Habitação: um grande desafio - Claudio Di Mauro
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principalmente ao valor contratado – alguns referentes ao valor do<br />
terreno e outros com valor de terreno e material de construção.<br />
5.2.1 Materiais de construção<br />
No início do Projeto, a construção de casas populares era realizada no<br />
sistema trava-blocos pelo próprio beneficiário e sua família, onde a<br />
Prefeitura fornecia os blocos que eram produzidos na FACUA –<br />
Fábrica de Artefatos de Cimento e Usina de Asfalto do município –<br />
com mão de obra de presos da Cadeia Pública Local.<br />
O sistema construtivo através dos blocos travados não teve boa<br />
aceitação pela população, pois os blocos oferecidos pela Prefeitura<br />
não possuíam <strong>um</strong> controle de qualidade. Assim, a ausência de<br />
padronização dos blocos e a falta de orientação técnica necessária<br />
para a construção inviabilizaram este sistema.<br />
Para substituir o sistema trava-blocos do Projeto, a Prefeitura passou<br />
a fornecer materiais para <strong>um</strong> padrão convencional de construção. Nas<br />
duas modalidades ocorreram vários problemas quanto à qualidade<br />
dos materiais e a forma de distribuição dos mesmos. Muitos materiais<br />
quando chegavam nas mãos dos mutuários apresentavam baixa<br />
qualidade, impossibilitando sua utilização na obra. O caso mais<br />
conhecido foi o fornecimento de telhas de barro, que apresentaram<br />
problemas de durabilidade e impermeabilização nos primeiros meses<br />
de uso.<br />
Quanto à distribuição dos materiais não havia <strong>um</strong> controle rigoroso o<br />
que resultou em <strong>grande</strong>s injustiças para os mutuários. Alguns<br />
receberam mais materiais do que o necessário para a execução do<br />
projeto de construção, mas muitos receberam <strong>um</strong>a cesta básica<br />
incompleta, ou nem chegaram a receber os materiais.<br />
Como tentativa de minimizar o problema, em 1996 a Prefeitura<br />
passou a abater o valor das prestações contidas nos contratos a<br />
partir do valor de notas fiscais de materiais de construção adquiridos<br />
pelos próprios mutuários. Com essa medida, os mutuários deixaram<br />
de pagar em dinheiro aos cofres públicos, os valores referentes aos<br />
contratos.<br />
Após várias denúncias contra o Projeto, o Ministério Público do Estado<br />
de São Paulo apurou no início de 1997 vários atos de irregularidades<br />
e ilegalidades, tendo como réus o Prefeito Municipal, o Secretário da<br />
Habitação e o Coordenador da Facua na gestão de 1993 a 1996.<br />
Foi apurado que <strong>grande</strong> quantidade de material comprado pela<br />
Prefeitura não foi utilizada no Projeto. A maior perda patrimonial<br />
ocorreu com os itens cimento e telhas de cerâmica. Segundo<br />
levantamento da Promotoria, ocorreu violação contra o patrimônio<br />
público, posto que o total de material adquirido pela municipalidade<br />
seria suficiente para construir muito mais unidades habitacionais do<br />
que as efetivamente concluídas no período.<br />
5.2.2 Legalidade dos loteamentos