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POBREZA INFANTIL E DISPARIDADES EM MOÇAMBIQUE 2010<br />
espancada pelo marido. A análise revelou<br />
que as mulheres com ensino secundário<br />
ou superior são muito menos propensas<br />
a considerar aceitável bater na mulher do<br />
que mulheres sem qualquer instrução. Ter<br />
o ensino primário, no entanto, não parece<br />
influenciar as atitudes das mulheres. A<br />
riqueza é estatisticamente relacionada com<br />
a protecção das mulheres apenas em níveis<br />
muito elevados (ver Figura 5.3), que muito<br />
poucos agregados familiares alcançam.<br />
Dados os enormes desafios na promoção<br />
da riqueza da mulher a este nível, promover<br />
o acesso à educação pode ser a resposta<br />
política mais viável para corresponder à<br />
atitude das mulheres para com a violência<br />
doméstica.<br />
O modelo não apresenta diferenças<br />
estatisticamente fiáveis nas atitudes para<br />
com a violência doméstica de mulheres em<br />
relações poligâmicas versus monogâmicas.<br />
O mesmo acontece com a idade das<br />
mulheres, ou a diferença de idades entre<br />
marido e mulher. Em termos de geografia,<br />
todas as mulheres que vivem em províncias<br />
que não Maputo (especialmente no norte)<br />
têm uma maior probabilidade de aceitar a<br />
violência, não parecendo haver diferença de<br />
atitudes entre as mulheres rurais e urbanas.<br />
Quebrar a cultura do silêncio sobre o abuso<br />
de crianças e mulheres exige um diálogo<br />
aberto, uma maior sensibilização e sistemas<br />
externos de protecção para intervir quando<br />
se identificam casos de abuso. Não é fácil<br />
fazê-lo onde a violência baseada no género<br />
e o abuso sexual, especialmente de crianças,<br />
são admitidos por algumas comunidades<br />
e indivíduos. Apesar dos progressos<br />
realizados no reforço do Governo e no<br />
desenvolvimento de um quadro jurídico e<br />
político para proteger as crianças contra a<br />
violência, o abuso e exploração, a limitada<br />
capacidade do Governo para fazer cumprir<br />
essas leis e o pouco conhecimento dos<br />
membros da comunidade sobre as questões<br />
permite que essas práticas continuem<br />
inabaláveis. Além disso, é frequente<br />
prevalecer o direito consuetudinário em<br />
muitas áreas rurais do país, particularmente<br />
no que respeita a casamento e herança.<br />
Enfrentar as convenções e normas sociais<br />
que contribuem para a violência, a<br />
exploração e o abuso é o primeiro passo<br />
para travar tais práticas em Moçambique.<br />
3.3. Exploração e abuso sexual<br />
comercial<br />
Embora os dados sejam extremamente<br />
limitados, há evidências de que ocorre em<br />
Moçambique exploração e abuso sexual<br />
de crianças. As crianças são muitas vezes<br />
forçadas a participar em actos sexuais<br />
comerciais para obter ajuda de adultos<br />
para fazer face às suas despesas ou<br />
como estratégia para enfrentar pobreza<br />
extrema. As vítimas de exploração sexual<br />
comercial são geralmente pobres e<br />
sofreram anteriormente algum grau de<br />
violência ou abuso. Embora a exploração<br />
sexual comercial se verifique com rapazes<br />
e raparigas, estas são consideradas mais<br />
comummente vítimas. Um estudo também<br />
mostra que a pressão de pares é um factor<br />
importante na introdução de meninas na<br />
indústria de exploração sexual comercial<br />
infantil. 14 Esse mesmo estudo constatou que<br />
as meninas que são vítimas de exploração<br />
sexual correm um risco acrescido por<br />
praticarem sexo sem preservativo para<br />
maiores benefícios económicos. Muitas<br />
crianças que são exploradas em sexo<br />
comercial servem-se da droga para lidar<br />
com a situação, o que também afecta o<br />
uso do preservativo. 15 Os perpetradores de<br />
exploração comercial de crianças provêm<br />
de todas as esferas da vida: membros da<br />
comunidade local, turistas nacionais e<br />
estrangeiros em resorts de Moçambique<br />
e motoristas de transportes em centros<br />
populacionais por onde passam as principais<br />
estradas.<br />
3.4. Tráfico de crianças e<br />
migração<br />
Num relatório publicado em 2002/03<br />
pela Organização Internacional para<br />
as Migrações (OIM), foi estimado que<br />
aproximadamente mil crianças e mulheres<br />
são traficadas anualmente para a África<br />
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