos. Em dentes traumatizados,<br />

com rompimento do feixe vascular e nervoso, mas<br />

que permaneceram estruturalmente hígidos, sem<br />

exposição da dentina e/ou polpa ao meio bucal e<br />

sem comprometimento periodontal, a necrose por<br />

coagulação representa o infarto pulpar e também<br />

é denominada de necrose asséptica.<br />

Ao longo do tempo, os produtos do tecido pulpar<br />

necrosado podem se incorporar na estrutura<br />

dentinária e, geralmente, a decomposição protéica<br />

gera componentes escurecidos e o dente vai assumindo<br />

uma cor amarelada escurecida, com várias<br />

tonalidades. Radiograficamente, os limites pulpares<br />

na câmara e no canal radicular estão mantidos e os<br />

espaços pulpares com dimensões nor<strong>mais</strong>. Afinal, a<br />

* Professor Titular de Patologia da FOB-USP. Professor de Pós-Graduação na FOB e FORP-USP.<br />

** Ortodontista e pós-graduanda no Programa de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (FORP – USP).<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 21 Maringá, v. 12, n. 6, p. 21-23, nov./dez. 2007


Insight ortodôntico<br />

polpa não teve tempo de depositar novas camadas<br />

de dentina reacional, pois a morte celular foi súbita.<br />

No periápice de dentes com necrose pulpar por<br />

coagulação ou asséptica, típica de traumatismos<br />

dentários, pode-se identificar pericementite apical<br />

crônica ou lesão periapical crônica sugestiva de<br />

granuloma periapical (Fig. 1). São lesões discretas,<br />

de longa duração e praticamente assintomáticas. O<br />

principal motivo de procura do profissional ou de<br />

queixa por parte do paciente refere-se à coloração<br />

alterada escurecida da coroa dentária.<br />

Em síntese, quando um traumatismo ocorre e o<br />

dente permanece estruturalmente hígido, a polpa<br />

pode permanecer saudável ou evoluir para a necrose<br />

asséptica ou por coagulação, se o feixe vascular<br />

e nervoso foi severamente comprometido.<br />

Mas o feixe vascular e nervoso pode ser apenas<br />

parcial ou transitoriamente comprometido. As<br />

células da polpa podem ser submetidas à hipóxia<br />

passageira, perda temporária de nutrientes e reduzir<br />

seu metabolismo ao mínimo necessário para a<br />

sobrevivência celular.<br />

Uma das formas de adaptação celular a condições<br />

adversas é a metaplasia celular. A célula madura<br />

se transforma, muda seu fenótipo para um<br />

outro tipo celular igualmente maduro de célula<br />

e da mesma linhagem embrionária. A metaplasia<br />

representa uma forma eficiente de adaptação<br />

celular. Quando o indivíduo começa a fumar, as<br />

células de revestimento da traquéia e dos brônquios<br />

mudam de células epiteliais ciliadas e mucosas,<br />

cilíndricas, e grandes produtoras de muco,<br />

para células epiteliais escamosas e estratificadas, às<br />

vezes produzindo, inclusive, queratina superficial.<br />

Enfim, a metaplasia representa uma metamorfose<br />

na morfologia e função celular.<br />

Na polpa de dentes traumatizados e que permaneceram<br />

estruturalmente hígidos, mas com lesão<br />

parcial do feixe vascular e nervoso, as células pulpares<br />

podem sofrer metaplasia para se adaptarem<br />

à hipóxia passageira e redução do metabolismo.<br />

Esta metaplasia leva os fibroblastos, os pericitos, as<br />

células indiferenciadas ou células-tronco teciduais,<br />

os pré-odontoblastos e até as células vasculares a<br />

se diferenciarem, modificarem ou se transformarem<br />

em odontoblastos, que iniciam uma produção<br />

aleatória e desorganizada de dentina reacional,<br />

com células e vasos incluídos em sua estrutura, a<br />

ponto de ser identificada até como osteodentina<br />

ou vasodentina. A osteodentina e a vasodentina<br />

são formas primitivas de dentina e encontradas<br />

como parte de dentes de ani<strong>mais</strong> inferiores na escala<br />

biológica evolutiva da vida animal.<br />

Este depósito aleatório de dentina displásica, ou<br />

seja mal formada, geralmente é muito desorganizado<br />

e pouco mineralizado e pode até ter um direcionamento<br />

da periferia para o centro da polpa, mas<br />

nem sempre. Com freqüência, esta aleatoriedade<br />

de deposição de dentina displásica é absoluta e<br />

descontrolada. Após três meses, radiograficamente<br />

pode se notar apagamento dos limites pulpares nor<strong>mais</strong>,<br />

redução do volume pulpar, fechamento dos<br />

espaços pulpares na câmara e/ou no canal radicular<br />

(Fig. 1). O fechamento pode se completar com o<br />

apagamento dos espaços pulpares entre 6 meses e<br />

1 ano após o traumatismo. Este fenômeno, muito<br />

conhecido e freqüente, também é simplesmente<br />

conhecido como Obliteração Pulpar, mas deveria<br />

ser <strong>mais</strong> apropriadamente identificado como Metamorfose<br />

Cálcica da Polpa, o nome <strong>mais</strong> utilizado na<br />

literatura pertinente sobre o assunto.<br />

Clínica e radiograficamente a presença de Metamorfose<br />

Cálcica da Polpa indica história pregressa<br />

de traumatismo dentário. Dentes traumatizados<br />

quando movimentados ortodonticamente<br />

têm <strong>mais</strong> chances de apresentarem reabsorções<br />

radiculares <strong>mais</strong> severas, pois iniciam-se <strong>mais</strong> precocemente<br />

que os de<strong>mais</strong> dentes.<br />

Clinicamente, os dentes portadores de Metamorfose<br />

Cálcica da Polpa gradativamente adquirem<br />

uma coloração <strong>mais</strong> amarelada, inicialmente<br />

sutil, mas perceptível e incomodativa à medida<br />

que progride no tempo, chegando a severos escurecimentos<br />

coronários. A maior espessura dentinária<br />

e a forma de desorganização com que a dentina<br />

displásica é depositada deixam o esmalte translu-<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 22 Maringá, v. 12, n. 6, p. 21-23, nov./dez. 2007


Consolaro, A.; Bernardini, V. R.<br />

zir uma tonalidade bem escura e amarelada.<br />

Em muitos casos o profissional instala o aparelho<br />

ortodôntico, movimenta o dente com Metamorfose<br />

Cálcica da Polpa, a reabsorção radicular<br />

mostra-se acentuada neste dente portador, o dente<br />

sofre escurecimento coronário e o paciente procura<br />

outro profissional e o veredicto diagnóstico<br />

inadequada e infelizmente poderá ser: o tratamento<br />

ortodôntico induziu necrose pulpar, reabsorção<br />

acentuada, obliteração<br />

pulpar e, em conseqüência,<br />

o escurecimento coronário!<br />

Na verdade o<br />

diagnóstico deveria ser:<br />

Metamorfose Cálcica<br />

da Polpa por traumatismo<br />

dentário anterior e<br />

Reabsorção Radicular<br />

acentuada induzida pelo<br />

tratamento ortodôntico.<br />

Houve falta de um<br />

planejamento defensivo<br />

para reabsorções radiculares,<br />

a partir das radiografias<br />

periapicais de<br />

todos os dentes, determinante<br />

para uma boa<br />

prática ortodôntica.<br />

O diagnóstico da<br />

Metamorfose Cálcica da<br />

Polpa pode ser feito clinicamente<br />

a partir do escurecimento<br />

isolado de um<br />

ou dois dentes hígidos. O<br />

paciente pode até não recuperar<br />

a história de traumatismo dentário, mas ele<br />

ocorreu quase que inevitavelmente. Na radiografia<br />

periapical a obliteração do canal pelo apagamento<br />

de seus limites determinará o diagnóstico final. Mas<br />

não será surpresa se no lugar da Metamorfose Cálcica<br />

da Polpa, os limites pulpares estiverem preservados<br />

e o dente escurecido, associados a uma lesão<br />

periapical crônica, um quadro indicativo de necro-<br />

Figura 1 - No incisivo central direito a Metamorfose Cálcica da Polpa caracteriza-se<br />

pela obliteração da câmara pulpar e estreitamento do canal radicular<br />

com apagamento dos seus limites pulpares. No incisivo central esquerdo a câmara<br />

pulpar e canal radicular estão com seus limites preservados, mas nota-se<br />

lesão periapical crônica, indicando necrose pulpar asséptica. Ambas as situações<br />

indicam história anterior de traumatismo dentário, reforçada pelas fraturas<br />

coronárias e relato de acidente por parte do paciente.<br />

se pulpar asséptica por traumatismo com lesão severa<br />

ou rompimento do feixe vascular e nervoso no<br />

forame apical (Fig. 1).<br />

As condutas a serem adotadas, nos casos de<br />

necrose pulpar asséptica ou por coagulação em<br />

dentes estruturalmente hígidos e nos casos de<br />

Metamorfose Cálcica da Polpa, envolvem imediata<br />

e diretamente o endodontista. A abordagem<br />

endodôntica será, no tempo, inevitável,<br />

quer seja via canal ou<br />

via cirúrgica paraendodôntica.<br />

O mesmo ocorrendo<br />

com o esteticista,<br />

que poderá ser requisitado<br />

visando a clareação<br />

dentária ou a colocação<br />

de facetas. A Metamorfose<br />

Cálcica da Polpa é progressiva,<br />

escurece a coroa<br />

e em 25% dos casos evolui<br />

com o tempo para lesão<br />

periapical crônica.<br />

Neste insight, a inquietação<br />

advém das seguintes<br />

perguntas, cujas<br />

respostas não são encontradas<br />

na literatura pertinente:<br />

1) Em uma casuística<br />

documentada com<br />

radiografias periapicais<br />

de todos os dentes, utilizadas<br />

nos planejamentos<br />

ortodônticos, qual a freqüência<br />

da Metamorfose<br />

Cálcica da Polpa?<br />

2) Quantos casos foram previamente diagnosticados<br />

nos planejamentos ortodônticos realizados?<br />

3) Qual foi o protocolo de conduta <strong>mais</strong> adotado<br />

pelo ortodontista frente a este diagnóstico?<br />

Endereço para correspondência<br />

Alberto Consolaro<br />

E-mail: alberto@fobusp.br<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 23 Maringá, v. 12, n. 6, p. 21-23, nov./dez. 2007


E n t r e v i s t a<br />

É com grande honra e satisfação que apresentamos o Dr. Weber Ursi, pois conhecemos toda a sua trajetória dentro da Ortodontia,<br />

desde os seus primórdios durante o curso de mestrado em nossa escola. Nessa época, já se destacava o seu brilhantismo na solução dos problemas<br />

clínicos ortodônticos, seu pendor para a docência e, especialmente, sua grande capacidade oratória e de redação.<br />

Posteriormente, durante seu programa de doutorado, buscou aprimoramento científico adicional, candidatando-se e sendo aceito<br />

em um estágio “sanduíche” no Departamento de Ortodontia em Ann Arbor, Universidade de Michigan, com o eminente Prof. McNamara. Sua<br />

distinguida performance foi merecedora de uma elogiosa carta do Prof. McNamara ao Dr. Décio R. Martins, então chefe do departamento de<br />

Ortodontia, destacando-o como um dos melhores alunos que já teve. Dessa maneira, mantém com aquele distinto professor laços científicos e<br />

de amizade, que deram frutos a diversas publicações conjuntas. Subseqüentemente, complementou seu aprimoramento internacional na New<br />

York University, na área de Cirurgia Ortognática, onde também ministrou aulas em cursos de educação continuada.<br />

Sua experiência em Ann Arbor culminou com a elaboração de sua tese de doutorado intitulada “Alteração clínica da face em<br />

crescimento: uma comparação cefalométrica entre os aparelhos extrabucal cervical, Frankel (FR2) e Herbst, no tratamento das más oclusões<br />

de Classe II, primeira divisão de Angle”, onde estudou os efeitos de diferentes aparelhos funcionais no tratamento da má oclusão de Classe II.<br />

Com esse trabalho e outros subseqüentes nessa linha de pesquisa é considerado o ortodontista brasileiro que melhor conhece, teórica e clinicamente,<br />

os aparelhos ortopédicos funcionais fixos para a correção da má oclusão de Classe II, com reconhecimento internacional.<br />

Ao retornar com tal distinção, foi aprovado como professor de Ortodontia na Faculdade de Odontologia de São José dos Campos-<br />

UNESP, onde vem engrandecendo o Departamento com suas publicações internacionais e com sua visão objetiva da especialidade. Divide o<br />

tempo acadêmico com sua clínica particular, de forma que assim pode melhor transmitir sua experiência clínica aos seus alunos.<br />

Com todas essas qualidades é um orgulho para a Ortodontia brasileira e um exemplo a ser admirado e seguido.<br />

Prof. Guilherme Janson<br />

Weber Ursi<br />

• Graduação em Odontologia pela UEL (Universidade Estadual de<br />

Londrina) em 1982.<br />

• Mestrado em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru<br />

– USP, 1986-1989.<br />

• Visiting-fellow, University of Michigan, 1990-1991.<br />

• Orthodontic Fellow in Orthognathic Surgery, New York University,<br />

1991-1992.<br />

• Doutorado em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru<br />

– USP, 1989-1993.<br />

• Professor da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos,<br />

UNESP, desde 1992.<br />

• Consultório particular em São José dos Campos/SP, desde 1992.<br />

• Email para contato weberurs@iconet.com.br<br />

É casado com Maura Leão, sócia e executiva do Yazigi Travel. Os dois<br />

vivem em São José dos Campos, com seus filhos Tomás (13) e Gabriel<br />

(11). Weber e Maura são sócios mantenedores da Esfera Escola<br />

Internacional, a primeira escola bilíngüe de São José dos Campos,<br />

desde 2003.<br />

1) Baseado na sua experiência e nos seus<br />

<strong>artigos</strong> publicados nas revistas da <strong>Dental</strong><br />

<strong>Press</strong> (1999 e 2000) e no AJODO (2001),<br />

como você aborda, atualmente, a Classe II em<br />

crescimento: Frankel, Bionator, extrabucal ou<br />

Herbst? Roberto Brandão<br />

Caro Prof. Dr. Roberto Brandão, é com grande<br />

respeito e admiração pela sua estatura como<br />

professor, pesquisador e clínico que vou procurar<br />

responder sua pergunta. Com o passar dos anos<br />

- nossos e do conhecimento científico em geral<br />

- existe uma tendência a uma sedimentação do<br />

conhecimento e das experiências clínicas. Esta<br />

depuração nos leva à escolha de determinadas te-<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 24 Maringá, v. 12, n. 6, p. 24-37, nov./dez. 2007


URSI, W.<br />

o panorama de como fazemos Ortodontia atualmente<br />

no Brasil. Paralelamente, mudei o sistema de<br />

pagamento, utilizando o preço fechado, negociado<br />

com o paciente, permitindo-lhe a escolha de uma<br />

entre algumas opções pré-elaboradas, seguindo a<br />

forma de pagamento efetuada nos Estados Unidos.<br />

A terceira mudança recente foi no agendamento<br />

dos retornos, que passei de 4 semanas para 6 ou 8<br />

semanas, mesmo em pacientes com braquetes não<br />

auto-ligáveis. Obviamente, tantas mudanças geram<br />

algum desconforto e adaptações, mas é uma mudança<br />

sem volta e que faz todo o sentido, numa<br />

época de braquetes auto-ligáveis e fios superelásticos.<br />

Meu planejamento e mecânica continuam<br />

iguais, só que associados a esta nova tecnologia. O<br />

quarto e último acréscimo, que está em processo<br />

de desenvolvimento, deriva-se de um conceito do<br />

Dr. Kleber Meireles, de Salvador/BA, composto<br />

por um conjunto de acessórios a serem utilizados<br />

quando na movimentação ortodôntica estiver indicado<br />

um movimento de corpo das unidades ativas,<br />

podendo ser usado ou não associado a dispositivos<br />

de ancoragem temporária (miniparafusos, miniplacas,<br />

etc). Este sistema, com um embasamento biomecânico<br />

sólido, merecerá agora um investimento<br />

na implementação da sua fabricação em escala, o<br />

que permitirá o acesso a quem se interessar por<br />

uma mecânica com menores efeitos secundários.<br />

Agradecimentos<br />

Agradeço à professora Telma Martins de Araújo,<br />

pela edição e sugestões realizadas no texto, que<br />

contribuíram de forma substancial na apresentação<br />

fi nal desta entrevista.<br />

Alexandre Moro<br />

- Mestre em Ortodontia pela UMESP.<br />

- Doutor em Ortodontia pela USP - Faculdade de Odontologia<br />

de Bauru.<br />

- Professor do Departamento de Anatomia da UFPR.<br />

- Professor da Disciplina de Odontologia da Infância do UNI-<br />

CENP.<br />

- Professor dos Cursos de Especialização em Ortodontia da<br />

UFPR e do UNICENP.<br />

Guilherme Janson<br />

REFERÊNCIAS<br />

1. ARAUJO, A.; BUSCHANG, P.; MELO, A. C. Adaptative condilar<br />

growth and mandibular remodelling changes with Bionator<br />

therapy - an implant study. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 26,<br />

no. 5, p. 515-522, 2004.<br />

2. CHAGAS, R.; ASSIS, C.; ALMEIDA, G.; URSI, W. Alterações<br />

dimensionais maxilares provocadas por expansor colado, com<br />

dois padrões de ativação. Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon. Ortop.<br />

Facial, Maringá, v. 6, n. 3, p. 36-47, maio/ jun. 2001.<br />

3. CORBETT, C. K. et al. Long term profi le changes in extraction<br />

and non-extraction patients. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 128, no. 4, p. 450-457, Oct. 2005.<br />

4. McNAMARA, J. A.; BRUDON, W. Orthodontic and orthopedic<br />

treatment in the mixed dentition. Needham <strong>Press</strong>: Ann<br />

Arbor, 1993.<br />

5. PANCHERZ, H. History, background and development of the<br />

Herbst appliance. Semin. Orthod., Philadelphia, v. 9, p. 3-11,<br />

2003.<br />

6. RUF, S.; PANCHERZ, H. When is the ideal period for Herbst<br />

therapy: early or late? Semin. Orthod., Philadelphia, v. 9, p.<br />

47-56, 2003.<br />

7. STEPHENS, C. K. et al. Long-term profile changes in extraction<br />

and nonextraction patients. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 128, no. 4, p. 450-457, Oct. 2005.<br />

8. VIG, R. G.; BRUNDO, G. C. The kinetics of tooth display.<br />

J. Prosthet. Dent., St. Louis, v. 39, no. 5, p. 502-504, 1978.<br />

- Professor Titular do Departamento de Ortodontia da FOB-<br />

USP.<br />

- Chefe do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e<br />

Saúde Coletiva da FOB-USP.<br />

- Coordenador do curso de Mestrado de Ortodontia da FOB-<br />

USP.<br />

- Pós-doutorado em Toronto - Canadá.<br />

Júlio Wilson Vigorito<br />

- Professor Titular da disciplina de Ortodontia, Departamento<br />

de Ortodontia e Odontopediatria da FOUSP.<br />

- Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ortodontia<br />

(Mestrado e Doutorado) da FOUSP.<br />

- Autor do livro “Ortodontia clínica: diagnóstico e terapêuticas”.<br />

Roberto Carlos Bodart Brandão<br />

- Mestre em Ortodontia pela UFRJ.<br />

- Doutor em Ortododntia pela UNESP-Araraquara.<br />

- Professor Adjunto de Ortodontia da UFES.<br />

- Diplomado pelo Board Brasilerio de Ortodontia (BBO).<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 37 Maringá, v. 12, n. 6, p. 24-37, nov./dez. 2007


A r t i g o In é d i t o<br />

Centrex: uma proposta de sistema de forças ortodônticas<br />

para atuação no centro de resistência<br />

José Kleber Soares de Meireles*, Weber Ursi**<br />

Resumo<br />

Objetivo: este trabalho propõe um novo sistema de forças ortodônticas que visa eliminar ou<br />

diminuir alguns efeitos secundários da mecânica ortodôntica, como as inclinações, extrusões e<br />

perdas de ancoragem. Por meio de uma revisão crítica da literatura sobre a biomecânica, e de<br />

ilustrações detalhadas dos mecanismos, procura-se apresentar didaticamente o seu conceito e<br />

sua proposta de funcionamento. Conclusões: embora já existam outras tentativas de diminuir<br />

efeitos indesejados da mecânica ortodôntica, como o Power-arm de Andrews e a mecânica<br />

com arcos segmentados, ainda assim, sua utilização tem se mostrado muito distante de uma<br />

unanimidade na prática clínica ortodôntica. O Centrex talvez se mostre como uma forma de<br />

melhorar a mecânica ortodôntica pela diminuição de alguns efeitos indesejados.<br />

