26.11.2014 Views

As casas mal assombradas - de Camille Flammarion - Limiar Espírita

As casas mal assombradas - de Camille Flammarion - Limiar Espírita

As casas mal assombradas - de Camille Flammarion - Limiar Espírita

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Camille</strong> <strong>Flammarion</strong> – <strong>As</strong> Casas Mal <strong>As</strong>sombradas 268<br />

Angevin mostrava-se entristecido, confuso, e meu pai taciturno<br />

e preocupado. É a primeira vez que recuo – foram às últimas<br />

palavras do operário, a quem meu pai acompanhou <strong>de</strong><br />

vista, até que <strong>de</strong>saparecesse na fileira <strong>de</strong> choupos que margina<br />

a estrada <strong>de</strong> Mosnes a Amboise. Ainda assim, o pan<strong>de</strong>mônio<br />

aumentava lá por casa. Os agentes invisíveis revelavam-se dia<br />

a dia mais audaciosos e ativos; tomaram conta do quarto <strong>de</strong><br />

meus pais, on<strong>de</strong> estalidavam móveis, dançava a louça, obrigando<br />

os velhos a saltarem da cama. Muitas vezes, lá molhei a<br />

camisa – costumava repetir meu pai quando narrava o fato, i-<br />

lustrando-o com os gracejos comuns nos homens do seu ofício.<br />

Que lhe competia fazer? Continuaria a chasquear dos que a-<br />

creditam em adivinhos e dos que acen<strong>de</strong>m velas à Virgem e<br />

aos santos?<br />

– Sobretudo, oh! bom Deus, nada contes a ninguém – recomendava<br />

à minha mãe – para que não se riam à minha custa.<br />

Em Amboise havia feiras mensais e ele lá foi para se distrair.<br />

Encontrou amigos dos povoados vizinhos e com eles almoçou.<br />

O que guardava em sigilo para os conterrâneos, temeroso do<br />

ridículo, contou-o aos outros. À sobremesa, cada qual se saía<br />

com a sua história, mais ou menos chula, e ele, como para aliviar-se,<br />

<strong>de</strong>sfechou a sua, mais ou menos macabra. A gargalhada<br />

foi geral; todos se dispunham à zombaria, quando um dos<br />

ferreiros tomou a palavra e disse:<br />

– Não há que rir, amigos, do que diz o Bourdain. Essa coisa<br />

é mais séria do que vocês imaginam; aqui ninguém melhor do<br />

que eu po<strong>de</strong> dizê-lo e vou dizer: Caro amigo, tens <strong>de</strong>funtos em<br />

casa, <strong>de</strong>funtos que voltam e com os quais, não se espantem, já<br />

se encontrou meios <strong>de</strong> conversar.<br />

E <strong>de</strong>sdobrou uma lição <strong>de</strong> Espiritismo, que interessou a meu<br />

pai. Curioso, procurou assistir às experiências <strong>de</strong> um vizinho e,<br />

convencido, confessou-se à minha mãe, que lhe objetava:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!