Como podem ser analisados dados pareados de ... - IESC/UFRJ

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C ARLA JORGE MACHADO Neste estudo, um modelo de regressão logística binária múltipla foi considerado apropriado para modelar a variável dicotômica, óbito no período neonatal (a qual assumiu o valor 1) ou não (valor zero). As razões das chances obtidas, com seus respectivos intervalos de confiança de 95%, têm a seguinte interpretação: se a covariável x1 é uma variável indicadora de idade da mãe 10 a 14 anos, os resultados obtidos representam a chance de óbito neonatal dado que o recémnascido era filho de uma mãe de 10 a 14 anos, versus a chance de óbito neonatal dado que a idade da mãe é 25 a 29 anos (categoria de referência). 3. RESULTADOS 3.1. RESULTADOS DO RELACIONAMENTO PROBABILÍSTICO DE REGISTRO E SELEÇÃO DOS MELHORES PARES Com os melhores pares obtidos, quatro bancos de dados foram gerados. O primeiro, no caso de Santa Catarina, consistiu de 97.000 DNs que não foram pareadas com qualquer DO e consistiu também de 822 DOs que foram pareadas univocamente com uma DN. No caso do Rio Grande do Norte, estes resultados foram de 56.051 e 563, respectivamente. O segundo banco de dados foi formado pelas mesmas 97.000 DNs que não foram pareadas, no caso de Santa Catarina, além de todos os melhores pares obtidos. Alguns destes melhores pares constaram de DOs com relação unívoca com uma DN, mas para outras DOs esta relação não foi encontrada. Ou seja, tratou-se de 822 DOs com um único nascimento e de 130 DOs com múltiplas DNs pareadas (total de 1829 DNs para as 952 DOs). Estes valores foram de 563 DOs com uma única DN e 219 DOs para 1319 DNs (total de 1882 DNs para as 782 DOs), no caso do Rio Grande do Norte. A distribuição das DOs, segundo o número de DNs a eles pareados encontra-se na Tabela 2. Tabela 2 Distribuição de DOs, de acordo com o número de DNs pareadas. 242 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 233 - 250, 2006

C OMO PODEM SER ANALISADOS DADOS PAREADOS DE FORMA PROBABILÍSTICA NA PRESENÇA DE INCERTEZA? UM EXERCÍCIO CONTRASTANDO QUATRO PROCEDIMENTOS Como se observa, a maior parte das DOs foram pareadas de forma unívoca, nos dois estados, mas no Rio Grande do Norte esta proporção foi inferior à de Santa Catarina (72% e 86,3%, respectivamente). E, em comparação à Santa Catarina, o Rio Grande do Norte teve sempre um número e uma proporção maior de DOs pareados com duas ou mais DNs. Assim, em média, os pares formados em Santa Catarina receberam um peso maior na análise do que os pares formados no Rio Grande do Norte. Cabe observar que houve pares formados excluídos nos dois estados. Oito pares formados foram excluídos em cada banco de dados devido ao fato de que uma única DN se havia pareado com mais de uma DO. O terceiro conjunto de banco de dados consistiu, no caso de Santa Catarina, das 97.000 DNs que não se parearam com quaisquer DOs, dos 822 registros de óbitos pareados univocamente, e das 130 DOs para as quais foi feita uma seleção aleatória de um único nascimento. Repetiu-se o experimento 99 vezes e 100 bancos de dados foram gerados, com 97.952 registros cada. No caso do Rio Grande do Norte, os arquivos consistiram dos 56.051 DNs não-pareadas, além das 563 DOs pareadas univocamente e, adicionalmente, das 219 DOs para as quais foi selecionada de forma aleatória uma DN, ou seja, arquivos com 56.833 registros cada. O quarto conjunto de dados foi o utilizado no caso ponderado, mas não se ponderaram os pares formados de acordo com o grau de certeza. Assim, no caso de Santa Catarina, todos os 98.829 registros contribuíram igualmente para a análise e, no caso do Rio Grande do Norte, todos os 57.933 registros também contribuíram igualmente para a análise. 3.2. DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS DE IDADES DA MÃE EM CADA BANCO DE DADOS A distribuição das DNs para recém-nascidos que não faleceram no período neonatal (ou seja, para o qual não houve qualquer DO relacionada), por grupos de idade da mãe, é a mesma em todos os bancos de dados, para cada estado. A diferença foi encontrada na distribuição daqueles que faleceram, uma vez que a definição de quem faleceu ou não variou segundo procedimentos diferentes. Na Tabela 3 nota-se que 0,6% das DNs de recém-nascidos cujas mães tinham idades de 10 a 14 anos não foram pareadas com quaisquer DOs. Esta percentagem foi sempre inferior à percentagem relativa aos recém-nascidos considerados pareados, por qualquer método. Este fenômeno também foi observado no caso de recém-nascidos cujas mães tinham de 15 a 19 anos e acima de 34 anos, além daqueles para os quais a informação sobre a idade da mãe era não-declarada. No caso dos recém-nascidos do Rio Grande do Norte (Tabela 4), pareados por qualquer procedimento, observa-se que apenas no caso de recém-nascidos cujas mães tinham idades entre 15 a 19 anos, e para aqueles cujas mães não possuíam idade declarada, as percentagens foram superiores relativamente aos não-pareados. C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 233 - 250, 2006 – 243

