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POBREZA INFANTIL E DISPARIDADES EM MOÇAMBIQUE 2010<br />
pessoal qualificado, tais como magistrados,<br />
procuradores gerais e escrivães. Mais<br />
obstáculos verificados foram a acumulação<br />
de processos nas várias secções, a falta<br />
de equipamentos e infra-estrutura (apenas<br />
estão cobertas neste momento capitais<br />
provinciais e pouco mais de metade das<br />
capitais de distrito) e a falta de advogados<br />
disponíveis para representar as crianças<br />
acusadas de crime, especialmente fora<br />
da Cidade de Maputo. Esses importantes<br />
obstáculos no sistema de justiça impedem<br />
os tribunais de satisfazer os crescentes<br />
pedidos de guarda, bem como outras<br />
questões de justiça juvenil e contribuem<br />
para um atraso cada vez maior de casos<br />
pendentes.<br />
Embora a capacidade dos sistemas<br />
de justiça para prevenir e responder a<br />
diferentes formas de violência, abuso e<br />
exploração tenha sido reforçada, a resposta<br />
global continua a ser fragmentada, reactiva,<br />
fraca e insuficiente. É urgentemente<br />
necessária uma melhoria da capacidade<br />
dos Ministérios da Justiça e do Interior para<br />
proporcionar a devida atenção e protecção<br />
às vítimas de violência, abuso e exploração.<br />
A capacidade dos sectores de acção social,<br />
do interior e de justiça para prevenir e<br />
responder a casos de violência contra<br />
as crianças, tanto a nível nacional como<br />
provincial também tem de ser reforçada<br />
através de recolha de dados, monitoria e<br />
mecanismos de apresentação de relatórios a<br />
todos os níveis.<br />
Em termos de capacidade neste domínio<br />
falta também um banco de dados<br />
nacional sobre violência e abuso sexual. O<br />
desenvolvimento de um sistema nacional<br />
eficaz aumentaria consideravelmente a<br />
capacidade do Governo para registar,<br />
acompanhar, avaliar e responder a padrões<br />
de abuso e violência. Esse desenvolvimento<br />
seria especialmente útil para ministérioschave<br />
como o Ministério do Interior<br />
(para notificação de casos criminais),<br />
o Ministério da Mulher e Acção Social<br />
(para aos assistentes sociais fornecerem<br />
informações sobre casos de género), e o<br />
Ministério da Educação (para notificação<br />
de incidentes em escolas), bem como para<br />
reforçar a capacidade das comunidades para<br />
prevenirem e responderem à violência nas<br />
famílias ou na rua. As observações finais do<br />
Comité dos Direitos da Criança ao relatório<br />
periódico de Moçambique reconhecem que<br />
o reforço da base de evidências sobre a<br />
protecção das crianças no sector da justiça<br />
é fundamental, sobretudo para se garantir<br />
que se usem os dados para melhorar as leis,<br />
políticas e práticas. 55<br />
Outro grande desafio para o sector da justiça<br />
é a necessidade de se coordenar, dinamizar<br />
e maximizar o impacto do desenvolvimento<br />
de capacidades e esforços de sensibilização<br />
por uma grande variedade de partes<br />
interessadas. Doadores, organizações nãogovernamentais<br />
e agências das NU estão<br />
a definir como alvo juízes, funcionários<br />
judiciais, agentes prisionais e policiais,<br />
tanto a nível nacional como comunitário. No<br />
entanto, o Governo não estabeleceu padrões<br />
para materiais de formação e mensagens<br />
de sensibilização, e não existe uma<br />
abordagem sistemática e coordenada para<br />
a formação e sensibilização. Para melhor<br />
institucionalizar os esforços de capacitação,<br />
tanto o Ministério da Justiça como o<br />
Ministério do Interior têm vindo a integrar<br />
módulos de formação que descrevem<br />
pormenorizadamente como proteger os<br />
direitos das crianças na qualidade de<br />
vítimas, testemunhas e infractoras no<br />
sistema de justiça criminal nos manuais<br />
de formação utilizados pelo Instituto de<br />
Formação Jurídica e Judiciária nacional e<br />
pela academia nacional da polícia, dando por<br />
esse meio uma atenção sistémica a questões<br />
de protecção infantil.<br />
Apesar das limitações acima mencionadas,<br />
registaram-se melhorias, nomeadamente<br />
no âmbito dos tribunais e do Ministério<br />
Público. De acordo com o segundo Plano<br />
Estratégico Integrado do Sector da Justiça<br />
(Plano Estratégico Integrado II) um total de<br />
1.173 pessoas formaram-se nas diferentes<br />
faculdades de direito no país desde 2000.<br />
Desde que o Centro de Formação Jurídica<br />
e Judiciária iniciou suas actividades em<br />
2001, cerca de 136 juízes e procuradores,<br />
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