26.11.2014 Views

As casas mal assombradas - de Camille Flammarion - Limiar Espírita

As casas mal assombradas - de Camille Flammarion - Limiar Espírita

As casas mal assombradas - de Camille Flammarion - Limiar Espírita

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Camille</strong> <strong>Flammarion</strong> – <strong>As</strong> Casas Mal <strong>As</strong>sombradas 292<br />

quarto do falecido. Minha mulher, então muito nova, dormia<br />

com a avó. Sua tia, hoje viúva Roy, tinha acabado <strong>de</strong> se acamar<br />

no mesmo quarto. Eram 10 horas da noite quando os três<br />

ouviram um ruído como <strong>de</strong> pedrinhas arremessadas aos vidros<br />

da janela. Não havendo chuva nem vento, tomaram a causa por<br />

qualquer brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> mau gosto. A velha gritou: “quem está<br />

aí?” Claro que ninguém respon<strong>de</strong>u, mas o ruído continuou por<br />

<strong>de</strong>z minutos, com intermitências. Ouviram também como que<br />

o ruído <strong>de</strong> uma pá raspando a carvoeira e atirando o carvão<br />

contra a pare<strong>de</strong>. Aqui, vale dizer que o falecido costumava remexer<br />

nessa carvoeira. E como se isso não bastasse, a lingüeta<br />

da fechadura rangia, como se alguém tentasse abrir a porta.<br />

<strong>As</strong>sustadas, as três criaturas rezavam, convictas <strong>de</strong> que ali andava<br />

a alma do <strong>de</strong>funto, até que a tia <strong>de</strong> minha mulher ousou<br />

dizer em voz alta: “Se és tu, Pedro, dize o que nos queres.”<br />

Com isso, o barulho cessou.<br />

De manhã verificaram que tudo estava intacto, <strong>de</strong>ntro e fora<br />

<strong>de</strong> casa. Nenhum vestígio nas vidraças ou nas pare<strong>de</strong>s, a carvoeira<br />

perfeitamente em or<strong>de</strong>m, com a pá no respectivo lugar.<br />

Mandaram celebrar missas e tudo acabou. Um pormenor talvez<br />

importante é que, no dia da manifestação, a avó <strong>de</strong> minha mulher,<br />

remexendo em uma <strong>mal</strong>a que o falecido interditava ciosamente,<br />

lá encontrara, queimando-a, uma esplêndida trança <strong>de</strong><br />

cabelos da primeira consorte, a quem ele <strong>de</strong>dicara entranhado<br />

afeto. <strong>As</strong> testemunhas <strong>de</strong>sse fato afirmam que não po<strong>de</strong>ria ter<br />

havido farsa, pois os vidros teriam sido quebrados, se realmente<br />

atingidos com tamanha violência. (<strong>As</strong> janelas não tinham<br />

venezianas.) De resto, ninguém podia entrar no pátio para atirar<br />

carvão às pare<strong>de</strong>s, do que também não ficara vestígio.<br />

Digne-se aceitar, etc.<br />

Pouillart.”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!