Sensores e Transdutores - conceitos e tipos (pdf)
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SENSORES, TRANSDUTORES E DETECTORES<br />
PROF. IJAR M. FONSECA<br />
UNIV. SÃO JUDAS<br />
1. INTRODUÇÃO<br />
A tecnologia de sensores diz respeito a duas atividades que retroage à<br />
civilização dos antigos egipcios: medição e processamento de informação. No<br />
antigo Egito so foi possível organizar a agricultura e a necessária irrigação das<br />
terras, quando as pessoas desenvolveram a habilidade de medir áreas das<br />
terras e o volume das águas. Mais tarde os egipcios desenvolveram a<br />
habilidade de processar os números produzidos pela medição, isto é, a<br />
matemática que trouxe a tona novas dimensões para a forma de explorar os<br />
números.<br />
<strong>Transdutores</strong> ou sensores representam a componente sensorial dos<br />
sistemas de medição, que pertencem a um campo tecnológico mais amplo<br />
chamado instrumentação. A medição é o processo de associar números a<br />
entidades e eventos no mundo real. A tarefa de selecionar e usar instrumentos<br />
é geralmente referida como Engenharia de Medição. O processo de sensorial é<br />
chamado transdução. A instrumentação desempenha um papel vital no nosso<br />
mundo tecnológico atual. Em nossa tecnologia em expansão mais e mais<br />
tarefas de natureza experimental desafiam cientistas quando estes,<br />
enfrentando ambientes excepcionais, buscam atingir altos níveis de energia e<br />
operações automáticas mais seguras, mais rápidas, mais silenciosas,<br />
confiáveis e eficientes. O vôo do Space Shuttle, visto por milhões de pessoas à<br />
distância, constitui um exemplo de um projeto experimental envolvendo<br />
multiplicidade de instrumentos e computadores. A instrumentação<br />
desempenha um papel importante na criação, construção e operação de<br />
carros modernos eficientes em termos de combustíveis. A redução das<br />
dimensões das estruturas, a melhora da milhagem e a redução dos níveis de<br />
poluição involve muitos testes com instrumentos. Carros modernos são agora<br />
no mínimo parcialmente montados com a utilização de robôs comandados por<br />
computadores, envolvendo instrumentados sistemas de controle com<br />
realimentação (feedback control sistems). Quando tais carros estão<br />
funcionando computadores e sensores de bordo ajustam automaticamente os<br />
controles para um desempenho ótimo e economia de combustível. Para manter<br />
o suprimento de combustível de tais carros a exploração de instrumentação<br />
baseada nos carros e o refinamento de processos envolve muitos sensores.<br />
2. CONCEITOS BÁSICOS<br />
• Transdutor: Segundo Seippel 1 um transdutor é um dispositivo que<br />
converte uma forma de energia ou quantidade física em outra. Não há<br />
completa concordância em relação a esta definição. Embora autoridades<br />
no assunto insistam que o termo transdutor deva ser aplicado apenas para<br />
o dispositivo que transforma um tipo de energia ou quantidade física em<br />
outra, existem outras definições de uso corrente. Observem a definição de<br />
Brignell e White 2 : Os transdutores dividem-se em duas subconjuntos,
sensores fornecem informações de entradas em nosso sistema a partir do<br />
mundo externo e atuadores que executam ações de saída para o mundo<br />
externo. Notem que por esta definição sensores são transdutores cuja ação<br />
é dar entradas do mundo externo para o sistema. Surge ainda o termo<br />
atuador responsável pelas açoes de saída do sistema para o mundo<br />
externo. Esta definição é bastante apropriada para sistemas de controle.<br />
Para Brignell e White 2 detectores são definidos como sensores binários.<br />
Ogata 3 apresenta uma definição em termos de sinais de entrada e saída de<br />
um sistema, ou seja, um transdutor é um dispositivo que converte um<br />
sinal de entrada em um sinal de saída de outra forma. Note que esta<br />
definição lembra transformação de energia ou de quantidade física, como<br />
dada por Seippel 1 mas também lembra a definição apresentada por Brignell<br />
e White 2 no sentido de que os trandutores estão associados à entrada e<br />
saída de sistemas de controle. Ogata 1 estende um pouco mais a discussão<br />
sobre os transdutores, classificando-os como<br />
• <strong>Transdutores</strong> analógicos: são transdutores nos quais os sinais de<br />