Palavras-chave: Ancoragem ortodôntica. Mini-implantes. Centro de resistência.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Desde o advento das primeiras mecânicas ortodônticas,<br />

os profissionais têm enfrentado um problema<br />

comum a todas elas: o fato da colocação dos<br />

acessórios ser feita na coroa dos dentes, muito distante<br />

da região onde a resultante do sistema de forças<br />

atua - o centro de resistência do dente ou de um<br />

conjunto de dentes. O resultado desta limitação é<br />

que os dentes apresentam, além do movimento desejado,<br />

uma tendência a se inclinarem e a extruírem<br />

na direção do movimento. Este efeito secundário,<br />

certamente, não contribui para a boa condução do<br />

caso, gerando a necessidade de um tempo de tratamento<br />

maior do que o normal e aumentando o risco<br />

de efeitos danosos ao periodonto de sustentação<br />

e/ou às raízes dos dentes.<br />

Por <strong>mais</strong> que se tenha procurado desenvolver<br />

artifícios para se evitar estes efeitos secundários,<br />

por meio de recursos no próprio braquete, tais<br />

como braquetes de translação com Power-arm,<br />

de Andrews; de acessórios como braços de força<br />

ajustados nos braquetes e/ou tubos; ou de mecânicas<br />

segmentadas, com a aplicação de contra-momentos<br />

para anular o efeito de inclinação, ainda<br />

assim essa questão não está resolvida de maneira<br />

satisfatória dentro da mecânica ortodôntica. Seria<br />

interessante, portanto, o desenvolvimento de um<br />

sistema que, de maneira controlada e ajustável,<br />

pudesse transmitir a força o <strong>mais</strong> próximo possível<br />

do centro de resistência de um dente ou mesmo<br />

de um conjunto de dentes. O intuito deste trabalho<br />

é justamente este, propor um sistema que<br />

possa ser ajustado à maioria das situações clínicas<br />

que necessitem de controle axial, com um mínimo<br />

de atrito, propiciando uma movimentação controlada<br />

e rápida.<br />

* Especialista em Ortodontia pela PROFIS USP-Bauru. Professor dos cursos de aperfeiçoamento e especialização em Ortodontia da ABO-Bahia.<br />

** Mestre e Doutor em Ortodontia - FOB/USP. Professor Doutor da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - UNESP.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 38 Maringá, v. 12, n. 6, p. 38-47, nov./dez. 2007


Centrex: uma proposta de sistema de forças ortodônticas para atuação no centro de resistência<br />

A<br />

B<br />

FIGURA 8 - Note que no CS 3 a linha de ação da força passa na altura do Cres<br />

dos molares superiores, o que faz com que esses dentes sejam submetidos a<br />

um movimento distal de corpo, sem a tendência de momento experimentada<br />

em outros tipos de distalizadores (A). O resultado final da distalização dos<br />

molares superiores pode ser observado em B.<br />

FIGURA 9 - A distalização com o CS 4 serve-se do mini-implante, inserido<br />

mesialmente à raiz do primeiro molar superior, como ancoragem para distalizar<br />

os molares. Após conseguida a distalização, o mini-implante deve ser<br />

relocado posteriormente para permitir a retração dos de<strong>mais</strong> dentes.<br />

O Centrex System 4 (CS 4) assemelha-se, em<br />

função, ao CS 3. O objetivo é a distalização dos<br />

dentes posteriores, tendo, nesse caso, como ancoragem<br />

o mini-implante inserido mesialmente à<br />

raiz do primeiro molar superior (Fig. 9).<br />

CONCLUSÕES<br />

- A evolução da Ortodontia não pode ficar restrita<br />

à repetição de soluções dentro de um mesmo<br />

paradigma - do deslizamento tradicional do fio ortodôntico<br />

dentro dos slots dos braquetes e tubos<br />

ou da mecânica com fi os segmentados.<br />

- A mudança paradigmática proposta pressupõe<br />

a utilização de um sistema de acessórios que<br />

eliminaria/diminuiria os efeitos colaterais normalmente<br />

observados nas mecânicas tradicionais, tornando<br />

o tratamento ortodôntico <strong>mais</strong> previsível e<br />

menos sujeito a efeitos secundários.<br />

- A adoção deste sistema não inviabiliza a utilização<br />

de qualquer prescrição ou mesmo tipo ou<br />

marca de braquetes que o clínico esteja utilizando,<br />

podendo ser adaptado a todas as opções de aparelhos<br />

não programados ou totalmente programados<br />

existentes no mercado.<br />

Enviado em: dezembro de 2006<br />

Revisado e aceito: fevereiro de 2007<br />

Centrex: a proposal of an orthodontic force system on the center of resistance<br />

Abstract<br />

Aim: This paper introduces a new orthodontic forces system with the objective of decreasing or eliminating some<br />

secondary effects of the orthodontic mechanics, such as inclinations, extrusions and anchorage loss. Through a<br />

critical literature review on biomechanics of tooth movement, and illustrations of the construction and management<br />

of the device, its concept and clinical application are presented. Conclusions: Although other alternatives have<br />

been proposed, such as Andrew’s “power-arm” or segmented arch mechanics, neither have become unanimous<br />

in the daily orthodontic routine. The Centrex might become an alternative to enhance orthodontic mechanics by<br />

means of diminishing some of its undesired effects.<br />

Key words: Orthodontic anchorage. Mini-implants. Center of resistance.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 46 Maringá, v. 12, n. 6, p. 38-47, nov./dez. 2007


Meireles, J. K. S.; Ursi, W.<br />

Referências<br />

1. BANTLEON, H. P. Modified lingual lever arm technique:<br />

biomecanical considerations. In: NANDA, R. Biomechanics in<br />

clinical Orthodontics. Philadelphia: W. B. Saunders, 1977.<br />

p. 5-241.<br />

2. BAZAKIDOU, E.; NANDA, R. S.; DUNCANSON, M. G.; SINHA,<br />

P. Evaluation of frictional resistance in esthetic brackets. Am. J.<br />

Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 112, no. 2, p.138-<br />

144, Aug. 1997.<br />

3. BECK, B. W.; HARRIS, E. F. Apical root resorption in orthodontically<br />

treated subjects: analysis of edgewise and light wire<br />

mechanics. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis,<br />

v. 105, no. 2, p. 350-361, Apr. 1994.<br />

4. BERGER, J. L. The influence of the Speed bracket’s self-ligating<br />

design on force levels in tooth movement: a comparative in<br />

vitro study. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis,<br />

v. 97, no. 3, p. 219-228, Mar. 1990.<br />

5. BOYD, R. L.; LEGGOTT, P. J.; QUINN, R. S.; EAKLE, W. S.<br />

CHAMBERS, D. Periodontal implications of orthodontic treatment<br />

in adults with reduced or normal periodontal tissues<br />

versus those of adolescents. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 96, no. 4, p. 191-199, Sept. 1989.<br />

6. BRAUN S.; BLUESTEIN M.; MOORE, B. K.; BENSON, G. Friction<br />

in perspective. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St.<br />

Louis, v. 115, no. 6, p. 619-627, June 1999.<br />

7. BURSTONE, C. J. Aplicação da bioengenharia na Ortodontia<br />

clínica. In: GRABER, T. M.; VANARSDALL JR., R. L. Ortodontia:<br />

princípios e técnicas atuais. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,<br />

2002. p. 228-257.<br />

8. BURSTONE, C. J.; BALDWIN, J. J.; LAWLESS, D. T. The application<br />

of continuos force to Orthodontics. Angle Orthod.,<br />

Appleton, v. 31, no. 5, p. 1-14, 1961.<br />

9. CACCIAFESTA, V.; SFONDRINI, M. F.; RICCARDI, A.; SCRIB-<br />

ANTE, A.; KLERSY, C.; AURICCHIO, F. Evaluation of friction<br />

of stainless steel and esthetic self-ligating brackets in various<br />

bracket-archwire combinations. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 124, no. 4, p. 395-402, Oct. 2003.<br />

10. CORN, H.; MARKS, M. H. Basic biological concepts associated<br />

with adult Orthodontics. In: MARKS, M. H.; CORN, H. Atlas<br />

of adult Orthodontics. 2nd ed. Philadelphia: Lea. & Febiger,<br />

1989. p 7-56.<br />

11. DRESCHER, D., BOURAEL, C., SCHUMACHER, H. A. Frictional<br />

forces between bracket and arch wire. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 96, no. 5, p. 397-404, Nov. 1989.<br />

12. GERAMY, A. Alveolar bone resorption and center of resistence<br />

modification (3-D analysis by means of finite element method).<br />

Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 117, no. 4,<br />

p. 399-405, Apr. 2000.<br />

13. HOLLENDER, L.; RONNERMAN, A.; THILANDER, B. Root<br />

resorption, marginal bone support and clinical crown length in<br />

orthodontically treated patients. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 54,<br />

no. 2, p. 197-205, 1980.<br />

14. ISAACSON, R. J.; LINDAUER, S. J.; DAVIDOVITCH, M. As<br />

regras básicas para o planejamento dos arcos ortodônticos.<br />

In: ISAACSON, et al. Atualidades em Ortodontia. 2. ed. São<br />

Paulo: Premier, 1997. p. 5-12.<br />

15. IWASAKI, L. R.; BEATTY, M. W.; RANDALL, C. J.; NICKEL, J. C.<br />

Clinical legation forces and intraoral friction during sliding on a<br />

stainless steel arch wire. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop.,<br />

St. Louis, v. 123, no. 4, p. 408-415, Apr. 2003.<br />

16. KAPILA, S.; ANGOLKAR, P. V.; DUNCANSON, M. G.; NANDA, R.<br />

S. Evaluation of friction between Edgewise-stainless steel brackets<br />

and orthodontic wires of four alloys. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 98, no. 2, p. 117-126, Aug. 1990.<br />

17. KUSY, R. P.; WHITLEY, J. Q. O atrito nas diferentes configurações<br />

de fio-bracket e materiais. In: SADOWSKY, P. L. Atualidades<br />

em Ortodontia. São Paulo: Premier, 2002. p. 177-188.<br />

18. MARCOTTE, M. R. Mecânica em Ortodontia. In: MARCOTTE,<br />

M. R. Biomecânica em Ortodontia. São Paulo: Ed. Santos,<br />

1992. p. 1-23.<br />

19. McCULLOCH, C. A. G.; MELCHER, A. H. Continuous labelling<br />

of the periodontal ligament of mice. J. Periodontal Res.,<br />

Copenhagen, v. 18, no. 3, p. 231-241, May 1983.<br />

20. OGATA, R. H.; NANDA, R. S.; DUNCANSON JR., M. G.;<br />

SINHA, P. K.; CURRIER, G. F. Frictional resistance in stainless<br />

steel bracket-wire combinations with effects of vertical deflections.<br />

Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 109,<br />

no. 5, p. 535-542, May 1996.<br />

21. PIZZONI, L.; RAVNHOLT, G.; MELSEN, B. Frictional forces<br />

related to self-ligating brackets. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 20,<br />

p. 283-291, June 1998.<br />

22. PROFFIT, W. R.; FIELDS, H. W.; ACKERMAN, J. L.; SINCLAIR, P.<br />

M.; THOMAS, P. M.; TULOCH, J. F. C. Contemporary orthodontics.<br />

2nd ed. Baltimore: C. V. Mosby, 1993.<br />

23. REITAN, K. Tissue behavior during orthodontic tooth movement.<br />

Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 46,<br />

no. 12, p. 881-900, Dec. 1960.<br />

24. THORSTENSON, G. A.; KUSY, R. P. Resistance to sliding of<br />

self-ligating brackets versus conventional stainless steel twin<br />

brackets with second-order angulation in the dry and wet<br />

(saliva) states. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis,<br />

v. 120, no. 4, p. 361-370, Oct. 2001.<br />

25. TOMS, S. R.; EBERHARDT, A. W. A nonlinear finite element<br />

analysis of the periodontal ligament under orthodontic tooth<br />

loading. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis,<br />

v. 123, no. 6, p. 657-665, June 2003.<br />

26. TOMS, S. R.; LEMONS, J. E.; BARTOLUCCI, A. A.; EBER-<br />

HARDT, A. W. Nonlinear stress-strain behavior of periodontal<br />

ligament under orthodontic loading. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 122, no. 2, p. 174-179, Feb. 2002.<br />

27. YAMAGUCHI, K.; NANDA, R. S.; MORIMOTO, N.; ODA, Y.<br />

A study of force application, amount of retarding force, and<br />

bracket width in sliding mechanics. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 109, no. 1, p. 50-56, Jan. 1996.<br />

Endereço para correspondência<br />

José Kleber Soares de Meireles<br />

Av. ACM, 585, sala 504, Bairro Itaigara<br />

CEP: 41.825-000 - Salvador/BA<br />

Email: jksm@uol.com.br<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 47 Maringá, v. 12, n. 6, p. 38-47, nov./dez. 2007


A r t i g o In é d i t o<br />

Liberação de íons por biomateriais metálicos<br />

Liliane Siqueira de Morais*, Glaucio Serra Guimarães*, Carlos Nelson Elias**<br />

Resumo<br />

Objetivo: todo biomaterial metálico implantado possui alguma interação com os tecidos<br />

em contato, havendo liberação de íons por dissolução, desgaste ou corrosão. O objetivo deste<br />

trabalho foi analisar a liberação de íons metálicos por alguns tipos de biomateriais metálicos,<br />

descrevendo a interação íon/tecido e os possíveis efeitos adversos. Conclusão: os tratamentos<br />

de jateamento e ataque ácido propiciam aumento na dissolução e liberação de íons metálicos,<br />

mas o recobrimento destas superfícies com hidroxiapatita e o polimento eletroquímico<br />

reduzem esta tendência de liberação iônica. Na presença de sintomas de reação adversa ao<br />

biomaterial deve-se pesquisar sua composição, realizar testes de alergia e optar por materiais<br />

não-metálicos ou que não contenham o elemento agressor. As pesquisas sobre liberação de<br />

íons devem ser freqüentes, devido ao crescente lançamento de novos biomateriais.<br />

Palavras-chave: Liberação de íons. Corrosão. Biomaterial.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Biomaterial é qualquer material sintético que<br />

substitui ou restaura a função de tecidos do corpo<br />

e que mantém contato contínuo ou intermitente<br />

com os fluidos. Considerando que haverá contato<br />

com os fluidos, é essencial que o material apresente<br />

biocompatibilidade, não produza resposta<br />

biológica adversa, não induza efeito sistêmico, não<br />

seja tóxico, carcinogênico, antigênico ou mutagênico.<br />

Porém, a utilização de biomateriais pode<br />

causar efeitos adversos no corpo humano, devido<br />

à liberação de íons metálicos citotóxicos 1 . Isto tem<br />

atraído o interesse de muitos pesquisadores, pois<br />

os produtos de degradação podem induzir reação<br />

de corpo estranho ou processo patológico 14 . A liberação<br />

de íons metálicos origina-se por dissolução,<br />

desgaste ou, principalmente, por corrosão da<br />

liga. Sendo assim, a resistência à corrosão é importante<br />

na análise da biocompatibilidade.<br />

O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão<br />

da liberação de íons por diversos tipos de biomateriais<br />

metálicos, discutindo sua interação com os<br />

tecidos e possíveis efeitos colaterais.<br />

Revisão da literatura<br />

A maioria dos materiais apresenta algum tipo<br />

de interação com o ambiente, o que pode comprometer<br />

a utilização do material, devido à deterioração<br />

de suas propriedades mecânicas, físicas<br />

ou de sua aparência. Um dos processos de degradação<br />

é a corrosão. A corrosão é classificada de<br />

acordo com a maneira que se manifesta, podendo<br />

* Doutorandos em Ciências dos Materiais – Instituto Militar de Engenharia / University of California, San Diego. Mestre em Ortodontia – Universidade<br />

Federal do Rio de Janeiro.<br />

** Professor do Departamento de Engenharia Mecânica e Ciência dos Materiais – Instituto Militar de Engenharia (IME).<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 48 Maringá, v. 12, n. 6, p. 48-53, nov./dez. 2007


Morais, L. S.; Guimarães, G. S.; Elias, C. N.<br />

Ion release from metallic biomaterials<br />

Abstract<br />

Aim: Every metallic biomaterial has some interaction with surrounding tissues, and ion release occurs by dissolution,<br />

wearing or corrosion of the alloy. The aim of this paper was to revise the metal ion release from some metallic<br />

biomaterials, describing the ion/tissue interaction and the possible side effects. Conclusions: Treatments such as<br />

sand blasting and etching increases the amount of metallic ion release, but the surface coated with hydroxyapatite<br />

and the polishing decreases the ion release. When clinical signs of side effects to the biomaterial are present one<br />

should search its composition, do allergic tests and choose non-metallic biomaterials or biomaterials without the<br />

aggressor element. The researches about ion release should be frequent due to the use of new biomaterials.<br />

