Sexualidade e desenvolvimento: a polÃtica brasileira de ... - Abia
Sexualidade e desenvolvimento: a polÃtica brasileira de ... - Abia
Sexualidade e desenvolvimento: a polÃtica brasileira de ... - Abia
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
54 • <strong>Sexualida<strong>de</strong></strong> e <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong>: a política <strong>brasileira</strong> <strong>de</strong> resposta ao HIV/AIDS entre profissionais do sexo<br />
atendimento dispensado ao restante da população –, contraditoriamente, também<br />
valorizaram experiências concretas <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong> que enfocam vulnerabilida<strong>de</strong>s<br />
específicas. Por exemplo, em Porto Alegre, muitos/as gestores/as elogiaram a parceria<br />
entre o NEP e o Hospital Getúlio Vargas, que redundou em alteração na rotina do<br />
hospital para assegurar o atendimento diferenciado às mulheres prostitutas. Da mesma<br />
forma, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, as experiências do PAM 13 <strong>de</strong> Maio e do PSF da Lapa são<br />
citadas como exemplos positivos <strong>de</strong> sensibilização <strong>de</strong> profissionais e a<strong>de</strong>quação do SUS<br />
para respon<strong>de</strong>r às “diferenças”.<br />
4.3.2.1 Funcionamento dos serviços, qualida<strong>de</strong> da atenção e formação <strong>de</strong><br />
profissionais<br />
Embora a observação <strong>de</strong> serviços realizada por este estudo tenha sido bastante<br />
limitada, ela mostrou que, tanto em Porto Alegre quanto no Rio <strong>de</strong> Janeiro, ainda é muito<br />
precária e restrita a resposta da saú<strong>de</strong> pública às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> prevenção e atenção<br />
das profissionais do sexo. Isto acontece até mesmo quando as condições são melhores,<br />
como no caso da capital gaúcha. Nas respostas sobre o perfil e qualida<strong>de</strong> dos serviços<br />
oferecidos a prostitutas, gestores/as reconheceram que, <strong>de</strong> modo geral, este atendimento<br />
se restringe à promoção da saú<strong>de</strong>. Poucas/os mencionaram que seria necessário, no caso<br />
<strong>de</strong>sse grupo, enfatizar a periodicida<strong>de</strong> dos exames preventivos ou o acesso prioritário<br />
ao tratamento <strong>de</strong> DSTs. As poucas pessoas que mencionaram esse aspecto, no Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro, chamaram atenção para o fato <strong>de</strong> que os serviços disponíveis são precários. Por<br />
exemplo, profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ouvidas no Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>monstraram preocupação<br />
com o fato <strong>de</strong> que muitas trabalhadoras do sexo já chegam doentes <strong>de</strong> AIDS nos CTAs<br />
que, por <strong>de</strong>finição, são serviços <strong>de</strong> prevenção.<br />
Várias pessoas entrevistadas também mencionaram que os horários <strong>de</strong> atendimento<br />
dos CTAs são ina<strong>de</strong>quados para trabalhadores/as em geral e também para pessoas<br />
envolvidas com trabalho sexual. A proposta <strong>de</strong> criar horários especiais foi consi<strong>de</strong>rada<br />
uma boa alternativa por uma técnica da Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro, embora não exista qualquer proposta concreta neste sentido.<br />
Deve-se dizer, sobretudo, que as questões e temas relativos à interseção entre<br />
prostituição e saú<strong>de</strong> não fazem parte dos programas <strong>de</strong> treinamento e capacitação.<br />
Profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> relataram que <strong>de</strong>senvolvem suas habilida<strong>de</strong>s para lidar com esse<br />
grupo populacional a partir da <strong>de</strong>manda e da experiência cotidiana. Com relação a<br />
médicos/as, mais especificamente, a percepção <strong>de</strong> outros/as profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
escutados/as é <strong>de</strong> que essa questão não <strong>de</strong>sperta seu interesse. Tanto em Porto Alegre<br />
quanto no Rio <strong>de</strong> Janeiro é unânime a opinião <strong>de</strong> que o tema do trabalho sexual<br />
<strong>de</strong>veria ser contemplado nos treinamentos sobre HIV/AIDS. Mas também se registra<br />
a percepção generalizada <strong>de</strong> que é insatisfatória a oferta <strong>de</strong> treinamentos, capacitação