Sexualidade e desenvolvimento: a polÃtica brasileira de ... - Abia
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Achados da pesquisa 49 •<br />
Esta <strong>de</strong>veria ser realizada a partir <strong>de</strong> duas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> on<strong>de</strong> funcionam Centros<br />
<strong>de</strong> Testagem e Aconselhamento: o CTA do Hospital Praça XI (Hospital São Francisco)<br />
<strong>de</strong>veria recrutar prostitutas que trabalham no centro da cida<strong>de</strong>; e o CTA do Hospital<br />
Rocha Maia <strong>de</strong>veria recrutar profissionais do sexo que trabalham na Zona Sul,<br />
inclusive Copacabana.<br />
Após alguns meses <strong>de</strong> investimento, a equipe da pesquisa Corrente da Saú<strong>de</strong> verificou<br />
que as “sementes” não estavam se multiplicando e que a re<strong>de</strong> não havia se constituído.<br />
Para superar esta dificulda<strong>de</strong>, a coor<strong>de</strong>nação da pesquisa reuniu-se com a diretoria da<br />
Amocavim, que finalmente permitiu o acesso <strong>de</strong> pesquisadores e pesquisadoras à Vila<br />
Mimosa. Para conseguir o número <strong>de</strong> sujeitos/voluntárias <strong>de</strong> pesquisa (600) em tempo<br />
hábil, foi necessário alterar a metodologia. A lógica original das “sementes” e re<strong>de</strong>s<br />
dispersas foi abandonada e o recrutamento foi feito por três ou quatro profissionais<br />
do sexo, que receberam um “incentivo” <strong>de</strong> 10 reais por cada mulher recrutada. As<br />
mulheres que vieram a ser sujeitos <strong>de</strong> pesquisa receberam lanches e vale transporte.<br />
Além disso, <strong>de</strong>cidiu-se abandonar a pesquisa no CTA do Hospital Rocha Maia, ficando<br />
o CTA do Hospital Praça XI, próximo à Vila Mimosa, como única unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> referência. A maior parte dos recrutamentos aconteceu nos dois primeiros meses <strong>de</strong><br />
2009. Segundo os/as pesquisadores/as e profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> entrevistados/as, cerca <strong>de</strong><br />
400 mulheres pesquisadas (66%) foram i<strong>de</strong>ntificadas na Vila Mimosa.<br />
As mudanças na metodologia e o uso incisivo <strong>de</strong> incentivos financeiros foram<br />
justificados, pela coor<strong>de</strong>nação da Corrente da Saú<strong>de</strong>, como única possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
superar as dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas pelas organizações <strong>de</strong> prostitutas ao tentar recrutar<br />
mulheres. Tanto as mudanças na metodologia <strong>de</strong> recrutamento como outros aspectos<br />
da pesquisa foram severamente questionados pela Re<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Prostitutas, com<br />
críticas encaminhadas à Comissão Nacional <strong>de</strong> Ética em Pesquisa (CONEP). Algumas<br />
das pessoas entrevistadas avaliaram que as críticas retardaram tanto a realização do estudo<br />
como a divulgação dos resultados. Do ponto <strong>de</strong> vista do presente estudo <strong>de</strong> caso, esta<br />
experiência foi relevante porque, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, poucas prostitutas entrevistadas<br />
tinham informação sobre serviços públicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para testagem, aconselhamento e<br />
tratamento para HIV/AIDS. As duas únicas mulheres que conheciam esse tipo <strong>de</strong> serviço<br />
haviam participado da Corrente da Saú<strong>de</strong> que, dito <strong>de</strong> outro modo, se constituiu numa<br />
porta <strong>de</strong> acesso ao sistema público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (o que não é exatamente uma situação i<strong>de</strong>al).<br />
4.3 Percepções e atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gestores/as e profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
Nesta seção, analisamos o discurso <strong>de</strong> gestores/as e profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no aspecto<br />
<strong>de</strong> suas percepções e práticas sobre o acesso <strong>de</strong> profissionais do sexo ao Sistema Único <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong> (SUS). As entrevistas tiveram o objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os programas específicos