Key words: Ion release. Corrosion. Biomaterials.<br />

Referências<br />

1. AZEVEDO, C. R. F. Characterization of metallic piercings. Eng.<br />

Failure Anal., [s.l.], v. 10, p. 255-263, 2003.<br />

2. BARCELOUX, D. G. Vanadium. J. Toxicol. Clin. Toxicol., New<br />

York, v. 37, p. 265-278, 1999.<br />

3. BROWNE, M.; GREGSON, P. J. Effect of mechanical surface pretreatment<br />

on metal ion release. Biomaterials, Oxford, v. 21,<br />

p. 385-392, 2000.<br />

4. CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia de materiais: uma<br />

introdução. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002.<br />

5. CHEN, W. J.; MONNAT, R. J. Jr.; CHEN, M.; MOTTET, N. K.<br />

Aluminum induced pulmonary granulomatosis. Hum. Pathol.,<br />

Philadelphia, v. 9, p. 705-711, 1978.<br />

6. COSTA, M. Molecular mechanisms of nickel carcinogenesis.<br />

Toxicol. Appl. Pharmacol., New York, v. 143, p. 152-166, 1997.<br />

7. DAHL, B. L. Hypersensitivity to dental materials. In: SMITH, D. C.;<br />

WILLIAMS, D. F. Biocompatibility of dental materials. 1st. ed.<br />

Florida: CRC <strong>Press</strong>, 1982. Chapter 7.<br />

8. EDGAR, M.; O’MULLANE, D.; DAWES, C. Saliva and oral health.<br />

2nd ed. London: British <strong>Dental</strong> Association, 1996.<br />

9. ELIADES, T.; PRATSINIS, H.; KLETSAS, D.; ELIADES, G.; MAKOU,<br />

M. Characterization and cytotoxicity of ions released from stainless<br />

steel and nickel-titanium orthodontic alloys. Am. J. Orthod.<br />

Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 125, p. 24-29, 2004.<br />

10. FINET, B.; WEBER, G.; CLOOTS, R. Titanium release from dental<br />

implants: an in vitro study on sheep. Mater Letters, London,<br />

v. 43, p. 159-165, 2000.<br />

11. GARHAMMER, P.; HILLER, K. A.; REITINGER, T.; SCHMALZ, G.<br />

Metal content of saliva of patients with and without metal restorations.<br />

Clin. Oral Investig., Berlin, v. 8, p. 238-242, 2004.<br />

12. GEURTSEN, W. Biocompatibility of dental casting alloys. Crit.<br />

Rev. Oral Biol. Med., Alexandria, v. 13, p. 71-84, 2003.<br />

13. GIOKA, C.; BOURAUEL, C.; ZINELIS, S.; ELIADES, T.; SILIKAS, N.;<br />

ELIADES, G. Titanium orthodontic brackets: structure, composition,<br />

hardness and ionic release. Dent. Mater, Kidlington, v. 20,<br />

p. 693-700, 2004.<br />

14. HAYES, R. B. The carcinogenicity of metals in humans. Cancer<br />

Causes Control., Oxford, v. 8, p. 371-385, 1997.<br />

15. JOHANSSON, C. B.; HAN, C. H.; WENNERBERG, A.; ALBREKTS-<br />

SON, T. A quantitative comparison of machined commercially<br />

pure titanium and titanium-aluminum-vanadium implants in rabbit<br />

bone. Int. J. Oral Maxillofac. Implants, Lombard, v. 13,<br />

p. 315-321, 1998.<br />

16. KAHN, M. A.; WILLIAMS, R. L.; WILLIAMS, D. F. In-vitro corrosion<br />

and wear of titanium alloys in the biological environment. Biomaterials,<br />

Oxford, v. 17, p. 2117-2126, 1996.<br />

17. KELLER, J. C.; YOUNG, F. A.; HANSEL, B. Systemic effects of<br />

porous Ti dental implants. Dent. Mater, Kidlington, v. 1, p. 41-42,<br />

1985.<br />

18. LEE, Y. W.; BRODAY, L.; COSTA M. Effects of nickel on DNA<br />

methyltransferase activity and genomic DNA methylation levels.<br />

Mutat. Res., Amsterdam, v. 415, p. 213-218, 1998.<br />

19. LUGOWSKI, S. J.; SMITH, D. C.; McHUGH, A. D.; LOON, V.<br />

Release of metal ions from dental implant materials in vivo:<br />

determination of Al, Co, Cr, Mo, Ni, V and Ti in organ tissues. J.<br />

Biomed. Mater. Res., Hoboken, v. 25, p. 1443-1458, 1991.<br />

20. MAATA, K.; ARSTILA, A. U. Pulmonary deposits of titanium<br />

dioxide in cytologic and lung biopsy specimens. Lab. Invest.,<br />

Hagerstown, v. 33, p. 342-346, 1975.<br />

21. MALONEY, W. J.; SMITH, R. L.; CASTRO, F.; SCHURMAN, D. J.<br />

Fibroblast response to metallic debris in vitro. Enzyme induction<br />

cell proliferation and toxicity. J. Bone Joint Surg. Am., Boston,<br />

v. 75, p. 835-844, 1993.<br />

22. MARQUIS, J. K. Aluminum neurotoxicity: an experimental perspective.<br />

Bull. Environ. Contam. Toxicol., New York, v. 29,<br />

p. 43-49, 1982.<br />

23. PIERIDES, A. M.; EDWARDS Jr., W. G.; CULLUM Jr., U. X.;<br />

McCALL, J. T.; ELLIS, H. A. Hemodialysis encephalopathy with<br />

osteomalacic fractures and muscle weakness. Kidney Int., New<br />

York, v. 18, p. 115-124, July 1980.<br />

24. SCHLIEPHAKE, H.; REISS, G.; URBAN, R.; NEUKAM, F. W.;<br />

GUCKEL, S. Metal release from titanium fixtures during placement<br />

in the mandible. An experimental study. Int. J. Oral Maxillofac.<br />

Implants, Lombard, v. 8, p. 502-511, 1993.<br />

25. SCHMALZ, G.; GARHAMMER, P. Biologic interactions of dental<br />

cast alloys with oral tissues. Dent. Mater, v. 18, p. 396-406, 2002.<br />

26. STEINMANN, S. G. Titanium the material of choice? Periodontol.<br />

2000, Copenhagen, v. 17, p. 7-21, 1998.<br />

27. WATAHA, J. C.; SUN, Z. L.; HANKS, C. T.; FANG, D. N. Effect of<br />

Ni ions on expression of intercellular adhesion. J. Biomed. Mater.<br />

Res., Hoboken, v. 36, p. 145-151, 1997.<br />

28. WATERS, M. D.; GARDNER, D. E.; COFFIN, D. L. Cytotoxic<br />

effects of vanadium on rabbit alveolar macrophages in vitro.<br />

Toxicol. Appl. Pharmacol., New York, v. 28, p. 253-263, 1974.<br />

29. WOODMAN, J. L.; JACOBS, J. J.; GALANTE, J. O.; URBAN, R.<br />

M. Metal ion release from titanium-based prosthetic segmental<br />

replacements of long bones in baboons: a long-term study. J.<br />

Orthop. Res., Hoboken, v. 1, p. 421-430, 1984.<br />

Endereço para correspondência<br />

Liliane Siqueira de Morais<br />

Av. Nossa Senhora de Copacabana, 647/1108<br />

CEP: 22.050-000 - Copacabana - Rio de Janeiro/RJ<br />

E-mail: lilianesmorais@hotmail.com<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 53 Maringá, v. 12, n. 6, p. 48-53, nov./dez. 2007


A r t i g o In é d i t o<br />

Análise dos fatores que motivam os pacientes<br />

adultos a buscarem o tratamento ortodôntico<br />

Liliana Ávila Maltagliati*, Luciana Andrade do Prado Montes**<br />

Resumo<br />

Objetivo: este artigo teve como objetivo conhecer os principais fatores que motivam os pacientes<br />

adultos a buscarem o tratamento ortodôntico. Metodologia: 70 pacientes adultos (44<br />

mulheres e 26 homens) que compuseram a amostra preencheram questionários contendo uma<br />

lista de condições onde eles pudessem identificar suas queixas e motivações para o tratamento.<br />

Estatísticas descritivas foram obtidas dos questionários respondidos. Resultados e Conclusões:<br />

os resultados demonstraram que a estética relacionada ao posicionamento dentário envolvendo<br />

os incisivos superiores foi o fator que exerceu maior influência sobre a motivação dos<br />

pacientes adultos a buscarem o tratamento ortodôntico; houve pouca percepção das anomalias<br />

esqueléticas por parte dos pacientes entrevistados (7% da amostra) e a sintomatologia dolorosa<br />

apareceu como o segundo maior fator motivador.<br />

Palavras-chave: Ortodontia. Adulto. Motivação. Estética.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A aparência facial exerce um importante papel<br />

no julgamento da atratividade pessoal e também<br />

no desenvolvimento da auto-estima 17 . A percepção<br />

da aparência, principalmente da face, afeta<br />

a saúde mental e o comportamento social com<br />

implicações significativas nas áreas da educação<br />

e profissional, bem como na vida afetiva (BERS-<br />

CHEID apud GRABER, VANARSDALL 4 ). No<br />

entanto, alguns estudos têm demonstrado que a<br />

percepção da própria aparência envolve inúmeros<br />

aspectos que não necessariamente estão relacionados<br />

com a real intensidade de deformidade facial<br />

ou, <strong>mais</strong> especificamente, com a gravidade da má<br />

oclusão apresentada 10,17 . Irregularidades menores,<br />

como um apinhamento ântero-inferior suave ou<br />

um diastema mediano, podem chamar <strong>mais</strong> atenção<br />

e incomodar muito <strong>mais</strong> o paciente do que<br />

anomalias <strong>mais</strong> graves, como excesso vertical de<br />

maxila, prognatismo ou assimetrias 3 .<br />

A preocupação com a saúde e a estética faciais,<br />

que inclui obviamente a saúde e estética dentárias,<br />

se altera de acordo com a idade e com as condições<br />

socioculturais 15 e parece haver uma motivação<br />

maior do gênero feminino para se submeter<br />

ao tratamento ortodôntico, em relação ao masculino<br />

14,17,18 .<br />

As mulheres demonstram ser <strong>mais</strong> exigentes<br />

com a própria aparência, apresentando maior nível<br />

de insatisfação e, conseqüentemente, estão presentes<br />

em maioria na amostras avaliadas 5,7 . Os indivíduos<br />

solteiros e que possuíam formação universitária<br />

também foram maioria dentre os avaliados 14 .<br />

Segundo Sergl e Zentner 14 , dois fatores-chave<br />

* Professora Titular da UMESP. Coordenadora do Curso de Especialização em Ortodontia da UMESP.<br />

** Mestre em Ortodontia pela Universidade Metodista de São Paulo - UMESP.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 54 Maringá, v. 12, n. 6, p. 54-60, nov./dez. 2007


Maltagliati, L. A.; Montes, L. A. P.<br />

paciente sobre os atuais recursos disponíveis para<br />

promover mudanças no aspecto facial e 2) como<br />

as desarmonias faciais são de ordem genética, os<br />

indivíduos se reconhecem no seu grupo familiar e<br />

isto faz com que eles se aceitem esteticamente.<br />

Em face da característica da estética dentária<br />

ter sido sensivelmente superior na queixa dos pacientes<br />

adultos, resultado semelhante ao encontrado<br />

por Hamdan 5 , deve-se questionar se a percepção<br />

do que é realmente necessário alterar está em<br />

sintonia com o desejo de mudança do paciente.<br />

Talvez o maior desafio do ortodontista esteja em<br />

aceitar a queixa do paciente como principal fator a<br />

ser corrigido e não ficar aprisionado ao diagnóstico<br />

baseado em análises cefalométricas, morfométricas,<br />

análise numérica e de modelos ou até mesmo<br />

em análises faciais.<br />

Se, por um lado, o uso da cefalometria tirou<br />

a liberdade do ortodontista, impedindo-o de enxergar<br />

as evidências visuais proporcionadas pelo<br />

exame clínico, por outro, mesmo as análises morfológicas<br />

e clínicas possuem uma dose de subjetividade<br />

e das preferências pessoais de cada profissional,<br />

aumentando as chances de elaboração de<br />

um plano de tratamento que não seja bem aceito<br />

pelo paciente. Talvez o segredo esteja em flexibilizar<br />

os conceitos sobre harmonia facial e dentária,<br />

priorizando a queixa do paciente e aceitando a não<br />

intervenção em desvios passíveis de correção, mas<br />

que estejam fisiológicos para oclusão, uma vez que<br />

estejam permitindo a manutenção da saúde oclusal<br />

e periodontal 8,12 .<br />

Apesar da sintomatologia dolorosa nos dentes<br />

ter aparecido como queixa para 21% da amostra,<br />

a quantidade de indivíduos que mencionava no<br />

questionário algum tipo de dor foi de 47%. No entanto,<br />

não podemos assegurar que esta dor tenha<br />

relação com problemas de âmbito odontológico,<br />

mas demonstra o quanto o desconforto estimula<br />

a busca por algum tipo de tratamento que possa<br />

promover o alívio dos sintomas.<br />

Ao certo, o interesse pelo tratamento ortodôntico<br />

tem aumentado nas últimas décadas, com o<br />

aumento da expectativa de vida e com as exigências<br />

estéticas da sociedade contemporânea, que<br />

solicita a longevidade da saúde dentária. Exige-se<br />

do profissional discernimento para entender os<br />

anseios do paciente, conscientizá-lo das limitações<br />

existentes e elaborar o plano de tratamento suficiente<br />

para contemplar a queixa principal, delimitando<br />

o que realmente necessita de intervenção.<br />

CONCLUSÕES<br />

De acordo com os resultados obtidos podemos<br />

concluir que:<br />

1) A estética relacionada ao posicionamento<br />

dentário é o fator que exerce maior influência sobre<br />

a motivação dos pacientes adultos a buscarem<br />

o tratamento ortodôntico.<br />

2) Houve pouca percepção das anomalias esqueléticas<br />

por parte dos pacientes entrevistados<br />

(apenas 7% da amostra).<br />

3) A principal meta de tratamento apontada<br />

foi a correção de problemas envolvendo os incisivos<br />

superiores.<br />

4) A sintomatologia dolorosa apareceu como o<br />

segundo maior fator motivador.<br />

Enviado em: julho de 2005<br />

Revisado e aceito: outubro de 2006<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 59 Maringá, v. 12, n. 6, p. 54-60, nov./dez. 2007


Análise dos fatores que motivam os pacientes adultos a buscarem o tratamento ortodôntico<br />

Analysis of the factors that induce adult patients to search for<br />

orthodontic treatment<br />

Abstract<br />

Aim: The purpose of this article was to determine the main reasons that motivate adult patients to seek for orthodontic<br />

treatment. Methods: The sample comprised 70 adult individuals (44 females and 26 males) that were<br />

asked to answer a questionnaire with a list of possible complaints. Descriptive statistics were obtained. Results<br />

and Conclusions: The findings showed that esthetics related to malpositioning of the upper incisors is the reason<br />

mostly associated to the search for orthodontic treatment. Only a few patients (7% of the sample) indicated skeletal<br />

discrepancies as reason for treatment. Symptoms of TMJ appeared as the second reason.<br />

Key words: Orthodontics. Adults. Motivation. Esthetics.<br />

Referências<br />

1. ARNETT, G. W.; WORLEY, C. M. The treatment motivation survey:<br />

defining patient motivation for treatment. Am. J. Orthod.<br />

Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 1, no. 15, p. 233-238, 1999.<br />

2. FRITZ, U.; DIEDRICH, P.; WIECHMANN, D. Lingual technique:<br />

patients’characteristics motivation and acceptance. J. Orofac.<br />

Orthop., München, n. 63, p. 227-233, 2002.<br />

3. GOSNEY, M. B. E. An investigation into some of the factors influencing<br />

the desire for orthodontic treatment. Br. J. Orthod.,<br />

Oxford, v. 13, no. 2, p. 87-94, Apr. 1996.<br />

4. GRABER, T. M.; VANARSDALL, R. L. Ortodontia: princípios<br />

e técnicas atuais. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,<br />

2000.<br />

5. HAMDAN, A. M. The relationship between patient, parent and<br />

clinician percieved need and normative orthodontic treatment<br />

need. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 26, no. 3, p. 265-271, 2004.<br />

6. KIYAK, H. A.; McNEILL, W.; WEST, R. A. The emotional impact<br />

of orthognatic surgery and conventional Orthodontics. Am. J.<br />

Orthod., St. Louis, v. 88, no. 3, p. 224-234, 1985.<br />

7. KLAGES, U.; BRUCKNER, A.; ZENTNER, A. <strong>Dental</strong> aesthetics,<br />

self-awareness and oral health-related quality of life in young<br />

adults. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 26, no. 5, p. 507-514, 2004.<br />

8. MALTAGLIATI, L. A. Tratamento ortodôntico em adultos:<br />

Considerações psicológicas e de diagnóstico. In: SAKAI, E.<br />

et al. Nova visão em Ortodontia-Ortopedia Funcional dos<br />

Maxilares. São Paulo: Ed. Santos, 2004. cap. 32,<br />

p. 585-590.<br />

9. MARTINS, L. F.; REIS, S. A. B.; SCANAVINI, M. A.; VIGORI-<br />

TO, J. W. Comparação entre o diagnóstico ortodôntico e a<br />

expectativa do paciente em relação ao tratamento: proposta<br />

de um questionário que facilite a comunicação entre pacientes<br />

e profissionais. J. Bras. Ortodon. Ortop. Facial, Curitiba, v. 8,<br />

n. 43, p.19-28, jan./fev. 2003.<br />

10. MEHRA, T.; NANDA, R. S.; SINHA, P. K. Orthodontists assessment<br />

and management of pacient compliance. Angle Orthod.,<br />

Appleton, v. 68, no. 2, p. 115-122, 1998.<br />

11. MCKIERNAN, E. X.; McKIERNAN, F.; JONES, M. L. Psychological<br />

profiles and motives of adults seeking orthodontic treatment.<br />

Int. J. Adult Orthodon. Orthognath. Surg., Chicago,<br />

v. 7, no. 3, p. 187-198, 1992.<br />

12. REIS, S. A. B. Abordagens terapêuticas simplificadas no<br />

tratamento ortodôntico de pacientes adultos com problemas<br />

localizados. In: SAKAI, E. et al. Nova visão em Ortodontia-<br />

Ortopedia Funcional dos Maxilares. São Paulo: Ed. Santos,<br />

2004. cap. 33, p. 591-596.<br />

13. SAHM, G.; BARTSCH, A.; KOCH, R.; WITT, E. Subjective appraisal<br />

of orthodontic practices. An investigation into perceived<br />

practice characteristics associated with patient and parent<br />

treatment satisfaction. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 13, no. 1,<br />

p. 15-21, 1991.<br />

14. SERGL, G. H.; ZENTNER, A. Study of psychosocial aspects of<br />

adult orthodontic treatment. Int. J. Adult Orthodon. Orthognath.<br />

Surg., Chicago, v. 12, no. 1, p. 17-22, 1997.<br />

15. STENVIK, A.; ESPLEND, L.; BERSET, G. P.; ERIKSEN, H. M. Atitudes<br />

to malocclusion among 18 and 35 years old Norwegians.<br />

Community Dent. Oral Epidemiol., Copenhagen, v. 24, no. 6,<br />

p. 390-393, Dec. 1996.<br />

16. STENVIK, A.; ESPLAND, L.; MATHISEN, A. A longitudinal study<br />

on subjective and objective orthodontic treatment need. Eur.<br />

J. Orthod., Oxford, v. 19, no. 1, p. 85-92, Feb. 1997.<br />

17. TUNG, A. W.; KIYAK, A. Psychological influences on the timing<br />

of orthodontic treatment. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 113, p. 29-39, 1998.<br />

18. TUOMINEN, M. L.; TUOMINEN, R. J.; NYSTROM, M. E.<br />

Subjective orthodontic treatment need and percieved dental<br />

appearance among young Finnish adults with or without previous<br />

orthodontic treatment. Community Dent. Health, London,<br />

v. 11, no. 1, p. 155-167, Mar. 1994.<br />

Endereço para correspondência<br />

Liliana Ávila Maltagliati<br />

Rua do Sacramento, 230<br />

CEP: 09.640-000 - São Bernardo do Campo / SP<br />

E-mail: lilianamaltagliati@hotmail.com<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 60 Maringá, v. 12, n. 6, p. 54-60, nov./dez. 2007


A r t i g o In é d i t o<br />

A forma do arco dentário inferior na visão<br />

da literatura<br />

Tarcila Triviño*, Danilo Furquim Siqueira**, Marco Antonio Scanavini***<br />

Resumo<br />

Objetivo: esse trabalho teve como objetivo principal analisar a literatura relacionada a um<br />

relevante aspecto clínico, a configuração do arco dentário, salientando a importância da manutenção<br />

da forma original do arco dentário para se obter a estabilidade do tratamento ortodôntico,<br />

bem como avaliar os métodos utilizados para a determinação da forma do arco e os<br />

diagramas de forma propostos por diversos autores. Resultados e Conclusões: constatou-se<br />

uma controvérsia quanto à indicação de uma forma ideal média e a seleção de uma forma individualizada<br />

a partir de diagramas que forneçam configurações variadas para o arco dentário.<br />

Entretanto, observou-se um progresso nas metodologias aplicadas nos recentes estudos, o que<br />

possivelmente fornecerá precisão nos próximos resultados.<br />

Palavras-chave: Arco dentário. Forma do arco. Estabilidade. Ortodontia.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A prática clínica da Ortodontia tem como fundamentos<br />

principais a busca pelo equilíbrio entre<br />

as estruturas craniofaciais e pela estabilidade da<br />

oclusão, aspectos esses que estão correlacionados a<br />

fatores como as características anatômicas e o comportamento<br />

do arco dentário inferior, os quais devem<br />

ser analisados com critério quando se tem por<br />

finalidade alcançar estética e função adequadas.<br />

Em um tratamento ortodôntico, as posições<br />

dentárias serão estabelecidas, basicamente, pela<br />

configuração do arco ósseo basal, ou seja, os dentes<br />

serão alinhados sob o rebordo alveolar, o qual<br />

apresenta uma forma específica.<br />

O arco ósseo basal é estabilizado em <strong>mais</strong> ou<br />

menos 9,5 semanas de vida intra-uterina 9 . Sua<br />

forma é, inicialmente, determinada pela configuração<br />

do suporte ósseo e, em seguida, pela<br />

erupção dos dentes, pela musculatura peribucal<br />

e pelas forças funcionais intrabucais 8 . Devido à<br />

influência de vários fatores, a estabilidade das<br />

posições dentárias é um dos grandes desafios enfrentados<br />

pelos profissionais ao realizarem uma<br />

intervenção ortodôntica.<br />

* Especialista em Ortodontia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em Odontologia, área de concentração Ortodontia, pela<br />

Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).<br />

** Mestre e Doutor em Ortodontia pela FOB-USP. Professor do Programa de pós-graduação em Odontologia, área de concentração Ortodontia,<br />

da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).<br />

*** Coordenador e Professor do Programa de pós-graduação em Odontologia, área de concentração Ortodontia, da Universidade Metodista<br />

de São Paulo (UMESP).<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 61 Maringá, v. 12, n. 6, p. 61-72, nov./dez. 2007


