26.11.2014 Views

As casas mal assombradas - de Camille Flammarion - Limiar Espírita

As casas mal assombradas - de Camille Flammarion - Limiar Espírita

As casas mal assombradas - de Camille Flammarion - Limiar Espírita

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Camille</strong> <strong>Flammarion</strong> – <strong>As</strong> Casas Mal <strong>As</strong>sombradas 62<br />

esperança <strong>de</strong> ser ouvido por algum policial lá na rua. Notei,<br />

então, que o vadio, insensível ao meu apelo, estava como a<br />

inspecionar as estantes. Muito calvo e pálido, os olhos eramlhe<br />

cavos, profundos. Avancei para ele e o velho, indiferente,<br />

virou-me as costas, prosseguindo na sua tarefa, até que se afastou<br />

a passos arrastados e <strong>de</strong>sapareceu no compartimento sem<br />

saída, on<strong>de</strong> ficava o lavatório. Acompanhei-o até ali, e qual<br />

não foi minha surpresa ao constatar que lá não estava. <strong>As</strong>sim<br />

logrado, confesso que comecei a sentir, pela primeira vez na<br />

vida, o que po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>nominar medo do sobrenatural.<br />

Deixei a biblioteca, tinha perdido o trem. No dia seguinte contei<br />

o caso a um clérigo, que, em me ouvindo, replicou: “Pois é<br />

o velho bibliotecário!” Pouco <strong>de</strong>pois, mostraram-me uma fotografia<br />

do meu antecessor e a semelhança era perfeita! Ele havia<br />

perdido os cabelos, e até os cílios e supercílios, em conseqüência<br />

<strong>de</strong> uma explosão. Alto <strong>de</strong> ombros, também tinha o<br />

passo bamboleante.”<br />

Indagações ulteriores provaram que o óbito coincidira, mais ou<br />

menos, com a aparição. Esta, como a antece<strong>de</strong>nte, é também inexplicável,<br />

a menos que admitamos a ação pessoal do <strong>de</strong>sencarnado.<br />

Será possível que os mortos conservem, às vezes, os hábitos terrenos?<br />

Temos a respeito mais <strong>de</strong> um exemplo. O mistério subsiste,<br />

contudo, pois <strong>de</strong> qualquer forma a sua visibilida<strong>de</strong> é um problema.<br />

Podmore confessa francamente que ampliar a hipótese da transmissão<br />

<strong>de</strong> pensamento tem parecido extravagante para uns tantos<br />

leitores. Mas, daí a concluir que alguém, <strong>de</strong>sconhecido, pensasse<br />

no velho bibliotecário, justo naquele instante, e que esse pensamento<br />

originasse a visão do seu substituto a seguir a sombra até<br />

esvaecer-se no fim do corredor, vale por arquitetar uma hipótese<br />

mais audaciosa, e porventura mais inverossímil, que a do fantasma<br />

como imagem projetada pelo pensamento do morto – fantasma

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!