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A marca como ideal de vida - Daniel Raposo

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A <strong>marca</strong> c omo id eal <strong>de</strong> <strong>vida</strong><br />

RAPOSO, <strong>Daniel</strong><br />

Douto rand o em D esign na F ac ulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> A r quitec tura d a Univ ersida <strong>de</strong> Téc nica d e Lisb o a.<br />

Mes tre em Desig n, Mat eriais e ges tão <strong>de</strong> Produ to .<br />

Pro fesso r e Co o r<strong>de</strong>nad o r <strong>de</strong> Curso <strong>de</strong> Des ign <strong>de</strong> Co mun icação e Pro dução A udio v isual na<br />

Esc o la Su perio r <strong>de</strong> A r tes A p licada s do I nstitu to Po l itécni co <strong>de</strong> Castel o Bran co.<br />

Pal avras- chave: Marca ; Marc a G ráf ica; I <strong>de</strong>ntid a<strong>de</strong> Co rpo rat iva; I magem Co rpo r ativa.<br />

R es umo : E ste ar tigo t rata d e algu ns conceito s funda mentai s para perce ber co mo se<br />

rel acio na a I<strong>de</strong> ntidad e e a I magem Co rpo rativa .<br />

I nt roduçã o<br />

A j uventu <strong>de</strong> da discip lina d o <strong>de</strong>si gn e o fato <strong>de</strong>sta ter su rgido <strong>de</strong> for a para <strong>de</strong>ntr o das<br />

emp resas, contr ariame nte ao marke ting, será u ma das razõe s pela qual o <strong>de</strong>se nvo lvi mento<br />

e g estão da mar ca apa recem no rmal mente <strong>como</strong> c o mpetê ncias <strong>de</strong>ste último . Po ré m,<br />

emb o ra co mo ref ere Wal ly Oli ns (19 95, p. 7) 1 , o termo ima g em corpor at iva su rgiu a penas<br />

na década <strong>de</strong> 19 50 usa do po r “Wal ter Mar g ul ies , chef e d a d istint a con s ul tor i a d e N ova<br />

Yor ke Lip p incot t & Mar g ul ies ”. É <strong>de</strong> c o nheci mento públic o que o prim eiro pro j eto d e<br />

i<strong>de</strong> ntidad e corp o rativ a tal <strong>como</strong> h o j e é entend ido , s urgiu pelas mão s d e Pet er Beh rens e<br />

Ott o N eu rath e m 1908 na A EG , o n<strong>de</strong> <strong>de</strong>sen vo lver am um progra ma com pleto consti tuído<br />

po r proje cto s d e edif ício s, fábri cas, o ficina s, est abelec imento s come rciais , produto s,<br />

lâm padas indust riais, servi ços <strong>de</strong> chá, log o tipo s , cart azes, folhet o s, an úncio s<br />

pub licitá rio s, catálo gos et c., re lacio n ado s p o r um mesmo concei to cor po rati vo .<br />

N a o piniã o <strong>de</strong> J o a n Co st a (200 4, p. 101), o term o “i<strong>de</strong> ntidad e corp o rativ a” ter á sido<br />

cri ado no s Esta do s Un ido s, com ba se em projec to s co mo o d a A EG , mas ado tando uma<br />

per specti va mai s redu to ra, confin ada ap enas a o s asp ecto s gráfic o s, ev entual mente po r se r<br />

mai s fáci l <strong>de</strong> c o merci alizar e ass im se terá g eneral izado .<br />

Err adamen te, me smo o s própr io s <strong>de</strong> signer s tend em a c o nfina r o se u trab alho a penas<br />

ao s aspec to s gr áficos da ma rca, e squece ndo qu e <strong>de</strong>ss a form a apen as res o lvem parte do<br />

pro blema, negan do as suas c apacid a<strong>de</strong>s e respo nsabil ida<strong>de</strong>s enqua nto , i mpo rta ntes p ara o<br />

suc esso d a empr esa e <strong>de</strong> qua lquer <strong>marca</strong>.<br />