A forma do arco dentário inferior na visão da literatura<br />

a qual a má oclusão seria corrigida, promovendo<br />

estética e função ao paciente. Com essa finalidade<br />

foram, inicialmente, desenvolvidos diagramas que<br />

forneciam somente uma configuração para o arco<br />

dentário, que apresentaria apenas uma variação<br />

quanto ao seu tamanho, sendo essa determinada<br />

pela soma dos 6 dentes ântero-inferiores ou pelas<br />

medidas craniofaciais.<br />

Entretanto, o seguimento das pesquisas com<br />

objetivo de determinar a forma do arco dentário<br />

permitiu o emprego de métodos <strong>mais</strong> exatos, que<br />

compreendiam a associação da matemática aos<br />

programas de computadores e, como resultado, foram<br />

avaliadas duas ou <strong>mais</strong> formas representativas<br />

da configuração do arco dentário.<br />

no tratamento ortodôntico.<br />

Após o estudo da literatura, conclui-se que a<br />

maioria dos autores preconiza a utilização de formas<br />

de arcos individualizadas para cada paciente,<br />

sendo <strong>mais</strong> recomendáveis os diagramas que fornecem<br />

configurações distintas e não o emprego de<br />

uma forma de arco média, obtida a partir de medidas<br />

também médias.<br />

Aconselha-se, então, a realização de estudos,<br />

nos quais serão avaliadas as possíveis formas representativas<br />

para o arco dentário com oclusão<br />

normal e a viabilidade da utilização de uma forma<br />

média no tratamento de uma má oclusão.<br />

CONCLUSÃO<br />

A manutenção da forma original do arco dentário<br />

- principalmente suas dimensões transversais<br />

- e, conseqüentemente, o equilíbrio entre as estruturas<br />

ósseas, musculares e tecidos moles são aspectos<br />

essenciais para atingir a estabilidade longínqua<br />

Enviado em: outubro de 2005<br />

Revisado e aceito: maio de 2006<br />

The lower dental arch form in the literature viewpoint<br />

Abstract<br />

Aim: The main purposes of this study were to analyze the literature related to a relevant clinic aspect, the dental<br />

arch form, emphasizing the importance of maintaining the original form in order to obtain stability after the orthodontic<br />

treatment, as well as to evaluate the methods used for establishing the dental arch form and the arch<br />

form diagrams proposed by many authors. Results and Conclusions: It was verified that there is some controversy<br />

regarding the indication of an ideal average form and the selection of an individualized form from diagrams which<br />

provide varied formats for the dental arch. However, some progress was observed in the methodologies applied in<br />

recent studies, which will possibly provide more accuracy in arch form determination in the near future.<br />

Key words: <strong>Dental</strong> arch. Arch form. Stability. Orthodontics.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 70 Maringá, v. 12, n. 6, p. 61-72, nov./dez. 2007


TRIVIÑO, T.; SIQUEIRA, D. F.; SCANAVINI, M. A.<br />

Referências<br />

1. ANDREWS, L. F.; ANDREWS, W. A. Syllabus of the Andrews<br />

orthodontic philosophy. 9th ed. San Diego: Lawrence F.<br />

Andrews, 2001.<br />

2. ANGLE, E. H. Treatment of malocclusion of the teeth. 7th<br />

ed. Philadelphia: S. S. White Manufacting, 1907.<br />

3. BeGOLE, E. A. Application of the cubic spline function in the<br />

description of dental arch form. J. Dent. Res., Chicago, v. 59,<br />

no. 9, p. 1549-1556, Sept. 1980.<br />

4. BIGGERSTAFF, R. H. Three variations in dental arch form estimated<br />

by a quadratic equation. J. Dent. Res., Chicago, v. 51,<br />

no. 5, p. 1509, Sept./Oct. 1972.<br />

5. BOONE, G. N. Archwires designed for individual patients.<br />

Angle Orthod., Appleton, v. 33, no. 3, p. 178-185, July<br />

1963.<br />

6. BONWILL, W. G. A. The scientific articulation on the human<br />

teeth as founded on geometrical, mathematical and mechanical<br />

laws. Dent. Items Interest., Philadelphia, v. 21, no. 9,<br />

p. 617-643, Sept. 1885.<br />

7. BRADER, A. C. <strong>Dental</strong> arch form related with intraoral forces:<br />

PR = C. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 61, no. 6, p. 541-561,<br />

June 1972.<br />

8. BRAUN, S.; HNAT, W. P.; FENDER, D. E.; LEGAN, H. L. The<br />

form of the human dental arch. Angle Orthod., Appleton,<br />

v. 68, no. 1, p. 29-36, Feb.1998.<br />

9. BURDI, A. R. Morphogenesis of mandibular dental arch shape<br />

in human embryos. J. Dent. Res., Chicago, v. 47, no. 1, p. 50-<br />

58, Jan./Feb.1968.<br />

10. CAMPIONI, A. P. F. Forma e dimensão dos arcos dentários.<br />

2001. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ortodontia<br />

e Ortopedia Facial dos Maxilares)–Associação Paulista<br />

de Cirurgiões-Dentistas, Presidente Prudente, 2001.<br />

11. CAPELOZZA FILHO L.; CAPELOZZA, J. A. Z. DIAO: diagrama<br />

individual anatômico objetivo. Uma proposta para a escolha da<br />

forma dos arcos na técnica de Straight-Wire, baseada na individualidade<br />

anatômica e nos objetivos de tratamento. R. Clin.<br />

Ortodon. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong>, Maringá, v. 3, n. 5, p. 84-92, out./ nov.<br />

2004.<br />

12. CASTELLANOS, E. C.; VIGORITO, J. W. Estudo das modificações<br />

nas dimensões transversais dos arcos dentários superior<br />

e inferior durante após o tratamento ortodôntico. Ortodontia,<br />

São Paulo, v. 10, n. 2, maio /ago. 1977.<br />

13. CHUCK, G. C. Ideal arch form. Angle Orthod., Appleton, v. 4,<br />

no. 4, p. 312-327, Oct. 1934.<br />

14. CURRIER, J. H. A computerized geometric analysis of human<br />

dental arch form. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 56, no. 2,<br />

p. 164-179, Aug. 1969.<br />

15. CRUZ, A. D. L. et al. Long-term changes in arch form after orthodontic<br />

treatment and retention. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 107, no. 5, p. 518-529, May 1995.<br />

16. ENGEL, G. A. Preformed arch wires: reability of fit. Am. J.<br />

Orthod., St Louis, v. 76, no. 5, p. 497-504, Nov. 1979.<br />

17. FERRARIO, V. F. et al. Mathematical definition of the shape<br />

of dental arches in human permanent healthy dentitions.<br />

Eur. Orthod. Soc., Oxford, v.16, no. 4, p. 287-294, Aug.<br />

1994.<br />

18. FIGÚN, M. E.; GARINO, R. R. Anatomia odontológica funcional<br />

e aplicada. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994.<br />

19. GUERRA, S. Dimensional changes of the dental arches: a review<br />

of the literature. Chron. Omaha Soc., Omaha, v. 35, no. 6,<br />

p. 154-156, Feb. 1972.<br />

20. HAWLEY, C. A. Determination of the normal arch and its application<br />

to Orthodontia. <strong>Dental</strong> Cosmos, Philadelphia, v. 47, no. 5,<br />

p. 541-552, May 1905.<br />

21. HECHTER, F. J. Symmetric and dental arch form of orthodontically<br />

treated patients. J. Canad. Dent. Assoc., Toronto, v. 44,<br />

no. 4, p. 173-184, Apr. 1978.<br />

22. HERREN, P.; OE, S. C. Die breitendifferenz zwischen den summierten<br />

oberen und unteren zahnkronen. Schweiz. Mschr. Zahnh.,<br />

Bern, v. 81, no. 2, p. 113-125, Feb. 1971.<br />

23. HOUSLEY, J. A. et al. Stability of transverse expansion in the<br />

mandibular arch. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St.<br />

Louis, v. 124, no. 3, p. 288-293, Sept. 2003.<br />

24. HOWES, A. E. Arch width in the premolar region: still the major<br />

problem in Orthodontics. Am. J. Orthod., St Louis, v. 43, no. 1,<br />

p. 5-31, Jan. 1957.<br />

25. HRDLICKA, A. The normal dental arch. <strong>Dental</strong> Cosmos, Philadelphia,<br />

v. 58, no. 9, p. 1029-1032, Sept. 1916.<br />

26. INTERLANDI, S. New method for establishing arch form. J. Clin.<br />

Orthod., Boulder, v. 12, no. 12, p. 843-845, Dec. 1978.<br />

27. IZARD, G. New method for the determination of the normal arch<br />

by the function of the face. Int. J. Orthod. Oral Surg. Radiog.,<br />

St. Louis, v. 13, no. 7, p. 582-595, July 1927.<br />

28. JOONDEPH, D. R.; RIEDEL, R. A. Retenção e recidiva. In:<br />

GRABER, M. T.; VANARSDALL, R. L. J. Ortodontia: princípios e<br />

técnicas atuais. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996.<br />

29. KANASHIRO, L. K.; VIGORITO, J. W. Estudo das formas e<br />

dimensões das arcadas dentárias superiores e inferiores em<br />

leucodermas, brasileiros, com maloclusão de Classe II – divisão<br />

1ª e diferentes tipos faciais. Ortodontia, São Paulo, v. 33, n. 2,<br />

p. 8-18, maio/ ago. 2000.<br />

30. LEAR, C. S. C.; MOORREES, C. F. A. Buco-lingual muscle force<br />

and dental arch form. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 56, no. 4,<br />

p. 379-393, Oct. 1969.<br />

31. LITTLE, R. M. Stability and relapse of mandibular anterior aligment<br />

– first premolar extraction cases treated by tradicional<br />

Edgewise Orthodontics. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop.,<br />

St. Louis, v. 80, no. 4, p. 349-365, Oct. 1981.<br />

32. LU, K. H. An orthogonal analysis of the form, simetry, and assymetry<br />

of the dental arch. Arch. Oral Biol., Oxford, v. 11,<br />

no. 11, p. 1057-1069, Nov. 1966.<br />

33. MAcCONAILL, M. A.; SCHER, E. A. The ideal form of the<br />

human dental arcade, with some prosthetic application. Dent.<br />

Rec., London, v. 69, no. 11, p. 285-302, Nov. 1949.<br />

34. McLAUGHLIN, R.; BENNETT, J.; TREVISI, H. A forma do arco<br />

MBTTM e a seqüência do fio – parte 2. Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong><br />

Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 3, no. 4, p. 39-48, jul./<br />

ago. 1998.<br />

35. MONTI, A. E. Tratado de Ortodoncia. 3. ed. Buenos Aires: El<br />

Ateneo, 1958. v. 1, p. 221-236.<br />

36. MUITINELLI, S.; MANFREDI, M.; COZZANI, M. A mathematicgeometric<br />

model to calculate variation in mandibular arch form.<br />

Eur. J. Orthod., Oxford, v. 22, no. 2, p. 113-125, Apr. 2000.<br />

37. NOROOZI, H.; NIK, T. H.; SAEEDA, R. B. S. The dental arch<br />

form revisited. Angle Orthod., Appleton, v. 71, no. 5, p. 386-<br />

389, Oct. 2001.<br />

38. PEPE, S. H. Polynomial and catenary curve fits to human dental<br />

arches. J. Dent. Res., Chicago, v. 54, no. 6, p. 1124-1132,<br />

Nov./Dec. 1975.<br />

39. PICOSSE, M. Contribuição ao estudo da morfologia do arco<br />

dentário superior nos brasileiros. 1955. Tese (Livre Docência<br />

em Anatomia)-Faculdade de Odontologia, Universidade de<br />

São Paulo, São Paulo, 1955.<br />

40. RABERIN, M. et al. Dimensions and form of dental arches in<br />

subjects with normal occlusions. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 104, no. 1, p. 67-72, July 1993.<br />

41. RICKETTS, R. M. A detailed consideration of line of occlusion.<br />

Angle Orthod., Appleton, v. 48, no. 4, p. 274-282, Oct. 1978.<br />

42. RICKETTS, R. M. Design of arch form and details for bracket<br />

placement. Denver: Rocky Mountain, 1979.<br />

43. SALZMANN, J. A. An evaluation of retention and relapse following<br />

orthodontic therapy. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 51,<br />

no. 10, p. 779-781, Oct. 1965.<br />

44. SANIN, C. et al. Arch length of the dental arch estimated by<br />

multiple regression. J. Dent. Res., Chicago, v. 49, no. 4,<br />

p. 885, July/Aug. 1970.<br />

45. SAVOSTIN-ASLING, I. The geometric analysis of mandibular<br />

dental arch form. Ann. Dent., New York, v. 39, no. 1, p. 3-11,<br />

Spring 1980.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 71 Maringá, v. 12, n. 6, p. 61-72, nov./dez. 2007


A forma do arco dentário inferior na visão da literatura<br />

46. SCOTT, J. H. The shape of the dental arches. J. Dent. Res.,<br />

Chicago, v. 36, no. 6, p. 996-1003, Dec. 1957.<br />

47. SHAPIRO, P. A. Mandibular dental arch form and dimension.<br />

Am. J. Orthod., St. Louis, v. 66, no. 1, p. 58-70, July 1974.<br />

48. SPENGEMAN, W. G. Cuspid expansion. J. Pract. Orthod.,<br />

New York, v. 11, no. 8, p. 414-417, Oct. 1968.<br />

49. STATON, F. L. Arch predetermination and method of relating<br />

the predetermination to the malocclusion, to show the minimum<br />

tooth movement. Int. J. Orthod. Oral Surg. Radiog., St.<br />

Louis, v. 8, no. 12, p. 757-778, Dec. 1922.<br />

50. STEADMAN, S. R. Changes of intermolar and intercuspid<br />

distances following orthodontic treatment. Angle Orthod.,<br />

Appleton, v. 31, no. 4, p. 207-215, Oct. 1961.<br />

51. STEYN, C. L.; HARRIS, A. M. P. Anterior arch circunference<br />

adjustment - how much? Angle Orthod., Appleton, v. 66,<br />

no. 6, p. 457-462, June 1996.<br />

52. STRANG, R. H. W. Factors of influence in producing a stable<br />

result in the treatment of malocclusion. Am. J. Orthod. Oral<br />

Surg., St. Louis, v. 32, no. 6, p. 313-332, June 1946.<br />

53. STRANG, R. H. W. The fallacy of denture expansion as a treatment<br />

procedure. Angle Orthod., Appleton, v. 14, no. 1,<br />

p. 12-22, Jan. 1949.<br />

54. STRANG, R. H. W. Factors associated with successful orthodontic<br />

treatment. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 38, no. 10,<br />

p. 790-800, Oct. 1952.<br />

55. STRANG, R. H. W. Highlights of sixty-four years in orthodontics.<br />

Angle Orthod., Appleton, v. 44, no. 2, p. 101-112, Apr.<br />

1974.<br />

56. SVED, A. Mathematics of the normal dental arch. <strong>Dental</strong><br />

Cosmos, Philadelphia, v. 59, no. 11, p. 1116-1124, Nov.<br />

1917.<br />

57. TELLES, F. S. Diagramas de contorneamento. 1991. Trabalho<br />

de Conclusão de Curso (Especialização em Ortodontia)-Universidade<br />

Federal do Paraná, Curitiba, 1991.<br />

58. TRIVIÑO, T.; VILELLA, O. V. Formas e dimensões do arco dentário<br />

inferior. Rev. SBO, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 19-28, set.<br />

2005.<br />

59. TSAI, H. Variations among the primary maxillary dental arch<br />

forms using a polynomial equation model. J. Clin. Pediatr.<br />

Dent., Birmingham, v. 27, no. 3, p. 267-270, Spring 2003.<br />

60. VADEN, J. L.; DALE, J. G.; KLONTZ, H. A. Aparelho tipo<br />

Edgewise de Tweed-Merrifield: filosofia, diagnóstico e tratamento.<br />

In: GRABER, M. T.; VANARSDALL, R. L. J. Ortodontia:<br />

princípios e técnicas atuais. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara<br />

Koogan, 1996.<br />

61. VALENZUELA, P. A.; PARDO, M. A.; YEZIORO, S. Description<br />

of dental arch form using the fourier series. Int. J. Adult<br />

Orthodon. Orthognath. Surg., Chicago, v. 17, no. 1, p. 59-65,<br />

2002.<br />

62. VIGORITO, M. S. M. Estudo das formas e dimensões dos<br />

arcos dentários superiores em adolescentes brasileiros, leucodermas,<br />

portadores de oclusão normal. 1986. Dissertação<br />

(Mestrado em Ortodontia)-Universidade Metodista de São<br />

Paulo, São Bernardo do Campo, 1986.<br />

63. WAKABAYASHI, K. et al. Development of the computerized<br />

dental cast form analyzing system – Three dimensional diagnosis<br />

of dental arch form and the investigation of measuring condition.<br />

Dent. Mater J., Tokyo, v. 16, no. 2, p. 180-190, Dec. 1997.<br />

64. WALTER, D. C. Comparative changes in mandibular canine and<br />

first molar widths. Angle Orthod., Appleton, v. 32, no. 4,<br />

p. 232-240, Oct. 1962.<br />

65. WEINBERGER, B. W. Study of normal dental arches and normal<br />

occlusion. <strong>Dental</strong> Cosmos, Philadelphia, v. 56, no. 6,<br />

p. 665-680, June 1914.<br />

66. WHITE, L. W. Individualized ideal arches. J. Clin. Orthod.,<br />

Boulder, v. 12, no. 11, p. 779-787, Nov. 1978.<br />

67. WILLIAMS, P. N. Determining the shape of the normal arch. <strong>Dental</strong><br />

Cosmos, Philadelphia, v. 59, no. 7, p. 695-708, July 1917.<br />

Endereço para correspondência<br />

Tarcila Triviño<br />

Av. Nove de Julho, nº 5483, 11º andar, conjunto 111. Jd. Paulista<br />

CEP: 01.407-200 – São Paulo/SP<br />

E-mail: tarcilatrivino@uol.com.br<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 72 Maringá, v. 12, n. 6, p. 61-72, nov./dez. 2007


A r t i g o In é d i t o<br />

Avaliação radiográfica do comportamento<br />

dos terceiros molares inferiores em pacientes<br />

tratados ortodonticamente com e<br />

sem extrações de primeiros pré-molares*<br />

Reinaldo Roberto Hauy**, Osmar Aparecido Cuoghi***, Marcos Rogério de Mendonça***<br />

Resumo<br />

Objetivo: o presente trabalho objetivou avaliar as alterações ocorridas nas posições dos terceiros<br />

molares inferiores em pacientes tratados ortodonticamente com extrações dos primeiros<br />

pré-molares. Metodologia: utilizou-se 80 ortopantomografias, obtidas no pré e pós-tratamento<br />

ortodôntico corretivo de 40 pacientes, divididos em dois grupos. O grupo 1 constou de<br />

20 pacientes (13 femininos e 7 masculinos) que se submeteram a tratamento ortodôntico com<br />

extrações de primeiros pré-molares. O grupo 2 foi constituído por 20 pacientes (13 femininos<br />

e 7 masculinos) tratados ortodonticamente sem extrações. Foram estabelecidas medidas angulares,<br />

com o objetivo de avaliar as inclinações e medidas lineares, para analisar as modificações<br />

no sentido vertical dos terceiros molares. Todos os dados foram mensurados duas vezes, cujos<br />

valores médios foram submetidos dos testes t emparelhado e teste t independente. Resultados:<br />

os resultados mostraram diferenças estatisticamente significantes (p


Hauy, R. R.; Cuoghi, O. A.; Mendonça, M. R.<br />

não apresentaram alteração em sua angulação e 41%<br />

que tenderam para uma movimentação mesial.<br />

Apesar deste estudo não ter avaliado o índice de<br />

ancoragem, o trabalho de Staggers et al. 29 mencionou<br />

que as extrações de pré-molares não influenciam<br />

o posicionamento dos terceiros molares, mas<br />

talvez a mecânica e, conseqüentemente, o tipo de<br />

ancoragem utilizada possam levar a alterações no<br />

posicionamento destes elementos dentários.<br />

Desta forma, sugere-se que as exodontias dos<br />

terceiros molares inferiores possam ser proteladas<br />

para o final do tratamento ortodôntico, principalmente<br />

nos casos onde a extração de pré-molares<br />

faz parte da terapia planejada. Entretanto, outros<br />

trabalhos devem ser realizados com o intuito de<br />

avaliar as modificações angulares e lineares dos<br />

terceiros molares inferiores, observando novos<br />

dados, como o comportamento das unidades de<br />

ancoragem, padrão de crescimento, tipos de má<br />

oclusão, relacionando-os com o comportamento<br />

destes dentes em longo prazo.<br />

Como síntese, este estudo demonstrou que:<br />

1) os valores médios relacionados com as alterações<br />

no sentido vertical não apresentaram diferenças<br />

estatisticamente significantes entre o início e<br />

final do tratamento ortodôntico realizado com ou<br />

sem extrações; 2) os valores angulares não apresentaram<br />

diferenças estatisticamente significantes entre<br />

o início e final de tratamento ortodôntico sem<br />

extrações de pré-molares e 3) ocorreram alterações<br />

estatisticamente significantes entre o início e o final<br />

de tratamento dos casos que se submeteram à<br />

terapia ortodôntica com extrações de pré-molares.<br />

CONCLUSÕES<br />

Diante da metodologia empregada, conclui-se<br />

que:<br />

- Os deslocamentos dos terceiros molares inferiores<br />

no sentido vertical são semelhantes quando<br />

comparados os casos tratados ortodonticamente<br />

com e sem extrações de pré-molares;<br />

- Os terceiros molares inferiores apresentam<br />

pequenos deslocamentos para distal ao final dos<br />

tratamentos ortodônticos que não envolvem extrações<br />

de pré-molares;<br />

- Os terceiros molares inferiores movimentamse<br />

para distal de forma significante e, portanto,<br />

tornam-se <strong>mais</strong> verticalizados ao final das terapias<br />

ortodônticas realizadas com extrações de pré-molares.<br />

Enviado em: agosto de 2005<br />

Revisado e aceito: julho de 2007<br />

Radiographic evaluation of the behavior of lower third molars in patients that<br />

were orthodontically treated with and without first premolars extractions<br />

Abstract<br />

Aim: The aim of this study is to evaluate the positional changes occurred with lower third molars in patients treated<br />

orthodontically with extractions of first premolars. Methods: A total of 80 panoramic radiographs obtained at pre<br />

and post-treatment periods from 40 patients, were divided into 2 groups: group 1 were composed by 20 patients<br />

