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As casas mal assombradas - de Camille Flammarion - Limiar Espírita

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<strong>Camille</strong> <strong>Flammarion</strong> – <strong>As</strong> Casas Mal <strong>As</strong>sombradas 184<br />

gran<strong>de</strong> marretada no portão que dava para o poial. Note que<br />

para fazê-lo era preciso galgar uma gra<strong>de</strong> muito alta, atravessar<br />

o corredor e subir os <strong>de</strong>graus do pequeno terraço.<br />

Logo que ouvíamos a pancada, Antônio abria a porta e...<br />

quem diz que lá estava alguém! Enganado várias vezes e um<br />

tanto melindrado por se ver assim ludibriado por qualquer daqueles<br />

provincianos, que ele tanto <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhava, Antônio resolveu<br />

montar guarda à porta: <strong>de</strong> pé, mão posta no trinco e bengala<br />

pronta a <strong>de</strong>sancar o farsante. Mas, foi <strong>de</strong>bal<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ixou as<br />

<strong>de</strong>lícias da sua poltrona e a companhia da loura criada <strong>de</strong> quarto,<br />

que tanto o enamorava. Jamais a marreta trabalhou, enquanto<br />

o António cabeceando <strong>de</strong> sono não <strong>de</strong>ixasse o seu posto para<br />

voltar ao interior. Furioso com o truque, ele voltava num relâmpago,<br />

bengalão alçado, abria a porta, atravessava o pátio e<br />

precipitava-se para o portão... Nada, nada mais que silêncio em<br />

toda a rua! Tudo repousava, até os cães e os galos, na rua da<br />

Cruz, on<strong>de</strong> eu fui parar em busca <strong>de</strong> repouso.<br />

Certa feita quis, ainda que <strong>de</strong> mim escarnecesse, que meu<br />

irmão observasse o que ocorria e pedi-lhe que lá pernoitasse.<br />

Ele aquiesceu, embora me crivando <strong>de</strong> sarcasmos, e tratei <strong>de</strong><br />

acomodá-lo no quarto <strong>de</strong> vestir, separado do meu por uma saleta.<br />

Posto que nessa noite eu nada ouvisse, meu irmão foi o<br />

primeiro a acordar-me e eu notei-lhe a fisionomia alterada. Aí,<br />

já não gracejava, vinha apenas dizer que não esperaria pelo<br />

almoço, porque não pregara olho durante toda a noite.<br />

– Sabeis? – acrescentou – pois eu te juro que nem por cem<br />

mil francos passaria aqui outra noite...<br />

Que teria havido? Ignoro-o ainda hoje, porque ele jamais<br />

mo disse, e sempre que tocávamos no assunto, encolerizava-se.<br />

Suponho, porém, que Coco (assim chamávamos irreverentemente<br />

o nosso Espírito familiar) ter-lhe-ia pregado alguma das<br />

suas peças, tal como o fizera, certa vez, à minha mãe, <strong>de</strong>sfe-

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