Uma <strong>marca</strong> vive so bret udo <strong>de</strong> comun icaçõe s da e mpresa para com o seu pú blico, cuj a<br />

exp eriênc ia <strong>de</strong> uso do produ to o u serviç o <strong>de</strong>ve ser a melho r e a mais d iferen ciado r a<br />

po s sível. A fina l, a m arca c o ntemp o rânea assen ta na so cied a<strong>de</strong> da infor mação e po r isso s ão<br />

1<br />

O L I N S , W a l l y , I m a g e m C o r p o r a t i v a I n t e r n a c i o n a l . B a r c e l o n a : E d i t o r i a l G u s t a v o G i l l i , 1 9 9 5 .


as empres as que têm d e se a daptar a um client e cada vez m ais ex igente , info rmado e com<br />

nec essida <strong>de</strong>s es sencia is sat isfeit as.<br />

N o r berto Chaves refer e que a empr esa co ntempo rânea é um c entro semió t ico<br />

cor po rati vo , em isso r e rece pto r d e mens agens que fo rmam s istema s <strong>de</strong> s igno s (mensa gens<br />

com signi ficado ) que procur am cri ar val o r no serviç o ao c liente . Ou s ej a, d e to do s o s<br />

contato s do cli ente c o m a e mpresa , resu ltam m ensage ns vei culada s prop o sitad amente ,<br />

com o são exempl o s dis curso s verba is o u escrit o s da dir eção , web site, d esdo br áveis, a<br />

mar ca grá fica e o utro s o bj eto s i nstitu cio nai s, mas també m ind iretam ente c o mo o aspect o<br />

do edifíc io , a aparên cia do s empr egado s e a s ua pre stação o u a qualid a<strong>de</strong> do servi ço o u<br />

pro duto . O clie nte re colhe as inf o rmaçõ es dis po níve is <strong>de</strong>p en<strong>de</strong>nd o do s contato s que te m<br />

com a emp resa, produt o e se rviço, <strong>de</strong>c o dific ando a s mens agens po r co mparaç ão com a<br />

concorrên cia e com o nível da sua própr ia exp eriênc ia o u satisf ação . A ssim, forma -se um a<br />

o pi nião o u imag em men tal da <strong>marca</strong> , um m undo s imbóli co construíd o pelo <strong>de</strong>sti natári o<br />

o u client e e qu e po <strong>de</strong> ser c o mum a um gr upo . A grand e ques tão pa ssa a ser co mo controlar<br />

a c o nstru ção do mundo simbó lico col etivo ? E a r espo st a apen as po d e ser: garan tindo que<br />

as mensag ens, dir eta e ind iretam ente t ransmi tidas, <strong>de</strong>vem verba lmente e vis ualmen te ser<br />

coe rentes ao ní vel se mântic o e da retó r ica (a plicaç ão ), p ara qu e a in tenção (<strong>de</strong>sí gnio ) sej a<br />

apr eendid a <strong>de</strong>ss a form a (<strong>de</strong>c o dific ação ).<br />

A ss im, fa lar em image m <strong>de</strong> m arca é refer ir-se em sim ultâne o a du as dim ensõ es<br />

dis tintas mas c o mplem entare s. A i magem corpo r ativa refere -se a uma an álise feita pelos<br />

púb licos, que r esulta <strong>de</strong> to do s o s dado s prove niente s da o rganiz ação ( po <strong>de</strong>nd o dar azo a<br />

dif erente s inte rpreta ções o u imag ens).<br />

Co n fun<strong>de</strong>m -se im agens vis uais (eik o n) co m as i magens men tais o u da ima g inaç ã o<br />

(im ago). “Ima g em gr áfica n ão é i<strong>de</strong>nti d ad e c or p or a tiva, ainda q ue es teja g ener al izad o<br />

c on si<strong>de</strong>r á - l a en q uan to tal … g r afic amente ap enas, não se constr ói a ima g em ne m a id entida<strong>de</strong><br />

c or p or ati va, ma s simp l esmen te a i d entid ad e gr áfica, q ue c on tr ib ui p ar a a constr uç ão d a<br />

ima g em corpor at iva”. ( J o a n Co st a, 200 4.) 2 Re sumida mente, image m <strong>de</strong> m arca o u imag em<br />