(13 female and 7 male) that were submitted to orthodontic treatment with extraction of first premolars; group<br />

2 were composed by 20 patients (13 female and 7 male) that were submitted to orthodontic treatment without<br />

extractions. Angular measurements were established to evaluate the tipping and linear measurements were established<br />

to analyze the vertical changes of the lower third molars. All data were measured twice and averaged, then<br />

submitted to paired and unpaired test. Results: Significant differences were found between the initial and final<br />

angular measurements of group 1 (p


Avaliação radiográfica do comportamento dos terceiros molares inferiores em pacientes tratados ortodonticamente com e sem extrações de primeiros pré-molares<br />

Referências<br />

1. ADES, A. G.; JOONDEPH, D. R.; LITTLE, R. M.; CHAPKO,<br />

M. K. Long-term study of the relationship of third molars<br />

changes in the mandibular dental arch. Am. J. Orthod.<br />

Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 97, no. 4, p. 323-335, Apr.<br />

1990.<br />

2. ALMEIDA, S. M.; BOSCOLO, F. N.; MONTEBELO FILHO, A.<br />

Estudo das distorções da imagem radiográfica produzida<br />

em aparelhos panorâmicos que se utilizam dos princípios<br />

ortopantomográficos e elipsopantomográficos. Rev. Odontol.<br />

Univ. São Paulo, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 91-99, abr./jun.<br />

1995.<br />

3. BISHARA, S. E. Third molars: a dilemma! Or is it? Am. J. Orthod.<br />

Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 115, no. 6, p. 628-633,<br />

June 1999.<br />

4. BJÖRK, A.; JENSEN, E.; PALLING, M. Mandible growth and<br />

third molar impaction. Acta Odontol. Scand., Oslo, v. 14,<br />

p. 231-272, Nov. 1956.<br />

5. BRAMANTE, M. A. Controversies in Orthodontics. Dent. Clin.<br />

North Am., Chicago, v. 34, no. 1, p. 91-102, Jan. 1990.<br />

6. CAPELOZZA FILHO, L. et al. Angulação dentária após o<br />

tratamento ortodôntico pela técnica de Andrews e Edgewise:<br />

avaliação pela ortopantomografia. Ortodontia, São Paulo,<br />

v. 27, n. 2, p. 60-66, maio/ago. 1994.<br />

7. ELSEY, M. J.; ROCK, W. P. Influence of orthodontic treatment<br />

on development of third molars. Br. J. Oral Maxillofac. Surg.,<br />

Edinburg, v. 38, no. 4, p. 350-353, Aug. 2000.<br />

8. FAUBION, B. H. Effect of extraction of premolars on eruption<br />

of mandibular third molars. J. Am. Dent. Assoc., Chicago,<br />

v. 76, no. 2, p. 316-320, Feb. 1968.<br />

9. FAYAD, J. B.; LEVY, J. C.; YAZBECK, C.; CAVEZIAN, R.; CA-<br />

BANIS, E. C. Eruption of third molars: relationship to inclination<br />

of adjacent molars. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St.<br />

Louis, v. 125, no. 2, p. 200-202, Feb. 2004.<br />

10. FORSBERG, C. M.; VINGREN, B.; WESSLÉN, U. Mandibular<br />

third molar eruption in relation to available space as assessed<br />

on lateral cephalograms. Swed. Dent. J., Jönköping, v. 13,<br />

no. 1/2, p. 23-31, 1989.<br />

11. FRYKHOLM, A.; MALMGREN, O.; SAMFORS, K. A. S.; WE-<br />

LANDER, U. Angular measurements in orthopantomography.<br />

Dentomaxillofac. Radiol., Houndsmills, v. 6, no. 2, p. 77-81,<br />

1977.<br />

12. GÜNGÖRMUS, M. Pathologic status and changes in mandibular<br />

third molar position during orthodontic treatment. J.<br />

Contemp. Dent. Pract., Cincinnati, v. 3, no. 2, p. 11-22, May<br />

2002.<br />

13. HAAVIKKO, K.; ALTONEN, M.; MATTILA, K. Predicting angulational<br />

development and eruption of the third molar. Angle<br />

Orthod., Appleton, v. 48, no. 1, p. 39-48, Jan. 1978.<br />

14. HARRADINE, N. W. T.; PEARSON, M. H.; TOTH, B. The effect<br />

of extraction of third molars on late lower incisor crowding: a<br />

randomizes controlled trial. Br. J. Orthod., Oxford, v. 25, no. 2,<br />

p. 117-122, May 1998.<br />

15. KAHL, B.; GERLACH, K. L.; HILGERS, R. D. A long-term, followup,<br />

radiography evaluation of asymptomatic impacted third<br />

molars in orthodontically treated patients. Int. J. Oral Maxillofac.<br />

Surg., Copenhagen, v. 23, no. 5, p. 279-285, Oct. 1994.<br />

16. KIM, T. W.; ARTUN, J.; BEHBEHANI, F.; ARTESE, F. Prevalence<br />

of third molar impaction in orthodontic patients treated nonextraction<br />

and with extraction of 4 premolars. Am. J. Orthod.<br />

Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 123, no. 2, p. 138-145, Feb.<br />

2003.<br />

17. MERAL, G. D.; SAYSEL, M. Y.; KOCADERELLI, I.; TASAR, F. The<br />

effects of first premolar extractions on third molar angulations.<br />

Angle Orthod., Appleton, v. 75, no. 5, p. 719-722, Sept. 2005.<br />

18. NOLLA, C. M. The development of the permanent teeth.<br />

ASDC J. Dent. Child., Chicago, v. 27, no. 4, p. 254-266, 1960.<br />

19. RICHARDSON, M. E. The development of third molar impaction<br />

and its prevention. Int. J. Oral Surg., Copenhagen, v. 10,<br />

p. 122-130, 1981. Supplement 1.<br />

20. RICHARDSON, M. E. Lower molar crowding in the early permanent<br />

dentition. Angle Orthod., Appleton, v. 55, no. 1,<br />

p. 51-57, Jan. 1985.<br />

21. RICHARDSON, M. E. Lower third molar space. Angle Orthod.,<br />

Appleton, v. 57, no. 2, p. 155-161, Apr. 1987.<br />

22. RICHARDSON, M. E. The effect of mandibular first premolar<br />

extraction on third molar space. Angle Orthod., Appleton,<br />

v. 59, no. 4, p. 291-294, Winter 1989.<br />

23. RICHARDSON, M. E. The role of the third molar in the cause of<br />

late lower arch crowding: a review. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 95, no. 1, p. 79-83, Jan. 1989.<br />

24. RICHARDSON, M. E. O terceiro molar: uma perspectiva<br />

ortodôntica. Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon. Ortop. Facial,<br />

Maringá, v. 3, n. 3, p. 103-117, maio/jun. 1998.<br />

25. RICHARDSON, M. E.; DENT, M. Some aspects of lower third<br />

molar eruption. Angle Orthod., Appleton, v. 44, no. 2,<br />

p. 141-145, Apr. 1974.<br />

26. SCHULHOF, R. J. Third molars and orthodontic diagnosis. J.<br />

Clin. Orthod., St. Louis, v. 10, no. 4, p. 272-281, Apr. 1976.<br />

27. SILLING, G. Development and eruption of the mandibular third<br />

molar and its response to orthodontic therapy. Angle Orthod.,<br />

Appleton, v. 43, no. 3, p. 271-278, July 1973.<br />

28. SLODOV, J.; BEHRENTS, R. G.; DOBROWSKI, D. P. Clinical<br />

experience with third molar Orthodontics. Am. J. Orthod.<br />

Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 96, no. 6, p. 453-461, Dec.<br />

1989.<br />

29. STAGGERS, J. A.; GERMANE, N.; FORTSON, W. M. A comparison<br />

of the effects of first premolar extractions on third molar<br />

angulation. Angle Orthod., Appleton, v. 62, no. 2, p. 135-138,<br />

Summer 1992.<br />

30. TAVANO, O.; URSI, W. J. S.; ALMEIDA, R. R.; HENRIQUES, J.<br />

F. C. Determinação de linhas de referência para medições angulares<br />

em radiografias ortopantomográficas. Odontol. Mod.,<br />

Rio de Janeiro, v. 16, n. 9, p. 22-25, set. 1989.<br />

31. URSI, W. J. S.; ALMEIDA, R. R.; TAVANO, O.; HENRIQUES,<br />

J. F. C. Assessment of mesiodistal axial inclination through<br />

panoramic radiography. J. Clin. Orthod., St. Louis, v. 24, no. 3,<br />

p. 166-173, Mar. 1990.<br />

Endereço para correspondência<br />

Osmar Aparecido Cuoghi<br />

Rua José Bonifácio, 1193 - Faculdade de Odontologia de Araçatuba<br />

CEP: 16.015-050 - Araçatuba/SP<br />

E-mail: osmar@foa.unesp.br<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 84 Maringá, v. 12, n. 6, p. 73-84, nov./dez. 2007


A r t i g o In é d i t o<br />

Tratamento da má oclusão de Classe II,<br />

divisão 1 de Angle, com protrusão maxilar<br />

utilizando-se recursos ortopédicos<br />

Carla Maria Melleiro Gimenez*, André Pinheiro Bertoz*, Francisco Antonio Bertoz**<br />

Resumo<br />

Objetivo: o presente trabalho tem o propósito de apresentar uma revisão da literatura acerca<br />

do tratamento da má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle, tendo a protrusão maxilar como<br />

o principal componente dessa má oclusão, durante a fase de crescimento e desenvolvimento<br />

craniofacial. Serão apresentadas as características de cada um desses aparelhos, os seus componentes,<br />

a forma adequada de utilização, os seus mecanismos de ação e, principalmente, os<br />

seus efeitos em todo o complexo dentofacial. Conclusão: nos casos em que se verifica apenas<br />

a protrusão maxilar, sem envolvimento mandibular, e se faz necessário o controle vertical,<br />

pode ser indicado o AEB, conjugado ao aparelho removível derivado do aparelho preconizado<br />

por Thurow. Já nas situações de combinação da protrusão maxilar com a retrusão mandibular,<br />

uma opção de tratamento é o ativador combinado à ancoragem extrabucal.<br />

Palavras-chave: Má oclusão de Classe II. Divisão 1 de Angle. Ortopedia. Protrusão maxilar.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O planejamento ortodôntico varia de acordo<br />

com a natureza da má oclusão, a qual resulta de<br />

um desequilíbrio entre as estruturas dentárias, esqueléticas<br />

e musculares. A má oclusão de Classe<br />

II, divisão 1 de Angle, apresenta diversas caracterizações,<br />

e a determinação do planejamento <strong>mais</strong><br />

adequado deve ser em função do problema específico<br />

do paciente, com base em suas evidências<br />

clínicas e cefalométricas.<br />

Diante de uma má oclusão com envolvimento<br />

esquelético, em pacientes que se apresentam em<br />

fase de crescimento, indica-se a utilização dos recursos<br />

ortopédicos como opção viável de abordagem<br />

precoce.<br />

A utilização da ancoragem extrabucal como<br />

forma de tratamento dessa má oclusão tem sido<br />

amplamente relatada na literatura, demonstrando<br />

seus efeitos ortopédicos e ortodônticos, além da<br />

eficiência diretamente relacionada com o estágio<br />

de maturação do indivíduo, o gênero, a direção<br />

de crescimento das estruturas faciais e o vetor de<br />

força empregado (definido pela direção, duração e<br />

intensidade), além, é claro, do grau de cooperação<br />

e interesse do paciente.<br />

A fase da dentadura mista, período em que o<br />

paciente encontra-se em franco crescimento e desenvolvimento,<br />

é muito favorável para o emprego<br />

* Mestres e doutorandos em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP.<br />

** Professor Dr. do Departamento de Odontologia Infantil e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 85 Maringá, v. 12, n. 6, p. 85-100, nov./dez. 2007


Gimenez, C. M. M.; Bertoz, A. P.; Bertoz, F. A.<br />

Class II, division 1, with maxillar protrusion’s treatment employing<br />

orthopedic approachs<br />

Abstract<br />

Aim: The purpose of this research is to review the literature about the treatment of Class II, division 1 malocclusion<br />

with maxillary protrusion, during the growth and development period. This review addresses the characteristics<br />

of these appliances, their components, correct use, action mechanisms, and mainly their consequences in dentofacial<br />

complex. Conclusions: In patients with maxillary protrusion and with no mandibular component, it may be<br />

indicated the use of a maxillary splint similar to the one suggested by Thurow. However, in patients with maxillary<br />

protrusion and mandibular retrusion, it may be indicated an activator associated with extra oral anchorage.<br />

Key words: Class II. Division 1. Orthopaedic. Maxilar protrusion.<br />

Referências<br />

1. ALMEIDA, R. R.; ALMEIDA, M. R.; BRANGELI, L. A. M.;<br />

MALTAGLIATI, A. M. A.; PEDRIN, R. R. A.; HENRIQUES, J. F. C.<br />

Utilização do AEB conjugado na interceptação da má oclusão<br />

de Classe II divisão1. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent., São Paulo,<br />

v. 56, no. 4, p. 308-311, 2002.<br />

2. ANDERSON, G. M. On the diagnosis and treatment of distocclusion.<br />

Am. J. Orthod., St. Louis, v. 32, no. 1, p. 88-94, 1946.<br />

3. ANGLE, E. H. Malocclusions of the teeth. 7th ed. Philadelphia:<br />

S. S. White, 1907.<br />

4. BASS, N. M. Dentofacial orthopedics in the correction of<br />

Class II malocclusion. Br. J. Orthod., Oxford, v. 9, p. 3-31,<br />

1982.<br />

5. BASS, N. M. Orthopedic coordination of dentofacial development<br />

in skeletal Class II malocclusion in conjunction with<br />

edgewise therapy. Part I. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 84,<br />

no. 5, p. 361-383, 1983.<br />

6. BISHARA, S. E.; ZIAJA, R. R. Functional appliance: a review.<br />

Am. J. Orthod., St. Louis, v. 95, no. 3, p. 250-258, 1989.<br />

7. BRODIE, A. G. The Angle concept of Class II, division 1 malocclusion.<br />

Angle Orthod., Appleton, v. 1, no. 2, p. 117-138,<br />

1931.<br />

8. BRODIE, A. G. Cephalometric appraisal of orthodontic results.<br />

Angle Orthod., Appleton, v. 8, no. 4, p. 261-265, 1938.<br />

9. BRODIE, A. G. Facial patterns: a theme of variation. Angle<br />

Orthod., Appleton, v. 16, no. 3, p. 75-87, 1946.<br />

10. CAPELLI JUNIOR, J.; RITTER, D. E.; CARDOSO, M. G. Tratamento<br />

da Classe II severa em paciente portador de anemia<br />

falciforme. Rev. Brás. Odontol., Rio de Janeiro, v. 56, n. 6,<br />

p. 260-263, 1999.<br />

11. COSTA, L. B. M.; ROSA, R. T. F.; PRETTI, H. Tratamento da<br />

Classe II divisão 1 com splint maxilar de Thurow modificado:<br />

relato de caso. J. Bras. Ortodon. Ortop. Facial, Curitiba, v. 7,<br />

n. 37, p. 64-169, 2002.<br />

12. COUSINS, A. J. P.; CLARK, W. J. Extra-oral traction theorical<br />

considerations and the development of a removable appliance<br />

technique. Trans. Br. Soc. Study Orthod., Bristol, p. 37-44,<br />

1995.<br />

13. CRUZ, K. S.; HENRIQUES, J. F. C.; DAINESI, E. A.; JANSON,<br />

G. R. P. Efeitos dos aparelhos funcionais na correção da má<br />

oclusão de Classe II. Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon. Ortop.<br />

Facial, Maringá, v. 5, n. 4, p. 43-52, 2000.<br />

14. FERGUSSON, J. W. et al. A new method of attaching headgear<br />

to upper removable appliances. Br. J. Orthod., Oxford, v. 10,<br />

p. 48-49, 1983.<br />

15. FERREIRA, F. V. Ortodontia: diagnóstico e planejamento. 4.<br />

ed. São Paulo: Artes Médicas, 1993.<br />

16. FOTIS, V.; MELSEN, B.; WILLIAMS, S.; DROSCHL, H. Vertical<br />

control as an important ingredient in treatment of severe sagital<br />

discrepancies. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 86, p. 224-232,<br />

1984.<br />

17. FREITAS, M. R.; BELTRÃO, R. T. S.; FREITAS, K. M. S.; VILLAS<br />

BOAS, J.; HENRIQUES, J. F. C.; JANSON, G. R. P. Um tratamento<br />

simplificado para correção da má oclusão de Classe II,<br />

divisão 1 com mordida aberta: relato de um caso clínico. Rev.<br />

<strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 8, n. 3,<br />

p. 93-100, 2003.<br />

18. GANDINI JÚNIOR, L. G.; MARTINS, J. C. R.; GANDINI, M. R.<br />

E. A. S. Avaliação cefalométrica do tratamento da Classe II divisão<br />

1 com o aparelho extrabucal Kloehn e com aparelho fixo:<br />

alterações esqueléticas: Parte I. Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon.<br />

Ortop. Facial, Maringá, v. 2, n. 6, p. 75-87, 1997.<br />

19. GRABER, T. M.; NEUMAN, B. Aparelhos funcionais. In: ___<br />

Ortodontia: princípios e técnicas atuais. 2. ed. Rio de Janeiro:<br />

Ed. Guanabara, 1985. cap. 8, p. 349-399.<br />

20. GRABER, T. M.; NEUMAN, B. Aparelhos ortodônticos removíveis.<br />

2. ed. São Paulo: Panamericana, 1987.<br />

21. HARVOLD, E. P.; VARGERVICK, K. S. Morphogenetic response<br />

to activator treatment. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 60,<br />

p. 478-490, 1971.<br />

22. HENRIQUES, J. C. H.; ALMEIDA, R. R.; FREITAS, M. R.;<br />

CUOGHI, O. A.; SANTOS, E. C. A. Ativador combinado com a<br />

ancoragem extrabucal: considerações sobre a sua construção.<br />

Ortodontia, São Paulo, v. 25, n. 3, p. 67-72, 1992.<br />

23. HENRIQUES, J. F. C.; BRANGELI, L. A. M.; FREITAS, M. R.;<br />

JANSON, G. R. P. Correção de uma Classe II, divisão 1, com<br />

anodontia inferior dos pré-molares e de um incisivo, utilizando<br />

ativador combinado ao aparelho extrabucal. Ortodontia, São<br />

Paulo, v. 32, n. 3, p. 72-81, 1999.<br />

24. HENRIQUES, J. F. C.; BRANGELI, L. A. M.; FREITAS, M. R.;<br />

JANSON, G. R. P. Estudo comparativo dos efeitos tegumentares<br />

do ativador combinado com a ancoragem extrabucal no<br />

tratamento da Classe II, divisão 1 de Angle. Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong><br />

Ortodon. Ortop. Facial., Maringá, v. 7, n. 4, p. 15-22, 2002.<br />

25. HENRIQUES, J. F. C.; FREITAS, M. R.; PINZAN, A Estudo cefalométrico<br />

comparativo de dois tipos de ancoragem extrabucal<br />

(cervical e associada ao aparelho removível), em pacientes<br />

Classe II, divisão1. Ortodontia, São Paulo, v. 28, n. 2, p. 4-13,<br />

1995.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 99 Maringá, v. 12, n. 6, p. 85-100, nov./dez. 2007


Tratamento da má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle, com protrusão maxilar utilizando-se recursos ortopédicos<br />

