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Sexualidade e desenvolvimento: a política brasileira de ... - Abia

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34 • <strong>Sexualida<strong>de</strong></strong> e <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong>: a política <strong>brasileira</strong> <strong>de</strong> resposta ao HIV/AIDS entre profissionais do sexo<br />

Embora nas termas o abuso e violência não sejam tão evi<strong>de</strong>ntes, ocorrem controles<br />

e violações. Tanto no Rio <strong>de</strong> Janeiro (on<strong>de</strong> há muitas termas) quanto em Porto Alegre,<br />

as prostitutas relatam controle abusivo <strong>de</strong> seus ganhos financeiros e <strong>de</strong> seu tempo, e a<br />

existência do que se po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>nominar regulamentarismo privado, pois os testes para<br />

o HIV e <strong>de</strong>mais exames são compulsórios. Há também relatos <strong>de</strong> extrema violência<br />

física por parte <strong>de</strong> gerentes.<br />

No caso da prostituição <strong>de</strong> rua, se pensarmos em locais como a Praça da Alfân<strong>de</strong>ga ou<br />

a Rua Garibaldi, em Porto Alegre, ou a Praça Mauá, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, as mulheres estão<br />

sujeitas a xingamentos por parte <strong>de</strong> transeuntes e a reclamações por parte das associações<br />

<strong>de</strong> moradores/as. Porém, os abusos mais flagrantes continuam sendo praticados pelas<br />

polícias Civil e Militar. Ações policiais <strong>de</strong> rotina para coibir e erradicar a prostituição<br />

infantil, o contrabando e o tráfico <strong>de</strong> drogas se <strong>de</strong>sdobram em abusos contra as mulheres<br />

que trabalham nessas mesmas áreas. De modo geral, esses abusos são justificados por<br />

autorida<strong>de</strong>s como medidas necessárias <strong>de</strong> moralização social (Olivar, 2010) 33 .<br />

4.1.2 Percepções das profissionais do sexo<br />

Os resultados das entrevistas com as trabalhadoras sexuais estão organizados em três<br />

blocos. O primeiro bloco informa sobre aspectos relativos aos cuidados com a saú<strong>de</strong> e<br />

acesso aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em geral e, <strong>de</strong> maneira mais específica, acesso a testes anti-<br />

HIV. O segundo bloco examina a questão da prevenção do HIV/AIDS. Finalmente, são<br />

<strong>de</strong>scritas e analisadas as experiências <strong>de</strong> discriminação nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, tal como<br />

relatadas pelas mulheres entrevistadas.<br />

4.1.2.1 Acesso e uso dos serviços: cuidados gerais com a saú<strong>de</strong> e teste anti-HIV/AIDS<br />

Todas as profissionais do sexo ouvidas no estudo têm acesso relativamente fácil a<br />

serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, fazem controles ginecológicos regulares e realizam testes periódicos<br />

<strong>de</strong> HIV. A maioria investe muito nos cuidados com a saú<strong>de</strong>, exatamente em razão do<br />

trabalho que realizam. Essas mulheres dizem que estar bem <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é fundamental para<br />

seu <strong>de</strong>sempenho profissional. Praticamente todas reconhecem os riscos do HIV e das<br />

DSTs como sendo inerentes ao trabalho sexual, têm gran<strong>de</strong> preocupação com a saú<strong>de</strong><br />

sexual e buscam sistematicamente serviços ginecológicos. Entre as entrevistadas, apenas<br />

uma não se insere neste padrão.<br />

33<br />

OLIVAR, J. M. Guerras, trânsitos e apropriações: políticas da prostituição feminina <strong>de</strong> rua a partir das experiências<br />

<strong>de</strong> quatro militantes em Porto Alegre. Tese <strong>de</strong> Doutorado. Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Antropologia Social,<br />

UFRGS. Porto Alegre, 2010.

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