entrada e saída são funções contínuas do tempo. As amplitudes dos<br />
sinais podem assumir quaisquer valores dentro das limitações físicas do<br />
sistema.<br />
• <strong>Transdutores</strong> a dados amostrados: são transdutores nos quais os sinais<br />
e saída ocorrem apenas em instantes discretos de tempo, normalmente<br />
periódicos. As amplitudes do sinal são não-quantizáveis.<br />
• <strong>Transdutores</strong> digitais: são aqueles nos quais nos quais os sinais de<br />
entrada e saída são discretos e a amplitude dos mesmos são<br />
quantificáveis, ou seja, podem assumir apenas certos valores discretos.<br />
• <strong>Transdutores</strong> analógico-digital: são transdutores nos quais o sinal de<br />
entrada é uma função contínua do tempo e o sinal de saída é um sinal<br />
quantizável que pode assumir apenas certos valores discretos.<br />
• <strong>Transdutores</strong> digital-analógico: são aqueles nos quais o sinal de entrada<br />
é um sinal quantizado e o sinal de saída é uma funçào contínua do<br />
tempo.<br />
• Quantização: É conveniente introduzir aqui o conceito de quantização para<br />
tornarem mais clara as<br />
definições acima sobre<br />
transdutores bem como as<br />
y=Q(x)<br />
definições de sinais a serem<br />
apresentadas. A inclusão de um<br />
h i<br />
computador digital em um<br />
sistema analógico produz sinais<br />
de forma digital (normalmente<br />
0<br />
x<br />
como números binários). O<br />
sistema então toma a forma de<br />
uma combinação digitalanalógica.<br />
A conversão de um<br />
sinal analógico para um sinal<br />
digital é uma aproximação<br />
Fig. 1: Curva mostrando quantização<br />
porque o sinal analógico pode<br />
assumir um número infinito de
valores ao passo que a variedade de diferentes números que podem resultar<br />
de um conjuntos finitos de dígitos é limitada. Este processo de aproximação é<br />
denominado quantização. O processo de quantização é ilustrado na Fig. 1. A<br />
gama de amplitudes de entrada é dividida em um número finitos de entradas<br />
disjuntas h I (não necessariamente iguais). Todas as amplitudes caindo dentro<br />
de um determinado intervalo são equacionadas a um valor único dentro do<br />
intervalo. Este valor único é uma aproximação digital para as amplitudes do<br />
sinal de entrada analógico. Portanto se x é uma entrada analógica, a saída<br />
digigal é dada por y=Q(x), onde Q é uma função de quantizaçao. Considere<br />
agora a Fig. 2. A função x(t) é uma função discreta. Compare com a Fig. 3, onde<br />
se tem a função quantizada. Compare com a Fig. 4 onde se tem a função<br />
quantizada de tempo discreto (Ogata 3 ).<br />
x(t)<br />
Fig. 2: Função discreta<br />
t<br />
x(t)<br />
Fig. 3: Função quantizada<br />
t<br />
x(t)<br />
Fig. 4: Função quantizada de tempo discreto<br />
t
• <strong>Sensores</strong>: Segundo Seippel 1 são dispositivos usados para detetar, medir<br />
ou gravar fenômenos físicos tais como calor, radiação etc, e que responde<br />
transmitindo informação, iniciando mudanças ou operando controles.<br />
Considerem agora outra definição de sensores 5 : “São dispositivos que<br />
mudam seu comportamento sob a ação de uma grandeza física, podendo<br />
fornecer diretamente ou indiretamente um sinal que indica esta grandeza.<br />
Quando operam diretamente, convertendo uma forma de energia em outra,<br />
são chamados transdutores. Os de operação indireta alteram suas<br />
propriedades, como a resistência, a capacitância ou a indutância, sob ação<br />
de uma grandeza, de forma mais ou menos proporcional. O sinal de um<br />
sensor pode ser usado para detectar e corrigir desvios em sistemas de<br />
controle, e nos instrumentos de medição, que freqüentemente estão<br />
associados aos SC de malha aberta (não automáticos), orientando o<br />
usuário.<br />
• Características dos sensores<br />
Linearidade: É o grau de proporcionalidade entre o sinal gerado e a<br />
grandeza física. Quanto maior, mais fiel é a resposta do sensor ao<br />
estímulo. Os sensores mais usados são os mais lineares, conferindo<br />
mais precisão ao SC. Os sensores não lineares são usados em faixas<br />
limitadas, em que os desvios são aceitáveis, ou com adaptadores<br />
especiais, que corrigem o sinal.<br />
• Faixa de atuação: É o intervalo de valores da grandeza em que pode ser<br />