26. HENRIQUES, J. F. C.; FREITAS, M. R.; PINZAN, A. Estudo<br />

cefalométrico comparativo de dois tipos de ancoragem<br />

extrabucal: cervical e associada ao ativador, em pacientes<br />

Classe II, divisão1. Ortodontia, São Paulo, v. 28, n. 3,<br />

p. 20-30, 1995.<br />

27. HENRIQUES, J. F. C.; FREITAS, M. R.; PINZAN, A. Estudo cefalométrico<br />

comparativo de dois tipos de ancoragem extrabucal<br />

(associada ao ativador e ao aparelho removível), em pacientes<br />

Classe II, divisão1. Ortodontia, São Paulo, v. 29, n. 2, p. 45-62,<br />

1996.<br />

28. HENRIQUES, J. F. C.; FREITAS, M. R.; SCAVONE JUNIOR, H.<br />

O ativador conjugado ao aparelho extrabucal, durante o tratamento<br />

ortopédico-ortodôntico: descrição do aparelho e relato<br />

de um caso clínico. Ortodontia, São Paulo, v. 26, n. 1,<br />

p. 106-116, 1993.<br />

29. HENRIQUES, J. F. C.; MALTAGLIATI, L. A.; FREITAS, M. R.;<br />

JANSON, G. R. P.; MALTAGLIATI, A. M. A. Utilização do<br />

aparelho removível conjugado à ancoragem extrabucal no<br />

tratamento da Classe II, divisão 1 com sobremordida profunda.<br />

Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon. Ortop. Facial., Maringá, v. 2,<br />

n. 2, p. 12-18, 1997.<br />

30. HENRIQUES, J. F. C.; MARTINS, D. R.; ALMEIDA, G. A.;<br />

URSI, W. J. S. Modified maxillary splint for Class II, Division 1<br />

treatment. J. Clin. Orthod., Boulder, v. 15, no. 4,<br />

p. 239-245, 1991.<br />

31. HENRIQUES, J. F. C.; ALMEIDA, M. C.; ALMEIDA, R. R.; SAN-<br />

TOS, E. C. A. Avaliação cefalométrica dos efeitos do ativador<br />

combinado à ancoragem extrabucal (tração média) em jovens<br />

com má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle. Rev. <strong>Dental</strong><br />

<strong>Press</strong> Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 2, n. 5, p. 77-90,<br />

1997.<br />

32. HENRIQUES, J. F. C.; FREITAS, M. R.; SANTOS-PINTO, C. C.<br />

M. Correção de uma má oclusão de Classe II, divisão 1, com<br />

protrusão maxilar, utilizando o arco facial conjugado a um<br />

aparelho removível (AEB conjugado). Ortodontia, São Paulo,<br />

v. 24, n. 3, p. 14-18, 1991.<br />

33. HENRY, R. G. A classification of Class II, division 1 malocclusion.<br />

Angle Orthod., Appleton, v. 27, no. 2, p. 83-92, 1957.<br />

34. HIRZEL, H. C.; GREWE, J. M. Activators: a practical approach.<br />

Am. J. Orthod., St. Louis, v. 66, no. 5, p. 557-570, 1974.<br />

35. HOROWITIZ, S. L.; HIXON, E. H. Physiologic recovery following<br />

orthodontic treatment. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 55, no. 1,<br />

p. 1-4, 1969.<br />

36. KINGELE, E. Cephalometric changes from activator headgear<br />

treatment of Class II, division 1 maloclusion. J. Clin. Orthod.,<br />

Boulder, v. 21, no. 27, p. 466-469, 1987.<br />

37. LEHMANN, R. et al. Five years treatment results with a headgear<br />

activator combination. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 10,<br />

p. 309-318, 1988.<br />

38. LEVIN, R. I. Activator headgear therapy. Am. J. Orthod., St.<br />

Louis, v. 87, no. 2, p. 91-109, 1985.<br />

39. LIMA FILHO, R. M. A.; LIMA, A. L.; RUELLAS, A. C. O. Estudo<br />

longitudinal das alterações no ângulo ANB em pacientes<br />

Classe II esquelética, tratados com aparelho extrabucal de<br />

Klohen. Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon. Ortop. Facial, Maringá,<br />

v. 8, n. 2, p. 21-29, 2003.<br />

40. MARTINS-ORTIZ, M. F.; JANSON, G.; PINHEIRO, F. L. S.;<br />

MARTINS, D. R. Alterações microscópicas da cavidade<br />

glenóide induzidas pelo uso de aparelhos funcionais. Rev.<br />

<strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon. Ortop. Facial., Maringá, v. 6, n. 5,<br />

p. 125-132, 2001.<br />

41. MOYERS, R. E. Ortodontia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara<br />

Koogan, 1991.<br />

42. PFEIFFER, J. P.; GROBÉTY, D. Simultaneous use of cervical<br />

appliance and activator: an orthopedic approach to fixed appliance<br />

therapy. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 61, no. 4,<br />

p. 353-373, 1972.<br />

43. PLINT, D. A . A method of treatment Class II, div.1 cases without<br />

using the lower arch for anchorage of traction. Trans. Br.<br />

Soc. Study Orthod., Bristol, p. 49-55, 1961.<br />

44. PROFFIT, W. R. Ortodontia contemporânea. 2. ed. Rio de<br />

Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.<br />

45. SANTOS PINTO, A.; MARTINS, L. P.; MELO, A. C. M.; PAULIN,<br />

R. F.; OSHIRO, L. O aparelho extrabucal de Thurow modificado<br />

no tratamento da Classe II com mordida aberta: caso clínico.<br />

Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 6, n.1,<br />

p. 57-62, 2001.<br />

46. SANTOS, E. C. A.; HENRIQUES, J. F. C. Estudo cefalométrico<br />

entre as alterações resultantes de dois tipos de tratamento<br />

da má oclusão de Classe II, 1ª divisão de Angle. Rev. <strong>Dental</strong><br />

<strong>Press</strong> Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 5, n. 6, p. 11-31,<br />

2000.<br />

47. SASSOUNI, V. A . A classification of Class II, division 1 maloclusion.<br />

Am. J. Orthod., St. Louis, v. 55, p. 109-123, 1969.<br />

48. SCHUDY, F. F. Vertical growth versus anteroposterior growth as<br />

related to function and treatment. Angle Orthod., Appleton,<br />

v. 34, p. 75-93, 1964.<br />

49. SILVA FILHO, O. G.; FREITAS, S. E.; CAVASSAN, A. O. A<br />

prevalência da oclusão normal e má oclusão em escolares da<br />

cidade de Bauru (São Paulo). Parte II: influência da estratificação<br />

sócio-econômica. Rev. Odontol. Univ. São Paulo, São<br />

Paulo, v. 4, n. 3, p. 189-196, 1990.<br />

50. TENENBAUM, M. Fuerza extraoral com aparatos fijos e<br />

removibles. Buenos Aires: Mundi, 1969.<br />

51. TEUSCHER, U. A growth-related concept for skeletal Class II<br />

treatment. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 74, no. 3, p. 258-275,<br />

1978.<br />

52. THUROW, R. C. Atlas de princípios ortodônticos. Buenos<br />

Aires: Inter Médica, 1979.<br />

53. THUROW, R. C. Craniomaxillary orthopedic correction with en<br />

masse dental control. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 68,<br />

p. 601-624, 1975.<br />

54. VAN BEEK, H. Combination headgear – activator. J. Clin.<br />

Orthod., Boulder, v. 18, no. 3, p. 185-198, 1984.<br />

Endereço para correspondência<br />

Carla Maria Melleiro Gimenez<br />

R. Padre Duarte, 989, apto 24 - Centro<br />

CEP: 14.801-310 - Araraquara/SP<br />

E-mail: carlamg@yahoo.com<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 100 Maringá, v. 12, n. 6, p. 85-100, nov./dez. 2007


A r t i g o In é d i t o<br />

Avaliação cefalométrica dos efeitos do aparelho<br />

Herbst no tratamento da deficiência mandibular<br />

na dentadura permanente<br />

Omar Gabriel da Silva Filho*, Leopoldino Capelozza Filho***, Karla Tonelli Bicalho Crosara**,<br />

Terumi Okada Ozawa*<br />

Resumo<br />

Objetivo: o objetivo do presente estudo cefalométrico retrospectivo consistiu em investigar<br />

os efeitos induzidos pelo aparelho Herbst, complementados pela mecânica ortodôntica com<br />

aparelho Straight wire e elásticos de Classe II, na correção da má oclusão Classe II, divisão<br />

1, Padrão II, com deficiência mandibular, na dentadura permanente. Metodologia: foram<br />

traçadas telerradiografias iniciais (idade média de 12 anos e 10 meses) e finais (idade média<br />

de 14 anos e 8 meses) de 18 pacientes, 12 meninos e 6 meninas, para quantificar o comportamento<br />

de 12 grandezas cefalométricas representativas da posição sagital das bases apicais,<br />

convexidade facial, rotação mandibular e posição sagital dos incisivos superiores e inferiores.<br />

O tempo médio de tratamento foi de 22,5 meses, sendo 9,8 meses com o aparelho Herbst e<br />

13 meses com a mecânica ortodôntica subseqüente. Resultados e Conclusões: os resultados<br />

registraram: 1) ausência de influência no comportamento da maxila; 2) avanço mandibular;<br />

3) redução na convexidade facial; 4) preservação da inclinação do plano mandibular e 5) presença<br />

de compensação dentária, sobretudo nos incisivos inferiores (vestibularização). Reiterase,<br />

portanto, o fato de que, mesmo com aparelho ortopédico fixo, é <strong>mais</strong> previsível e <strong>mais</strong><br />

fácil obter compensação dentária do que remodelação esquelética na correção ortopédica da<br />

deficiência mandibular.<br />

Palavras-chave: Cefalometria. Aparelho Herbst. Má oclusão de Angle Classe I. Ortopedia funcional<br />

dos maxilares.<br />

INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA<br />

O denominador comum entre os aparelhos<br />

ditos ortopédicos funcionais para a correção da<br />

má oclusão Classe II é o deslocamento anterior<br />

forçado da mandíbula, variando apenas a natureza<br />

intermitente ou contínua desse avanço.<br />

Reside nesses aparelhos, entre outros desideratos,<br />

a pretensa virtude de amplificar o potencial<br />

de crescimento genético da mandíbula. O<br />

aparelho Herbst, um velho recurso empregado<br />

com insistência na Ortodontia contemporânea,<br />

ao promover o avanço contínuo da mandíbula,<br />

combina efeitos ortodônticos e ortopédicos, maxilares<br />

e mandibulares, na correção da deficiência<br />

* Ortodontistas do Hospital de Reabilitações de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC-USP), Bauru-SP. Professores do Curso de<br />

Especialização em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares da PROFIS, Bauru/SP.<br />

** Aluna do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares da PROFIS, Bauru/SP.<br />

*** Ortodontista do Hospital de Reabilitações de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC-USP), Bauru – SP. Coordenador do Curso<br />

de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares da PROFIS, Bauru/SP.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 101 Maringá, v. 12, n. 6, p. 101-118, nov./dez. 2007


Silva Filho, O. G.; Capelozza Filho, L.; Crosara, K. T. B.; Ozawa, T. O.<br />

cefalométricos do paciente ilustrado nas figuras<br />

1 a 12, individualizando os resultados induzidos<br />

pelo tratamento aqui avaliado: Herbst e elástico<br />

de Classe II. Por outro lado, quando a compensação<br />

dentária já está presente em dose elevada<br />

na má oclusão inicial, compromete o prognóstico<br />

de tratamento, por motivos óbvios. Isso leva a<br />

inferir que o grau de compensação natural interfere<br />

no prognóstico de tratamento da deficiência<br />

mandibular. Quando presente em dose elevada, o<br />

prognóstico de tratamento é ruim, ao passo que<br />

quando ausente, o prognóstico de tratamento é<br />

<strong>mais</strong> favorável. O fato real é que não se pode perder<br />

de vista que o objetivo final da Ortodontia<br />

no tratamento da Classe II, a grosso modo, é de-<br />

volver ao segmento oclusal posterior uma relação<br />

interarcos de Classe I e reduzir o trespasse horizontal.<br />

Se junto vier uma melhora facial, ótimo.<br />

O presente trabalho se convence da legitimidade<br />

do efeito ortodôntico para conseguir tal proposta.<br />

Mesmo diante das limitações ortopédicas, que o<br />

assemelha aos aparelhos removíveis da Ortopedia<br />

Funcional dos Maxilares, o entusiasmo que o aparelho<br />

Herbst desperta no ortodontista explica-se<br />

pela sua total independência da colaboração do<br />

paciente, pelo menos no tocante ao número de<br />

horas de uso por dia.<br />

Enviado em: março de 2004<br />

Revisado e aceito: maio de 2004<br />

Cephalometric evaluation of the effect of the Herbst appliance in the treatment<br />

of the mandibular retrognathism in the permanent dentition<br />

Abstract<br />

Aim: The purpose of the current cephalometric study was to investigate the effects induced by the Herbst appliance<br />

followed by fixed orthodontic Straight wire mechanics and Class I elastics to correct a Class II division 1<br />

malocclusion with a mandibular deficiency in the permanent dentition. Material and Methods: Initial (mean age<br />

of 12 years and 10 months) and final (mean age of 14 years and 8 months) cephalometric radiographs of 12 boys<br />

and 6 girls were traced to measure 12 cephalometric measurements that represented the sagittal position of the<br />

apical bases, facial convexity, mandibular rotation and sagittal position of the upper and lower incisors. Mean<br />

treatment time was 22.5 months, with 9.8 months using the Herbst appliance and 13 months with the fixed orthodontic<br />

mechanics. Results and Conclusions: The results showed: 1) no influence in the maxilla; 2) mandibular<br />

advancement; 3) reduction on the facial convexity; 4) maintenance of the mandibular plane inclination; 5) dental<br />

compensation mainly in the lower incisors (buccal tipping). Therefore, even with the Herbst fixed appliance it is<br />

more predictable and easy to obtain dental compensation than skeletal remodelling in the orthopedic correction<br />

of the mandibular deficiency.<br />

Key words: Cephalometry. Herbst appliance. Angle Class I. Functional Orthopedics.<br />

Referências<br />

1. AELBERS, A. M. F.; DERMAUT, L. R. Orthopedics in Orthodontics:<br />

part I, fiction or reality: a review of the literature. Am. J.<br />

Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 110 , no. 5,<br />

p. 513-519, Nov. 1996.<br />

2. BACETTI, T.; FRANCHI, L.; McNAMARA, J.; TOLLARO, I. Early<br />

dentofacial feactures of Class II malocclusion: a longitudinal<br />

study from the deciduous through the mixed dentition. Am.<br />

J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 111, no. 5, p.<br />

502-509, May 1997.<br />

3. BISHARA, S. E. Mandibular changes in persons with untreated<br />

and treated Class II division 1 malocclusion. Am. J. Orthod.<br />

Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 113, no. 6, p. 661-673, June<br />

1998.<br />

4. BJÖRK, A. Prediction of mandibular growth rotation. Am. J.<br />

Orthod., St. Louis, v. 55, p. 585-599, 1969.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 117 Maringá, v. 12, n. 6, p. 101-118, nov./dez. 2007


Avaliação cefalométrica dos efeitos do aparelho Herbst no tratamento da deficiência mandibular na dentadura permanente<br />

5. BOLMGREN, G. A.; MOSHIRI, F. Bionator treatment in Class II,<br />

division 1. Angle Orthod., Appleton, v. 56, p. 255, 1986.<br />

6. CARTER, N. E. Dentofacial changes in untreated Class II<br />

division 1 subjects. Br. J. Orthod., Oxford, v. 14, no. 4, p.<br />

225-234, Nov. 1986.<br />

7. CHUNG, C. H.; WONG, W. W. Craniofacial growth in untreated<br />

skeletal Class II subjects: a longitudinal study. Am. J. Orthod.<br />

Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 122, no. 6, p. 619-626, Dec.<br />

2002.<br />

8. CROFT, R. S.; BUSCHANG, P. H.; ENGLISH, J. D.; MEYER, R. A<br />

cephalometric and tomographic evaluation of Herbst treatment<br />

in the mixed dentition. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop.,<br />

St. Louis, v. 116, no. 4, p. 435-443, Oct. 1999.<br />

9. FELDMANN, I.; LUNDSTROM, P.; PECK, S. Occlusal changes<br />

from adolescence to adulthood in untreated patients with Class<br />

II division 1 deepbite malocclusion. Angle Orthod., Appleton,<br />

v. 69, no. 1, p. 33-38, Jan. 1999.<br />

10. FRANCHI, L.; BACCETTI, T.; McNAMARA, J. A. Treatment and<br />

posttreatment effects of acrilyc splint Herbst appliance therapy.<br />

Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 115, no. 4,<br />

p. 429-438, Apr. 1999.<br />

11. HANSEN, K. Post-treatment effects of the Herbst appliance: a<br />

radiographic, clinical and biometric investigation. Swed. Dent.<br />

J., Jönköping, v. 88, no. 2, p. 1-49, Feb. 1992. Supplement.<br />

12. HENRIQUES, J. F. C. et al. Estudo longitudinal das características<br />

da má oclusão de Classe II, 1ª divisão, sem tratamento,<br />

em jovens brasileiros leucodermas, por um período médio de<br />

3 anos e 4 meses. Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon. Ortop. Facial,<br />

Maringá, v. 3, n. 3, p. 52-65, maio/jun. 1998.<br />

13. KERR, W. J. S.; HIRST, D. Craniofacial characteristics of subjects<br />

with normal and postnormal occlusions - a longitudinal study.<br />

Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 92, no. 3,<br />

p. 207-12, Sept. 1987.<br />

14. KIM, J.; NIELSEN, L. A. A longitudinal study of condilar growth<br />

and mandibular rotation in untreated subjetcs with Class II malocclusions.<br />

Angle Orthod., Appleton, v. 72, no. 2, p. 105-111,<br />

Apr. 2002.<br />

15. KLOCKE, A.; NANDA, R.; KAHL-NIEKE, B. Skeletal Class II<br />

paterns in the primary dentition. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 121, no. 6, p. 596-601, June 2002.<br />

16. KONIK, M.; PANCHERZ, H.; HANSEN, K. The mechanics of<br />

Class II corrections in late Herbst treatment. Am. J. Orthod.<br />

Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 112, no. 1, p. 87-91, July<br />

1997.<br />

17. LAI, M.; McNAMARA, J. An evaluation of two-phase treatment<br />

with the Herbst appliance and preadjusted edgewise therapy.<br />

Semin. Orthod., Philadelphia, v. 4, no. 1, p. 46-58, Mar. 1998.<br />

18. McNAMARA, J. A.; BOOKSTEIN, F. L.; SHAUGHNESSY, T. G.<br />

Skeletal and dental changes following functional regulator<br />

therapy on Class II patients. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 88,<br />

no. 2, p. 91-110, Aug. 1985.<br />

19. McNAMARA, J. A.; BRYAN, F. A. Long-term mandibular adaptations<br />

to protrusive function: an experimental study in Macaca<br />

mulatta. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 92, p. 98-108, 1987.<br />

20. NGAN, P. W.; BYCZEK, E.; SCHEICK, J. Longitudinal evaluation<br />

of growth changes in Class II division 1 subjects. Semin.<br />

Orthod., Philadelphia, v. 3, no. 4, p. 222-231, Dec. 1997.<br />

21. OBIJOU, C.; PANCHERZ, H. Herbst appliance treatment of<br />

Class II, division 2 molocclusions. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 112, no. 3, p. 287-291, Sept. 1997.<br />

22. ÖMBLUS, J.; MALMGREN, O.; PANCHERZ, H.; HÄGG, U.;<br />

HANSEN, K. Long-term effects of Class II correction in Herbst<br />

and Bass therapy. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 19, no. 2, p.<br />

185-193, Apr. 1997.<br />

23. PANCHERZ, H. Treatment of Class II malocclusions by jumping<br />

the bite with the Herbst appliance: a cephalometric investigation.<br />

Am. J. Orthod., St. Louis, v. 76, no. 4, p. 423-441, Oct.<br />

1979.<br />

24. PANCHERZ, H. The mechanism of Class II correction in Herbst<br />

appliance treatment: a cephalometric investigation. Am. J Orthod.<br />

Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 82, no. 2, p. 104-113,<br />

1982.<br />

25. PANCHERZ, H.; ANEHUS-PANCHERZ, M. The headgear effect<br />

of the Herbst appliance: a cephalometric long-term study. Am.<br />

J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 103, no. 6,<br />

p. 510-520, 1993.<br />

26. PANCHERZ, H.; HANSEN, K. Occlusal changes during and<br />

after Herbst treatment: a cephalometric investigation. Eur. J.<br />

Orthod., Oxford, v. 8, p. 215-228, 1986.<br />

27. PANGRAZIO-KULBERSH, V. et al. Treatment effects of the<br />

mandibular anterior repositioning appliance on patients with<br />

Class II malocclusion. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St.<br />

