26.11.2014 Views

As casas mal assombradas - de Camille Flammarion - Limiar Espírita

As casas mal assombradas - de Camille Flammarion - Limiar Espírita

As casas mal assombradas - de Camille Flammarion - Limiar Espírita

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Camille</strong> <strong>Flammarion</strong> – <strong>As</strong> Casas Mal <strong>As</strong>sombradas 176<br />

Nós nos <strong>de</strong>itamos habitualmente às 9 horas da noite, para<br />

acordar às 6 da manhã. Antes <strong>de</strong> me recolher, tinha o cuidado<br />

<strong>de</strong> fechar todas as portas e janelas, inclusive a porta interna<br />

que comunicava com o pavimento térreo. Note-se que não tínhamos<br />

gatos, nem cachorros, nem pássaros quaisquer. Tendo<br />

sido a casa reformada recentemente, nenhum ani<strong>mal</strong> da vizinhança<br />

po<strong>de</strong>ria lá se introduzir. Antes <strong>de</strong> entrar no âmago da<br />

questão, preciso dizer que não pertenço a nenhuma família <strong>de</strong><br />

iluminados. De resto, aqui estão meu nome e residência atual.<br />

Minha sanida<strong>de</strong> mental po<strong>de</strong> ser sindicada como e por quantos<br />

o queiram fazer. Ora, certa noite <strong>de</strong> abril, às 11 horas, acor<strong>de</strong>i<br />

sobressaltado com um barulho singular: pancadas secas, violentíssimas,<br />

eram dadas na mesa e no guarda-louça da cozinha,<br />

como se alguém, a bengaladas, se dispusesse a quebrá-los.<br />

Apuro o ouvido: “ba!” e logo <strong>de</strong>pois “ba! ba!” Mas o interessante<br />

é que não me sinto apavorado. De pronto acendo a vela,<br />

salto da cama, atravesso o corredor e ganho a cozinha. Nada<br />

aí vejo <strong>de</strong> extraordinário, o silêncio é completo. Desço a escada<br />

e as duas portas retro referidas conservam-se trancadas à<br />

chave, com os ferrolhos corridos. Nenhum ser humano po<strong>de</strong>ria<br />

ter fugido por ali! Sim, ninguém po<strong>de</strong>ria, por <strong>de</strong>ntro ou por fora,<br />

operar <strong>de</strong> tal maneira, <strong>de</strong>ixando as chaves nas fechaduras.<br />

Contudo, eu não tinha sonhado! Subi <strong>de</strong> novo à cozinha, abro o<br />

guarda-louças e nada! Procurei, com a vela, aclarar o interior<br />

da chaminé e vi que as telhas para vedar a chuva e escoar a<br />

fumaça estavam no seu lugar. Tornei a atravessar a cozinha e o<br />

corredor; fui ao quarto <strong>de</strong> meu irmão, ao da irmã e certifiqueime<br />

<strong>de</strong> que dormiam a sono solto. “Sonhei, com certeza” – disse<br />

para comigo e tornei a <strong>de</strong>itar-me. Mal, porém, apaguei a vela,<br />

a barulheira recomeçou.<br />

Agora eram pratos a se atritarem, colheres e garfos saltando<br />

das gavetas, ca<strong>de</strong>iras em sarabanda. Esse reboliço foi até às 3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!