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As casas mal assombradas - de Camille Flammarion - Limiar Espírita

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<strong>Camille</strong> <strong>Flammarion</strong> – <strong>As</strong> Casas Mal <strong>As</strong>sombradas 8<br />

Passaram-se anos e, uma noite, em abril <strong>de</strong> 1893, vi penetrar<br />

na alcova uma forma humana. Estatura elevada, envolto<br />

num manto alvo que lhe encobria quase todo o rosto, vi, aterrada,<br />

aproximar-se, inclinar-se para o meu leito e colar nos<br />

meus os seus lábios. Mas... que lábios! – jamais esquecerei a<br />

impressão que me produziam! Não era pressão, nem movimento,<br />

nem algo mais que frio... O frio <strong>de</strong> uma boca morta!<br />

E, contudo, eu experimentei um <strong>de</strong>safogo, um gran<strong>de</strong> bemestar<br />

enquanto durou esse beijo. Verda<strong>de</strong> é, também, que, nesse<br />

transe, nem o nome nem a imagem do falecido amigo me<br />

assomaram à mente. Ao acordar, pouco me preocupei com o<br />

caso, até que à tar<strong>de</strong>, percorrendo o jornal <strong>de</strong> (...), li o seguinte:<br />

“Comunicam-nos <strong>de</strong> X... que ali se realizaram, ontem, os funerais<br />

do Senhor Y...” Enumeradas as qualida<strong>de</strong>s do morto, terminava<br />

o artigo dizendo que ele sucumbira <strong>de</strong> uma infecção tífica,<br />

conseqüente a excesso <strong>de</strong> trabalho no cargo que exercia<br />

com esforço e abnegação.. Caro amigo – monologuei – tanto<br />

que, liberto das convenções mundanas, vieste dizer-me que era<br />

a mim que amavas e continuas amando para além da morte.<br />

Também por mim te agra<strong>de</strong>ço e amo-te sempre.<br />

Senhorita Z...”<br />

Eis o fato, tal como se passou. A velha e cômoda hipótese <strong>de</strong><br />

uma alucinação simples já não nos po<strong>de</strong> satisfazer. O que se procura<br />

explicar é a coincidência da morte com essa aparição. Tão numerosas<br />

são as manifestações <strong>de</strong>sse gênero, que não mais as po<strong>de</strong>mos<br />

consi<strong>de</strong>rar fortuitas. Elas indicam uma relação <strong>de</strong> causa e<br />

efeito. O meu amigo e eu admitimos, livres <strong>de</strong> quaisquer prejuízos,<br />

que a senhorita Z... viu e sentiu a presença do visitante, no momento<br />

crítico do seu trespasse. Centenas <strong>de</strong> episódios idênticos por aí<br />

se verificam. Entretanto, divergimos na sua interpretação: enquanto

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