Louis, v. 123, no. 3, p. 286-295, 2003.<br />

28. PAULSEN, H. U.; KARLE, A.; BAKKE, M.; HERSINK, A. CT-scanning<br />

and radiographic analysis of temporomandibular joints<br />

and cephalometric analysis in a case of Herbst treatment in<br />

late puberty. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 17, no. 3, p. 165-175,<br />

1995.<br />

29. RABIE, A. B. M.; SHE, T. T.; HAGG, U. Functional appliance<br />

therapy accelerates and enhances condylar growth. Am. J. Orthod.<br />

Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 123, p. 40-48, 2003.<br />

30. RUF, S.; HANSEN, K.; PANCHERZ, H. Does orthodontic<br />

proclination of lower incisors in children and adolescents cause<br />

gingival recession? Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St.<br />

Louis, v. 114, no. 1, p. 100-106, July 1998.<br />

31. SIDHU, M. S.; KHARBANDA, M. S.; SIDHU, S. S. Cephalometric<br />

analysis of changes produced by a modified Herbst appliance<br />

in the treatment of Class II division 1 malocclusion. Br. J.<br />

Orthod., Oxford, St. Louis, v. 22, no. 1, p. 1-12, Feb. 1995.<br />

32. SILVA FILHO, O. G.; OZAWA, T. O.; FERRARI JÚNIOR, F. M.;<br />

AIELLO, C. A. Aparelho de Herbst: variação para o uso na<br />

dentadura mista. Rev. <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon. Ortop. Facial,<br />

Maringá, v. 5, n. 5, p. 58-67, set./out. 2000.<br />

33. VALANT, J. R.; SINCLAIR, P. M. Treatment effects os Herbst appliance.<br />

Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 95,<br />

no. 2, p. 138-147, 1989.<br />

34. WIESLANDER, L. Intensive treatment of severe Class II malocclusions<br />

with a headgear-Herbst appliance in the early mixed<br />

dentition. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 86, p. 1-13, 1984.<br />

35. WIESLANDER, L. Long-term effect of treatment with the<br />

headgear-Herbst appliance in the early mixed dentition: stability<br />

or relapse? Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis,<br />

v. 104, p. 319-329, 1993.<br />

36. WINDMILLER, E. C. The acrylic-splint Herbst appliance: a cephalometric<br />

evaluation. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop.,<br />

St. Louis, v. 104, no. 4, p. 73-84, July 1993.<br />

37. WONG, G. W. K.; SO, L. L. Y.; HÄGG, U. A comparative study<br />

of sagittal correction with the Herbst appliance in two different<br />

ethnic groups. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 19, no. 3, p.<br />

195-204, Mar. 1997.<br />

38. YOU, Z. H.; FISHMAN, L. S.; ROSENBLUM, R. E.; SUBTELNY,<br />

J. D. Dentoalveolar changes related to mandibular forward<br />

growth in untreated Class II persons. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 120, no. 6, p. 598-607, Dec. 2001.<br />

Endereço de correspondência<br />

Omar Gabriel da Silva Filho<br />

Setor de Ortodontia HRAC-USP - Rua Silvio Marchione, 3-20<br />

CEP: 17.012-900 – Bauru/SP<br />

E-mail: ortoface@travelnet.com.br<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 118 Maringá, v. 12, n. 6, p. 101-118, nov./dez. 2007


A r t i g o In é d i t o<br />

Cárie dentária: um novo conceito<br />

José Eduardo de Oliveira Lima*<br />

Resumo<br />

Introdução: a maneira como a cárie dentária é conceituada e seus fatores etiológicos considerados<br />

têm gerado divergências, na elaboração de estratégias preventivas, entre epidemiologistas<br />

e profissionais da saúde. As considerações e o conhecimento sobre a formação, progressão<br />

e definição da lesão de cárie devem ser aprofundados, para se estabelecer critérios que favoreçam<br />

o diagnóstico, a prevenção e o tratamento, preservando a qualidade de vida do paciente.<br />

O conceito de cárie dentária como doença infecciosa, transmissível e dieta dependente deve<br />

ser revisto, e os fatores etiológicos melhor interpretados e entendidos, para evitar estratégias<br />

de prevenção e tratamento equivocadas. É necessário um posicionamento <strong>mais</strong> conclusivo de<br />

instituições científicas e universidades, objetivando o estabelecimento definitivo desses conceitos,<br />

para que possam refletir-se em resultados práticos. Objetivo: o objetivo deste trabalho<br />

foi trazer uma contribuição baseada em 35 anos de exercício profissional e da vivência acadêmica<br />

no ensino e pesquisa e, também, realizar uma revisão da literatura de Cariologia, com<br />

a intenção de levar a uma interpretação dos achados científicos que permita um raciocínio<br />

lógico sobre o conceito de cárie dentária e dos fatores envolvidos em sua etiologia, podendo,<br />

com isso, chegar o <strong>mais</strong> próximo possível da verdade. Resultados e Conclusões: os conhecimentos<br />

adquiridos até hoje, por meio da pesquisa científica e também a partir das conclusões<br />

deste trabalho, permitem elaborar estratégias preventivas <strong>mais</strong> eficientes em todo o planeta e<br />

a cárie dentária passará a ser, dentro de pouco tempo, um problema irrelevante ao ser humano.<br />

A partir do raciocínio desenvolvido neste trabalho, pode-se concluir que a cárie dentária<br />

não deve ser considerada uma doença, mas simplesmente uma lesão do esmalte de causa<br />

local, sem fatores etiológicos determinantes, porém provocada pelo desequilíbrio de fatores<br />

considerados fisiológicos, pertencentes à biodiversidade do ser humano e especificamente da<br />

cavidade bucal. Uma estratégia objetiva de prevenção deve buscar o equilíbrio biológico, sem<br />

perder de vista a qualidade de vida do ser humano.<br />

Palavras-chave: Cariologia. Conceito de cárie. Etiologia da cárie.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Será que os conhecimentos adquiridos pela<br />

comunidade científica até hoje não são suficientes<br />

para resolver o problema da cárie dentária ou,<br />

pelo menos, torná-lo irrelevante ao ser humano?<br />

É fundamental conceituar-se a cárie dentária<br />

como um processo anormal. É anormal porque<br />

um indivíduo que vivia em condições naturais,<br />

isto é, o homem primitivo, não desenvolvia uma<br />

lesão no esmalte que pudesse ser considerada<br />

cárie dentária, por estar inserido em uma biodiversidade<br />

comandada pela natureza, em um equi-<br />

* Professor Associado do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru - FOB-USP.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 119 Maringá, v. 12, n. 6, p. 119-130, nov./dez. 2007


Lima, J. E. O.<br />

deve ser considerada uma doença, mas simplesmente<br />

uma lesão do esmalte de causa local, sem<br />

fatores etiológicos determinantes, porém provocada<br />

pelo desequilíbrio de fatores considerados<br />

fisiológicos, pertencentes à biodiversidade do ser<br />

humano e especificamente da cavidade bucal.<br />

Enviado em: junho de 2007<br />

Revisado e aceito: agosto de 2007<br />

<strong>Dental</strong> caries: a new concept<br />

Abstract<br />

Introduction: The concept of dental caries and its etiologic factors have been raising disagreement in the establishment<br />

of preventive strategies among epidemiologists and health professionals. Considerations and knowledge<br />

on the formation, progression and definition of carious lesions should be enhanced for establishment of criteria to<br />

favor the diagnosis, prevention and treatment, maintaining the life quality of patients. The concept of dental caries<br />

as an infectious, transmissible and diet-dependent disease should be revised; the etiologic factors should be<br />

better interpreted and understood to avoid mistaken approaches for prevention and treatment. A more conclusive<br />

positioning of scientific institutions and universities is required for definitive establishment of these concepts and<br />

achievement of practical outcomes. Aim: This study aimed to provide a contribution based on 35 years of professional<br />

exercise and academic experience in teaching and research, as well as to conduct a literature review on<br />

cariology for interpretation of scientific findings to allow logical conclusions on the concept of dental caries and<br />

its etiologic factors, to reach the truth as much as possible. Results and Conclusions: The information currently<br />

available by means of scientific investigation and also the conclusions of this study allow the formulation of more<br />

effective preventive strategies throughout the world allows; in the short term, dental caries will be a minor problem<br />

to mankind. Based on the present study, it is concluded that dental caries should not be considered a disease, but<br />

rather an enamel lesion due to local causes, without determinant etiologic factors, yet caused by imbalance between<br />

physiological factors pertinent to the biodiversity of mankind and specifically to the oral cavity. An objective<br />

preventive strategy should aim to achieve biological balance, taking into account the mankind quality of life.<br />

Key words: Caries. Caries concept. Caries etiology.<br />

Referências<br />

1. ARNOLD, W. H. et al. Morphological analysis and chemical content<br />

of natural dentin carious lesion zones. Ann. Anat., New York,<br />

v. 185, no. 5, p. 419-424, Oct. 2003.<br />

2. AXELSSON, P.; LINDHE, J. The effect of a preventive program on<br />

dental plaque, gingivitis and caries in schoolchildren: results after<br />

one and two years. J. Clin. Periodontol., Copenhagen, v. 1,<br />

p. 126-138, 1974.<br />

3. AXELSSON, P.; LINDHE, J. The effect of a plaque control program<br />

on gingivitis and dental caries in schoolchildren. J. Dent.<br />

Res., Alexandria, v. 56, p. C142-148, 1977. Special issue C.<br />

4. BJARNASON, S. et al. Caries experience in Icelandic 12-year-old<br />

urban children 1984 and 1991. Community Dent. Oral Epidemiol.,<br />

Copenhagen, v. 21, p. 194-197, 1994.<br />

5. BOWDEN, G. H. Does assessment of microbial composition of<br />

plaque/saliva allow for diagnosis of disease activity of individuals?<br />

Community Dent. Oral Epidemiol., Copenhagen, v. 25, no. 1,<br />

p. 76-81, Feb. 1997.<br />

6. BOWDEN, G. H. W. Which bacteria are cariogenic in humans? In:<br />

JOHNSON, N. W. (Ed.). Risk markers for oral deseases: dental<br />

caries. Cambridge: Cambridge University <strong>Press</strong>, 1991.<br />

p. 266-286.<br />

7. BRETZ, W. A. et al. Relationship of microbial and salivary<br />

parameters with dental caries in Brazilian pre-school children.<br />

Community Dent. Oral Epidemiol., Copenhagen, v. 20, no. 5,<br />

p. 261-264, Oct. 1992.<br />

8. BURT, B. A. et al. The effects of sugars intake and frequency of<br />

ingestion on dental caries increment in a three-year longitudinal<br />

study. J. Dent. Res., Alexandria, v. 67, p. 1422-1429, 1988.<br />

9. CANTISANO, M. H. et al. Determinação do número de streptococcus<br />

mutans na saliva de crianças com 6 anos de idade e<br />

diferentes experiências de cárie. Estomatol. Cult., Bauru, v. 13,<br />

n. 1, p. 44-8, jan./jun. 1983.<br />

10. CARVALHO, D. C. L. Avaliação in vitro do efeito do abacate,<br />

Hass, banana prata e maçã Fuji sobre a fermentação e a<br />

síntese de polissacarídeos extracelulares da placa dentária<br />

humana. 2003. Dissertação (Mestrado)-Faculdade de Odontologia<br />

de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, 2003.<br />

11. CAVAZZOLA, A. S. Avaliação dos efeitos dos chás de camomila,<br />

cidreira e erva doce sobre a fermentação e síntese de<br />

polissacarídeos na placa dentária humana: estudo in vitro.<br />

2003. Dissertação (Mestrado)-Faculdade de Odontologia de<br />

Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, 2003.<br />

12. CEVC, G. et al. The caries resistance of human teeth is determined<br />

by the spatial arrangement of hydroxyapatite microcrystals<br />

in the enamel. Nature, Basingstoke, v. 286, p. 425-426, 1980.<br />

13. CROSSNER, C. G.; HOLM, A. K. Saliva tests in the prognosis of<br />

caries in children. Acta Odontol. Scand., Oslo, v. 37, no. 3,<br />

p. 135-138, 1977.<br />

14. CURY, J. A. Uso do flúor e controle da cárie como doença. In:<br />

BARATIERI, L. N. et al. Odontologia restauradora. São Paulo:<br />

Ed. Santos, 2001. p. 33-68<br />

15. EDGAR, W. M.; HIGHAM, S. M.; MANNING, R. H. Saliva stimulation<br />

and caries prevention. Adv. Dent. Res., Washington, D. C.,<br />

v. 8, no. 2, p. 239-45, July 1994.<br />

16. FEJERSKOV, O. Concepts of dental caries and their consequences<br />

for understanding the disease. Community Dent. Oral<br />

Epidemiol., Copenhagen, v. 25, no. 1, p. 5-12, Feb. 1997.<br />

17. FITZGERALD, R. J.; KEYES, P. H. Demonstration of the etiologic<br />

role of streptococci in experimental caries in the hamster. J. Am.<br />

Dent. Assoc., Chicago, v. 61, no. 1, p. 9-19, July 1960.<br />

18. GELLER PALTI, D. Avaliação da desmineralização produzida<br />

por desafio cariogênico in situ em esmalte dentário com<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 129 Maringá, v. 12, n. 6, p. 119-130, nov./dez. 2007