2<br />

A f i r m a ç ã o d e J o a n C o s t a p o r e - m a i l e n v i a d o a o a u t o r d o a r t i g o .


cor po rati va diz respe ito a uma o p inião o u ima gem me ntal s ustent ada po r um g rupo<br />

(po <strong>de</strong>m ex istir divers as ima gens d e marc a, <strong>de</strong>p en<strong>de</strong>nd o da p ercepç ão <strong>de</strong> difere ntes<br />

gru po s); é o me smo qu e fala r em r eputaç ão cor po rati va.<br />

Imagem <strong>de</strong> Marca<br />

Imagem visual<br />

Imagem mental<br />

Mundo simbólico colectivo<br />

A i <strong>de</strong>ntid a<strong>de</strong> co rpo rat iva re fere-s e à pe rso nal ida<strong>de</strong> e cult ura da empre sa, à visão<br />

int erna d o sta ff so bre a própri a o rga nizaçã o . A ss im sen do , é fácil compre en<strong>de</strong>r que pa ra<br />

alt erar o po sic io name nto o u revit alizar uma m arca n ão bas ta alt erar o seu c o mpo ne nte<br />

vis ual, m as imp lica r epensa r a pr ó pria forma <strong>de</strong> neg o ciar e <strong>de</strong> t o do o proces so nec essári o a<br />

dis po nibi lizar o produto o u servi ço, po is cad a comp o nente da em presa comuni ca po r si e<br />

contribui para a imag em men tal o u mundo simbó lico col etivo – a ma rca.<br />

F al ar em <strong>marca</strong> não é apenas refer ir-se ao pla no fís ico (o n<strong>de</strong> es tá a m arca g ráfica ) mas<br />

so b retudo ao mu ndo si mbólic o col etivo , <strong>de</strong> pa ssível const rução e reco nstruç ão a c ada<br />

ins tante, <strong>de</strong>pen <strong>de</strong>ndo das me nsagen s que result am da empres a, pro duto o u serv iço. A ssim<br />

sen do , o gran<strong>de</strong> esfor ço das empre sas va i no s entido <strong>de</strong> di spo nib ilizar a mel hor<br />

exp eriênc ia <strong>de</strong> uso po ssível ao cl iente, atrav és <strong>de</strong> argume nto s l ó gicos (qual ida<strong>de</strong> preço,<br />

fun ção et c.) e emo cio nais ( apelo à sens ação , ao pra zer o u sta tus et c.).<br />

A t eoria <strong>de</strong> mo t ivação <strong>de</strong> A br aham Mas low (1 992) r efere que as neces sida<strong>de</strong> s huma nas<br />

o be <strong>de</strong>cem à uma hierar quia o u esca la <strong>de</strong> valore s o n<strong>de</strong> sempr e que uma ne cessid a<strong>de</strong> é<br />

sat isfeit a, apa rece u ma no v a (que <strong>de</strong>ve ser sa tisfei ta) e, quand o não é supr imida, é<br />

sub stituí da o u transf erida (na ba se est ão as necess ida<strong>de</strong>s fisio lógica s e no to po as <strong>de</strong> auto<br />

rea lizaçã o ). Um dado impo rt ante p ara co mpreen <strong>de</strong>r po rque a s marc as contempo r âneas<br />

mud am o s seus a rgumen to s ló gicos para e mo cio n ais.<br />

N a verdad e, as <strong>marca</strong>s atu ais co mpreen <strong>de</strong>ram que um a gran <strong>de</strong> mai o ria d o s cli entes têm<br />

as suas n ecessi da<strong>de</strong>s fisio l ó gicas satis feitas e pro curam algo q ue o s satisf aça pe lo pra zer da<br />

exp eriênc ia. É neste po nto que se me<strong>de</strong> o valo r acre scenta do e o po nto <strong>de</strong> di ferenc iação .<br />

