19.11.2014 Views

a relação entre arte e arqueologia no final do século XIX no - CBHA

a relação entre arte e arqueologia no final do século XIX no - CBHA

a relação entre arte e arqueologia no final do século XIX no - CBHA

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

‘Arquivos escritos em barro’: a <strong>relação</strong> <strong>entre</strong> <strong>arte</strong> e <strong>arqueologia</strong> <strong>no</strong> <strong>final</strong> <strong>do</strong> <strong>século</strong> <strong>XIX</strong> <strong>no</strong> Brasil - Claudia Valladão de Mattos<br />

mão de imagens para desenvolver uma <strong>no</strong>va <strong>arqueologia</strong><br />

“científica” na Amazônia. D<strong>entre</strong> os objetivos de sua gestão<br />

estava o desenvolvimento de uma <strong>arqueologia</strong> indígena que<br />

permitisse superar a “visão embrionária” sobre as culturas<br />

autóctones <strong>do</strong> Brasil formadas a partir de “mero aglomera<strong>do</strong><br />

fragmentário, debaixo <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> cego acaso.” 1 Em 1895<br />

ele organizou uma primeira expedição para o litoral <strong>no</strong>rte<br />

<strong>do</strong> Amapá, à qual seguiram outras três, cujo objetivo era<br />

levantar material para uma “análise científica” <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>.<br />

Além de coletar uma grande quantidade de material, Goeldi<br />

realizou, com a ajuda de fotógrafos e grava<strong>do</strong>res, uma<br />

série de pranchas que ordenava visualmente o material<br />

coleta<strong>do</strong>, usan<strong>do</strong> critérios formais e estéticos. Com<br />

esse processo, Goeldi propôs <strong>no</strong>vamente um méto<strong>do</strong> de<br />

dedução de informações sobre a cultura indígena a partir<br />

de sua cultura material, ainda que com <strong>no</strong>vos colori<strong>do</strong>s,<br />

quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> aos argumentos visuais usa<strong>do</strong>s por seu<br />

antecessor, Barbosa Rodrigues. Diria Goeldi:<br />

[...] visto que, em longo prazo, a maior p<strong>arte</strong> <strong>do</strong> inventário<br />

costumeiro e sobremaneira simples <strong>do</strong> dia-a-dia <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong>mésticos<br />

indígenas cai vítima da influência destrutiva <strong>do</strong> clima trópico-equatorial,<br />

a pesquisa pré-histórica (...) fica resumida em essência à leitura <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>cumentos em forma de barro e pedra. 2<br />

No presente artigo, gostaria de traçar um breve<br />

apanha<strong>do</strong> da história da <strong>arqueologia</strong> <strong>no</strong> <strong>século</strong> <strong>XIX</strong> <strong>no</strong><br />

1<br />

Goeldi, Emilio, cita<strong>do</strong> em Lúcio Menezes Ferreira, “Ordenar o Caos: Emilio Goeldii e a<br />

<strong>arqueologia</strong> amazônica”, in: Boletim <strong>do</strong> Museu Paraense Emilio Goeldi, v.4, jan/abril de<br />

2009, os. 73-74.<br />

2<br />

Goeldi, Emilio, “Urnas funerárias de povos indígenas extintos e curiosos í<strong>do</strong>los de barro<br />

e pedra da região amazônica”, in: Boletim <strong>do</strong> Museu Paraense Emilio Goeldi, op.cit.,<br />

p.105.<br />

211

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!