Cárie dentária: um novo conceito<br />

diferentes idades pós-eruptivas. 2007. 103 f. Tese (Doutorado)–<br />

Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São<br />

Paulo, Bauru, 2007.<br />

19. HANNAS, A. R. et al. The role of matrix metalloproteinases<br />

in the oral environment. 2004. 34 f. Trabalho de Conclusão de<br />

Curso (Especialização em Odontologia)-Faculdade de Odontologia<br />

de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, 2004.<br />

20. HOLMEN, L. et al. A polarized light microscopic study of progressive<br />

stages of enamel caries in vivo. Caries Res., Basel, v. 19,<br />

no. 4, p. 348-354, 1985.<br />

21. HOLMEN, L. et al. A scanning electron microscopic study of<br />

progressive stages of enamel caries in vivo. Caries Res., Basel,<br />

v. 19, no. 4, p. 355-367, 1985.<br />

22. HONKALA, E. et al. Factors predicting caries risk in children.<br />

Scand. J. Dent. Res., Copenhagen, v. 92, no. 2, p. 1334-1340,<br />

Apr. 1984.<br />

23. JENSEN, M. E. Diet and dental caries. Dent. Clin. North Am.,<br />

Philadelphia, v. 43, no. 4, p. 615-633, Oct. 1999.<br />

24. KATZ, S.; PARK, K. K.; PALENIK, C. J. In vitro root surface caries<br />

studies. J. Oral Med., St. Louis, v. 42, p. 40-48, 1987.<br />

25. KEYES, P. H. The infectious and transmissible nature of experimental<br />

dental caries. Arch. Oral Biol., Oxford, v. 1, p. 304-320,<br />

1960.<br />

26. KEYES, P. H. Recent advances in dental research: bacteriology.<br />

Int. Dent. J., London, v. 12, no. 4, p. 443-464, 1962.<br />

27. KOULOURIDES, T. et al. An intraoral model used for studies of<br />

fluoride incorporation in enamel. J. Oral Pathol., Copenhagen,<br />

v. 3, p. 185-196, 1974.<br />

28. LANZA, C. R. M. et al. Effect of professional dental prophylaxis<br />

with sodium bicarbonate jet on the cariogenic microbiota.<br />

Pesqui. Odontol. Brás., São Paulo, v. 14, n. 1, p. 87-92, jan./mar.<br />

2000.<br />

29. LARMAS, M. Saliva and dental caries: diagnostic tests for normal<br />

dental practice. Int. Dent. J., London, v. 42, no. 4, p. 199-208,<br />

Aug. 1992<br />

30. LOESCHE, W. J. Clinical and microbiological aspects of chemotherapeutic<br />

agents used according to the specific plaque hypothesis.<br />

J. Dent. Res., Alexandria, v. 58, no. 12, p. 2404-2412, Dec.<br />

1979.<br />

31. LOESCHE, W. J. Role of streptococcus mutans in human dental<br />

decay. Microbiol. Rev., Washington, D. C., v. 50, p. 353-380,<br />

1986.<br />

32. MACPHERSON, L. M. et al. Assessment of the cariogenic potential<br />

of streptococcus mutans strains and its relationship to in vivo<br />

caries experience. Oral Microbiol. Immunol., Copenhagen v. 7,<br />

no. 3, p. 142-147, June 1992.<br />

33. MACPHERSON, L. M. et al. Comparison of the plaque microflora<br />

from natural and appliance-borne enamel surfaces. Caries Res.,<br />

Basel, v. 25, no. 1, p. 58-64, 1991.<br />

34. MÄKELÄ, M. et al. Matrix metalloproteinases (MMP-2 and<br />

MMP-9) of the oral cavity: cellular origin and relationship to periodontal<br />

status. J. Dent. Res., Alexandria, v. 73, p. 1397-1406,<br />

1994.<br />

35. MANJI, F. Sugar availability, diet and dental caries. 1988.<br />

Thesis. (PhD Thesis)- University of London, London, 1988.<br />

36. MANJI, F.; FEJERSKOV, O. <strong>Dental</strong> caries in developing countries<br />

in relation to the appropriate use of fluoride. J. Dent. Res.,<br />

Alexandria, v. 69, p. 733-741, 1990. Special Issue.<br />

37. MARSH, P. D. Microbial ecology of dental plaque and its significance<br />

in health and disease. Adv. Dent. Res., Washington, D. C.,<br />

v. 8, no. 2, p. 263-271, July 1994.<br />

38. MAZZEO, A. C. et al. Influência do cacau e do leite na incidência<br />

de cárie em ratos. Estomatol. Cult., Bauru, v. 15, n. 4, p. 1-4,<br />

1985.<br />

39. NEWBRUN, E. Cariology. 2nd ed. Baltimore: Williams & Wilkins,<br />

1983.<br />

40. NIKIFORUK, G. Carbonates and fluorides as chemical determinants<br />

of tooth susceptibility to caries. In: SYMPOSIUM, PRESENT<br />

STATUS OF CARIES PREVENTION FLUORINE-CONTAINING<br />

DENTIFRICES, 1961, Zurich. Abstract… Zurich: [S.l.], 1961. p. 62.<br />

41. NORDBO, H. et al. The influence of a matrix metalloproteinase<br />

on the remineralization of artificially demineralized dentin. Oral<br />

Health Prev. Dent., New Malden, v. 1, no. 4, p. 267-72, May/<br />

Oct. 2003.<br />

42. NYVAD, B. Microbial colonization of human tooth surfaces.<br />

APMIS, Copenhagen, v. 101, no. 32, p.1-45, 1993. Supplement.<br />

43. OGAARD, B.; ROLLA, G.; ARENDS, J. In vivo progress of enamel<br />

and root surface lesions under plaque as a function of time. Caries<br />

Res., Basel, v. 22, p. 302-305, 1988.<br />

44. PRESTES, M. P. Avaliação do efeito dos leites materno, de<br />

vaca e de cabra sobre a fermentação e síntese de polissacarídeos<br />

na placa dentária humana. Estudo in vitro. 2003.<br />

Dissertação (Mestrado)-Faculdade de Odontologia de Bauru,<br />

Universidade de São Paulo, Bauru, 2003.<br />

45. RODRIGUEZ, F. E. Quantitative incidence of lactobacillus acidophilus<br />

in the oral cavity as a presumptive index of susceptibility to<br />

dental caries. J. Am. Dent. Assoc., Chicago, v. 18, p. 2118-35,<br />

1931.<br />

46. ROSE, G. Sick individuals and sick populations. Int. J. Epidemiol.,<br />

London, v. 14, p. 32-38, 1985.<br />

47. ROTHMAN, K. J. Causes. Am. J. Epidemiol., Baltimore, v. 104,<br />

p. 587-592, 1976.<br />

48. RUGG-GUNN, A. J. et al. Relationship between dietary habits<br />

and caries increment assessed over two years in 405 English<br />

adolescent school children. Arch. Oral Biol., Oxford, v. 29,<br />

p. 983-992, 1984.<br />

49. SREEBNY, L. M. Sugar and human dental caries. World Rev.<br />

Nutr. Diet., Basel, v. 40, p. 19-65, 1982.<br />

50. SULKALA, M. et al. The localization of matrix metalloproteinase-20<br />

(MMP-20, Enamelysin) in mature human teeth. J. Dent.<br />

Res., Alexandria, v. 81, no. 9, p. 603-607, Jan./July 2002.<br />

51. SULLIVAN, A. On the applicability of the number of mutans<br />

streptococci and lactobacilli in saliva and plaque for the<br />

prediction and explanation of dental caries. 1995. Thesis. (PhD<br />

Thesis)-School of Dentistry, Malmö, 1995.<br />

52. SULLIVAN, A. et al. Number of mutans streptococci or lactobacilli<br />

in a total dental plaque sample does not explain the variation in<br />

caries better than the numbers in stimulated whole saliva. Community<br />

Dent. Oral Epidemiol., Copenhagen, v. 24, no. 3,<br />

p. 159-163, 1996.<br />

53. TENOVUO, J. Salivary parameters of relevance for assessing<br />

caries activity in individuals and populations. Community Dent.<br />

Oral Epidemiol., Copenhagen, v. 25, no. 1, p. 82-86, 1997.<br />

54. TENUTA, L. M. A.; LIMA, J. E. O.; CARDOSO, C. L.; TAB-<br />

CHOURY, C. P. M.; CURY, J. A. Effect of period of plaque accumulation<br />

and salivary factors on enamel demineralization and<br />

plaque composition in situ. Pesqui. Odontol. Brás., São Paulo,<br />

v. 17, no. 4, p. 326-331, 2003.<br />

55. THYLSTRUP, A.; FEJERSKOV, O. Cariologia clínica. 2. ed. São<br />

Paulo: Ed. Santos, 1995.<br />

56. TJÄDERHANE, L. et al. The activation and function of host matrix<br />

metalloproteinases in dentin matrix breakdown in caries lesions.<br />

J. Dent. Res., Alexandria, v. 77, no. 8, p. 1622-1629, Aug. 1998.<br />

57. TUKIA-KULMALA, H.; TENOVUO, J. Intra and inter-individual<br />

variation in salivary flow rate, buffer effect, lactobacilli and mutans<br />

streptococci among 11- and 12-year-old schoolchildren. Acta<br />

Odontol. Scand., Oslo, v. 51, no. 1, p. 31-7, Feb. 1993.<br />

58. VAN HOUTE, J. Microbiological predictors of caries risk. Adv.<br />

Dent. Res., Washington, D.C., v. 7, no. 2, p. 87-96, Aug. 1993.<br />

59. VAN STRIJP, A. J. P.; VAN STEENBERGEN, T. J. M.; TEN CATE, J.<br />

M. Bacterial colonization of mineralized and completely demineralized<br />

dentine in situ. Caries Res., Basel, v. 31, p. 349-355, 1997.<br />

60. WEATHERELL, J. A.; ROBINSON, C.; HALLSWORTH, A. S. Formation<br />

of lesions in enamel using moist acid vapour. In: LEACH,<br />

S. A.; EDGAR, W. M. Demineralization and remineralization of<br />

the teeth. Oxford: IRL <strong>Press</strong>, 1983. p. 225-241.<br />

Endereço para correspondência<br />

José Eduardo de Oliveira Lima<br />

Al. Octávio Pinheiro Brisola, 9-75<br />

CEP: 17.012-901 - Bauru / SP<br />

E-mail: jeduardo895@terra.com.br<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 130 Maringá, v. 12, n. 6, p. 119-130, nov./dez. 2007


T ó p i c o Es p e c i a l<br />

O desenvolvimento da Ortodontia no Brasil e<br />

no mundo<br />

Oswaldo de Vasconcellos Vilella*<br />

Resumo<br />

Ensino, organização e literatura. São esses os principais pilares que sustentam toda e qualquer<br />

especialidade. No presente artigo procurou-se avaliar de que maneira a Ortodontia brasileira<br />

foi dimensionada dentro do ensino oficial, se organizou em torno de suas associações<br />

de classe e qual literatura especializada estava à disposição de seus precursores. Precursores<br />

como Antônio Gonçalves Pereira da Silva, provavelmente o primeiro professor a ensinar a<br />

confecção de aparelhos ortodônticos; Carlos de Almeida Lustosa, o primeiro brasileiro a se<br />

tornar especialista em Ortodontia;. Carlos Alves da Costa, autor do primeiro livro-texto em<br />

Português totalmente dedicado à especialidade. Por outro lado, para que se pudesse perceber<br />

de que maneira essas mudanças foram acontecendo ao longo do tempo e correlacioná-las com<br />

as modificações em nível mundial, um resumo histórico da Ortodontia em seu universo geral<br />

foi organizado. De acordo com o que foi pesquisado, pode-se afirmar que foram necessários<br />

aproximadamente 50 anos para a consolidação dos centros de pós-graduação no Brasil. Também<br />

é verdade que o esforço das instituições de ensino e entidades de classe contribuiu para<br />

criar as bases do desenvolvimento científico da Ortodontia brasileira. No presente momento,<br />

entretanto, parece sensato supor que o próximo passo deverá ser o estabelecimento de normas<br />

que regulamentem a pós-graduação, de modo a aprimorar a formação profissional dos novos<br />

especialistas.<br />

Palavras-chave: Ortodontia brasileira – história. Ortodontia brasileira – ensino. Ortodontia brasileira<br />

– precursores. Ortodontia brasileira – literatura. Ortodontia brasileira – associações de classe.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Ortodontia é a <strong>mais</strong> antiga das especialidades<br />

da Odontologia, tendo sido a primeira a se organizar<br />

de fato e de direito. Essa informação foi<br />

registrada em relatos de historiadores da Odontologia,<br />

sendo que, atualmente, informações sobre<br />

nossa profissão são procuradas em todas as partes<br />

do mundo. Cada vez <strong>mais</strong> se conhecem suas<br />

origens, seus precursores e pioneiros, sendo este<br />

conhecimento fundamental para o total entendimento<br />

do atual estágio evolutivo em que se encontra<br />

a Odontologia 14 .<br />

Entretanto, ainda existem poucos registros sobre<br />

as origens e o desenvolvimento da Ortodontia<br />

brasileira em nossas escolas e associações. Isso<br />

não ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos, pois<br />

Edward Hartley Angle, um dos fundadores e primeiro<br />

presidente da Sociedade Americana de Or-<br />

* Professor Doutor da Disciplina de Ortodontia da FO-UFF/RJ. Coordenador do curso de especialização em Ortodontia da FO-UFF/RJ.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 131 Maringá, v. 12, n. 6, p. 131-156, nov./dez. 2007


Vilella, O. V.<br />

ficado para Associação Brasileira de Ortodontia<br />

(ABOR), com o objetivo de congregá-las em nível<br />

nacional. No início do século XXI o preocupante<br />

aumento no número de cursos de especialização<br />

gerou a necessidade de avaliar os conhecimentos<br />

dos novos especialistas. O Board Brasileiro de Ortodontia<br />

e Ortopedia Facial (BBO) foi criado em<br />

2002 para desempenhar esta função.<br />

Analisando todos os acontecimentos, fica evidente<br />

que a Ortodontia brasileira evoluiu muito<br />

em todos estes anos. Mas apesar de extremamente<br />

importante o que já foi feito e conseguido, <strong>mais</strong><br />

importante ainda é o que pode ser feito para seu<br />

aperfeiçoamento futuro. O que parecia ser uma<br />

solução até há pouco tempo acabou se transformando<br />

num dos grandes problemas atuais: o crescente<br />

número de cursos de pós-graduação, muitos<br />

dos quais de qualidade duvidosa. Atualmente<br />

(2007) estão em atividade 315 cursos de especialização<br />

em Ortodontia 18 . Assunção 8 observou um<br />

aumento de 553,65%, em 12 anos (1993–2005).<br />

E ainda <strong>mais</strong> impressionante: no intervalo de apenas<br />

um ano (2006–2007), ocorreu um acréscimo<br />

de 38,76%. Também preocupado com esta situação,<br />

Petrelli 36 ressaltou a importância da criação<br />

de normas específicas para a abertura e para a revalidação<br />

destes cursos, contemplando itens como<br />

estrutura física adequada e corpo docente qualificado,<br />

visando a melhor formação do especialista<br />

em Ortodontia.<br />

Muitas vezes é preciso conhecer o passado<br />

para entender o presente. A Ortodontia brasileira<br />

passou por um longo processo de evolução. Desde<br />

que nossos ortodontistas pioneiros trouxeram para<br />

o Brasil a nova ciência, até a criação dos cursos de<br />

doutorado em nosso país, um longo caminho foi<br />

percorrido. Durante um período de aproximadamente<br />

50 anos, o esforço das instituições de ensino,<br />

aliado ao das entidades de classe, contribuiu<br />

para sedimentar seu desenvolvimento científico.<br />

No presente momento, parece sensato supor que<br />

o próximo passo deverá ser o estabelecimento de<br />

normas que regulamentem a pós-graduação, de<br />

modo a aprimorar a formação profissional dos novos<br />

especialistas.<br />

Enviado em: julho de 2007<br />

Revisado e aceito: agosto de 2007<br />

Development of Orthodontics in Brazil and in the world<br />

Abstract<br />

Education, organization and literature. Every scientific specialization rests upon these three foundations. Concerning<br />

to orthodontics it could not be different. The way how orthodontics was implanted into the Brazilian official<br />

education, organized around its class associations and what kind of specialized literature was available to its precursors<br />

was related in the present paper. Precursors like Antônio Gonçalves Pereira da Silva, probably the first one<br />

to teach techniques to make orthodontic appliances. Carlos de Almeida Lustosa, the first Brazilian who become a<br />

specialist. Carlos Alves da Costa, the author of the first text-book written in Portuguese entirely dedicated to orthodontics.<br />

On the other hand, to understand the way how these changes took place and correlate them to the overall<br />

Orthodontics evolution, an historical summary of its global universe was organized. In accordance to the present<br />

findings, it can be stated that it was necessary 50 years, approximately, to occur the post-graduation centers consolidation<br />

in Brazil. It is also true that the effort of the education institutions and class associations contributed to<br />

create the foundations of the Brazilian orthodontics scientific development. At the present moment, however, it<br />

seems to be of common-sense to suppose that the next step should be the establishment of rules that can regulate<br />

the post-graduation programs, in order to improve the new specialists professional formation.<br />

Key words: Brazilian Orthodontics – history. Brazilian Orthodontics – education. Brazilian Orthodontics – precursors.<br />

Brazilian Orthodontics – literature. Brazilian orthodontics – class associations.<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 155 Maringá, v. 12, n. 6, p. 131-156, nov./dez. 2007


O desenvolvimento da Ortodontia no Brasil e no mundo<br />

Referências<br />

1. ANGLE, E. H. Evolution of Orthodontia: recent developments.<br />

<strong>Dental</strong> Cosmos, Philadelphia, v. 54, no. 8, p. 853-867, 1912.<br />

2. ANGLE, E. H. Some new forms of orthodontic mechanism, and<br />

the reasons for their introduction. <strong>Dental</strong> Cosmos, Philadelphia,<br />

v. 58, no. 9, p. 969-994, 1916.<br />

3. ANGLE, E. H. The latest and best in orthodontic mechanism.<br />

<strong>Dental</strong> Cosmos, Philadelphia, v. 70, no. 12, p. 1143-1158,<br />

1928.<br />

4. ANGLE, E. H. Evolution of Orthodontia: recent developments.<br />

<strong>Dental</strong> Cosmos, Philadelphia, v. 71, no. 2, p. 164-174, 1929.<br />

5. ANGLE, E. H. Evolution of Orthodontia: recent developments.<br />

<strong>Dental</strong> Cosmos, Philadelphia, v. 71, no. 3, p. 260-270, 1929.<br />

6. ANGLE, E. H. Evolution of Orthodontia: recent developments.<br />

<strong>Dental</strong> Cosmos, Philadelphia, v. 71, no. 4, p. 409-421, 1929.<br />

7. ARAÚJO, M. C. M. Prefácio. In: INTERLANDI, S. Ortodontia,<br />

mecânica do arco de canto: introdução à técnica. São Paulo:<br />

Sarvier, 1986.<br />

8. ASSUNÇÃO, P. S. Para onde vamos? Rev. SBO, São Paulo, v. 5,<br />

n. 3, p. 174-175, jan./mar. 2006.<br />

9. BARACCHINI, R. Ortodontia: o início. Ortodontia. Programa<br />

Oficial do IV Encontro Nacional de Ortodontistas da SPO. São<br />

Paulo, 1993.<br />

10. BRITTO, A. A. A Odontologia através da Legislação Federal.<br />

Rio de Janeiro: Imprensa Federal, 1940.<br />

11. BROADBENT, H. B. The face of the normal child. Angle Orthod.,<br />

Appleton, v. 7, no. 4, p. 183-208, 1937.<br />

12. BRODIE, A. G.; DOWNS, W. B.; GOLDSTEIN, A.; MYER, E. Cephalometric<br />

appraisal of orthodontic results. Angle Orthod.,<br />

Appleton, v. 8, no. 4, p. 261-265, 1938.<br />

13. CAPONI, G. A técnica Tip-Edge. Ortodontia. Programa Oficial<br />

do IV Encontro Nacional de Ortodontistas da SPO. São Paulo,<br />

1993.<br />

14. COMISSÃO ORGANIZADORA. Livro do 7º Encontro dos Ex-<br />

Alunos de Ortodontia da UFRJ (Editorial). Rio de Janeiro, 1992.<br />

15. CORRÊA, O. SPO: uma realidade. Ortodontia. Programa<br />

Oficial do IV Encontro Nacional de Ortodontistas da SPO. São<br />

Paulo, 1993.<br />

16. COSTA, C. A. Ortodontia. Niterói: Gráfica Dias Vasconcelos,<br />

1939.<br />

17. CUNHA, E. S. História da Odontologia no Brasil<br />

(1500-1900). 3. ed. Rio de Janeiro: Ed. Científica, 1963.<br />

18. CURSOS de Especialização. Disponível em: . Acesso em: 15 jan. 2007.<br />

19. DAMICO, F. Editorial. Livro do VI Encontro de Pós-Graduados<br />

em Ortodontia da UFRJ. Maceió, 1990.<br />

20. FREITAS, P. A. História da Ortodontia no Brasil. Ortodontia.<br />

Programa Oficial do IV Encontro Nacional de Ortodontistas da<br />

SPO. São Paulo, 1993.<br />

21. FUNDAÇÃO da ABOR. Disponível em: . Acesso em: 26 dez. 2006.<br />

22. GUANABARA. Disponível em: . Acesso em: 26 dez. 2006.<br />

23. HAHN, G. W. Edward Hartley Angle (1855 – 1930). Am. J.<br />

Orthod., St. Louis, v. 51, no. 6, p. 529-535, 1965.<br />

24. HARRADINE, N. W. T. Self-ligating brackets: where are we<br />

now? J. Orthod., London, v. 30, no. 3, p. 262-273, Sept. 2003.<br />

25. HISTÓRICO BBO. Disponível em: .<br />

Acesso em: 30 dez. 2006.<br />

26. INDICADOR profissional. A Odontologia moderna. São Paulo,<br />

v. 2, n. 9, p. 32, 1928.<br />

27. INTERLANDI, S. Ortodontia: bases para a iniciação. São Paulo:<br />

Ed. da USP, 1977.<br />

28. JACOBSON, B. N. História da Ortodontia nos Estados Unidos<br />

da América. In: INTERLANDI, S. Ortodontia: bases para a<br />

iniciação. São Paulo: Ed. da USP, 1977.<br />

29. LUSTOSA, C. A. A Orthodontia e a creança. Rio de Janeiro:<br />

Typographia Leuzinger, 1924.<br />

30. LUSTOSA, C. A. Algumas causas das malocclusões dentarias.<br />

Rio de Janeiro: Typographia Leuzinger, 1932.<br />

31. MACHADO, C. R. História da Ortodontia no Brasil. In: PE-<br />

TRELLI, E. (Coord.). Ortodontia contemporânea. São Paulo:<br />

Sarvier, 1988.<br />

32. MARTINS, J. E. S. Memorial. Rio de Janeiro: Faculdade de<br />

Odontologia da UFRJ, 1982.<br />

33. MOURA, C. R. Teoria e técnica de Begg. São Paulo: Panamed,<br />

1983.<br />

34. OLIVEIRA, A. M. B. T. L. A formação da Odontologia no Brasil.Rio<br />

de Janeiro: Faculdade de Odontologia da UFRJ, 1981.<br />

35. PATRONO Disponível em: . Acesso em: 15 maio 2007.<br />

36. PETRELLI, E. A terceirização da Ortodontia. J. Brás. Ortodon.<br />

Ortop. Facial, Curitiba, v. 12, n. 62, p. 116, mar./abr. 2005.<br />

37. RIEDEL, R. A. Edward H. Angle: the growth and development<br />

of a man, an organization, and a specialty. Angle Orthod.,<br />

Appleton, v. 57, no. 2, p. 91-97, 1987.<br />

38. RING, M. E. Dentistry: an illustrated history. 3rd ed. New York:<br />

Abradale <strong>Press</strong>, 1993.<br />

39. ROTHIER, E. K. Sociedade Brasileira de Ortodontia: sua<br />

história e trajetória científica. Rio de Janeiro: SBO, 2005.<br />

40. SHANKLAND, W. M. The American Association of Orthodontists:<br />

the biography of a speciality organization. St. Louis: The<br />

AAO, 1971.<br />

41. SOUZA, A. C.; CARVALHO, A. D. Manual odontologico. 3. ed.<br />

Juiz de Fora: Typographia d`O Pharol, 1910.<br />

42. SOUZA, A. C.; CARVALHO, A. D. Manual odontologico. 4. ed.<br />

Lisboa: Typographia do Annuario Commercial, 1912.<br />

43. SOUZA, A. C.; CARVALHO, A. D. Manual odontologico. 5. ed.<br />

Rio de Janeiro: Pap. e Typ., 1917.<br />

44. SOUZA, A. C.; CARVALHO, A. D. Manual odontológico:<br />

prothese dentaria - corôas e pontes. 8. ed. Juiz de Fora: Companhia<br />

Dias Cardoso, 1938.<br />

45. TWEED, C. H. Clinical Orthodontics. St. Louis: C. V. Mosby,<br />

1966.<br />

46. VADEN, J. L.; DALE, J. G.; KLONTZ, H. A. The Tweed-Merrifield<br />

edgewise appliance: philosophy, diagnosis and treatment. In:<br />

GRABER, T. M.; VANARSDALL, R. L. Orthodontics: currents principles<br />

and techniques. 2nd ed. St. Louis: Mosby Year Book, 1994.<br />

47. VILELLA, O. V. A história da Ortodontia no Brasil. 1. ed. Rio<br />

de Janeiro: Ed. Pedro Primeiro, 1995.<br />

48. VILELLA, O. V. Ortodontia e ortopedia facial. In: ROSENTHAL,<br />

E. A Odontologia no Brasil no século XX. São Paulo: Ed.<br />

Santos, 2001.<br />

49. WAHL, N. Orthodontics in 3 millennia. Chapter 1: antiquity to<br />

the mid-19th century. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop.,<br />

Saint Louis, v. 127, no. 2, p. 255-259, 2005.<br />

50. WAHL, N. Orthodontics in 3 millennia. Chapter 2: entering the<br />

modern era. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis,<br />

v. 127, no. 4, p. 510-515, 2005.<br />

51. WAHL, N. Orthodontics in 3 millennia. Chapter 3: the profissionalization<br />

of Orthodontics. Am. J. Orthod. Dentofacial<br />

Orthop., St. Louis, v. 127, no. 6, p. 749-753, 2005.<br />

52. WAHL, N. Orthodontics in 3 millennia. Chapter 7: facial analysis<br />

before the advent of the cephalometer. Am. J. Orthod.<br />

Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 129, no. 2, p. 293-298, 2006.<br />

53. WEINBERGER, B. S. Orthodontics: an historical review of its<br />

origin and evolution. St. Louis: C. V. Mosby, 1926.<br />

54. WUERPEL, E. H. The lengthening shadow of a man. Angle<br />

Orthod., Appleton, v. 17, no. 1, p. 3-9, 1947.<br />

55. ZACHRISSON, B. U. Bonding in Orthodontics. In: GRABER, T.<br />

M.; VANARSDALL, R. L. Orthodontics: currents principles and<br />

techniques. 2nd ed. St. Louis: Mosby Year Book, 1994.<br />

Endereço para correspondência<br />

Oswaldo de Vasconcellos Vilella<br />

Rua São Paulo, nº 32<br />

CEP: 24.040-110 - Niterói / RJ<br />

E-mail: ovilela@wnetrj.com.br<br />

R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial 156 Maringá, v. 12, n. 6, p. 131-156, nov./dez. 2007

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!