Par a Wal ly Oli ns (19 95, p. 10) o valor acres centad o que permit e a di ferenc iação <strong>de</strong> uma<br />

emp resa r elativ amente ao s s eus co ncorre ntes, pren<strong>de</strong> -se co m a re lação emo cio nal qu e se<br />

est abelec e com o cons umido r , faze ndo -o com ar gument o s lóg icos e emo ti vo s. O pinião<br />

par tilhad a po r J o sé M . Mart ins (1 999, p . 12) 3 , p ara qu em abo rdar a quest ão da <strong>marca</strong> é<br />

fal ar em emo çõe s, pel o que no pro cesso <strong>de</strong> concepção e div ulgaçã o <strong>de</strong> u ma mar ca é<br />

3<br />

M A R T I N S , J o s é ; A N a t u r e z a E m o c i o n a l d a M a r c a : c o m o e n c o n t r a r a i m a g e m q u e f o r t a l e c e s u a m a r c a . 4 ª E d . S ã o<br />

P a u l o : N e g ó c i o E d i t o r a , 1 9 9 9 .


nec essári o comp reen<strong>de</strong> r o qu e mo ti va a o pção d e comp ra e é funda mental utili zar um a<br />

ima gem (m ental e simb ó lica) , a<strong>de</strong>q uada a o s sen timent o s do consum ido r.<br />

A m arca e mo cio n al é a razão pela qual o s <strong>de</strong>te rgente s atu ais <strong>de</strong> ixam d e prom eter l avar<br />

bem – o q ue pas sa a s er um dado a dquiri do e e xigido – par a o fer ecerem algo mais q ue<br />

tra nsita para o fat o r emo ção , c o mo <strong>de</strong> ixar a roupa fresc a o u p erfuma da.<br />

Em vez <strong>de</strong> produ to s o u empre sas, a <strong>marca</strong> conte mpo rân ea pas sa rep resent ar um <strong>i<strong>de</strong>al</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>vida</strong>, um arq uétipo emo ci o nal o u filo so fia <strong>de</strong> vid a, na qual o s cons umido r es rev êem o s<br />

seu s <strong>de</strong>se j o s o u aspir ações, o u at ravés da qua l po <strong>de</strong> m asc e<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>ter minado sta tus.<br />

A mar c a se rá o r esulta do <strong>de</strong> experi ências mul tisens o riais , <strong>de</strong> d ado s e argum ento s<br />

lóg icos o u emo c io nais , o riu ndo s d a o rga nizaçã o pelo s mais diver so s me io s (m arca g ráfica ,<br />

so n o ra o u o lf ativa, da em balage m, da arq uitetu ra e e stado do s ed ifício s e am biente s <strong>de</strong><br />

alo j ament o das o rgani zações , da q ualida <strong>de</strong> do s produ to s e do s se rviços , da i nterfa ce com<br />

o s empreg ado s, do s an úncio s e art igos d e impr ensa, da com unicaç ão ins tituci o nal, das<br />

o pi niõ es <strong>de</strong> ami gos, d e inim igos e do pú blico em ger al, <strong>de</strong> rumo r es etc .), se j a <strong>de</strong> forma<br />

dir eta o u ind ireta, e que condi cio nam a construçã o <strong>de</strong> u m mun d o sim b ól ico p ar ti l had o.<br />

N es te sen tido , a marc a apar ece co mo um concei to , um a filo so fia o u mun do sim bólico<br />

par tilhad o po r um gru po o u <strong>como</strong> r efere Maria J o ão V asconc elos 4 , é u ma i<strong>de</strong> ol og ia , uma<br />

d if er ença , um s er viv o, uma comun idad e e uma r einve n ç ão c on stan te.<br />

Pub licado em De sign G ráfico – Co m unidad e Bras ileira <strong>de</strong> De sign<br />

htt p:/ / w w w .<strong>de</strong>si gngraf ico.ar t.br/ c o mapal avra/ m arcaid eal<strong>de</strong>v ida.ht m<br />

@ <strong>Daniel</strong> <strong>Raposo</strong><br />

www.danielraposo.com<br />

dan iel.ra po so @ g mail.c o m<br />

4<br />

1 4 d e N o v e m b r o d e 2 0 0 4 , e m r e p r e s e n t a ç ã o d a B r a n d i a N e t w o r k , “ S e m a n a N a c i o n a l d o M a r k e t i n g : M a r c a s o 5 º<br />

P o d e r ” , d a A P P M .

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