C OMO PODEM SER ANALISADOS DADOS PAREADOS DE FORMA PROBABILÍSTICA<br />

NA PRESENÇA DE INCERTEZA? UM EXERCÍCIO CONTRASTANDO QUATRO PROCEDIMENTOS<br />

<strong>Como</strong> se ob<strong>ser</strong>va, a maior parte das DOs foram pareadas <strong>de</strong> forma unívoca,<br />

nos dois estados, mas no Rio Gran<strong>de</strong> do Norte esta proporção foi inferior à <strong>de</strong><br />

Santa Catarina (72% e 86,3%, respectivamente). E, em comparação à Santa<br />

Catarina, o Rio Gran<strong>de</strong> do Norte teve sempre um número e uma proporção<br />

maior <strong>de</strong> DOs <strong>pareados</strong> com duas ou mais DNs. Assim, em média, os pares formados<br />

em Santa Catarina receberam um peso maior na análise do que os pares formados no<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Norte. Cabe ob<strong>ser</strong>var que houve pares formados excluídos nos<br />

dois estados. Oito pares formados foram excluídos em cada banco <strong>de</strong> <strong>dados</strong><br />

<strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> que uma única DN se havia pareado com mais <strong>de</strong> uma DO.<br />

O terceiro conjunto <strong>de</strong> banco <strong>de</strong> <strong>dados</strong> consistiu, no caso <strong>de</strong> Santa Catarina,<br />

das 97.000 DNs que não se parearam com quaisquer DOs, dos 822 registros <strong>de</strong><br />

óbitos <strong>pareados</strong> univocamente, e das 130 DOs para as quais foi feita uma seleção<br />

aleatória <strong>de</strong> um único nascimento. Repetiu-se o experimento 99 vezes e 100 bancos<br />

<strong>de</strong> <strong>dados</strong> foram gerados, com 97.952 registros cada. No caso do Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Norte, os arquivos consistiram dos 56.051 DNs não-pareadas, além das 563<br />

DOs pareadas univocamente e, adicionalmente, das 219 DOs para as quais foi<br />

selecionada <strong>de</strong> forma aleatória uma DN, ou seja, arquivos com 56.833 registros cada.<br />

O quarto conjunto <strong>de</strong> <strong>dados</strong> foi o utilizado no caso pon<strong>de</strong>rado, mas não se<br />

pon<strong>de</strong>raram os pares formados <strong>de</strong> acordo com o grau <strong>de</strong> certeza. Assim, no caso<br />

<strong>de</strong> Santa Catarina, todos os 98.829 registros contribuíram igualmente para a<br />

análise e, no caso do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, todos os 57.933 registros também<br />

contribuíram igualmente para a análise.<br />

3.2. DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS DE IDADES DA MÃE EM CADA BANCO DE DADOS<br />

A distribuição das DNs para recém-nascidos que não faleceram no período<br />

neonatal (ou seja, para o qual não houve qualquer DO relacionada), por grupos<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> da mãe, é a mesma em todos os bancos <strong>de</strong> <strong>dados</strong>, para cada estado.<br />

A diferença foi encontrada na distribuição daqueles que faleceram, uma vez que<br />

a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> quem faleceu ou não variou segundo procedimentos diferentes.<br />

Na Tabela 3 nota-se que 0,6% das DNs <strong>de</strong> recém-nascidos cujas mães tinham<br />

ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 10 a 14 anos não foram pareadas com quaisquer DOs. Esta percentagem<br />

foi sempre inferior à percentagem relativa aos recém-nascidos consi<strong>de</strong>rados<br />

<strong>pareados</strong>, por qualquer método. Este fenômeno também foi ob<strong>ser</strong>vado no<br />

caso <strong>de</strong> recém-nascidos cujas mães tinham <strong>de</strong> 15 a 19 anos e acima <strong>de</strong> 34 anos,<br />

além daqueles para os quais a informação sobre a ida<strong>de</strong> da mãe era não-<strong>de</strong>clarada.<br />

No caso dos recém-nascidos do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte (Tabela 4), <strong>pareados</strong> por<br />

qualquer procedimento, ob<strong>ser</strong>va-se que apenas no caso <strong>de</strong> recém-nascidos cujas<br />

mães tinham ida<strong>de</strong>s entre 15 a 19 anos, e para aqueles cujas mães não possuíam<br />

ida<strong>de</strong> <strong>de</strong>clarada, as percentagens foram superiores relativamente aos não-<strong>pareados</strong>.<br />

C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 233 - 250, 2006 – 243

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