usado o sensor, sem destruição ou imprecisão. Porem os sensores se<br />
dividem em varios <strong>tipos</strong> como veremos mais tarde.<br />
• Detetores: Segundo Seppel 1 detetores são dispositivos usados para sentir<br />
a presença de alguma coisa tal como calor, radiação ou outro fenômento<br />
físico.<br />
Nota-se que qualquer diferença nas definições de Seipel 1 é muito tênue.<br />
• Sinal: geralmente é qualquer quantidade que pode ser representada como<br />
uma função do tempo. Mais estritamente, funções do tempo tais como<br />
excitação e resposta, também denominadas entrada e saídas, são<br />
chamadas sinais na teoria de sistemas (Meirovitch 4 ).<br />
• Sinais de tempo contínuo: são sinais nos quais o tempo é uma<br />
variável contínua.<br />
• Sinais de tempo discreto: são sinais nos quais o tempo é uma<br />
variável discreta, normalmente assumindo valores periódicos.<br />
• Sinais analógicos: são sinais cuja amplitude não é restrita,<br />
podendo assumir quaisquer valores.<br />
• Sinais digitais: são sinais cuja amplitude é restrita a uma classe<br />
de valores.<br />
Um computador digital só aceita sinais digitais, geralmente codificados na forma<br />
binária. Portanto para utilizar o computador digital é necessário mudar o formato<br />
dos sinais de analógico discreto para digital discreto. Isto é feito através de<br />
conversores de sinais. Temos os conversores analógico-para-digital denotado
simbólicamente por conversores A/D, e os coversores digital-para-analógico,<br />
respresentados por D/A utilizados para fazer a conversão de volta, isto é, de<br />
digital para analógico.<br />
• Servomecanismos: São sistemas de controle com realimentação nos quais as<br />
saídas são posições mecânicas, velocidades ou acelerações. Portanto<br />
servomecanismo e sistema de controle de posição (velocidade ou aceleração)<br />
são sinônimos.<br />
• Função de Transferência: Em teoria de controle a função de transferência se<br />
refere a relação entre a saída e a entrada dos sistemas.<br />
Input<br />
G(s)<br />
output<br />
Fig. 5: Diagrama de bloco mostrando a função de<br />
transferência<br />
Considere a equação que se segue<br />
J & 2<br />
θ& ( t)<br />
= T ( t)<br />
A transformada de Laplace é Js Θ(<br />
s)<br />
= T(<br />
s)<br />
A função de transferência é:<br />
Θ(<br />
s)<br />
G ( s)<br />
= =<br />
T(<br />
s)<br />
1<br />
2<br />
Js
3. FUNÇÕES DE MEDIÇÃO<br />
Como dissemos as funções de transdutores/sensores estão envolvidas em<br />
processos de medição e controle. Considere as figuras que se seguem<br />
2<br />
2<br />
1<br />
3<br />
1<br />
3<br />
4<br />
4<br />
Indicador<br />
Sensor<br />
Sensor<br />
Extensão<br />
Indicador<br />
a.<br />
b.<br />
2<br />
1<br />
3<br />
c.<br />
4<br />
Sensor<br />
Transdutor<br />
Extensão<br />
Indicador<br />
Condicionador de<br />
sinal<br />
2<br />
1<br />
3<br />
d.<br />
4<br />
Fio elétrico<br />
Transdutor<br />
Sensor<br />
Fig. 6: Funções de Medição<br />
Indicador
Na figura 6.a o sensor está fixado diretamente a um indicador. Este é o sistema de<br />
medição mais básico. O sensor atua como um dispositivo sensor e ao mesmo<br />
tempo condutor para o indicador.<br />
Na figura 6.b o sensor responde a alguma quantidade física tal comocalor, por<br />
exemplo. Um fio feito do mesmo material que o sensor, faz a ligação com o<br />
indicador. O apontador do indicador responde a mudança na quantidade física<br />
“sentida” pelo sensor.<br />
Na figura 6.c um transdutor é usado além do fio de extensão. O sensor responde a<br />
mesma quantidade física. Esta resposta é acoplada a um transdutor compatível<br />
que converte o sinal do sensor em um sinal elétrico. O sinal elétrico é transmitido<br />
via fio para o apontador do indicador. O apontador responde à mudança na<br />
quantidade física sentida pelo sensor.<br />
Um sistema mais complexo é mostrado na figura 6.d. Neste sistema um<br />
condicionador de sinal é usado. O sensor responde à mesma excitação física. A<br />
resposta é acoplada a um transtudor compatível que converte o sinal do sensor<br />
para um sinal elétrico. Este é transmitido via fio a um condicionador cuja função é<br />
modificar o sinal para o mostrador. O sinal modificado é transmitido uma vez mais<br />
via fio para leitura no mostrador (display).<br />
As ilustrações acima fornecem a base para a organização de um sistema de<br />
medição.