Como podem ser analisados dados pareados de ... - IESC/UFRJ
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C OMO PODEM SER ANALISADOS DADOS PAREADOS DE FORMA PROBABILÍSTICA<br />
NA PRESENÇA DE INCERTEZA? UM EXERCÍCIO CONTRASTANDO QUATRO PROCEDIMENTOS<br />
o composto por todos os melhores pares, mas com pon<strong>de</strong>ração, e a média <strong>de</strong><br />
resultados dos 100 bancos <strong>de</strong> <strong>dados</strong> cujos pares foram obtidos por seleção<br />
aleatória. Uma vez que estes <strong>ser</strong>iam os bancos preferíveis a qualquer pesquisador,<br />
pelo fato <strong>de</strong> tentar controlar o número <strong>de</strong> pares falsos, po<strong>de</strong>-se dizer que esses<br />
resultados são indicativos <strong>de</strong> que, no Estado <strong>de</strong> Santa Catarina, recém-nascidos<br />
<strong>de</strong> mães com menos <strong>de</strong> 19 anos ou acima <strong>de</strong> 35 anos são, pelo menos a princípio,<br />
<strong>de</strong> maior chance para o óbito neonatal. Este resultado está em concordância com<br />
a literatura sobre o assunto (Jacobsson et al., 2004; Machado, 2002; Salihu et al.,<br />
2004; Sina et al., 2003).<br />
De fato, no caso <strong>de</strong>ste estudo, a vasta maioria das DOs atingiu uma relação<br />
unívoca com alguma DN, o que fez com que a distribuição dos pares formados<br />
não fosse muito diferente nos bancos utilizados, pois todos são formados pelo<br />
conjunto <strong>de</strong> pares unívocos. Assim, os resultados <strong>de</strong>ste estudo <strong>ser</strong>iam indicativos<br />
<strong>de</strong> como po<strong>de</strong>r-se-ia proce<strong>de</strong>r numa situação que se espera uma relação unívoca<br />
entre dois bancos <strong>de</strong> <strong>dados</strong>, com alto grau <strong>de</strong> sucesso. Neste caso, po<strong>de</strong>r-se-ia<br />
pensar que não <strong>ser</strong>ia muito preocupante proce<strong>de</strong>r à análise das informações, por<br />
algum <strong>de</strong>sses métodos, ainda que se saiba que alguns pares são <strong>de</strong> fato incorretos.<br />
O que este estudo mostra é que é possível chegar a conclusões similares sobre as<br />
associações entre mortalida<strong>de</strong> neonatal e ida<strong>de</strong> da mãe, ainda que possa haver<br />
erros em relação aos pares formados, por métodos diferentes. Ou seja, o resultado<br />
é relativamente robusto ao método utilizado.<br />
Ainda que neste caso tenham sido obtidos resultados similares, cabem algumas<br />
consi<strong>de</strong>rações sobre vantagens e <strong>de</strong>svantagens na escolha <strong>de</strong> como proce<strong>de</strong>r na<br />
análise <strong>de</strong> <strong>dados</strong> <strong>pareados</strong> quando se espera uma relação unívoca. Utilizar um<br />
banco <strong>de</strong> <strong>dados</strong> para análise <strong>de</strong> <strong>dados</strong> <strong>pareados</strong> que inclua como pares formados<br />
apenas os melhores pares com relação unívoca não garante um resultado que<br />
possa <strong>ser</strong> generalizado para toda a população em estudo. De fato, <strong>de</strong>sprezar<br />
<strong>dados</strong> não parece uma opção razoável, principalmente se é possível minimizar<br />
<strong>de</strong> alguma outra forma o problema da incerteza quanto aos pares formados<br />
(através da pon<strong>de</strong>ração diferenciada segundo o grau <strong>de</strong> certeza, ou através da<br />
seleção aleatória). O procedimento da seleção aleatória, por sua vez, não gera<br />
sempre o mesmo resultado; se um pesquisador proce<strong>de</strong>r à seleção aleatória, com<br />
o mesmo banco <strong>de</strong> <strong>dados</strong> original, o mesmo número <strong>de</strong> vezes, não há garantias <strong>de</strong><br />
que seu resultado <strong>ser</strong>á o mesmo obtido por outro pesquisador. Assim, utilizar um<br />
método que leva em consi<strong>de</strong>ração se há ou não incertezas sobre o par formado e que<br />
utiliza um parâmetro para mensurar esta incerteza possui a vantagem <strong>de</strong> <strong>ser</strong> replicável.<br />
Por último, é importante <strong>de</strong>stacar que este estudo mostra que é possível obter<br />
alguns resultados com base nos <strong>dados</strong> <strong>pareados</strong>, em nível populacional, mesmo na<br />
presença <strong>de</strong> incerteza. Não obstante, ainda há muito o que fazer no sentido <strong>de</strong><br />
C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 233 - 250, 2006 – 247